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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

DOUGLAS HENRIQUE PEREIRA DE SOUZA. RA116354

RESENHA CRÍTICA: ESTUDOS HISTÓRICOS

MARINGÁ
2023
Na obra “O que é História?" de E.H. Carr e na obra "O que é história hoje?" de
Richard Evans são dois textos fundamentais que exploram as complexidades da disciplina
histórica e oferecem reflexões sobre como a história é concebida e praticada. Enquanto
Carr escreveu sua obra em 1961, Evans contribuiu com suas reflexões em 2002,
permitindo-nos traçar uma linha do tempo das mudanças no pensamento histórico ao
longo dessas décadas.

A obra de Carr é um marco na historiografia e fornece uma base sólida para quem
deseja compreender a natureza da história como disciplina. Ele questiona a objetividade
na escrita da história e enfatiza a importância da perspectiva do historiador, argumentando
que todas as histórias são, de certo modo, interpretações dos eventos passados. Carr critica
a ideia de que a história é uma ciência exata, destacando a influência do contexto do
historiador e das fontes disponíveis no processo de construção do conhecimento histórico.
Além disso, ele chama a atenção para a mutabilidade das interpretações históricas ao
longo do tempo, enfatizando que a história é uma disciplina dinâmica.

Evans, por sua vez, retoma algumas dessas questões e as atualiza para o contexto
do século XXI. Ele destaca a crescente importância da história pública e das novas
tecnologias na disseminação do conhecimento histórico. Evans também aborda a
influência das questões de gênero, raça e identidade na escrita da história contemporânea.
Ele argumenta que os historiadores devem estar cientes dessas questões e serem sensíveis
a elas em seu trabalho, a fim de produzir uma história mais inclusiva e precisa.

Ambos os autores concordam que a história é uma disciplina que evolui e se


adapta às mudanças na sociedade e na academia. Carr e Evans desafiam a ideia de que a
história é uma busca objetiva pela verdade absoluta e, em vez disso, nos lembram que ela
é uma construção humana permeada por perspectivas individuais e contextos culturais.
Eles também enfatizam a importância de uma abordagem crítica à escrita e à leitura da
história.

No entanto, é importante observar que as obras de Carr e Evans podem ser vistas
como representativas de seus respectivos momentos históricos. Carr estava escrevendo
em uma época em que o positivismo histórico estava em declínio, enquanto Evans estava
refletindo sobre a história em um mundo cada vez mais globalizado e diversificado.
Portanto, embora suas reflexões sejam valiosas, os historiadores contemporâneos podem
querer explorar ainda mais as questões levantadas por esses dois autores à luz das
complexidades do século XXI.

Em resumo, "O que é História?" de E.H. Carr e "O que é história hoje?" de Richard
Evans são duas obras importantes que oferecem insights valiosos sobre a natureza da
disciplina histórica. Carr nos lembra da natureza interpretativa da história, enquanto
Evans nos atualiza sobre os desafios e as oportunidades enfrentados pelos historiadores
contemporâneos.

Adiante, “A Profissão do Historiador" é um capítulo retirado da obra maior "Doze


Lições sobre a História" escrita por Antoine Prost em 2008. Este capítulo específico
oferece uma visão crítica e perspicaz sobre a profissão de historiador, destacando as
responsabilidades, desafios e o papel que os historiadores desempenham na construção
do conhecimento histórico.

O autor começa expondo a ideia fundamental de que a história é uma ciência social
que lida com o passado, e, portanto, sua principal missão é recuperar e compreender os
eventos passados, tornando-os acessíveis às gerações presentes e futuras. No entanto,
Prost ressalta que a história não é uma mera acumulação de fatos objetivos e isentos de
interpretação, mas sim uma disciplina que envolve a análise crítica e a contextualização
dos eventos, assim como os ideais dispendidos nas obras de Carr e Evans.

Uma das questões centrais abordadas por Prost é a necessidade de distanciamento


do historiador em relação ao seu objeto de estudo. Ele argumenta que a objetividade
completa é inatingível, mas os historiadores devem aspirar a uma análise imparcial e
fundamentada, evitando a distorção deliberada dos fatos em função de seus ideais. O autor
também enfatiza a importância da crítica das fontes e da integridade acadêmica, aspectos
cruciais para a credibilidade da profissão.

Além disso, Prost aborda a questão do público-alvo da história. Ele destaca que
os historiadores não devem se restringir apenas aos círculos acadêmicos, mas também
devem se esforçar para tornar a história acessível e relevante para todos. Isso envolve a
escrita de narrativas históricas envolventes e a comunicação eficaz das descobertas
históricas para um público mais amplo, contribuindo para a educação cívica e a
compreensão da sociedade.
No entanto, Prost também levanta desafios que os historiadores enfrentam, como
a constante evolução das fontes e metodologias de pesquisa, bem como a influência de
tendências políticas e ideológicas na interpretação histórica. Ele alerta para o perigo da
instrumentalização da história para fins políticos e a importância de os historiadores
resistirem a pressões externas que possam comprometer sua integridade intelectual.

Em resumo, Antoine Prost destaca a importância do distanciamento crítico, da


responsabilidade ética e da comunicação eficaz, enquanto também alerta para os desafios
que os historiadores enfrentam em sua busca pela compreensão do passado.

Referências
A profissão do Historiador: in: PROST, Antoine. Doze Lições sobre a História— Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2008, p. 33-52.).

CARR, E. H. O que é História? Rio de Janeiro: Paz e Terra, p.11-49).

EVANS, Richard. O que é história hoje? Prólogo.

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