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Cimento de Óxido de Zinco

e Eugenol
Conhecer as propriedades, as características, as indicações e a manipulação dos
principais cimentos utilizados pelo cirurgião-dentista. Neste tópico, especialmente o
Cimento de Óxido de Zinco e Eugenol (OZE). Esses materiais são largamente
utilizados na odontologia tanto para proteção do complexo dentina-polpa, quanto
para a cimentação de peças protéticas.

O cimento de óxido de zinco e eugenol é constituído por um pó formado principalmente por partículas
de óxido de zinco e um líquido constituído especialmente por eugenol. A reação de presa deste cimento é
uma reação do tipo ácido-base onde partículas de óxido de zinco reagem, inicialmente, com moléculas de
água, produzindo um composto intermediário, o hidróxido de zinco.

Apresentação comercial do OZE.

Em seguida, o hidróxido de zinco reage com o eugenol produzindo um sal, o eugenolato de zinco, que
confere a presa do material, além de novas moléculas de água. Entre as moléculas de eugenolato de zinco
ficam aprisionadas partículas não reagidas de óxido de zinco. Essas partículas não reagidas aprisionadas na
matriz de eugenolato de zinco aumentam a resistência mecânica do cimento.

Reação de Presa OZE


Caro aluno, para que você possa se lembrar de qual cimento estamos tratando neste momento,
podemos dizer que o eugenol é a substância que caracteriza o cheiro presente nos consultórios
odontológicos. Existem 3 diferentes tipos de cimentos de óxido de zinco e eugenol. Cada um deles possui
particularidades que os fazem ter indicações distintas. Temos à disposição do dentista os cimentos de OZE
tipo l, OZE tipo ll e OZE tipo lll. No Brasil, utilizamos especialmente os cimentos tipo l e ll. Existem
diferenças importantes entre os tipos de OZE e essas diferenças modificam consideravelmente as indicações
desses materiais. Os cimentos tipo ll possuem partículas de resina polimerizada misturadas ao pó. A
incorporação dessas partículas melhora as propriedades mecânicas do material, tornando-o mais resistente
que o OZE tipo l, que é composto unicamente por óxido de zinco e eugenol sem partículas de reforço. Outra
diferença importante diz respeito à composição do líquido. No OZE tipo ll além do eugenol e demais
componentes, há a presença de água e do ácido acético. Logo, assim que iniciamos a mistura do pó ao
líquido do OZE tipo ll, inicia-se também a reação de presa, pois moléculas de água necessárias à reação já
estão sendo fornecidas na composição do material. O OZE tipo lll também possui partículas de resina no pó
e moléculas de água e ácido acético no líquido. E, além disso, possui moléculas do ácido etoxi-benzóico
(EBA) que reforçam ainda mais o material, melhorando suas propriedades. No entanto, como já dissemos é
pouco utilizado por dentistas brasileiros.

Propriedades: Os cimentos de OZE possuem propriedades que os permitem ser indicados como
agentes de proteção do complexo dentina-polpa e, nesta condição, são indicados como bases cavitárias e/ou
materiais restauradores provisórios. Estas mesmas propriedades também fazem com que sejam utilizados
como agentes de cimentação. Em geral, possuem bom vedamento marginal, característica importante para
prevenir a ocorrência de microinfiltração na interface dente/restauração. São bons isolantes térmico e
elétrico, possuem baixa resistência mecânica, com exceção dos OZE tipo ll e lll, baixa solubilidade aos
fluidos bucais, possuem ação antibacteriana em função da presença do eugenol, um óleo essencial com
características antimicrobianas, anódinas ou analgésicas e anti-inflamatórias. No entanto, não podem ter
contato direto com o tecido pulpar exposto, pois o eugenol pode causar irritabilidade à polpa.

Manipulação: O OZE tipo l deve ser manipulado através da mistura do pó com o líquido em uma
placa de vidro fina e uma espátula rígida n° 36. Não há uma proporção entre pó e líquido pré-definida.
Portanto, deve-se dispensar sobre a placa uma certa quantidade de pó e algumas gotas de líquido. A mistura
é feita com movimentos vigorosos, e por isso é necessário o uso de uma espátula rígida, que misturam o pó
com o líquido até a obtenção de uma massa consistente que se desprende da placa de vidro formando um
rolinho. Esse cimento só tem sua reação de presa iniciada quando em contato com a água. Portanto, mesmo
que você faça a mistura do pó ao líquido, o material não toma presa na placa de vidro. A reação só acontece
quando você inserir o material na cavidade e fornecer água, por exemplo, com uma bolinha de algodão. Em
contrapartida, o OZE tipo ll possui uma proporção pó/líquido já definida e que deve ser respeitada para que
seja possível obter as melhores propriedades do material. O fabricante fornece dosadores que nos auxiliam
na proporção. Deve-se dispensar uma medida do pó, dada pela “colherzinha” dosadora fornecida pelos
fabricantes e uma gota do líquido, medida pelo conta-gotas. A manipulação deste cimento deve ser feita da
mesma forma que aquela descrita para o OZE tipo l, ou seja, com movimentos vigorosos, utilizando uma
espátula rígida (n°36) em uma placa de vidro fina até a obtenção de uma mistura com consistência de uma
massa. Mas, vale aqui lembrar que como o OZE tipo ll possui água na sua composição, a reação de presa se
inicia ainda na placa de vidro. Portanto, caro aluno, seja ágil pois caso contrário você não conseguirá inserir
o material na cavidade!!!

Indicações: As indicações dos três tipos de cimentos OZE dependem das propriedades de cada um
deles. Dessa forma, logo abaixo vamos descrever as indicações de cada um deles:
OZE tipo l: como possui as menores propriedades mecânicas é indicado para a confecção de
restaurações provisórias de curta duração ou para cimentação provisória.

OZE tipo ll: possui partículas de resina que reforçam o material, dessa maneira, são indicados para a
confecção de bases cavitárias, restaurações provisórias de longa duração e cimentação permanente.

OZE tipo lll: como também possui as partículas de reforço, além do EBA, podem ser indicados para a
confecção de bases cavitárias, restaurações provisórias de longa duração e cimentação permanente. Ainda
são atualmente utilizados para a realização de retro-obturações endodônticas.

Qualquer um dos três tipos de OZE possuem como contra-indicações o seu uso em situações em que
houve uma exposição pulpar e quando opta-se por utilizar como material restaurador definitivo uma resina
composta. O eugenol quando em contato com a matriz resinosa de um polímero, impede ou interfere na sua
reação de polimerização, diminuindo o grau de conversão deste polímero e, desta forma, comprometendo
suas propriedades mecânicas. Logo, jamais deve-se utilizar um cimento de OZE para a confecção de uma
base cavitária em um dente que será restaurado com resina composta.

Quiz

1
Em relação ao cimento de óxido de zinco e eugenol (OZE), assinale a correta.

O cimento de OZE tipo l possui alta resistência mecânica e, por isso, é indicado para
restaurações provisórias de longa duração.

O eugenol faz com que este cimento seja o ideal para sua utilização como base em
restaurações de resina composta.

O cimento de OZE tipo l toma presa na placa de vidro.

O cimento de OZE tipo llI também é reforçado por resina, além do EBA (ácido etoxi-
benzóico).
Referências

Anusavice, K J; Shen, C; Rawls, H R. Philips Materiais Dentários, 12. Ed. – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013

Craig, R G; Sakagushi, R L; Powers, J M. Craig Materiais Dentários Restauradores, 13. ed. – Rio
de Janeiro: Elsevier, 2012

Van Noort, R. Introdução aos Materiais Dentários, 3. Ed. – Rio de Janeiro – Elsevier, 2010

Mondelli, J. Proteção do Complexo Dentino-pulpar, 1. Ed. – São Paulo – Artes Médicas, 1998

Navarro, M F L; Pascotto, R C. Cimentos de Ionômero de Vidro, 1. Ed. – São Paulo – Artes


Médicas, 1998

Estrela, C. Dor Odontogênica, 1. Ed. – São Paulo – Artes Médicas, 2001

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