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Universidade de Vassouras

CURSO DE PSICOLOGIA ,
9.º PERÍODO: SEMESTRE: 2023.1

SEXUALIDADE HUMANA

Professora:
SUELY MARINHO
Doutora em saúde coletiva
Universidade de Vassouras
CURSO DE PSICOLOGIA ,
9.º PERÍODO: SEMESTRE: 2023.1

AULA 2:
SUMÁRIO

Discussão inicial sobre sexualidade humana e apresentação sobre as suas


diversas abordagens e teorias: aspectos biológicos, aspectos históricos,
aspectos sociais e culturais, aspectos educacionais, aspectos clínicos.

Professora:
SUELY MARINHO
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9.º PERÍODO: SEMESTRE: 2023.1

 “O ser humano é o único animal cuja existência é, do princípio ao


fim, marcado pelo signo do sexo e seus códigos”.

Freud, Três ensaios sobre a teoria da


sexualidade.
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 Sexualidade: por séculos considerada expressão de “baixos


instintos animais” – controle, combate, subjugação.

 Cristianismo = moral religiosa = abstinência como virtude;


exceção: sexo no casamento –
procriação
fantasias, atos sexuais = fonte de
culpa e castigo.

Civilização ocidental cristã e oriental islâmica = ideia de pecado


original e sentimento de culpa.
Seus códigos fundamentais
de conduta são:
expressões da interdição da
sexualidade.
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 Sexualidade: estudos antropológicos apontam as questões em


torno da sexualidade teriam antecedido as doutrinas religiosas.

 “Os grupos e coletividades humanas, para se


organizarem em sociedades, de modo permitir
a convivência entre os indivíduos, teriam
estabelecido códigos de prescrições e
interdições sexuais, muito antes das crenças
religiosas comuns destinadas a lidar com a
morte, os rituais e os espíritos” (Abdo, 1997,
p.16)

Abdo, 1997, p. 16-17


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 Aqui os autores dessa obra PROBLEMATIZAM a crença religiosa


mais comum de comparação da sexualidade humana a “instintos
animais”, mostrando que no reino dos animais irracionais sim, o
sexo está restrito aos objetivos da reprodução da espécie, com a
atividade sexual rigorosamente controlada por ciclos biológicos de
fertilidade e reprodução (cio), diferente do que ocorre entre os
animais humanos que:

 Embora tenham assimilado comportamentos sexuais da


espécie, estabeleceram restrições indispensáveis, linhas
divisórias entre a amplitude dos desejos individuais e o
interesse coletivo que, para autores como Freud, sem
isso, sem essas restrições nenhuma sociedade iria se
constituir.

 Abdo, 1997, p. 16-17


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 Entre os animais irracionais, fora dos períodos próprios de cada


espécie os hormônios e sinalizadores da função sexual ficam
inativos, resultando em “abstinência” compulsiva, determinada
pelos ritmos biológicos específicos.

 Já entre os seres humanos a disponibilidade sexual é


permanente na vida adulta (da adolescência à
senilidade), independente de efetores ou inibidores
cíclicos observados em outros animais. O princípio do
prazer – constante, e não outros reguladores biológicos,
é que determina a sexualidade humana, conforme
afirmam os autores, buscando em Freud tal perspectiva.

 A sexualidade humana é ampla e ilimitada, enquanto a


sexualidade dos animais irracionais é regulada
estritamente pelos ciclos naturais e só visa procriar.
Abdo, 1997, p. 16-17
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 Entre os animais irracionais, fora dos períodos próprios de cada


espécie os hormônios e sinalizadores da função sexual ficam
inativos, resultando em “abstinência” compulsiva, determinada
pelos ritmos biológicos específicos.

 Já entre os seres humanos a disponibilidade sexual é


permanente na vida adulta (da adolescência à
senilidade), independente de efetores ou inibidores
cíclicos observados em outros animais. O princípio do
prazer – constante, e não outros reguladores biológicos,
é que determina a sexualidade humana, conforme
afirmam os autores, buscando em Freud tal perspectiva.

 A sexualidade humana é ampla e ilimitada, enquanto a


sexualidade dos animais irracionais é regulada
estritamente pelos ciclos naturais e só visa procriar.
Abdo, 1997, p. 16-17
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 Entre os animais irracionais, fora dos períodos próprios de cada


espécie os hormônios e sinalizadores da função sexual ficam
inativos, resultando em “abstinência” compulsiva, determinada
pelos ritmos biológicos específicos.

 Já entre os seres humanos a disponibilidade sexual é


permanente na vida adulta (da adolescência à
senilidade), independente de efetores ou inibidores
cíclicos observados em outros animais. O princípio do
prazer – constante, e não outros reguladores biológicos,
é que determina a sexualidade humana, conforme
afirmam os autores, buscando em Freud tal perspectiva.

 A sexualidade humana é ampla, ilimitada, difusa,


gravitando em torno do prazer e satisfação do desejo,
enquanto a sexualidade dos animais irracionais é
regulada estritamente pelos ciclos naturais e só visa
procriar. Abdo, 1997
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 Os autores aventam que nos seres humanos as travas ou inibidores


biológicos são mais elásticos ou mesmo não existem, razão pela
qual, possivelmente, foi necessário promover CÓDIGOS SOCIAIS
que pudessem REGULAR (ou mesmo frear) a expressão da
sexualidade – INTERDIÇÕES SOCIOCULTURAIS - e assim favorecer a
formação de agrupamentos e coletividades humanas que deram
origem à cultura e à civilização.

 Ex. Interdição do incesto.

Abdo, 1997, p. 16-17


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 Os autores aventam que nos seres humanos as travas ou inibidores


biológicos são mais elásticos ou mesmo não existem, razão pela
qual, possivelmente, foi necessário promover CÓDIGOS SOCIAIS
que pudessem REGULAR (ou mesmo frear) a expressão da
sexualidade – INTERDIÇÕES SOCIOCULTURAIS - e assim favorecer a
formação de agrupamentos e coletividades humanas que deram
origem à cultura e à civilização.

 Ex. Interdição do incesto (civilizações rudimentares x civilizações


cultas). Crime em povos ditos civilizados.

Abdo, 1997, p. 16-17


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 De acordo com os autores:

 “Outro vértice fundamental da sexualidade humana é a SUCESSÃO


PATRIMONIAL e a TRANSMISSÃO DO PODER, seja na esfera familiar
ou comunitária (sociopolítica).

 Intervêm, então, as relações de consaguinidade e de parentesco,


estabelecendo-se, assim, diferentes hierarquias de competências e
heranças que transmitem poderes decisórios e posses.

 A complexidade dessas estruturas, bem como o respeito aos


códigos que as prescrevem, constituíram nos estudos
antropológicos parâmetro para dimensionar o que por muito
tempo foi entendido socialmente como sociedades civilizadas, uma
vez que refletiriam-se sobre os direitos individuais e os deveres
com a coletividade.
Abdo, 1997, p. 18
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 De acordo com os autores:

 Em síntese, é a partir da normatização do sexo que se tem a


estruturação dos grupos sociais, a partir das famílias.

 Por isso, podemos aquilatar a frase inicial: “o ser humano é o único


animal cuja existência é, do princípio ao fim, marcada pelo signo do
sexo e seus códigos”.

 Concluem os autores que é essa condição, precisamente (associada


ao temor e ao culto da morte), que lhe permite destacar-se das
demais espécies, estruturando-se como sujeito pensante num
universo de símbolos.

Abdo, 1997, p. 18
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 Os autores, então, tematizam brevemente, sem problematizar,


como o SEXO ANATÔMICO é DETERMINANTE de uma IDENTIDADE
CIVIL: um nome, a definição se masculino ou feminino, ao que se
agregam sucessivos direitos e deveres, regras de comportamento,
expectativas sobre seu vir-a-ser, desempenho social, intelectual,
econômico, sexual.

 São inúmeras regras, implícitas e explícitas, pré-existentes, que


norteiam a vida e a conduta dos indivíduos, estabelecidas a partir
da condição de nascer macho ou fêmea.

 Inclusive, lembram das estruturas semânticas, as línguas, que são a


base das civilizações, que todas possuem padrão binário: masculino
e feminino ou neutro.

Abdo, 1997, p. 18
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 Trata-se de um universo simbólico marcado pela identidade sexual,


aspecto importante que iremos discutir posteriormente, para
entendermos as consequências de tais normatizações para os
sujeitos contemporâneos.

 Os autores apontam que a organização psicológica do sujeito,


desde os primeiros anos, consciente e inconscientemente,
configura um universo demarcado pelas fronteiras sexuais e seus
regulamentos.

 Exemplos de como as sociedades antigas se comportaram em


relação ao sexo, seja com a negação da sexualidade – “amor
platônico”, as que exaltavam o sexo e seus ritos – como a romana e
a celta, às mais contidas como a egípcia, passando pela indústria do
sexo, na sociedade contemporânea.
Abdo, 1997, p. 18
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 Tudo isso, para falar do indiscutível apelo psicológico da


sexualidade na vida cotidiana dos povos, evidenciando sua
importância mental e social, seja de modo positivo, seja de modo
negativo.

 Partindo de alguns supostos – “só as pessoas saudáveis


emocionalmente conseguem de fato a plenitude da satisfação
sexual” (suposições dos autores) – , estes consideram que a
“TERAPÊUTICA SEXUAL” deve partir do tratamento do indivíduo
como um todo, escapando de suposições equivocadas que
confundem “transtornos sexuais com disfunções genitais e
fisiológicas”.

 Ou seja, a sexualidade é indissociável da estrutura mental do


sujeito, como afirma Foucault.
Abdo, 1997, p. 18
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 Tudo isso, para falar do indiscutível apelo psicológico da


sexualidade na vida cotidiana dos povos, evidenciando sua
importância mental e social, seja de modo positivo, seja de modo
negativo.

 Partindo de alguns supostos – “só as pessoas saudáveis


emocionalmente conseguem de fato a plenitude da satisfação
sexual” (suposições dos autores) – , estes consideram que a
“TERAPÊUTICA SEXUAL” deve partir do tratamento do indivíduo
como um todo, escapando de suposições equivocadas que
confundem “transtornos sexuais com disfunções genitais e
fisiológicas”.

 Ou seja, a sexualidade é indissociável da estrutura mental do


sujeito, como afirma Foucault.
Abdo, 1997, p. 18
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 Apesar disso, alguns setores da medicina e da psicologia, sob influência


britânica e norte-americana, relutaram em admitir os fundamentos
simbólicos da sexualidade, essenciais na estruturação do sujeito pensante, e,
a pretexto de resgatar “cientificicamente”, as raízes biológicas do sexo,
restringem-se aos aspectos anatômicos, fisiológicos e desempenho
mecânico-postural.

 Tais setores, alardeando tal “objetividade científica”, acabam


compartilhando o modelo religioso da sexualidade e o reforçam, já
que enfocam somente os aspectos fisiológicos e anatômicos:
preconizam tratá-la e compreendê-la através de substratos
enzimáticos, neurotransmissores, condicionamentos, estímulos e
inibições seletivas, próteses anatômicas, hormônios e estratégias
copulativas posturais.

Abdo, 1997, p. 18
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 Tais abordagens, geralmente, fracassam e reiteram doutrinas religiosas sobre


a “animalidade dos instintos sexuais”.

 No ser humano, a sexualidade liga-se a imagens, reminiscências,


associações, interdições, enfim, constructos mentais de alta
complexidade, conectados indefinidamente a símbolos atuais e
pretéritos, desde os primeiros dias de vida do sujeito.

 A sexualidade no ser humano se exerce, principalmente, no campo


imensurável do desejo, da fantasia, da ficção e do mito.

 Não por acaso, ela é tema de delírios, alucinações e tantos outros


transtornos psicopatológicos (sexualidade como exercício de
liberdade e encruzilhada da angústia).

 Psicanálise: estuda a estreita associação entre psiquismo e


sexualidade humana, constituindo-se numa estrutura biunívoca
que organiza e sustenta a identidade do sujeito. Abdo, 1997, p. 18
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 Tais abordagens, geralmente, fracassam e reiteram doutrinas religiosas sobre


a “animalidade dos instintos sexuais”.

 No ser humano, a sexualidade liga-se a imagens, reminiscências,


associações, interdições, enfim, constructos mentais de alta
complexidade, conectados indefinidamente a símbolos atuais e
pretéritos, desde os primeiros dias de vida do sujeito.

 A sexualidade no ser humano se exerce, principalmente, no campo


imensurável do desejo, da fantasia, da ficção e do mito.

 Não por acaso, ela é tema de delírios, alucinações e tantos outros


transtornos psicopatológicos (sexualidade como exercício de
liberdade e encruzilhada da angústia).

 Psicanálise: estuda a estreita associação entre psiquismo e


sexualidade humana, constituindo-se numa estrutura biunívoca
que organiza e sustenta a identidade do sujeito. Abdo, 1997, p. 18
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 Aspectos destacados sobre a sexualidade dos seres humanos:

 A sexualidade extrapola os limites da anatomia e da fisiologia;


 A sexualidade é o principal polo estruturante da identidade do
sujeito e da personalidade;
 O desempenho sexual não depende só da anatomia e da fisiologia,
mas, sobretudo, da integração dos níveis biológico, psicológico e
social.

Etc...

Disso resulta que os diagnósticos dos transtornos da sexualidade são


muito complexos e não se circunscrevem a disfunções genitais.

Do diagnóstico ao tratamento, os transtornos sexuais implica, sempre


e necessariamente, uma visão psicossomática, em geral mais psíquica
que somática. E, portanto, é fundamental a abordagem
interdisciplinar dessas questões. Abdo, 1997, p. 18
Bibliografia
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde
sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 300 p. : il. (Cadernos de
Atenção Básica, n. 26).

• ABDO, Carmita Helena Najjar (org.). Sexualidade Humana e seus transtornos. São Paulo: Lemos
Editorial. 1997.

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