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COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS REALENGO II

PRÓ-REITORIA DE ENSINO
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso / 2023.2

Discente: Ray Santos de Oliveira

Orientador: Eduardo de Oliveira Rodrigues

Título provisório: Mobilidade urbana e saúde mental: percepções geográficas


dos cidadãos cariocas acerca do transporte público do Rio de Janeiro

Introdução / hipóteses
O presente trabalho deseja compreender o transporte público da cidade do Rio
de Janeiro através das percepções geográficas de seus usuários. Tendo como
base teórica a geografia da percepção e fenomenológica, este escrito quer
responder ao seguinte problema: o uso dos modais de transporte da cidade do
Rio pode afetar a saúde mental de seus usuários? Com isso, iremos analisar o
espaço pela ótica da percepção geográfica, compreendendo-a pela
subjetividade e o mundo vivido, sendo uma das dimensões desse processo
fenomenológico os modais públicos de transporte. A subjetividade abarca as
sensações, pontos de vista e experiências das pessoas, no caso os passageiros
desses meios de transporte; já por mundo vivido, subentende-se a cidade sob o
recorte específico dos transportes públicos. Este tema nasceu durante minhas
aulas de Geografia Urbana da Graduação de Geografia do Colégio Pedro II. Para
estruturar esta pesquisa, de forma metodológica, será feito o uso de entrevistas
para coletar dados das pessoas sobre a mobilidade carioca. O conceito
geográfico central do trabalho é a chamada topofobia, definida como a aversão
por um determinado lugar - no caso em tela, os lugares que fazem parte da
mobilidade pela cidade (o percurso, as conduções e as ruas). A partir dessas
fundamentações teóricas e metodologias, buscam-se as respostas para a
hipótese de que mover-se pela cidade, seja para ir ao trabalho, ao estudo e a
volta para casa, pode ser um processo diário que cause prejuízos mentais com
o passar do tempo. Como o público-alvo geral deste estudo são as pessoas que
usam os transportes e fazem percursos diários pela cidade, optou-se por um
recorte empírico específico na pesquisa enquanto grupo social a ser analisado:
os graduandos do Colégio Pedro II. A partir do conceito de topofobia, iremos
analisar se recortes sociais como gênero, raça e classe podem influenciar essas
percepções.

Revisão teórica
O trabalho buscará abordar questões voltadas à geografia fenomenológica/da
percepção, sendo esta(s) a fusão entre percepção, mundo vivido e subjetividade,
como afirma Pereira et al (2010). A percepção abarca os sentimentos, emoções,
pensamentos que um indivíduo tem sobre determinado assunto. O mundo vivido,
como o tema trata principalmente da seara dos transportes, e estes estão ligados
a um contexto de urbanidade, pode-se tornar equivalente à cidade, sendo neste
caso o Rio. A subjetividade, por sua vez, entra como essa dimensão do ponto de
vista e do julgamento de valor de uma pessoa, dando-se pela interação com o
mundo social, físico e simbólico. A relação entre o mundo vivido enquanto
conceito fenomenológico e cidade, tem-se por base Relph (1979), citando James
(1955), que descreve esse ‘life-world’ como o mundo das experiências pessoais
concretas ao qual a rua pertence, sendo multifacetado, transitório e subjetivo. A
rua, importante parte da mobilidade, figura como exemplo da urbanidade. Ao
incluirmos a questão mental para o debate e procurar responder à hipótese
primária em que se questionam quais consequências podem se originar através
da vivência da mobilidade urbana, encontramos respaldo quando Pereira et al
(2010) traz a noção de que a corrente da percepção une a geografia e a
psicologia, além da sociologia, na qual se dá a totalidade do homem.
Entendemos, logo, como uma tríade que se correlaciona em quantitativas
ocasiões. Vários intelectuais como Rocha (2003) destacam Yi-Fu Thuan com um
dos pensadores centrais da geografia da percepção e criador do conceito de
topofobia que consiste na repulsa e aversão a um determinado lugar. Há de se
descobrir se a mobilidade composta pelos trajetos e percursos das pessoas
pelas ruas e pelos transportes, isto é, lugares geográficos, causa essa reação. A
título de curiosidade; o seu oposto, topofilia, significa o amor ao lugar. Nessa
corrente da geografia, as pessoas, ou observadores, tem ressaltados seus
traços de identidade, como sexo, idade, classe e etnicidade. Logo, vê-se espaço
para explorar positivamente a diversidade dos indivíduos.

Objetivos
Robustecer a base teórica do trabalho visando centralizar o conceito de topofobia
sob o guarda-chuva da Geografia da Percepção. Organizar as entrevistas, nas
versões teste e oficial, fazendo o convite aos graduandos de Geografia do CP2
e selecionando os perfis que se encaixam no público-alvo da pesquisa.
Importante ressaltar que a variação de modais utilizados por essas pessoas,
como metrô, trem e ônibus será considerada como requisito fundamental, de
maneira a enriquecer o leque de experiências que serão transcritos para o artigo
final. Um lembrete necessário é que o foco primário da pesquisa é indagar as
pessoas sobre como se sentem e o que percebem ao realizar seus
deslocamentos diários pela cidade do Rio de Janeiro, indo de casa para o estudo
ou trabalho e em seu retorno ao lar. Os percursos que consistem nas ruas e nos
transportes são os eixos centrais de avaliação da percepção desse público.
Formular e aperfeiçoar as questões que serão inseridas no questionário. O
objetivo é torná-las abrangentes, de modo que os entrevistados divaguem sobre
suas vivências relacionados à mobilidade na dimensão urbana.

Método
Será feito o uso de entrevistas chamadas semiestruturadas. Como a entrevista,
em Guazi (2021), é uma técnica útil na investigação do comportamento humano
e na identificação de sentimentos, pensamentos e percepções dos
entrevistados, ela se torna viável para esta pesquisa. É esperado que a
metodologia, pelas entrevistas, contenha um máximo de 6 etapas, como elucida
esta autora: elaboração e testagem do roteiro de entrevista; contato inicial com
os participantes; realização das entrevistas; transcrição das entrevistas; análise
dos dados; e relato metodológico. O público-alvo da entrevista serão os
universitários do Colégio Pedro II. Tende-se a seguir a proporção percentual de
gênero e cor que se presencia no ensino superior do colégio. Número estimado
de entrevistados são oito. Tempo previsto de duração das entrevistas será de 40
minutos, individualmente. Aplicação de roteiro e entrevistas-teste. Desejável a
inclusão da questão LGBTQ+ a fim de evitar a não representatividade desse
recorte de identidade dentre os respondentes. O questionário se debruçará
sobre as experiências dos entrevistados em seus trajetos diários nas ruas e nas
conduções. Queremos saber como se sentem. Por isso, serão questionados
sobre suas rotinas, quais suas atividades principais do seu dia-a-dia, quais tipos
de transporte usam para se deslocar aos seus compromissos e como são esses
itinerários cotidianos.
Como a pesquisa envolve a interação direta com seres humanos por intermédio
da realização de entrevistas e questionários, cada participante será comunicado
previamente sobre os conteúdos da pesquisa, e deverá assinar um termo de
consentimento livre e esclarecido sobre sua participação em formato presencial
ou online via GoogleForms.

Cronograma
Novembro-Dezembro de 2023: realização do trabalho de campo
Janeiro de 2024: análise dos dados
Fevereiro de 2024: redação final do artigo
Março de 2024: defesa do artigo
Referências bibliográficas
GUAZI, T. S. Diretrizes para o uso de entrevistas semiestruturadas em
investigações científicas. Revista Educação, Pesquisa e Inclusão, v. 2, p. 1-20,
2021.
GONÇALVES PEREIRA, L. A.; SOARES CORREIA, I.; PEREIRA DE OLIVEIRA,
A. Geografia Fenomenológica: Espaço e Percepção. Caminhos da Geografia, p.
173–178, dez. 2010.
BERTOL ROCHA, L. Fenomenologia, semiótica e geografia da percepção:
alternativas para analisar o espaço geográfico. Revista da Casa de Geografia de
Sobral, p. 67–69, v. 4-5, 2003.
RELPH, Edward C. As bases fenomenológicas da Geografia. Geografia, 4 (7); p.
1-25, abril 1979.

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