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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia

Trabalho da Disciplina de Evolução ao pensamento Geográfico - 1º Ano

Tema: Contribuições de Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich Ratzel e Alfred
Hettner para a sistematização da Geografia.

Estudante: Juvêncio Fernando

Código de Estudante: 708223341

Nampula, Junho de 2022


Trabalho de Campo da Disciplina de Evolução ao pensamento Geográfico - 1º Ano

Tema: Contribuições de Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich Ratzel e Alfred
Hettner para a sistematização da Geografia

Trabalho de Campo a Ser Submetido ao


Instituto de Educação à Distância da
Universidade Católica de Moçambique -
UCM 1º Ano.
Docente:

Nampula, 2022
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Índice
Introdução ................................................................................................................................ 4

Contribuição de Alexander Von Humboldt para a sistematização da Geografia .................... 5

Contribuição de KARL RITTER para a sistematização da Geografia .................................... 6

Contribuicao de Alfred Hettner para a sistematização da Geografia ...................................... 7

Contribuição de Friedrich Ratzel para a Sistematização da Geografia ................................... 8

Conclusão .............................................................................................................................. 10

Referencias bibliograficas ..................................................................................................... 11


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Introdução

O presente trabalho da disciplina de Evolução ao pensamento Geográfico com o tema proposto


Contribuições de Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich Ratzel e Alfred Hettner para a
sistematização da Geografia. Defronta que, ao iniciar a investigação que concerne aos domínios
conceituais, e, sobretudo, metodológicos, os quais constituem os campos de Teoria da Geografia
e História do Pensamento Geográfico, defrontamo-nos frequentemente com imperativos teóricos
instrumentais que contribuem para uma baixa no nível de tensão investigativa na
construção/reprodução desses conhecimentos em si. A sistematização pragmática, simplista e
cartesiana assentada na produção teórica hegemónica, utilizada como suporte facilitador,
servindo ao enquadramento de conjuntos de conteúdos, conceitos e autores de forma
estigmatizada, produz severos prejuízos na apreciação de geógrafos em formação, desenhando
um imaginário conceitual consolidado e indiscutível.

Objectivos

Geral

 Abordar sobre as Contribuições de Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich


Ratzel e Alfred Hettner para a sistematização da Geografia.

Especifico

 Explicar como se dá o processo de sistematização da Geografia a partir das contribuições


de Humbuldt, Ritter, Ratzel e Hettner.

Metodologia

Para materialização deste trabalho recorreu-se ao método bibliográfico que consistiu na consulta
de obras bibliográficas e internet, método descritivo que consistiu na descrição de informações
recolhidas nas diferentes obras onde cada autor está devidamente referenciada no final do
trabalho.
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Contribuição de Alexander Von Humboldt para a sistematização da Geografia

Alexander Von Humboldt nasceu no dia 14 de Setembro de 1769, na cidade de Berlim, no então
reino da Prússia. Foi um nobre prussiano que se dedicou aos estudos das ciências naturais,
especialmente da botânica. Estudou engenharia de minas, geologia, física e filosofia. Possuía
uma grande fortuna, o que lhe permitiu viajar e organizar expedições. Realizou inúmeras
viagens, percorreu a Europa, a Rússia asiática, o México, a América Central, a Colômbia e a
Venezuela, observando os grandes fenómenos físicos e biológicos; seus trabalhos são todos de
natureza científica, sem qualquer finalidade pedagógica.

Em suas viagens, acumulou uma grande quantidade de conhecimentos que lhe possibilitou
elaborar e publicar suas duas grandes obras: Quadros da Natureza (1808) e Cosmos (1845). Após
percorrer o mundo, voltou à Europa e radicou-se em Paris, onde estimulou a organização de
Sociedades e de reuniões científicas, contribuindo para a expansão do conhecimento dos vários
quadrantes da Terra. Na velhice, voltou a Berlim, dedicou-se ao magistério e tornou-se
conselheiro do rei da Prússia, já então preocupado com a unificação da nação alemã
(ANDRADE, 1987, p. 52). Humboldt defendia o conceito de unidade da natureza e achava que o
objecto da pesquisa científica deveria ser a descoberta da conexão causal dos fenómenos
(SODRÉ, 1989, p. 33).

O seu principal objectivo era a procura de uma ciência integradora, por meio da qual se pudesse
demonstrar a harmonia da natureza, pois considerava a Terra um todo orgânico, em que os
diversos fenómenos são interdependentes. Interessou-se pela diferenciação espacial e considerou
a paisagem resultado da interacção de vários fenómenos. Das suas investigações dos fenómenos
feitas à escala regional, continental ou mundial, resultou numa sistematização de conhecimentos
geográficos.

A Geografia passou a ser, com Humboldt, uma ciência sistemática. Ou seja, Humboldt,
comparava sistematicamente as paisagens da área que estudava com outras partes da Terra. O
seu método era empírico e indutivo (raciocinado – utiliza o empírico e, também, a razão para
explicação dos fenómenos), pois parte de casos particulares para os gerais, objectivando obter
uma lei geral, válida, também, para os casos não observados. Não procurava a descrição do
individual, do único, mas do geral (FERREIRA; SIMÕES, 1994, p. 61-62).
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Desta forma, a geografia seria uma disciplina sintética, preocupada com a conexão entre os
elementos e buscando, por meio destas conexões, a causalidade existente na natureza. Humboldt
concebia a Geografia como a parte terrestre da ciência do cosmos, isto é, como uma espécie de
síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra (MORAES, 1987, p. 47-48).

Humboldt não buscava analisar apenas um factor isolado, e sim estabelecer relações de causa e
consequência entre eles – surgindo daí o princípio de causalidade.

Além do princípio de causalidade, Humboldt também aplicou o chamado princípio de geografia


geral, ou seja, nenhum lugar da Terra pode ser estudado sem o conhecimento do seu conjunto,
sendo que um fenómeno verificado em determinada região pode ser generalizado para todas as
outras áreas do globo com características semelhantes.

Contribuição de Karl Ritter para a sistematização da Geografia

Karl Ritter nasceu a 07 de agosto de 1779, na Saxónia, foi amigo de Humboldt, estudou filosofia,
matemática, história e ciências naturais. Foi professor de uma família de banqueiros e professor
de História e Geografia no Ginásio de Frankfurt. Em 1920, tornava-se o primeiro professor de
Geografia, da recém-criada cátedra de Geografia da Universidade de Berlim.

Ao contrário de Humboldt, Karl Ritter foi considerado como um “geógrafo de gabinete”;


baseava seus conhecimentos em leituras de trabalhos existentes, sendo suas publicações
resultadas de seu trabalho na Universidade de Berlim – portanto, apresentam sempre carácter
pedagógico e normativo. Concentrou seus estudos nos vários sistemas de organização espacial,
comparando povos, culturas, instituições e sistemas de utilização de recursos. Foi o precursor do
método comparativo em Geografia.

Segundo Moraes (1987, p. 48-49) a principal obra de Ritter, Geografia Comparada, é


explicitamente metodológica com um intuito de propor uma Ciência Geográfica, assim de
carácter normativo. Ritter define o conceito de “sistema natural”, ou seja, uma área delimitada
dotada de uma individualidade. A Geografia deveria estudar estes arranjos individuais, e
compará-los. Cada arranjo abarcaria um conjunto de elementos, representando uma totalidade,
onde o homem seria o principal elemento. Portanto, a Geografia de Ritter é, principalmente, um
estudo dos lugares, uma busca da individualidade destes. A proposta de Ritter é, antropocêntrica
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(o homem é o sujeito da natureza), regional (aponta para o estudo de individualidade),


valorizando a relação homem-natureza.

Em termos de método, Ritter vai reforçar a análise empírica, da observação em observação para
explicar os fenómenos.

Na sua obra, Ritter ainda descreve diversas áreas do mundo, buscando integrar o quadro físico
com a ocupação humana. As suas descrições são de áreas que ele considerava únicas, devido à
inter-relação dos fenómenos nelas existentes.

A partir de Humboldt e Ritter ficou estabelecida a metodologia da geografia descritiva, empírica,


observação, indutiva e de síntese. A influência de ambos foi, portanto, decisiva para conferir à
Geografia o seu verdadeiro carácter científico.

Segundo Moraes (1987, p. 48-49) a obra destes dois autores compõe a base da Geografia
Moderna Tradicional. Todos os trabalhos posteriores vão se remeter às formulações de
Humboldt e Ritter. A Geografia de Ritter é regional e antropocêntrica, a de Humboldt busca
abarcar todo o Globo, uma geografia geral, sem privilegiar o homem. Estes autores criam uma
linha de continuidade no pensamento geográfico, até então inexistente. Além disso, há de se
ressaltar o papel institucional, desempenhado por eles, na formação das cátedras dessa disciplina,
dando assim à Geografia uma cidadania académica. Entretanto, apesar deste peso no pensamento
geográfico, não deixam discípulos directos. Isto é, não formam uma “escola geográfica”. Deixam
uma influência geral, que será resgatada por todas as “escolas” da Geografia Tradicional.

Contribuição de Alfred Hettner para a sistematização da Geografia

Alfred Hettner (1858-1941) é outro representante da geografia clássica alemã, sua maior
contribuição realizou-se através do oferecimento de uma definição de alcance e métodos da
geografia. Hettner buscou justificar as conclusões extraídas do desenvolvimento histórico da
geografia em termos da metodologia e da filosofia da ciência.

Ao examinar o desenvolvimento histórico da geografia, Hettner observou graves erros de


interpretação devido a não definição correta do objecto de estudo. A geografia, para Hettner, não
seria a ciência da totalidade da Terra, mas sim, o estudo da superfície terrestre.
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A geografia não poderia ser dualista, pois em cada área habitada, os traços físicos e humanos
estariam tão entrelaçados, que formariam um só objeto de estudo. Desse modo, Hettner entendia
que a geografia não deve ser dividida entre as ciências naturais e as sociais, nem ser definida
como o estudo das relações entre os traços naturais e os humanos da superfície terrestre. A
geografia seria uma disciplina unitária, e a realidade que estuda estaria composta por elementos
heterogéneos, porém, mutuamente relacionados.

Dois enfoques teoricamente distintos se combinariam eficazmente no estudo de áreas, segundo


Hettner: o método da geografia regional, que analisaria todo o complexo de características das
áreas singulares, e o método da geografia geral, que compararia as áreas em função de
determinados tipos de especificidades. Ainda que Hettner considerasse o primeiro método como
a “análise das regiões individuais” (HETTNER, 1927, p.217), e sendo o produto maior da
investigação geográfica, pensava que os estudos comparativos sistemáticos não eram menos
essenciais.

Contribuição de Friedrich Ratzel para a Sistematização da Geografia

Os fundamentos da diferenciação entre a geografia humana e a geografia física, tendência que se


avolumaria no fim do século XIX e início do século XX devido ao desenvolvimento das ciências
sociais, são estabelecidos pela “antropogeografia” do naturalista alemão Friedrich Ratzel (1844-
1904).

A concepção ratzeliana está enraizada na ecologia e na ideologia imperialista alemã:

Ratzel retirará de Spencer a noção de sociedade como organismo e a concepção naturalista do


desenvolvimento da sociedade humana. Introduzi-las-á no discurso geográfico de seus
predecessores, assimilando destes os fios invisíveis que ligam suas obras com os interesses do
capitalismo alemão. Formulará um discurso geográfico cujas chaves de compreensão são a
“teoria do determinismo geográfico” e a “teoria do espaço vital” (MOREIRA, 1994, p.31).

A “teoria do espaço vital” exprime as exigências territoriais de uma comunidade devido a seu
desenvolvimento técnico, seu conjunto demográfico e seus recursos naturais, “seria assim uma
relação de equilíbrio entre a população e os recursos, mediados pela capacidade técnica”
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(MORAES, 1990, p.23), ou seja, o espaço, através da política, converte-se em território, em


noção fundamental da geografia.

Na esfera do capitalismo, o espaço vital delimitaria a porção terrestre preparada pelo capital e, o
Estado capitalista, no intuito de que esta porção contribua na reprodução do supracitado modo de
produção.

Quanto à questão do “determinismo geográfico”, Ratzel supôs que “o homem, em todos os seus
planos de existência, tanto mental como civilizatória, é o que determina seu meio natural. ”
(MOREIRA, 1994, p.32), assim, não acreditou na capacidade humana de converter o meio
natural em meio geográfico, e tornou “natural” uma problemática eminentemente social.

A importância das proposições de Ratzel para o pensamento geográfico, segundo Moraes, reside
no fato de haver trazido, para o debate geográfico, os temas políticos e económicos, colocando o
homem no centro das análises. Mesmo que numa visão naturalizante, e para legitimar interesses
contrários ao humanismo (MORAES, 1981, p.60).
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Conclusão

No entanto, as bases essenciais da geografia científica são determinadas com a geografia clássica
alemã. Uma geografia, que ao ser recebida na comunidade das ciências naturais, desdobraria sua
influência sobre as sociedades da época. Seria o padrão, ou modelo inicial da geografia, isto é,
uma reunião de fundamentos especulativos e procedimentos que proporcionariam não apenas as
mais relevantes matérias e pontos para a discussão geográfica, mas, inclusive, a maioria das
soluções a esses pontos sujeitos à discussão.

Contudo, a partir dos geógrafos alemães a evolução da geografia exibirá, até o presente, uma
acumulação contínua de teorias, temas, metodologias e conhecimentos práticos. Isso só será
tangível devido a uma sucessão de “elevações” e “desmoronamentos” de padrões geográficos.
Essa sequência de padrões, que se revela a partir da geografia de Humboldt e Ritter, não
compromete na ruptura incondicional entre um padrão recente e um padrão precedente.
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Referências bibliográficas

ANDRADE, M. C. (1987). Geografia, ciência da sociedade: uma introdução à análise do


pensamento geográfico. São Paulo: Atlas.

HETTNER, A. (1927). Die Geographie: Ihre Geschichte, ihr Wesenund ihre Methoden. Breslau:
Hirt.

FERREIRA, C. C.; SIMÕES, N. N. (1994). A evolução do pensamento geográfico. São Paulo:


Gradiva.

MORAES, A. C. R. (1987). Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Hucitec.

MORAES, A. C. R. (1989). A gênese da geografia moderna. São Paulo: Hucitec.

MORAES, A. C. R. (1981). Geografia: Pequena História Crítica. São Paulo: Hucitec.

MORAES, A. C. R.; COSTA, W. M. (1999). Da Geografia crítica: a valorização do espaço. 4.


ed. São Paulo: Hucitec.

MOREIRA, R. (1994). O que é geografia. São Paulo: Brasiliense.

SODRÉ, Nelson Werneck. (1989). Introdução à geografia: geografia e ideologia. Rio de Janeiro:
Vozes.

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