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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Química

Revista Descomplicando a Termodinâmica

Grupo 2
Estudo experimental da Solubilidade.
Francisca Iara A. Francoa,⁎ , Raquel S. Medeirosa,
a
Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal

I N F O R M A Ç Õ ES RESUMO

Palavras-chave: A solubilidade é a aptidão que um corpo ou matéria tem de se dissolver, ou não, em


Temperatura, determinado tipo de líquido. A temperatura tem influência direta na solubilidade, explicada
dissolução, diluição, pelo Princípio de Le Chatelier. Se o processo é endotérmico, o aumento da temperatura
endotérmico, será proporcional ao aumento da solubilidade. Se o processo for exotérmico, o aumento de
exotérmico.
temperatura diminuirá a solubilidade. O objetivo deste estudo é analisar o comportamento
da solubilidade do cloreto de potássio em diferentes temperaturas. Para isso, utilizou-se
um reator com agitador magnético, no qual foram analisadas as temperaturas a cada 10
segundos até completar 430 segundos de análise para ensaios de 25°C, 30°C e 35°C. Com
os dados de temperatura e tempo tabelados, foram plotados gráficos de dissolução-diluição
para cada ensaio. O tempo de dissolução do sal foi obtido com a intersecção das equações
dos gráficos e, com a vazão conhecida da água, determinou-se a quantidade de água
adicionada à mistura, o que nos permite calcular os valores do coeficiente de solubilidade
para cada temperatura. Concluiu-se que a solubilidade do KCl é um processo endotérmico,
aumentando à medida que a temperatura também aumenta. Contudo, o resultado para o
ensaio de 30ºC não foi o esperado, visto que o valor da sua solubilidade foi menor do que
a solubilidade a 25ºC.


Autor correspondente (Francisca Iara A. Franco). E-mail: iaraaraujof20@gmail.com .

1. Introdução

A solubilidade é definida pela quantidade máxima de soluto que pode se dissolver em uma certa quantidade de
solvente ou quantidade de solução a uma temperatura ou pressão especificada (no caso de solutos gasosos). A temperatura
tem grande influência na solubilidade que pode ser explicado com base no Princípio de Le Chatelier.
O Princípio de Le Chatelier afirma que se um estresse (por exemplo, calor, pressão, concentração de um reagente)
for aplicado a um equilíbrio, o sistema se ajustará, se possível, para minimizar o efeito do estresse. Esse princípio é valioso
para prever o quanto um sistema responderá a uma mudança nas condições externas. Considere o caso em que o processo
de solubilidade é endotérmico (adição de calor). Um aumento na temperatura coloca uma pressão sobre a condição de
equilíbrio e faz com que ela se desloque no sentido da reação endotérmica. O estresse é aliviado porque o processo de
dissolução consome parte do calor. Portanto, a solubilidade aumenta com o aumento da temperatura. Se o processo for
exotérmico (calor liberado), um aumento de temperatura diminuirá a solubilidade deslocando o equilíbrio para o sentido
exotérmico da reação.
O processo de solubilidade pode ser compreendido por duas etapas: dissolução e diluição. Quando um soluto é
misturado com um líquido, ele desaparece completamente, o que denominamos de dissolução. Enquanto a diluição induz
uma mudança na concentração de um corpo sólido ou líquido pela adição de um solvente. Sua realização é feita
experimentalmente por um reator com agitador magnético que possui diversas aplicações na indústria.
Nas operações farmacêuticas, a dissolução busca disponibilizar ao organismo, no menor tempo possível, os princípios
ativos de produtos e medicamentos. Na indústria alimentícia, a dissolução de sal ou açúcar nos produtos acabados é
realizada de acordo com o gosto do consumidor e requer uma homogeneização perfeita. Na perfumaria, a dissolução do
perfume de uma planta em um solvente (que é então evaporado) é um processo amplamente utilizado.
O objetivo deste trabalho é analisar o comportamento da solubilidade do cloreto de potássio (KCl) em diferentes
temperaturas.
2. Metodologia

2.1 Procedimento Experimental

2.1.1 Obtenção e preparo das amostras

Para a realização do experimento foi necessário a preparação de 3 amostras de 8,0 gramas cada, com a mistura de 35%
de KCl, o equivalente a 2,8 gramas, e 65% de água destilada, que é 5,2 gramas. Todas as medidas foram pesadas na
balança analítica e as misturas feitas em béqueres.

2.1.2 Aparelhagem e obtenção das curvas de temperatura da fase líquida

Os equipamentos utilizados na etapa de obtenção das curvas de temperatura são todos automatizados e consiste
fundamentalmente em um agitador magnético, reator de mistura, bureta automática dosimat 725, banho termostático,
controle de fluxo de adição de solvente e mangueiras alimentadoras.
Esta etapa do procedimento iniciou-se inserindo cerca de 5 mL de água destilada no reator para que fosse possível
haver o favorecimento da área de troca térmica banho-mistura. Em seguida, uma das amostras preparadas na etapa anterior
foi transferida para uma célula junto com um peixinho (agitador magnético), onde esta foi alocada no reator.
Posteriormente, o banho termostático foi ligado e ajustado sua temperatura para 25°C, a bureta automática foi acertada
para condições de 0,8 mL/min e por fim o tubo de alimentação da bureta foi inserido na célula com a mistura de KCl e
água.
Após verificar toda a aparelhagem, os valores de temperatura começaram a ser anotados de 10 em 10 segundos até
completar 430 segundos de análise. Todo esse esquema foi feito também para a análise do banho termostático estando em
30°C e 35°C.

2.2 Procedimento Pós-Experimental

Os dados obtidos no procedimento experimental foram todos registrados e alocados na tabela 1 abaixo para em seguida
ser feita toda a discussão sobre as determinações.

Tabela 1. Dados experimentais para os três ensaios.


Tempo (s) T25 (°C) T30 (°C) T35 (°C) Tempo (s) T25 (°C) T30 (°C) T35 (°C) Tempo (s) T25 (°C) T30 (°C) T35 (°C)
0 25,1 29,9 34,9 150 23,9 28,2 33,1 300 24,7 29,2 34,2
10 24,9 29,5 34,5 160 23,9 28,2 33,2 310 24,9 29,2 34,3
20 24,6 29,2 34,2 170 24,1 28,2 33,3 320 24,9 29,3 34,3
30 24,5 29,1 34 180 24,1 28,2 33,3 330 24,9 29,3 34,3
40 24,3 28,9 33,8 190 24,1 28,2 33,5 340 24,9 29,3 34,3
50 24,3 28,8 33,7 200 24,1 28,3 33,6 350 24,9 29,3 34,4
60 24,2 28,6 33,5 210 24,2 28,4 33,8 360 24,9 29,4 34,4
70 24,1 28,5 33,4 220 24,3 28,5 33,8 370 25,1 29,4 34,4
80 24,1 28,5 33,3 230 24,3 28,6 33,9 380 25,1 29,4 34,4
90 24,1 28,4 33,3 240 24,4 28,7 34 390 25,1 29,4 34,5
100 24,1 28,3 33,2 250 24,5 28,9 34,1 400 29,5 34,5
110 24 28,3 33,2 260 24,7 28,9 34,1 410 29,5 34,5
120 24 28,2 33,1 270 24,8 29 34,2 420 29,5
130 23,9 28,2 33,1 280 24,7 29,1 34,2 430 29,5
140 23,9 28,2 33,2 290 24,8 29,2 34,2

3. Resultados e Discussão

3.1 Tempo de dissolução do sal


Com o uso de uma tréplica de uma solução, foi analisado o comportamento da solubilidade deste sal em diferentes
temperaturas. Sendo assim, com os dados coletados de temperatura e tempo foram plotados os gráficos de dissolução-
diluição para cada ensaio.
O gráfico abaixo mostra a curva de dissolução-diluição para o KCl a 25° C, onde obtivemos as equações y1= -0,0064
x + 24,741 para dissolução e y2= 0,005 x + 23,217 para diluição. A partir da intersecção das equações, pôde-se calcular
o tempo de dissolução do sal, bastando apenas igualar as duas. Na temperatura de 25°C o tempo de dissolução foi de
133,68 segundos, equivalente a 2,228 min.

Gráfico 1. Dissolução-diluição de KCl a 25°C.

Para a temperatura de 30°C, as equações encontradas no gráfico foram y1= -0,0075 x + 29,289 para dissolução e y2=
0,0049 x + 27,564 para diluição. O tempo de dissolução calculado a partir destas equações foi de 139,113 segundos, que
é igual a 2,318 min.

Gráfico 2. Dissolução-diluição de KCl a 30°C.

Na temperatura de 35°C, as equações identificadas foram y1= -0,0126 x + 34,474 para dissolução e y2= 0,00520 x +
32,572 para diluição. Tendo o valor do tempo igual a 106,85 segundos, sendo 1,78 min.
Gráfico 3. Dissolução-diluição de KCl a 35°C.

3.2 Solubilidade

Com os valores de tempo obtidos na etapa anterior, foi possível determinar os valores de solubilidade do KCl para as
três temperaturas analisadas. Conhecendo a vazão de água adicionada pela bureta automática e utilizando a equação da
vazão volumétrica V= v*t, conseguimos o valor do volume que, sendo multiplicado pela densidade como 0,997 g/cm³,
determinamos a quantidade de água que foi adicionada à mistura na célula. Assim, somou-se os valores iniciais de água
com os que foram adicionados, resultando na massa total utilizada. Para o ensaio de 25°C a massa total de água foi
equivalente a 6,977 g, no de 30° C foi de 7,048 e no de 35°C, 6,62.
A partir de proporções foi calculado o coeficiente de solubilidade para cada ensaio, dados em gramas de soluto por
100 gramas de água. Os valores encontrados foram, 25°C: 40,13 g/100g de água; 30°C: 39,72 g/100g de água e 35°C:
42,3 g/100 de água.

Gráfico 4. Solubilidade em função da temperatura.


4. Conclusões

O valor de solubilidade dos sais em água varia com o aumento ou redução da temperatura. Então, em geral, dissolve-
se mais em temperaturas maiores, mesmo havendo sais que se comportam de maneira inversa. O cloreto de potássio é
um sal que tem seu coeficiente de solubilidade proporcional à temperatura, ou seja, é um caso endotérmico na qual o
aumento da temperatura favorece a solução.
Em nosso experimento o ensaio de 25°C e 35°C, foram coerentes pois a solubilidade aumentou de acordo com o
aumento da temperatura, mas o comportamento da curva do ensaio de 30°C não foi o esperado, visto que ele deveria ter
dado um valor mais alto do que a solubilidade a 25°C.

Referências

1. SCIENTIFIC AMERICAN. Solubility Science:


How Much Is To Much. A saturanting science
Project from Science Buddies. Janeiro 17, 2019.
https://www.scientificamerican.com/article/solubi
lity-science-how-much-is-too-much/. Acesso em:
23/06/22.
2. THE EDITORS OF ENCYCLOPAEDIA
BRITANNICA. Solubility. Britannica.
https://www.britannica.com/science/solubility-
chemistry. Acesso em: 23/06/2022.
3. UNESP. Solubilidade. Roteiro de solubilidade.
UNESP, Campus de Franca, SP.

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