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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA- CESAD


HISTÓRIA LICENCIATURA
TEORIA DA HISTÓRIA I

ALUNA: LUCILAINE MARIA DE JESUS

O conceito proposto por Dilthey acerca do que vem a ser história e sua
fundamental importância para conhecimento. É afirmar que a fonte das ciências do
espirito é história e que o conhecimento do passado era possível, embasada na teoria do
historicismo epistemológico. Que segundo Cruz (2003) trata da historicidade em relação
à vida humana. Acreditando na diferenciação entre objeto e investigado como produtos
históricos.
No contexto de visão de Dilthey tempo e história tem uma acepção quando
relacionado ao estudo da vida humana. Ele assegura que o próprio tempo é capaz de
modificar a história. Sendo assim somos o que o tempo produz. Para alguns de seus
leitores Dilthey não era considerado um historicista. Segundo Carvalho afirma o mesmo
não produz uma teoria histórica e sim cientifica. Desconstruindo o que muitos
asseguravam sobre seus métodos.
O trabalho dele foi criticado por seus leitores por não haver preocupação com a
historiografia e seus fundamentos. Em sua obra a definição dada para ciência é limitada
e condicionada a obra técnica.” a introdução” definindo o campo especifico de atuação
da história como preocupação recorrente de seu trabalho. Porém há leitores que
justificam a história como grande ponto de apoio da teoria do conhecimento.
Dilthey define ciências como referência a articulações, vivências, expressão e
compreensão onde:
(...) considerar a história uma ciência é atribuir-lhe
fundamentalmente um sistema de conhecimento em
cuja estrutura se definam não só um objeto específico
e uma metodologia própria, mas também a sua teoria
geral de orientação, como sucede em qualquer ciência
seja natural ou social. (Sousa, 1982, p. 40 e 41)
O mesmo não acreditava que a ciência fosse capaz de explicar a realidade
histórico- social, ele buscava explicação para o termo “ciência”, no conhecimento da
vida humana.
Ele demostra que a única funcionalidade da história seria descrever as ações do
homem no tempo. Porém além do fato descritivo esta disciplina ela possui a
responsabilidade de mostrar consciência histórica atuando na vida de modo fundamental
capaz de dá sentido a história em torno da teoria do saber das ciências do espirito, em
dois sentidos tanto demostrando conexões e rupturas quanto estabelecendo relações
possíveis entre diversos momentos históricos. Deixando claro que quando se trata de
descrever historicamente a produção das ciências do espírito, o que se quer procura é a
conexão que essas ciências constituíram ao longo da história e saber quais as normas de
pensamento que as estabeleceram em diferentes épocas.
A obra de Dilthey sobre O mundo Histórico diz que não está a serviço da
elaboração técnica e sistemática do das ciências do espirito. O texto busca trazer razão
para Carvalho atestando ser uma disciplina auxiliar. Onde enquadra a história dentro de
um grupo das ciências do espirito. Algumas paginas seguintes em seu capitulo ele
afirma o seguinte:

ciências do espírito e história têm funções próximas, mas


distintas. As ciências do espírito se incumbem da
estruturação ideal do mundo histórico, já a história tem o
trabalho de organizar o saber da história acerca do
decurso histórico no qual foi surgindo pouco a pouco o
mundo espiritual. (Dilthey, (1910) 1978, p. 109)

De modo geral ele assegura que a história é os fundamentos das ciências do


espirito. O modelo a ser seguindo pelas outras disciplinas. Conhecendo os mais diversos
aspectos da realidade ele declara que todos os pesquisadores devem antes de tudo
historiadores. Definindo que a importância da pesquisa histórica e a noção da
historicidade que os fatos humanos são capazes de libertar a humanidade opressão
intelectual imposta pela metafísica. E que somente esta disciplina é capaz de ensinar ao
ser humano a importância de sermos históricos.
Não possui o dever de exclusivamente analisar o desenvolvimento histórico das
demais disciplinas. Reduzi-la a organização de caos é absurdamente inaceitável. Mas
“O filósofo deve realizar as operações do historiador sobre a matéria-prima dos
vestígios históricos. Tem que ser ao mesmo tempo historiador. (Dilthey, (1875)”
Analisar a matéria da vida requer que todo pesquisador seja primeiramente
historiador. Isto porque todo e qualquer especialista em ciências humanas é, antes de
tudo, um historiador. Sendo ela responsável por validar todas as outras disciplinas. Pra
Dilthey o pressuposto fundamental baseava-se em um estudo aprofundado da ciência do
conhecimento através da sua história. Fazendo a seguinte indagação: como a história
executa esse trabalho? Quais materiais ela dispõe para fundamentar as outras
disciplinas?
Ao se tratar sobre as especificidades do conhecimento ele elevou a realidade
para ser compreendido como conexões de sentidos, fazendo com que cada gesto, ato,
expressão e sentimento fosse significativo. Desta maneira conectando as partes de um
momento integrando ao mundo histórico. Afirmando que as relações são permeadas de
conexões permitindo aos sujeitos envolvidos. Diante das diversidades das
manifestações e espontaneidade das reações. Dentro desta visão é mostra que o saber
histórico visa compreender esse nexo efetivo. E a função do historiador é mostrar que
há um significado, conexão entre o saber histórico e as ciências naturais. Como um
sujeito histórico o historiador busca compreender a vida em sua temporalidade e devir
considerando que essa relação permitirá uma compressão histórica que possa articular a
atuação de todas as ciências do espirito. Por outro lado, se considerar as conexões
interna das ciências do espirito observara que o vestígio histórico passa a ser
caracterizado por sua perenidade atravessando períodos e épocas, possibilitando ao
investigador uma ideia do que ocorrera. Independente das emoções permitindo assim se
colocar no lugar do outro. Desta maneira ele expressa que :
“compreensão é um encontrar-se do eu com o
tu, o espírito se encontra a si-mesmo em etapas
cada vez mais altas de conexão; esta identidade
do espírito no eu, e no tu, em cada sujeito de
uma comunidade, em cada sistema cultural,
finalmente, na totalidade do espírito e da
história universal torna possível a 135
cooperação das diversas aportações nas ciências
do espírito. (Dilthey, (1910) 1978, p. 215).
Deste modo é possível observar que a vida possui um sentido e o historiador
dever ter essas ciências dele próprio quanto personagem histórico. O conhecimento
convivida é sempre resultado do desempenho do sujeito sobre o mundo e deste sobre o
sujeito.
O historiador segundo Dilthey “deve ser capaz de perceber a relação do sujeito
com o mundo exterior, distinguindo o que é próprio de um e outro”. Ou seja, através
deste método analítico “a relação entre o indivíduo e o mundo exterior é determinada
sobretudo por meio de trocas de percepções”
Ainda de acordo o autor o historiador deve ser capaz de falar e avaliar essas duas
forças que se pronunciam no mundo histórico: a individual e a geral. No entanto ele tem
um amplo desafio, pois deve ser capaz de perceber como uma determinada expressão
ocorreu em determinado momento e como isso se relaciona com o tempo que lhe
antecedeu e sucedeu. Esse acontecimento passado não está isolado no tempo.
Outra característica para o método biográfico de Dilthey é analise da atitude
individual frente a essas condições externas e históricas. Com isso ele transpassa para o
historiador a responsabilidade de internalizar o sentimento de todo sujeito que é a de
querer ser feliz e almejar integrar sua vida com o mundo. Esta relação entre
individualidade-exterioridade é feita através das conexões de cada individuo
Dilthey aponta outro procedimento que o historiador precisa adotar, que é a
critica documental. Mas levando-o a compreender que não basta apenas ler os
documentos formais e oficias. E sim, dá uma relevância também para documentos
segundo ele silenciosos. Ou seja, aqueles rascunhos, frases incompletas ou cartas
pessoais que se aproximem mais da vida de cada sujeito.
Desta maneira o historiador compreende que o mundo acaba determinando, de
uma maneira ou de outra, o que o indivíduo é. Mas essa determinação nunca é completa,
os indivíduos que vivem num dado momento, não são iguais, por mais que se
assemelhem em ações e reações. Cada sujeito é resultado de duas percepções: uma
interna, coincidente, da identidade e a outra externa, da diferenciação, da alteridade.
De acordo com o autor “Dilthey não só se preocupou em analisar as
especificidades das ações históricas dos sujeitos particulares, mas, sobretudo, como os
indivíduos em relações mútuas constituem organizações culturais e sociais que
possuem as mesmas características do humano, quais sejam, periocidade,
corruptibilidade, efemeridade etc.” Nesta compressão observamos que para ele :
(...)a vida é a plenitude, a diversidade, a
interação em todo o uniforme que os
indivíduos vivem. Por sua matéria é uma
mesma coisa com a história. Em todo ponto da
história há vida. E na história se compõe de
vida de todas as classes com as relações mais
variadas. A história não é mais do que a vida
captada do ponto de vista do todo da
humanidade, que constitui uma conexão.
(Dilthey, (1910) 1978, p. 281).
Chegando à conclusão de que pode em cada momento histórico compreender a
sua particularidade histórica, pois nas relações específicas daqueles indivíduos com o
mundo, em torno deles são travadas vivências diversas, mas que só são possíveis de
ocorrer ali, por isso, só podem ser compreendidas dentro daquele universo. Não
podemos nos separar da estrutura, mas cada nexo singular tem sua existência própria.
O homem típico para Dilthey é ele se destaca perante os outros, não por
diferenciar-se daquilo que os outros fazem, mas, ao contrário, por expressar bem as
potencialidades do seu mundo, aquilo que caracteriza sua época histórica.

Referencias
Capítulo 3 – A Teoria da História em Dilthey A história e as ciências do espírito

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