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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

EXPLORAÇÃO DAS ATIVIDADES LABORATORIAIS

ATIVIDADE LABORATORIAL PÁG. 79 DO MANUAL

A ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE NUM MOVIMENTO DE QUEDA LIVRE

APRENDIZAGEM ESSENCIAL
Determinar, experimentalmente, a aceleração da gravidade num movimento de queda livre,
investigando se depende da massa dos corpos, avaliando procedimentos e comunicando os
resultados.

SUGESTÕES METODOLÓGICAS
Sugere-se que o professor faça uma abordagem prévia ao documento “10.° Ano Em Revista” (manual)
ou à secção “Rumo ao Exame” (do Dossiê do Professor), de forma a abordar os assuntos “Medição em
física” e “Utilização da calculadora gráfica” que serão necessários para a análise de resultados obtidos
na atividade laboratorial.

Os autores optaram por realizar a média dos tempos para cada posição. No entanto, poder-se-á
salientar aos alunos que seria igualmente correto calcular os vários valores de velocidade e fazer a
média para cada posição.

Deve sensibilizar-se os alunos para o facto de a incerteza nas medições diretas se transmitir às
medições indiretas, mas não se exige o respetivo cálculo. Assim sendo, é importante apresentar os
resultados com o número correto de algarismos significativos.

Grupos diferentes podem usar corpos de massas diferentes para compararem os resultados.

QUESTÕES PRÉ-LABORATORIAIS
Para melhor se compreender a atividade convém fazer uma análise prévia à situação dando resposta a
um conjunto de questões pré-laboratoriais.

1. O que se entende por queda livre?

Um corpo encontra-se em queda livre quando está apenas sujeito à atuação da força gravítica.
Isto acontece quando o efeito da resistência do ar é desprezável, por exemplo, quando se deixa
cair um corpo aerodinâmico de pequena dimensão de uma determinada altura próxima da
superfície terrestre, enquanto este se desloca com uma velocidade reduzida.

2. Que relação existe entre a resultante das forças e a aceleração de um corpo em queda livre?

A única força a que o corpo está sujeito é a força gravítica que, para diferentes alturas próximas
da superfície terrestre, apresenta direção vertical, sentido de cima para baixo (no sentido da
superfície terrestre) e intensidade (aproximadamente) constante.
Assim, de acordo com a Segunda Lei de Newton, o corpo está sujeito a uma aceleração constante,
com a mesma direção e sentido da força gravítica, que corresponde à aceleração gravítica:

A aceleração gravítica, ao nível médio das águas do mar, tem módulo 9,8 m s −2 (≈ 10 m s−2).

3. Qual é o tipo de movimento que um corpo em queda livre apresenta?

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A atuação da força gravítica de intensidade constante no sentido do movimento sujeita o corpo a


uma aceleração constante no mesmo sentido provocando a variação da velocidade do corpo,
cujo módulo irá aumentar linearmente ao longo do tempo durante a queda. Assim, o corpo move-
se para baixo na vertical, apresentando uma trajetória retilínea, tendo a velocidade do corpo o
sentido da força gravítica e da aceleração gravítica.
Um corpo em queda livre apresenta, então, um movimento retilíneo uniformemente acelerado.

4. Que expressão permite calcular a componente escalar da aceleração da gravidade num


movimento de queda livre?

Durante a queda livre o corpo está sujeito a uma aceleração constante que corresponde à
aceleração da gravidade. Sendo a aceleração constante esta é, em cada instante, igual à
aceleração média, pelo que a componente escalar da aceleração pode ser obtida pela
expressão:

5. Como se pode determinar, experimentalmente, a aceleração da gravidade num movimento de


queda livre?

Utilizando a expressão pode obter-se a componente escalar da aceleração do corpo


determinando a componente escalar da velocidade do corpo em duas posições diferentes,
durante o movimento de queda, e o intervalo de tempo que decorre entre a passagem por essas
posições.

O módulo da velocidade pode ser obtido indiretamente pelo quociente quociente

entre o diâmetro/comprimento do corpo (Δx) e o intervalo de tempo em que este atravessa uma
célula fotoelétrica (Δtpassagem). Este intervalo de tempo pode ser obtido com um cronómetro digital
associado à célula fotoelétrica que mede o tempo que o corpo interrompe o feixe luminoso
durante a sua passagem pela respetiva célula fotoelétrica. O cronómetro digital associado a
duas células fotoelétricas permitirá, também, medir o intervalo de tempo (Δt) do movimento entre
as duas
posições das células fotoelétricas.

6. Que condições experimentais devem ser controladas nesta atividade, nomeadamente para
verificar se a aceleração da gravidade num movimento de queda livre, depende da massa dos
corpos?

Uma vez que se pretende verificar se a aceleração da gravidade num movimento de queda livre
depende da massa dos corpos, devem realizar-se vários ensaios com dois corpos de massa
diferente, mas que devem ter forma e dimensão semelhante. Nos ensaios, as condições e a
posição de onde os corpos são largados, bem como as posições onde são colocadas as células
fotoelétricas devem manter-se constantes.

EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE LABORATORIAL


A. REGISTO DE DADOS
Exemplos de valores obtidos na realização da atividade.

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TABELA I – Incertezas absolutas de leitura.

Instrumento de medida Grandeza medida Incerteza absoluta de leitura


Balança Massa 0,0001 g
Marcador de tempo digital Tempo 0,0001 s e 0,00001s
Craveira Diâmetro 0,01 mm

TABELA II – Registo das medidas.

Esfera m/g ∆x / mm ∆t1 / s  0,0001 s ∆t2 / s  0,0001 s ∆t / s  0,0001 s


0,0317 0,00670 0,2263
28,3651 ± 0,0294 0,00680 0,2177
A 19,05 ± 0,01
0,0001
0,0295 0,00675 0,2179
0,0319 0,00562 0,2344
16,2901 ± 0,0320 0,00560 0,2347
B 15,89 ± 0,01
0,0001
0,0322 0,00559 0,2347

B. TRATAMENTO DE RESULTADOS
1. Exemplo de tratamento de resultados para completar a tabela do tratamento dos dados/
resultados da atividade:
TABELA III – Registo das medidas.

Esfera Resultado da medida de ∆t1 v1/m s–1 Resultado da medida de ∆t2 v2/m s–1 Resultado da medida de ∆t a = g/m s–2
∆t1 = (0,030 ± 0,002) s ∆t2 = (0,00675 ± 0,00005) s ∆t = (0,221 ± 0,006) s
A Ou 0,64 Ou 2,82 Ou 9,9

∆t1 = 0,030 s ± 7 % ∆t2 = 0,00675 s ± 0,7 % ∆t = 0,221 s ± 3 %


∆t1 = (0,0320 ± 0,0002) s ∆t2 = (0,00560 ± 0,00002) s ∆t = (0,2346 ± 0,0002) s
B Ou 0,497 Ou 2,84 Ou 9,99
∆t1 = 0,0320 s ± 0,6 % ∆t2 = 0,00560 s ± 0,4 % ∆t = 0,2346 s ± 0,09 %

Exemplo para determinar, para cada esfera:

✓ o valor mais provável do intervalo de tempo, , de passagem na primeira célula fotoelétrica.

Esfera A Esfera B

✓ o valor mais provável do intervalo de tempo, , de passagem na segunda célula fotoelétrica.

Esfera A Esfera B

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✓ o valor mais provável do intervalo de tempo , , do movimento entre as duas células


fotoelétricas;
Esfera A Esfera B

✓ os desvios (di) de cada um dos valores dos intervalos de tempo referidos em relação ao
respetivo valor mais provável;
Esfera A Esfera B

✓ a incerteza absoluta (Ia) associada ao valor mais provável de cada um dos referidos intervalos
de tempo;

A incerteza absoluta corresponderá ao valor absoluto do desvio máximo ou ao valor da incerteza


absoluta de leitura, quando este valor é superior. No entanto, as incertezas só devem ser
apresentadas com um algarismo significativo. Então:
Esfera A Esfera B

✓ a incerteza relativa (Ir), em percentagem, associada ao valor mais provável de cada um dos
referidos intervalos de tempo;
Esfera A Esfera B

✓ o valor da velocidade de cada esfera ao atravessar cada uma das células fotoelétricas;
Esfera A Esfera B

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✓ o valor da aceleração da gravidade no movimento de queda livre de cada esfera.


Esfera A Esfera B

1. Calcule o erro relativo, em percentagem, associado ao valor obtido para a aceleração da


gravidade no movimento de queda livre de cada esfera.
O erro relativo em percentagem pode ser determinado pela expressão:

Esfera A Esfera B

C. ANÁLISE DE RESULTADOS
Comunique ao professor os resultados obtidos, destacando, entre outros aspetos:
✓ o erro relativo, em percentagem, associado aos valores da aceleração da gravidade obtidos;
✓ o que concluiu sobre a relação entre a massa das esferas e a aceleração da gravidade no
movimento de queda livre;
✓ a adequação dos procedimentos efetuados ao objetivo a alcançar nesta atividade.
Os valores obtidos para a aceleração da gravidade foram 1,0% e 1,9% para as esferas A e B,
respetivamente. Sendo os erros relativos percentuais associados aos valores experimentais
reduzidos, inferiores a 2%, os resultados obtidos podem considerar-se bastante exatos.
Estes resultados permitem concluir que as esferas se encontravam praticamente em situação de
queda livre.
Os valores obtidos para a aceleração da gravidade de cada esfera em queda foram muito
próximos. Uma vez que se tentou manter inalteradas as condições experimentais para as duas
esferas utilizadas e estas apresentavam diâmetros próximos, mas uma massa distinta, uma
apresentando praticamente o dobro da massa da outra, pode concluir-se que a massa das
esferas não influencia a aceleração da gravidade da esfera em queda livre. Ou seja, tal como era
previsto teoricamente, sendo o efeito da resistência do ar desprezável, as esferas encontram-se
em queda livre, apenas sujeitas à atuação da força gravítica. Ainda que a força gravítica seja
dependente da massa de cada esfera, a sua aceleração será a mesma, independentemente da
massa da esfera, e corresponde à aceleração da gravidade.
Os resultados obtidos para a aceleração da gravidade permitem concluir que o procedimento
experimental foi adequado. Deve, no entanto, salientar-se o cuidado que existiu em garantir que
não só as duas células fotoelétricas se encontravam perfeitamente alinhadas, mas também o
eixo de largada da bola no eletroíman e, portanto, o eixo geométrico da esfera, estava
devidamente alinhado com o centro do feixe de luz das células fotoelétricas.

QUESTÕES PÓS-LABORATORIAIS

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1. Porque é que é possível utilizar a expressão no cálculo do módulo da velocidade da

esfera ao passar nas células fotoelétricas?

De facto, durante a queda, a esfera não apresenta uma velocidade de módulo constante, o
movimento da esfera não é retilíneo uniforme, mas um movimento retilíneo uniformemente
acelerado! No entanto, o intervalo de tempo associado à passagem da esfera pelo feixe da
célula fotoelétrica é extremamente reduzido pelo que a variação do módulo da velocidade nesse
intervalo de tempo também será muito pequena. Assim, para estes intervalos de tempo muito
reduzidos, o módulo da velocidade pode considerar-se aproximadamente constante e, portanto,
equivalente ao valor da velocidade média nesse intervalo de tempo, sendo, por isso, possível
aplicar a referida expressão.

2. Que valor deverá ser considerado para o módulo da velocidade da esfera no instante em que
esta se encontra em frente da primeira célula fotoelétrica se a esfera for largada imediatamente
acima dessa célula fotoelétrica?

Nesse caso deverá ser considerado o valor zero para o módulo da velocidade da esfera no
instante em que esta se encontra em frente da primeira célula fotoelétrica.

3. As conclusões a que chegou nesta atividade são semelhantes às dos outros grupos de trabalho?

Os grupos que tiveram mais cuidados na montagem e conseguiram um bom alinhamento entre a
esfera e o feixe de luz das células fotoelétricas também obtiveram resultados com erros relativos
percentuais bastante reduzidos e, portanto, grande exatidão. Os resultados destes grupos
mostram, também, que a aceleração da gravidade das esferas em queda livre é independente
da sua massa.

4. Em que medida o alinhamento do centro geométrico das esferas com o eixo do feixe das células
fotoelétricas pode afetar a determinação do valor da aceleração da gravidade?

O valor utilizado para o módulo da velocidade da esfera na passagem por cada um da das
células fotoelétricas é determinante para o cálculo da aceleração da esfera.
No cálculo do valor da velocidade da esfera na passagem pela célula fotoelétrica utiliza-se
sempre o valor do diâmetro da esfera como Δx. No entanto, se o centro geométrico da esfera
não estiver devidamente alinhado com o eixo do feixe de luz da célula fotoelétrica a esfera não
atravessa o feixe em todo o seu diâmetro pelo que o valor do intervalo de tempo lido no
marcador de tempo digital nesta situação será inferior. Assim, o valor obtido para a velocidade
da esfera será superior ao verdadeiro, determinando um erro por excesso na determinação da
velocidade.
Numa situação em que a esfera é largada imediatamente acima da primeira célula fotoelétrica,
considerando-se nula a velocidade inicial, este erro determina um erro por excesso na
determinação da aceleração, ou seja, a obtenção de um valor de aceleração gravítica superior
ao tabelado.
Quando não se pode considerar nula a velocidade na primeira célula fotoelétrica a análise da
situação será mais complexa pois as duas velocidades serão afetadas de erros por excesso.
Ainda assim, se o desalinhamento da esfera for semelhante nas duas células fotoelétricas, o
efeito deverá ser mais significativo na segunda célula fotoelétrica, pois o intervalo de tempo de
passagem é menor, devendo determinar também um erro por excesso na determinação da
aceleração.

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