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Fisiologia III - Kelen Salaroli

Anatomia do sistema renal

A função principal dos rins é a


filtração do sangue, tendo como resultado a
produção da urina. A filtração glomerular é a É possível dividir o rim em córtex
primeira parte da formação da urina. (parte mais externa) e medula (parte mais
O sistema urinário como um todo tem interna). Na medula, estão presentes as
função de regular a osmolaridade, o volume pirâmides renais. O rim se organiza em
es
de fluidos corporais, o balanço eletrolítico, o pirâmides em seu interior e no ápice da
balanço ácido-base, a produção e excreção pirâmide existe a papila renal, que
de hormônios, produtos do metabolismo e desemboca nos cálices menores. Após
substâncias estranhas e a pressão arterial. passar pelo cálice, a urina segue para a
O rim trata-se de um órgão duplo, pelve renal que a drena para o reter.
y

posicionado na região retroperitoneal e


possui um fluxo sanguíneo muito grande e
em alta velocidade, o que é fundamental Sistema porta renal
para a manutenção constante de eletrólitos,
O sangue entra no rim pela artéria
L iz

volume e substâncias.
A urina é formada exclusivamente no renal, antes de seguir para as artérias
rim e deve seguir inalterada a partir do menores, e, depois, para as arteríolas no
momento em que sai do rim. Em seguida, córtex. Nesse ponto, o arranjo dos vasos
vai para bexiga por meio do ureter. A partir sanguíneos forma um sistema porta, um
da bexiga, a urina é eliminada pela uretra. dos três presentes no corpo.
No sistema porta renal, o sangue flui
das artérias renais para uma arteríola
aferente. Das arteríolas aferentes, o sangue
passa para uma primeira rede de capilares,
uma rede em forma de novelo, chamada de
glomérulo. O sangue que deixa os
glomérulos passa para uma arteríola
eferente, e, então, para uma segunda rede
de capilares, os capilares peritubulares, que
cercam o túbulo renal. Nos néfrons
justamedulares, os longos capilares
peritubulares que penetram na medula são
chamados de vasos retos. Por fim, os
capilares peritubulares convergem para a
formação de vênulas e pequenas veias,
enviando o sangue para fora dos rins
através da veia renal. A função do sistema

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porta renal é filtrar o fluido sanguíneo para o Funções do rim


interior do lúmen do néfron, nos capilares
glomerulares, e, então, reabsorver o fluido
● Filtração: movimento de líquido para
do lúmen tubular de volta para o sangue,
do sangue para o lúmen do néfron.
nos capilares peritubulares.
Ocorre no corpúsculo renal
(glomérulo e cápsula de Bowman) e
Néfrons esse líquido é chamado de
ultrafiltrado.
● Reabsorção: transporte de
substâncias presentes no ultrafiltrado
do lúmen tubular para o sangue
através dos capilares peritubulares.
● Secreção: remove seletivamente
moléculas do sangue e as adiciona
ao ultrafiltrado no lúmen tubular.
● Excreção: do lúmen para fora do
corpo.

A reabsorção ocorre quando as


células do túbulo proximal transportam
solutos para fora do lúmen, determinando a
reabsorção de água por osmose. Por essa
es
razão, dizemos que a função primária do
túbulo proximal é a reabsorção isosmótica
de solutos e água.
O néfron é a unidade funcional do O ultrafiltrado que deixa o túbulo
rim. O córtex contém todas as cápsulas de proximal passa para a alça de Henle, o local
Bowman e os túbulos proximais e distais. A principal para a produção de urina diluída. À
y

medula contém as alças de Henle e os medida que o ultrafiltrado passa pela alça
ductos coletores. de Henle, proporcionalmente é reabsorvido
O sangue chega ao glomérulo pela mais soluto do que água, e o filtrado
arteríola aferente e sai pela arteríola torna-se hiposmótico com relação ao
L iz

eferente. O líquido filtrado na cápsula plasma.


glomerular segue o túbulo proximal A partir da alça de Henle, o
contorcido, alça de Henle, túbulo distal ultrafiltrado passa para o túbulo distal e para
contorcido e túbulo coletor. o ducto coletor. Nesses dois segmentos,
A parte final do ramo ascendente da ocorre uma regulação fina do balanço de sal
alça de Henle passa entre as arteríolas e de água sob o controle de vários
aferente e eferente. Essa região é hormônios.
denominada aparelho justaglomerular. A
proximidade do ramo ascendente e das
arteríolas permite a comunicação parácrina
entre essas duas estruturas, uma
característica fundamental na
autorregulação do rim.
Filtração glomerular
O néfron justamedular possui o
As substâncias que deixam o plasma
glomérulo mais próximo a porção medular e
precisam passar através de três barreiras
sua alça de Henle é mais longa. Ele é o
de filtração antes de entrarem no lúmen
principal atuante do gradiente corticopapilar.
tubular: o endotélio do capilar glomerular,
O néfron cortical está mais próximo ao
uma lâmina basal (membrana basal) e o
córtex e sua alça de Henle é mais curta.
epitélio da cápsula de Bowman.

A primeira barreira é o endotélio


capilar. Os capilares glomerulares são

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capilares fenestrados com grandes poros, Composição do ultrafiltrado


que permitem que a maioria dos
componentes plasmáticos sejam filtrados Possui íons orgânicos e solutos de
através do endotélio. Os poros são baixo peso molecular. Substâncias com alto
pequenos o bastante, contudo, para impedir peso molecular não são filtradas. É
que as células do sangue deixem o capilar. semelhante em composição ao plasma
Proteínas carregadas negativamente, sanguíneo.
presentes na superfície dos poros, também
ajudam a repelir as proteínas plasmáticas
carregadas negativamente. Dessa forma, Pressão nos capilares
substâncias de carga positiva passam com
maior facilidade e moléculas grandes 1. Pressão hidrostática capilar
também não podem passar.
Flui através dos capilares
A segunda barreira de filtração é a glomerulares e força a passagem de fluido
membrana basal, uma camada de matriz através do seu endotélio fenestrado. A
extracelular que separa o endotélio do pressão sanguínea nos capilares é de 55
capilar do epitélio da cápsula de Bowman. A mmHg, em média, e favorece a filtração
membrana basal é constituída por para dentro da cápsula de Bowman. Apesar
glicoproteínas carregadas negativamente, de a pressão cair à medida que o sangue
colágeno e outras proteínas. Ela atua como flui através dos capilares, ela ainda
uma peneira grossa, excluindo a maioria permanece maior do que as pressões que
das proteínas plasmáticas do líquido que é se opõem a ela. Como resultado, a filtração
es
filtrado através dela. É dividida em Lâmina ocorre ao longo de quase todo o
rara interna (contato com sangue pelas comprimento dos capilares glomerulares. É
fenestrações), lâmina densa e lâmina a maior força que favorece a filtração.
externa. Portanto, quanto maior a pressão
hidrostática capilar maior a TFG.
y

A terceira barreira de filtração é o


epitélio da cápsula de Bowman. A porção
epitelial da cápsula que envolve cada 2. Pressão coloidosmótica capilar
capilar glomerular é formada por células
especializadas, chamadas de podócitos. Os No interior dos capilares
L iz

podócitos possuem longas extensões glomerulares é mais alta do que no fluido da


citoplasmáticas, denominadas pés, ou cápsula de Bowman. Esse gradiente de
pedicelos, que se estendem a partir do pressão é devido à presença de proteínas
corpo principal da célula. Esses pedicelos no plasma. O gradiente de pressão
envolvem os capilares glomerulares e se osmótica é, em média, de 30 mmHg e
entrelaçam uns com os outros, deixando favorece o movimento de líquido de volta
estreitas fendas de filtração fechadas por para os capilares.
uma membrana semi porosa.
3. Pressão hidrostática glomerular
Existem glicoproteínas carregadas
negativamente presentes no endotélio,
A cápsula de Bowman é um espaço
lâmina rara interna e externa, podócitos,
fechado, de forma que a presença de fluido
pedicelos e fendas de filtração. Dessa
no interior dessa cápsula cria uma pressão
forma, solutos com carga positiva são
hidrostática do fluido (Pfluido), que se opõe
atraídos sendo filtrados de forma mais
ao fluxo de fluido para o interior da cápsula.
rápida. No entanto, solutos com carga
O líquido filtrado para fora dos capilares
negativa são repelidos, sendo filtrados de
deve deslocar o líquido já presente no
forma mais lenta.
lúmen da cápsula.

*A pressão oncótica glomerular é


praticamente nula, pois não há presença de

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proteína no ultrafiltrado, de forma fisiológico. aumento da PA, para que o rim não se
Uma diminuição na síntese de albumina, sobrecargue.
gera edema generalizado, uma vez que
revela um problema renal na filtração. 1. Hipótese miogênica

Quando o músculo liso da parede da


arteríola estira (força de cisalhamento),
devido ao aumento da pressão arterial,
canais iônicos sensíveis ao estiramento se
abrem, e as células musculares
despolarizam. A despolarização leva à
abertura de canais de cálcio e o músculo
liso vascular se contrai.

A vasoconstrição aumenta a
resistência ao fluxo e leva a uma redução
no fluxo sanguíneo através das arteríolas. A
Taxa de filtração glomerular (TFG) redução do fluxo sanguíneo diminui a
pressão de filtração no glomérulo. Essa
O volume de fluido que é filtrado para diminuição ajuda o corpo a conservar o
dentro da cápsula de Bowman por unidade volume sanguíneo. Trata-se de uma
de tempo é a taxa de filtração glomerular resposta imediata e por um período curto,
(TFG). A TFG é notavelmente constante em não atua em um período mais longo como
es
uma ampla faixa de pressões arteriais. durante uma atividade física.
Contanto que a pressão arterial média do
sangue fique entre 80 e 180 mmHg, a TFG 2. Feedback tubuloglomerular
é, em média, de 180 L/dia. A pressão de
filtração depende da pressão hidrostática e
y

é contrária à pressão coloidosmótica e à O néfron dobra-se sobre si mesmo,


pressão do fluido cápsula. de modo que o ramo ascendente da alça de
Henle passa entre as arteríolas aferente e
No entanto, mudanças na resistência eferente. As células da mácula densa
(células pertencentes a alça de Henle mas
L iz

das arteríolas renais alteram o fluxo


sanguíneo renal e a TFG. Dessa forma, a que possuem uma estrutura diferente) são
vasoconstrição da arteríola aferente sensíveis a alterações no fluxo de fluido
aumenta a resistência e diminui o fluxo tubular e liberam substâncias parácrinas, as
sanguíneo renal, a pressão arterial capilar quais regulam o diâmetro da arteríola
(pressão hidrostática) e a TFG. Em aferente.
contrapartida, a resistência aumentada na
arteríola eferente diminui o fluxo sanguíneo
renal, mas aumenta a pressão hidrostática e
a TFG. Quando há vasoconstrição nas
artérias aferente e eferente, ocorre uma
diminuição na TFG, ocasionando retenção
de líquido, buscando aumentar a pressão
arterial em resposta a uma queda nela.

A TFG está sujeita a um mecanismo


de autorregulação: resposta miogênica e a
retroalimentação tubuloglomerular. Esses
mecanismos não se relacionam com o
controle da PA, o objetivo é que o rim Com o aumento da TFG (acarretado
mantenha a TFG normal em momentos de pelo aumento da PA), o fluxo através do
túbulo e da região da mácula densa

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aumenta, podendo ser identificado por


essas células por meio da percepção do
excesso de soluto. Dessa forma,
substâncias parácrinas se difundem da
mácula densa para a arteríola aferente,
acarretando na constrição dela. A partir
disso, promove um aumento na resistência
da arteríola aferente, fazendo com que a
pressão hidrostática no glomérulo diminua
e, consequentemente, a TFG diminui.

Vasoconstrição no calibre da arteríola


aferente: diminuição da pressão hidrostática
capilar que diminui a TFG

Vasoconstrição no calibre da arteríola


eferente: aumento da pressão hidrostática
capilar que aumenta TFG

Vasoconstrição nas duas: diminuição da


pressão hidrostática e consequente
diminuição da TFG A angiotensina II é produzida tanto
sistêmica quanto localmente nos rins. Ela
es
Vasodilatação na aferente: aumento da contrai as arteríolas aferentes e eferentes,e
pressão hidrostática e TFG reduz tanto o fluxo sanguíneo renal quanto
a TFG.
Vasodilatação na eferente: diminuição da
pressão hidrostática e TFG
Depuração
y

Vasodilatação nas duas: aumento da


pressão hidrostática e aumento da TFG É uma forma não invasiva de medir a
TFG. Os cientistas descobriram, a partir de
Influência de hormônios e neurônios experimentos com néfrons isolados, que a
L iz

inulina injetada no plasma é filtrada


autonômicos que influenciam a TFG livremente para dentro do néfron. À medida
que passa pelos túbulos renais, a inulina
Os hormônios e o sistema nervoso não é nem reabsorvida nem secretada.
autônomo alteram a TFG de duas maneiras:
mudando a resistência das arteríolas e À medida que a inulina e o plasma
alterando o coeficiente de filtração. fitrados passam ao longo do néfron, todo o
plasma é reabsorvido, mas toda a inulina
● Norepinefrina ou noradrenalina/ permanece no túbulo. O plasma reabsorvido
epinefrina ou adrenalina (só é não contém inulina, de forma que dizemos
produzida na porção medular da que ele foi completamente depurado da
adrenal) inulina.
Ativam receptores ɑ1 que vão Assim, para qualquer substância que
estimular a vasoconstrição das arteríolas é livremente filtrada, mas não é reabsorvida
aferente e eferente, diminuindo fluxo nem secretada, sua depuração é igual à
sanguíneo renal e TFG, contribuindo para a TFG.
retenção hídrica. É muito comum ser
ativado em momentos de luta e fuga. No cenário clínico, médicos utilizam a
creatinina para estimar a TFG. Embora a
● Angiotensina II creatinina esteja sempre presente no
plasma e seja facilmente medida, ela não é
a molécula perfeita para estimar a TFG

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porque uma pequena quantidade é 1. Túbulo proximal


secretada na urina. No entanto, a
quantidade secretada é suficientemente
pequena para que, na maioria das pessoas, O túbulo proximal reabsorve cerca de
a depuração da creatinina seja 67% da água, Na+ , Cl− , K + e a maioria
rotineiramente usada para estimar a TFG. dos outros solutos filtrados. Adicionalmente,
o túbulo proximal reabsorve quase toda a
Um aumento de creatinina na urina glicose e os aminoácidos filtrados pelo
associado a um aumento de creatinina no glomérulo, bem como a maioria do HCO3– .
sangue indica uma dieta hiperproteica e não A reabsorção de todas as substâncias,
uma falha nos rins. incluindo a água, está ligada de alguma
forma à operação de Na +, K + ‑ ATPase.
Nesse local, também há o maior volume de
Reabsorção secreção. Portanto, essa região possui as
células com maior quantidade de
Envolve a reabsorção do soluto e do
microvilosidades e mitocôndrias por conta
solvente(água). Ela juntamente com a
da grande atividade.
secreção determinam volume e composição
da urina. Esse processo ocorre em toda a
tubulação, mas não ocorre de forma ● Reabsorção de Na+
igualitária. No túbulo contorcido proximal, há
a maior porcentagem de reabsorção e
secreção, por isso nesse trecho as células Na primeira metade do túbulo
possuem a maior quantidade de proximal, o Na + é reabsorvido
es
mitocôndrias e microvilosidades. primariamente com bicarbonato (HCO3 – ) e
certo número de outros solutos (p. ex.,
A reabsorção de água e solutos do glicose, aminoácidos, Pi, lactato). Em
lúmen tubular para o líquido extracelular contrapartida, na segunda metade, o Na + é
depende de transporte ativo. O filtrado que reabsorvido principalmente com Cl– . Sendo
y

flui da cápsula de Bowman para o túbulo que na primeira metade, há maior


proximal tem a mesma concentração de reabsorção de sódio do que na segunda.
solutos do líquido extracelular. Portanto, A bomba de sódio e potássio realiza
para transportar soluto para fora do lúmen, transporte ativo primário, por meio do ATP,
L iz

as células tubulares precisam usar jogando sódio para fora da célula, formando
transporte ativo para criar gradientes de um gradiente de concentração. Esse
concentração ou eletroquímicos. A água gradiente de concentração permite que
segue osmoticamente os solutos, à medida ocorra o transporte ativo secundário,
que eles são reabsorvidos. realizado pelas células tubulares. Esse
processo é configurado por uma proteína
Ela ocorre a partir do transporte que utiliza a força que o sódio faz para
transcelular (passa pela célula) do voltar para carregar outra molécula ou no
transporte paracelular (entre as células). O mesmo sentido do sódio (simporte) ou no
soluto utiliza o transporte transcelular para sentido oposto (antiporte).
ser reabsorvido, utilizando de Proteínas de transporte específicas
transportadores para atravessar a medeiam a entrada de Na + na célula
membrana apical e a membrana basal, através da membrana apical.
chegando ao líquido intersticial. O Exemplificando, o antiportador de Na +
transporte paracelular é utilizado /H+NHE3 acopla a entrada de Na + à
predominantemente pela água e pelo extrusão de H + a partir da célula.
cloreto. No entanto, a água pode usar as O Na + também entra nas células do
duas formas de transporte. O caminho túbulo proximal por vários mecanismos de
seguido pelo soluto depende da simportador, incluindo Na + /glicose, Na +
permeabilidade das junções epiteliais e do /aminoácido, Na + /Pi e Na + /lactato. A
seu gradiente eletroquímico. glicose e outros solutos orgânicos que
entram na célula com o Na + deixam a

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célula pela membrana basolateral, por peptídeos entram na célula, as enzimas os


mecanismos de transporte passivo, difusão digerem em seus aminoácidos constituintes,
facilitada para o capilar sanguíneo. que, então, saem da célula pela membrana
Qualquer Na + que entra na célula pela basolateral por meio das proteínas de
membrana apical sai dela e entra no sangue transporte e são devolvidos ao sangue.
via ATPase de Na + /K (bomba de sódio e No entanto, como o mecanismo é
potássio). facilmente saturado, um aumento na
Assim, a reabsorção de Na+ na concentração de proteínas filtradas pode
primeira metade do túbulo proximal está resultar em proteinúria (aparecimento de
acoplada à de HCO3 – e de algumas proteína na urina). A ruptura da barreira de
moléculas orgânicas, e isso produz uma filtração glomerular aumenta a filtração de
voltagem transepitelial negativa ao longo do proteínas e resulta em proteinúria, que é
túbulo proximal que fornece uma força encontrada com frequência na doença
motriz para reabsorção paracelular do Cl–. renal.
Como mais água do que Cl– é
reabsorvida na primeira metade do túbulo ● Secreção de ânions e cátions orgânicos
proximal, a concentração de Cl– no líquido
tubular sobe ao longo da extensão do túbulo
proximal. Isso facilita a reabsorção de Cl- As células do túbulo proximal
com Na+. também secretam ânions e cátions
orgânicos no líquido tubular. A secreção de
ânions e cátions orgânicos pelo túbulo
● Reabsorção de água proximal exerce papel decisivo na regulação
es
dos níveis plasmáticos de compostos
A força motriz para reabsorção de tóxicos endógenos e exógenos
água é o gradiente osmótico transtubular (medicamentos).
estabelecido por reabsorção de soluto.
Dessa forma, a partir da reabsorção de 2. Alça de Henle
y

solutos, há uma diminuição na osmolalidade


do líquido tubular e um aumento na do
espaço intercelular lateral, fazendo com que A alça de Henle reabsorve cerca de
a água seja reabsorvida por osmose. 25% do NaCl filtrado e 15% da água filtrada.
Além disso, as tight junctions Ocorre apenas reabsorção.
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presentes no túbulo proximal também são A reabsorção de NaCl na alça de


permeáveis à água, por isso um pouco de Henle ocorre em ambos os ramos
água também é reabsorvido pela via ascendentes, fino(ou delgado) e espesso,
paracelular entre as células tubulares da alça de Henle, enquanto o ramo
proximais. descendente fino não reabsorve o NaCl. Em
O acúmulo de líquido e solutos junto contrapartida, a reabsorção de água é
ao espaço intercelular aumenta a pressão exclusivamente restrita ao ramo
hidrostática neste compartimento. A elevada descendente fino, enquanto o ramo
pressão hidrostática força líquido e solutos ascendente é impermeável à água.
para dentro dos capilares. Assim, a O ramo ascendente fino reabsorve
reabsorção de água se segue à reabsorção NaCl por um mecanismo passivo. A
de soluto no túbulo proximal. reabsorção de água, mas não a de NaCl, no
ramo descendente fino aumenta a
concentração de NaCl no líquido tubular
● Reabsorção de proteínas que entra no ramo ascendente fino.
Conforme o líquido rico em NaCl se move
As proteínas filtradas são rumo ao córtex, o NaCl se difunde para fora
reabsorvidas no túbulo proximal por do lúmen do túbulo, ao longo do ramo
endocitose, seja como proteínas intactas ou ascendente fino, e entra no líquido
após serem parcialmente degradadas por intersticial medular, seguindo um gradiente
enzimas na superfície das células do túbulo de concentração direcionado do líquido
proximal. Depois que as proteínas e os tubular para o interstício.

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O elemento‑chave na reabsorção de apical a inserção de aquaporinas. As


soluto pelo ramo ascendente espesso é aquaporinas aumentam a permeabilidade
uma ATPase de Na + /K + presente na da água, sendo reabsorvida para o sangue,
membrana basolateral. Esse transportador diminuindo o volume de urina mas acarreta
mantém uma baixa concentração de Na + em um aumento da osmolaridade.
intracelular, que fornece um gradiente Os diuréticos de alça inibem os
químico favorável para a movimentação de transportadores responsáveis pela
Na + do líquido tubular para dentro da reabsorção de soluto na Alça de Henle.
célula. Esse soluto não reabsorvido permanece na
Os canais de K + presentes na luz tubular e é excretado, uma vez que o
membrana plasmática apical exercem papel túbulo contorcido distal e o ducto coletor
importante na reabsorção de NaCl pelo possuem a permeabilidade alterada. Nesse
ramo ascendente espesso. Esses canais de caso, independente da presença de
K + permitem que o K + transportado para aquaporinas no prosseguimento do túbulo,
dentro da célula via simportador seja a osmolaridade do ultrafiltrado estará igual a
reciclado de volta para o líquido tubular. osmolaridade do sangue, fazendo com que
Um antiportador de Na + /H + na a água não seja reabsorvida.
membrana celular apical também medeia a
reabsorção de Na + , bem como a secreção 3. Túbulo contorcido distal e ducto coletor
de H + (reabsorção de HCO3 – ) no ramo
ascendente espesso. A operação do
antiportador de Na + /H + na membrana O túbulo distal e o ducto coletor
apical resulta em captação celular de Na + reabsorvem cerca de 8% do NaCl filtrado,
es
em troca de H. secretam quantidades variáveis de K + e H+
O líquido tubular é positivamente e reabsorvem uma quantidade variável de
carregado em relação ao sangue devido à água. O segmento inicial do túbulo distal
localização exclusiva das proteínas de (túbulo distal inicial) reabsorve Na+ , Cl− e
transporte nas membranas apical e Ca + + e é impermeável à água. Sendo
y

basolateral. Essa voltagem é importante assim, a diluição do líquido tubular começa


pois serve de combustível para a no ramo ascendente espesso e continua no
reabsorção de vários cátions como Na, K, segmento inicial do túbulo distal.
Mg e Ca.
● Segmento inicial
L iz

A reabsorção transcelular
corresponde a 50% da reabsorção total de
NaCl, e a reabsorção paracelular representa Como é um segmento de transição,
50%. seu comportamento é semelhante ao ramo
Como o ramo ascendente espesso descendente da alça de Henle. Reabsorve
não reabsorve água devido à ausência de apenas o soluto e não é permeável a água.
canais de água, a reabsorção de NaCl e Utiliza cotransporte de Na/ Cl.
outros solutos diminui a osmolalidade do No entanto, o tipo de transportador
líquido tubular. Assim, como o ramo aqui encontrado é diferente do ramo
ascendente espesso da alça de Henle ascendente espesso da alça de Henle. Os
produz um líquido que é diluído em relação diuréticos tiazídicos atuam nesse
ao plasma, esse segmento e o túbulo distal transportador específico.
adjacente costumam ser referidos
coletivamente como “segmentos diluidores”. ● Segmento distal e ducto coletor

Possui dois tipos de células:


Hormônio antidiurético (ADH) principais e intercalares. As células
principais possuem como maior função a
Ao perceber uma osmolalidade alta reabsorção de água, sendo influenciadas
no plasma sanguíneo, ele se liga nas pela ação do ADH. O ADH induz as células
células da parede tubular (segundo principais a exprimir aquaporinas nas
segmento do túbulo contorcido distal e membrana basal. Comporta-se de forma
ducto coletor), induzindo na membrana semelhante ao ducto coletor.

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O último segmento do túbulo distal ★ Célula ɑ intercalada


(túbulo distal posterior) e o ducto coletor são
compostos por três tipos celulares: células Possui bomba de hidrogênio. Ativada
principais e dois tipos de células em uma acidificação do plasma sanguíneo,
intercaladas. As células principais secreta H + e reabsorve HCO3-.
reabsorvem NaCl e água e secretam K +.
A reabsorção de água nesses ★ Célula β intercalada
segmentos é mediada pelo canal de água
AQP2 AVP‑regulado, presente na Possui o transportador pendrina
membrana plasmática apical, e pelos canais (presente também na tireoide). Ativada na
AQP3 e AQP4, localizados na membrana alcalinização do plasma sanguíneo, secreta
basolateral das células principais. Em HCO3- e reabsorve H +.
presença de AVP, a água é reabsorvida. Em
contrapartida, na ausência de AVP, a parte ★ Célula intercalada não α não β
final do túbulo distal e do ducto coletor
reabsorve pouca água. Quando a célula α está ativa, essa
Na primeira etapa, a captação de K + célula vai ativar a bomba de hidrogênio,
ao longo da membrana basolateral é auxiliando na secreção de hidrogênio.
mediada pela ação da ATPase de Na+ /K+ . Quando a célula β está ativada, essa
Na segunda etapa, o K + sai da célula por célula vai ativar a pendrina, estimulando a
difusão passiva. secreção de HCO3-.
Como a [K+ ] no interior das células
principais é alta , enquanto a [K+ ] no Regulação da reabsorção de NaCl e
es
líquido tubular é baixa , o K + se difunde
seguindo o gradiente de concentração na de água
membrana celular apical por meio dos
canais de K + , entrando no líquido tubular. Do ponto de vista quantitativo,
Apesar de o potencial negativo no interior angiotensina II, aldosterona, catecolaminas,
y

dessas células favorecer a retenção de K + peptídeo natriurético e uroguanilina são os


intracelular, o gradiente eletroquímico ao hormônios reguladores da reabsorção de
longo da membrana apical promove NaCl mais importantes, portanto também da
secreção de K + da célula para dentro do excreção urinária de NaCl. Entretanto,
L iz

líquido tubular. outros hormônios (incluindo a dopamina e a


Em contraste, a reabsorção de K + adrenomedulina), forças de Starling e
pelas células α é mediada por uma ATPase fenômeno do equilíbrio glomerulotubular
de H + /K + localizada na membrana celular também influenciam a reabsorção de NaCl.
apical. Como consequência, esses A AVP é o único entre os hormônios
segmentos distais do néfron têm a principais que regula diretamente a
habilidade de secretar e reabsorver K +por quantidade de água excretada pelos rins.
meio de mecanismos regulados de modo A angiotensina II tem potente efeito
independente, o que contrasta com a estimulatório sobre a reabsorção isosmótica
tendência geral de reabsorver Na + ao de NaCl e água junto ao túbulo proximal,
longo da maioria dos segmentos do néfron. estimulando também a reabsorção de Na+
junto ao ramo ascendente espesso da alça
Principais: reabsorvem Na+ e água e de Henle, bem como junto à parte final do
secretam K+ (depende da atividade da túbulo distal e do ducto coletor.
bomba Na+,K+-ATPase na membrana A aldosterona é sintetizada pelas
basolateral) células glomerulosas do córtex suprarrenal
e estimula a reabsorção de NaCl pelo ramo
Intercaladas: secreta H+ e reabsorve HCO3 ascendente espesso da alça de Henle,
(importante no equilíbrio ácido-base) parte final do túbulo distal e ducto coletor. A
maioria do efeito da aldosterona sobre a
reabsorção de NaCl reflete sua ação sobre
o túbulo distal posterior e o ducto coletor.

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Peptídeo natriurético atrial (ANP) e peptídeo


natriurético cerebral (BNP): inibem a
reabsorção de água e NaCl.

As catecolaminas estimulam a
reabsorção de NaCl. As catecolaminas
liberadas a partir de nervos simpáticos
(norepinefrina) e da medula suprarrenal
(epinefrina) estimulam a reabsorção de
NaCl e água pelo túbulo proximal, ramo
ascendente espesso da alça de Henle,
túbulo distal e ducto coletor.
A arginina vasopressina (AVP) regula
a reabsorção de água. É o mais importante
dentre os hormônios reguladores da
reabsorção de água nos rins. Este hormônio
é secretado pela glândula hipófise posterior
em resposta à elevação da osmolalidade Eliminação da urina
plasmática ou à diminuição do VLEC. A
AVP aumenta a permeabilidade do ducto Ao sair dos ductos coletores, a urina
coletor à água e a reabsorção de água pelo é conduzida a papila renal e chega até os
ducto coletor devido ao gradiente osmótico cálices menores, estando nesse ponto
es
existente ao longo da parede do ducto finalizada. Após isso, se direciona aos
coletor. A AVP tem pouco efeito sobre a cálices maiores, pelve renal, ureter, bexiga
excreção urinária de NaCl. e uretra de forma inalterada.
As forças de Starling regulam a A urina se acumula na bexiga e é
reabsorção de NaCl e água ao longo do controlada pelo SNA. Não existe
y

túbulo proximal. As forças de Starling ao comunicação entre a bexiga e o rim, de


longo da parede dos capilares peritubulares forma a parar o rim quando a bexiga está
consistem na pressão hidrostática junto ao cheia.
capilar peritubular e espaço intercelular
L iz

lateral, pressão oncótica no capilar Controle da osmolaridade e volume


peritubular e espaço intercelular lateral.
Assim, a reabsorção de água resultante do
transporte de Na+ do líquido tubular para Os rins serão a primeira via de
dentro do espaço intercelular lateral é manutenção de volume corpóreo. Um
modificada pelas forças de Starling. desequilíbrio nisso pode acarretar em
edema ou desidratação.
A água corporal está dividida em dois
compartimentos: líquido intracelular e
líquido extracelular (se divide em dois
compartimentos, o líquido intersticial e
plasma sanguíneo). A maior porcentagem
do líquido deve estar na região intracelular
de forma fisiológica. Um desequilíbrio nessa
proporção, é considerado um distúrbio
hidroeletrolítico.
Os solutos indicam a osmolaridade,
esse conceito deve ser o mesmo valor
dentro e fora da célula.
Uma alta ingestão de Na acarreta em
um aumento da osmolaridade intracelular.
Para equilibrar, o meio extracelular promove

4º período
Fisiologia III - Kelen Salaroli

um aumento do líquido extracelular, estimulados a produzir ADH em excesso.


causado por retenção de líquido (edema). A Esse excesso acarreta em uma reabsorção
água flui sempre de acordo com a exagerada de água, aumentando o volume
osmolaridade, do ambiente mais extracelular, diminuindo a osmolaridade,
concentrado para o menos concentrado. fazendo com que a água flua para dentro da
Na diarreia, há uma perda grande de célula. Gera um edema celular e baixa
líquido e eletrólitos, não interferindo na osmolaridade intracelular. Trata-se de
osmolaridade. Caracterizando um evento de expansão hiposmótica.
contração isosmótica, em que há perda Um aumento no líquido intracelular
de água e soluto na mesma concentração, pode gerar rompimento de membrana
além disso há diminuição de líquido dessas células, gerando necrose que
extracelular sem mudança na osmolaridade, desencadeia processos inflamatórios,
sendo perigoso para uma desidratação já contribuindo para a ocorrência de outros
que não há ativação de mecanismos de agravos.
reabsorção de água. Um aumento no líquido extracelular
Um indivíduo que perde líquido e não pode levar a um aumento na PA que pode
repõe líquido nem eletrólitos e pratica acarretar em um acidente vascular.
atividade física terá uma contração
hiperosmótica. Há perda de mais líquido
do que soluto, acarretando uma diminuição
de volume e um aumento de osmolaridade.
O líquido extracelular é diminuído, porém
flui do líquido intra para o extra, para manter
es
o equilíbrio.
Uma insuficiência na glândula
adrenal acarreta em uma insuficiência na
produção de aldosterona que não permite
reabsorção de Na de forma adequada. Essa
y

eliminação de Na exacerbada corrobora


para uma diminuição da osmolaridade e
diminuição do volume do líquido intracelular. Balanço hídrico
O líquido extra flui para o intra, aumentando
L iz

o volume de líquido dentro da célula,


Os rins buscam se manter em
gerando edema celular. Trata-se de uma
homeostasia, regulando a eliminação de
contração hiposmótica.
água. Para isso, o ADH é fundamental para
Uma infusão de soro fisiológico
a modulação da concentração e
(mesma osmolaridade do plasma
osmolalidade da urina. As células principais
sanguíneo) por período prolongado gera
respondem a esse hormônio no túbulo
aumento no líquido extracelular, gerando
contorcido distal e ducto coletor.
edema. Trata-se de uma expansão
Quando o ADH atua nas células-alvo,
isosmótica, podendo ser usado esse
o epitélio do ducto coletor torna-se
método para combater uma contração
permeável à água, permitindo a sua saída
isosmótica.
do lúmen tubular. A água move-se por
Se há uma ingestão de soluto em
osmose devido à maior osmolalidade das
excesso, ocorre retenção do líquido
células tubulares e do líquido intersticial
extracelular, retirando do intra. A ingestão
medular em comparação à osmolalidade do
exacerbada de soluto aumenta a
líquido tubular. Na ausência de
osmolaridade no líquido extracelular,
vasopressina ou ADH, o ducto coletor é
corroborando para a saída de água da
impermeável à água.
célula. Trata-se de uma expansão
Quando os níveis de vasopressina –
hiperosmótica.
e, consequentemente, a permeabilidade à
Na síndrome do hormônio ADH
água dos ductos coletores – são baixos, as
inapropriado, ocorre um distúrbio no
células dos ductos coletores têm poucos
hipotálamo em que os neurônios são super
poros de água em sua membrana apical e

4º período
Fisiologia III - Kelen Salaroli

estocam seus poros de água AQP2 nas anterior, fazendo com que o indivíduo sinta
vesículas citoplasmáticas de sede estimulando a ingestão de água. No
armazenamento. entanto, se não houver ingesta de líquido,
A osmolalidade é monitorada por ocorre a promoção de um aumento na
osmorreceptores, neurônios sensíveis ao secreção de ADH, aumentando a
estiramento que aumentam sua frequência permeabilidade à água nas células
de disparo quando a osmolalidade aumenta. principais à água. Dessa forma, ocorre
Os principais osmorreceptores que regulam reabsorção de água, aumentando a
a liberação da vasopressina se encontram osmolaridade da urina e diminuindo o
no hipotálamo. volume da urina, resultando em uma
Quando a pressão arterial ou o diminuição da osmolaridade plasmática em
volume sanguíneo diminuem, os direção ao normal.
barorreceptores sinalizam para o Quando há uma alta ingestão de
hipotálamo secretar vasopressina e água, a osmolaridade plasmática diminui,
conservar líquido. inibindo os osmorreceptores no hipotálamo
Os sinais emitidos por esses anterior desencadeando fim da sede,
receptores são transmitidos nas fibras diminuindo a ingestão de água. Mas além
aferentes dos nervos vago e glossofaríngeo disso, ocorre diminuição da secreção de
para o tronco encefálico, que faz parte do ADH, diminuindo a permeabilidade das
centro regulador da frequência cardíaca e células principais e consequentemente,
da pressão arterial. Os sinais são então diminuindo reabsorção de água, diminuindo
retransmitidos do tronco encefálico para as osmolaridade da urina e aumentando o
células secretoras de ADH dos núcleos volume da urina. Tendo como resultado um
es
hipotalâmicos supraóptico e paraventricular. aumento na osmolaridade plasmática.

Mecanismos renais de diluição e


concentração da urina
y

Para a excreção de uma urina


hipo-osmótica, o néfron deve apenas
reabsorver os solutos do líquido tubular e
L iz

impedir que também haja reabsorção da


água no ramo ascendente da alça de Henle.
Para a excreção de uma urina
hiperosmótica, envolve remoção de água
sem soluto do líquido tubular. Como o
movimento da água é passivo, dirigido por
um gradiente osmótico, o rim deve gerar um
compartimento hiperosmótico para dentro
do qual a água é reabsorvida, sem soluto,
osmoticamente a partir do líquido tubular. O
compartimento hiperosmótico no rim que
desempenha essa função é o interstício da
medula renal. A alça de Henle é essencial
para a geração do interstício medular
hiperosmótico. Uma vez estabelecido, esse
compartimento hiperosmótico direciona a
reabsorção de água a partir do ducto coletor
e, assim, concentra a urina.
O gradiente osmótico intersticial
Um indivíduo em privação de água medular é estabelecido por um processo
apresenta alta osmolaridade plasmática, denominado multiplicação de
estimulando osmorreceptores no hipotálamo contracorrente. Por meio desse processo, o

4º período
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soluto (principalmente NaCl) é reabsorvido ● Sistema multiplicador em contracorrente


sem água a partir do ramo ascendente da
alça de Henle para dentro do interstício renal
medular circundante, o que diminui a
osmolalidade no líquido tubular e eleva a O sistema tem dois componentes: a
osmolalidade do interstício nesse ponto. alça de Henle, que deixa o córtex, mergulha
Portanto, em um ponto qualquer ao no meio mais concentrado da medula, e,
longo da alça de Henle, o líquido no ramo após, sobe para o córtex novamente, e os
ascendente tem osmolalidade menor que a capilares peritubulares, denominados vasos
do líquido no ramo descendente adjacente. retos. Esses capilares, assim como a alça
Essa diferença osmótica foi denominada de Henle, mergulham na medula e, após,
efeito único. Devido ao fluxo contracorrente retornam para o córtex, também formando
do líquido tubular nos ramos descendente alças em forma de grampo, que atuam
(líquido fluindo para dentro da medula) e como um trocador em contracorrente.
ascendente (fluxo de líquido para fora da O filtrado torna-se progressivamente
medula), esse efeito único poderia ser mais concentrado à medida que se move
multiplicado, resultando em um gradiente para o interior da medula. Na curvatura das
osmótico junto ao interstício medular, onde alças de Henle mais longas, o filtrado
a ponta da papila tem osmolalidade de alcança uma concentração de 1.200 mOsM.
1.200 mOsm/kg de H2O, em comparação O filtrado nas alças mais curtas (as quais
com os 300 mOsm/kg de H2O na junção não se estendem para dentro das regiões
corticomedular. mais concentradas da medula) não alcança
es
essa alta concentração.
Sistema de troca em contracorrente
O sistema de troca em
contracorrente requer vasos sanguíneos
arteriais e venosos que passem muito
y

próximos uns dos outros, com seus fluxos


de líquido movendo-se em direções
opostas. Esse arranjo anatômico permite a
transferência passiva de calor ou moléculas
L iz

de um vaso para o outro.


Com um sistema de troca em
contracorrente, o sangue arterial quente que
entra no membro transfere seu calor para o
sangue venoso mais frio, que flui da
extremidade do membro de volta para o
centro do corpo. Esse arranjo reduz a
quantidade de calor perdida para o meio
externo.
Contudo, como o rim forma um
sistema fechado, os solutos não são
perdidos para o meio externo. Em vez O efeito isolado ocorre no ramo
disso, os solutos concentram-se no ascendente, principalmente no espesso da
interstício. Esse processo é auxiliado pelo Alça de Henle. Além disso, o ADH
transporte ativo de solutos para fora do intensifica esse efeito, ativando mais
ramo ascendente da alça de Henle, o que transportadores nessa região. Nesse
torna a osmolalidade do líquido extracelular processo, o soluto sai do ramo ascendente
ainda maior. Um sistema de troca em para o interstício, atraindo água do ramo
contracorrente, no qual a troca é aumentada descendente para equilibrar a osmolaridade
pelo transporte ativo de solutos, é chamado do sangue.
de multiplicador em contracorrente. O fluxo tubular força o líquido menos
concentrado a ficar mais concentrado

4º período
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conforme adentra na medula, empurrando o . Como a reabsorção de água a partir


líquido. do ducto coletor é dirigida pelo gradiente
A água ou os solutos que deixam o osmótico estabelecido no interstício
túbulo se movem para dentro dos vasos medular, a urina nunca pode ser mais
retos se um gradiente de concentração ou concentrada do que o líquido intersticial na
osmótico existir entre o interstício medular e papila. Assim, qualquer condição que
o sangue nos vasos retos. diminua a osmolalidade intersticial medular
Então, conforme o sangue nos vasos compromete a habilidade dos rins de
retos flui de volta, em direção ao córtex, a concentrar maximamente a urina.
alta osmolalidade do plasma atrai a água
que está sendo perdida do ramo Função dos vasos retos
descendente. O movimento da água para
dentro dos vasos retos diminui a
Os vasos retos, que são as redes
osmolalidade do sangue, enquanto
capilares fornecedoras de sangue para a
simultaneamente impede a água de diluir o
medula, são altamente permeáveis a
líquido intersticial medular que está
solutos e água. Como ocorre com a alça de
concentrado.
Henle, os vasos retos formam um arranjo
O resultado final desse arranjo é que
paralelo de alças semelhantes a grampos
o sangue fluindo ao longo dos vasos retos
de cabelo junto à medula. Os vasos retos
remove a água reabsorvida da alça de
não só trazem nutrientes e oxigênio para os
Henle. Sem os vasos retos, a água
segmentos medulares do néfron, como
movendo-se para fora do ramo descendente
também, e o mais importante, removem o
da alça de Henle diluiria o interstício
es
excesso de água e solutos continuamente
medular. Dessa forma, os vasos retos são
adicionados ao interstício medular por
parte importante na manutenção da alta
esses segmentos do néfron.
concentração de solutos na medula.
Um aumento substancial no fluxo dos
vasos retos dissipa o gradiente medular
Reciclagem da ureia (i.e., washout de osmoles do interstício
y

medular). Alternativamente, o fluxo


O ADH só consegue inserir sanguíneo diminuído reduz a distribuição de
transportador de ureia no final do ducto oxigênio aos segmentos do néfron junto à
coletor. Dessa forma, ao chegar no final do medula. Como o transporte de sais e outros
L iz

ducto coletor, a ureia estará concentrada. A solutos requer oxigênio e ATP, o fluxo
inserção desses transportadores permite sanguíneo medular reduzido diminui o
que a ureia seja reabsorvida juntamente transporte de sais e solutos pelos
com água. Na região medular, a ureia ainda segmentos do néfron na medula. Como
possibilita que a osmolaridade se mantenha resultado, o gradiente osmótico intersticial
alta. medular não pode ser mantido.
Ele participa efetivamente do
Interstício gradiente corticopapilar, uma vez que o seu
fluxo é na direção oposta, contracorrente,
ao fluxo tubular, permitindo que o interstício
Quando a urina diluída é produzida,
permaneça mais concentrado no ramo
em especial por períodos prolongados, a
descendente.
osmolalidade do interstício medular declina.
Os vasos retos descem para a
Essa osmolalidade diminuída é quase
medula, onde formam redes de capilares
totalmente causada por uma diminuição na
que circundam os ductos coletores e os
concentração de ureia, o que reflete o
ramos ascendentes da alça de Henle. O
washout pelos vasos retos(discutido
sangue retorna ao córtex por via do vaso
adiante) e a difusão da ureia a partir do
reto ascendente. Embora menos de 0,7%
interstício para dentro do líquido tubular
do fluxo sanguíneo renal (FSR) entre nos
junto à porção medular do ducto coletor,
vasos retos, esses vasos desempenham
que é permeável à ureia mesmo na
importantes funções na medula renal, que
ausência de AVP.
incluem (1) carrear oxigênio e importantes

4º período
Fisiologia III - Kelen Salaroli

substratos metabólicos para reforçar a


função do néfron, (2) liberar substâncias
para o néfron para secreção, (3) servir
como uma via para o retorno da água e de
solutos reabsorvidos ao sistema circulatório,
e (4) concentrar e diluir urina. Está sempre
em equilíbrio ao interstício.

Patologias
Na síndrome de secreção
inadequada de ADH (SIADH), pode ser
causada por um mal funcionamento
encefálica ou presença de tumor, tendo uma
produção excessiva de ADH, acarretando
em um excesso de reabsorção de água,
interferindo no gradiente corticopapilar,
diluição do interstício e aumento na PA.
Pode levar a uma disfunção renal.
No diabetes insípido central, causado
frequentemente por traumatismo craniano,
A secreção de renina é estimulada
há o fim do estoque do ADH. No diabetes
pela pressão de perfusão diminuída
es
insípido nefrogênico, a causa está
(aumentada inibe), ativação de fibras
associada a um defeito no receptor ou na
nervosas simpáticas (barorreceptores que
proteína G. Nele as células não respondem
indentificam o aumento de PA) que inervam
ao ADH.
as arteríolas aferentes e diminuição da
distribuição de NaCl para a mácula densa.
Alterações na pressão arterial
y

A renina é produzida pelas células


justaglomerulares ou células granulares.
Seu substrato é uma proteína
circulante produzida pelo fígado, o
L iz

angiotensinogênio, o qual é clivado pela


renina para se tornar a angiotensina I. A
angiotensina I não tem função fisiológica
conhecida e é clivada em angiotensina II,
pela ECA. As células endoteliais
pulmonares e renais são sítios importantes
para a conversão de angiotensina I em
angiotensina II. A ECA também degrada
bradicinina, um potente vasodilatador.
A angiotensina II exerce função de
estimulação da secreção de aldosterona
pelo córtex suprarrenal, vasoconstrição
A longo prazo, a função renal é arteriolar (aumenta PA), estimula secreção
aumentada fazendo com que há uma perda de ADH e sede, intensificação da
maior de água, diminuindo o volume e, reabsorção de NaCl pelo túbulo proximal,
consequentemente, diminui a PA. ramo ascendente da alça de Henle, túbulo
distal e ducto coletor.
● Sistema renina-angiotensina-aldosterona
Equilíbrio ácido-base
O equilíbrio acidobásico (também
denominado homeostasia do pH) é uma das

4º período
Fisiologia III - Kelen Salaroli

funções essenciais do corpo. O pH de uma ventilação, a segunda linha de defesa, é


solução é medido como sua concentração uma resposta rápida regulada reflexamente
de H. Na concentração plasmática que pode controlar cerca de 75% dos
sanguínea, o valor de H+ é muito baixo. O distúrbios do pH. A linha final de defesa fica
pH é neutro no plasma sanguíneo. com os rins. Eles são mais lentos do que os
tampões e os pulmões, mas são muito
eficientes ao enfrentar qualquer distúrbio de
pH restante, sob condições normais.

● Sistema urinário
Os rins alteram o pH de duas
maneiras: diretamente, através da excreção
ou da reabsorção de H e indiretamente,
através da alteração da taxa, na qual o
tampão HCO3 é reabsorvido ou excretado.
Na acidose, os rins secretam H no
lúmen tubular utilizando mecanismos de
transporte ativo diretos e indiretos . A
amônia derivada dos aminoácidos e os íons
fosfato (HPO4 2-) atuam como tampões
Um pH anormal pode afetar renais, convertendo grandes quantidades
significativamente a atividade do sistema de H em NH4 e H2PO4 . Esses tampões
nervoso. Se o pH é muito baixo – uma
es
permitem uma maior excreção de H+.
condição denominada acidose –, os Enquanto o H está sendo excretado, os rins
neurônios tornam-se menos excitáveis, sintetizam novo HCO3 a partir de CO2 e
resultando em depressão do SNC. Os H2O. O HCO3 é reabsorvido para o sangue
pacientes tornam-se confusos e para atuar como um tampão e aumentar o
desorientados e, então, entram em coma.
y

pH. O hidrogênio está sempre ligado ao


Se a depressão do SNC progride, os tampão, de modo a não tornar a urina
centros respiratórios deixam de funcionar, excessivamente ácida, sendo de excreção
levando à morte. inevitavelmente lesiva.
Se o pH é muito alto – uma condição
L iz

denominada alcalose –, os neurônios


tornam-se hiperexcitáveis, disparando
potenciais de ação mesmo frente a
pequenos sinais. Essa condição se
manifesta primeiro por alterações
sensoriais, como falta de sensibilidade ou
formigamento, e depois por abalos
musculares. Se a alcalose é grave, as
contrações musculares tornam-se
sustentadas (tetania) e paralisam os
músculos respiratórios.

Mecanismos de manutenção do
equilíbrio ácido-base
A maior parte da reabsorção de
Existem três mecanismos: tampões, HCO3 ocorre no túbulo proximal
ventilação e regulação da função renal de H predominantemente, utilizando simporte
e HCO3 . com Na e antiporte com H+.
Os tampões são a primeira linha de As células intercalares no segundo
defesa, sempre presentes e esperando para segmento do túbulo distal e ducto coletor
impedir grandes oscilações do pH. A possuem uma ação dependendo do pH. As

4º período
Fisiologia III - Kelen Salaroli

células alfa reabsorvem HCO3 e secretam Alcalose metabólica


H +, ativadas em um momento de
compensação de acidose acarretados por
A alcalose metabólica tem duas
uma diminuição de bicarbonato ou aumento
causas comuns: excesso de vômito do
na concentração de hidrogênio. As células
conteúdo ácido estomacal e ingestão
beta atuam em resposta a uma alcalose,
excessiva de bicarbonato contido em
secretando HCO3 e reabsorvendo H +.
antiácidos.
Da mesma forma que ocorre na
acidose metabólica, a compensação
● Tampões do líquido extracelular
respiratória para a alcalose metabólica é
rápida. O aumento do pH e a redução da
Principalmente realizado pelo inibem a ventilação. Durante a
bicarbonato. O HCO3 sofre ação da enzima hipoventilação, o corpo conserva CO2,
anidrase carbônica que o transforma em aumentando a e produzindo mais H e
CO2 e H2O quando o liga ao hidrogênio, HCO3. Essa compensação respiratória
eliminando o H+. ajuda a corrigir o problema no pH, porém
Além disso, outros fosfatos orgânicos eleva ainda mais os níveis de HCO3. A
e outras proteínas também atuam. A resposta renal para a alcalose metabólica é
principal proteína que atua é a a mesma que para a alcalose respiratória: o
hemoglobina, se ligando ao H+ até os HCO3 é excretado e o H é reabsorvido.
alvéolos onde se liga ao bicarbonato, não
permitindo que o H+ fique livre no plasma es
sanguíneo o acidificando.

Acidose metabólica
A acidose metabólica é um distúrbio
y

do balanço de massas que ocorre quando o


ganho de H pela dieta e pelo metabolismo
superam a sua excreção. As causas
metabólicas da acidose incluem a acidose
L iz

láctica, que é decorrente do metabolismo


anaeróbio, e a cetoacidose, que resulta de
uma quebra excessiva de gorduras ou de
certos aminoácidos.
A acidose metabólica também pode
ocorrer se o corpo perder HCO3. A causa
mais comum da perda de bicarbonato é a
diarreia, quando o HCO3 é perdido a partir Acidose respiratória
do intestino, por exemplo em uma diarreia.
Um sinal comum de acidose
Um estado de acidose respiratória
metabólica é a hiperventilação, evidência da
ocorre quando a hipoventilação alveolar
compensação respiratória ocorrendo em
resulta em acúmulo de CO2 e elevação da
resposta à acidose. As compensações
plasmática. Algumas situações nas quais
renais também ocorrem durante a acidose
isso ocorre são a depressão respiratória
metabólica: secreção de H e reabsorção de
ocasionada por drogas (incluindo o álcool),
HCO3. A compensação renal leva vários
aumento da resistência das vias aéreas,
dias para alcançar eficácia plena, por isso
como na asma, distúrbios na troca de
normalmente não é vista em distúrbios de
gases, ocasionados por fibrose ou
início recente.
pneumonia grave, e fraqueza dos músculos
na distrofia muscular e outras doenças
musculares.

4º período
Fisiologia III - Kelen Salaroli

A causa mais comum de acidose Micção


respiratória é a doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC), que inclui o enfisema. No
É o ato de esvaziamento da bexiga.
enfisema, o prejuízo da ventilação alveolar
Já o reflexo da micção é o mecanismo que
está reclacionado à perda da área de
estimula o desejo a realizar a micção, ele é
superfície alveolar para as trocas gasosas.
ativado pelo estiramento da musculatura da
A acidose respiratória é
bexiga (músculo detrusor).
caracterizada pela presença de um pH
Envolve dois mecanismos: a
reduzido associado com níveis elevados de
resposta involuntária (reflexo da micção) e
bicarbonato. Como o problema é de origem
voluntária (presença de musculatura
respiratória, o corpo não pode realizar
esquelética, inibindo o ato da micção).
compensação respiratória.
O músculo detrusor trata de uma
Qualquer compensação para a
musculatura lisa, sendo controlado pelo
acidose respiratória deve ocorrer através de
SNA. O simpático inibe o reflexo da micção,
mecanismos renais que excretam H e
induzindo o enchimento da bexiga. O
reabsorvem HCO3 . A excreção de H
parassimpático estimula o reflexo da
aumenta o pH plasmático. A reabsorção de
micção.
HCO3 fornece tampões adicionais que
O esfíncter interno é formado sob
reagem com o H , reduzindo sua
musculatura lisa, seu tônus mantem o colo
concentração e aumentando o pH.
vesical e uretra vazios, evitando o
esvaziamento da bexiga até que haja um
Alcalose respiratória aumento de pressão.
es
O esfíncter externo está sob controle
A alcalose respiratória ocorre como voluntário, podendo evitar conscientemente
resultado da hiperventilação, quando a a micção. Os reflexos vão se repetindo mais
ventilação alveolar aumenta sem um intensamente e em intervalos cada vez
aumento concomitante da produção menores.
metabólica de CO2. Quando há um estiramento da
y

A causa clínica primária da alcalose musculatura detrusora, receptores químicos


respiratória é a ventilação artificial naquele local enviam sinais para o centro
excessiva. Felizmente, essa condição é da micção que interpretam, inibem SNA
facilmente corrigida pelo ajuste no simpático ativam SNA parassimpático.
L iz

ventilador. A causa fisiológica mais comum


de alcalose respiratória é a hiperventilação Fase de enchimento: simpático
histérica causada por ansiedade. Quando (noradrenalina), induz o relaxamento do
essa é a causa, os sintomas neurológicos músculo detrusor e contração do esfíncter
causados pela alcalose podem ser interno
parcialmente revertidos, fazendo o paciente Fase de esvaziamento:parassimpático
respirar dentro de um saco de papel. (acetilcolina), induz a contração do músculo
Fazendo isso, o paciente volta a respirar o detrusor e relaxamento do esfíncter interno
CO2 exalado, um processo que aumenta a O sistema nervoso somático
pressão arterial e corrige o problema. controlado pelo nervo pudendo atua nas
A compensação possível é via renal, duas fases. Ele está envolvido na contração
o bicarbonato filtrado não é reabsorvido no e relaxamento do esfíncter externo da
túbulo proximal e é secretado no néfron uretra. O neurotransmissor é a acetilcolina.
distal. A combinação da excreção de HCO3 Na cistite, há uma ativação constante
e reabsorção de H+ no néfron distal reduz a das terminações nervosas que levam os
carga corporal do tampão HCO3 e aumenta sinais para o centro da micção. As bactérias
a carga de H , o que ajuda a corrigir a que hipersensibilizam a parede da bexiga,
alcalose. dando ao indivíduo o desejo de urinar
constantemente.
Os receptores do esfíncter interno e
da musculatura detrusora há a presença de
receptores adrenérgicos (beta 2 no detrusor

4º período
Fisiologia III - Kelen Salaroli

e alfa 1 no esfíncter) e colinérgicos (M3).


Quando um está ativo o outro se encontra
inativo.

Ato da micção
1. Ativação do centro de micção
2. Ativação do SNA parassimpático
3. Contração do músculo detrusor e
relaxamento do esfíncter interno
4. Relaxamento VOLUNTÁRIO do
esfíncter externo

Centro pontino da micção


Localiza-se na Ponte. Nesse local, há
a presença de nervos aferentes, recebendo
os sinais vindos da parede da bexiga que
identificaram o estiramento dessa
musculatura e estimulam o SNA
parassimpático, induzindo a contração da
parede e relaxamento do esfíncter interno. es
Ciclo miccional
y
L iz

4º período

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