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Nietzsche utiliza dois conceitos diferentes para a mesma palavra “Ursprung”. Um dos
conceitos é a alternância com os termos Entestehung, Herkunft. Ursprung pode ser utilizado no
contexto de origem miraculosa (Wunder-Ursprung), assim como também de maneira irônica e
depreciativa. Por sua vez, Herkunft é definido como origem dos preconceitos morais, desse modo,
serve para categorizar a origem da moralidade, da justiça e do castigo.
A problemática acerca da origem para Nietzsche é o ponto no qual busca se reencontrar com
o “aquilo mesmo” adequada de si, é, em determinado momento entender que a “origem” foi
acidental, é buscar a identidade primeira. Desse modo, a origem das coisas não parte do começo
histórico preservado, mas da discórdia entre as coisas, é o contrassenso.
O conceito acerca da origem está ligado ao lugar da verdade, todo o começo está ligado e
articulado a ela, contudo, a verdade e a origem foram circunscritas na história e, o genealogista
precisa da história para conjurar a “origem”, assim, é necessário saber e reconhecer os
acontecimentos da história, suas tensões, surpresas para avaliar o que é um discurso filosófico a
partir dela.
Os termos Entestehung ou Herkunft delimitam melhor que Ursprung para a genealogia, pois
ambos são traduzidos por “origem”, mas possuem articulação própria. Herkunft, por exemplo, é o
tronco de uma raça, é a proveniência, ou seja, coloca em jogo de análise o tipo social, visa descobrir
as marcas sutis, singulares, formando uma rede difícil de desembaraçar que permite ordenar as
marcas diferente da origem.
Por fim, esse capítulo testemunha o travamento da história e seus sentidos para se tornar
verdade/origem, porém. Nietzche retorna aos acontecimentos, para não só mostrar que a produção
de verdade seja dita ali naquele saber histórico, para se opor a ideia de origem, mas que dentro
desse acontecimento, reencontrando cenas que desempenharam papéis destintos na produção do
saber/verdade/origem.