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PRATICAS MUSICAL EM COMUNIDADES INDIGINAS: REVISÃO DE


LITERARTURA E REFERENCIAL TEORICO

Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus á América


havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território
brasileiro, esse número chegava a 5 milhões de nativos, aproximadamente. E
estes índios brasileiros estavam divididos e tribos, de acordo com o tronco
linguísticos ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou
tapuias (região do planalto central), aruaques ou aruak (Amazônia) e caraibas
ou karib (amazônica). Segundo a fundação nacional do índio (Funai), existem
225 povos indígenas, além de referencias de 70 tribos vivendo em locas
isolados e que ainda não foram contatadas.

Fazendo uma analise da história da musica indígena percebemos que é


quase sempre a mesma com poucas alterações à medida que são descobertos
certos detalhes. Os primeiros registros desta música datam do século XVI com
a chegada dos portugueses ao Brasil. O principal objetivo dos portugueses na
época do “descobrimento” era obter riquezas, dominar e adaptar seu estilo de
vida em novas terras, estes são uns dos fatores pelos quais a cultura indígena
despertou pouco interesse na época, mas isto não significa que foi totalmente
ignorada. Datam de 1557, aproximadamente, os primeiros documentos sôbre
música indígena, recolhidos, segundo consta, pelo padre calvinista Jean de
Léry, estudante de teologia entre 1557 e 1558 sendo os únicos relatos grafados
daquela época que são vagos e de duvidosa aceitação.
Na época, eram passados apenas oito anos da fundação das missões
jesuíticas e, com elas, as modificações impostas à sociedade indígena. Em tão
pouco tempo de atividade, os missionários ainda procuravam conseguir a
submissão completa dos nativos, coisa na verdade, penosamente alcançada e
só atingida quando visaram à criança. O adulto, arraigado às tradições, sempre
se mostrou rebelde a modificações de hábitos, dando motivo a inúmeros atos
de força, atos esses apontados em obras de autoria dos próprios jesuítas.
Para conseguirem seus objetivos os jesuítas desenvolveram técnicas de
contato e atração dos índios e logo aprenderam suas línguas e a partir disso os
reuniram em povoados desse modo abrigariam milhares de indivíduos e a
oposição dos colonizadores que já estavam instalados, para com os índios
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eram tão desprezíveis quantos os negros e só lhes pareciam utes a trabalhos


braçais, e decorrentes disso os índios passaram pelo um processo de
aculturação, prevendo uma transformação autoritária, súbita e radical nos
costumes dos indígenas.
A música indígena tem recebido alguma atenção do ocidente desde o
início da colonização do território, com os relatos de Jean de Léry¹ sobre
alguns cantos tupinambá, em 1558 e de Antonio Ruíz de Montoya, cujo
extenso léxico inclui um universo de categorias musicais
do guarani antigo. Estudos recentes têm-se multiplicado a partir do trabalho de
pesquisa de Villa Lobos e Mário de Andrade no século XX, e hoje a música
indígena é objeto de estudo e interesse por muitos pesquisadores de todo o
mundo, que têm trazido à consciência do homem ocidental uma pletora de
belezas naturais da terra

REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA
As praticas musicas em comunidades indígenas ainda carecem de mais
estudos. Pois os primeiro estudos feitos sobre a música indígena são vagos e
de duvidosa aceitação, pois era vista de modo preconceituoso, e “Há ainda
forte preconceito e discriminação”.
Os trabalhos disponíveis são poucos mais devido ao crescimento das
populações indígenas no país, alguns estudiosos estão dando mais atenção.
Segundo Helsa comeu² que foi uma compositora, pianista, musicóloga e
escritora apaixonada pela a musica indígena brasileira. Comeu em seu artigo
sobre musica indígena na revista brasileira de folclore fez um levantamento dos
primeiros documentos sobre a musica indígena recolhidos segundo consta
pelo o padre calvinista Jean de Léry que fez uma viagem a França antártica
colônia francesa estabelecida na baia de Guanabara, atual cidade do Rio de
Janeiro, léry e os demais passaram mais de dois meses na região da Baía de
Guanabara, acolhidos pelo os índios tupinambás.
Portanto, os cantos encontrados na histoirie d`um Voyage a la terra do
brasil eram uma representação pura das músicas indígenas do XVI, são três os
1 Léry, J. hitoria de uma viagem feita ao brasil, primeira edição, Genebra, la Rochelle,1578.
2 Comêu, H. Musica indígena, Revista Brasileira de folclore, Ano/4ª, setembro e dezembro de 1962 .
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canticos recolhidos nesse época: Canide Lune o Canto do Peixe, dos quais
comêu deu mais destaque no artigo apresentado, e seu estilo de escrever fez
comparação ,entre as musicas de acordo com seu grupo étnicos e deixou claro
que só tiraria todas as conclusões somente após entender cada grupo étnicos,
comeu foi capaz de descrever sobre muitos instrumentos indígenas separando
os e de sopro, percussão e cordas.
A respeito de musica indígena no brasil encontramos o livro de Rosângela
Pereira de Tugny e Ruben Caixeta de Queiroz³, realizado com os benefícios da
lei municipal de incentivo á cultura de Belo Horizonte com o titulo de musicas.
Africanas e indígenas no Brasil. O índio é vista como uma pureza prototípica,
congelada no tempo e que foi se apagando com a aproximação do homem
branco, pois a á ideia do índio no país enquanto um índio puro paradisíaco,
isolado e atrasado distante da civilização.
Além disso, o índio em contato com a civilização corre o risco de perder
os seus valores étnicos, pois quando o índio deixa de ser puro ou isolado ele
simplesmente deixa de ser índio. Os autores do livro abordam a seguinte ideia,
de que música brasileira é constituídas de ritmos dos negros e harmonia do
homem branco e não se ver uma mistura da musica do índio e embora que se
entenda que a música do índio não mostra impacto na música brasileira é
possível levanta a hipótese de que a musica indígena faça parte do universo de
muitas músicas de vastas regiões do país.
Podemos ainda cita o livro cantando as culturas indígenas 4 fruto da
parceria de varias comunidades indígenas. Sendo assim esse livro é escrito por
vários autores, ou seja, “índios na visão de índios”, as praticas musicas é
fundamental, pois é na musicalidade de cada índio vive a memoria de
identidade, de acordo com o índio Nhenety Kariri-Xocó “os próprios índios são
construtores da própria educação passando para os descendentes. Devemos”.

3 MENEZIS BASTOS, R. J. O índio na música brasileira recordando quinhentos anos de esquecimento.


In: TUGNY, Rosângela Pereira de; QUEIROZ, Rubem Caixeta De. Musicam africanas e indígenas no
brasil. Primeira edição. Belo horizonte: Editora UFMG 2006, P 1-351.
4 KARIRI-XOCÓ, N. Cantando as culturas indígenas. Primeira edição. São Paulo: Thydêwá, 2013.
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cantar e gravar para quer os jovens ouçam , cantem e dancem. É cantando que
se aprende a viver
Ao analisa os autores do livro pude entender que é através das praticas
musicais que os índios demonstram várias fazes da presença dos nativos ao
longo da historia, desde a colonização ate os dias atuais, portanto o índio
através da música perpetua seus registros históricos socioculturais na vida da
mãe terra.
Barros fala sobre um estudo de dilapidação cultural onde as filtragens e
apropriações envolvidas5, as imposições, as diluições das culturas indígenas
tende sua inserção em uma realidade de mercado, isso com intuito da
aniquilação ser poupada da sociedade indígena que é uma cultura bem
riquíssima. É preciso notar que existem dificuldades de alguns estudiosos da
música sobre “músicas primitivas” como riqueza e não como incapacidade.
O ponto de afinação é percebido pelo estudioso ocidental, como se eles
fossem incapaz de atingir o som afinado, não entendendo assim que a melodia
indígena é utilizada de maneira simples, mas de um enriquecimento importante
como à presença de material escalar, que para o ocidental, remetem ao uso do
cromatismo. A prática da repetição variada de uma mesma melodia ocorre em
algumas oportunidades, onde se notam diálogos entre as vozes femininas e
masculinas que repetem em alturas diversificadas motivos temáticos.
O ritual do povo indígena Tenharim do rio Marmelo relatado por Paggion 6
podemos ver uma analise da liturgia empregada nessa manifestação cultural,
embora a festa tenha como foco central a partilha dos alimentos, a presença da
música se faz importante em todo decorrer do ritual. A festa inicia com as
expedições das aldeias depositando a carne ao lado do Moquém, assim
começam a dançar e tocar o Yreru’a, uma longa flauta de bambu.
O momento musical é descrito a principio com homens das aldeias
visitantes formando um semicírculo e com suas flautas começam a se
apresentarem, em seguida todos entram para dançar, formando assim uma
grande roda de dançarinos. A festa é feito ao redor das estacas que ficam
assando/defumando as carnes e peixe, que serão partilhados com todos.
A frente da dança sempre ia um senhor, que era solicitado pela dona da
festa para cuidar da dança, que eram vistas como animadas e todos dançavam
um pouco, nesse momento transitavam também os visitantes não índios, cuja
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participação deles era de extrema satisfação para os Tenharim. As temáticas


das músicas falavam sobre os feitos guerreiros do passado e era saudada com
uma expressão que dizia: -Uaaaa!
Cabe aqui um artigo de Barbosa sobre a pratica musical indígena 7 que
surgiu durante aulas de historia da musica popular brasileira, onde se discutia
musica indígena no Brasil e também depois de conhecer alguma pratica
musical dos índios. Embora no período colonial houvesse uma supressão das
praticas musicais indígenas, aqui é colocado à possibilidade de trazer as
praticas musicais para o lado urbano, podendo assim ser aplicado em escolas
como método de ensino, visto que as praticas musicais tem certa semelhança
com métodos de educação musical.
Apesar da sua pouca contribuição na formação da musica popular
brasileira, nos atentamos para o valor inestimável da musica indígena, o que
nos trás a necessidade de conhecer mais afundo essa sonoridade, integrando
assim a nação brasileira para que seja tocada e cantada como música popular
brasileira. Depois do processo de compreensão da musica indígena em sua
realidade como arte e elemento da nossa cultura, vemos aqui a possibilidade
de incluir os elementos de sua musica em nosso sistema de ensino, tornando o
ensino da musica mais livre e aberto. O autor do artigo ainda cita a metodologia
de Dalcroze sobre movimentos e atividades destinada a atitudes corporais
básica, apontada como necessárias a conduta musical. Assim percebendo
então que o processo de transmissão oral, repetição, imitação, improvisação e
corporalidade são elementos que fazem parte de praticas musical dos
indígenas, comparando com a metodologia de Dalcroze para o ensino musical.

5 BARROS, J. D’ A. Música Indígena Brasileira – Filtragens e Apropriações Históricas. Projeto


História, SãoPaulo, p. 153-169, 2006.
6 PEGGION, E. A. Ritual e vida cotidiana no sul do Amazonas: os Tenharim do rio Marmelos.
Perspectivas,São Paulo, v.29, p.149-168,jan./jun. 2006.
7 BARBOSA, W. S. Práticas musicais indígenas – do esquecimento às contribuições para
educação musical. Anais do XXVI CONFAEB, Boa Vista, p.879-883, Boa Vista, novembro.2016
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