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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

ANNA CAROLINA DE SOUZA NICOLLI DE AZEREDO

DANIELLY FERREIRA SILVA CYPRIANO

RELATÓRIO 5 - LÍQUIDOS PARCIALMENTE MISCÍVEIS: FENOL EM


ÁGUA

Disciplina: Físico-Química II

Professor: Breno Nonato de Melo

SÃO MATEUS

2021
1. OBJETIVOS
Esse relatório visa analisar o comportamento da mistura parcialmente
miscível fenol-água através do diagrama de fases líquido-líquido.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

Fez-se necessário o uso dos seguintes materiais:

• Água destilada;
• Fenol;
• Bureta;
• Pipeta
• Becker;
• Balança Analítica;
• Tubos de ensaio;
• Termômetro;
• Chapa aquecedora;

A princípio, foi adicionado 2,8 g de fenol em dois tubos de ensaio e 1,2 g


de fenol a outros dois tubos. Com o auxílio de uma bureta, adicionou-se a
massa de água necessária em cada tubo.
Preparou-se previamente dois sistemas, um becker com água posto em
cima de uma chapa de aquecimento e outro com água fria. Em seguida, foi
inserido o tubo de ensaio, juntamente com um termômetro, dentro do becker
com água aquecida, até que a solução se tornasse homogênea. Através de
uma leve agitação, atingiu-se a homogeneidade, a temperatura de
transparência foi anotada e retirou-se a solução do aquecimento colocando-a
no becker com água fria e assim que turvação se iniciou, foi anotada a sua
temperatura.
Essas medidas foram realizadas em duplicata, a fim de obter valores
mais precisos e que não assumissem uma variação de temperatura (ΔT) maior
que 1°C, para qualquer variação fora dessa faixa precisou-se repetir o
experimento. Após os cuidados tomados e todas as temperaturas anotadas
tem-se os dados necessários para construção de um diagrama de fases.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela abaixo apresenta as massas obtidas de fenol e água nos quatro


tubos de ensaio.
Tabela 1 – Tubos com massa de fenol previamente pesadas e as respectivas massas
de adição de água.

Adição de água (g)


Tubos Massa(g) Fenol
1ª 2ª 3ª

1 2,8 1,2 0,7 0,9

2 2,8 4,2 0,4 0,8

3 1,2 2,5 0,3 0,8

4 1,2 4,8 2 -

Após o procedimento realizado, descrito anteriormente, para cada tubo,


obteve-se os seguintes dados:
Tabela 2 – Temperaturas de transparência, turvamente e suas respectivas médias para
cada adição de água.

Fenol Água Mistura TTransparência TTurvamento Temperatura


Tubos
(g) (g) (g) (°C) (°C) Média (°C)

1,2 4 33,00 32 32,5

1 2,8 0,7 4,7 50,00 49 49,5

0,9 5,6 64,00 63 63,5

4,2 7 70,00 69 69,5

2 2,8 0,4 7,4 71,00 70 70,5

0,8 8,2 69,00 68 68,5

2,5 3,7 70,00 69 69,5

3 1,2 0,3 4 69,00 68 68,5

0,8 4,8 67,00 66 66,5

4,8 6 66,00 65 65,5

4 1,2 2 8 63,00 62 62,5


- - -

4
O volume de água corresponde, consequentemente, às respectivas
massas de água, visto que a densidade (ρágua) da água a temperatura ambiente
pode ser considerada igual a 1g/cm3
Para calcular a composição mássica do fenol em água, primeiramente, é
necessário encontrar a massa total da mistura, conforme a equação abaixo
mmist = mágua + mfenol (1)

Posteriormente, utilizou-se a relação da fração molar abaixo


Xfenol = mfenol / mmist (2)

Com esses cálculos realizados para cada um dos valores expostos


anteriormente, obtém-se:
Tabela 3 – Composição mássica do fenol para cada tubo e sua respectiva temperatura
média.

X fenol Temperatura Média


Tubos Fenol (g) Água (g) Mistura (g)
(%mm) °C

1,2 4 70,00 32,5

1 2,8 0,7 4,7 59,57 49,5

0,9 5,6 50,00 63,5

4,2 7 40,00 69,5

2 2,8 0,4 7,4 37,84 70,5

0,8 8,2 34,15 68,5

2,5 3,7 32,43 69,5

3 1,2 0,3 4 30,00 68,5

0,8 4,8 25,00 66,5

4,8 6 20,00 65,5

4 1,2 2 8 15,00 62,5

Com os dados da tabela 3, foi possível montar um gráfico que relaciona a


temperatura com a composição mássica do fenol. Com o ajuste de curvas,
obtém-se a curva de miscibilidade entre os compostos estudados. Com esta
curva (figura 1), pode-se comparar os valores teóricos com os obtidos
experimentalmente.

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Diagrama fenol-água
80
70
60
Temperatura (°C)

50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
x fenol (%mm)

Figura 1 – Melhor curva de distribuição da temperatura de transição pela composição mássica


de fenol.

Ao analisar o gráfico, nota-se que a substância analisada é parcialmente


miscível, ou seja, os líquidos não se solubilizam mutuamente em todas as
temperaturas e proporções (Atinks, 2008).
. Os pontos acima desta curva indicam que há somente a presença de
uma única fase, isto é, o fenol e água encontram-se completamente miscíveis.
Já a região abaixo da curva indica que coexistem duas fases, logo, são
imiscíveis.
A temperatura crítica superior de solução (TCS), é a temperatura mais
elevada que pode haver separação de fases. Acima da temperatura crítica
superior, os dois componentes são completamente miscíveis. Em termos
termodinâmicos, essa temperatura existe porque a energia do movimento de
agitação térmica supera qualquer ganho de energia potencial que as moléculas
possuem para permanecerem juntas (Atkins,2008), ou seja, a energia cinética
das moléculas torna a miscibilidade um ganho para a solução, ocorrendo de
forma favorável à reação. Sabendo que:

LIMPIDA/TRANSPARENTE → 1 fase

TURVO → segregou-se em 2 fases

Logo, a temperatura crítica superior de solução (TCS) será


aproximadamente 70°C. A miscibilidade do sistema fenol-água está na
contribuição do dipolo-dipolo e ligação de hidrogênio, interação forte do tipo
endotérmica, assim, abaixo da TCS as forças intermoleculares não são
totalmente desfeitas, por isso há separação em duas fases. Já, a partir da
temperatura crítica, as forças intermoleculares são menores do que a força que
a temperatura exerce sobre a solução, ocasionando no rompimento das ligações
intermoleculares, logo, passa a conter somente uma única fase.
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A TCS encontrada corresponde a 70°C a uma fração molar de fenol de
0,3784. Entretanto, a TCS teórica, para a mesma solução fenol/água, tem o valor
de 65,85ºC (Castellan, 2008), por conseguinte, fez-se necessário calcular o erro
relativo:
Erro Relativo = ((Te – Tt) / Tt) x 100% (3)
= ((70 - 65,85) / 65,85) x 100%
Erro Relativo = 6,30 %
A fim de encontrar a proporção molar de uma solução proposta com 4 g
de fenol e 6 g de água a 50ºC, realizou-se uma análise do diagrama previamente
apresentado em que, e a partir da regra da alavanca, uma regra que
complementa o entendimento e análise da microestrutura prevista pelo diagrama
de fases, pode-se traçar uma reta horizontal e obter os valores nos limites de
fronteira de cada fase, conforme ilustrado na figura 2.

Diagrama fenol-água
80

70

60
Temperatura (ºC)

50

40

30

20

10

0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Fração mássica de fenol

Figura 2 – Diagrama da linha de amarração entre a mistura fenol-água

Logo à direita e à esquerda da região em questão, é dada por:


ηα.lα=ηβ.lβ (4)
temos que os valores limites são:
l α = 0,06 , α= água
l β = 0,6 , β = fenol
n α .I α = n β .I β ---> n α /n β = I β /I α
n α /n β = (0,6 – 0,40) / 0,40 – 0,06)

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n α /n β = 0,588
n α * 1/0,588 = n β
1,7n α = n β
De acordo com os cálculos acima, nota-se que na fase n α (rica em água)
é 1,7 vezes mais abundante que n β (rica em fenol).
Sabe-se que a saturação de fenol em água é de 11% em peso e que a
saturação de água em fenol é de 37% em peso, ou seja:
Fase alfa (à esquerda do ponto): Xfenol = 0,11; Xágua = 0,89
Fase beta (à direita do ponto): Xfenol = 0,63; Xágua = 0,37
Portanto, o sistema constituído de 4 g de fenol e 6 g de água, na
temperatura de 50 ºC, é composto por:
Na fase alfa:
Xfenol= 0,693 g Xágua= 5,603 g
Na fase beta:
Xfenol= 2,333 g Xágua= 1,370 g

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4. CONCLUSÕES
Primeiramente, é importante salientar que como o diagrama de fases foi
construído experimentalmente, estas conclusões não se baseiam em quaisquer
hipóteses sobre a idealidade (Atinks, 2008).

Observando-se a tabela 2, foi possível analisar que um diagrama de fases


resume as propriedades temperatura-composição de um sistema binário e tona
a análise dos dados mais evidente. Dessa forma, fazendo uso da regra da
alavanca foi possível encontrar a limiar entre as fases deste experimento de
líquidos parcialmente miscíveis.

Também foi possível analisar a temperatura crítica superior de solução,


podendo, assim, concluir que na mistura fenol-água acima de 70°C tem-se uma
solução estável e coesa, de modo que se obteve um diagrama de fases conciso
com um mediano erro relativo e com dados experimentais próximos à exatidão.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, P.W. & PAULA, J. Atkins: Físico-química, Vol 1. Tradução Edilson Clemente
da Silva. et. al. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
Castellan, G. - Fundamentos de Físico-química – LTC, 2008.
MATENCIO, TULIO. DOMINQUES, ROSANA. VAL, M. AMÉLIA. Diagramas de fase.
Disponível em:
https://www.ufjf.br/quimicaead/files/2013/09/FQ_II_Diagramasdefase.pdf

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