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Sistema anglo-saxônico Sistema francês

Noção de Estado Em Inglaterra, o conceito de Na França, em total oposição


“Estado” era de caráter ao sistema britânico, o
completamente desconhecido. conceito de “Estado” deteria
uma importância decisiva na
caracterização do seu sistema.

Existência (ou não) de Em Inglaterra, não havia Na França, graças a um


Direito Administrativo direito administrativo (não quadro de privilégio de foro e
havia as tais “regras ao acórdão de “Blanco” do ano
especiais”) pois, seria toda a de 1873, a administração,
atividade administrativa regida carenciada de regras especiais
pelo direito comum em vigor – que visavam a sua proteção
“Common law”. (“da administração toda
poderosa”) verificou-se assim
então, a criação de um Direito
Administrativo.

Existência (ou não) de Em Inglaterra, o princípio da Na França, o mesmo princípio


tribunais administrativos “separação de poderes” de “separação de poderes”
traduzia-se num poder judicial traduzia-se, por sua vez, numa
autónomo (resultante do função unificada do Estado,
costume e de diversas isto é, o poder judicial estaria
decisões judiciais). limitado apenas à resolução de
Assim, os tribunais ordinários litígios entre privados e nunca
resolviam tanto litígios entre entre estes e a administração.
particulares como litígios entre Já admitia Montesquieu na
particulares e entidades altura que, os litígios de
públicas. Qualquer tribunal matéria administrativa não
poderia, então, julgar a pertenciam aos tribunais, mas
administração de acordo, e deviam estes, ir a par com a
com a aplicação, do Direito ação administrativa.
Comum. Para além de tudo isto, a
administração detinha então,
um tribunal próprio (mas que,
só se veria a judicializar mais
tarde).

Este, passou por 3 fases


distintas do sistema de
autocontrolo da
administração: a fase de
controlo pelos próprios órgãos
da administração ativa (1789-
1799) - em que se notava um
privilégio total da
administração e uma muito
percetível confusão entre o
ato de julgar e o ato de
administrar; a fase “reservada”
(que surge com a criação do
Conselho de Estado) - onde a
justiça continua reservada ao
poder executivo mas cabendo
agora também a este órgão
consultivo da administração; e,
por fim, a fase “delegada”
(existente graças ao prestígio e
consequente autonomização
do Conselho de Estado) - onde
as delegações dos órgãos
consultivos da administração
já não necessitam de
homologação por parte da
mesma.
Nunca, mesmo assim,
existindo um verdadeiro
sistema de tribunais
administrativos pois recaía
tudo muito ainda sobre a
esfera da administração.
Execução das decisões Em Inglaterra, verificava-se Na França, verificava-se, por
administrativas um sistema de heterotutela outro lado, um sistema de
(não existindo Direito autotutela. Assim, a
Administrativo não havia administração definia o direito
então, consequentemente, estando também ela em
estatutos especiais para a condições de o executar de
administração, estando à forma coativa - “ato
mercê da aplicação do mesmo executório”.
direito que os privados). Não havia então, em
Antes de atuar, a contraposição ao sistema
administração necessitava britânico, uma consulta aos
sempre de prévia consulta e tribunais.
pedido de autorização ao juiz.

Organização da O sistema anglo-saxônico No sistema francês,


administração (Professor caracterizava-se como algo encontramos um panorama
Freitas do Amaral) descentralizado. Existindo mais centralizado e
assim, uma série de entidades concentrado - centralizado
todas idênticas com pois havia uma única pessoa
legitimidade para atuar no seio coletiva pública (o Estado) a
da administração, distinguidas exercer a função
pela sua função. administrativa; e concentrado
pois, o poder encontrava-se,
como o próprio nome indica,
concentrado numa única
entidade (o Governo, com o
poder de decisão).
Este tipo de organização
administrativa era típico de um
sistema considerado liberal.

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