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Guia Paleo Sobre

Gordura e
Colesterol
E emagreça SendoPaleo

Teco Mendes
SendoPaleo.com
Copyright © 2015 Teco Mendes

2
Sobre o Autor

Teco Mendes é Administrador de Empresas, autor do Blog


SendoPaleo.com , Personal Coach membro da Sociedade
Brasileira de Coaching e Primal Expert pelo The Primal
Blueprint Institute.

3
Apresentação

A intenção deste guia não é, de forma alguma, substituir


consultas médicas ou a nutricionistas. A ideia aqui é dar
respostas referenciadas em pesquisas e estudos às
principais dúvidas que as pessoas compartilham comigo
em sua jornada na dieta Paleo. Portanto, o que se segue
não são opiniões ou interpretações pessoais, mas sim
conhecimentos fundamentados em bases científicas.

Sempre digo que filtrar as informações é tão importante


quanto selecionar alimentos para a dieta Paleo. Somos
bombardeados diariamente, e há anos, por crendices,
conceitos descabidos e informações tendenciosas. E com
o advento e massificação da internet então, intensificou-se
a propagação de besteiras e valores opinativos com pouca
ou nenhuma sustentação científica. E a replicação sem

4
questionamento dessas verdadeiras lendas urbanas
travestidas de regras não é exclusividade de nenhuma
classe social, profissional ou acadêmica. Alguém disse,
outro escreveu, aquele repetiu, então é isso mesmo.

Você já ouviu que “manga com leite faz mal”?

Pois muita gente já ouviu e continua a acreditar e repassar


essa ladainha. Mesmo quando ficam sabendo da origem
desse mito, na dúvida as pessoas preferem não arriscar. É
comum isso.

Essa lenda popular foi cunhada no período da escravidão,


quando os senhores de engenho queriam afastar os
escravos do consumo de leite, um produto raro e caro à
época, enquanto as mangas abundavam nas propriedades
rurais.

O que eles fizeram, em linguagem atual, sem entrar aqui


na questão da horrenda prática escravagista, foi se
aproveitar da ignorância alheia para disseminar

5
falsa informação que lhes permitisse um controle
operacional de RH e que garantisse a preservação
patrimonial e comercial. Sendo Paleo
Pronto para encarar uma crise existencial descobrindo que
enganaram você durante anos na sua infância? Então
chupa essa manga ∗ : Leite não pertence à dieta Paleo nem à

Assim como manga com leite, tem também a história de ter Low Carb, pois contém açúcar na
que esperar o bolo esfriar para comer porque quente faz
forma de lactose – cada 100 ml de leite
mal, não se deve deixar o chinelo virado para cima, que um
contém cerca de 5g de açúcar – um
raio não cai duas vezes no mesmo lugar ou que tentar ficar
vesgo por alguns momentos pode te deixar vesgo para copo de 300 ml terá 15g, ou uma colher,
sempre. Eu mesmo me lembro de ter ficado muito das de sopa, cheia.
decepcionado quando descobri que ‘cajuzinho’ na verdade
era feito com amendoim.


Consuma com moderação – manga tem muito açúcar

6
Finalizada esta introdução folclórica-filosófica, vamos aos
temas deste guia, Gordura Alimentar e Colesterol.

Selecionei algumas das principais dúvidas e questões


relacionadas a esses temas e que as apresento aqui em Sendo Paleo
tópicos, como já disse, referenciados por dados científicos.
Nos laticínios, como queijos e
Boa leitura!
manteigas, por conta da
fermentação, a lactose é quase toda
convertida em ácido lático.
Mesmo não sendo Paleo, porque
nossos ancestrais não comiam, é
uma gordura animal, então seu

7
Tanto quanto a gordura animal tem sido estigmatizada
como a grande vilã da nossa saúde, o colesterol é
apresentado como uma espécie de cópia miniaturizada
dessa vilã. Lembra muito o Mini-me, clone malsucedido do
Dr. Evil, do filme Austin Powers. A gordura animal é o Dr.
Evil, e o colesterol, o Mini-me.

Durante décadas nos foi enfiado goela abaixo e cérebro


adentro a informação de que devíamos evitar alimentos
com colesterol porque eles entupiam nossas artérias, que
precisávamos consumir mais grãos e menos carne para ter
uma vida saudável, e que o ovo – sim, o ovo – era a
encarnação do tinhoso na Terra.

Ocorre que, a despeito das informações acima e das


recomendações médicas que acabam reforçando os cofres
da indústria farmacêutica – que despeja milhares de Mini-me e Dr. Evil
engodos revestidos de cápsulas para reduzir colesterol, ele
não é o vilão da história.

8
Afinal, o que é Colesterol?

O colesterol é uma substância gordurosa (lipídio) presente


em todas as células do nosso corpo. Suas funções
principais são:

• Ajudar na formação das membranas das células

• Produção de ácidos biliares, que funcionam na


digestão e absorção da gordura dos alimentos

• Para produção de vitamina D e hormônios, como


testosterona nos homens e o estrogênio nas
mulheres

De onde vem o colesterol?

• da alimentação (Exógena) – cerca de 30%

• da produção do nosso fígado (Endógena) – 70%

9
Para garantir que nosso corpo tenha colesterol suficiente
para realizar todas essas funções, nosso fígado produz
uma grande quantidade diária: cerca de 1000 ml 1.

Se nosso corpo produz uma quantidade tão


grande de colesterol, o que acontece com aquele
adquirido da nossa alimentação? Irá se somar ao
total e se tornará um problema (mais = mau)?

Não exatamente. O colesterol adquirido através dos


alimentos é mal absorvido pelo nosso corpo e rapidamente
excretado, o que significa que a quantidade que você
consome tem pouca influência nos níveis de colesterol do
fluxo sanguíneo.

“Teor de colesterol da dieta alimentar não influencia de


forma significativa os valores de colesterol plasmático, que
são regulados por diferentes fatores genéticos e

1 http://kidshealth.org/parent/medical/heart/cholesterol.html

10
nutricionais que influenciam a absorção de colesterol e de
síntese.” (Dietary cholesterol: from physiology to
cardiovascular risk – Dr. Jean-Michel.Lecerf - Nutrition
Department, Institut Pasteur de Lille, Lille, France)

O fígado é que regula esses níveis conforme a


necessidade do nosso corpo:

“O fígado funciona como uma central de regulação dos


níveis de colesterol no organismo. Não só sintetiza
colesterol para exportar para outras células, mas também
remove o colesterol do corpo, convertendo-se a sais
biliares e o coloca para a bílis, onde ele pode ser eliminado
nas fezes.” (Cholesterol, Lipoproteins and the Liver -
University of Washington, Seattle, EUA)

Os diferentes tipos de colesterol

Assim como o óleo não se dissolve na água, o colesterol,


por ser uma substância gordurosa, não se dissolve no
sangue. Para poder percorrer as artérias e alcançar os

11
tecidos periféricos, ele precisa de um transportador, que
são as lipoproteínas produzidas no fígado:

• HDL (lipoproteína de alta densidade) – responsável


por transportar o colesterol no caminho inverso, dos
tecidos para o fígado, que vai descartá-lo como bile
no intestino. É considerado como colesterol bom.

• LDL (lipoproteínas de baixa densidade) – são


responsáveis pelo transporte do colesterol do fígado
para as células. Os médicos decidiram que esse
número tem de ser baixo (colesterol ruim), mas a
verdade é muito mais complexa que apenas isso.

• VLDL (lipoproteínas de muito baixa densidade) – é


uma subclasse de lipoproteína responsável pelo
transporte de triglicerídeos e um pouco de colesterol
do fígado para as células, assim como o LDL
(também denominado como colesterol ruim).

12
Assim, vemos que o colesterol é parte importantíssima no
funcionamento do nosso corpo, ou seja, precisamos dele
para sobreviver.

Se precisamos de colesterol, se é essencial para o


nosso organismo, por que ele é considerado mais
feio que soltar pum na missa, quase um
palavrão?

A comunidade médica, no início do século XX, em sua


busca para minimizar as doenças cardíacas, precisava
arrumar um culpado, afinal, menos doenças cardíacas =
vida mais longa, pessoas mais felizes.

Há alguns anos, descobriu-se que o colesterol era parte do


material que obstruía as artérias. Assim, fizeram a
suposição natural de que o colesterol era a causa dessa
obstrução, portanto, alimentos de origem animal ricos em
colesterol deveriam ser evitados.

13
Mark Sisson, um dos principais porta-vozes da dieta Paleo
e administrador de um dos mais completos blogs sobre o
assunto, chamado Mark’s Daily Apple, faz a seguinte
exposição:

“Testes nos anos cinquenta inicialmente mostraram uma


associação entre a morte prematura por doença cardíaca
e os depósitos de gordura e lesões ao longo das paredes
das artérias. Como o colesterol estava presente nesses
depósitos (é claro que estaria!) e como os pesquisadores
tinham previamente associado a hipercolesterolemia
familiar (níveis altos de colesterol hereditário) com a
doença cardíaca, eles concluíram que o colesterol deveria
ser o culpado.”

Seria, então, o Colesterol o grande culpado?

Algumas múmias discordam. Sim, múmias, de mais de


4.000 anos.

14
Os resultados de uma pesquisa feita em 2013 pela
University of Southern California, publicados na revista The
Lancet, sugerem que a aterosclerose, doença cardíaca em
que os depósitos de cálcio estreitam as artérias, pode ter
sido uma doença universal em todas as sociedades
humanas, e não apenas um resultado da dieta alimentar
moderna.

Enquanto alguns pesquisadores acreditam que o


endurecimento das artérias era uma doença do século XX,
resultado do consumo excessivo dos alimentos gordurosos
modernos, Caleb Finch, neurobiólogo e coautor da
pesquisa, ressalta que “a generalidade das nossas
observações sugere que é realmente uma parte básica do
envelhecimento humano em todas as circunstancias”.

Seriam então nossos ancestrais devoradores de Big Mac


com porção extra de bacon? Segundo pesquisadores
franceses do Institut Universitaire de France (Diet of
ancient Egyptians inferred from stable isotope systematics),

15
eles tinham principalmente uma dieta vegetariana com
forte ênfase em grãos.

Sim, o colesterol é mais complexo do que imaginamos.

Não, ele não é o culpado.

Por que nos dizem para evitar alimentos com


colesterol?

Porque eles foram associados como responsáveis pelo


entupimento das artérias levando a um ataque cardíaco.
Mark Sisson, em continuação ao seu artigo anterior, refuta
essa hipótese:

“Na verdade, o que acontece é que, em resposta a uma


situação inflamatória, o corpo utiliza o colesterol como um
"band-aid" para cobrir temporariamente quaisquer lesões
na parede arterial. Em caso de a inflamação ser resolvida,
o “band-aid” vai embora e a reparação ocorre. Nenhum
dano, nenhuma falha. Infelizmente, na maioria dos casos a
inflamação continua, a placa de colesterol é eventualmente

16
afetada por macrófagos e é oxidada a um ponto em que
ocupa mais espaço na artéria, retarda o fluxo arterial e,
eventualmente, pode se desprender e formar um coágulo.
E durante todo esse tempo o colesterol só estava querendo
ser um bom rapaz! Culpar o colesterol por tudo isso é como
culpar todos os “band-aids” de sua casa por um dedo
cortado.”

Qual a origem da ideia de que colesterol elevado


é ruim?

Encontramos esta história em detalhes no livro “Good


Calories, Bad Calories”, escrito por Gary Tabes:

Em 1913, o patologista russo Nikolaj Anitschkow fez um


experimento com coelhos alimentando-os com colesterol
puro diluído em azeite de oliva, e eles apresentaram
depósitos nas artérias e outros tecidos. É claro que algo
daria errado – coelhos são herbívoros e nunca
consumiriam dietas ricas em colesterol naturalmente. O

17
mais lógico seria concluir que coelhos não devem consumir
carne, mas à época esse experimento ajudou a reforçar a
ideia de que o colesterol elevado era a causa do seu
depósito na parede das artérias.

Essa teoria lipídica da doença cardiovascular não teve uma


vida fácil na primeira metade do século 20. Já em 1936,
estudos de necropsia realizados em pacientes que
morreram por causas violentas demonstraram que a
incidência e severidade da aterosclerose não tinha relação
alguma com os níveis de colesterol dos falecidos.

Alguns anos depois, aparece Ancel Keys, um bioquímico


que conhecia os estudos com os coelhos e estava Ancel Keys
convencido do estudo com os coelhos. Em 1951, após uma
conversa com colegas em uma convenção na Itália, Keys
resolve visitar Nápoles, pois lhe foi dito que lá a população
quase não sofria com problemas cardíacos. Na cidade, ele
confirmou as informações: exceto pelos mais ricos, quase

18
não havia doenças cardíacas. E mais: o colesterol dos
pobres era menor que o dos ricos, que comiam mais carne
e gordura. Que conclusão ele chegou? Que o consumo de
gordura na dieta era a diferença crítica.

Algum tempo depois, Keys publicou sua teoria de que a Duvidar de tudo é como acreditar
gordura eleva o colesterol e que colesterol elevado
causava doença cardíaca. A teoria foi vista com grande em tudo. São posições igualmente
ceticismo à época.
perigosas. Ambas nos dispensam de
Em 1953 ele publicou o famoso estudo dos 7 países, no
refletir.
qual quis provar que, quanto maior o consumo de gordura,
maior o índice de ataques cardíacos. Acontece que, apesar
Henri Poincaré
de ter dados de 22 países, escolheu apenas 7 para
justificar sua teoria. Se fossem colocados todos os 22 em
um gráfico, não haveria correlação entre consumo de
carnes e doenças do coração. Um estudo “forjado”.

Os pesquisadores da época, inclusive a American Heart


Association, sabiam que se tratava de um estudo
tendencioso e malfeito, e criticavam muito essa teoria

19
ligando a gordura ao aumento de colesterol e ao
consequente aumento de doenças cardíacas.

Em 1961, Ancel Keys, com muito prestígio no meio político,


passa a fazer parte do comitê da American Heart
Association e defende com unhas e dentes sua teoria.

Em 1968, o governo americano cria uma comissão para


“Velhos hábitos e crenças antigas
definir as orientações nutricionais para a população. E,
entre muitos dogmas, politicagem, brigas de ego e pouca são difíceis de morrer”
ciência, foi criada a diretriz nutricional com a demonização
da gordura. Uma decisão política com efeitos devastadores
na saúde da população mundial, uma vez que a influência
americana é muito grande. Os cardiologistas da época
ficaram revoltados, mas o resultado desse movimento você
já sabe qual foi: aquela pirâmide alimentar com a base
cheia de grãos e carboidratos difundida no fim dos anos 70
e que muita gente usa até hoje.

20
O colesterol não é a raiz do problema

Muitos estudos ( 2) ( 3) apontam que ele não é um fator de


risco determinante para doença cardíaca e mortalidade. É
apenas mais um de muitos fatores de risco que devem ser
considerados à medida que envelhecemos. Preocupar-se
apenas com ele é como verificar apenas o nível do óleo
quando o seu carro quebra, quando se deve verificar todo
o motor.

Segundo Frederick Stare, membro do American Heart


Association, "O fator de colesterol é de menor importância
como fator de risco em doenças cardiovasculares. Muito
mais importante é o tabagismo, hipertensão, obesidade,
diabetes, atividade física insuficiente, e estresse. "

Um estudo realizado na Universidade da Califórnia,


publicado em janeiro de 2009 no American Hearth Journal,

2 http://ije.oxfordjournals.org/content/22/6/1038.abstract
3 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1355411

21
aponta que quase 75% dos pacientes que foram
hospitalizados depois de sofrer um infarto estavam com os
níveis de LDL (o ruim) considerados normais, abaixo de
100ml/dl- (ou seja, de acordo com as diretrizes atuais).
Foram analisados 136,905 pacientes em 541 hospitais dos
EUA.

Mitos e Verdades, Perguntas e Respostas

A forma de medirmos o Colesterol está correta?

Certo e errado, preto ou branco, tudo ou nada – estes são


exemplos de armadilhas reducionistas e binárias. O
reducionismo é, grosso modo, uma forma de explicar ou
dar explicação a temas complexos de maneira acessível.

Mas interpretar níveis de colesterol não é tão simples.


Medir o colesterol total e LDL (mau) é a forma com a qual

22
estamos familiarizados. Sim, os níveis associados de
ambos estão associados ao risco elevado de doenças
cardíacas, mas o colesterol total não é só preto e branco –
há tons de cinza e outras cores.

Na contagem do colesterol total entra o HDL (bom), que


quanto mais alto, menos riscos, e o LDL (ruim), mais alto, Muitos homens cometem o erro de
mais riscos. Ocorre que o LDL tem subtipos, que são
substituir o conhecimento pela
baseados no tamanho das partículas. Temos as partículas
pequenas e densas de LDL (péssimas) e temos as grandes afirmação de que é verdade aquilo que
e macias (boas). As pequenas estão associadas a doenças
cardíacas, enquanto as grandes são benignas [ 4] [ 5].
eles desejam.

Na verdade, estudos mostram que colesterol total e LDL


Bertrand Russel
são fracos indicadores de risco em comparação com outros
marcadores, como triglicérides [ 6] .

4 www.internationaljournalofcardiology.com/article/S0167-
5273(99)00107-2/abstract?cc=y
5 http://atvb.ahajournals.org/content/12/2/187.short
6 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2664115/

23
Numa dieta Low Carb, a tendência é a de que o HDL
aumente e os triglicérides diminuam, enquanto o colesterol
total e LDL permanecem inalterados. O tamanho das
partículas LDL tende a aumentar e o número, diminuir. E
isso é ok. [ 7]

Condições clínicas que podem aumentar o colesterol

Antes de culpar uma dieta, é importante descartar outras


condições médicas que podem elevar o colesterol total e o
LDL. Por exemplo, a disfunção da tireoide [ 8]. A perda de
peso, em alguns casos, pode também aumentar o
colesterol LDL temporariamente. Se isso acontecer, espere
até seu peso estabilizar e refaça o teste. As alterações
hormonais naturais durante a menstruação também fazem
os níveis de colesterol flutuarem, o que é perfeitamente
normal.

7 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16685042
8 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7240961

24
Outro aspecto importante a ser descartado é a
hipercolesterolemia familiar, uma patologia genética, que
atinge cerca de 1 em 500 pessoas, e que pode afetar
igualmente os dois sexos e na qual os níveis de colesterol
das pessoas apresentam-se elevados desde o nascimento.
[ 9]

É melhor ter colesterol mais alto ou baixo?

Antes de sair tomando Estatinas (um negócio bilionário


para as indústrias farmacêuticas, do qual falarei adiante)
vamos analisar alguns pontos:

– Quando se mede o colesterol, o ideal é medir o número


de partículas LDL no sangue, e não se ater ao total, LDL e
HDL.

http://www.abc.med.br/p/colesterol/511739/hipercolesterolemia+famili
ar+o+que+e.htm

25
– Os níveis de LDL e de partículas LDL são muitas vezes
concordantes, tanto para mais quanto para menos, mas
eles também podem ser discordantes, ou seja, é possível
ter uma medição normal ou até baixa de colesterol, mas
com grande número de partículas LDL – neste caso, pode-
se ter a falsa ideia de baixo risco para doença cardíaca.

– Por outro lado, pessoas com níveis elevados de


colesterol LDL e baixo número de partículas não estão no
grupo de alto risco.

– Em um estudo feito na Noruega com 52 mil pessoas,


descobriu-se que as mulheres com níveis de colesterol
abaixo de 195 mg/dl tiveram um risco maior de morte do
que aquelas com níveis acima desse ponto [ 10].

– Um estudo publicado no American Journal of Medicine


apontou que as pessoas com mais de 70 anos de idade,

10 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21951982

26
com níveis de colesterol total abaixo de 160 mg / dL tinham
o dobro do risco de morte do que aqueles com níveis de
colesterol entre 160-199 mg / dL. [ 11]

É importante observar que esses foram estudos


observação, o que significa que eles não provam que o
colesterol baixo era a causa do risco aumentado de morte
ou doença que foi observado. É possível, por exemplo, que
esses pacientes tiveram outra patologia que causou a
diminuição do colesterol e aumento da doença ou
mortalidade. No entanto, com o que sabemos sobre o
importante papel do colesterol no corpo, é certamente
plausível que o baixo colesterol pode ter contribuído
diretamente para estes problemas.

Um gráfico produzido pela BHF-heartstats (British Heart


Foundation), que disponibilizei no final deste guia, uma
compilação de cruzamento de dados de 164 países entre

11 http://www.amjmed.com/article/S0002-9343(03)00354-1/abstract

27
mortalidade (doenças) e níveis de colesterol, indica que a
taxa de mortalidade entre os homens com nível de
colesterol entre 200-240 foi significativamente menor. Ou
seja, essa é a faixa menos crítica para todos os tipos de
mortalidade ali apresentadas.

O que fazer se em uma dieta LCHF (Low Carb,


High Fat) o colesterol subir muito?

– Substituir gordura saturada por gordura


monoinsaturada

Em pesquisas corretas e bem desenvolvidas [ 12], não há


relação entre a gordura saturada e aumento de doenças
cardíacas, no entanto, se você tem problemas com
colesterol, pode substituí-las. Cozinhar com

12

http://ajcn.nutrition.org/content/early/2010/01/13/ajcn.2009.27725.abst
ract
13 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8517637

28
azeite em vez de manteiga ou óleo de coco e até mesmo
consumir carnes mais magras.

O azeite extravirgem protege as partículas de LDL contra


oxidação, reduz a inflamação, melhora a função do
endotélio e diminui a pressão arterial [ 13]

– A cetose pode ter benefícios incríveis, mas não é para


todos

Uma dieta Low Carb não tem de ser necessariamente


cetogênica, ou seja, com nível de carboidratos baixo o
suficiente para que o corpo inicie a produção de ácidos
graxos.

Você pode considerar uma carb mais modesta. Não há


uma definição clara, mas 100 a 150 g por dia pode ser
classificada como uma dieta Low Carb. É possível que

13 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8517637

29
algumas pessoas tenham um aumento de colesterol
quando estão em cetose e que melhorem ao comer
carboidrato suficiente para evitar entrar nesse estado.

Assim, 1 ou 2 pedaços de frutas por dia, talvez batata-doce


o jantar ou pequenas porções de arroz ou aveia podem
ajudar.

Praticar exercícios, uma boa noite de sono e menos stress


também ajudam.

A indústria farmacêutica e o negócio bilionário


da estatina

O risco das estatinas

No controverso mundo bilionário da indústria farmacêutica,


a categoria das estatinas é, de longe, a mais rendosa. As
estatinas são um grupo de substâncias denominadas
lipoproteínas, empregadas na medicina para ajudar a

30
reduzir nos níveis de colesterol. O genérico mais
consumido é a sinvastatina, seguida pelo Lípitor.

As estatinas fazem, sim, o que é sua função: baixar os


níveis de colesterol. Mas isso é bom para todos? Como não
sou médico e a função deste guia é apresentar dados
referenciados, deixo abaixo algumas informações e você,
leitor, tirará suas próprias conclusões.

Este estudo feito em 2011 [ 14]aponta que “apenas poucas


evidências mostraram que a prevenção primária com
estatinas pode ser rentável e melhorar a qualidade de vida
do paciente. O cuidado deve ser tomado na prescrição de
estatinas para prevenção primária entre as pessoas com
baixo risco cardiovascular”.

– O estilo de vida, incluindo-se fatores como a falta de


exercícios, consumo de cigarro e má alimentação, é
responsável por 80% das doenças cardiovasculares.

14 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21249663

31
– As estatinas não reduzem o risco de morte ou doença
grave em pessoas com baixo risco de doença
cardiovascular.

– Estudos de longo prazo não foram capazes de


demonstrar que mulheres de qualquer idade ou com algum
grau de doença cardíaca tiveram algum prolongamento de
vida com o uso de estatinas.

– Um pequeno grupo de pessoas tem sido beneficiados


com estatinas: homens, com menos de 65 anos, que
tiveram ataque cardíaco. Mesmo assim, o benefício é
pequeno.

Em contrapartida, os efeitos secundários das estatinas


incluem: mialgia ou dor muscular, aumentam a fadiga,
diminuem a energia, aumentam o risco de diabetes,
inflamação do fígado, cataratas e disfunção erétil.

Atualmente, o que mais vemos, infelizmente, são médicos


tratando os exames, e não o paciente. A medicina clínica é

32
algo, digamos, ‘vintage’, enquanto a moda são os
especialistas. E você, que já foi um paciente (vintage)
agora é resumido a números tratados separadamente,
como se cada parte do seu corpo fosse algo singular, e não
parte de um todo. “O especialista é um homem que
Nutrição e estilo de vida mudanças foram e sempre serão sabe cada vez mais sobre cada vez
melhores do que as estatinas para prevenção primária de
menos, e por fim acaba sabendo
doenças cardíacas. Concorda?
tudo sobre nada.”

George Bernard Shaw

33
Os benefícios da Gordura Saturada

O que são gorduras saturadas?

São gorduras que contêm uma elevada proporção de


ácidos graxos saturados. São sólidas à temperatura
ambiente. Ex.: carnes gordas, banha de porco, produtos
lácteos como manteiga e cremes, coco, óleo de coco, óleo
de palma.

Por que muitos dizem que ela é prejudicial?

No século XX, houve uma grande epidemia de doenças


cardíacas correndo solta na América. O que era uma
doença rara, rapidamente tornou-se a principal causa de
morte. E ainda o é.

À época, pesquisadores descobriram que a ingestão de


gordura saturada parecia aumentar os níveis de colesterol
na corrente sanguínea. Eles também sabiam que o

34
colesterol elevado era associado a um risco aumentado de
doença cardíaca. Então, chegaram à seguinte equação: se
A causa B e B provoca C, A causa C.

Simples, não?
“A ignorância é a mãe
No entanto, essa “hipótese da dieta cardíaca” foi baseada
em premissas, dados observacionais e estudos [ 15] em das tradições”
animais. Não houve nenhuma evidência experimental em
seres humanos. Essa hipótese acabou se transformando Montesquieu
em política pública de saúde, em 1977, sem nunca ter sido
provada de verdade. [ 16]

De lá pra cá, mesmo que agora aja uma abundância de


dados experimentais em seres humanos mostrando que
esses pressupostos iniciais estavam errados, as pessoas

15

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0735109703016310
16

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0899900710002893

35
ainda são orientadas a correr da gordura saturada para
reduzir o risco de doença cardíaca.

Em uma revisão [ 17] de 21 estudos, publicada em 2010,


com um total de 347.747 pessoas, chegou-se à conclusão
de que não há nenhuma relação entre gordura saturada e
doenças cardíacas.

O outro lado: Os Benefícios da Gordura Saturada

– As gorduras saturadas, como óleo de coco, banha e


manteiga, são excelentes para cozinhar. Ao contrário das
poli-insaturadas, elas não oxidam quando são aquecidas.

– As gorduras saturadas são essenciais para a absorção


de nutrientes, como as vitaminas A, D e E.

– Gorduras saturadas baixam os níveis de triglicérides

17

http://ajcn.nutrition.org/content/early/2010/01/13/ajcn.2009.27725.abst
ract

36
– O leite materno tem 54% de gordura saturada

– As gorduras saturadas funcionam como sinalizadores


para a produção de hormônios. Ela tem um papel
importante no sistema imunológico porque incentivam os
glóbulos brancos no sangue a destruírem bactérias
invasivas, vírus e fungos e a combaterem tumores

E o ovo?

Ele já foi o vilão. Hoje, é o mocinho e aliado.

O ovo possui alta qualidade nutricional, rico em proteínas


de alto valor biológico, minerais como ferro, selênio, zinco
e fósforo; carotenoides (zeaxantina e Luteína) e colina
(importante componente do cérebro).

O produto contém ainda níveis consideráveis de zinco,


selênio, vitaminas A e E e do complexo B, que ajudam a
prevenir o organismo contra processos degenerativos
associados ao câncer, diabetes, cataratas e enfermidades

37
cardiovasculares. A vitamina D, que o organismo só produz
com a exposição solar, também está presente nele.

Comercial de margarina lembra... Família feliz?

Feliz sim, mas saudável não.

A margarina, assim como os óleos vegetais processados,


como óleo de soja, girassol e canola, é rica em ômega 6,
que tem um efeito pró-inflamatório – efeito este que,
quando em proporção inadequada ou excessiva, pode
conduzir a doenças graves, como as cardíacas, diabetes,
artrite, câncer e outras.

Na vida real, quem reina é a manteiga!

Já nossa amiga manteiga, esta sim, feliz e sorridente na


foto, contém a maioria das vitaminas solúveis em gordura
(A, E, K e D). Além disso, é um importante antioxidante,
combatendo radicais livres, mantendo a saúde da pele,
retardando o envelhecimento e prevenindo doenças.

38
Agora que você já conhece alguns benefícios da gordura e
está sorrindo para o bacon, saiba que seu corpo também
pode sentir muito a falta dela e até reclamar. Isso significa
que agora, além de boa companheira, em alguns casos ela
será sua melhor amiga. Vamos ver aqui quando você deve
estreitar os laços nesse relacionamento:

– Pele seca – além dos vários diagnósticos conhecidos e


seus tratamentos, aumentar a ingestão de gordura é uma
forma natural de melhorar os níveis de umidade de sua
pele.

– Dieta Low Carb – muitas vezes a pessoa reduz a ingestão


de carboidratos para perder peso e começa a sentir
cansaço, mal-estar, dor de cabeça. Nesses casos,
aumentando o consumo de gordura você conseguirá
compensar a energia que falta.

– Atenção homens: falta de disposição, queda na


intensidade de exercícios, mais tempo para recuperação
de atividades físicas, exaustão no final do dia, e até

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impotência são sintomas relacionados com baixo nível de
testosterona no organismo. E adivinha o que ajuda a
melhorar esse quadro? Isso mesmo, aumentar o consumo
de gordura saturada.

– Falta constante de saciedade. É quando você come,


come, come e nunca está satisfeito. Falta carne gorda
nessa dieta aí.

Outros casos em que o aumento de ingestão de gordura


saturada é indicado:

– Diminuição da energia mental – principalmente quando


você entra num período de alimentação Low Carb.

– No consumo de álcool, ajuda a proteger o fígado de


lesões, o risco de intoxicações e ameniza a ressaca (óleo
de coco, o azeite de dendê e manteiga de cacau,
principalmente).

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E finalizo com uma sugestão:

Se joga na picanha e no bacon* e seja magro, saudável e


feliz SendoPaleo !

*sem exageros ;)

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