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Aluno(a): Série: Turma

Disciplina: Eletiva de Língua Portuguesa Professor:


Data: Trimestre: Nota:
Leitura e Resumo
Comunicação não violenta na escola: o que é e como aplicar

Você já deve ter ouvido falar em comunicação não violenta, mas sabe, na prática, o
que isso quer dizer? Hoje vamos mostrar o significado e formas de aplicá-la na sua
comunicação, seja na vida privada ou no ambiente escolar.
Comunicação não violenta. o que é isso, afinal?
Ao longo da sua vida, com certeza você participou ou presenciou conversas que
pareciam tudo, menos uma troca saudável de ideias. Argumentos fortes, de um lado e
outro, que se chocavam não para construir alguma coisa, mas sim para destruir.
Essa verdadeira batalha verbal, onde um tenta se sobrepor ao outro, menos no campo do
convencimento e mais no campo da imposição agressiva de um argumento é muito
comum.
E também não é nada saudável, seja para quem “duela” quanto para aqueles que
acompanham o desgastante e pouco produtivo jogo de palavras.
A Comunicação Não Violenta, também chamada de CNV, surge como contraponto a
essa situação.
Trata-se de um processo de pesquisa contínua desenvolvido por Marshall Rosenberg e
sua equipe, visando a criação de relações mais saudáveis e onde predominam o respeito,
a eficiência na comunicação e também a empatia.
Ela é aplicável a qualquer contexto de comunicação, seja entre marido e mulher, pais e
filhos, patrões e empregados, além, é claro, do ambiente escolar. Porém, aplicá-la, de
verdade e com eficiência, exige empenho e, em alguns casos, uma dose de humildade.
Os perigos da comunicação violenta

Quando falamos em comunicação violenta falamos em todas as situações em que nos


expressamos de forma agressiva, impositiva e desrespeitosa.
Normalmente, a pessoa quer impor sua ideia ao invés de contrapor argumentos para
construir conhecimento e entendimento.
Por mais que nem sempre a pessoa enxergue sua comunicação como agressiva ou
violenta, o modo como nos expressamos pode abalar relacionamentos, afetar a
autoestima alheia e até mesmo causar o rompimento definitivo das relações construídas.
Porém, o oposto disso, a comunicação não violenta, pressupõem o respeito, a empatia, a
compreensão e a gratidão ao se expressar. Naturalmente, as chances de impactar,
motivar e mobilizar o outro de forma positiva tornam-se muito maiores.
O que pode provocar essa comunicação mais agressiva
Alguns fatores contribuem para que alguém estabeleça uma comunicação violenta ao
invés de uma não violenta com as pessoas.
Situações onde existe um critério de julgamento, por exemplo, pode nos fazer assumir
posições defensivas ou de ataque, sem nem sequer refletir sobre a fala alheia.
Do mesmo modo, a crítica também costuma gerar respostas inadequadas. Sentir que
alguém está criticando você, sua família, seu trabalho ou qualquer outro aspecto da sua
vida, costuma gerar ataque, mesmo que, de fato, o que foi dito nem seja uma crítica.
Quais os benefícios da comunicação não violenta
Marshall Rosenberg, em seu livro “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar
relacionamentos pessoais e profissionais”, divide os benefícios da comunicação não
violenta em três esferas:
1 – Intrapessoal
Que trata da relação que estabelecemos com nós mesmos

2 – Interpessoal
Que diz respeito à relação pessoal ou profissional com terceiros

3 – Sistêmico
Que trata da relação com sistemas que fazem parte das relações humanas, com acordos
que não precisam ser ditos, mas estão implícitos. Por exemplo, falar baixo em hospitais.
Em qualquer uma dessas esferas a comunicação não violenta trará ganhos. Ao invés do
conflito as pessoas tenderão a ser mais diplomáticas, a ouvir melhor o outro e considerar
suas posições ao respondê-lo.
Isso pode garantir uma melhor expressiva nos relacionamentos pessoais ou
profissionais, com mais empatia e clareza, o que pode mudar até mesmo a forma como
enxergamos uns aos outros.
Como reconhecer a violência na minha comunicação
Isso pode não ser nada fácil e o motivo está em não sermos treinados para perceber,
facilmente, quando somos inadequados na nossa comunicação.
Existe o que pode ser chamado de violência passiva, quando, até involuntariamente,
manifestamos menosprezo, deboche ou ironia com o outro, seja na fala ou nos gestos
que o nosso corpo faz. Sim, seu corpo também se comunica e muito.
Essas ações, até involuntárias, provocam no nosso interlocutor um sentimento nada
agradável e que pode não ser notado por nós enquanto nos comunicamos com ele.
Para conseguir compreender e aplicar a comunicação não violenta é fundamental o
desejo de realizar essa mudança e a humildade em admitir que podemos estar sendo
violentos, mesmo sem percebermos isso.
E uma das formas de descobrir isso poderá vir justamente do julgamento ou da crítica
dos outros em relação a nós. Nesse sentido, precisaremos de empatia, respeito e
humildade para avaliar a pertinência do que está sendo dito, buscando evoluir com
o feedback recebido.
Há quatro ações para ajudar a reconhecer melhor nossa comunicação:
1 – Observar
O que está realmente sendo dito em uma dada situação? Tente não aplicar juízo de valor
aqui, apenas perceber se a mensagem recebida é algo que você está gostando ou não.

2 – Avaliar o sentimento gerado


O que você sente em relação ao que observou? Tenta classificar se é medo, raiva,
mágoa, alegria, euforia, etc.
3 – Reconhecer necessidades ligadas a esse sentimento

O que está ligado, de verdade, a esse sentimento gerado na situação? Expressar o que
você deseja pode ajudar a conseguir o que se espera.
4 – Faça o pedido
O que você espera que a outra pessoa faça a partir dessa situação de comunicação? Peça
de forma clara, positiva e afirmativa exatamente o que você quer obter.
A questão está em usar isso para falar com os outros, mas também em usar isso para
considerar a fala alheia. Em um momento você usará como falante e em outro deverá
aplicar para tentar reconhecer as intenções que os outros podem ter ao falarem com
você.
Os atritos costumam surgir daí: um não sabe se expressar de forma não violenta e o
outro não sabe ouvir tentando compreender essa limitação do interlocutor. É preciso,
literalmente, ver ou ouvir além das palavras, tentando reconhecer sentimentos,
motivações e intenções.
Cuidado com o julgamento moralizador
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Marshall Rosenberg fala sobre os chamados julgamentos moralizadores, aqueles que
tentam estabelecer o que é “certo e errado”. Entre outros, podemos destacar:

– Depreciação
– Culpa
– Insulto
– Rotulação
– Comparação
– Críticas
O problema está em focarmos na classificação do que consideramos certo e errado, ao
invés de focarmos no sentimento, na intencionalidade além das palavras expressas.
Comunicação não violenta nas escolas
A comunicação nas escolas pode ser um grande desafio, mesmo sem uma clara perceção
em relação a isso.
Ela pode esbarrar em questões de falha ou falta de clareza, objetividade e empatia ao se
expressar. As situações podem gerar sentimentos muito nocivos nos envolvidos e
acarretar até mesmo em seu afastamento do ambiente escolar.
A CNV na escola visa justamente agir para a resolução de conflitos e para evitar que
estes existam. Muitas vezes, o fato de ouvir e compreender o que o outro diz, além da
forma como ele diz, resultará nos ganhos conquistados com a comunicação
estabelecida.
Separamos algumas dicas para facilitar a aplicação da comunicação não violenta nas
escolas:
1 – Não grite
O grito é uma violência. É um ato de imposição sobre o outro, que desperta sentimentos
nada positivos, seja nos alunos ou nos professores, sejam em quem gritou ou em quem
ouviu o grito.
2 – Cuidado com o punitivismo
O castigo pode ser necessário, mas em alguns casos a questão é menos punir e mais
ouvir o que, de fato, está sendo comunicado. Estimular que os alunos se esforcem para
compreender a posição do outro pode trazer convencimento sem precisar de punição.
3 – Preste atenção à necessidade

O que está em jogo em um conflito? Qual a necessidade por trás daquilo? A pessoa
pode não saber se comunicar, ainda, de uma forma adequada e acabar se expressando
mal diante de uma necessidade que ela possui. Novamente: tente ouvir além das
palavras.
4 – Estimule o diálogo

O esforço por se fazer entender poderá favorecer muito a forma como a pessoa se
expressa. No caso dos alunos, dê a eles a chance de se expressarem antes de julgar e
condenar. Surgiu um conflito, primeiro converse, ouça, entenda e depois tome outras
ações.
5 – Veja além de sentimentos genéricos
O aluno dizer que está com raiva não é o bastante. O que provoca essa raiva? Qual a sua
origem, o que a alimenta? O que ele, na condição de criança ou adolescente, gostaria
que você, professor adulto, fizesse por ele para ajudá-lo a minimizar esse sentimento.
6 – Nem tudo será atendido, mas deve ser explicado
Há situações em que, por mais que se esforce, a necessidade do aluno não poderá ser
atendida. Quando isso ocorrer é importante que ele entenda o porquê dessa situação. Ao
invés de apenas comunicar que será dessa forma, explique. Ele se sentirá mais
valorizado.
Conclusão
A comunicação não violenta só traz benefícios. Aqueles que temem que ela favoreça, no
ambiente escolar, a indisciplina dos alunos, não precisam ter esse receio.
O que se espera obter por meio dela é a capacidade de ouvir, considerar e compreender
as necessidades além das palavras e dos gestos, evitando e resolvendo os conflitos.
Além de um espaço de ensino mais harmonioso, saudável e agradável para alunos e
professores, a aprendizagem será favorecida e os esforços poderão ser voltados para o
ensino ao invés do castigo.

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