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ENTRE “PARTIR” E “FICAR”: A MIGRAÇÃO ALÉM DO PROCESSO DE

DESLOCAMENTO FÍSICO

PALAVRAS-CHAVE: Migração; Exclusão; Trabalho; Vulnerabilidade.

Greiciele Soares da Silva


Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Ambiente e Território – PPGSAT associado
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES;
Bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG; Bacharel em Ciências Sociais pela
UNIMONTES; pesquisadora voluntária no Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental –
NIISA/UNIMONTES. E-mail: greicytstsoares123@yahoo.com.br

Arthur Saldanha dos Santos


Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Ambiente e Território – PPGSAT associado
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES;
Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; Bacharel em
Humanidades pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM.
E-mail: arthur-ufvjm@hotmail.com

Elis Medrado Viana


Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Ambiente e Território – PPGSAT associado
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES;
Graduada em Artes/Música pela UNIMONTES; Bacharel em Ciências Sociais pela UNIMONTES; Pós-Lato
Sensu em Juventude no mundo contemporâneo; E-mail: elismviana@gmail.com
ENTRE “PARTIR” E “FICAR”: A MIGRAÇÃO ALÉM DO PROCESSO DE
DESLOCAMENTO FÍSICO

RESUMO
O processo de migração, em alguns momentos, é simplificado e reduzido pela quantificação
estatística, sendo compreendido como um simples deslocamento físico de pessoas de um lugar
a outro. No entanto, o que se procura analisar e discutir, no presente trabalho, por meio de
uma intensa revisão bibliográfica, é que esses processos migratórios se constituem de forma
muito mais complexa do que um simples deslocamento físico, sendo não uma questão de
trânsito, mas de transição social, envolvendo não apenas um indivíduo, mas todo um conjunto
social de relações que são fragmentadas, laços familiares, que para muitos autores, são
desatados por este processo. Situação muito mais crítica no caso dos migrantes temporários,
uma vez que estes vivenciam os processos de dessocialização e ressocialização de forma
constante. Este processo gera consequências não apenas no local de origem que é deixado,
mas no local de destino que é buscado, possibilitando a configuração de outros processos
sociais que excluem, estigmatizam e empurram os migrantes à margem da sociedade, sendo
estes invisibilizados e incluídos de forma degradante no sistema econômico capitalista.

PALAVRAS-CHAVE: Migração; Exclusão; Trabalho; Vulnerabilidade.

1. INTRODUÇÃO

O processo de migração é um fenômeno social recorrente na literatura das ciências


sociais, uma vez que este se mostra como um processo histórico que se intensifica em
determinados momentos. É necessário se questionar o que de fato se pode compreender por
migração e como esta ocorre em nossa realidade social, para tal esclarecimento, é importante
entender, também, os motivos que levam um indivíduo sujeito/agente a deixar a sua terra de
origem indo em direção a novos locais, muitas vezes desconhecidos.
O processo de migração muitas das vezes é simplificado e reduzido pela quantificação
numérica, sendo compreendido como um simples deslocamento físico de pessoas de um lugar
a outro. No entanto, o que se procura analisar e entender é que os processos migratórios são
muito mais que um simples deslocamento físico, estes se constituem de forma muito mais
complexa, sendo não uma questão de trânsito, mas de transição social, envolvendo não apenas
um indivíduo, mas todo um conjunto social de relações que são fragmentadas, laços
familiares, que para muitos autores, são desatados por este processo.
Essa situação se configura de forma muito mais crítica no caso dos migrantes
temporários, uma vez que estes vivenciam os processos de dessocialização e ressocialização
de forma constante. A migração enquanto processo, pode parecer sempre uma opção tomada
pelo migrante, mas em alguns casos é uma falta de opção disfarçada por uma possível
escolha, onde o indivíduo, por fatores externos, se encontra obrigado a buscar novos
caminhos. Este processo gera consequências não apenas no local de origem que é deixado,
mas no local de destino que é buscado, possibilitando a configuração de outros processos
sociais que excluem, estigmatizam e empurram os migrantes à margem da sociedade, sendo
estes invisibilizados e incluídos de forma degradante no sistema econômico capitalista.

2. MIGRAÇÃO ENQUANTO FENÔMENO E PROCESSO

Para Martins (1984), a migração é um fenômeno que desata os laços sociais e


familiares. O autor apresenta a noção de cultura de ausência, sendo a ausência um núcleo de
consciência do migrante. Ausência no sentido de que para aqueles que ficam, a figura da
pessoa se torna ausente, sendo uma constante espera o retorno do familiar.

Pode-se, até mesmo, falar numa cultura da ausência, nostálgica, nessa metrópole de
migrantes que a cidade de São Paulo, que compreende desde a música sertaneja até o
mutirão de operários para construir a casa de um companheiro na periferia.
(MARTINS, 1984, p. 50)

Martins (2002) apresenta o migrante como o ausente, o que se foi e que vai voltar. No
entanto, o migrante que volta é outro, modificado pelo local de destino. Nesse processo de
migração ocorre troca de valores, alteração de valores e reformulação de valores, o que faz
com que o migrante não seja o mesmo ao retornar. Quando o migrante parte, a sua unidade
social também migra, sendo o ato de migrar já entendido como uma perda. Para o autor o que
está em questão é a anomia absoluta e sem saída onde a pobreza não é mais de meios, mas
uma pobreza suja, uma vez que os pobres se movem nos resíduos daqueles que mais tem.
Na perspectiva de Martins (2002), o migrante passa por dois processos, o de
“dessocialização”, quando vai embora do seu local de origem, e o de “ressocialização” nas
relações sociais de adoção. Os processos sociais na vida de um migrante, principalmente nos
migrantes temporários, nunca chegam a ser concluídos, uma vez que este, ao partir, vivencia
constantemente os processos de fragmentação dos laços estabelecidos, e quando chega ao
local de destino, busca estabelecer novos laços, e assim que estes começam a ser
estabelecidos, o migrante novamente deixa o local, retornando para seu local original, onde
mais uma vez ele tem de se inserir ao meio social.
O migrante segundo Martins (1984), vive em constante transformação, muda através
das trocas sociais ocorridas com o local de destino, alterando aquilo que aprendeu em seu
local de origem. Estas mudanças não se tornam restritas apenas aquele que partiu e voltou,
mas relaciona-se com todo o núcleo familiar, que a partir do convívio com aquele que retorna,
modifica suas relações sociais. Martins (2002) entende a dinâmica do processo de migração
como um processo de “desenraizamento”.

O movimento inconcluso da sua transição faz com que cada momento da migração
tenha que recuperar os respectivos padrões de sociabilidade. Essa recuperação é
incompleta, porque justamente por ser migrante temporário não realiza
completamente o ciclo de reprodução das relações sociais de cada uma das
situações. O ciclo cósmico da vida camponesa, ritmado pelo trabalho e pela festa, só
é vivido pela metade. (MARTINS, 1984, p. 59)

De acordo com Martins (1984) ocorre uma degradação tanto no local de origem
quanto de destino e o migrante temporário passa constantemente por um processo de
“inconclusão” da sua transição, uma vez que cada momento de migração, o mesmo tem de
recuperar os respectivos padrões de sociabilidade, não realizando o ciclo das relações sociais.
Outra questão fundamental da discussão é a ideia de migração entendida enquanto um
problema. Para Martins (2002) a migração não é um problema, o problema muitas vezes se
constitui nos motivos que impulsionam a migração, que são não apenas econômicos, mas
sociais e políticos. O que de fato se mostra como problema são as condições a qual esse
processo ocorre, os problemas sociais por trás da migração.
Outra questão problemática é a forma como os migrantes são incluídos no sistema
capitalista, sendo essa inclusão sempre no sentido inferior. Para Martins, o sistema capitalista
não exclui, pelo contrário, ele sempre inclui. No entanto, essa inclusão é “para baixo”,
ocorrendo o desenraizamento e a destruição das relações sociais. Na perspectiva de Martins
(1984, p. 60) “tais migrações tem um efeito desagregador mais intenso para as relações
sociais do lugar de origem e do lugar de destino”.
Martins (2002) apresenta duas formas de entrar e ser incluído na sociedade capitalista,
primeiro como pessoas produtores e consumidores de mercadorias; e segundo como
consumidores dos produtos produzidos. O capitalismo transforma as pessoas em proprietárias
de uma única coisa, a força de trabalho.
Esse sistema é mantido por meio do pagamento mínimo ao trabalhador para que este
possa consumir, movimentando então o mercado econômico. Para o autor, o problema não é a
exclusão, mas a inclusão, pois ocorre de forma degradante. O processo de inclusão dos
imigrantes é de certa forma, pautadas nas condições precárias de trabalho, o que Martins
(2002) denomina de “novas formas de escravismo”.
Para Martins (2002) é preciso pensar na migração como um processo além do
deslocamento espacial, mas um deslocamento social, cultural e político. A migração
entendida não como um problema; mas como resultado de inúmeros problemas sociais, sendo
também geradores de outros problemas. O autor apresenta o Migrante como vítima dos
contextos históricos e sociais.
Becker (1997) critica a concepção de que a migração é nada além que deslocamento,
para a autora essa concepção é reducionista considerando a individualidade na sociedade e
camuflando demais problemas sociais. Nesta perspectiva a decisão de migrar é percebida
como decorrente apenas da decisão pessoal e não pressionada ou produzida por forças sócio-
econômicas exógenas.
A partir dos anos de 1970, segundo Becker (1997 p. 323), a migração passou a ser
reconhecida com um enfoque neomarxista, passando a ser entendida como “mobilidade
forçada pelas necessidades do capital” e não mais como um ato soberano e de vontade
pessoal. Vários outros autores também apresentaram estudos com relação a migração,
podendo ser destacados Ravenstein, Lee, Todaro que deram ênfase às características pessoas
dos migrantes e alguns fatores condicionantes das migrações entendidas como “fatores de
atração-repulsão”.
Como fatores de repulsão estão representados aquelas situações de vida responsável
pela insatisfação no local de origem, já os atores de atração correspondem aqueles atributos
dos locais mais distantes que os tornam atraentes.
Martins (1984) também apresenta a questão da escravidão, onde segundo ele uma das
dificuldades para solucionar esse problema é que muitas das vezes aqueles que são e estão
escravizados não tem consciência disso, e não se reconhecem enquanto condicionados à
escravidão.

Não são raras as situações em que o salário não é sequer suficiente para a
subsistência do trabalhador enquanto trabalha no canavial, na construção ou na
fábrica. Ao invés de ter o que receber, passa a dever o patrão. (MARTINS, 1984, p.
55)

Esse processo de não conscientização é chamado pelo autor de nova forma de


colonização, “colonização das mentes”, uma vez que os explorados não possuem consciência
do próprio processo de submissão, do “novo sistema estamental”, que apresenta as classes
sociais com grande diferenciação e de forma cada vez mais rígida.
As migrações internas, segundo Singer (2008), são historicamente condicionadas,
sendo em muitos casos relacionados à industrialização. Ao analisar o processo de
industrialização pode se perceber que o mesmo tem caráter de modificações profundas, sendo
possível distinguir três modalidades de industrialização: Revolução Industrial “original”;
industrialização dos países de economia centralmente planejada; e industrialização em moldes
capitalistas, igualmente recente, das ex-colônias européias.
O processo de migração não consiste apenas em mudança técnica de produção e não
numa diversificação maior de produtos, para Singer (2008), consiste também numa profunda
alteração da divisão social do trabalho. Surgi daí a cidade industrial. As migrações internas
não parecem ser mais que mero mecanismo de redistribuição espacial da população, ao
rearranjo espacial das atividades econômicas.
A industrialização em moldes capitalistas, na perspectiva de Singer (2008), está longe
de ser um processo espontâneo, promovido exclusivamente pelo espírito de iniciativa
inovadora, esta industrialização só se torna possível tendo arranjos institucionais que
permitem, de um lado, acelerar a acumulação do capital e, do outro, encaminhar o excedente
acumulável às empresas, que incorporam os novos métodos industriais de produção.
De acordo com Singer (2008), a criação de desigualdades regionais pode ser encarada
como o motor principal das migrações internas que acompanham a industrialização nos
moldes capitalistas, sendo as vantagens restritas a algumas regiões, fazendo com que a
população das áreas desfavorecidas sofra, em conseqüência, um empobrecimento relativo.
Na perspectiva do autor, Singer (2008), os fatores de expulsão que levam às migrações
são de duas origens, fatores de mudança e fatores de estagnação.

[...] fatores de mudanças, que decorrem da introdução de relações de produção


capitalistas nestas áreas, a qual acarreta a expropriação de camponeses, a expulsão
de agregados, parceiros e outros agricultores não proprietários, tendo por objetivo o
aumento da produtividade do trabalho e a conseqüente redução do nível de emprego;
[...] e fatores de estagnação, que se manifestam sob a forma de uma crescente
pressão populacional sobre uma disponibilidade de áreas cultiváveis que pode ser
limitada tanto pela insuficiência física de terra aproveitável como pela
monopolização de grande parte da mesma pelos grandes proprietários. (SINGER,
2008, p. 37)

Os fatores de expulsão definem as áreas de onde se originam os fluxos migratórios,


mas são os fatores de atração que determinam a orientação destes fluxos e as áreas às quais se
destinam.
Uma das questões colocadas por Singer (2008) é de saber se o fato de numerosos
migrantes não serem absorvidos pelo mercado de trabalho pode ser explicado pela sua
inferioridade econômica ou desajustamento face às condições requeridas pela economia
industrial, ou se os fluxos migratórios suscitados pela industrialização capitalistas tendem
inerentemente a produzir, nas áreas urbanas, uma oferta de força de trabalho superior à
demanda.
Para Becker (1997, p. 319) os deslocamentos de populações em diferentes contextos e
que envolve ao longo do tempo “escalas espaciais diferenciadas conferem complexidade
crescente ao conceito de mobilidade como expressão de organizações sociais, situações
conjunturais e relações de trabalho particulares”.
A tipologia dos deslocamentos tem sido as migrações internas, igualmente
diversificada. Para Becker (1997) ocorre a intensificação dos intensos fluxos de caráter rural-
urbano nas décadas de 50 e 60, sendo este período marcado por crescente concentração
fundiária e pela industrialização nos grandes centros urbanos.
Em decorrência da progressiva escassez do fator terra, houve a intensificação da
modalidade tanto intermunicipal quanto intramunicipal, seja rural-urbana ou rural-rural, o que
levou à eclosão de movimentos sociais de resistência do que são exemplos o Movimento dos
Sem-terra (MST).

Grupos populacionais põem-se em movimento: lutam pela hegemonia de novos


territórios, fogem de perseguições étnicas e repressões múltiplas, vislumbram a
possibilidade de terras e mercados de trabalho mais promissores, ou simplesmente
perambulam em busca de tarefas que lhes asseguram a mera subsistência. Para a
autora, o mundo foi redefinido, porém, a partir da emergência dos chamados blocos
econômicos. (BECKER, 1997, p. 319)

Becker (1997) questiona o significado da mobilidade populacional a partir das


diferenças concepções teóricas assim como o papel das migrações na construção histórica dos
espaços organizados pelo capitalismo. A migração é definida por Becker (1997 p. 323) “como
mobilidade espacial da população, sendo um mecanismo de deslocamento populacional que
reflete mudanças nas relações entre as pessoas e entre essas e o seu ambiente físico”.
Para entender esse processo, Milton Santos (2004) discute o local-global, nessa
perspectiva, o viver ocorria em uma esfera local-local, hoje não mais, o que prevalece é a
nova relação com o mundo, onde este pode ser visto por inteiro, ou seja, o local-global.
Segundo o autor, globalização e localização, globalização e fragmentação são termos em
dialética. As próprias necessidades de um novo regime de acumulação possibilita a maior
dissociação dos processos e subprocessos, fazendo do espaço um campo e forças
multicomplexo, devido à individualização e especialização. Para o autor todos os lugares são
virtualmente mundiais, onde a maior globalidade pode ser compreendida como maior
individualidade.
Para denominar esse fenômeno o autor apresenta a idéia de “glocalidade”, de forma
que segundo o mesmo, para apreender essa nova realidade constituída do lugar não é mais
suficiente adotar um trabalho localista, uma vez que o mundo se encontra em toda parte.
Santos (2004) apresenta a ideia de Bakhtin sobre a arquitetura concreta do mundo
atual que pode ser entendido em três momentos: “eu-para-mim mesmo”; o “outro-para-mim”;
o “eu-para-o outro”, sendo essa questão associada aos laços sociais, os valores, a
sociabilidade e a comunicação, onde o significado do mundo é dado pela prática e a
universabilidade se torna o sentido da própria existência.
O processo de migração enquanto fator econômico é desconstruído por Mafessoli
(2001) ao compreender a dispersão de indivíduos e de grupos, fator recorrente na sociedade.
Um dos casos apresentado pelo autor é o nomadismo, que segundo o mesmo, não se
determina unicamente pela necessidade econômica, ou a simples funcionalidade, o motivo é o
desejo de evasão. Segundo Mafessoli (2001) é uma espécie de “pulsão migratória” incitando a
mudar de lugar, de hábito, de parceiro, e isso para realizar a diversidade de facetas de sua
personalidade.
De acordo com Durham (1984) os padrões de organização do trabalho e de
organização social no Brasil, mostram a realidade histórica dos trabalhadores rurais enquanto
comunidades presas a uma economia de subsistência, que se estabelecem em oposição à
grande lavoura, que representa a incorporação do território à economia monetária e ao sistema
de mercado nacional, onde a terra se valoriza pelas suas potencialidades econômicas.
Segundo a autora, na sua forma imperial e colonial de latifúndio escravocrata, a sua
expansão significava a marginalização do agricultor livre, onde as relações de dominação que
se definiam numa ordem moral, no plano social e político, passam a ter significado
econômico cada vez mais importante, e a dominação tende a se transformar em dominação
econômica. Para Durham (1984) o imigrante surge como um trabalhador, inserido na
economia de mercado, uma vez que este traz consigo padrões de trabalhos muito mais
intensos, e novas formas de cooperação que lhes permitem a produção de um excedente
relativamente importante.
De acordo com Durham (1984) a análise das forças sociais que estão transformando a
sociedade rural, pode ser compreendida como referência para o estudo da migração rural, uma
que as pressões relacionadas a sociedade global se manifestam, como motivação para emigrar.
Há inúmeros outros fatores que também influenciam na tomada de decisão: perda da
propriedade, morte de um membro da família e consequentemente desorganização do grupo
familiar, a insistência permanente de um parente que “está bem” em outro lugar.
Para a autora, a emigração ocorre de uma situação desfavorável que é vista como
permanente. Quando o emigrante diz que a vida na roça era difícil não se refere a uma
dificuldade passageira, mas a uma condição inerente à vida rural. Quando se tenta precisar em
que consistem as “dificuldades” da vida rural, aparecem as seguintes respostas,
frequentemente conjugados: a miséria e falta de conforto; o trabalho “duro”; a incerteza da
produção; a impossibilidade de melhoria. Esse processo de transformação que implica na
economia monetária, se manifesta diretamente à consciência do trabalhador através da
necessidade crescente de dinheiro. Apesar das transformações que estão ocorrendo, a
sociedade rural continua a ser uma sociedade pouco diferenciada, com enorme predominância
de trabalhadores não-especializados, uma vez que no meio rural ocorre a depreciação da
escola.
Durham (1984) também chama atenção para o fato da migração se constituir como
uma tradição. A emigração oferece à população como recurso tradicional para aliviar tensões
econômico-sociais. Pode-se dizer, portanto, que a migração é um padrão universal no
equipamento cultural tradicional. Para a mesma, a busca constante de melhores condições de
vida nessa sociedade é representada pelo deslocamento geográfico, uma vez que a história das
famílias rurais se constitui enquanto história de fracassos constantes na busca de um ideal
inatingível. Enquanto tradição, a emigração passa a ser uma solução “natural” para todos os
tipos de problemas, inclusive para as tensões características do próprio funcionamento
“normal” da vida tradicional.
A migração rural-urbana para Durham (1984) pode ser explicada em termos da
estrutura da sociedade rural como um todo, onde esta se caracteriza pelo seu caráter fechado e
pelo padrão de vida extremamente baixo da maioria de sua população, explicado pelo regime
de apropriação da terra, pelo tipo de relações de produção e pelo nível técnico das atividades
produtivas.
A migração é explicada pela autora como uma tentativa de mobilidade social, como
resposta a problemas criados pela estrutura da sociedade nacional e que são
fundamentalmente econômicos. Assim a migração, que aparece como solução para os
problemas que afetam a família e tendem a ser resolvidos em termos familiais, é um processo
condicionado pelo tipo de organização social da sociedade rural.
Os migrantes possuem também consciência do elemento de risco que a migração
acarreta. Por isso mesmo, as migrações efetuam-se, preferencialmente, com a manutenção de
uma posição na sociedade rural para a qual possa voltar, em caso de fracasso. Como a
migração envolve quase sempre a fragmentação, mesmo temporária, da unidade doméstica, a
migração se processa preferencialmente para as pessoas e nas fases nas quais a fragmentação
é mais fácil. Segundo Durham (1984) a migração dos jovens parece ser algo quase
institucionalizado em muitas comunidades. Os jovens migram “para experimentar” e emigram
facilmente, pois a experiência não envolve grandes riscos, no entanto, esses jovens não
emigram praticamente sós, eles se locomovem dentro de um grupo recrutado na comunidade
de origem.
As pessoas migram para localidades onde tenham conterrâneos, amigos ou parentes. A
migração, mesmo a de jovens solteiros, em geral não acarreta a dissolução completa dos laços
com o grupo original. Em primeiro lugar porque ela já se refere dentro de um universo de
relações formado na comunidade original passa a apelar para os laços de solidariedade
anterior, reforçando-os. Esta rede de relações primárias, dentro da qual se efetua a migração,
está estruturada do mesmo modo que a comunidade rural. (DURHAN, 1984)
Segundo Woortmann (1990) existe relação entre o sujeito de migração e a família
camponesa, para o mesmo, além de produtores de alimentos, os camponeses também são
produtores de migrantes, sendo a migração camponesa não apenas conseqüência da
inviabilidade de suas condições de existência, mas parte integrante de suas próprias práticas
de reprodução. Migrar pode ser uma condição para permanência camponesa.
Segundo pesquisa realizada por Woortmann (1990) entre sitiantes e camponeses em
Sergipe foram apresentadas três formas de migrações: migração pré-matrimonial do filho; do
chefe de família, do tipo circular; e a emigração definitiva. As duas primeiras constituem-se
como “viagem”, a última é uma forma definitiva de “saída”.
No caso da migração pré-matrimonial, ocorre quando o filho de um sitiante está
próximo da idade de se casar, sendo selecionado para ele um lugar próprio, que quando a terra
do pai é suficiente, este lugar se constitui no chão da morada, no entanto, quando a terra não é
suficiente, o local para o filho pode se constituir em local fora das terras paternas. Antes que
seja erguida a casa do filho, o jovem deve migrar temporariamente, o que se constitui como
uma forma de acumulação de recurso para iniciar a nova vida, vida de casado e de pai.
No caso da migração do pai, geralmente ocorre depois do casamento, e geralmente
tende a ocorrer para o local onde foi a migração pré-matrimonial, se esta tiver sido bem
sucedida. Essa migração primeira, não se destinou apenas como forma de acumular recurso,
mas também para construir uma rede social de apoio que garanta a volta ao mesmo lugar, ou
seja, a construção de um capital social e simbólico que é representado pelo “conhecer bem o
lugar” e “saber onde procurar”. Essa migração cíclica em boa parte é sazonal, mas não é
movimentada apenas pela diferença de intensidade de trabalho entre vários momentos do
ciclo agrícola, é dada também pela disponibilidade de produtos.
A emigração definitiva, segundo Woortmann (1990), está relacionado com a perda de
espaço físico do camponês, como por exemplo, a solta, que aos poucos foram sendo
apropriadas pelos proprietários, e que deixaram de ser terras devolutas.
Nessa perspectiva, nenhuma migração pode ser entendida exclusivamente como
deslocamento geográfico. As migrações representam também uma movimentação no universo
social e é deste ponto de vista que elas nos interessam de modo particular, onde o espaço
geográfico e espaço social se constituem como uma realidade única. Quando o trabalhador
rural se desloca à procura de emprego, segue as rotas que foram seguidas por parentes e
amigos antes dele. A emigração não implica, portanto, um abandono das relações primárias
que constituem o universo de origem, mas um rearranjo dessas relações. O migrante quase
nunca é um indivíduo isolado, mas parte de um grupo primário que se rompe e se organiza
durante o processo.

3. MIGRAÇÃO: A RELAÇÃO ENTRE IDENTIDADE E FRONTEIRA

Uma das questões apresentadas por Simmel (2005) tem como idéia central a relação
que os migrantes, imigrantes e emigrantes tinham com as novas pessoas, com os novos
costumes, e o motivo pelo qual eles não conseguiam se relacionar bem com as pessoas desse
novo local. Para o autor, o estrangeiro não era o simples viajante, pois viajante apenas visita,
o estrangeiro muda de seus países para tentar a vida em outro local.
Para Simmel (2005) o estrangeiro representa o contraste entre mover e fixar-se. As
disposições “mover” e “fixar-se” destacam as relações que são vinculadas ao espaço, e são,
são símbolos das relações entre os seres humanos. Essas relações, para o autor, são analisadas
pela proximidade/distância. O caráter de igualdade na relação social refere-se diretamente a
distância ou a proximidade. Sendo assim, o estrangeiro é aquele que se encontra mais perto do
distante. O estrangeiro é sentido como estranho, como alguém móvel, sujeito que não se
encontra vinculado organicamente a nada e a ninguém.
Simmel (2005) apresenta que o estrangeiro só se parece próximo na medida em que o
outro da relação se iguala em termos sociais, criando laços internos. O estrangeiro parece
distante quando a igualdade conecta os dois de forma abstrata, não havendo laços de pertença.

O estrangeiro parece próximo, na medida em que a ele o outro da relação se iguala


em termos de cidadania, ou em termos mais social, em função da profissão, criando
laços internos entre as partes inter-relacionados. O estrangeiro parece mais distante,
por outro lado, na medida em que esta igualdade conecta apenas os dois da relação
de forma abstrata e geral, não havendo assim laços de pertença. (SIMMEL, 2005, p.
269)

Em seus estudos, Stuart Hall (2008), busca compreender o processo de migração e


para isso apresenta o conceito de diáspora. O autor faz discussão sobre as migrações
caribenhas para a Grã-Bretanha. Nas situações das diásporas as identidades se tornam
múltiplas. Junto com os elos que as ligam a uma ilha de origem específica, há outras forças
centrífugas: há a qualidade de “ser caribenho”.
Stuart Haal (2008) tem como objetivo discutir a “diáspora”, não como um relato
histórico de evolução, mas pensar a questão “diaspórica” de forma reflexiva. Segundo o autor,
essa noção fornece elementos importantes para compreensão da complexidade que é o
processo de migração dos caribenhos para outros países, possibilitando tanto a construção
quanto a imaginação da nação e da identidade caribenhas, numa era de globalização crescente.

A diáspora pode ser entendida como um processo de dispersão de povos, no sentido


de expulsão. Stuart Haal (2008) presume que a identidade cultural seja fixada no
nascimento, seja parte da natureza, impressa através do parentesco e da linhagem de
genes, seja constitutiva do nosso eu mais interior, sendo impermeável a algo
“mundano”, secular e superficial quanto uma mudança temporária de nosso local de
residência. A pobreza, o subdesenvolvimento, a falta de oportunidades – os legados
do império em toda parte – podem forçar as pessoas a migrar, o que causa o
espalhamento – a dispersão. Mas cada disseminação carrega consigo a promessa do
retorno redentor. (HALL, 2008, p. 28)

O conceito fechado de diáspora se apóia sobre uma construção binária de diferença.


Está fundada sobre a construção de uma fronteira de exclusão e depende da construção de um
“outro” e de uma posição rígida entre o dentro e o fora.
Com relação a identificação daqueles que se encontram dentro e fora, nos deparamos
com a noção de fronteira que Augé (2010) considera como cerne da atividade simbólica desde
a aparição da linguagem de Lévi-Strauss, é empregada para significar o universo, para dar
sentido ao mundo e torná-lo habitável. De acordo com o autor, existem fronteiras naturais
(montanhas, rios, desfiladeiros), fronteiras lingüísticas, fronteiras culturais ou políticas.
Segundo Augé (2010), muitas culturas têm simbolizado o limite e a encruzilhada,
esses lugares particulares onde acontece alguma coisa da aventura humana, quando um parte
ao encontro do outro. O autor apresenta que as migrações dos países pobres para os países
ricos são trágicas, pois muros e barreiras são erguidas para evitar a entrada de imigrantes
clandestinos. Sendo assim, novas fronteiras se desenham, buscando sempre separar aquilo que
se tem por diferente, lembra a idéia de oposição entre Norte e Sul, bairros centrais e periferias.
Fica visível na fala do autor que a delimitação de fronteiras é feita para se separar
aquilo que se está dentro daquilo que se está fora, no processo de migração ocorre o mesmo,
as fronteiras são formas de se reafirmar as identidades. Existe uma fronteira que separa
aqueles que chegam daqueles que já estão no local. Augé (2010) apresenta ainda que as
fronteiras não se desfazem jamais, elas se redesenham, a fronteira nesse sentido tem sempre
uma dimensão temporal, é a forma do devir e talvez da esperança
Entendendo que as fronteiras são formas de reafirmar as identidades, é apresentado por
Hall (2011) que as antigas identidades estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e
fragmentando o indivíduo, visto como sujeito unificado, ou seja, ocorre uma crise de
identidade, que pode ser vista, positivamente, como um processo bem mais amplo de
mudança, deslocando as estruturas centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de
referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável ao mundo social.
A “crise de identidade” é discutida por Hall (2011), sendo questionados, quais
acontecimentos recentes nas sociedades modernas precipitam essa crise, quais as suas formas
e quais as suas conseqüências, tendo como posicionamento de que as identidades modernas
estão sendo “descentradas”, deslocadas ou fragmentadas.
Segundo Hall (2011) o próprio conceito de identidade é demasiadamente complexo,
pouco desenvolvido e pouco compreendido. O colapso da identidade, apresentado por alguns
autores, é defendido como sendo resultado de um tipo diferente de mudança estrutural que
está transformando a sociedade no final do século XX.
Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a
ideia que temos de nós próprios, como se fosse uma perda de sentido de si, ocorrendo então
uma crise de identidade. A identidade por outro lado, só se torna uma questão quando está em
crise, em incerteza.
Hall (2011) apresenta três concepções de identidade: sujeito do iluminismo: baseado
numa concepção da pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado,
dotado de capacidades de razão, de consciência e de ação, cujo “centro” consistia num núcleo
interior, que emergia pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia;
sujeito sociológico: crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de que este
núcleo interior do sujeito não era autônomo e autossuficiente, relação com outras pessoas,
valores, símbolos e cultura, a identidade nessa concepção preenche o espaço entre interior e
exterior, sendo a identidade uma forma de costura entre sujeito e sociedade; e sujeito pós-
moderno: a identidade torna-se como uma celebração móvel, formada e transformada
continuamente nos sistemas culturais que nos rodeiam.
Para Hall (2011) a identidade plenamente unificada e completa é uma fantasia, a
medida que os sistemas de significação e reprodução cultural se multiplicam, somos
confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis.
Ainda segundo autor, outro elemento que relaciona com a identidade é o processo de
globalização, que por meio da “interação” provoca o deslocamento do sistema social, para o
mesmo autor, a modernidade ocasiona o processo de ruptura e fragmentação de seu próprio
interior, sendo a modernidade inerentemente modernizante.
Becker (1997 p. 330) enfatiza a “ocorrência de mudanças estruturais nas economias
dos países em desenvolvimento”. Nessa visão neoclássica a migração era percebida como um
mecanismo gerador de equilíbrio para economias em mudança, especialmente aquelas mais
pobres.
A ideia de “identidade regional” Bourdieu (1998) é apresentada como fundamental
para se entender a noção de fronteira, uma vez que procura de critérios de objetivos de
identidade regional ou ética não deve fazer esquecer que, na prática social, estes critérios, são
objetos de representações mentais, de atos tanto de percepção quanto de apreciação, de
conhecimento e de reconhecimento. Para Bourdieu (1998) os critérios para uma identidade
regional ou étnica, significa propriedades e estigmas, ligados à origem, sendo um caso
particular das lutas das classificações.
Para o estudo da região, Bourdieu (1998) afirma que as fronteiras têm como função
separa o interior do exterior, nacional do estrangeiro, sendo produto de uma divisão, produto
de um ato jurídico, de delimitação. Ao mesmo tempo em que a fronteira produz a diferença
cultural, também é produto desta. A noção de região muitas das vezes são formadas com base
em estigmas com relação a mesma, dessa forma segundo o mesmo, é importante abolir o
estigma, destruir os próprios fundamentos subjetivos e objetivos da reivindicação da diferença
por ela gerados.
A ideia de fronteira para compreensão do espaço ou do local é tratado por alguns
estudiosos, como Massey (2000), enquanto desnecessários, dado ao momento em que se
compreende a influencia da globalização no cotidiano e nas relações sociais. Por meio desse
processo se verifica a fragmentação das fronteiras para divisão geográfica do espaço, uma vez
que os locais se encontram conectados. No entanto, a relação entre identidade e fronteira no
processo de migração se encontra visível, uma vez que as fronteiras nas diferenças culturais se
reforçam e as diferentes identidades, demarcada e delimitada pela ideia de fronteira, é fator de
diferenciação social no local de destino, sendo as identidades transformadas pelas diferentes
realidades sociais a qual se insere.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de migração deve ser entendido como além do deslocamento físico,


envolvendo vários outros contextos no sentido social, político e econômico. Vários são os
fatores que impulsionam as migrações, principalmente nas décadas de 1950 e 1960, onde o
Brasil passou por grandes transformações nos setores de produção, ocorrendo a expansão das
grandes indústrias, que se constituíram como fatores de “atração” para as cidades, mas como
as indústrias não ficaram restritas aos centros urbanos e ocuparam os espaços rurais, estas
também se tornaram fatores de “expulsão”.
Os fatores que levam os sujeitos a optarem pela migração são inúmeros. No entanto,
estes não são de origem apenas individual, os processos de migração são fortemente
intensificados por várias questões que estão ligadas a um contexto histórico social,
principalmente de desigualdades sociais e de falta de garantias para acesso a terra, assim
como falta de incentivos ligados aos processos de produção tradicional nas comunidades
rurais.
Sendo assim, deve se considerar que a migração não é único e exclusivamente de
ordem econômica ou individual, mas de ordem política, social e também econômica, que são
geradas pela própria estruturação das estruturas sócio-históricas das categorias ao longo do
tempo subordinadas. A migração não é de fato um problema, mas é ocasionada por grandes
problemas históricos, intensificando os problemas existentes e acarretando novos.

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