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Tito 1.

5-9 Por esta causa, te deixei em Creta,


para que pusesses em ordem as coisas restantes,
bem como, em cada cidade, constituísses
presbíteros, conforme te prescrevi: 6 alguém que
seja irrepreensível, marido de uma só mulher,
que tenha filhos crentes que não são acusados de
dissolução, nem são insubordinados. 7 Porque é
indispensável que o bispo seja irrepreensível
como despenseiro de Deus, não arrogante, não
irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem
cobiçoso de torpe ganância; 8 antes, hospitaleiro,
amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha
domínio de si, 9 apegado à palavra fiel, que é
segundo a doutrina, de modo que tenha poder
tanto para exortar pelo reto ensino como para
convencer os que o contradizem.
Almeida Revista e Atualizada (1993). Barueri: Sociedade Bíblica do
Brasil, p. Tt 1.5–9.
5.1.10. Apto para ensinar: Isto significa que o presbítero deve conhecer a sã
doutrina de Deus de uma maneira profunda. (A Confissão de Fé de Westminster é
o documento confessional das igrejas presbiterianas, e é considerado por elas
como uma clara apresentação da sã doutrina das Escrituras).
O presbítero não somente deve possuir um conhecimento pessoal da doutrina
bíblica, como também deve ter a habilidade de ensiná-la.
Deve ter a destreza de comunicar a verdade de Deus de tal maneira, que as
pessoas sejam confrontadas com ela. Deve ser um homem de tal maneira dotado e
equipado que tenha a capacidade de defender a sã doutrina dos ataques daqueles
que são inimigos da fé. Deve estar na capacidade de refutar àqueles que
contradizem a sã doutrina. Uma coisa é conhecer a verdade para
si, mas outra coisa é ter a capacidade de explica-la aos outros. Ainda, é algo
completamente distinto ter a capacidade de defender a verdade contra os ataques
e de refutar quem a ataca.
4.2. REQUISITOS NEGATIVOS
4.2.1. Teimoso: O presbítero deve ter controle de si
mesmo, mas não deve ser obstinado. Ou seja, não
deve ser alguém que se preocupa em agradar a si
mesmo, ou de impor-se sobre os demais. Não deve ser
dominado pelo interesse próprio. Somente pode ser
presbítero na medida em que demonstra que ele se
preocupa pelas necessidades e interesses dos demais.
Tem que pastorear as ovelhas de Jesus.
4.2.2. Não iracundo: O presbítero não
deve ser alguém que se ira com muita
facilidade, ou que facilmente cede à
provocação. Deve ser alguém que
pacifica confrontos, pelo fato de ser
um administrador de Deus. Não deve
ser alguém que provoca contendas.
4.2.3. Não dado ao vinho: A palavra grega
literalmente significa “esperar pelo vinho”. A
referência é claramente dirigida a alguém que abusa
do vinho. O presbítero não deve ser controlado por
nenhuma influência externa, ou substâncias
estranhas. Somente deve ser controlado pelo Espírito
de Deus, aquele que produz o fruto do controle de si
mesmo. Não se requer a abstinência total do vinho.
Ainda alguém poderá escolher abster-se do vinho por
diferentes razões.
4.2.4. Não violento: A palavra grega significa literalmente “um espancador ou
lutador”. O presbítero não deve ser alguém que resolve os seus desacordos com os
punhos. Deve ser hábil no debate e na argumentação pacífica, raciocinando com as
pessoas com base nas Escrituras. Deve ser pacificador e não alguém que provoca
contendas, ou alguém que resolve dificuldades ameaçando àqueles com quem tem
desacordos.
4.2.5. Não amante da ganância desonesta: O presbítero não deve ser alguém abertamente
preocupado com dinheiro, ou de usar o ofício de presbítero como um meio de enriquecimento.
Isto não significa que o presbítero não tenha o direito de receber um salário por seu trabalho
como é o caso dos presbíteros docentes, ou pastores. Todavia, isto significa que o presbítero não
deve pastorear o rebanho de Deus como um meio de encher os seus bolsos. De fato, os detalhes
financeiros diários da igreja não devem estar sob o seu cuidado. Os diáconos da igreja, sob a
supervisão do Conselho, devem ser os que manejam estes detalhes e as finanças da igreja. Muitos
presbíteros se desviaram pela sedução das riquezas. Portanto, deve ficar bem claro que quem
aspira o ofício de presbítero deve estar livre deste estorvo.
4.2.6. Não seja um neófito: O presbítero não deve ser um neném na fé. Deve ser
um homem que foi provado perseverantemente pelo tempo. O novo convertido não
é um homem provado e está suscetível de cair em pecado e desta maneira de atrair
grande reprovação ao nome de Cristo e de sua Igreja. O presbítero deve ser um
cristão maduro cujo caráter foi provocado nas provas da vida, e em situações que
sucederam no tempo. O novo convertido não teve o tempo necessário para crescer
e amadurecer em seu entendimento das Escrituras, pois adquirir sabedoria exige
tempo.
5. PRESBÍTEROS DOCENTES E PRESBÍTEROS REGENTES
Na igreja presbiteriana sempre houve presbíteros docentes
(pastores), presbíteros regentes e os diáconos. Há
contínuo debate acerca da relação entre presbítero
docente e regente. Alguns adotam a perspectiva de que o
presbítero docente e o regente são realmente dois ofícios
distintos e separados na igreja. Estes eruditos argumentam
que há três ofícios na liderança da igreja: o pastor ou
presbítero docente, o presbítero regente, e o diácono.
Outros estudiosos, incluindo o presente, estão
convencidos de que o ofício de presbítero é apenas um
ofício, e que a classificação de presbítero docente e
regente indicam duas classes do mesmo grupo de
presbíteros. Portanto, devemos analisar e responder à
pergunta quanto às diferenças entre estas duas classes de
presbíteros. Como e por que o presbítero docente é
diferente do presbítero regente? Esta pergunta pode-se
responder de diversas maneiras, e muita confusão
prevaleceu como resultado dela.
Em 1 Tm 3:2 estabelece que o presbítero
deve ser alguém que seja apto para ensinar.
Há muitas igrejas que mantém uma infeliz
distinção entre as duas classes de
presbíteros. Pode-se entender que esta
distinção tenha ganhado terreno na mente
dos crentes, pois é originada da mesma
nomenclatura que se utiliza para designar as
duas classes de presbíteros. A designação de
uma classe como “presbíteros regentes”
induziu alguns ou, a crer em princípio, ou a
negá-lo na prática, que “o presbítero
regente” não deve empenhar-se no
ministério do ensino da igreja.
Em mais de uma oportunidade o autor se encontrou
com presbíteros regentes que, quando desafiados
com a necessidade de que eles deveriam participar da
responsabilidade de ensinar na igreja, responderam
dizendo: “não sou apto para ensinar”. De fato, o
problema neste sentido é evidente. Se alguém não é
“apto para ensinar”, então, não poderia ser
presbítero na igreja. Em 1 Tm 3:2 exige que todos os
presbíteros sejam docentes, ou que os regentes
devem ser aptos para ensinar. Com efeito, os
presbíteros governam na igreja somente através do
ensino e aplicação da Palavra de Deus na vida da
congregação. Portanto, está claro que todos os
presbíteros, em virtude de seu ofício, governam e
ensinam. Tanto os presbíteros docentes como os
regentes devem ensinar.
Concluído que todos os presbíteros devem ensinar,
revisemos novamente a explicação da exigência de “ser
aptos para o ensino”. O presbítero deve ser apto para
ensinar, ou seja, deve conhecer profundamente a sã
doutrina da Palavra de Deus. Deve ser hábil em
comunicar a verdade de Deus de tal maneira que as
pessoas sejam confrontadas com ela. Também deve
estar sobremaneira dotado e equipado para que tenha a
habilidade de refutar a quem contradiz a doutrina.

Entretanto, ainda devemos considerar outro assunto


acerca do ofício de presbítero. Quão forte deve ser a
sua aptidão para ensinar por parte do presbítero? Deve
ser apto para dirigir-se a grandes multidões com intenso
entusiasmo e exortação? Ou, pode o presbítero “ser
apto para ensinar” somente em encontros individuais?
O apóstolo Paulo não dá nenhuma indicação
de quão forte deve ser a aptidão do presbítero
para ensinar. Assim, pois, deve permitir-se
como aceitável que a mínima aptidão para
ensinar seja a de comunicar a Palavra de Deus a
pessoas individualmente. Todavia, é razoável
que quanto maior seja o dom de ensino, o povo
de Deus estará em melhor condição. Ainda que
a igreja deva orar para que Deus lhe conceda
homens com excepcional aptidão, não deve ter
nenhuma noção preconcebida sobre quão forte
deve ser aptidão do presbítero para ensinar.
Dentre os presbíteros de uma igreja, alguns
possuirão diferentes proporções do dom de
ensinar (Rm 12:6).
Alguns serão capazes de eficazmente ensinar multidões.
Outros somente terão a capacidade de modo efetivo de
dirigir pequenos grupos. De todos os modos, o presbítero
(todos os presbíteros) deve ser apto para ensinar. Cada
presbítero deve ser julgado segundo a sua vida e
ministério. A congregação deve determinar se um
potencial presbítero é, ou não, apto para ensinar tão
efetivamente conforme a explicação.
Há um assunto final que é necessário mencionar. É muito
claro que os presbíteros (todos eles) governam e ensinam.
Também está claro que nem todos governam e ensinam
com a mesma força. Pois, aqui está a diferença da
capacidade e habilidade que radica a diferença entre o
presbítero docente do regente. O “presbítero docente” é
diferente do presbítero regente não porque possua um
chamado, ou um ofício totalmente diferente. O presbítero
docente é separado pela igreja para pregar a Palavra em
razão da excepcional força de seus dons.
É sábio que a igreja separe certos homens excepcionalmente dotados para a tarefa, em tempo integral, da pregação e
ensino da Palavra. A igreja será grandemente abençoada, se em seu meio há presbíteros que são financeiramente
apoiados para que dediquem todo o seu tempo para ensinar e pregar a seu povo a verdade de Deus, que transforma a
vida. Historicamente falando esta tarefa se denominou de “o chamado ao ministério do Evangelho”. Na realidade, é
um chamado para pregar. Na realidade, é um chamado para pregar. É preocupante quando presbíteros docentes que
foram chamados por Deus para pregar a Palavra usam todo o seu tempo para organizar programas e para atuar como
um apresentador de atividades do Domingo pela manhã, em vez de alimentar o rebanho com comida sólida da Palavra
de Deus. O “presbítero docente” não é apenas um mestre da Palavra de Deus, mas é também, alguém que possuí o
forte dom de ser apto para pregar a Palavra de Deus com grande convicção e com um impacto benéfico sobre o povo
de Deus. Aqui é onde está a raiz da diferença entre o “presbítero docente” e o “presbítero regente”, e na aptidão para
pregar a Palavra de Deus.
Ainda poderia se perguntar acerca da distinção entre “pregar a Palavra” e “ensinar a Palavra”. Esta
é uma distinção legítima? É difícil explicar a diferença entre estas duas atividades e
responsabilidades dos presbíteros da igreja. Quando se estuda as Escrituras para encontrar alguma
clara e rápida diferença da natureza objetiva, está não se encontra. As pessoas tem maior aptidão
para reconhecer que a pregação sobressai ao ensino do que para descrever as diferenças entre elas.
Alguns propuseram que o ingrediente crucial é a exortação. Todavia, toda boa pregação é tanto
pregar com exortar, e todo bom ensino inclui também a exortação. Mas, ao estudar as Escrituras
detalhadamente, parece que há algumas diferenças entre estas duas tarefas.
O apóstolo Paulo disse em 1 Tm 2:7 “para isto fui designado pregador (kerusso) e apóstolo (afirmo a verdade, não
minto), mestre dos gentios na fé e na verdade.” E, em 2 Tm 1:11 o apóstolo declara algo parecido “para o qual eu fui
designado pregador (kerusso), apóstolo e mestre”. A partir destes dois textos parece que o apóstolo reconhecia uma
distinção entre o ensino e a pregação. Paulo disse que ele foi chamado para ser tanto pregador como mestre. A
pregação parece ser sempre um ministério público de anunciar a verdade de Deus a um grupo, acompanhada pela
benção do Espírito Santo que move a ação aos corações de seu povo (At 20:20-27 e Rm 10:14). Por outro lado, o
ensino parece ser mais um intento calculado de proclamar a Palavra de Deus, seja apenas para uma pessoa ou a muitas.
Ainda que o bom ensino seja motivador, parece que a pregação o é muito mais.

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