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Os Suyás, também chamados de Kisêdjês, constituem o único grupo

de língua Jê que habita o Parque Indígena do Xingu. Mas desde sua


chegada na região (provavelmente na segunda metade do século
XIX), seu contato com outros povos xinguanos e, principalmente, com
aqueles da chamada área cultural do Alto Xingu, ocasionou a
incorporação de muitos costumes e tecnologias alheias. Entretanto,
jamais abriram mão de sua singularidade cultural, cujo principal
emblema pode ser reconhecido num estilo particular de canto ritual,
expressão máxima das individualidades e do modo de ser da
sociedade Kisêdjê. Até algumas décadas atrás, outro marco diferencial
do grupo eram os grandes discos labiais e auriculares que, mais do
que ornamentos, apontavam a importância do cantar e do ouvir para
esse povo.

Os Kĩsêdjê, por muitos anos chamados de Suyá, constituem a única


etnia a falar uma língua da família Jê no Alto Xingu. São mais de
quatrocentos e habitam hoje quatro aldeias na parte sudeste do
Parque Indígena do Xingu. Seu território ancestral, no entanto, era no
rio Arinos, na bacia do Tapajós. Após a divisão entre os Suyá orientais
e os Tapayuna, chegaram à região do alto Xingu entre 1850 e 1860.
Lá eles assimilaram várias manifestações culturais de outros povos.

A autodenominação Kisêdjê significa “povo de grandes aldeias


circulares”. Segundo suas narrativas, a sociedade Kĩsêdjê tomou
forma por meio da apropriação de traços específicos de animais e
inimigos indígenas.

A música é muito importante para os Kĩsêdjê. Em seu universo


cosmológico, os Kĩsêdjê cantam porque através dos cantos podem
restaurar ou criar a ordem de seu mundo. Trata-se de uma sociedade
em que todos “fazem música” — nela, fazer música é também dançar,
fazer política e comunicar algo sobre si mesmo. É o que tece a relação
entre o indivíduo e o coletivo.
Na sua produção artesanal destacam-se as redes de buriti, a
cerâmica, os chocalhos, os bancos de madeira e as esteirinhas de
buriti ou inajá, trançadas com algodão. Os bancos são feitos pelos
homens com madeira de amoreira ou de almíscar ou breu. Neles são
aplicados, com uma tinta escura à base de carvão, os mesmos
desenhos usados na pintura corporal.

Uma característica dos rituais Kĩsêdjê, é de de serem longos e exaustivos, em que são quinze
horas de duração, durante a Festa do Rato.

Uma característica da dinamicidade cultural percebida no canto dos Kĩsêdjê, é que sua música
e o peso conferido a ela, foram afetados pelas perdas de terra para os fazendeiros da região. O
canto adquiriu uma dimensão suplementar neste processo, num contexto de luta pela
sobrevivência dos grupos que dependem da maneira como eles conseguem mobilizar a opinião
pública na solução de suas questões, especialmente as expropriações de terras.

O conceito de pessoa Kĩsêdjê compreende três componentes distintos: corpo físico, identidade
social e espírito, porém, percebidos em unidade na pessoa, e mais, como parte de uma
conexão com outros elementos da natureza, sendo possível sua transmutação em outros
animais. Esta possibilidade se dá a partir da perspectiva de que o corpo do sujeito é parte do
todo, é atrelado à totalidade da natureza.

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