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A INFLUÊNCIA DO CORETO DA PRAÇA PEDRO SANCHES NO BEM-ESTAR DOS IDOSOS

EM POÇOS DE CALDAS-MG

Maria Queiroz Martins dos Santos1; Raissa Gomes de Senna2; Raquel Cardamone Alves3;
Gustavo Reis Machado4.

1
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS), Poços de Caldas, Minas Gerais.
https://lattes.cnpq.br/0061952649282235
2
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS), Poços de Caldas, Minas Gerais.
http://lattes.cnpq.br/5057098793841194
3
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS), Poços de Caldas, Minas Gerais.
http://lattes.cnpq.br/5407206269213869
4
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS), Poços de Caldas, Minas Gerais.
http://lattes.cnpq.br/1456206398394741
PALAVRAS-CHAVE: Vitalidade. Bem-estar. Espaço público.
ÁREA TEMÁTICA: Saúde do Idoso.

INTRODUÇÃO
É notório que os estímulos provenientes do entorno têm um impacto na qualidade de vida
e bem-estar das pessoas, promover cidades com vitalidade e interação é o caminho mais
democráticos e autêntico de cidadania. O escopo do presente trabalho engloba os conceitos de
vitalidade e interatividade da pessoa idosa decorrente das atividades precursoras realizadas no
Coreto da Praça Pedro Sanches em Poços de Caldas, Minas Gerais.
A formação de uma cidade se dá através da sua capacidade de atuar como um ímã,
dessa forma podemos entender como a densidade de usos e pessoas é um instrumento de
fortalecimento da vida pública (ROLNIK, 1995). Lynch (2007) defende que a criação de um
modelo ideal urbanístico segue cinco pontos fundamentais sendo eles vitalidade, sentido,
adequação, acesso e controle, além de dois conceitos meta-dimensionais, sendo eles eficiência e
justiça.
Para Jacobs (1995) o principal fator de criação de vitalidade urbana é a interatividade entre
pessoa e espaço, como resultado de um ambiente que permite permeabilidade de usos,
ressaltando a importância de “ver o movimento” (p.46) e outras pessoas usufruindo do espaço
como fator atrativo de parques urbanos.
Portanto, as adaptações do espaço urbano para envolver e se relacionar com idosos, são
tentativas de conectar as diferentes temporalidades que coabitam a cidade. Para Correa (2016)
há espaços comuns que marcam a história do cotidiano das pessoas de uma época, que portam
uma memória e tempos vivos, coexistindo com o presente.
OBJETIVO
O objetivo é discutir sobre o uso do Coreto na Praça Pedro Sanches em Poços de Caldas,
na promoção da vitalidade urbana e interatividade dos idosos.

METODOLOGIA
O trabalho visa identificar os fenômenos que promovem a vitalidade e interatividade dos
idosos, tomando como recorte espacial a área do coreto da Praça Pedro Sanches em Poços de
Caldas. Para atingir esse objetivo, será utilizado o método de estudo de caso conforme proposto
por Yin (2001). Este método permitirá uma avaliação abrangente do local por meio de uma
análise qualitativa de caráter exploratório.
O projeto será conduzido em duas etapas da seguinte maneira: 1) Realização de uma
revisão bibliográfica abordando os conceitos fundamentais de vitalidade e interatividade, incluindo
uma contextualização das dinâmicas pessoas-ambiente. A abordagem qualitativa básica acerca
do referencial teórico definido, busca propor uma análise sintética descritiva do tema proposto. 2)
Realização do trabalho de campo, que envolverá a coleta de informações por meio de métodos
como observação; registro gráfico (fotografia e croquis); para identificar as principais atribuições e
usos do espaço indicado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O espaço público pode evidenciar fatores de influência de bem-estar, deve-se entender a
formação das cidades como precursora da morfologia urbana. De acordo com Rolnik (1995), uma
cidade se apresenta através de seu crescimento como um local permanente de trabalho e
moradia, resultando na organização morfológica da malha urbana, com pontos centrais de
ocupação onde as atividades sociais podem acontecer de forma mais recorrente, Figura 1.

“O desenho das ruas e das casas, das praças e dos templos, além de conter a experiência
daqueles que o construíram, denota o seu mundo. É por isso que as formas e tipologias
arquitetônicas, desde quando se definiram enquanto habitat permanente, podem ser lidas e
decifradas, como se lê e decifra um texto (ROLNIK, 1995, p. 17).”

A Praça Pedro Sanches, marco arquitetônico e urbanístico da construção da paisagem da


cidade de Poços de Caldas, é precursora de atividades que geram vitalidade urbana e
interatividade entre ambiente e cidadãos. Tal que no centro da praça “que verá é a estátua em
granito de um homem nu, três metros de altura projetando-se livre para o universo, braços
largamente abertos, qual belo ideal físico grego a esbanjar virilidade e saúde” (MARRAS, 2004,
p.311).
O Coreto foi inaugurado em 1930 e desde então mantém a sua mesma função social de
artigo de primeira necessidade urbana, proporcionando atividades interativas com o ambiente
urbano central, gerando um espaço de dança, música, movimentação e descanso, tais como os
indicados por Jacobs (1995), como elementos para vitalidade e dinamização do espaço
Lynch (2007, p.121) define que um local apresenta vitalidade “se servir de apoio à saúde e
ao bom funcionamento biológico do indivíduo e à sobrevivência da espécie”. Além disso, o autor
defende que a vitalidade é um bem público, resultado da consonância do espaço que, no caso do
Coreto na Praça Pedro Sanches, se apresenta de forma adequada na relação entre o ambiente e
as necessidades humanas de temperatura interna, de ritmo corporal, de estímulo sensorial e de
funcionamento do organismo, demonstrados nas Figuras 1 e 2.
De forma análoga a esse pensamento, mas em uma abordagem em escala de vivência
pública, Jacobs (1995) entende que a vitalidade urbana pode ser como a alta intensidade,
frequência e riqueza do espaço público, bem como a interação deste com as atividades que
acontecem dentro das edificações. Sendo assim, no entorno de uma região é fundamental que
haja interatividade física entre dentro e fora das edificações
Identifica-se como as atividades realizadas no entorno do coreto da praça demonstram os
conceitos de vitalidade e interatividade no espaço, em especial para o público dos idosos que
frequentam assiduamente o local, criando um ambiente atrativo e de promoção de bem-estar,
visto os bailes com música e dança, Figura 1 e 2. Corrêa (2017, p.56) explica que “as pessoas
que frequentam os bailes – os dançantes - demonstram, de fato, satisfação e alegria na
experiência que vivenciam ao redor do Coreto” demonstrando a interação e socialização nas
evidentes “trocas dadas entre os olhares e os diálogos firmados no contexto”.

Figura 1: Interação dos idosos ao redor do Coreto, na Figura 2: Baile dos idosos no Coreto da Praça Pedro
noite de sábado (09/09/2023). Sanches.

Fonte: Autores, 2023. Fonte: Autores, 2023.


Na perspectiva da ocupação do espaço pelo idoso, de acordo com Correa (2016), a cidade
e o indivíduo envelhecem constantemente, e juntos são capazes de intervir no espaço e no
tempo. Ainda que aconteça de forma paralela o envelhecimento da cidade e da população, a
pessoa idosa encontra desafios quando se trata de sociabilidade, circulação e participação em
espaços urbanos. Essas dificuldades podem ser despotencializadoras da velhice, uma vez que
fragilizam e limitam pelo entorno social, restringindo o idoso apenas ao espaço doméstico
(CORREA, 2016).
As temporalidades são ressaltadas na ocupação do espaço por esses na Terceira Idade,
ao redor do coreto, valorizando socialmente ativos, saudáveis e produtivos, que regularmente se
reúnem para preencher a com vida, música e dança. Um local que seu uso principal se destina a
pessoas mais velhas, permite uma relação de pertencimento e propriedade funcional dos idosos
com o Coreto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O engajamento social de pessoas idosas em relação ao espaço urbano ocorre através de
interação do espaço e propostas urbanísticas de ocupação, concretizando tentativas de
contemporização das diferentes temporalidades que coabitam a cidade. Identifica-se que a
presença dos longevos em Poços de Caldas nas atividades realizadas no Coreto da Praça Pedro
Sanches, proporciona impactos benéficos na vida de pessoas idosas a partir da representação de
uma memória e tempo fluidos, vivos, que coexistem com o presente.
Dessa forma, o presente estudo buscou documentar a ocupação de alta intensidade,
frequência e riqueza do espaço público do Coreto ao mesmo tempo em que ressalta a vitalidade
da área ao proporcionar saúde do indivíduo, principalmente da Terceira Idade. Uma cidade que
envelhece com sua população, também é capaz de revitalizá-la e incluí-la no âmbito social,
garantindo bem-estar no envelhecimento com inclusão e interação com a cidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORREA, Mariele Rodrigues. Envelhecer na cidade. Revista Espaço Acadêmico (UEM), v. 16,
p. 35-46, 2016.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. Tradução de Carlos S. Mendes Rosa. 3. ed.
São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

LYNCH, Kevin. A boa forma da cidade. Lisboa: Edições 70, 2007.


MARRAS, Stelio. A propósito de águas virtuosas: formação e ocorrências de uma estação
balneárias no Brasil. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2004.

YIN, R. K. Estudo de Caso, Planejamento e Métodos. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2001.

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