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Direito Administrativo
Direito Administrativo
Prof.ª Franciele Kühl
Prof. Matheus Carvalho
Prof.ª Maria Valentina de Moraes
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Olá! Boas-Vindas!
Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade.
Com carinho,
Equipe Ceisc. ♥
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Direito Administrativo
Direito Administrativo
Prof.ª Franciele Kühl
Prof. Matheus Carvalho
Prof.ª Maria Valentina de Moraes
Sumário
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco-
menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
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Direito Administrativo
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
2 CRETELLA JÚNIOR, J. Curso de direito administrativo. Edição revisada e atualizada de acordo com a constituição vigente. Rio de Janeiro:
Forense, 1995, José. 1995. p. 17.
3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 61.
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4 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 73.
5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 69.
6 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 37.
7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. ed. São Paulo: Atlas-Gen, 2019, p. 8.
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Direito Administrativo
d) Para Hely Lopes Meirelles:8 é o conjunto harmônico dos princípios jurídicos que regem
os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado.
O Estado, embora uno, indivisível e indelegável, ele se desdobra em três funções: legislativa, exe-
cutiva e jurisdicional. Essa separação de três Poderes, concebidas por Montesquieu, é adotada pela Cons-
tituição Federal, mas de forma flexível, isto é, cada um dos Poderes não está limitado a exercer as funções
que lhe sejam típicas (normais ou ordinárias), exercendo também atividades atípicas (anormais ou extraor-
dinárias). No quadro a seguir podemos compreender melhor essas funções.
*Para todos verem: esquema.
Poder Legislativo
* Função típica: produção Poder Executivo
Poder Judiciário
de regras gerais e abstratas * Função típica: satisfação
* Função típica: solução de
(as leis) e fiscalização do das necessidades coletivas
conflitos e aplicação da lei.
Poder Executivo. medianteatos concretos, a
* Função atípica: funções
* Função atípica: funções função administrativa.
administrativas, como gestão
administrativas, como * Função atípica: função
de bens, pessoal e serviços;
gestão de bens, pessoal e legislativa, quando expede
ou legislativa, na elaboração
serviços; ou jurisidcional, medida provisória, dá início
de regimentos internos.
como o julgamento de a projeto de lei.
crimes de responsabilidade.
Os entes federados são pessoas jurídicas de direito público, nos moldes do art. 41 do CC, assim
como outras entidades administrativas que vamos estudar na sequência (autarquias, fundações públicas
de direito público e os consórcios públicos de direito público, também denominados de associações
8 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 40.
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públicas), que igualmente executam atividade de Estado, mas de forma indireta. Há, ainda, outras entidades
administrativas, mas de personalidade de direito privado, que também podem executar atividades adminis-
trativas do Estado (atividade em que o direito administrativo se preocupa em regular), são as empresas
públicas, sociedade de economia mista, fundações públicas de direito privado e consórcios públicos de
direito privado.
Assim, vejamos o esquema a seguir que trata da administração pública indireta, entidades que exe-
cutam atividade administrativa por descentralização:
*Para todos verem: esquema.
Pessoas/entidades
políticas ou
Administração
Entes Federados
Direta
Pessoa Jurídica
de Direito Público
Autarquias
Pessoas jurídicas
da Administração
Pública Pessoas Fundações
Jurídicas de Públicas de
Direito Público Direito Público
Associações
Públicas
Administração
Indireta Fundações
Públicas de
Direito Privado
Sociedade de
Economia Mista
Pessoas
Jurídicas de
Direito Privado
Empresa Pública
Consórcios
Públicos de
Direito Privado
Quanto às fontes do direito administrativo, nem sempre é na lei que vamos encontrar uma regra do
direito administrativo. Isto é, as fontes do direito administrativo não são unicamente oriundas da legislação.
São quatro as fontes que podemos encontrar nesse ramo do direito: a norma (Constituição Federal e legis-
lação infraconstitucional), a jurisprudência, a doutrina e os costumes.
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Primárias Lei
Fontes Jurisprudência
Secundárias Doutrina
Costume
Não há dúvida de que a jurisprudência foi crescendo de importância no direito brasileiro, não só
para o Direito Administrativo, mas para todos os ramos do direito. Nos livros de doutrina, nos trabalhos da
advocacia, pública e privada, e mesmo nas decisões judiciais, nota-se preocupação em mencionar prece-
dentes judiciais, especialmente decisões emanadas do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal
Federal, ainda que estes não tenham caráter vinculante.
Já começam a surgir exemplos de decisões judiciais de observância obrigatória, não só para o caso
concreto analisado (quebrando o princípio de que a sentença faz lei apenas entre as partes), mas para
todos os casos futuros iguais; são as hipóteses de sentenças com efeito erga omnes, como ocorre nas
ações coletivas, na ação popular, na ação civil pública, no mandado de segurança coletivo. 9
Segundo Maria Helena Diniz, jurisprudência é “o conjunto de decisões e constantes dos tribunais,
resultantes da aplicação de normas a casos semelhantes, constituindo uma norma geral aplicável a todas
as hipóteses similares ou idênticas”. 10 A regra é que a jurisprudência não vincula; todavia, a Súmula Vincu-
lante, conforme o art. 103-A da CF/1988, vinculará. Neste caso, se uma decisão (ainda que administrativa)
contrariar súmula vinculante, caberá Reclamação. A própria Lei de Processo Administrativo introduziu em
seus arts. 56, § 3o, e 64-B (Lei no 9.784/1999). A súmula vinculante só não vincula o próprio Supremo nem
o Poder Legislativo.
Entre as fontes, também há uma relevante importância nos princípios, os quais passaremos a estu-
dar os principais aplicados à Administração Pública no capítulo 3.
9 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 32. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 57.
10 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 295.
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Esse conjunto de pessoas jurídicas autônomas recebe o nome de Administração Pública Indireta
ou Descentralizada. Essa descentralização pode ocorrer de duas formas:
Outorga (ou descentralização por serviços): ocorre por meio da criação ou autorização da criação
de entidades da administração indireta que prestarão o serviço (geralmente) por prazo indeterminado. Aqui
ocorre a transferência da titularidade e execução.
Delegação (ou descentralização por colaboração, ou delegação negocial): transferência por con-
trato (concessão ou permissão de serviço público) ou ato unilateral (autorização) para que uma pessoa
delegada possa exercer a execução do serviço, sob fiscalização do Estado. Quando realizada por contrato,
é sempre por tempo determinado. Na delegação, só transfere a execução, por meio da concessão ou da
permissão (arts. 11 e 12 do Decreto-lei no 200/1967). Alguns doutrinadores defendem que a delegação
também pode ocorrer para pessoas jurídicas de direito privado da Administração Pública Indireta.
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2.3. Autarquias
A autarquia desempenha atividade típica de Estado, por tal razão possui as mesmas prerrogativas
que o Estado. São, portanto, pessoa jurídica de direito público, com autoadministração, patrimônio e receita
próprios, criada por lei para executar atividades típicas da Administração Pública, para seu melhor funcio-
namento (princípio da especialidade), tem gestão administrativa e financeira descentralizada.
Mesmo não estando expresso na legislação, a doutrina e a jurisprudência apresentam espécies de autar-
quia:
a) Comuns ou ordinárias: são as autarquias administrativas ou de serviço, como o INSS e o Ibama.
b) Especiais: possuem peculiaridades no regime jurídico (quando comparado ao geral, do Decreto-
lei no 200/1967), como mais autonomia dos que as autarquias comuns. Agências Reguladoras
são exemplos de autarquias especiais: Anatel, Anvisa e Banco Central.
c) Corporativas: Conselhos Profissionais. Por não receberam orçamento da União, não estão sub-
metidas às regras constitucionais de finanças públicas (arts. 163 a 169 da CF/1988), ou seja,
regras de precatório não são aplicadas às autarquias corporativas, segundo o RE no 938.837,
de 2017, julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Ex.: Conselho Regional de Medicina (CRM).
d) Fundacionais: chamadas pela jurisprudência de Fundações Autárquicas ou Autarquias Funda-
cionais, são, na verdade, Fundações Públicas, mas criadas por lei sob regime do Direito Público.
A diferença entre a Autarquia e a Fundação Pública de Direito Público é apenas conceitual, “au-
tarquias são definidas como um serviço público personificado, em regra, típico de Estado, en-
quanto fundações públicas de direito público são, por definição, um patrimônio personalizado
destinado a uma finalidade determinada”.11 Ex.: Procon, Funasa e Funai.
e) Associações públicas: que são os Consórcios Públicos de Direito Público, inclusive assim está
11 ALEXANDRINO, Marcelo. PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. 25. ed. São Paulo: Método, 2017, p. 45.
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definido no art. 41 do CC. Sendo de direito público, esse consórcio integrará a administração
indireta. Também são chamados de autarquias interfederativas, multifederativas, multifederadas,
autarquias associativas ou contratuais.
*Para todos verem: quadro.
ATENÇÃO!
O STF retirou da Ordem dos Advogados do Brasil o status de autarquia (ADI no
3.026/06), referindo-se a ela como entidade sui generis. Para a doutrina clássica, a
OAB nunca deixou de ser Conselho de Classe, logo uma autarquia.
A OAB não está vinculada a nenhum órgão administrativo. Não está sujeita ao controle
da Administração. Seu regime de pessoal é o celetista (não exige concurso público).
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presidente ou diretor-geral (art. 4o da Lei no 9.986/2000). Os requisitos para ser presidente, diretor-presidente
ou diretor-geral e demais conselheiros estão elencados no art. 5o da Lei no 9.986/2000. Seu mandado será de
cinco anos (a partir da Lei no 13.848/2019). Nessas autarquias, seus dirigentes possuem um mandato fixo, do
qual só perderão nas hipóteses previstas em lei (sentença transitada em julgado, processo administrativo ou
renúncia, de acordo com o artigo 9º, da Lei 9.986/2000).
Quando um dirigente deixa o seu cargo, por renúncia, término do mandato ou exoneração, passa
por um período chamado de “quarentena” ou “geladeira”, em que o ex-dirigente fica proibido de exercer
atividades ou prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência por um período de seis
meses (art. 8o da Lei no 9.986/2000), contados da exoneração ou do término do mandato. Durante esse
período, o dirigente continua vinculado à Agência, fazendo jus à remuneração compensatória equivalente
ao cargo de direção que exercia.
Agências reguladoras não são a mesma coisa que a agência executiva. As agências executivas são
autarquias ou fundações que receberam denominação, são entidades preexistentes que recebem a qualifi-
cação de agência executiva. Prevista na Constituição Federal, no art. 37, § 8o, Agência Executiva é apenas
um título dado pelo governo federal para uma autarquia, fundação pública ou órgão que celebre contrato
de desempenho, buscando a ampliação de autonomia e fixando metas de desempenho. A previsão das
agências executivas está na Lei n o 9.649/1998 (art. 51 e 52), na Lei 13.934/2019 (que regulamenta o con-
trato de desempenho) e na Lei 12.715/2012 (o artigo 73 outorgou benefícios para agências executivas,
trazendo um percentual maior para dispensa de licitação). O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
Normatização e Qualidade Industrial) realizou contratou de gestão com o governo federal e tornou-se Agên-
cia Executiva através do Decreto 23, em 1998.
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jurídica de direito privado). Trata-se da afetação de um acervo patrimonial do Estado a determinada finali-
dade pública. No Decreto-Lei 200/1967, artigo 5º, inciso IV, o conceito da Fundação Pública apresenta-se
como: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou
entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos ór-
gãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.
Para o doutrinador José dos Santos Carvalho Filho, a fundação pública de direito privado “se carac-
teriza pela circunstância de ser atribuída personalidade jurídica a um patrimônio preordenado a certo fim
social. Trata-se de uma das categorias das pessoas jurídicas de direito privado, estando reguladas nos arts.
62 e 69 do Código Civil”.12 Segundo o mesmo doutrinador, são características básicas da fundação: a figura
do instituidor; o fim social da entidade; ausência de fins lucrativos.
Veja que a fundação é uma inspiração para dotação de bens a um objetivo social, isto é, não em
caráter econômico, visando lucros, ou empresarial. A entidade administrativa instituída como fundação deve
beneficiar pessoas de forma desinteressada, ou seja, sem fins lucrativos.
Tem como características:
• Dotação patrimonial inteiramente do Poder Público ou semipública;
• Personalidade jurídica própria, pública ou privada;
• Desempenho de atividade atribuída ao Estado no âmbito social: saúde, educação, cultura, meio
ambiente, assistência, com o fim de beneficiar terceiros estranhos à entidade;
• Capacidade de autoadministração;
• Controle administrativo ou tutela.
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. ed. São Paulo: Atlas-Gen, 2019, p. 562.
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Criação e extinção Criada e extinta por lei específica. Lei autoriza a criação, mas o
Poder Executivo deve
providenciar a sua criação no
registro público (art. 45 do CC
e art. 5º, § 3º, do Decreto-lei no
200/1967).
Responsabilidade Direta e objetiva (art. 37, § 6º, da CF/1988) quando prestadora de serviço público.
civil
Imunidade Gozam de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a, e § 2º, da CF/1988).
tributária
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economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, inclusive suas subsidiárias, entretanto, algumas
características são aplicadas a elas, por serem estatais da Administração Pública Indireta:
Criação e extinção A lei autoriza a criação, mas ela, por si só, não é suficiente para o
nascimento da entidade, o Estado deverá providenciar a elaboração do ato
que traduza seu estatuto ou do ato constitutivo, para a inscrição no registro
próprio. A autorização será necessária para serem extintas. Essa regra
para criação se aplica também às subsidiárias, entretanto, não é
necessária autorização legislativa para a venda das subsidiárias e
controladas, nem de licitação, exceto para a matriz (STF, ADI no 5.624).
Objeto Havia discussões, pois o Decreto-lei nº 200/1967 traz que essas entidades
se destinam à exploração de atividade econômica (art. 5o, II e III), mas a
Constituição, em seu art. 173, § 1º, alude também a prestação de serviços;
assim, pacificou-se o entendimento das duas possibilidades pela doutrina.
Patrimônio Se prestam serviço público, os bens são privados, mas com algumas
prerrogativas de públicos. Agora, se exploram atividade econômica, os
bens são privados, sem prerrogativas.
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Imunidade tributária Se presta serviço público, possui imunidade sobre os bens, rendas e
serviços necessários ao serviço público, conforme o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça. Mas se explora atividade econômica, aí não
possui imunidade.
13 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 388.
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b) O dobro do limite para contratação direta por dispensa de licitação em razão do valor
(art. 24, I e II, Lei 8.666/93 e art. 75, §2º, da Lei 14.133/21);
c) Poder de dispensar licitação na celebração de contrato com ente da federação ou
com entidade da Administração Indireta, para prestação de serviços públicos de forma as-
sociadas (art. 24, inciso XXVI, Lei 8.666/93 e art. 75, XI, da Lei 14.133/21);
d) Possibilidade de ser contratado pela Administração Direta ou Indireta dos entes da
Federação consorciados, com dispensa de licitação (art. 2º, § 1º, inciso III).
Consórcio público de direito público – associação pública, espécie de autarquia, pertence à
administração indireta dos entes consorciados. Tem natureza de autarquia.
Consórcio público de direito privado – não faz parte da administração indireta.
Os consórcios sofrem controle pelo Tribunal de Contas (art. 9o, par. ún., da Lei no 11.107/2005) e,
também, pelos entes federativos do qual façam parte da Administração Indireta deles.
As associações públicas são constituídas na forma de autarquias interfederativas, pois enquadram-
se no gênero autarquia e regem-se, por consequência, pelo direito público e não pelo Código Civil. Já os
consórcios públicos de direito privado são criados mediante autorização legislativa, para a gestão associada
de serviço público.
O art. 3o da Lei no 11.107/2005 traz que o consórcio é constituído por contrato, mas, na verdade,
várias fases são necessárias até sua constituição:
a) subscrição de protocolo de intenções (art. 3o);
b) publicação do protocolo de intenções na imprensa oficial (art. 4o, § 5o);
c) lei promulgada por cada um dos entes participantes, ratificando, total ou parcialmente,
o protocolo de intenções (art. 5o);
d) celebração do contrato (art. 3o);
e) atendimento das disposições da legislação civil, quando se tratar de consórcio com
personalidade de direito privado (art. 6o, II).
No caso da associação pública, os chefes do executivo assinarão o protocolo de intenções, que
será submetido a ratificação por lei. A partir da ratificação da lei cria-se uma entidade com personalidade
jurídica. Ex.: consórcio intermunicipal de saúde e saneamento básico.
De acordo com as alterações trazidas pela Lei no 13.822/2019, os agentes públicos dos consórcios,
seja de direito público ou de direito privado, serão celetistas, ou seja, empregados públicos.
A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados
em cujos territórios estejam situados os municípios consorciados!
Para que os entes consorciados possam transferir recursos ao consórcio público, deverão realizar
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
São criados e extintos por lei. Art. 61, § 1º, II, e, e 84, VI, a, da
Órgãos públicos
CF/1988
Entidade administrativa da
Agência executiva Art. 37, § 8º, da CF/1988 e arts. 51
Administração indireta
e 52 da Lei nº 9.649/1998
2.7. Paraestatais
São definidas como paraestatais, além dos serviços sociais autônomos (inicialmente abordado por
Hely Lopes Meirelles), as Entidades de Apoio; as chamadas Organizações Sociais, as Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público e as Organizações da Sociedade Civil também são entidades paraes-
tatais. Suas principais características e observações são:
*Para todos verem: tabela.
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Direito Administrativo
SSA (Serviços Lei específica para Lei específica para Entidade como:
Sociais cada entidade. cada entidade. Sesi, Senai, Senac,
Autônomos) Sesc, etc.
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Estado. Leituras obrigatórias da Lei 9.790/99: art. 1º (ato vinculado para qualificação); art.
2º (não pode ser OSCIP); art. 3º (finalidades); art. 5º (habilitação no Ministério da Justiça).
• Organizações da sociedade civil (OSC): pessoas jurídicas de direito privado; Sem fins
lucrativos; Podem buscar parceria com o Estado a partir do termo de colaboração, termo
de fomento ou acordo de cooperação. Leituras obrigatórias da Lei 13.019/2014: art. 2º
(definições); art. 39 (impedimento para celebração de parceria).
• Serviços sociais autônomos (sistema S): também não integram a administração direta
ou indireta; Submetem-se ao princípio licitatório; Seleção de pessoal: precedida de
processo seletivo simplificado, não concurso público (CLT); Não se sujeitam a lei de
recuperação de empresa ou falência (acórdão do TCU 3.554/14); Sofrem controle do TCU;
Podem ser subsidiadas diretamente por recursos orçamentários da entidade que criou ou
podem ter autorização legal para arrecadarem contribuições parafiscais (contribuições
sociais de natureza tributária) – Art. 240, da CF; As ações devem ser ajuizadas na justiça
estadual (súmula nº 516, STF). Possuem lei específica para cada pessoa jurídica criada.
Exemplos: Decreto-lei n. 4.048/42 – Senai; Decreto-lei n. 8.621/46 – Senac; Decreto-lei
n. 9.403/46 – Sesi; Decreto-lei n. 9.853/46 – Sesc.
• Entidades de apoio: a principal Lei é a 8.958/94. São pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, sob forma de fundação para prestação de serviços sociais
não exclusivos do Estado, mantendo vínculo jurídico com entidades da Administração
Direta e Indireta, em regra, através de convênio. São instituídas com a finalidade de apoiar
projetos de ensino, pesquisa, extensão de o desenvolvimento institucional, científico e
tecnológico e estímulo à inovação, de interesse das instituições federais de ensino
superior e das demais instituições científicas e tecnológicas. Características: Sofrem
controle do TCU e da entidade; Procedimento licitatório simplificado; Devem respeitar os
princípios inerentes às licitações; Forma vínculo por meio de Convênio, através de Termo
de Colaboração; Podem ser contratadas por dispensa de licitação pelas instituições
federal de ensino superior e pesquisa científica e tecnológica. Exemplo: FIPE.
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Princípio da Supremacia
do Interesse Público
Pública
Princípio da
Indisponibilidade do
Interesse Público
Princípio da Legalidade
Princípios Básicos : Art. 37, caput, CF
Princípio da
Impessoalidade
Princípio da Moralidade
Princípio da Publicidade
Princípio da Eficiência
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Direito Administrativo
necessidades de uma maioria frente aos interesses de cunho individual, diluídos ou não em uma
determinada sociedade”.14
Assim, o interesse coletivo, público, sobrepõe-se a interesses meramente individuais, possuindo a
Administração interesses especiais em relação aos particulares. Decorre da noção de supremacia do inte-
resse público a existência legítima de instrumentos e institutos administrativos como o Poder de Polícia, a
desapropriação, intervenção, encampação, edição de medidas restritivas a direitos, entre outros. Norteia,
portanto, toda a lógica administrativa.
Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: Também implícito no ordena-
mento jurídico, indica o princípio da supremacia do Interesse Público, que não cabe aos agentes
públicos dispor desse interesse em nome de interesses particulares, uma vez que a atuação da
Administração deve ser guiada com base na lei e não em interesses próprios dos agentes. Em
razão de sua natureza de interesses próprios da coletividade, não é possível que órgãos admi-
nistrativos que representam esses interesses possam dispor deles,15 motivo pelo qual os poderes
da Administração Pública possuem como característica ser “poderes-deveres”, a respeito dos
quais a Administração, sob pena de responder por sua omissão, não pode deixar de exercê-
los.16 É vedada, assim, a renúncia aos poderes legalmente conferidos aos agentes públicos.
Princípio da Legalidade: Indica que a vontade da Administração será aquilo que a lei
determinar. Ou seja, os agentes públicos devem, no cumprimento de seus deveres, observar a
lei, não podendo agir senão em virtude da lei. A Administração Pública, portanto, só pode atuar
(criando obrigações, definindo impostos, realizando pagamentos...) quando existe lei que permita
sua atuação. Em resumo, só pode fazer aquilo que a lei determine ou autorize.
Princípio da Impessoalidade: Também expresso no art. 37, caput, da CF/1988, o prin-
cípio da impessoalidade apresenta-se a partir de duas perspectivas: configura-se como a finali-
dade de toda atuação administrativa e garante a vedação de obtenção de benefícios ou promo-
ção pessoal aos agentes públicos.
Como finalidade da atuação administrativa, não permite a criação de benefícios ou prejuízos para
pessoas determinadas, devendo a atuação administrativa visar o interesse público. A vedação de obtenção
de benefícios preceitua que todo ato é da Administração Pública, e por tal razão é vedada a utilização de
14 MEIRELES, Ivson Antonio de Souza. Poder Judiciário e Administração Pública: Reconstrução de parâmetros para a concretização dos direitos
fundamentais por meio de políticas públicas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017. p. 97.
15 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 35. ed. São Paulo: Malheiros, 2021.
16 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022
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nomes, símbolos, imagens ou cores que afastem a característica de impessoalidade que deve reger a atu-
ação pública.
Princípio da Moralidade: O princípio da moralidade sustenta a busca por uma boa ad-
ministração, devendo ser observado de forma obrigatória, preceituando, nas palavras de
Saddy,17 que, “ao realizar atividade discricional ou apreciativa, além de observar a norma jurídica,
o administrador não pode se distanciar de valores éticos não protegidos diretamente pela norma
jurídica, mas suscetíveis de proteção porque são subjacentes em determinada sociedade”.
Relaciona-se com: ética, boa-fé e probidade, licitude e honestidade. Exemplos são as Leis no
8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa) e no 14.230/2021 (alteração). Ato contrário a moral é nulo,
não apenas inconveniente ou inoportuno.
Princípio da Publicidade: Do princípio da publicidade é possível extrair duas perspec-
tivas: de exigência de publicações no Diário Oficial e de transparência da atuação administrativa.
O princípio da publicidade relaciona-se, assim, com a noção de visibilidade, transparência, das
opções eleitas pelos agentes públicos, com a prestação de informações por parte da Administração Pública,
que permitam o seu controle. 18 Ex.: incisos XIV, XXXIII e LX do art. 5 o da CF/1988, a Lei no 12.527/2011
(Lei de Acesso à informação – LAI), remédios constitucionais como o Habeas Data, a possibilidade de sigilo.
Não é absoluto, podendo ser flexibilizado diante da segurança nacional, intimidade e privacidade, por exem-
plo.
Princípio da Eficiência: Também disposto no art. 37, caput, da CF/1988, fundamenta a
noção de boa prestação de serviços, de forma mais simples, menos custosa (econômica), rápida,
buscando a concretização do interesse público da melhor maneira. Lembre-se: Não é absoluto,
pois não tem força para afastar outros princípios que regem a administração pública, como o da
legalidade (pular etapas definidas em lei) e da publicidade (não realizar publicações para diminuir
custos e tempo).
Ex.: avaliações periódicas de desempenho do servidor (art. 41, § 1o, da CF/1988).
Constituição Federal
17 SADDY, André. Limites à tomada de decisão e controle judicial da Administração Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018. p. 121.
18 SADDY, André. Limites à tomada de decisão e controle judicial da Administração Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
24
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Art. 5o (...)
(...)
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; [Lei
no 9.784/1999 – Processo Administrativo Federal]
Lei no 8.987/1995
Art. 6o (...)
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, efici-
ência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das
tarifas.
(...)
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação
de emergência ou após prévio aviso, quando:
I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II – por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
§ 4o A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3o deste artigo não
poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia an-
terior a feriado. (Incluído pela Lei no 14.015/2020)
Atenção!
O Superior Tribunal de Justiça proíbe a interrupção de serviço essencial:
19 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
20 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
21 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 34. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2021. p. 123.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
de que uma nova interpretação não altere prerrogativas já asseguradas em um ato realizado
dentro da legalidade e boa-fé.
Princípio da máxima objetividade: Visa à definição de critérios objetivos para a atua-
ção administrativa, mesmo quando envolvidos atos discricionários, a fim de evitar mudanças
constantes em critérios definidores dessas escolhas públicas.
Princípio monocrático e da atuação colegial: Enquanto o princípio monocrático limita
a discricionariedade decisional em decisões não aplicadas por agentes competentes, ao referir
a concentração de responsabilidade em um agente estatal, o princípio da atuação colegial in-
forma a prevalência da decisão de maiorias, da composição de vontade de diferentes agentes
quando não respeitadas regras de competência, consenso ou maioria.22
Princípio do planejamento: Busca identificar os objetivos e metas prioritários e definir
modos operacionais que garantam, no tempo adequado, a estrutura e os recursos necessários
para a execução de ações considerando o interesse público.
Princípios da precaução e prevenção: O princípio da precaução respalda-se na ado-
ção de medidas quando não existentes dados concretos e científicos sobre as consequências
de uma ação específica, permitindo uma apreciação política dos níveis de proteção almejados;
enquanto o princípio da prevenção informa sobre a tomada de medidas necessárias para preve-
nir prejuízos decorrentes de uma ação ou mesmo minimizar os efeitos desta.23 À medida que, no
primeiro, se desconhecem os eventuais riscos da decisão administrativo, no segundo, os riscos
são conhecidos e se visa sua redução.
22 SADDY, André. Limites à tomada de decisão e controle judicial da Administração Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
23 SADDY, André. Limites à tomada de decisão e controle judicial da Administração Pública. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Hierárquico
Vinculado Discricionário
Administração
Pública
Polícia Regulamentar
Disciplinar
24 MAFINNI, Rafael. Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
28
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Administração Pública, há um espaço de escolha do poder público. A lei (legalidade) funciona como uma
moldura, dentro da qual há espaço para que os agentes públicos decidam.
Exemplo do poder discricionário da Administração Pública: art. 36 da Lei n o 8.112/1990, que trata
do regime jurídico dos servidores públicos federais, que, em seu inciso II, disciplina a remoção de servidor
a pedido dele próprio, ficando a critério da Administração Pública decidir sobre.
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
29
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
26 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
27 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
30
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
28 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
29 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
31
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
5. Agentes Públicos
5.1. Conceito
Diferentes são as classificações doutrinárias sobre o conceito de agente público, caracterizando-se,
de forma ampla, como todo aquele particular que desempenha alguma atividade estatal e possui um vínculo
jurídico (estável ou não, a depender do caso, como será analisado) com a Administração Pública.
Quatro categorias de agentes públicos desdobram-se das classificações constitucionais e legais, sendo
elas:
• agentes políticos
• agentes militares
• particulares em colaboração
• agentes administrativos
*Para todos verem: esquema.
Mandato eletivo +
Agentes secretários/
políticos ministros + alto escalão PJ.
MP.
Prazo concurso:
Empregados até 2 anos,
públicos (celetistas) Não é possível
Emprego prorrogáveis por
- Lei nº 9962 + CLT adquir
Público igual período
estabilidade
32
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
30 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
33
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), motivo pelo qual são, portanto, identificados como
empregados públicos, ocupando empregos públicos.
Apenas os servidores ocupantes de cargo efetivo podem adquirir estabilidade. Ocupantes de cargo
em comissão – ainda que sejam servidores – não adquirem estabilidade em nenhuma hipótese. Os empre-
gados públicos também não a adquirem, possuindo apenas garantias contratuais.
*Para todos verem: esquema.
Há uma exceção no que se refere à regra de divisão em razão da natureza de direitos público ou
privado: a Lei no 11.107/2005 define, em seu art. 6o, § 2o, que em relação aos Consórcios Públicos,
mesmo quando tiverem personalidade jurídica de direito público (associações públicas), o regime jurí-
dico é o da CLT.
34
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Efetivo Cargo
Cargo em Comissão
Público
Função de confiança
Chefia, direção e
assessoramento
Atenção!
Para além das hipóteses previstas no art. 37, XVI, da CF/1988, é possível a cumulação
do mandato de vereador, com outro cargo, emprego ou função pública, desde que existente
compatibilidade de horários, como indica o art. 38, III, da CF/1988: “III – investido no mandato de
35
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Súm. no 266 do STJ: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser
exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.
Súm. no 686 do STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.
36
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
aprovados em concurso com prazo não expirado. Em se tratando de agentes públicos não submetidos
a essa lei (os agentes militares, p. ex.), válido é o dispositivo constitucional, cabendo a abertura de novo
concurso.
Importante o destaque a outros artigos aplicáveis aos concursos públicos: o art. 5 o, § 2o, da Lei no
8.112/1990 e a Lei no 12.990/2014 dispõem sobre as reservas de vagas em concursos públicos, discipli-
nando as porcentagens de vagas destinadas a pessoas com deficiência (até 20%), em atribuições compa-
tíveis, e a pessoas negras (20%).
Súm. no 377 do STJ: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em con-
curso público, às vagas reservadas aos deficientes. -> regulamentado também pela Lei n.º
14.126/2021.
Súm. no 552 do STJ: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com
deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
5.2.2. Formas
São formas de provimento: nomeação, readaptação, reversão, reintegração, recondução, promo-
ção, aproveitamento.
Obs.: Ascenção e transferência não existem mais.
Súm. Vinc. no 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie
ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu pro-
vimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
5.2.2.1. Nomeação
A nomeação é a forma originária de provimento, podendo ser em comissão (cargo em comissão)
ou em caráter efetivo (com aprovação em concurso público).
A Súm. no 15 do STF garante a nomeação quando não observada a classificação no concurso
público: “Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito à nomeação, quando
o cargo for preenchido sem observância da classificação”.
Tese de repercussão geral do Supremo Tribunal Federal – dentro do número de vagas, há direito
subjetivo à nomeação.
31 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Outra forma de perda do cargo de servidor estável está indicada no § 4o do art. 169 da CF/1988,
que, por força da Lei Complementar n o 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), disciplina a perda do
cargo por despesa de pessoal acima dos limites legais, atingindo também os servidores estáveis, se ne-
cessário.
Vacância do cargo: “O fato administrativo-funcional que indica que determinado cargo
público não está provido, ou, em outras palavras, está sem titular” 32 decorrerá de exoneração,
demissão, readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo inacumulável ou falecimento.
Exoneração: A exoneração, disciplinada nos arts. 34 e 35 da Lei n o 8.112/1990, pode
ocorrer a pedido do servidor ou de ofício. De ofício: em decorrência da não satisfação das con-
dições do estágio probatório ou quando, já tomada a posse, não é iniciado o exercício por parte
do servidor.
Atenção: Exoneração e demissão são diferentes, uma vez que a demissão é penalidade
e a exoneração não.
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. ed. São Paulo: Atlas-Gen, 2019. p. 671.
39
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Atenção!
Lei no 8.112/1990
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70 (setenta) anos
de idade.
Súm. no 39 do STF: À falta de lei, funcionário em disponibilidade não pode exigir, judici-
almente, o seu aproveitamento, que fica subordinado ao critério de conveniência da ad-
ministração.
5.2.2.7. Promoção
É o progresso do servidor, dentro da mesma carreira. Só poderá ocorrer em cargos com plano de
carreira, apresentando o art. 39, § 2o da CF/1988 como requisito para promoção a participação em cursos
de formação e aperfeiçoamento. Os critérios para a promoção são merecimento e antiguidade.
40
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
do servidor, no mesmo quadro, de ofício ou a pedido do próprio servidor, como dispõe o art. 36 da Lei n o
8.112/1990. Entre as três modalidades de remoção, a disposta no inciso III trata de ato vinculado, existindo
obrigatoriedade na realização do deslocamento do servidor, enquanto as modalidades dispostas nos incisos
I e II permitem que a Administração Pública analise se há conveniência e oportunidade para o desloca-
mento, sendo, portanto, discricionário.
41
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
O teto é válido: (1) a agentes sob regime remuneratório ou subsídio; (2) a servidores da Adminis-
tração direta, autárquica e fundacional; (3) a agentes públicos vinculados às sociedades de economia mista
e empresas públicas que recebam recursos da Fazenda Pública (art. 37, § 9o, da CF/1988); (4) a parla-
mentares de estados e municípios (leitura conjunta dos arts. 27, § 2o, e 29, VI, da CF/1988); (5) a proventos
dos aposentados e pensões dos dependentes do servidor falecido.
Atenção!
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade no 3854 (rel. Min. Gilmar Mendes – Plenário – j.
7-12-2020), foi dada interpretação conforme ao art. 37, XI, da CF/1988, sendo considerado que
os magistrados estaduais se limitam ao teto dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e não
90,25% do teto, como indicado no artigo.
A tese firmada no RE no 663696 (rel. Min. Luiz Fux – Plenário – j. 28-2-2019) foi no
sentido de que a expressão procuradores se refere também aos procuradores municipais e, as-
sim, os procuradores do Município submetem-se ao teto remuneratório dos Ministros do STF e
não ao subteto do prefeito.
Súm. Vinc. no 37 do STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.
Súm. Vinc. no 15 do STF: O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor pú-
blico não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.
Súm. Vinc. no 42 do STF: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de
servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.
Súm. Vinc. no 16 do STF: Os artigos 7o, IV, e 39, § 3o (redação da EC 19/98), da Consti-
tuição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
TETO – MINISTROS DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Outros dispositivos importantes: arts. 37, XII, XIII, XIV, XV e 169 da CF/1988.
O teto remuneratório, por entendimento do Supremo Tribunal Federal, vale para cada cargo de
42
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
forma isolada e não em relação ao montante final das duas remunerações. É válido também para agentes
públicos vinculados a sociedades de economia mista e empresas públicas que recebam recursos da Fa-
zenda Pública.
5.5. Penalidades
Os agentes administrativos, em razão do conjunto de atribuições e responsabilidades que pos-
suem, estão sujeitos, pelo Poder Disciplinar, a sofrer a aplicação de penalidades disciplinares quando co-
metidos ilícitos administrativos, que serão apurados por meio de sindicância ou processo administrativo
disciplinar. Estão elencadas no art. 127 da Lei n o 8.112/1990 e podem ser: I – advertência; II – suspensão;
III – demissão; IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V – destituição de cargo em comissão;
VI – destituição de função comissionada.
O cancelamento dos registros das penalidades ocorrerá em 3 (três) anos, quando se tratar de
advertência, e em 5 (cinco) anos, quando for o caso de suspensão, desde que o servidor não tenha prati-
cado outras infrações neste período, como disciplina o art. 131 da Lei n o 8.112/1990.
O art. 141 da Lei indica as competências específicas para a aplicação das penalidades
determinadas.
Prescrição das penalidades impostas:
Lei no 8.112/1990
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II – em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III – em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
Súm. no 635 do STJ: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990
iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento ad-
ministrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração
válido – sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar – e voltam a fluir por inteiro,
após decorridos 140 dias desde a interrupção.
5.6. Demissão
A demissão configura-se como um ato administrativo que finaliza o vínculo do agente público com
a Administração Pública em razão da prática de uma infração funcional de natureza grave, ou seja, trata -
se de um ato com caráter punitivo.
As condutas que acarretam a demissão do servidor, como penalidades a ele impostas, estão disci-
plinadas no art. 132 da Lei no 8.112/1990. São três as modalidades de penalidades, havendo penalidades
leves, que não acarretam a impossibilidade de retorno ao serviço público; moderadas, que impedem o
provimento em cargo público pelo período de 5 (cinco) anos; e aquelas gravosas, que impedem em
43
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
definitivo novo provimento, como indica o art. 137, e seu parágrafo único, da Lei n o 8.112/1990.
O Supremo Tribunal Federal, na ADI n o 2975, pronunciou-se sobre a vedação de retorno ao serviço
público disciplinada no parágrafo único do art. 137 da Lei no 8.112/1990, entendendo que há uma inconsti-
tucionalidade material em razão da proibição de penas perpétuas no Brasil. Assim, o dispositivo não é
válido.
Não há discricionariedade na atuação da autoridade que tiver ciência de alguma irregularidade em
relação à apuração ou não das condutas, devendo esta promover sua apuração imediata, consoante o art.
143 da Lei no 8.112/1990 – o que é reforçado também pela Súm. n o 650 do STJ.
Outro ponto importante sobre a apuração de eventuais irregularidades refere-se às denúncias re-
portadas à autoridade, disciplinando o art. 144 da mesma lei que devem ser devidamente identificadas.
Contudo, a Súm. no 611 do STJ firmou entendimento no sentido de que, quando devidamente motivadas e
com amparo em investigação ou sindicância, há a possibilidade de que haja denúncia anônima e dessa
decorra um processo administrativo disciplinar.
Lei no 8.112/1990
Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
I – arquivamento do processo;
II – aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias;
III – instauração de processo disciplinar.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, po-
dendo ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior.
Pode haver Processo Administrativo Disciplinar (PAD) sem sindicância prévia? Sim. A sindicância
não é um requisito obrigatório para a instauração de um processo administrativo disciplinar.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido”, e será con-
duzido por uma comissão composta de três servidores estáveis, designados pela autoridade competente,
que indicará, entre eles, o seu presidente.
O PAD possui três fases: Instauração (arts. 149 e 150); Inquérito (arts. 153 a 166); e Julgamento
(arts. 167 a 171).
Como preceitua o art. 152 da Lei n o 8.112/1990, o prazo para a conclusão do processo administra-
tivo disciplinar não poderá exceder 60 (sessenta) dias, contados da publicação do ato que constitui a co-
missão, podendo ser prorrogável por igual prazo quando existentes razões para tanto.
45
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
A aposentadoria dos professores possui critério de idade próprio, dispondo a Súm. no 726 do
STF que: “Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço
prestado fora da sala de aula”. Contudo, tese de repercussão geral do Supremo Tribunal Federal firmou
entendimento de que os tempos de serviço em direção e coordenação pedagógica serão computados.
6. Improbidade Administrativa
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer
esta circunstância, perda da
função pública, suspensão
Ação ou omissão que enseje efetiva e dos direitos políticos até 12
Art. 10 – Causam comprovadamente perda patrimonial, (doze) anos, pagamento de
prejuízo ao erário. desvio, apropriação, malbaratamento multa civil equivalente ao
ou dilapidação. valor do dano e proibição
de contratar com o poder
público ou de receber
benefícios ou incentivos
Pagamento de multa civil de até 24 (vinte fiscais ou creditícios, direta
e quatro) vezes o valor da remuneração ou indiretamente, ainda que
Art. 11 – Atos percebida pelo agente e proibição de por intermédio de pessoa
que atentem contratar com o poder público ou de jurídica da qual seja sócio
contra princípios receber benefícios ou incentivos fiscais ou majoritário, pelo prazo não
da administração creditícios, direta ou indiretamente, ainda superior a 12 (doze) anos.
pública. que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 4 (quatro) anos.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Outra atenção que devemos ter é que, segundo a redação do legislador, a partir das mudanças
ocorridas com a Lei 14.230/2021, o Ministério Público seria o único responsável pelo ajuizamento da ação
(art. 17), todavia, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em Ação Direito de Inconstitucionalidade, que é
inconstitucional a exclusividade do Ministério Público para propor ações de improbidade administrativa (ADI
no 7043), podendo também a pessoa jurídica prejudicada demandar. Assim, tanto o Ministério Público,
quanto a pessoa jurídica prejudicada (nos moldes do artigo 1º, da LIA) podem ajuizar a ação de impro-
bidade administrativa.
49
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
A propositura da ação a que se refere o caput do art. 17 da LIA prevenirá a competência do juízo
para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
A competência é do local do fato ou do local da pessoa jurídica prejudicada (art. 17, §4-A). Se a inicial
preencher os requisitos estabelecidos na lei de improbidade (a qual segue o procedimento comum do CPC
com as adaptações elencadas na LIA), o juiz mandará notificar o requerido para oferecer contestação no
prazo de 30 dias. Cabe no processo de improbidade administrativa pedido de tutela provisória, nos moldes
do Código de Processo Civil.
É nula a decisão de mérito, total ou parcial, da ação de improbidade que (art. 17, § 10-F):
• condenar por tipo diverso daquele definido na petição inicial.
• condenar sem produção das provas por ele tempestivamente especificadas.
Cuidado!
Em que pese seja aplicado o procedimento comum do Código de Processo Civil, há regras do deste
Código que não são aplicadas na ação de improbidade por vedação expressa no art. 17, § 19:
Embora o Código de Processo Civil seja aplicada às ações de improbidade administrativa, algumas
adaptações e vedações devem ser seguidas, de acordo com a LIA.
50
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
90 dias, prorrogáveis uma única vez. Prazo diferente do estudado na Lei n o 8.112/1990.
Chamamos a atenção do estudante ao § 3o do art. 22, no mesmo sentido do estudado no tópico de
agentes públicos: a sentença absolutória especificamente por inexistência da conduta ou pela negativa da
autoria (art. 386, I e IV, do CPP) produz efeito na ação de improbidade, levando à improcedência da ação.
Veja que não é qualquer sentença penal que absolve o réu.
Ademais, as sanções aplicadas, pelos mesmos fatos, em outras esferas (como em ação pela lei
anticorrupção) deverão ser compensadas com as sanções previstas no art. 12 da Lei de Improbidade Ad-
ministrativa. Necessariamente, estamos aqui diante da observação do princípio constitucional do nom bis
in idem.
Improbidade administra- Previsão no art. 37, caput e § 4º, da CF/1988, bem como na Lei nº 8.429/1992 (chamada LIA).
tiva Não se confunde com crime de responsabilidade.
Agentes políticos podem ser responsabilizados pela LIA, como também pela lei de crimes de
responsabilidade, exceto o Presidente da República, que, de acordo com a jurisprudência,
não responde pela LIA.
Responsabilidade em três Uma conduta ilícita praticada pelo agente público pode levar à responsabilização em três es-
esferas feras diferentes: civil, administrativa e penal. Embora as sanções em outras ações possam
ser compensadas com as sanções da LIA.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Regras do CPC que não • A presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia.
• A imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ 1º e 2º do art. 373 do CPC.
podem ser aplicadas na
• O ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo
ação de improbidade fato, competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atri-
buições entre membros de Ministérios Públicos distintos.
• O reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolu-
ção de mérito.
Solução consensual • Interrompe em 90 dias o prazo da contestação.
• Desde que haja integral ressarcimento do dano e à pessoa jurídica lesada da van-
tagem indevida obtida, ainda que oriunda de agentes privados.
Prescrição Em oito anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações per-
manentes, do dia em que cessou a permanência. Bem como, quatro anos, no caso
de prescrição intercorrente.
7. Atos Administrativos
7.1.1. Competência
Trata-se de elemento vinculado e diretamente ligado à legalidade.
Delegação da competência: possível se não houver vedação legal. Não pode haver delegação
“total” das atribuições, sob pena de desvirtuamento da função administrativa atribuída ao órgão ou cargo.
Pode ser “vertical” (para subordinado) ou “horizontal’ (para órgão ou agente de mesma hierarquia).
É VEDADA A DELEGAÇÃO:
Matérias de
Decisão de
Atos normativos competência
recursos
exclusiva
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
7.1.2. Finalidade
Tratada como a razão genérica do ato, que, de forma mediata, em sentido amplo, será sempre o
interesse público. Trata-se de elemento sempre vinculado.
Vício: abuso na modalidade desvio de poder.
7.1.3. Forma
A forma ou elemento formal é o modo como a vontade do ato se exterioriza na realidade. Constitui
requisito vinculado e necessário para sua perfeição. Por outro lado, quando o erro na forma atinge a es-
sência do ato, torna-se imperiosa a sua anulação, uma vez que será vício insanável. Tem-se, assim, o
chamado princípio do formalismo moderado ou da “instrumentalidade das formas”, visto que a forma é
o meio e não um fim em si mesma.
Lei no 9.784/1999
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada se
não quando a lei expressamente a exigir.
7.1.4. Motivo
São os pressupostos no mundo dos fatos e do direito que fundamentam a prática do ato. Motivo é
o suporte fático abstrato (previsão na lei) e o suporte fático concreto (no mundo real), que determinam ou
autorizam que o ato seja praticado. É o elemento pelo qual identificamos o princípio da subsunção no direito
administrativo.
Será um elemento vinculado nas hipóteses em que a lei determina que, configurada certa
situação fática, deve o agente público praticar o ato.
Será um elemento discricionário nas hipóteses em que a lei autoriza que, configurada
certa situação fática, o agente público pratique o ato, segundo critérios de conveniência e opor-
tunidade.
Não confunda motivo com motivação!
55
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
exteriorização formal do elemento motivo, de modo que sua ausência, nesse caso, representa vício formal.
A motivação pode ocorrer no próprio corpo do ato, chamada de motivação contextual, ou pode se
reportar a outros documentos (como um parecer jurídico), chamada, nesse caso, de motivação aliunde
(§ 1o do art. 50 da Lei n o 9784/1999).
A motivação é imprescindível para o controle dos atos administrativos pelo interessado.
Teoria dos motivos determinantes: teoria preconizada por Gaston Jèze a partir da jurisprudência do
Conselho de Estado francês, que trata do controle do motivo do ato administrativo. Com base nessa teoria,
entende-se que os fundamentos fáticos e legais declarados pela administração como determinantes para a
prática do ato podem ser objeto de controle judicial ou pela própria administração. Ou seja, a motivação
deve ser verdadeira. Deve corresponder ao real motivo (fático e jurídico), e, mesmo quando não for obri-
gatória, caso seja realizada, a motivação expressa deve ser idônea. Se for falsa, o ato tem vício de legali-
dade.
7.1.5. Objeto
O objeto é o conteúdo material do ato, é o “ato em si”. Esse elemento está intimamente ligado ao
elemento motivo. Assim, quando o motivo for vinculado, caberá apenas um objeto a ser realizado, por de-
terminação legal. Quando houver discricionariedade, haverá liberdade de apreciação, dentro das margens
legais, a respeito da conveniência e oportunidade em torno do motivo, resultando a escolha pela prática do
ato a materialização do objeto, entre os possíveis em lei.
Portanto, os elementos motivo e objeto consistem, nos atos discricionários, no chamado
“mérito administrativo”, pois é neles que reside a discricionariedade dos atos discricionários.
Mérito Administrativo: Quando se fala em poderes da administração, vê-se que o poder discricionário
é aquela margem de liberdade, conferida pelo legislador, para que o agente público avalie a conveniência
e a oportunidade para a prática do ato, desde que preenchidos os requisitos e nos limites da lei. Ou seja, é
uma autorização para prática do ato.
Essa “margem de liberdade” é chamada de mérito administrativo, e só existe nos atos discricioná-
rios. Nos atos vinculados, nos quais não há essa liberdade, todos os elementos são vinculados. Nos
atos discricionários, contudo, apesar de os elementos competência, finalidade e forma serem vinculados,
os elementos motivo e objeto serão discricionários.
O controle de mérito, então, será o controle de conveniência e oportunidade do ato, e poderá
resultar (entendendo-se pela inconveniência ou inoportunidade) na revogação do ato.
Veja que não há vício nesse caso (o que ensejaria a anulação). Assim, só podem ser revogados
atos discricionários, porque apenas neles há o referido mérito administrativo.
56
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Por outro lado, o controle judicial do ato jamais poderá adentrar nesse mérito, para avaliar
conveniência e oportunidade. Um juiz não pode revogar um ato administrativo de outra autoridade, mas
apenas anulá-lo por vício de legalidade.
Em suma: existe controle judicial dos atos discricionários, mas apenas quanto aos critérios de legali-
dade.
Portanto, não esqueça!
O Poder Judiciário pode sempre controlar (anular) atos administrativos discricionários, quanto à aná-
lise dos seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma). Quanto ao mérito do ato (elementos
motivo e objeto), poderá realizar o controle de “razoabilidade e proporcionalidade”, aferindo se o exercício
de escolha pelo agente público (conveniência e oportunidade) se deu dentro dos limites legais.
Trata-se, portanto, de controle de legalidade do mérito.
7.2.2. Imperatividade
Trata-se da característica oriunda do aspecto imperativo dos atos administrativos, que se manifesta
na possibilidade de criar obrigações aos administrados unilateralmente, sem a prévia concordância
deles.
Decorre do jus imperii (poder de império) estatal ou poder extroverso. Não está presente em
todos os atos. Está presente apenas nos atos em que não há necessidade de anuência do administrado
para que sejam realizados (ex.: poder de polícia ou atos punitivos).
7.2.3. Autoexecutoriedade
Trata-se da característica que permite a administração colocar em prática (ou seja, executar), di-
retamente, inclusive mediante o uso da força, o ato administrativo, sem necessidade de autorização
judicial prévia. Não está presente em todos os atos, mas apenas nos casos de:
• previsão legal expressa;
• urgência.
7.2.4. Tipicidade
Trata-se de desdobramento do princípio da legalidade da administração pública.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Todo ato administrativo dever ter previsão legal, ou seja, deve ser um “ato típico”, fundamentado.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Atos negociais: mediante solicitação do particular. Obs.: Não são contratos. Podem ser:
• vinculados e definitivos (ex.: licença); ou
• discricionários e precários (ex.: autorizações).
Atos enunciativos: não contêm manifestação de vontade da administração. Podem ser
declaratórios (ex.: certidões e atestados) ou opinativos (ex.: pareceres).
Atos punitivos: imposição de sanções. Fundados no:
• poder disciplinar (servidores ou particulares com vínculo específico com a Administração);
ou
• poder de polícia (particulares em geral).
Súm. no 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.
59
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
8.1. Conceito
A Administração Pública tem o dever-poder de controle de seus atos, podendo exercer ela mesma
o controle (princípio da autotutela), chamado controle interno, quando exercido pelo próprio Poder que pra-
ticou o ato, assim como também está sujeita ao controle externo, quando um poder realiza controle do outro.
Esse controle não recai apenas sobre os órgãos do Poder Executivo, mas também a qualquer entidade
administrativa da administração indireta, qualquer órgão, de qualquer dos Poderes, da administração direta
no exercício da função administrativa.
O controle pode ser exercido de forma popular também, como traz a Constituição Federal, em seu
art. 37, § 3o:
Art. 37. (...)
(...)
§ 3o A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta
e indireta, regulando especialmente:
I – as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a
manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
interna, da qualidade dos serviços;
II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de go-
verno, observado o disposto no art. 5o, X e XXXIII;
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
O inciso II foi parcialmente disciplinado pela Lei n o 12.527/2011, regulamentada pelo Decreto n o
7.724/2012, chamada Lei de Acesso à Informação (LAI).
O controle da Administração Pública também é uma tarefa do Ministério Público (art. 129 da CF), e
a principal ferramenta de controle judicial do órgão é a Ação Civil Pública.
Quanto ao âmbito de atuação do controle de atos podemos vislumbrar duas formas: subordinação
e vinculação. O controle por subordinação ocorre dentro de uma mesma pessoa jurídica, realizado por
autoridade hierarquicamente superior, por exemplo, o secretário de educação efetua controle de ato do
diretor da escola pública, essa é uma espécie de controle interno. Já o controle por vinculação é externo,
pois se refere ao controle que exerce a administração direta sobre as entidades descentralizadas (autar-
quias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista), trata-se do controle finalístico.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
33 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022, p. 938.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
34 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022, p. 942.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Essa atribuição também cabe ao
Congresso Nacional, de acordo com o art. 49, V, da CF/1988, que trata da competência do Congresso:
“sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de dele-
gação legislativa”.
Sobre o Tribunal de Contas, ainda cumpre ressaltar o teor da Súm. Vinc. no 3 do STF: “Nos pro-
cessos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada
a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”.
O que é Instrumento jurídico de fiscalização sobre a atuação dos agentes, órgãos e entidades da
Administração Pública.
Pode ocorrer de ofício Pode ser político. Ex.: Somente se for provocado
ou mediante provoca- quando o Congresso susta quando se tratar de controle
ção. um ato normativo do Execu- externo.
Fundado no poder da tivo, por exorbitar o Poder
autotutela. Regulamentador.
Pode ser pela supervi- Pode ser financeiro.
são ministerial/secreta- Ex.: fiscalização contábil, fi-
rial. nanceira e orçamentária
exercida com auxílio do Tri-
bunal de Contas.
Momento de controle Prévio. Concomitante. Posterior.
Ex.: parecer da advoca- Ex.: fiscalização/auditoria de Ex.: julgamento de contas pelo
cia pública orientando obras em execução. Tribunal de Contas.
gestor.
Origem do controle ou a Interno: dentro do Externo: um Poder sobre o Popular (ou social): realizado
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Quanto ao aspecto Legalidade (ou legitimi- Mérito: praticado apenas pela Obs: O poder Judiciário pode
dade): realizado pela Administração, podendo re- revogar atos em razão do mé-
própria Administração, vogar atos por inconveniên- rito quando se tratar de seus
em razão do princípio cia e inoportunidade. próprios atos, no exercício da
da autotutela, ou pelo Ex.: revogação de férias de função atípica administrativa.
judiciário. servidor por situação de cala-
midade pública.
Mandado de segurança, habeas corpus, ação civil pública, ação popular,
Ações de controle
mandado de injunção, habeas data, ação de improbidade administrativa.
O Processo Administrativo Federal é disciplinado pela Lei n.º 9.784/99 e constitui-se como
uma série de atos em cadeia que tem como finalidade a “proteção dos direitos dos administrados
e ao melhor cumprimento dos fins da Administração”. É importante ressaltar que tal lei constitui-
se como a definição geral do processo administrativo, existindo diferentes regulamentações so-
bre cada procedimento em leis específicas, como é o caso do processo administrativo disciplinar
– regido pela lei nº 8.112/90.
De forma geral o processo administrativo federal, cujas normativas se utilizam também
subsidiariamente nos procedimentos específicos, constitui-se a partir da instauração, passando
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
pela fase d instrução, com uma decisão final, da qual cabe recurso, como ilustra o esquema a
seguir:
*Para todos verem: esquema.
Instauração
Instruçã
o
Decisão
Recurso
Princípios
O Processo Administrativo Federal é regido por uma série de princípios administrativos,
os quais são elencados já no início da Lei n.º 9.784, em seu artigo 2º. São eles:
• Legalidade
• Finalidade
• Motivação
• Razoabilidade
• Proporcionalidade
• Moralidade
• Ampla defesa
• Contraditório
• Segurança jurídica
• Interesse público
• Eficiência
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Instauração
A instauração do processo administrativo federal é marcada por seu início, podendo este
iniciar de ofício ou a pedido dos interessados (por meio de um requerimento).
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação
oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de
documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais
falhas.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam
ser afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses
coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses
difusos.
No tocante à competência, é importante lembrar que embora ela seja irrenunciável, cabe
delegação e avocação, devendo ser exercida pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria (art. 11). No caso de inexistência de competência legal específica, o processo
administrativo deve ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir no
caso concreto. Assim, poderá a competência ser delegada:
• em parte, quando for conveniente por razões técnicas, jurídicas, econômicas, sociais ou
territoriais;
• para órgãos ou titulares não subordinados hierarquicamente;
O mesmo se aplica à delegação dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.
• O ato de delegação e sua revogação devem ser publicados no meio oficial.
Impedimento e Suspeição
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem
efeito suspensivo.
Atos do processo
Em razão do Princípio do Informalismo, os atos do processo administrativo não dependem
de uma forma determinada – salva quando a lei expressamente a exigir – e devem ser produzidos
por escrito, “em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade
responsável” (art. 22, §§), realizados em dias úteis, no horario de funcionamento da repartição e
praticados no prazo de 5 dias – prazo que, mediante jusitifcação comprovada, pode ser dilatado
até o dobro –, salvo disposição específica. Ainda, dispõem os demais parágrafos do artigo 22
que:
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando
houver dúvida de autenticidade.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão
administrativo.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubricadas.
Instrução
Os elementos que a intimação deve conter estão elencados no artigo 26 da lei,
disciplinando esta, ainda, que o desatendimento da intimação não importa o reconhecimento
da verdade dos fatos, nem a renúncia a algum direito pelo administrado.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Art. 45. “Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente
adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado”.
Decisão
Deve a Administração Pública emitir, explicitamente, decisão nos processos
administrativos e sobre solicitações ou reclamações em matérias que forem de sua competência
e, quando conluída a instrução, terá prazo de até trinta dias para decidir – cabendo prorrogação
por igual período, que seja expressamente motivada. Quando exaurida a finalidade do processo
administrativo ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
superveniente, cabe ao órgão competente declarar extinto o processo.
71
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres,
laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
Desistência
Mediante uma manifestação escrita, aquele intressado que iniciou o processo
administrativo pode desistir total ou parcialmente daquele pedido, podendo, também, renunciar
a direitos disponíveis. Tal desistência ou renúncia atingirá apenas aquele que formulou a
manifestação.
O prosseguimento do processo não será prejudiciado, pois, pelo Princípio da Oficialidade,
cabe a administração movimentar o processo considerando o interesse público, se assim houver.
Recurso
Concluído o processo administrativo com a decisão, frente a razões de legalidade e de
mérito, cabe recurso administrativo, como disciplina o art. 56 da Lei n.º 9.875, o qual será dirigido
à autoridade que proferiu a decisão. Esta autoridade, se não reconsiderar a decisão no prazo de
cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. O prazop para interposição de recurso
administrativo será de 10 dias, contados a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida (art. 59). Interposto o recurso, deve o órgão competente intimar os demais interessados
para apresentarem alegações no prazo de 5 dias (art. 62).
O recurso tramitará, em, no máximo 3 instâncias (art. 57), sendo legitimados para
interpor o recurso:
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Dispositivos importantes:
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação
decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de
ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente;
III - por quem não seja legitimado;
IV - após exaurida a esfera administrativa.
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão
competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de
enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão
competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas
esferas cível, administrativa e penal.
35 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 319.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Administração Administração
Indireta Direta Paticulares
10.2. Competências
A Constituição Federal tratou de regular competências específicas para cada ente da federação e
não é diferente quando falamos de serviço público. Os arts. 21 e 22 tratam das competências – administra-
tivas e legislativas, respectivamente –, da União, enquanto o art. 23 trata das competências comuns (admi-
nistrativas) e o art. 24, das concorrentes (legislativas), à União, estados e Distrito Federal. O art. 25 define
as competências estatais; o art. 30, as municipais e, por fim, o art. 32, as distritais.
Competências de serviços públicos:
União: art. 21, X, XI, XII, da CF/1988.
Estados: art. 25, § 2o, da CF/1988.
Distrito Federal: art. 32, § 1o, da CF/1988.
Municípios: art. 30, V, VI, VII, da CF/1988.
74
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
36 MAFINNI, Rafael. Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
75
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
participação dos usuários como princípio não é pacífica na doutrina. Destaca Carvalho Filho 37 a proteção
constitucional destinada à participação do usuário e a necessidade de lei para regulamentar as reclamações
dos usuários, acesso a registros e informações, bem como o regime de representação contra atuações
abusivas dos agentes públicos. A Lei n o 13.460, editada em 2017, tratou dessa tarefa.
Princípio da mutabilidade do regime jurídico: Visando a estar sempre em consonância com o
interesse público, o princípio da mutabilidade do regime jurídico autoriza que ocorram mudanças no regime
de execução de serviços públicos, não havendo, assim, um direito adquirido à manutenção de um regime
jurídico específico quando envolvida a prestação de serviços públicos. 38
10.4.1. Destinatários
Gerais/coletivos/uti universi: Cobrados por impostos ou contribuições. São aqueles “in-
quantificáveis e que têm usuários inqualificáveis (...), aqueles em que não se pode mensurar a
quantidade de serviço prestado, bem como seu próprio usuário (ex.: segurança pública)”.39
Individuais/uti singuli: Cobrados por taxa, tarifa ou preço público. Ao contrário dos gerais,
são serviços públicos em que é possível identificar a utilização pelo usuário, como o serviço de
energia elétrica residencial, sendo possível a cobrança de um valor determinado pelo consumo.
10.4.2. Titularidade
A titularidade relaciona-se com a competência para a prestação. Assim, basta questionar: Quem
é o ente titular dessa prestação?
Podem ser: federais (União); estaduais (estados); distritais (Distrito Federal); municipais (mu-
nicípio); comuns (todos os entes podem ser titulares).
10.4.3. Objeto
Administrativos: atividades que atendam a necessidades internas. São aqueles executa-
dos pela Administração Pública para o atendimento de necessidades internas desta, ou, ainda,
37 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
38 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 35. ed. rev. atual e apl. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
39 MAFINNI, Rafael. Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
76
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
que se refiram à preparação de outros serviços prestados ao público, como o de imprensa ofi-
cial.40
Industriais/comerciais: dão lucro/renda. Podem ser delegados a particulares.
Sociais: visam atender a prestação de direitos fundamentais sociais. Podem ser delega-
dos a particulares. São aqueles que o Estado, diretamente ou por delegação, executa para aten-
der a demandas básicas e relevantes, bem como serviços assistenciais, tendo por finalidade a
concretização de direitos fundamentais sociais previstos constitucionalmente.
10.4.4. Essencialidade
Essenciais: indispensáveis à necessidade pública. Execução privativa da Administração
Pública (exceção: art. 30, V, da CF/1988). Os serviços essenciais caracterizam-se como aqueles
que atendem a interesses essenciais e possuem como sujeitos da prestação apenas as entida-
des públicas. Prestados, portanto, exclusivamente pelo Estado.
Exceção: art. 30, V, da CF/1988 – possibilidade de concessão ou permissão para execução do
serviço público de transporte coletivo nos municípios.
Não essenciais: de utilidade pública. Podem ser prestados por particulares (ex.: serviço
funerário). Atendem a interesses não essenciais da coletividade, mas possuem utilidade pública,
podendo ser prestados pelo Estado ou por entidades de direito privado.
10.4.6. Criação
Opção legislativa: serviços públicos elencados pelo Legislador, ou seja, descritos em lei
ou na Constituição Federal.
Inerente: aqueles serviços que, mesmo sem estar expressos em lei, são serviços
40 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2003.
77
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
públicos por suas características, ainda que não estejam assim identificados.
Comum Especial
Lei n.º 8.987 Lei n.º 11.079
Parceria Público
Apenas tarifa do Privada
usuário
Administrativa Patrocinada
Contraprestação
Contraprestação pública + tarifa
apenas usuário
pública
Por contrato +
Permissão exigência de Lei n.º 8.987/1995
licitação
Por ato
administrativo
Autorização Art. 21, XI e XII/CF
sem exigência de
licitação
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
79
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
10.5.3. Permissão
Em sua origem, a permissão constitui-se como uma forma de delegação efetivada por ato adminis-
trativo unilateral, precário e passível de revogação unilateral, atribuindo-se ao instituto, posteriormente, so-
bretudo com a Lei no 8.987/1995, um caráter contratual.41
Os arts. 2o, IV, e 40 da Lei no 8.987/1995 apresentam importantes elementos das permissões, sendo
rasa a sua fundamentação legal, gerando críticas doutrinárias sobre sua confusa definição. À diferença da
concessão, qualquer modalidade licitatória pode ser utilizada, exigindo-se apenas a existência de licitação
prévia ao contrato de permissão.
Sobre a permissão:
Disciplinada nos arts. 2o e 40 da Lei no 8.987/1995.
• Por contrato.
• Apenas para serviço público e não obra pública.
• Sem prazo – caso fixado, cabe indenização, se revogado antes.
• Precária (pode ser revogada ou alterada a qualquer tempo).
• Poder concedente fiscaliza.
• Responsabilidade objetiva e direta (poder concedente responde de forma subsidiária).
CONCESSÃO PERMISSÃO
Concessão ocorre apenas para pessoa jurídica ou consórcio Permissão ocorre para pessoa física ou jurídica
de empresas (autorização também)
Prazo pode variar de acordo com o serviço, sendo vedada a Sem prazo (doutrina aceita), caso haja e tenha
renovação automática rescisão anterior, cabe indenização
10.5.4. Autorização
O reconhecimento da autorização como uma forma de delegação não é unânime na doutrina,
41 MAFINNI, Rafael. Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
embora conste nos incisos XI e XII do art. 21 da CF/1988. Tem como características: ato unilateral da
Administração Pública; discricionário; precário; sem exigência de licitação; formalizada por decreto ou por-
taria.
42 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2021. p. 443.
43 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
ou, ainda, falecimento ou incapacidade do titular, ocorre, como pontua Carvalho Filho, 44 “pela singela razão
de que fica inviável a execução do serviço público objeto do ajuste”, retornando a prestação do serviço
público ao concedente, até nova concessão.
11. Licitações
11.1 Introdução
Como conceito de licitação a definição do ilustre jurista Marçal Justen Filho, que assim
afirma: “A licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato administra-
tivo prévio, que determina critérios objetivos de seleção de proposta da contratação mais vanta-
josa, com observância do princípio da Isonomia, conduzido por um órgão dotado de competência
específica.”
O art. 37, XXI, da CRFB determina que os contratos administrativos sejam precedidos de
licitação pública, bem como o art. 175 da Carta Magna, ao tratar das outorgas de Concessões e
Permissões, também faz referência à obrigatoriedade de licitar, imposta ao ente estatal.
Quanto à competência para legislar, de acordo com o art. 22, da Constituição Federal,
compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXVII – normas gerais de licitação e contra-
tação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e funda-
cionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III.
Atenção! Os entes federativos poderão expedir normas específicas para regulamentação
de seus procedimentos licitatórios, desde que observadas as normas genéricas trazidas na le-
gislação federal.
44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2021. p. 447.
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Sigilo das Propostas - As propostas apresentadas pelos licitantes são sigilosas até a
data da abertura dos envelopes, a ser feita em conjunto por todos os concorrentes, em sessão
pública. Até este momento, previamente determinado pelo edital, um licitante não pode saber da
proposta do outro, pois a violação do sigilo da proposta representa Improbidade Administrativa e
crime definido na própria Lei de Licitações.
Atenção! Não contradiz o princípio da publicidade que deve ser observado na realização
de licitações públicas.
Competitividade - A licitação nada mais é senão um processo por meio do qual todos
poderão participar em igualdade de condições, para a escolha da proposta que esteja em con-
sonância com os interesses da coletividade.
Economicidade - A atividade administrativa gera custos e, como os recursos públicos
são escassos, é necessário que a sua utilização produza os melhores resultados econômicos
possíveis à Administração Pública, tanto quantitativa quanto qualitativamente. O agente público
tem o dever de gerenciar os recursos públicos onerando o menos possível à Administração.
Isonomia - Em seu aspecto material, isto significa tratar igualmente os iguais e oferecer
tratamento desigual aos desiguais na medida de suas desigualdades. Neste sentido, o princípio
visa a igualar juridicamente aqueles que são desiguais faticamente, formando o que se conven-
cionou chamar de isonomia material.
Está em conformidade com esse princípio o tratamento diferenciado dispensado a mi-
croempresas e empresas de pequeno porte pela Lei Complementar 123/06, bem como a possi-
bilidade de criação de preferências para aquisição de produtos manufaturados ou serviços naci-
onais que obedeçam às normas técnicas brasileiras, nos moldes da própria lei 14.133/21, con-
forme disposto em seu art. 26.
Segregação de Funções – No âmbito de procedimentos licitatórios, deve-se observar
que cada etapa desse procedimento deve ser desempenhada por um agente público diverso.
O princípio de segregação de funções é princípio que tem como finalidade evitar a ocor-
rência de equívocos, fraudes e utilização irregular de recursos públicos.
Segurança Jurídica - As modificações supervenientes de normas jurídicas não devem
retroagir para atingir situações pretéritas, sob pena de se tornar instável o sistema de regras
imposto pelo Poder Público, causando transtorno social.
Planejamento - O planejamento das contratações pública é indispensável para uma exe-
cução segura do orçamento de compras e aquisições sem que haja fracionamento de objeto e
erros no que tange à escolha dos contratos a serem firmados.
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deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente
obtida na execução do contrato.
Definido o critério de escolha do vencedor a ser utilizado no procedimento licitatório, que
deve estar estipulado no instrumento convocatório do certame, a Administração Pública não
pode se valer de nenhum outro critério para selecionar a proposta mais vantajosa.
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àquela considerada vencedora do certame, situação em que será adjudicado em seu favor o
objeto licitado”.
Ademais, em igualdade de condições, caso a microempresa apresente uma proposta até
10% superior à proposta vencedora, a lei considera ter havido empate na licitação. O art. 44, §
1º, da LC 123/06 dispõe: “Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas apre-
sentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por
cento) superiores à proposta mais bem classificada”.
Por fim, o art. 44, § 2º, da LC 123/06, dispõe “na modalidade de pregão, o intervalo per-
centual estabelecido no § 1º deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor
preço”.
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empresa estatal.
O TCU entende que, de fato, as empresas estatais precisam licitar, mas deve-se admitir
exceção. Quando a empresa estatal exploradora de atividade econômica licita para contratações
referentes à sua atividade-fim, está sendo impedida de concorrer com igualdade no mercado.
Isso porque a rapidez do mercado não se coaduna com a burocracia da licitação e a realização
de procedimento licitatório. Nestes casos, iria de encontro ao interesse público. Assim, o Tribunal
entende que não precisam realizar procedimento licitatório, por motivo de inexigibilidade, uma
vez que não há interesse público na licitação.
Os Conselhos de Classe, por atuarem no exercício do Poder de Polícia, ostentam quali-
dade de autarquias, compondo, desta forma, a Administração Indireta da União e, por isso, de-
vem licitar para contratar. Encontra-se ressalvada deste entendimento a Ordem dos Advogados
do Brasil que, por entendimento do Supremo Tribunal Federal, estampado na ADI n. 3.026, con-
figura-se um caso à parte e não tem natureza jurídica de autarquia. Dessa forma, a OAB é uma
entidade privada, não sujeita ao controle da Administração Pública, configurando-se um serviço
independente.
Já os Convênios, a princípio, não dependem de prévia licitação, uma vez que os inte-
resses dos conveniados são convergentes, diferentemente dos contratos, em que as vontades
são divergentes, haja vista o particular contratar com o Poder Público na busca pelo lucro,
discrepando da finalidade pública inerente à atuação administrativa.
11.6. Intervalo Mínimo
No que diz respeito ao intervalo mínimo, este representa o prazo mínimo definido em lei
que deve ser respeitado entre a publicação do instrumento convocatório e a data da aber-
tura dos envelopes de documentação e de propostas. Se este prazo mínimo não for observado
pelo ente público, a licitação poderá ser considerada fraudulenta.
O prazo só começa a contar a partir da data da última publicação ou da data em que for
disponibilizado o edital.
Atenção! Observe-se que o prazo previsto na lei é “mínimo”. Dessa forma, pode ser con-
cedido um prazo maior aos licitantes, a critério do Administrador Público, que deve buscar, sem-
pre, fixar um prazo suficiente para participação dos interessados.
Qualquer alteração no edital que modifique as obrigações da licitação ou a formulação
das propostas exige a reabertura do prazo de intervalo mínimo, para que os licitantes de ade-
quem às novas regras.
Sendo assim, vejamos os prazos de intervalo mínimo.
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10 dias úteis – licitação tipo menor preço ou maior desconto para obras e
serviços comuns.
25 dias úteis – licitação tipo menor preço ou maior desconto para obras e
Serviços e obras serviços especiais.
60 dias úteis – contratos sob regime de contratação integrada.
35 dias úteis - contratos sob regime de contratação semi- integrada e outras
hipóteses não abrangidas anteriormente.
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Direito Administrativo
A lei 14.133/21 dispõe, em seu art. 12, VII que os órgãos públicos poderão elaborar seus
Planos de Contratação Anual para efetivar o planejamento de suas aquisições e contratações de
serviços e obras no decorrer do ano seguinte, com o intuito de racionalizar as contratações dos
órgãos e entidades sob sua competência, além de buscar alinhamento com o seu planejamento
estratégico e subsidiar a elaboração das respectivas leis orçamentárias.
Nesse contexto foi publicado o Decreto 10.947/22 que determina as regras e prazos de
elaboração do referido plano.
Atenção! Havendo necessidade, é possível que o ente público faça alterações no Plano
de contratações
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Direito Administrativo
Cabe ressaltar que a legislação anterior exigia a concorrência para obras e compras de
valores mais altos, todavia, o novo regramento das licitações não faz distinção entre as modali-
dades licitatórias em razão do valor.
Em razão da natureza do objeto, a concorrência se faz obrigatória na celebração de de-
terminados contratos, em razão da importância conferida a essas avenças. Nesses casos, a lei
limita a modalidade licitatória à concorrência ou ao diálogo competitivo.
A modalidade licitatória concurso demonstra o interesse da Administração Pública em
selecionar trabalhos técnicos, científicos ou artísticos com certas capacidades personalíssimas
para incentivar o desenvolvimento cultural. Nesta modalidade, há instituição de prêmios ou remu-
neração aos vencedores, nos moldes definidos pelo art. 30, da lei 14.133/21.
A licitação na modalidade concurso observará as regras e condições previstas em edital,
que indicará a qualificação exigida dos participantes, as diretrizes e formas de apresentação do
trabalho e as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser concedida ao vencedor.
Nos concursos destinados à elaboração de projeto, o vencedor deverá ceder à Administração
Pública todos os direitos patrimoniais relativos ao projeto e autorizar sua execução conforme
juízo de conveniência e oportunidade das autoridades competentes.
O Leilão, por sua vez, é a modalidade licitatória destinada para alienação de bens pelo
poder público àquele que ofertar o maior preço, seja ele igual ou superior ao valor da avaliação.
Nesse sentido, o art. 6º, XL da lei 14.133/21 dispõe que o leilão é “modalidade de licitação para
alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem
oferecer o maior lance”.
O leilão é realizado pelo leiloeiro, que pode ser o leiloeiro oficial ou um servidor designado
pela Administração Pública para cumprir a função de leiloeiro. Se optar pela realização de leilão
por intermédio de leiloeiro oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credenciamento
ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de julgamento de maior desconto para as
comissões a serem cobradas, utilizados como parâmetro máximo os percentuais definidos na lei
que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a serem leiloados.
Ademais, conforme disposição legal, o leilão será sempre do tipo MAIOR LANCE, sendo
que a administração somente pode alienar o bem para lance vencedor que seja igual ou superior
ao valor da avaliação.
Pregão é a modalidade licitatória utilizada para a aquisição de bens e serviços comuns,
cujos padrões mínimos de qualidade serão previamente estipulados no instrumento convocató-
rio. A licitação, nesta modalidade, será sempre do tipo menor preço ou maior desconto.
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Nesse sentido, o art. 83, da lei 14.133/21, dispõe que “A existência de preços registrados
implicará compromisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obrigará a Admi-
nistração a contratar, facultada a realização de licitação específica para a aquisição pretendida,
desde que devidamente motivada”.
Fase preparatória:
A lei 14.133/21 aponta no sentido de que o início da licitação se dá com o ato que instaura
o procedimento administrativo, dando início ao que se convencionou chamar de fase preparató-
ria da licitação. Nesse momento, o procedimento licitatório já está formalmente iniciado, tendo
sido atribuído um número ao processo administrativo.
Nesta fase, a Administração Pública está, internamente, se organizando para licitar, com a
abertura do processo administrativo respectivo e com a realização dos atos preparatórios que
justifiquem a realização do certame. O texto legal define requisitos a serem observados para início
do procedimento.
Primeiramente, deverá ser formulada a exposição de motivos da contratação, justificando
a necessidade da celebração do contrato e sua importância às atividades do ente estatal e à
persecução do interesse público.
Também o ente estatal deve apresentar a definição do objeto para o atendimento da
necessidade, por meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo,
conforme o caso, inclusive com a definição das condições de execução e pagamento, das
garantias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento.
Ademais, a lei estabelece a necessidade de declaração de adequação orçamentária
para a celebração do contrato que advirá do certame, inclusive em consonância com o disposto
na Lei Complementar 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Atenção! A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem se formando no sentido
de que a lei não exige a real disponibilidade financeira antes do início da licitação, mas tão so-
mente a previsão de recursos orçamentários.
Ademais, o poder público deve ter um orçamento, definindo o valor máximo que está
disposto a pagar pela aquisição do bem ou serviço ou pela execução da obra a ser contratada
(art. 18, IV, da Lei 14.133/21).
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Despesas de caráter continuado - são hipóteses em que os gastos com o contrato a ser
celebrado devam ultrapassar um exercício financeiro, devendo haver contemplação do produto
ou serviço nas metas estipuladas na lei do Plano Plurianual (no art. 165 da Constituição Federal
e no art. 165, da Lei 14.133/21).
Em casos de contratação para execução de obras, a lei exige ainda a realização de um
projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para que os interessados em
participar da licitação tenham amplo conhecimento (art. 6º, XXV, da lei 14.133/21).
A lei prevê pessoa jurídica poderá participar de licitação em consórcio, salvo vedação
expressa e justificada no próprio edital. Nesses casos, para que seja lícita a participação em
consórcio, devem ser observados os requisitos previstos na legislação.
O art. 21, da lei 14.133/21 prevê a possibilidade de convocação de audiência pública,
com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis, que poderá ser realizada presencialmente ou a
distância – por meio eletrônico - com disponibilização prévia de informações pertinentes, inclu-
sive de estudo técnico preliminar, elementos do edital de licitação e outros, permitindo a mani-
festação de todos os interessados.
Também, é possível que a Administração submeta a licitação a consulta pública. Neste
caso, não haverá uma audiência com a participação dos interessados, mas serão disponibiliza-
dos a eles o acesso aos elementos da futura contratação, permitindo que enviem sugestões em
prazo fixado.
O edital ainda poderá contemplar matriz de alocação de riscos entre o contratante e o
contratado, estabelecendo as responsabilidades de cada uma das partes do acordo, assim como
buscando encontrar e estipular medidas que reduzam as possibilidades de desequilíbrio finan-
ceiro ao longo da relação contratual.
Orçamento da Administração Pública - O poder público deverá, na fase interna, apre-
sentar o valor estimado da contratação, compatível com os valores praticados pelo mercado,
considerados os preços constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem con-
tratadas, observadas a potencial economia de escala e as peculiaridades do local de execução
do objeto.
Além disso, ainda nesta fase interna, o Poder Público elabora a minuta do edital de licita-
ção que será encaminhado ao órgão de consultoria jurídica para aprovação.
O edital é o instrumento convocatório das licitações na modalidade concorrência e confi-
gura uma convocação a todos os interessados em contratar com a Administração Pública, desde
que atendam às exigências nele contidas.
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Não será permitida a utilização do modo de disputa aberto, quando se tratar de licitação
cujo critério de julgamento seja técnica e preço, assim como não se pode utilizar o modo fechado
para licitações do tipo menor preço e maior desconto.
Julgamento:
A primeira etapa da atividade do julgamento consiste na avaliação da regularidade formal
e material das propostas. Os envelopes das propostas dos licitantes serão abertos em sessão
pública e os interessados têm que verificar se os envelopes não foram violados, pois, caso haja
violação, há nulidade do procedimento e a licitação deverá ser anulada.
Na fase de classificação, serão aplicados os critérios de julgamento que foram previa-
mente estipulados no instrumento convocatório.
Habilitação:
Concluído o julgamento, o agente de contratação passará ao recebimento do envelope
de documentação do licitante vencedor. Nessa fase, então, a Administração Pública deve pro-
ceder à abertura do envelope que contém as documentações do licitante classificado em primeiro
lugar, com a finalidade de analisar se está apto e idôneo a contratar com o Poder Público. A
habilitação poderá ser realizada por processo eletrônico de comunicação a distância, nos termos
dispostos em regulamento.
Essa fase é também conhecida como fase de qualificação, quando devem ser analisados
os requisitos e documentos pessoais dos licitantes. É a fase de análise da documentação dos
licitantes a fim de verificar se têm idoneidade para contratar com o Poder Público.
É importante frisar que o edital não pode estabelecer critérios não previstos em lei, mais
especificamente no art. 62, da lei 14.133/21, evitando assim restringir a licitação de forma desar-
razoada. Para cumprimento desses requisitos, basta que se realize a apresentação de documen-
tos enumerados pela própria lei, que podem ser originais ou cópias do cartório competente. Ve-
jamos um elenco legal dos requisitos de habilitação.
A – Habilitação jurídica: para parte da doutrina, essa exigência, assim como a exigência
de regularidade fiscal e respeito ao art. 7º, XXXIII, da CF são inconstitucionais, por estarem pre-
vistos em lei, sem que haja disposição similar no art. 37, XXI, da Carta Magna, ensejando buro-
cratização indevida da licitação. Porém, este entendimento não prevalece, por se tratar de posição
minoritária.
A habilitação jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer direitos e as-
sumir obrigações, e a documentação a ser apresentada por ele limita-se à comprovação de
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Encerramento:
Concluídas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos,
está encerrado o trabalho do agente de contratação, que encaminhará o procedimento à autori-
dade do órgão para verificação e encerramento do feito. Assim, o processo será enviado à auto-
ridade superior, a quem compete verificar os atos anteriores praticados pelo agente de contrata-
ção ou comissão de contratação, analisando sua adequação às normas legais e princípios cons-
titucionais pertinentes.
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A Lei Complementar 123/06 dispõe que, nas licitações públicas, a comprovação de regu-
laridade fiscal e a regularidade trabalhista das microempresas e empresas de pequeno porte so-
mente será exigida para efeito de assinatura do contrato.
Ademais, a LC 123/06 define que a Administração Pública deverá realizar processo licita-
tório destinado exclusivamente à participação de microempresas e empresas de pequeno porte
nos itens de contratação cujo valor seja de até R$ 80.000,00.
Em casos de licitações para celebração de contratos para aquisição de bens de natureza
divisível acima de R$ 80.000,00, o ente público deverá estabelecer, cota de até 25% do objeto
para a contratação de microempresas e empresas de pequeno porte.
Atenção! As Microempresas e Empresas de Pequeno Porte poderão participar de ambos
os itens da licitação, sendo classificadas dentro da ampla concorrência para a contratação de
75% do objeto e se submetendo a outra classificação, somente com empresas de mesmo porte,
em relação aos 25% (vinte e cinco por cento) restantes.
A Administração Pública poderá, nas licitações destinadas à aquisição de obras e servi-
ços, exigir dos licitantes a subcontratação de microempresa ou empresa de pequeno porte.
O art. 4º, da lei 14.133/21, manteve as regras de benefícios de microempresas e empresas
de pequeno porte de forma expressa.
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Sempre que a competição for impossível, a licitação será Nas situações de dispensa é plenamente possível
inexigível. competir, mas a lei diz que é dispensada a licitação.
As hipóteses dispostas na lei não são taxativas, mas mera- Somente a lei pode trazer as hipóteses de dispensa,
mente exemplificativas. Mesmo que a circunstância não es- não podendo haver definição de novas hipóteses por
teja disposta expressamente no texto legal, a licitação será atos administrativos específicos ou decretos.
inexigível quando for inviável a realização de competição en- As hipóteses da Lei são taxativas/ exaustivas.
tre interessados.
A doutrina majoritária costuma apontar pressupostos da lici-
tação e estabelece que a ausência de qualquer um deles
torna o procedimento licitatório inexigível. Vejamos os pres-
supostos:
a) Pressuposto lógico: pluralidade de bens e de for-
necedores do bem ou do serviço.
b) Pressuposto jurídico: interesse público. A licita-
ção não é um fim em si mesmo, é um meio para atingir o
interesse público. Se a licitação for de encontro ao interesse
público, não será exigível licitar.
c) Pressuposto fático: desnecessidade de contrata-
ção específica. Nos casos em que há necessidade de con-
tratação específica, a licitação será inexigível.
Ex.: o Estado precisa contratar o melhor tributarista do
Brasil para defendê-lo em uma demanda que envolve mi-
lhões de reais. Não se pode fazer contratação direta para
qualquer causa.
É VEDADA inexigibilidade de licitação para serviços de
divulgação e serviços de publicidade.
12.1. Introdução
Inicialmente devemos ter em mente que a legislação, por diversas vezes, confunde contra-
tos administrativos com contratos da Administração, onde este é gênero do qual aquele é espécie,
pois a expressão “contratos da administração” (sentido amplo) engloba os contratos administrati-
vos e os contratos de direito privado celebrados pelo Poder Público.
Saliente-se que, mesmo nos contratos administrativos, a aplicação subsidiária do direito
privado se faz necessária, pois é na teoria geral dos contratos que os contratos administrativos
vão buscar seus elementos essenciais, aos quais vão agregar suas prerrogativas.
Em resumo: a Administração Pública pode celebrar contratos regidos pelo Direito Público
(ex: concessão de uso de bens públicos, permissão de serviços públicos) bem como pelo Direito
Privado (ex: contratos de locação, de compra e venda).
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Comutativo Atenção! A indefinição de obrigações para uma das partes do acordo é característica que
não pode estar presente nos contratos públicos.
As cláusulas são impostas por uma das partes (poder público) e à outra parte (particular)
De Adesão
cabe apenas aderir ou não à avença.
Oneroso Como regra, não são admitidos contratos gratuitos firmados com o poder público.
As obrigações das partes são recíprocas, ou seja, a execução da atividade de uma das par-
Sinalagmático
tes enseja o adimplemento contratual pela outra.
Personalíssimo Atenção! O art. 122, da Lei n. 14.133/21 traz que só ocorrerá subcontratação se houver
previsão no edital ou no contrato e desde que haja a concordância da Administração, sob
pena de haver a rescisão contratual.
Todo contrato administrativo tem uma forma definida na lei, indispensável à sua regularidade.
Formal A Lei 14.133²1, em seu artigo 92, prevê todas as cláusulas necessárias à validade do con-
trato administrativo e a sua ausência gera o vício de forma.
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Direito Administrativo
Com efeito, a lei diz que o instrumento de contrato será dispensado, quando se tratar de
contratos cujo valor enseje dispensa de licitação. Assim, o instrumento de contrato não se faz
necessário para obras e serviços de engenharia de até R$ 100.000,00 (cem mil reais) e para
aquisição de bens e outros serviços no valor de até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
Atenção! A legislação estabelece como regra que NÃO é possível contrato verbal cele-
brado pela administração, dispondo ser nulo e de nenhum efeito qualquer contrato verbal reali-
zado pelo ente estatal.
Contudo, excepcionalmente, admite-se contrato verbal, nas compras e serviços que não ul-
trapassam R$ 10.000,00 (dez mil reais) – desde que se trate de compra de pronta entrega e pronto
pagamento. Isso significa que este contrato não gera nenhuma espécie de obrigação futura (art. 95,
§, 2º da lei 14.133/21).
Nestas hipóteses, também não há necessidade de realização de procedimento licitatório,
em conformidade com as regras de dispensa previstas na lei.
Não obstante a ausência de previsão legal, a doutrina admite a celebração de contratos
verbalmente, para posterior formalização por escrito, em casos emergenciais. Neste caso, a for-
malização poderá ser realizada posteriormente à existência de contrato e início da prestação do
serviço pelo contratado.
A administração pública deve providenciar a publicação do contrato até o quinto dia útil do
mês seguinte ao da sua celebração, sendo que essa publicação deve acontecer, após as provi-
dências, no prazo máximo de vinte dias corridos. Ou seja, o prazo de vinte dias só terá início após
o quinto dia útil do mês seguinte ao que o contrato foi celebrado.
Além da formalização, a divulgação é requisito indispensável à eficácia do contrato
administrativo, decorrente do princípio da publicidade, o qual garante o conhecimento acerca do
contrato a toda a sociedade. A divulgação deve ser feita no Portal Nacional de Contratações Pú-
blicas (PNCP). A divulgação deve abranger o inteiro teor do contrato, bem como todos os adi-
tamentos que forem feitos posteriormente, que ficarão disponíveis para quaisquer interessados.
A lei dispõe que essa divulgação deve se dar nos seguintes prazos, contados da sua assi-
natura pelas partes:
• 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;
• 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
Caso a administração deixe de publicar o contrato, ele é válido e perfeito, somente, não
sendo eficaz. Não produz efeito, uma vez que a eficácia fica dependendo da publicidade do
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contrato administrativo celebrado. Todavia, cabe ressaltar que os contratos firmados em caso de
urgência produzem efeitos desde a data da sua assinatura, devendo ser publicado nos prazos
apresentados acima, sob pena de nulidade.
12.4. Garantia
A exigência de garantia é uma cláusula necessária dos contratos administrativos (art. 96
da Lei 14.133/21).
A Lei prevê a caução que poderá ser prestada em dinheiro, títulos da dívida pública, a
fiança bancária ou seguro garantia, a critério do contratado privado.
O valor dessa garantia é definido, no bojo do contrato, e determinado pela administração
pública. A lei estabelece o limite máximo de 5% do valor do contrato, sendo que, em observância
a este limite, o poder público deve, discricionariamente, dispor acerca do valor a ser cobrado em
cada contratação específica.
Ocorre que, nos contratos que envolvam alta complexidade técnica ou riscos financeiros
consideráveis, definido por meio de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente,
a garantia pode chegar a 10% do valor inicial do contrato, sempre mantida a regra que o ente
estatal é quem define o valor da caução.
Lembre-se, ainda, que, quando o contrato for de fornecimento contínuo com vigência su-
perior a 1 (um) ano, assim como nas subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual do
contrato para definição e aplicação dos percentuais da garantia.
Em relação ao valor da garantia contratual, a legislação ainda dispõe que, em caso de
contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens.
Em caso de cumprimento do contrato e adimplemento de todos os seus termos pelo par-
ticular, a garantia deverá ser devolvida e, se foi prestada em dinheiro, deve haver a correção do
valor, no momento da devolução.
Em caso de descumprimento contratual, a garantia pode ser utilizada pelo Estado como
mínimo indenizatório, ou seja, o ente público pode executar a garantia e cobrar indenização ex-
cedente em caso de o prejuízo ultrapassar o valor da caução.
Cláusula de retomada - Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital po-
derá exigir a prestação da garantia na modalidade seguro-garantia do tipo “performance bond”,
com clausula de retomada, assim considerado o contrato no qual a seguradora se torna respon-
sável pelo cumprimento do contrato na forma como foi concebido. Assim, essa empresa
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a alteração unilateral, para ACRÉSCIMOS contratuais, pode chegar a 50% do valor original do
contrato. As supressões contratuais continuam respeitando o limite de 25%.
A margem de lucro inicialmente contratada jamais poderá ser alterada pela Administra-
ção Pública de forma unilateral.
A alteração deve decorrer de interesse público superveniente devidamente justificado, ou
seja, o contratante deverá demonstrar a ocorrência de fato posterior à contratação que dá ensejo
à necessidade de modificação das cláusulas contratuais, para que se evite um prejuízo maior ao
interesse da coletividade, que é a finalidade maior dos contratos administrativos.
b) Rescisão unilateral do contrato é prerrogativa dada ao ente público contratante de por
fim à avença, independentemente, de consentimento do particular e sem depender de decisão
judicial (art. 137 e seguintes da lei 14.133/21).
Pode se dar em razão do inadimplemento do particular ou pelo interesse público devida-
mente justificado.
No caso de Interesse público devidamente justificado, a administração deve indenizar
o particular se houver dano, bem como indenizar os investimentos não amortizados do contra-
tado em razão da extinção antecipada do acordo.
O particular contratado terá direito à devolução da garantia prestada, aos pagamentos
devidos pela execução do contrato até a data da rescisão e ao pagamento do custo da desmo-
bilização.
Por outro lado, como a lei prevê expressamente os valores devidos ao particular em
casos de rescisão unilateral por motivo de interesse público e excluiu, não por acaso, a obriga-
ção de pagar lucros cessantes, por se tratar de mera expectativa de direito, não passível de
indenização, nesses casos.
Por outro lado, inadimplente o particular contratado, o Poder Público deverá assumir
imediatamente o objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, ocupar e utilizar o
local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, ne-
cessários à sua continuidade, executar a garantia contratual, para ressarcimento da Administra-
ção, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos e reter os créditos decorrentes do
contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração. Todas essas medidas independem
da aplicação das penalidades cabíveis em virtude do descumprimento contratual.
Nos contratos de concessão de serviços públicos (regulamentados pela Lei 8.987/95),
a rescisão por inadimplemento do particular é chamada de caducidade, já por motivo de interesse
público chama-se encampação.
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Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Impedimento Indireto:
O Impedimento Indireto ainda é algo muito novo, com pouca jurisprudência, mas deve ser
analisado com bastante cuidado pelos gestores que atuam no setor de licitações. A intenção do
instituto é coibir o abuso da Pessoa Jurídica.
De fato, a intenção é evitar que o particular se valha da personalidade jurídica de uma
empresa como escudo para burlar proibições de contratação, como condenações ocorridas ante-
riormente.
Alguns indícios devem ser observados para a configuração do impedimento indireto, tais
como:
(i) a completa identidade dos sócios-proprietários de empresa sucedida e sucessora,
(ii) a atuação no mesmo ramo de atividades e
(iii) a transferência integral do acervo técnico e humano de empresa sucedida para a su-
cessora.
Nestes casos, será possível a desconsideração da personalidade jurídica, para estender a
penalidade aplicada à outra empresa.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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Direito Administrativo
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Direito Administrativo
12.11. Duração
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Direito Administrativo
A duração dos contratos regidos pela lei 14.133/21 ficará adstrita à vigência dos respecti-
vos créditos orçamentários que, no direito brasileiro, são definidos pela lei orçamentária anual, à
qual cabe prever todas as despesas e receitas da entidade no período de um exercício. Desse
modo, os contratos administrativos devem ter duração máxima de um ano, para atender à previ-
são orçamentária.
Com efeito, a lei orçamentária define as despesas que podem ser contraídas pelo ente
público naquele exercício, limitando toda atuação ou ajuste firmado pelo Estado durante a vigên-
cia dos respectivos créditos.
A Lei 14.133/21 define algumas situações excepcionais, nas quais se admite a contratação
além do prazo de um exercício. Vejamos no quadro abaixo as exceções à vigência máxima de
um ano.
*Para todos verem: tabela
Projetos contemplados na lei A avença terá duração de até quatro anos, para cumprimento das metas e exe-
do Plano Plurianual cução de seu objeto.
Além do prazo original de 5 (cinco) anos, a lei permite que sejam feitas prorro-
gações posteriores no referido contrato, desde que, ao final, ele não ultrapasse
o prazo de 10 (dez) anos. Nesses casos, a possibilidade de prorrogação deve
Prestação de serviços a serem
ter previsão em edital e a autoridade competente deve atestar que as condições
executados de forma contínua
e os preços permanecem vantajosos para a Administração, permitida a negoci-
ação com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das
partes.
Aluguel de equipamentos e uti- Segue as mesmas regras dos contratos de prestação de serviços contínuos,
lização de programas de infor- podendo ser firmado por até 5 (cinco) anos, cumpridas as exigências previstas
mática em lei.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Atenção! Contratos que não geram despesas à Administração Pública não precisam
estar previstos na lei orçamentária, logo, não precisam respeitar o limite de vigência definido, no
art. 105, da lei 14.133/21.
Além disso, no que tange à possibilidade de prorrogação, a legislação determina que o
contrato administrativo pode ser prorrogado, desde que seja feito dentro do prazo de vigência do
contrato e decorra, cumulativamente, de previsão no edital e no contrato e autorização do poder
público, mantidas as demais disposições contratuais.
Por fim, vale esclarecer que toda prorrogação de prazo contratual deverá ser justificada
por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato. Im-
portante salientar, ainda, que, para que haja prorrogação, é indispensável que haja previsão
orçamentária e que a empresa mantenha todas as condições necessárias à sua habilitação para
contratar com o poder público, além do respeito ao disposto no art. 7º, XXXIII, da Constituição
Federal.
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Direito Administrativo
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Direito Administrativo
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Direito Administrativo
A partir do art. 179, a Lei 14.133/21 trata acerca dos crimes que podem ser cometidos na
execução dos procedimentos licitatórios e dos contratos administrativos, por meio de inserção de
tipos penais no Código Penal, no capítulo atinente aos Crimes contra a Administração Pública.
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Direito Administrativo
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Direito Administrativo
prestação de serviços públicos, por sua conta e risco, mediante remuneração por tarifas dos
usuários, a título precário. Por óbvio, a precariedade é afastada pela natureza contratual do ins-
tituto.
Contrato de concessão de uso de bens públicos: consentimento da utilização de um
determinado bem público, de forma especial, anormal ou privativa, com finalidade específica,
mediante pagamento de remuneração ou gratuitamente.
Contrato de gestão: tradicionalmente, tratava-se de avença firmada entre entidades pú-
blicas, com a intenção de conferir maior eficiência na execução das atividades, não sendo pos-
sível a assinatura do acordo com pessoas privadas. Com a Reforma Administrativa ocorrida, no
Brasil, a partir de 1995, culminando com a edição da Emenda Constitucional n. 19/98, os contra-
tos de gestão passaram a ter ampla previsão legal e constitucional, abarcando, sob o mesmo
título jurídico, várias espécies de ajustes, de naturezas jurídicas diversas.
Sendo assim, a lei 9649/98 regulamenta o contrato de gestão firmado entre entes da Ad-
ministração Direta e suas autarquias ou fundações públicas, ao mesmo tempo que a lei 9637/98
designa com o mesmo título, o acordo celebrado entre o Estado e entidades privadas sem fins
lucrativos que atuam na execução de serviços de utilidade pública, em um rol definido na própria
lei. Por sua vez, o art. 37, §8º, da Constituição Federal, por meio de regulamentação muito criti-
cada pela doutrina brasileira, admite a celebração de contratos de gestão entre órgãos e, até
mesmo, entre órgãos públicos e seus administradores, pessoas físicas, configurando verdadeira
aberração jurídica, de impossível realização prática.
Contrato de eficiência: A lei 14.133/21 dispõe que o contrato de eficiência é aquele “cujo
objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens,
com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas cor-
rentes, remunerado o contratado com base em percentual da economia”.
12.19. Convênios
Ajustes firmados entre a Administração Pública e entidades que possuam vontades con-
vergentes, mediante a celebração de acordo para melhor execução das atividades de interesse
comum dos conveniados.
A legislação exige prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto pela or-
ganização interessada, o qual deverá conter, ao menos, algumas informações definidas na lei,
quais sejam: identificação e definição do objeto a ser executado, de interesse comum entre os
entes conveniados; metas a serem atingidas; etapas ou fases de execução; plano de aplicação
dos recursos financeiros; cronograma de desembolso de valores pela entidade conveniada, com
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
definição de prazos e metas; previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da
conclusão das etapas ou fases programadas; comprovação de que os recursos próprios para
complementar a execução do objeto estão devidamente assegurados, caso o convênio compre-
enda execução de obra ou serviço de engenharia, salvo se o custo total do empreendimento
recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
Por fim, a doutrina e jurisprudência entendem que celebração de convênios, em decorrên-
cia da convergência de vontades não devem ser precedidos de procedimento licitatório.
Dispensa e inexigibilidade:
Inicialmente, cumpre ressaltar que a Lei 13.303/16 estabelece situações de contratações
diretas por meio de dispensa e inexigibilidade de licitação.
As hipóteses de dispensa estão taxativamente expostas no art. 29 da referida lei. Verifica-
se, desta forma, que as situações de dispensa de licitações tratadas na lei 13.303/16, seguindo
as regras aplicáveis às licitações públicas em geral, abarcam hipóteses em que seria plenamente
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
viável a competição, mas não se faz necessária por expressa dicção legal.
Trata-se, portanto, de rol taxativo ou exaustivo, não podendo ser ampliado por entendi-
mento da Administração Pública ou doutrina.
Por seu turno, a inexigibilidade de licitação estará presente sempre que se demonstrar
a inviabilidade de competição. Neste sentido, o art. 30 da lei 13.303/16 dispõe acerca de algu-
mas hipóteses em que se configura a contratação direta com base neste entendimento. Lem-
brando-se que se trata de um rol meramente exemplificativo.
Modalidade e regras aplicáveis:
O art. 32, IV, da Lei 13.303/16 prevê que o pregão deverá ser a modalidade licitatória
preferencialmente utilizada nas contratações realizadas pelas empresas públicas e sociedades
de economia mista. Saliente-se que a lei deixa claro o caráter preferencial – e não exclusivo –
desta modalidade licitatória, que somente será escolhida quando for cabível, nos moldes da le-
gislação vigente, ou seja, para aquisição de bens e serviços comuns. Com efeito, não se pode
utilizar o pregão para a execução de obras ou alienação de bens pelas empresas estatais.
Trata-se de uma normatização equivocada e incongruente. O dispositivo legal dispõe que
o pregão é a modalidade preferencial, no entanto, trata de um procedimento licitatório totalmente
novo, não se compatibilizando com a sua estrutura.
Com efeito, mais correto seria imaginar que se trata de nova modalidade licitatória, haja
vista o procedimento totalmente inovador criado pela lei. Sendo assim, pode-se considerar que
se trata de NOVO pregão e não aquele apresentado pela lei 10.520/02.
Ademais, as licitações deverão atentar para a sustentabilidade ambiental e acessibili-
dade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
O procedimento da licitação se desenvolve em 10 fases, quais sejam: 1) preparação; 2)
divulgação; 3) apresentação de lances ou propostas; 4) julgamento; 5) verificação da efetividade
dos lances ou propostas; 6) negociação; 7) habilitação; 8) recurso; 9) adjudicação do objeto; 10)
homologação ou revogação.
Pré-qualificação permanente:
A Pré-qualificação permanente configura uma decisão administrativa que informa que in-
teressados cumprem requisitos genéricos para participação de licitações no órgão público que a
está realizando. O procedimento para a pré-qualificação é público, permanente e aberto para
quaisquer interessados (art. 64, da Lei 13.303/16).
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Cadastramento:
A lei ainda prevê a possibilidade de cadastramento de licitantes, sendo que os registros
cadastrais poderão ser mantidos para efeito de habilitação dos inscritos em procedimentos licita-
tórios e serão válidos por 1 (um) ano, no máximo, também sendo admitida a atualização a qual-
quer tempo. Da mesma forma que acontece na pré-qualificação, o art. 65, § 1º, dispõe que “Os
registros cadastrais serão amplamente divulgados e ficarão permanentemente abertos para a
inscrição de interessados.”
Não se confunde com a pré-qualificação, uma vez que o cadastro se apresenta como um
conjunto de informações armazenadas no órgão público, ou seja, não há qualquer provimento de
caráter decisório proferido pelo órgão.
Prazos de implementação:
A lei entrou 13.303 em vigor na data de sua publicação, ou seja, no dia 01 de julho de 2016,
no entanto, algumas exigências definidas na legislação tiveram previsão de prazo para implemen-
tação.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Subcontratação:
A subcontratação é admitida, desde que seja parcial e mediante autorização da empresa
estatal, desde que a empresa subcontratada atenda a todas as exigências de qualificação técnica
impostas ao contratado no bojo do procedimento licitatório (art. 78, da Lei 13.303/16).
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
matéria objeto do convênio ou contrato de repasse ou com entidades privadas sem fins lucrativos
que tenham, em suas relações anteriores com a União, cometido algumas das infrações regula-
das no Decreto.
Por fim, é vedada a celebração de convênios cuja vigência se encerre no último ou no pri-
meiro trimestre de mandato dos Chefes do Poder Executivo dos entes federativos.
125
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
13.3.2. Impenhorabilidade
Os bens públicos não podem ser objeto de uma constrição judicial, de uma execução contra a
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Fazenda Pública, por exemplo. A característica justifica-se pelo fato de que as dívidas da Fazenda Pública
são pagas em forma de precatórios e Requerimento de Pequeno Valor (RPV), segundo o art. 100 da
CF/1988.
Atenção!
De acordo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (Ag. Reg. nos Emb. Decl. de RE no
851.711 – rel. Min. Marco Aurélio – j. 12-12-2017), os bens das empresas públicas, sociedade de econo-
mia mista e concessionárias que estejam afetados à prestação de serviço público também são impenho-
ráveis.
13.3.3. Imprescritibilidade
Trata-se da prescrição aquisitiva, ou seja, não possibilidade de usucapião (arts. 183, § 3o, e 191,
par. ún., da CF/1988, art. 102 do CC e Súm. n o 340 do STF). Importante salientar que a imprescritibilidade
atinge inclusive os bens não afetados. Conforme a Súm. n o 619 do STJ: “A ocupação indevida de bem
público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização po r aces-
sões e benfeitorias”.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
interesse da coletividade.
*Para todos verem: quadro.
Não onerabilidade
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
• Súmula 480, STF: Pertencem ao domínio e administração da União, nos termos dos arti-
gos 4º, IV, e 186, da CF/67, as terras ocupadas por silvícolas.
• Súmula 650, STF: Os incisos I e XI do art. 20 da CF/88 não alcançam terras de aldea-
mentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.
• Súmula 724, STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde
que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
• Súmula 496, STJ: Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos
de marinha não são oponíveis à União.
• Súmula 619, STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de na-
tureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
14.1. Requisitos
Inicialmente, cabe entendermos o que é a Responsabilidade Civil do Estado. Trata-se de uma obri-
gação imposta ao Poder Público de ressarcir danos causados aos terceiros em razão da função adminis-
trativa, sejam usuários ou não do serviço público, ainda que não se possa identificar o agente responsável.
Os requisitos para buscar reparação de um prejuízo causado pelo Poder Público são: configuração
de dano causado por agentes públicos nessa qualidade.
Atenção!
Agente de fato (decorre do princípio da segurança jurídica), se o agente está aparente-
mente investido da função/cargo, seus atos praticados geram dever de indenização, ainda que
haja vícios na sua investidura.
Assim, por exemplo, se um policial atira em alguém enquanto estava na praia, o Estado
terá que demonstrar que, mesmo estando de folga, o agente identificou-se como policial, por-
tanto, agiu na condição de agente público ou no uso da arma da corporação, ensejando, assim,
responsabilidade direta do Estado, no mínimo pela má escolha do agente público, chamada culpa
in vigilando.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
responde pelos prejuízos causados a terceiro sem que haja a necessidade de demonstração da culpa.
Contudo, há excludentes ou atenuantes de responsabilidade que podem ser alegadas pelo Estado: eventos
da natureza ou causados pelo homem (caso fortuito ou força maior), por culpa exclusiva da vítima ou de
terceiros.
Com a Constituição Federal de 1988 inaugurou-se, no Brasil, a fase da responsabilidade objetiva do
Estado e responsabilidade subjetiva do servidor público. A matéria encontra-se no art. 37, § 6o, mas também
está prevista em legislação infraconstitucional.
Conforme a redação constitucional, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviço público serão responsabilizadas pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros. A redação do § 6o engloba pessoas jurídicas da iniciativa privada que não fazem
parte da Administração Pública direta e indireta. Contudo, limitando aquelas que prestam serviço público.
A partir da análise do § 6o podemos concluir que as concessionárias, permissionárias ou autoriza-
tários que prestem serviço público também estão abrangidos pelo dispositivo constitucional. O Supremo
Tribunal Federal já pacificou entendimento nesse sentido, no RE n o 591.874 (rel. Min. Ricardo Lewandowski
– j. 26-8-2009), no qual reconheceu a responsabilidade objetiva em relação aos danos causados a não
usuários do serviço público prestado por concessionária (o que também podemos encontrar no art. 25 da
Lei no 8.987/1995).
131
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
da vítima são capazes de afastar o dever de responsabilidade do Estado. Confronta com a teoria do risco
administrativo, pois não comporta excludentes, são os casos de:
1) Dano ambiental: de acordo com o art. 14, § 1o, da Lei no 6.938/1981, art. 225, §§ 2o e
3o, da CF/1988 e entendimento do Superior Tribunal de Justiça (REsp n o 1.373.788/SP – rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino – Terceira Turma – j. 6-5-2014), todos os poluidores responderão
objetivamente. Entretanto, há divergências no sentido de que seria teoria do risco administrativo
e não teoria do risco integral. No que tange ao dano ambiental, interessante destacar a Súm. n o
652 do STJ: “A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao meio ambiente,
decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução
subsidiária”.
2) Atividade nuclear: conforme os arts. 4o e 8o da Lei no 6.453/1977, art. 21, XXIII, d, da
CF/1988 e entendimento do Superior Tribunal de Justiça, se ocorrer um dano provocado por
atividades que exploram serviços e instalações nucleares de qualquer natureza, a industrializa-
ção e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, a responsabilidade será objetiva, sem
a possibilidade de nenhuma das excludentes vistas anteriormente. Entretanto, há administrati-
vistas que entendem que, na verdade, trata-se de teoria do risco administrativo. Essa modalidade
já foi objeto de cobrança da FGV e ela entende que o dano nuclear está atrelado a teoria do risco
integral.
3) Queda de aeronaves por ataque terrorista ou por guerra: com base na Lei no
10.744/2003 e no Decreto no 5.035/2004, a União, nesses casos, assume a responsabilidade de
atos terroristas ou de guerra ocorridos em aeronaves de tenham matrícula brasileira e operada
por empresa brasileira. O ato pode ocorrer no Brasil ou no exterior. Excluídas as empresas de
taxi aéreo.
4) Indenização coberta pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT): segundo
o art. 5o da Lei no 6.194/1974, o pagamento ocorrerá independentemente de culpa, haja ou não
resseguro, desde que mediante simples prova. Essa modalidade é apresentada por administra-
tivistas mais novos, mas não também não há concordância sobre a classificação nas duas teo-
rias.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
a) empresa pública e sociedade de economia mista que explora atividade econômica (art.
173, § 1o, II, da CF/1988);
b) responsabilidade no caso de omissão: a responsabilidade em caso de omissão é sub-
jetiva, como regra, devendo ser comprovada a negligência/omissão da atuação estatal, o dano
e o nexo de causalidade, contudo, há decisões importantes tanto do Superior Tribunal de Justiça
quanto do Supremo Tribunal Federal que trazem a possibilidade de responsabilidade objetiva no
caso de omissão específica (dano ambiental em rompimento de barragem, dever de custódia,
manutenção de rodovia, erro médico).
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Jurisprudência já divergiu sobre o tema, mas, atualmente, o entendimento do Supremo Tribunal Federal é
de que o Estado responde objetivamente pelos danos causados por tabeliões ou registradores, admitindo
o direito de regresso contra o notário nos casos de dolo ou culpa (RE n o 175.739/SP – rel. Min. Marco
Aurélio – Segunda Turma – j. 26-2-1998; RE no 209.354/PR – rel. Min. Ellen Gracie – Segunda Turma – j.
10-3-2009; e RE no 842.846/SC – rel. Min. Luiz Fux – j. 27-2-2019 – este com tese de repercussão geral).
14.10. Prescrição
O Decreto no 20.910/1932 traz, em seu art. 1 o, a prescrição quinquenal aplicada para qualquer
direito ou ação em face da Fazenda Pública. Essa redação é reafirmada no Decreto -lei no 4.597/1942,
que também trouxe, em seu art. 2 o, a mesma prescrição quinquenal para autarquias, entidades e órgãos
paraestatais criados por lei e mantidos por impostos, taxas ou outras contribuições. Não diferente, a Lei
no 9.494/1997 ratificou o prazo de 5 (cinco) anos, no art. 1 o-C, para obter indenização por danos causados
pelos agentes públicos de pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado que
prestam serviço público.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
366 RE Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por da- 11/03/2020
136861 nos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que
exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá
quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas le-
gais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregu-
laridades praticadas pelo particular.
Precedente do STJ
O hospital que deixa de fornecer o mínimo serviço de segurança, contribuindo de forma determinante e especí-
fica para homicídio praticado em suas dependências, responde objetivamente pela conduta omissiva. (REsp
1.708.325-RS, Rel. Min. Og Fernandes, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 24/05/2022).
Teoria do risco
integral
Queda de Lei nº 10.744/2003
aeronaves por
atentado
terrorista ou
guerra
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Prescrição
Direito privado – 3 anos Art. 206, §3º, V, do CC
Má execução da obra
Nova Lei de Licitações Art. 120 da Lei nº 14.133/2021
e Contratos – Responsabilidade
objetiva
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
o proprietário, ou alguém agindo em seu nome e com sua autorização, poderá exercer, de forma
plena, as faculdades inerentes ao domínio.
Por seu turno, o caráter absoluto repousa na possibilidade de utilização do bem objeto do
direito, da forma que melhor lhe aprouver. Ou seja, o proprietário do bem terá ampla liberdade de
utilização deste bem, desde que não cause prejuízos a terceiros ou viole direitos e garantias dos
demais cidadãos.
Ademais, o caráter de perpetuidade decorre do fato de que o exercício deste direito não
se dá com prazo definido, devendo a qualidade de proprietário durar até que haja a transferência
a outrem, mortis causa ou por ato inter vivos. Neste sentido, pode-se definir que o direito é im-
prescritível, não se perdendo pelo não exercício.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
15.4. Desapropriação
A desapropriação ocorre quando determinado ente público determina a retirada de bem
privado do seu proprietário, para que esse faça parte do patrimônio público, sempre embasado
nas necessidades coletivas, mediante o pagamento de indenização, previamente definida, de
forma justa ao proprietário.
Trata-se, esta modalidade de intervenção do Estado na propriedade privada, de uma si-
tuação excepcional que, é também uma forma originária de aquisição de propriedade.
No que concerne, ao caso do pagamento da indenização a particular não proprietário, este
fato não enseja em nulidade, podendo o proprietário requerer o pagamento da mesma, sem o
retorno do bem ao seu domínio. Ademais, qualquer direito real, que recaía sobre o bem, fica sub-
rogado no valor da indenização.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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Desapropriação comum:
A desapropriação comum depende da existência de uma situação de utilidade ou neces-
sidade pública, ou, ainda, da demonstração de uma hipótese de interesse social, em consonân-
cia com o inciso XXIV, do art. 5°, CF/88 e deve ser precedida de pagamento de valor indenizatório
prévio, justo e em dinheiro.
Importante frisar que pagamento justo é aquele que compreende valor de mercado, danos
emergentes e lucros cessantes com correção monetária.
Ademais, se a desapropriação se der através da via judicial, a este pagamento indeniza-
tório serão acrescidos os honorários advocatícios e, quando couber, juros moratórios e compen-
satórios.
Sobre esta indenização justa, ainda, é importante informar que somente serão indeniza-
das as melhorias feitas até a data da declaração de utilidade pública ou interesse social, com
exceção das benfeitorias úteis e necessárias, pagas ainda que executadas após esta data.
De outro giro, o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentindo de que, em caso
de divergência entre a área registrada e a área real do imóvel, a indenização será calculada
somente sobre o espaço constante no registro.
Os danos extraordinários, causados em decorrência da desapropriação, também poderão
ser indenizados no curso do mesmo processo em decorrência da responsabilidade civil do Es-
tado.
Desapropriação especial urbana:
Inicialmente, cumpre ressaltar que a propriedade urbana deverá atender as exigências de-
finidas no Plano Diretor da Cidade, de forma a atender à sua função social. Nesse sentido, o
atendimento da função social deve-se dar, assegurando o atendimento das necessidades dos
cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades eco-
nômicas. O art. 182, da Constituição Federal, neste sentido, dispõe que “A política de desenvol-
vimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes”.
O Plano Diretor que deve conter o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orça-
mento anual tem ser aprovado por lei municipal, com revisão, ao menos, a cada dez anos, sendo
que em seu processo de elaboração deve ter garantido a promoção de audiências públicas e
debates, bem como o respeito a publicidade e o acesso de qualquer interessado aos documentos
e informações produzidas.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Este Plano Diretor é obrigatório para todas as cidades que possuam mais de vinte mil
habitantes, bem como nas cidades que sejam integrantes de regiões metropolitanas ou aglome-
rações urbanas, da mesma forma que nas áreas de especial interesse turístico e nos municípios
inseridos na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto am-
biental de âmbito regional ou nacional e nas cidades incluídas no cadastro nacional de Municí-
pios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações brus-
cas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos.
A desapropriação especial urbana ocorrerá nos casos em que não for cumprida a função
social da propriedade prevista no citado Plano Diretor da cidade, após a imposição gradativa e
sucessivas de determinadas restrições. São elas:
• Parcelamento ou edificação compulsória, sendo que a notificação deverá ser averbada no
Cartório de Registro de Imóveis e realizada por funcionário do órgão competente do Poder
Público Municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a
quem tenha poderes de gerência geral ou administração, ou, por edital, somente quando
for frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação pessoal.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
• Escoado o prazo de cinco anos sem que o particular tenha tomado qualquer providência
no sentido que conferir função social ao bem, o ente municipal poderá decretar a desa-
propriação especial urbana, com pagamento de indenização mediante a entrega de títu-
los da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo
de resgate de até 10(dez) anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o
valor real da indenização e os juros legais. Trata-se de desapropriação com função sanci-
onatória.
Neste caso, a indenização justa refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado
o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde se
localiza e não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios.
Por fim, após ocorrida a desapropriação, o Município deverá aproveitar o imóvel no prazo
máximo de cinco anos, diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão
a terceiros.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Ademais, bem como que a Lei Complementar 76/93 estabelece o procedimento contradi-
tório especial e que estarão isentas de impostos federais, estaduais e municipais, as operações
de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Frise-se que, conforme dicção no art. 185 da CF/88, não podem ser desapropriados: a)
terrenos produtivos, mesmo sem função social; e b) a pequena e média propriedade rural, desde
que o proprietário não possua outra.
Desapropriação confisco:
Trata-se de desapropriação específica, cujo rito encontra-se regulado na Lei 8.257/91 e
deve ser proposta pela União, que não prevê o pagamento de qualquer espécie de indenização.
Com efeito, esta desapropriação NÃO É INDENIZÁVEL e, por isso, parte da doutrina designa esta
retirada da propriedade do particular de expropriação, diferenciando das desapropriações propri-
amente ditas que seriam sempre mediante indenização.
A norma constitucional estabelece duas situações diversas, tratando a expropriação de
bens móveis e de bens imóveis, que em qualquer hipótese não podem ser incorporados ao patri-
mônio público. Nestes termos, serão expropriados os bens móveis utilizados para o tráfico de
drogas, cuja destinação será a de reversão a fundos especiais de natureza específica, e os bens
imóveis utilizados para plantação de psicotrópicos ilícitos e para a exploração de trabalho escravo,
cuja destinação será à reforma agrária e a programas de habitação popular.
Frise-se que, as plantas psicotrópicas são elencadas no rol emitido pelo órgão sanitário
competente do Ministério da Saúde e que o STF tem entendimento de que todo o terreno será
desapropriado, ainda que a plantação se restrinja a uma parcela da propriedade.
Após a propositura da ação pela União, o Juiz determinará a citação dos expropriados, no
prazo de cinco dias, nomeando, neste ato, o perito que terá oito dias de prazo para entregar o
laudo em cartório.
No que tange ao prazo para contestação e indicação de assistentes técnicos, este é de
dez dias, a contar da data da juntada do mandado de citação aos autos.
A audiência de instrução e julgamento será determinada pelo Juiz em data não superior a
quinze dias, a contar da data da contestação e nesta assentada cada parte poderá indicar até
cinco testemunhas.
Excepcionalmente, a audiência poderá ser postergada em virtude da impossibilidade de
produção de toda a prova oral no mesmo dia, sendo que, em relação a imissão de posse, o juiz
poderá determiná-la garantindo um contraditório postergado, durante a audiência de justificação.
A sentença será prolatada em cinco dias, sendo a mesma passível de apelação, no prazo
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
de quinze dias.
Por fim, incomumente, se após o trânsito em julgado da sentença, não puder ocorrer em
cento e vinte dias a destinação prevista na CF/88, a gleba será incorporada ao patrimônio da
União, reservada, até que sobrevenham as condições necessárias àquela utilização.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
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Direito Administrativo
A citação ocorrerá por mandado na pessoa do proprietário dos bens e no caso de Réu não
conhecido, em lugar ignorado, incerto ou inacessível ou até mesmo no estrangeiro, (mediante
certificação de dois oficiais do juízo), a citação será por edital.
A defesa será realizada em quinze dias, conforme lei processual, e poderá versar, apenas
sobre vícios processuais e acerca do valor indenizatório em consonância com o disposto no art.
20 do Decreto Lei 3.365.
O vício de legalidade no ato só será analisado pelo judiciário em uma ação autônoma, ação
direta que será distribuída por dependência à ação principal no mesmo juízo.
Na hipótese do particular concordar com o valor, no bojo da ação desapropriatória, o juiz
homologará o acordo por sentença, no despacho saneador. Entretanto, não havendo acordo, o
perito apresentará laudo em cartório, até cinco dias antes da audiência de instrução de julga-
mento, podendo este prazo ser ampliado se houver solicitação neste sentido antes do despacho
saneador.
A sentença definirá o valor indenizatório justo, bem como conterá os fatos que motivaram
o convencimento do juiz, atendendo à estimação dos bens para fins fiscais, do mesmo que ao
preço de aquisição e interesse que deles aufere o proprietário, ainda à sua situação, estado de
conservação e segurança do bem, tal qual será o valor venal dos da mesma espécie, nos últimos
cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu.
No caso do valor determinado pela sentença ser maior do que o depositado, a diferença
deverá ser paga pelo ente estatal, respeitando a ordem cronológica de pagamento de precatório
conforme o art. 100, da CF/88.
Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação, no prazo de quinze dias,
com efeito meramente devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e com ambos os efeitos,
quando o for pelo expropriante.
Da imissão provisória na posse:
A lei permite que o ente expropriante tenha a posse provisória do bem antes de finalizada
a Ação de Desapropriação, desde que atendidos os seguintes requisitos:
• Declaração de urgência por parte do expropriante, que poderá ser feita, inclusive, no ato
declaratório de utilidade pública ou interesse social no prazo máximo de 120 dias sob pena
de decair a declaração de urgência.
• Depósito do valor incontroverso da indenização, em juízo, como forma de garantia de
pagamento mínimo.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Na hipótese de perdido o prazo de 120 dias, a declaração de urgência não pode ser reno-
vada e se após a imissão, o Poder Público desistir da desapropriação, pagará por qualquer dano
no imóvel.
Ademais, a imissão deverá ser registrada no registro de imóveis competente e o proprietá-
rio do bem tem direito de levantar parte do valor depositado pelo Estado visto que já não pode
mais usufruir da sua propriedade, bem como se vê livre da obrigação de efetuar pagamentos de
tributos referentes ao bem, a exemplo do IPTU.
O levantamento pelo proprietário, do valor depositado, ocorrerá mediante alvará judicial,
no equivalente a até 80% do depósito sendo que os outros 20% só poderá ser levantado após a
sentença como forma de garantia do juízo. No caso do proprietário levantar integralmente o valor
depositado, presume-se-ar um acordo entre as partes que será homologado pelo juiz.
Ainda, para efetuar este levantamento, o proprietário deverá provar a propriedade, bem
como a quitação de dívidas fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e deverá aguardar a
publicação de editais, com o prazo de 10 dias, para conhecimento de terceiros.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
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Tribunal Federal”.
Entretanto, a partir de 2018, os juros compensatórios voltam a ser de 6% ao ano.
O STJ firmou o entendimento de que os juros compensatórios não devem ser pagos
mesmo em se tratando de propriedades improdutivas.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Ademais, esta ação tem caráter preferencial e prejudicial em relação a outras ações refe-
rentes ao imóvel expropriando, independe do pagamento de preparo ou de emolumentos e tem a
prevenção do juízo para análise de qualquer ação que tenha por objeto o bem expropriando,
distribuída, por dependência, à Vara Federal onde tiver em curso a ação de desapropriação.
Na hipótese de intentada a desapropriação parcial, o proprietário pode requer na contes-
tação, a desapropriação de todo imóvel, se a área remanescente ficar reduzida a superfície infe-
rior à da pequena propriedade rural ou se a propriedade restar prejudicada substancialmente em
suas condições de exploração econômica.
A petição inicial deverá preencher os requisitos previstos no art. 319 do CPC, contendo a
oferta do preço e sendo instruída com o texto do decreto declaratório de interesse social para fins
de reforma agrária, o laudo de vistoria e avaliação administrativa, as certidões atualizadas de
domínio e de ônus real do imóvel, o documento cadastral do imóvel, o comprovante de lança-
mento dos Títulos da Dívida Agrária correspondente ao valor ofertado para pagamento de terra
nua e comprovante de depósito em banco oficial, ou outro estabelecimento no caso de inexistên-
cia de agência na localidade, à disposição do juízo, correspondente ao valor ofertado para paga-
mento das benfeitorias úteis e necessárias, haja vista a determinação constitucional que a inde-
nização desta benfeitorias deverá ser feita em dinheiro.
O juiz pode despachar a inicial ou imitir o expropriante na posse do bem, em 48 horas,
determinando a citação do expropriado, na sua pessoa, salvo em falecimento, para contestar e
indicar assistente técnico, se tiver interesse e expedir mandado ordenando a averbação do ajui-
zamento da ação no registro do imóvel expropriando, para conhecimento de terceiros.
A audiência de conciliação deverá ser realizada nos dez primeiros dias a contar da citação,
e nela estarão presentes o Autor, o Réu e o Ministério Público que neste rito atua como fiscal da
lei.
Ademais, esta audiência não suspende ou interrompe o curso do processo e a ciência da
sua realização para as partes ou seus representantes se dará através da via postal.
Na hipótese de acordo, será lavrado, em audiência, o termo assinado pelas partes e pelo
representante do parquet, sendo que, uma vez integralizado o valor acordado, nos dez dias úteis
subsequentes ao pactuado, o Juiz expedirá mandado ao registro imobiliário, determinando a ma-
trícula do bem expropriado em nome do expropriante. No entanto, em não havendo acordo, a
contestação deverá ser apresentada no prazo máximo de quinze dias.
Simultaneamente, o juiz designará o perito do juízo, formulando os quesitos que julgar ne-
cessários, intimando o perito e os assistentes para prestar compromisso, no prazo de cinco dias,
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
assim como realizando a intimação das partes para apresentar quesitos, no prazo de dez dias.
O prazo máximo para a produção da prova pericial é 60 dias, do compromisso do perito e
esta é adstrita a pontos impugnados do laudo de vistoria administrativa.
Concluída a perícia, será determinada a audiência de instrução e julgamento no prazo má-
ximo de quinze dias, devendo, na mesma, ser proferida a sentença judicial ou, nos trinta dias
subsequentes. Na decisão final, o juiz individualizará o valor do imóvel, de suas benfeitorias e dos
demais componentes do valor da indenização, admitindo-se a interposição de recurso de apela-
ção com efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo expropriado e, em ambos os
efeitos, quando interposta pelo expropriante. Ademais, a sentença que condenar o expropriante,
em quantia superior a cinquenta por cento sobre o valor oferecido na inicial, fica sujeita a duplo
grau de jurisdição.
Da desapropriação indireta:
A desapropriação indireta ocorre nas situações em que o Estado invade o bem privado
sem respeitar os procedimentos administrativos e judiciais inerentes à desapropriação. Com
efeito, configura verdadeiro esbulho ao direito de propriedade do particular perpetrado pelo ente
público, de forma irregular e ilícita. Também é conhecida pela doutrina com a designação de
apossamento administrativo.
Dada a destinação pública ao bem, ao proprietário só resta pleitear o pagamento de justa
indenização, através da Ação de Indenização por Desapropriação Indireta visto que se trata
conduta estatal ilícita passível de responsabilização nos moldes do art. 35 do Decreto-lei 3.365/41.
A jurisprudência informa que para a configuração da desapropriação indireta deve-se pre-
encher 3 requisitos: a) O apossamento irregular do bem pelo poder público; b) A destinação
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
pública deste bem; e c) A impossibilidade de se reverter a situação sem ensejar prejuízos aos
interesses da coletividade.
Desta forma, a reintegração de posse e o interdito só não serão cabíveis se o bem já tiver
destinação pública, dada pelo Estado. Ademais, com sua incorporação ao patrimônio público o
bem, as ações possessórias previstas no CC/02 serão convertidas em ação de indenização por
desapropriação indireta ou por apossamento administrativo.
No que tange a competência para julgamento do feito é a do local da situação do imóvel
conforme art. 95 do CC/02 sendo que a indenização ao final do processo será paga através de
precatório.
Quanto aos juros compensatórios, estes começam a incidir a partir do esbulho perpetrado
e incidem sobre todo o valor do bem, pois a indenização é posterior. Por outro lado, os juros
moratórios serão no percentual de 6% ao ano nos moldes do art. 15-B do Decreto-lei 3.365/41.
Por fim, o prazo de prescrição para a propositura da ação de desapropriação indireta en-
seja algumas discussões doutrinárias e jurisprudenciais. Com efeito, dispõe o art. 10, parágrafo
único do Decreto-Lei 3.365/41 define que “Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação
que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público”.
De maneira diversa, o Código Civil vigente, em seu art. 1238, cumulado com a Súmula
119 do STJ afirmava que o prazo de prescrição da ação de desapropriação indireta seria de 15
anos, uma vez que este é o prazo para usucapião extraordinária do Código Civil atual.
No entanto, o STJ no REsp 1.300.442/SC mudou o entendimento e passou a entender
que o parâmetro utilizado deve ser o prazo da usucapião ordinária, ou seja, prazo prescricional
de 10 anos.
Da tredestinação e retrocessão:
Inicialmente, cumpre ressaltar ser a desapropriação, antes de mais nada, um ato
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
administrativo como outro qualquer. Dessa forma, assim como toda conduta estatal, deve ser
composto por cinco elementos, quais sejam, o sujeito competente, a forma previamente estipu-
lada na lei, o motivo, o objeto, lícito possível e determinado ou, ao menos, determinável e a fina-
lidade definida na legislação que prevê a prática do ato.
Visto isto, a tredestinação pode ser conceituada como a alteração de finalidade do objeto
expropriado, após a realização do procedimento expropriatório e efetiva transferência do bem
para a composição do patrimônio público enquanto que a retrocessão é a retomada do bem
somente, porque o ente estatal desapropriou o bem privado e não conferiu a ele qualquer finali-
dade pública.
Na tredestinação nas hipóteses em que há a mudança de destinação específica, somente,
mantendo-se a finalidade genérica, qual seja a busca do interesse público, a tredestinação será
lícita.
Por seu turno, em outras situações, o ente estatal deixa de utilizar o bem no interesse
social, não dando a ele a finalidade específica para o qual havia sido desapropriado. Nestes ca-
sos, em que a expropriação é efetivada e o ente público não dá o aproveitamento adequado à
propriedade, ocorre a Tredestinação ilícita, também designada pela doutrina como adestinação.
Sendo assim, nos casos em que o ente público desapropria o bem, transferindo a proprie-
dade ao patrimônio público, contudo, não garante a sua utilização na busca do interesse público,
deixando o bem inaproveitado ou subaproveitado, ocorre desvio de finalidade ilícito, ensejando o
surgimento do direito à retrocessão do proprietário.
Importante frisar que, conforme a doutrina majoritária, a retrocessão trata-se de uma facul-
dade do direito real de propriedade que se traduz na prerrogativa de reaver o bem que foi possu-
ído injustamente por terceiros.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Ocorre que, parte da doutrina considera que a desapropriação por zona com a intenção
de alienar os bens após a sua valorização se configura especulação imobiliária, contrária ao texto
constitucional.
No entanto, este entendimento não é aceito pela jurisprudência do Supremo Tribunal Fe-
deral que determina ser viável a desapropriação por zona em casos nos quais a obra pública
enseje uma valorização extraordinária dos bens vizinhos.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
confere ao Poder Público Municipal, preferência para aquisição de imóvel urbano, objeto de alie-
nação onerosa entre particulares, ou seja, todos os proprietários de bens localizados nesta área,
ao alienarem seus terrenos, deverão oferecer primeiramente ao Poder Público.
Frise-se que a lei poderá determinar a incidência do direito por, no máximo cinco anos e
após este, apenas depois de um ano de carência será admitida nova lei acerca deste direito na
mesma área.
Seu funcionamento se dá da seguinte forma: o poder público será notificado pelo particu-
lar, sendo-lhe concedido o prazo de trinta dias para definir se possui, ou não, interesse na aqui-
sição do bem, nos termos da proposta formulada pelo particular.
Se não houver manifestação do Estado, no prazo, o particular poderá vendê-lo, nos mes-
mos termos da proposta apresentada ao Estado, a qualquer pessoa interessada sendo que após
a venda, o proprietário deverá apresentar ao Município, em trinta dias, cópia do instrumento pú-
blico de alienação do imóvel.
Na hipótese do não respeito ao direito de preempção, a alienação indevida será nula,
podendo o Estado adquirir o bem pelo valor da transação ou pelo valor venal do bem, o que for
mais baixo.
Em regra, por não gerar danos específicos, não enseja o dever de indenização do propri-
etário do bem.
Ademais, o entendimento do STJ é de sobre a viabilidade deste direito de preempção,
mormente nos casos em que a aquisição do bem pelo particular se dê antes da existência da
restrição sendo que, no entanto, este direito está sujeito a aplicação da prescrição quinquenal
próprias das ações contra a fazenda pública.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
De outro firo, a Súmula 415 do STF dispõe que: “Servidão de trânsito não titulada, mas
tomada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, con-
ferindo direito à proteção possessória”.
A extinção da servidão ocorrerá quando não houver mais interesse público, quando o bem
houver desaparecido ou tiver sido demolido, quando o bem dominante perder sua afetação, ou
quando ocorrer a aquisição do mesmo pelo Poder Público.
Com exceção da servidão legal (de que não há registro), todos os casos de extinção de-
vem ocorrer através do registro desta extinção nos respectivos registros do imóvel.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
15.7. Do Tombamento
O tombamento se configura como intervenção do Estado na propriedade como forma de
proteção ao meio ambiente, no que tange aos aspectos do patrimônio histórico, artístico e cultural.
Com efeito, mediante este instituto, o poder público visa à proteção ao meio ambiente, no que
tange à conservação dos aspectos da história, arte e cultura de um povo.
A intervenção atinge o caráter absoluto da propriedade, definindo algumas limitações ao
exercício do direito de propriedade, definindo regras de forma a evitar que a destruição deste bem
resulte na perda de informações relevantes à história do país ou cause prejuízos a obras artísticas
de valor cultural inestimável para a identidade de um povo.
A competência para praticar os atos necessários ao tombamento de bens públicos ou
privados é concorrente entre os entes federativos. De fato, todos os entes federativos podem
praticar o ato constritivo e o mesmo bem pode sofrer mais de um tombamento, simultaneamente,
sem que um interfira nos demais.
Desta forma, bens de interesse local serão tombados pelo município, enquanto que bens
de interesse regional serão tombados pelo Estado e os bens de interesse nacional serão tomba-
dos pela União.
No que tange a competência legislativa, a União expede normas gerais; os estados e o
distrito federal expedem normas específicas; não havendo competência legislativa atribuída aos
entes municipais nos moldes do inciso IX, art. 30, CF/88.
Ademais, o tombamento pode ser voluntário ou compulsório.
O tombamento voluntário ocorre sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir
dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico naci-
onal, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou
sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
da coisa em qualquer dos Livros do Tombo. Nestes casos, ou o particular tem a iniciativa de
requerer o tombamento ou concorda plenamente com o tombamento iniciado por iniciativa do
poder público, não havendo controvérsia a ser dirimida.
Por sua vez, o tombamento compulsório ocorrerá quando o proprietário se recusar a
anuir à inscrição da coisa. Nestes casos, deverá ser instaurado procedimento administrativo, nos
moldes determinados pelo Decreto-Lei 25/37, com a finalidade de se proceder à inscrição do
imóvel, permitindo ao particular o exercício do contraditório.
A doutrina também divide o tombamento em geral e individual, sendo que no primeiro
caso é expedida norma abstrata, atingindo uma quantidade indeterminada de bens que ficarão
sujeitos às restrições impostas pelo ente público. É possível que este tombamento recaia sobre
um bairro ou, até mesmo, sobre uma cidade inteira. Por sua vez, o tombamento individual é aquele
que incide sobre bem especificado no ato.
Outrossim, o tombamento poderá ser definitivo ou provisório. O tombamento provisório
é medida cautelar administrativa determinada, no bojo do processo administrativo de tomba-
mento, como forma de garantir o resultado prático do processo. Ao final do procedimento, será
procedido o tombamento definitivo, mediante transcrição no registro do imóvel.
Por fim, o tombamento poderá ser total quando recair sobre todo o bem ou parcial quando
recair sobre somente parte do bem.
Os bens objeto de tombamento podem ser móveis, imóveis e incorpóreos, sendo que este
para este último existe a previsão de registro nos órgãos de proteção ao Patrimônio Histórico
Artístico e Cultural, não lhe impondo as exigências decorrentes do tombamento.
Em relação aos bens públicos, a doutrina majoritária se posiciona no sentido de que a
restrição a bens públicos é indevida. No entanto, o tombamento não retira a propriedade do bem,
sendo irrelevante, nestes casos, que o proprietário do bem seja o poder público.
Desta forma, o tombamento dos bens pertencentes aos entes federativos se fará de ofício,
por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, devendo o ente fe-
derativo ser comunicado sobre o fato.
Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional, não podendo ser, portanto, objeto
de tombamento as obras de origem estrangeira que pertençam às representações diplomáticas
ou consulares acreditadas no país; que adornem quaisquer veículos pertencentes a empresas
estrangeiras, que façam carreira no país; que pertençam a casas de comércio de objetos históri-
cos ou artísticos; que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais
ou que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos respectivos
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
estabelecimentos.
O tombamento de um determinado bem gera algumas obrigações de fazer, de não fazer
e de tolerar que devem ser suportadas pelo proprietário do bem tombado, conforme pode se
observar abaixo:
• Direito de Preferência: O direito de preferência, nas alienações extrajudiciais, foi extinto
pelo art. 1.072, I do Código de Processo Civil. No entanto, a preferência se mantém so-
mente em casos de alienações judiciais, consoante dispõe o art. 892, § 3º do CPC.
• Direito de Conservação: O proprietário deve conservar o bem da forma como se encon-
tra. Se não tiver condições financeiras de realizar a conservação, deverá informar ao po-
der público conforme art. 19, do Decreto-Lei 25/37.
• Dever de comunicação em caso de extravio: Deve o proprietário comunicar ao Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de
multa de dez por cento sobre o valor da coisa.
• Registro especial: A legislação determina que os negociantes de antiguidades, de obras
de arte de qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos ou raros são obrigados a um
registro especial no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes,
outrossim, apresentar semestralmente ao órgão relações completas das coisas históricas
e artísticas que possuírem.
• Não retirado do país: Não é possível tirar o bem do país, salvo, por curto período de
tempo, para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Frise-se que a exportação do bem enseja o se-
questro e multa de cinquenta por cento do valor da coisa.
• Não destruição: Qualquer reforma a ser realizada na propriedade depende de autoriza-
ção do Estado, sob pena de multa no valor de cinquenta por cento do dano causado.
• Tolerância a fiscalização: O proprietário do bem tem que tolerar a fiscalização pelo Po-
der Público em conformidade com o art. 20, do Decreto-lei 25/37.
Além do proprietário do bem, o vizinho também tem a obrigação de não impedir a visuali-
zação e nem o acesso ao bem tombado pois trata-se de forma de servidão instituída por lei.
Em relação a indenização, em regra, o tombamento é intervenção na propriedade que não
gera direito à indenização, pois não configura um efetivo prejuízo ao proprietário. No entanto,
esta será cabível quando ensejar esvaziamento do valor econômico do bem, configurando uma
verdadeira desapropriação indireta.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
Ademais, também será devida a indenização quando o tombamento ensejar gastos des-
proporcionais para a manutenção do bem.
O procedimento do tombamento é efetivado administrativamente, respeitando o contradi-
tório e a ampla defesa, ressalvados os casos de tombamento voluntário, sendo que a etapa final
é o registro no livro do tombo onde estão registrados todos os bens de interesse histórico ou
cultural e, no caso de imóveis, no respectivo Cartório de Registro de Imóveis.
Ademais, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional avalia se o bem deve ser
tombado e, concluindo pelo interesse na propriedade, notificará o proprietário para anuir ao tom-
bamento, dentro do prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, ou para, se o
quiser impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de sua impugnação.
No caso do proprietário impugnar a notificação, abrir-se-á vistas dentro de 15 dias ao ór-
gão com iniciativa do tombamento sendo que após este prazo o processo será remetido ao Con-
selho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que proferirá decisão,
em sessenta dias, a contar do seu recebimento. Desta decisão cabe recurso ao Presidente da
República, conforme Decreto-Lei 3.866/41.
Na hipótese de não haver impugnação, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional mandará por simples despacho que se proceda à inscrição da coisa no com-
petente Livro do Tombo.
Importante frisar que é cabível o tombamento provisório para evitar uma possível destrui-
ção do bem.
Quanto a sua extinção, ela pode ocorrer nas seguintes situações:
• Se não houver mais interesse público na conservação do bem, por qualquer ato devida-
mente justificado, pode o poder público revogá-lo;
• Se houver algum vício no procedimento de tombamento;
• Por desparecimento do bem tombado;
• Através do cancelamento do ato de tombamento, consoante disposição do Decreto-Lei
25/37.
Tombamento X Servidão Administrativa
Parte da doutrina acredita que o tombamento se configura uma espécie de servidão ad-
ministrativa, de natureza especial. No entanto, tombamento e servidão não se confundem visto
que tombamento é uma espécie autônoma de intervenção na propriedade privada, com a inten-
ção específica de proteção ao patrimônio histórico, artístico e cultural, não se confundindo com
a servidão ou a limitação administrativa.
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Importante frisar que não é o instituto adequado para os casos nos quais a utilização do
bem se dê em razão de situação de iminente perigo e que, a priori, não é indenizável, somente
nos casos em que a utilização do bem pelo poder público causar prejuízos ao proprietário.
Por fim, alguns doutrinadores estabelecem o gênero ocupação provisória para tratar de
requisição e ocupação temporária. Neste sentido, ocupação provisória seria gênero, dividido em
duas espécies: requisição administrativa (situações em que há perigo iminente) e ocupação tem-
porária (sem a ocorrência da situação de perigo).
A Responsabilidade das Pessoas Jurídicas pela prática de atos danosos contra a Admi-
nistração Pública é definida na Lei n.º 12.846, conhecida como Lei Anticorrupção. A lei não
possui natureza penal, tratando da responsabilidade administrativa e civil dessas pessoas jurí-
dicas.
Art. 1º da Lei n.º 12.846. Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administra-
tiva e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, na-
cional ou estrangeira.
Art. 3º. A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual
de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coau-
tora ou partícipe do ato ilícito.
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da responsabilização
individual das pessoas naturais referidas no caput.
162
1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
No caso das pessoas jurídicas, assim, não há necessidade de comprovar dolo ou culpa.
Para caracterização da responsabilidade objetiva basta:
• Prática da conduta ou omissão
• Nexo de causalidade
• Resultado
Cuidado: em relação aos dirigentes e administradores o artigo 3º, §2º da Lei n.º 12.846,
indica a responsabilidade subjetiva.
Pessoas Naturais
Responsabilidade Subjetiva
(dirigentes, administradores...)
Art. 3º, § 2º, da Lei n.º 12.846. Os dirigentes ou administradores somente serão respon-
sabilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
• Sujeitos ativos
Quem pode praticar as condutas definidas na lei?
• Pessoas jurídicas nacionais ou estrangeiras, como preceitua o artigo 1º da Lei Anti-
corrupção;
• Estatais, pois aplicam-se as sanções previstas na Lei anticorrupção também às estatais
por força do art. 94 da Lei n.º 13.303.
• Atos lesivos
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Direito Administrativo
A lei tratou de elencar os atos lesivos que podem ser praticados e considerados como da-
nos à Administração Pública nacional ou estrangeira, definindo-os no artigo 5º.
Art. 5º, Lei n.º 12.846 – Atos lesivos.
Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta
Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do
art. 1º, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios
da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil,
assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público,
ou a terceira pessoa a ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a
prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou
dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter
competitivo de procedimento licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório pú-
blico;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de
qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública
ou celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorro-
gações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no
ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a
administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes pú-
blicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos ór-
gãos de fiscalização do sistema financeiro nacional.
Sanções
Podem ser aplicadas sanções de natureza administrativa (art. 6º) e judicial (art. 19), de
forma isolada ou cumulativa. Dessa forma, é possível a aplicação de mais de uma sanção de
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Direito Administrativo
Art. 19, Lei n.º 12.846 – Sanções Judiciais. Em razão da prática de atos previstos no art.
5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respec-
tivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Minis-
tério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pes-
soas jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta
ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-
fé;
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos
de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo
poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.
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para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada
pela autoridade instauradora, composta por 2 ou mais servidores estáveis.
A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade instauradora que suspenda os
efeitos do ato ou processo objeto da investigação. Deve a comissão concluir o procedimento
em 180 dias contados da publicação do ato que a instituir, podendo o prazo pode ser prorrogado,
mediante ato fundamentado;
Ao final devem ser apresentados relatórios sobre os fatos e responsabilidades, com a
indicação de forma motivada das sanções a serem aplicadas. A Comissão, ao final, dará ciência
ao MP, para eventuais apurações de delitos (art. 15).
Poderá a autoridade agir de ofício ou mediante provocação, observados o contraditório e
a ampla defesa, assim como poderá delegar a competência, vedada a subdelegação;
Haverá manifestação prévia à aplicação das sanções por parte da Advocacia Pública (art.
6º, §2º) e será concedido à pessoa jurídica prazo de 30 dias para defesa, contados a partir da
intimação (art. 11).
Por fim, o processo administrativo, com o relatório da comissão, será remetido à autori-
dade instauradora, na forma do art. 10, para julgamento (Art. 12). Será cabível recurso e tam-
bém pedido de reconsideração – Lei 9.784 (processo administrativo federal).
A instauração do procedimento não impede a aplicação das sanções definidas na lei, ha-
vendo, ainda, a possibilidade de inscrição do crédito em dívida ativa:
Art. 13, Lei n.º 12.846. A instauração de processo administrativo específico de reparação
integral do dano não prejudica a aplicação imediata das sanções estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo pagamento, o crédito apurado
será inscrito em dívida ativa da fazenda pública.
Acordo de leniência
A autoridade máxima de cada órgão pode celebrar acordo de leniência com aqueles que
colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo quando resultar (art.
16):
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.
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O Ministério Público Federal também atua perante o Cade, mas com atribuição para emitir parecer,
nos processos administrativos de imposição de sanções administrativas por infrações contra a ordem eco-
nômica. A atuação do Ministério Público Federal poderá ser de ofício ou por requerimento do Conselheiro
Relator do Tribunal Administrativo de Defesa Econômica (art. 20).
As sanções podem ser aplicadas, independentemente da culpa, aos atos cometidos que tenham
por objeto ou que possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados (art. 36, é bem
importante a leitura completa deste artigo):
Lei no 12.529/2011
Art. 36. (...)
I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;
II – dominar mercado relevante de bens ou serviços;
III – aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV – exercer de forma abusiva posição dominante.
As penas que podem ser aplicadas estão previstas a partir dos arts. 37 e 38 da Lei n o 12.529/2011,
que levam em consideração a gravidade da infração; a boa-fé do infrator; a vantagem auferida ou pretendida
pelo infrator; a consumação ou não da infração; o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livre concorrência, à
economia nacional, aos consumidores, ou a terceiros; os efeitos econômicos negativos produzidos no mer-
cado; a situação econômica do infrator e a reincidência.
A sanção mais comum é a multa (sanção pecuniária), mas outras também estão previstas: as obri-
gações de fazer ou não fazer, como a publicação da condenação (em meia página e a expensas do infrator,
em jornal indicado na decisão), a proibição de contratar e participar de licitação com entidades oficiais (por
prazo não inferior a cinco anos), a cisão da sociedade, transferência de controle acionário, a cessação
parcial da atividade, a proibição de exercer o comércio pelo prazo de 5 (cinco) anos e inscrição no Cadastro
Nacional de Defesa do Consumidor.
O rol de penalidade não é taxativo, tanto é que no art. 38, VII, o legislador deixou aberta a possibi-
lidade de aplicação de qualquer outro ato ou providência que seja necessário para a eliminação dos efeitos
nocivos à ordem econômica. Quando a penalidade for multa, será inscrita em Dívida Ativa e cobrada por
execução fiscal pelo Cade, nos moldes da Lei n o 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal), admitindo-se a in-
clusão do dever no Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal (CADIN).
Para compelir o infrator a cessar com a infração, o Tribunal Administrativo pode aplicar multa diária
a fim de impedir a continuidade de atos ou situações que configurem infração da ordem econômica. Caso
o infrator não siga as determinações, ainda que em medida preventiva ou pelo termo de compromisso, será
sujeitado a multa diária fixada no valor de R$ 5.000,00, podendo ser aumentada em até 50 vezes, se assim
recomendar a situação econômica do infrator e a gravidade da infração (art. 39).
A decisão condenatória do Cade, seja ela cominando multa ou impondo obrigação de fazer ou não
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fazer, constitui título executivo extrajudicial (art. 93). A decisão do Tribunal Administrativo de Defesa Eco-
nômica tem caráter definitivo no âmbito administrativo, não podendo ser revista pelo Poder Executivo por
meio de recurso hierárquico impróprio, vedação imposta pelo art. 9 o, § 2o, da Lei no 12.529/2011.
17.5. Prescrição
A prescrição das ações punitivas ocorrerá em 5 (cinco) anos, prazo contado da data da prática do
ato ilícito ou do dia em que tiver cessado o ato, se for o caso de infração permanente ou continuada (art.
46). O prazo prescricional poderá ser interrompido caso haja a instauração da apuração da infração, tanto
no âmbito judicial quanto administrativo, segundo o art. 46, § 1o, da Lei. E suspende o prazo prescricional
enquanto houver a vigência do compromisso de cessação ou acordo em controle de concentrações. Ainda,
prescreve em 3 (três) anos, se pendente de julgamento ou despacho e o procedimento administrativo fica
paralisado, é a chamada prescrição intercorrente. Contudo, se a ação corresponder a crime, apli ca-se o
prazo prescricional da lei penal (art. 46) e não da Lei n o 12.529/2011.
170
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Direito Administrativo
poderá determinar diligências à Superintendência Geral. Após as diligências que eventualmente solicite,
deverá abrir prazo de 15 (quinze) dias para o representado apresentar alegações finais. Recebida as ale-
gações finais, o Conselheiro Relator solicitará a inclusão do processo em pauta para julgamento pelo cole-
giado do Tribunal (art. 77).
Lei no 12.529/2011
Art. 86. (...)
§ 1o (...)
I – a empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob
investigação;
II – a empresa cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob inves-
tigação a partir da data de propositura do acordo;
III – a Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para assegurar a con-
denação da empresa ou pessoa física por ocasião da propositura do acordo; e
IV – a empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente
com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas,
sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
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Válida para, observadas intimidade, privacidade e sigilo por questões de segurança na-
cional:
• Acesso a registros administrativos
• Informações sobre atos de governo
• Informações de interesse particular, coletivo ou geral
• Acesso à documentação governamental quando não sigilosa
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guarda da informação extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e in-
dicar testemunhas que comprovem sua alegação.
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1ª Fase | 39° Exame da OAB
Direito Administrativo
A Lei Geral de Proteção de Dados, n.º 13.709, de 2018 é recente em termos de legisla-
ção. Destina uma parte importante para a regulamentação da proteção de dados por parte da
Administração Pública. No artigo 4º a lei disciplina as hipóteses nas quais não tem aplicabilidade,
trazendo conceitos importantes no artigo 5º.
É o artigo 23 que trata, no entanto, do tratamento de dados pelo Poder Público, dispondo
que o tratamento a ser realizado pelas pessoas jurídicas de direito público referidas no parágrafo
único do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação),
deverá ser realizado para o atendimento de sua finalidade pública, na persecução do interesse
público, indicando como exigência que sejam informadas as hipóteses de realização do trata-
mento, com o fornecimento adequado e claro sobre a previsão legal, a finalidade, os procedi-
mentos e as práticas utilizadas para a execução dessas atividades, assim como que seja indi-
cado um encarregado para as operações de tratamento.
No que se refere às Empresas Públicas, evidencia a lei que quando uma Empresa Pú-
blica ou uma Sociedade de Economia Mista atuarem em regime de concorrência será dado o
mesmo tratamento legal a elas que em relação as pessoas jurídicas de direito privado, ao passo
que quando estiverem operacionalizando políticas públicas serão válidas as normativas aplica-
das aos órgãos e entidades do Poder Público.
Importante destacar também os artigos 26 e 27, que tratam sobre o uso compartilhado
de dados pessoais pelo Poder Público, sobretudo em relação ao que dispõe o §1º no tocando a
ser vedado ao Poder Público transferir a entidades privadas dados pessoais constantes de
bases de dados a que tenha acesso, elencando exceções par tanto. Assim, o uso compartilhado
de dados do Poder Público com pessoas jurídicas de direitos privado será informado a autoridade
nacional, salvo nas hipóteses previstas nos incisos do artigo 27.
A responsabilidade será solidária entre Operador (pessoas natural ou jurídica que realiza
o tratamento de dados) e o Controlador (pessoal natural ou jurídica a quem competem as deci-
sões referentes ao tratamento de dados pessoais). As exceções à responsabilização estão pre-
vistas no artigo 43 e vale a pena conferir!
Traz a lei, ainda, a previsão de sanções administrativas para os agentes de tratamentos
de dados que pratiquem as infrações, sendo elas aplicadas após procedimento administrativo
com ampla defesa e de forma gradativa, isolada ou cumulativa, de acordo com as peculiaridades
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