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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS

DETERMINAÇÃO DO DIAGRAMA DE FASE LÍQUIDO-LÍQUIDO DE


UMA MISTURA DE ÁGUA E FENOL

Disciplina: Físico-Química II

Professor: Breno Nonato

Aluno: Léo d’Ávila Bisi Guimarães

SÃO MATEUS – ES – 2023


1. INTRODUÇÃO
Um grande contribuidor para o estudo da termodinâmica e da físico-química foi o
cientista Josiah Willard Gibbs que, com as suas pesquisas, aplicou a segunda lei da
termodinâmica em discussões sobre as relações entre energia química, elétrica e
térmica na produção de trabalho (CESAD - UNIVESIDADE DE SERGIPE, [s.d.]). Uma
de suas pesquisas foi a regra de fases de Gibbs, que permitiu o cálculo do número de
fases que podem coexistir em equilíbrio em qualquer sistema, representando o efeito
da variação da temperatura, pressão e composição sobre o sistema. Sendo sua
expressão matemática:
𝐹 = 𝐶−𝑃+𝑁 (1)
onde C é o número de componentes do sistema, P é o número de fases, F é o grau
de liberdade que as variáveis intensivas têm de serem independentes, ou seja, podem
ser alteradas sem modificar o número de fases e N o número de variáveis não
relacionadas à composição, como a temperatura e pressão (CALLISTER; DAVID
RETHWISCH, 2014). Portanto, em uma mistura de fenol e água temos dois
componentes. Tratando-se de dois líquidos parcialmente miscíveis hora temos uma
única fase outrora temos duas fases, então para a eq. (1) temos que N = 1, visto que
o sistema está na pressão atmosférica e C = 2, resultando em F = 1 para P = 2, ou F
= 2 para P = 1.
Por conseguinte, quando uma mistura binária de líquidos parcialmente miscíveis está
totalmente solubilizada, o sistema possui uma fase, a composição e a temperatura
variam independentemente uma da outra, sem que se modifique o número de fases,
e quando se separam em duas fases a temperatura e a composição dependem uma
da outra para manter o equilíbrio dessas duas fases. Ou seja, líquidos parcialmente
miscíveis se solubilizam em determinadas proporções e temperaturas e não se
solubilizam em outras, contendo apenas porções saturadas de cada substância em
cada fase distinta (ATKINS; DE PAULA, 2014).

2. OBJETIVO
Neste relatório objetiva-se construir a curva da solubilidade de dois líquidos
parcialmente miscíveis e determinar a temperatura crítica de solubilidade a partir da
curva e obter a composição de cada fase das amostras 4 e 9, assim como discorrer
sobre a teoria aprendida.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Utilizou-se Erlenmeyer, proveta, termômetros, chapa de aquecimento, béquer com
gelo e água, fenol e água destilada para a preparação do experimento. No início
colocou-se massas de fenol em três Erlenmeyer distintos. Para o primeiro Erlenmeyer
foi adicionado 4mL de água e o agitou até dissolver o fenol sólido, após isso colocou-
se um termômetro no Erlenmeyer, que permaneceu mergulhado no sistema durante
todo o processo. Sendo assim, a mistura foi colocada em banho maria, agitando
regularmente a mistura, até que ficasse homogênea e, retirando do aquecimento e
deixando resfriar lentamente, esperou-se a mínima aparição de uma opalescência,
indicando uma separação de fases no líquido, para anotar a temperatura em que isso
ocorreu. Adicionou-se água a este mesmo Erlenmeyer e repetiu o processo para cada
adição de água, obtendo duplicatas de cada temperatura em que houve separação de
fase. Repetiu-se o processo para os outros Erlenmeyer. Os volumes iniciais de água,
as adições de água e as massas de fenol estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Volume iniciais, adição de água e a massa de fenol em cada Erlenmeyer.


Erlenmeyer Amostra Massa de fenol/g Volume de
água/cm³
1 4,0
1 2 +1,0
3 10,0077 +3,0
4 +4,0
5 7,5
6 +1,5
2 7 5,0376 +3,0
8 +3,0
9 +3,0
10 12,5
11 +4,0
3 12 2,5121 +6,0
13 +7,0

Ao fim do experimento colocou-se a amostra 4 (Figura 1) e a amostra 9 (Figura 2) de


repouso, em provetas separadas, para a análise da composição das fases formadas.
Após dois dias os volumes das fases foram anotados a uma temperatura de 26ºC e
estão representados na Tabela 2.
Tabela 2 – Volume da fase aquosa e da fase rica em fenol das amostras 4 e 9,
coletados a 26ºC.
Amostra Volume da fase aquosa/ Volume da fase rica em
mL fenol/ mL
4 8,5 12,0
9 17,5 4,5

Figura 1 – Amostra 4 após o repouso. Figura 2 – Amostra 9 após repouso.


4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Curva de solubilidade e temperatura consoluta
As temperaturas obtidas estão descritas na Tabela 3.

Tabela 3 – Temperatura e concentração de fenol obtida em cada amostra.


Temperatura/ºC Concentração
Erlenmeyer Amostra 1º resfriamento 2º resfriamento Média de fenol/%m/m
1 21,0 21,5 21,3 71,45
1 2 41,0 41,0 41,0 66,68
3 60,0 59,0 59,5 55,54
4 64,3 64,3 64,3 45,47
5 66,0 66,0 66,0 40,18
6 66,0 66,0 66,0 35,89
2 7 66,5 66,5 66,5 29,57
8 65,0 65,0 65,0 25,14
9 64,0 64,0 64,0 21,87
10 59,0 59,0 59,0 16,73
11 54,0 54,0 54,0 13,21
3 12 43,0 44,0 43,5 10,04
13 31,0 31,0 31,0 7,85
Erro - - - ±7,4 ±10,36

O cálculo da concentração do fenol foi feito dividindo a massa do fenol pela massa
total do sistema, tal que

𝑚𝑓𝑒𝑛𝑜𝑙
[𝑓𝑒𝑛𝑜𝑙] = . 100
𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Considerando a densidade da água como 1g/cm³ a massa total é, 𝑚𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑚𝑓𝑒𝑛𝑜𝑙 +


𝑚á𝑔𝑢𝑎 .
Então, a partir dos valores obtidos é possível construir a curva de solubilidade do fenol
(Figura 3) ajustando o comportamento da variação da temperatura com a
concentração de fenol pela regressão polinomial.
Figura 3 – Diagrama de fase líquido-líquido, curva de solubilidade do fenol.
70

60

50
Temperatura/ºC

40

30

20

10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
%m/m de fenol

Portanto, para a curva de solubilidade, obtemos uma equação que melhor se adequa
ao seu comportamento, conferida pelo coeficiente de linearidade quadrático,
representados abaixo,

𝑦 = −0,00004 𝑥 4 + 0,0062 𝑥 3 − 0,3663 𝑥 2 + 9,3817 𝑥 − 21,087; 𝑟² = 0,995

tem-se ponto de máximo em (27,15; 65,96), ou seja, sua temperatura consoluta é em


66,0±7,9ºC.

4.2 Composição das amostras 4 e 9


A partir do gráfico obtido podemos determinar a composição de cada fase pela linha
de amarração. Então para a amostra 4 (Figura 1) e amostra 9 (Figura 2) temos a
Figura 4.
Figura 4 – Linha de amarração da amostra 4 e amostra 9 na curva de solubilidade
água-fenol.

Onde “𝑎” representa a composição total da amostra 4 à 26ºC, “𝑏” representa a


composição total da amostra 9 à 26ºC, 𝑙∝ representa a fase aquosa e 𝑙𝛽 representa a
fase rica em fenol das amostras. A composição da fase rica em fenol e da fase aquosa
é dada por 𝑥𝛽 e 𝑥∝, respectivamente. Portanto, tem-se que 𝑥𝛽 = (66,00 ± 10,36)% e
𝑥𝛼 = (6,49 ± 10,36)%. Considerando a densidade da água sendo 1g/cm³ a
composição de cada fase das amostras é calculada, obtendo a Tabela 4.

Tabela 4 – Massa de fenol e água das fases formadas nas amostras 4 e 9.


Amostra Massa de fenol da Massa de água Massa de fenol da Massa de água da
fase aquosa/g da fase aquosa/g fase rica em fenol/g fase rica em fenol/g
4 0,55165 7,94835 9,45605 4,05165
9 1,13575 16,36425 3,86425 1,63575

Com isso tem-se que a saturação de fenol em água é de 6,49±10,36%m/m e a


saturação de água em fenol de 29,763±10,36%m/m. Comparando com os valores
teóricos tem-se que para a saturação de fenol em água é 11%m/m e para a saturação
da água em fenol é 37%m/m, considerando o erro nas saturações encontradas os
valores condizem com os teóricos.

5. CONCLUSÃO
Conclui-se então que a mistura de água e fenol é formada por líquidos parcialmente
miscíveis que possuem temperatura consoluta em 66,0±7,9ºC, tendo como uma
equação de quarto grau que melhor descreve o comportamento da mistura e que a
26,0ºC a solubilidade de fenol em água é 6,49±10,36%m/m e a saturação de água
em fenol de 29,763±10,36%m/m, sendo válida a resposta diante do erro, comparando
com os valores encontrados na literatura.

6. REFERÊNCIAS
CALLISTER, W. D.; DAVID RETHWISCH, J. G. MATERIALS SCIENCE and ENGINEERING. 9a ed. ed. Denver:
MILEY, 2014.
CESAD - UNIVESIDADE DE SERGIPE. DIAGRAMA DE FASES BINÁRIO META. [s.l.] CESAD - Universidade
de Sergipe, [s.d.].
ATKINS, Pter; DE PAULA, Julio. Físico-Química 1. 9. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2014. 386
p. v. 1. ISBN 978-85-216-2104-1.

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