Você está na página 1de 2

A jovem de chapéu vermelho:

Pablo Picasso

Carlos Roberto Silva

Em primeiro lugar, apresento uma série de requisitos essenciais: A


interferência da memória em desespero, um recurso histórico, substitui
os eventos ao congelá-los. Nessa relação notavelmente hostil, é
necessário refletir sobre a dimensão imaginária da obra de arte, que se
molda cada vez mais, tornando-se quase impossível, à medida que é
internalizada através dos ritmos. Isso complica e prolonga o nosso
tempo, impedindo a redescoberta. Há um confronto, uma restrição, uma
compreensão sociológica que se estende por uma esfera distinta,
expressando a ausência de conflitos individuais. Em sua aura, existe uma
verdade intrínseca e um objeto claramente definido.

O pensamento busca dar conta do porquê de produzir uma


representação, talvez para dissipar a angústia que ele mesmo provoca.
Vejo três momentos: o narcisismo das grandes diferenças, uma figura
comovente de um rosto que esconde seu oposto ou sua própria
representação, desfrutando da expressão em seu silencioso estado de
concentração, lamentando sua trágica vida. O crescente estupor não
é suportável, e ele volta obsessivamente às origens, cativo da verdade
histórica do mal.

https://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/exposicao-exalta-influencia-de-picasso-nos-
artistas-britanicos-76jt02apozyrasfvf0vfe6gjy/
O segundo ponto de destaque talvez esteja na angústia de um corpo
contorcido que antecipa o dia da execução. A jovem de chapéu vermelho
revela sintomas de fraqueza, talvez precise compreender. Há uma
espécie de luto entusiástico, onde a ideia de dor é central, pulsando
aquilo que ela espera sem realmente esperar. Isso se relaciona
intimamente com os desejos, formando uma interioridade singular.

O prazer do espectador reside na busca de um gozo, na alegria de criar


e no horror transmitido pelo conteúdo de nossas vidas, repletas de
situações reais e complexas. É notável como essas evidências se
relacionam com as intenções, fortalecendo essas impressões. E,
evidentemente, o terceiro momento ocupa um lugar proeminente na
própria divisão do mal. A associação feita pelo artista explica em
grande parte a necessidade de suas escolhas. Vemos artistas que
tentam explicar penosamente, por meio de suas obras, o seu feroz
adversário, enraizado na realidade e formulado de maneira específica.
No entanto, é importante também notar outra perspectiva que elabora
um pensamento que escapa a certas inseguranças ligadas ao realismo
pragmático.

Você também pode gostar