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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
PROFESSORA: LOURDES CARVALHO
SEMESTRE: 2022.2

TEXTO REFLEXIVO

FELIPE AUGUSTO ALVES CORREIA LIMA


MATRÍCULA: 1594048

FORTALEZA-CE
2022
1

A partir das leituras dos textos disponibilizados na disciplina, pode-se pautar um


estudo preliminar sobre a infância na perspectiva de Philippe Ariès, traçando paralelos sobre a
história da infância de acordo com os estudos de Colin Heywood. Ademais, buscaremos neste
breve texto tratar sobre os conhecimentos adquiridos nas leituras proposta e nas discussões
proferidas em sala de aula.

1. A INFÂNCIA NA PERSPECTIVA DE PHILIPPE ARIÈS


Philippe Ariès, importante historiador e medievalista francês da família e infância,
foi o pioneiro, a destacar a importância da construção do conceito de infância com seu livro
História Social da Criança e da Família, na década de 1960. Ariès destaca que durante muito
tempo o conceito de infância e, consequentemente, a criança não era vista como um ser em
desenvolvimento, mas sim como um adulto em miniatura, sendo um período curto no
desenvolvimento do indivíduo, considerava, portanto, a infância como uma invenção da
modernidade, período que marca o surgimento da burguesia e que vai de 1453 à 1789.
Em seu livro, o autor chama a atenção para os altos índices de mortalidade infantil
daquela época, destacando que quando a criança superava esse período em que sua
sobrevivência era improvável, ela se confundia com os adultos (ARIÈS, 1986). Evidencia o
fato de que entre os sécs. XVI e XVII um novo sentimento da infância surge, pela sua
ingenuidade, gentileza e graça tornando ela uma fonte de distração e relaxamento para o adulto.
De acordo com Ariès (1986), dois sentimentos se destacam neste período: o primeiro, é o da
“paparicação”; e o segundo diz respeito dever do adulto de preservar a inocência e fortalecer a
fraqueza advinda da infância. Outro ponto fundamental da obra de Ariès (1986) é a inserção da
etapa da escola, pois é durante o final do séc. XVIII e início do séc. XIX que esta etapa
intermediária entre a criança e o adulto foi criada, ademais o autor destaca que quando o colégio
não prolongava a infância ou quando não era ofertado para as mulheres, nada mudava em
comparação com a Idade Média. Um ponto importante a se destacar na obra de Ariès (1986) é
o fato de o autor salientar a divisão que ocorreu em âmbito escolar a partir do séc. XVIII com
o liceu ou o colégio sendo destinado aos burgueses (o secundário) e a escola para o povo (o
primário).
Importante destacarmos a importância da obra de Ariès para o desenrolar das
discussões sobre a infância, fato este que no Brasil só começa a ser discutido a partir dos anos
de 1990.
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2. A "HISTÓRIA DA INFÂNCIA", SEGUNDO OS ESTUDOS DE HEYWOOD


De acordo com Kuhmann Júnior (2005), em sua resenha sobre a obra Uma história
da infância: da idade média à época contemporânea no ocidente (2004), Colin Heywood busca
em seu livro desmistificar a concepção de infância criada por Ariès, expondo nas três partes do
livro as diversas concepções de infância em tempos e lugares diferentes. Para Heywood (2004),
diferentes concepções de infância foram descobertas ao longo da história da humanidade, dando
destaque ao período histórico que vai do séc. VI até o início do séc. XX. Durante este período,
diferentes características foram evidenciadas pelo autor nas relações que a criança tinha com a
sociedade, respeitando cada um de seus momentos históricos, dentre elas se destacam: o avanço
da medicina; a relação entre pais e filhos – principalmente do desmame aos sete anos de idade
–; a relação das crianças com o mundo do trabalho; a criação de regulamentações específicas
sobre a questão do trabalho infantil; a alimentação das crianças e adolescentes – que se
caracterizava pelo aumento relativo entre adolescentes do séc. XVIII e de meados do séc. XX
-; além da educação. É importante salientar, que para Heywood (2004), a emergência social da
criança no séc. XVIII ocorreu devido as obras de John Locke – a criança como um quadro em
branco –, Jean Jacques Rousseau – a criança nasce pura e ingênua –, e dos primeiros românticos
– as crianças como portares de sabedoria, sensibilidade e estética apurada. Heywood (2004),
ressalta também que em todos esses momentos a desigualdade social se faz marcante,
diferenciando o tratamento entre crianças de nobres e servos e burgueses e trabalhadores. Por
fim, Kuhmann Júnior (2005) alerta para certos limites e erros de tradução que o livro possui,
destacando o fato de a história ocidental do livro deixar de fora o hemisfério sul.
Conclui-se que os textos fomentam nosso entendimento sobre a infância a partir da
perspectiva de diferentes autores, levando em conta o tempo histórico, cabendo a nós pedagogos
em formação o correto entendimento sobre essas diferentes perspectivas.
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REFERÊNCIAS

ARIÈS, Philippe. Os Dois Sentimentos da Infância. História Social da Criança e da


Família. Tradução: Dora Flaksman. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 152-159.

ARIÈS, Philippe. A Escola e a Duração da Infância. História Social da Criança e da


Família. Tradução: Dora Flaksman. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. p. 183-191.

BEZERRA LINS, Samuel Lincoln et al. A compreensão da infância como construção sócio-
histórica. Revista CES Psicología, v. 7, n. 2, julio-diciembre, 2014, p. 126-137, Universidad
CES Medellín, Colombia. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/4235/423539424010.pdf. Acesso em: 30 ago. 2022.

HEYWOOD, Colin. Uma história da infância: da idade média à época contemporânea no


ocidente. Porto Alegre: Artmed, 2004, 284 p. Resenha de: KUHMANN JÚNIOR, Moysés.
Cadernos de Pesquisa, v. 35, n. 125, p. 239-242, maio/ago. 2005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cp/a/TQgx5RMHkwGHdJXJtN6ynVg/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 04 set. 2022.

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