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Universidade do Sul de Santa Catarina

Campus Pedra Branca

Fisiologia do Sistema Urinário

Profa. Franciane Bobinski, PhD

franciane.bobinski@animaeducacao.com.br
QUAL A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA URINÁRIO?

A maioria das pessoas está familiarizada com uma função importante dos rins —
eliminar do corpo o material indesejado que é ingerido ou produzido pelo
metabolismo. Uma segunda função, especialmente crítica, é a de controlar o volume
e a composição dos eletrólitos dos líquidos corporais. Para a água e praticamente
todos os eletrólitos do corpo, o equilíbrio entre o ganho (devido à ingestão ou à
produção pelo metabolismo) e a perda (por excreção ou consumo metabólico) é
mantido, em grande parte, pelos rins. Essa função regulatória dos rins mantém o
ambiente interno estável, necessário às células para a realização de suas várias
funções.
SISTEMA RENAL – Função

 Regulação do balanço de água e íons inorgânicos:


(Na+, Cl-, H+, HCO3-, Ca++, K+, Mg++, HPO4--, etc)
 Regulação da P. A.
 Regulação do equilíbrio ácido-básico (pH sanguíneo)
 Síntese e secreção de hormônios:
Calcitriol, Renina, Eritropoietina, dentre outros.
 Excreção de catabólitos e xenobióticos.
 Gliconeogênese (em jejum prolongado).
MANUTENÇÃO DO MEIO INTERNO – perda/ingestão H2O

CIRCULAÇÃO SISTÊMICA 84%

O equilíbrio entre a perda e a ingestão de


água
SISTEMA RENAL - componentes
Cápsula Fibrosa
Córtex renal

Medula renal
Coluna renal

Papila renal
Cálice renal menor VAP
Cálice renal maior
Gordura do Artéria renal
seio renal
Pelve renal
Seio renal
Veia renal

Pirâmide renal
Lobo renal na medula
renal

Ureter

Rim direito, secção coronal


SISTEMA RENAL – unidade funcional (néfron)

Cada rim humano contém


cerca de 800.000 a 1 milhão
de néfrons, cada um dos
quais é capaz de formar
urina. O rim não pode
regenerar novos néfrons.
Portanto, com a lesão renal,
doença ou envelhecimento, o
número de néfrons reduz-se
gradualmente.

Cada néfron contém (1) grupo de


capilares glomerulares chamado
glomérulo, pelo qual grandes
quantidades de líquido são filtradas do
sangue; e (2) longo túbulo, no qual o
líquido filtrado é convertido em urina, no
trajeto para a pelve renal
SISTEMA RENAL – unidade funcional (néfron)

modificado de “Physiology of the kidney”, L. P. Sullivan, 2002 (livro on-line na íntegra):


http://www2.kumc.edu/ki/physiology/index.htm
SISTEMA RENAL – suprimento sanguíneo

- 0,5% do peso corporal

- 25% do DC (1,25 L/min)


NÉFRONS - Cortical e Justamedular
Néfron Justamedular tem a
capacidade de absorver cerca de
25% a mais de água que o Néfron
Cortical

Se aprofunda
sobre a medula
renal (vv. retos)
Quase todo contido no (20-30%)
córtex renal (70%)
No homem, maioria dos néfrons
são corticais
NÉFRON
Os néfrons e suas relações com as-camadas
porçõescortical e medular renais
O glomérulo contém rede de capilares. Os capilares
glomerulares são recobertos por células epiteliais, e todo
o glomérulo é envolvido pela cápsula de Bowman.

O líquido filtrado dos capilares glomerulares flui para o


interior da cápsula de Bowman e daí para o interior do
túbulo proximal. A partir do túbulo proximal, o líquido flui
para o interior da alça de Henle.

Cada alça consiste em ramos descendente e


ascendente. As paredes do ramo descendente e da
parte inferior do ramo ascendente são muito delgadas e,
portanto, são denominadas segmento delgado da alça
de Henle. Após a porção ascendente da alça ter
retornado parcialmente de volta ao córtex, as paredes
ficam mais espessas e são denominadas segmento
espesso do ramo ascendente.

No final do ramo ascendente espesso existe um


pequeno segmento que tem em sua parede placa de
células epiteliais especializadas, conhecidas como
mácula densa (tem um papel importante no controle da
função do néfron). Depois da mácula densa, o líquido
entra no túbulo distal. O túbulo distal é seguido pelo
túbulo coletor cortical, que levam ao ducto coletor
cortical.

As partes iniciais de 8 a 10 ductos coletores corticais se


unem para formar o único ducto coletor maior que se
Em cada rim, existem cerca de 250 grandes ductos dirige para a medula e forma o ducto coletor medular.
coletores, cada um dos quais coleta urina de Os ductos coletores se unem para formar ductos
aproximadamente 4.000 néfrons. progressivamente maiores que se esvaziam na pelve
renal, pelas extremidades das papilas renais.
FORMAÇÃO DA URINA – filtração glomerular
25% do DC (1,25 L/min)
Composição do filtrado:

Exceto às proteínas, similar ao plasma

FILTRAÇÃO GLOMERULAR (FG)

FG = 20% fluxo plasmático renal

≈ 1,25 L sangue/min (2 rins)

plasma ≈ 50% sangue (625 ml)

20% de 625ml = 125 ml/min

Fração de filtração (FF) = 20%

0,125 L x 60 min x 24 h = 180 L/dia


FORMAÇÃO DA URINA – filtração glomerular

Magnitude da excreção
de substâncias:

Excreção renal = filtração –


reabsorção + secreção

180 L plasma/dia
178,5 L
2,5-3 L plasma
Qual o motivo plasma/dia?
(filtrado 60x)
da excreção de
apenas 1,5 L?

1,5 L
excretado/dia
MOVIMENTOS AO LONGO DO NÉFRON

A substância, mostrada no painel A, é livremente No painel B, a substância é livremente filtrada, mas


filtrada pelos capilares glomerulares, mas não é também é parcialmente reabsorvida pelos túbulos de
reabsorvida e nem tampouco secretada. Portanto, a volta para a corrente sanguínea. Portanto, a intensidade
intensidade da excreção é igual à intensidade com que da excreção urinária é menor que a da filtração pelos
foi filtrada. Ex.: creatinina. capilares glomerulares. Ex.: Eletrólitos como cloreto e
sódio.
MOVIMENTOS AO LONGO DO NÉFRON

No painel C, a substância é livremente filtrada pelos A substância no painel D é livremente filtrada pelos
capilares glomerulares, mas não é excretada na urina capilares glomerulares, não sendo reabsorvida, mas
porque toda a substância filtrada é reabsorvida pelos quantidades adicionais dessa substância são
túbulos de volta para a corrente sanguínea. Ex.: glicose e secretadas do sangue capilar peritubular para os
aminoácidos. túbulos renais. Ex.: Ácidos e bases orgânicos.
FORMAÇÃO DA URINA – filtração glomerular

180 litros de
plasma são
filtrados por dia
Reabsorção
Homem normal de 70 Kg:
O quê acontece 3 litros de plasma

com os
178,5 litros Excreção diária
(média): 1,5 litros de Todo o plasma é filtrado
filtrados por dia? urina 60 vezes por dia

extraído, enquanto disponível, de: http://www.sci.sdsu.edu/Faculty/Paul.Paolini/ppp/lecture23/sld009.htm


MEMBRANA DOS CAPILARES GLOMERULARES
Fenestrações do endotélio glomerular
Glomérulo

Superfície externa dos capilares

Podócitos

Processos podais

Podócitos são células do epitélio visceral dos rins que formam um importante componente da barreira de filtração
glomerular, contribuindo para a seletividade de tamanho e mantendo uma superfície de filtração massiva.
ESTRUTURA DOS GLOMÉRULOS E CÁPSULA
BARREIRA DE FILTRAÇÃO

1) Endotélio fenestrado
- Barreira física: passagem de moléculas de
baixo PM (H2O, íons, glicose, aa, etc.)
- Barreira eletroquímica: presença de
glicoproteínas carregadas negativamente

- Trama de colágeno e
2) Membrana basal proteoglicanos (-) Barreira
eletroquímica
3

- Barreira física
2 3) Podócitos
- Barreira eletroquímica
1
(células epiteliais - )

A barreira de filtração repele proteínas plasmáticas que também tem carga negativa.
BARREIRA DE FILTRAÇÃO

PM Filtrabilidade
Filtração seletiva em partes pelo tamanho
da molécula e pela carga de modo que H2O 18 1.0
substâncias com maior PM e cargas (-) são Glicose 180 1.0
menos filtradas.
albumina 69.000 0.005
DETERMINANTES DA INTENSIDADE DA FG
FG = Kf x pressão efetiva de filtração (PEF)
PEF = (60 – 18 – 32 + 0) => 10 mmHg

Kf = FG/PEF (125 ml / 10 mmHg) =


12,5 ml/min/mmHg

Pressão hidrostática capilar (60 mmHg)

Pressão coloidosmótica capilar (32 mmHg)

Pressão hidrostática cápsula (18 mmHg)

Pressão coloidosmótica cápsula (nula)

kf constante de permeabilidade – Permeabilidade seletiva para algumas moléculas.


TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR (TFG)

TFG = Kf x PRESSÃO EFETIVA DE FILTRAÇÃO (PEF)

12,5ml/min/mmHg PEF = 10mmHg

125 ml FILTRADO SÃO FORMADOS PELOS


2 MILHÕES DE NÉFRONS A CADA MINUTO
180 litros de plasma são filtrados por dia
AUTO-REGULAÇÃO DA FG E DA FSR
Mecanismos que mantêm FSR (Fluxo sanguíneo renal) e FG constantes
a despeito das variações na elevação da PA (INTRÍNSECOS)

MECANISMO DE AUTO-
REGULAÇÃO MIOGÊNICA

MECANISMO DE AUTO-
REGULAÇÃO GLOMERULOTUBULAR
AUTOREGULAÇÃO - miogênica
Capacidade de resistir ao estiramento exercido pela PA
Se ↑ o ESTIRAMENTO das A.A. (↑PA)
=> ↑ o acoplamento ao Ca2+
=> VASOCONSTRIÇÃO das A.A.
=> ↓ da FSR e FG

O estiramento da parede vascular permite movimento aumentado de íons cálcio do líquido extracelular
para as células musculares, causando sua contração. Essa contração evita a distensão excessiva do
vaso e, ao mesmo tempo, pela elevação da resistência vascular, ajuda a prevenir o aumento excessivo
do fluxo sanguíneo renal e da FG quando ocorre elevação da pressão arterial.

Se ↓ o ESTIRAMENTO das A.A. (↓PA)


=> ↓ o acoplamento ao Ca2+
=> VASODILATAÇÃO das A.A.
=> ↑ da FSR e FG
AUTOREGULAÇÃO - glomerulotubular
↑ TFG

↑ volume ultrafiltrado

fluxo rápido desfavorece reabsorção


de NaCl alça de Henle ascendente

↑ [NaCl] TD é sentido
pela mácula densa

secreção de vasoativos

vasoconstrição das A.A


e normalização da TFG
AUTOREGULAÇÃO - glomerulotubular
↓ TFG

↓ volume ultrafiltrado

fluxo lento favorece reabsorção de


NaCl alça de Henle ascendente

↓ [NaCl] TD é sentido
pela mácula densa

inibição da secreção de
vasoativos

vasodilatação das A.A e


normalização da TFG
REABSORÇÃO DE SOLUTOS E H2O – Túbulo proximal

Reabsorção:

- 67% H2O, Na+, Cl- e K+


- 70% Ca2+
- 80% HPO4- e HCO3-
- 100% glicose e aa.
REABSORÇÃO DE SOLUTOS E H2O – Alça de Henle

Reabsorção:

- 15% H20 (descendente)


- 20-25% Na+, Cl-
- 20% Ca2+, K+, Mg+
- 15% HCO3-
REABSORÇÃO - Ca2+
Túbulo Distal

+
+

Estimulado pelo
Calcitriol (vit D)
TÚBULO DISTAL E COLETOR

Reabsorção:

- 8 a 17% da H2O;
- 7% de NaCl;

Secreção de quantidades
variáveis de K+ e H+
Regulação hormonal da reabsorção NaCl (TD e DC)
Angiotensina II - Estimula a liberação da Aldosterona, que aumenta a reabsorção de sódio e água pelo ducto
coletor, aumentando o volume intravascular.

Renina - Sua função é catalisar a transformação do Angiotensinogênio hepático em Angiotensina I, que por
sua vez é convertida em Angiotensina II pela ECA (Enzima Conversora de Angiotensina).
Micção

Micção é o processo pelo qual a bexiga


se esvazia quando fica cheia. Esse
processo envolve duas etapas principais:
primeira, a bexiga se enche
progressivamente até que a tensão na
sua parede atinja nível limiar. Essa
tensão dá origem ao segundo passo, que
é um reflexo nervoso chamado reflexo da
micção, que esvazia a bexiga ou, se isso
falhar, ao menos causa um desejo
consciente de urinar. Embora o reflexo da
micção seja um reflexo autônomo da
medula espinal, ele também pode ser
inibido ou facilitado por centros no córtex
ou tronco cerebrais.
REABSORÇÃO DE H2O - TD e TC

Muito permeável: ação do


Pouco permeável
hormônio anti-diurético (ADH)
BIBLIOGRAFIA

Berne & Levy. Fisiologia. 5ª Edição.

Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª Edição.

Marieb & Hoehn. Human


anatomy and Physiology. 7ª
Edição.
Fox. Human Physiology.

Silbernagl & Despopoulos.


Color atlas of physiology.
5ª Edição.

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