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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Química

Revista Descomplicando a Termodinâmica

Grupo 6
Estudo experimental da Ebuliometria.
Cecília E. Lima da Silvaa, Francisca Iara A. Francoa,⁎ , Raquel S. Medeirosa,
a
Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal

I N F O R M A Ç Õ ES RESUMO

Palavras-chave: A ebuliometria é uma propriedade coligativa que estuda a elevação do ponto de ebulição
Temperatura, solvente, de um solvente após a adição de um soluto não volátil. Essa temperatura é sempre maior
soluto propriedade na solução com o soluto não volátil se comparada com o solvente puro. Quando o ponto
coligativa. de ebulição de um líquido é elevado pela presença de um soluto não volátil, o novo valor
é diretamente proporcional ao número de mols da solução. Esta relação é conhecida como
Lei de Raoult. A equação mostra que, em soluções moleculares, a quantidade de moléculas
dissolvidas é a mesma de moléculas adicionadas. Em soluções iônicas, no entanto, este
valor varia, pois as moléculas sofrem ionização, sendo necessário um fator de correção,
conhecido como fator de correção de Van’t Hoff. Diante disto, este trabalho tem como
objetivo realizar o estudo experimental do efeito coligativo sobre a temperatura de ebulição
da água à diferentes quantidades de NaCl. O experimento consistiu em analisar
experimentalmente o ponto de ebulição de um sal quando usado em diferentes quantidades.
Usando o valor da temperatura do solvente puro como referência, foi possível calcular a
elevação da temperatura das soluções. Com os valores das massas e considerando que
ocorreu dissociação total do soluto, foi calculado a molalidade da solução. Por tratar-se de
uma solução eletrolíticas, utilizou-se o fator de correção de Van’t Hoff. Após análise, o
comportamento observado mostrou-se ser o esperado, com um erro experimental igual a
8,04%.


Autor correspondente (Francisca Iara A. Franco). E-mail: iaraaraujof20@gmail.com .

1. Introdução

Como bem se sabe, a ebulioscopia é uma propriedade coligativa que ocasiona a elevação da temperatura de um líquido
quando a ele se adiciona um soluto não volátil e não iônico.
A temperatura em que se inicia a ebulição do solvente em uma solução de soluto não volátil é sempre maior que o
ponto de ebulição do solvente puro (sob mesma pressão). Isso acontece porque a água, por exemplo, só entrará em ebulição
novamente se receber energia suficiente para que sua pressão de vapor volte a se igualar à pressão externa (atmosférica),
o que irá acontecer numa temperatura superior a 100°C.
Todas as propriedades coligativas são resultantes da redução do potencial químico do solvente líquido devido à
presença do soluto. A redução do potencial químico do solvente resulta em uma mudança da posição de equilíbrio sólido-
líquido e líquido-vapor. Estas mudanças das posições de equilíbrio resultam no abaixamento do ponto de congelamento
(abaixamento crioscópico) e na elevação do ponto de ebulição (elevação ebulioscópica).
Outro aspecto interessante é que se levarmos em conta a Regra de Trouton, que diz que a razão entre o delta de
vaporização sobre a temperatura (T*) é uma constante (85 Jmol-1K-1), a constante ebulioscópica passa a depender apenas
da temperatura de ebulição normal do solvente, T*, de modo que as maiores variações de temperatura ocorreram para
solventes com elevado ponto de ebulição.
Quando o ponto de ebulição de um líquido é elevado pela presença de um soluto não volátil, o novo valor é diretamente
proporcional ao número de mols da solução. Esta é a relação entre o efeito ebulioscópico e a concentração da solução,
mais conhecida como Lei de Raoult:
∆θ𝑒𝑒 = 𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾 = 𝜃𝜃𝜃𝜃 − 𝜃𝜃0 (eq. 01)

A equação mostra que, em soluções moleculares, a quantidade de moléculas dissolvidas é a mesma de moléculas
adicionadas - para solutos não-voláteis e não-iônicos.
Em soluções iônicas, no entanto, este valor varia, pois as moléculas sofrem dissociação iônica (ou ionização). Assim,
é necessário um fator de correção para essas situações, esse fator de correção é chamado de fator de Van’t Hoff.

∆θ𝑒𝑒 =𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾𝐾 [1 + 𝛼𝛼(𝑞𝑞 − 1)] (eq. 02)

Onde 𝑖𝑖 é o fator de correção de Van’t Hoff, 𝛼𝛼 é o grau de ionização do soluto e 𝑞𝑞 o número de íons produzidos pela
ionização de uma molécula do soluto.
A ebulioscopia tem ampla aplicação, seja nas indústrias ou no dia-a-dia da vida das pessoas. Nas indústrias de
fabricação de automóveis, por exemplo, utiliza-se o etilenoglicol, um anticongelante, na água do radiador dos veículos
para que, em locais mais frios, ela não congele. De mesmo modo aumenta o ponto de ebulição para que assim evite
transbordamentos. Outro exemplo de aplicação é o processo de refinamento do açúcar, no qual a elevação do ponto de
ebulição oferece uma maneira de monitorar o nível de saturação da solução, que é uma consideração importante para a
cristalização.
Diante dos conceitos abordados, este trabalho tem como objetivo realizar o estudo experimental do efeito coligativo
sobre a temperatura de ebulição da água a diferentes quantidades de NaCl.

2. Metodologia

2.1 Procedimento Experimental

O procedimento consistiu em analisar experimentalmente o ponto de ebulição de um sal quando usado em diferentes
quantidades. O primeiro ensaio foi utilizado um béquer contendo apenas 50 mL de água, este foi colocado em uma chapa
de aquecimento e com o auxílio de um termômetro foi medido o ponto de ebulição da água pura, esta temperatura será
usada como referência. Posteriormente, em outra vidraria foi pesado aproximadamente 5 g de NaCL e inseridos 50 mL
de água que também foi colocado sob aquecimento e medido seu ponto de ebulição. Esse processo foi repetido para massas
de 10 e 15 g de cloreto de sódio.

2.2 Procedimento Pós-Experimental

Os dados obtidos no procedimento experimental foram anotados e colocados na tabela 1 para serem feitas as análises.

Tabela 1. Temperatura de ebulição e massa do soluto.

Usando o valor da temperatura do ensaio 1 como referência, foi possível calcular a elevação da temperatura das
soluções pela equação: Δte = t-t2, onde t é a temperatura de ebulição do solvente na solução e t2 a temperature de ebulição
do solvente puro.
Com os valores das massas e considerando que ocorreu dissociação total do soluto, foi calculado a molalidade da
solução pela fórmula: W= m1/(m2*M1), onde m1 é a massa do soluto, m2 massa do solvente e M1 a massa molar do
soluto. Em concentrações idênticas, soluções que são eletrolíticas conferem efeitos coligativos maiores do que as que não
são eletrolíticas, pois em soluções do primeiro tipo, as moléculas do soluto se dividem em íons. Então, faz-se necessário
um fator de correção para esses casos, conhecido como fator de Van’t Hoff, calculado pela fórmula: i = 1 + α(q-1), onde
α é o grau de dissociação e o q quantidade de íons gerados.

3. Resultados e Discussão

Os dados obtidos da temperatura de ebulição e molalidade referente a cada ensaio foram rearranjados na tabela 2,
abaixo:

Tabela 2. Temperatura de ebulição e molalidade.

Sendo assim, com os dados coletados de temperatura e molalidade foi plotado o gráfico de temperatura de ebulição x
molalidade para o experimento, que mostra um favorável ajuste linear para o conjunto de dados do experimento. Dessa
forma, obtivemos a equação da reta Δte= 0,551*x + 3,19E-03 e o valor de R²= 1, o qual comprova a afirmação de um
bom ajuste linear.

Gráfico 1. Temperatura de ebulição x W*i.

Desse modo, o coeficiente angular da equação da reta, será justamente o valor da constante ebulioscópica
experimental. Assim, como a constante ebulioscópica teórica e a experimental, calculamos o erro experimental que foi
igual a 8,04%, um erro experimental relativamente baixo, o que comprova que os dados obtidos no experimento foram os
esperados, justamente por meio desse cálculo do erro experimental associado à constante ebulioscópica do solvente em
análise.

4. Conclusões

Os dados coletados no experimento mostraram o comportamento esperado levando em consideração que a


temperatura de ebulição do solvente quando em solução com um soluto não volátil é sempre maior que o ponto de ebulição
do solvente puro. A análise gráfica da temperatura de ebulição em função da multiplicação da molalidade com o fator de
correção mostrou ajuste linear propício para os dados, tendo um R² de 1. E quando feito o erro experimental da constante
ebulioscópica encontrada pela equação da reta com o valor teórico da constante do solvente, teve-se como resultado
8,04%, valor que pode ser considerado baixo.
Referências

1. FISICO QUIMICA I- Amélia M. G. do Val, 3. CHINARD, F.P. Colligative Properties. Journal


Rosana Z Domingues e Túlio Matencio. disponível Chemical Education, n. 31, v. 66, 377-380, 1954.
em: https://www2.ufjf.br/quimicaead.
2. RIOUX, F. Colligative properties, J. Chem. Educ.,
n. 50, 490-492, 1973.

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