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COLÉGIO PEDRO II

LABORATÓRIO DE SENTIDOS URBANOS E JUVENTUDE

LINHA DE PESQUISA: O LADO DE LÁ DO RIO:


PERCEPÇÕES ACERCA DA SEGREGAÇÃO URBANA NA METRÓPOLE CARIOCA

MOBILIDADE URBANA E SAÚDE MENTAL: PERCEPÇÕES GEOGRÁFICAS DOS CIDADÃOS CARIOCAS ACERCA DO
TRANSPORTE PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO
ESTUDANTE: RAY SANTOS DE OLIVEIRA (LICENCIATURA EM GEOGRAFIA - COLÉGIO PEDRO II)
ORIENTADOR: EDUARDO OLIVEIRA RODRIGUES (DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - COLÉGIO PEDRO II)
ray.oliveira.1@cp2.edu.br

INTRODUÇÃO: SITUANDO A PESQUISA E O SEU PROBLEMA


O presente trabalho deseja compreender o transporte público da cidade do Rio de Janeiro através das percepções
geográficas de seus usuários. Tendo como sabe teórica a geografia da percepção e fenomenológica, este escrito
quer responder ao seguinte problema: o uso dos modais de transporte da cidade do Rio pode afetar a saúde mental
de seus usuários? Com isso, iremos analisar o espaço pela ótica da percepção geográfica, compreendendo-a pela
subjetividade e o mundo vivido, sendo uma das dimensões desse processo fenomenológico os modais públicos de
transporte. A subjetividade abarca as sensações, pontos de vista e experiências das pessoas, no caso os passageiros
desses meios de transporte; já por mundo vivido, subentende-se a cidade. Este tema nasceu durante minhas aulas
de Geografia Urbana da Graduação de Geografia do Colégio Pedro II. Para estruturar esta pesquisa, de forma
metodológica, será feito o uso de entrevistas para coletar dados das pessoas sobre a mobilidade carioca. O conceito
geográfico central do trabalho é a chamada topofobia, definida como a aversão por um determinado lugar - no caso
em tela, os lugares que fazem parte da mobilidade pela cidade (o percurso, as conduções e as ruas). A partir dessas
fundamentações teóricas e metodologias, buscam-se as respostas para a hipótese de que mover-se pela cidade,
seja para ir ao trabalho, ao estudo e a volta para casa, pode ser um processo diário que cause prejuízos mentais
com o passar do tempo. Como o público-alvo geral deste estudo são as pessoas que usam os transportes e fazem
percursos diários pela cidade, optou-se por um recorte empírico específico na pesquisa enquanto grupo social a ser
analisado: os graduandos do Colégio Pedro II. A partir do conceito de topofobia, iremos analisar se recortes sociais
como gênero, raça e classe podem influenciar essas percepções.

METODOLOGIA: ENTREVISTAS BASE TEÓRICA: TOPOFOBIA, GEOGRAFIA DA PERCEPÇÃO, FENOMENOLOGIA


Será feito o uso de entrevistas chamadas semiestruturadas. Como
O trabalho buscará abordar questões voltadas à geografia fenomenológica/da percepção, sendo
a entrevista, em Guazi (2021), é uma técnica útil na investigação do
esta(s) a fusão entre percepção, mundo vivido e subjetividade, como afirma Pereira et al (2010). A
comportamento humano e na identificação de sentimentos,
percepção abarca os sentimentos, emoções, pensamentos que um indivíduo tem sobre
pensamentos e percepções dos entrevistados, ela se torna viável
determinado assunto. O mundo vivido, como o tema trata principalmente da seara dos transportes,
para esta pesquisa.
e estes estão ligados a um contexto de urbanidade, pode-se tornar equivalente à cidade, sendo
É esperado que a metodologia, pelas entrevistas, contenha um
neste caso o Rio. A subjetividade, por sua vez, entra como essa dimensão do ponto de vista e do
máximo de 6 etapas, como elucida esta autora: elaboração e
julgamento de valor de uma pessoa, dando-se pela interação com o mundo social, físico e simbólico.
testagem do roteiro de entrevista; contato inicial com os
A relação entre o mundo vivido enquanto conceito fenomenológico e cidade, tem-se por base Relph
participantes; realização das entrevistas; transcrição das
(1979), citando James (1955), que descreve esse ‘life-world’ como o mundo das experiências pessoais
entrevistas; análise dos dados; e relato metodológico.
concretas ao qual a rua pertence, sendo multifacetado, transitório e subjetivo. A rua, importante
O público-alvo da entrevista serão os universitários do Colégio
parte da mobilidade, figura como exemplo da urbanidade.
Pedro II. Tende-se a seguir a proporção percentual de gênero e cor
Ao incluirmos a questão mental para o debate e procurar responder à hipótese primária em que se
que se presencia no ensino superior do colégio. Número estimado
questionam quais consequências podem se originar através da vivência da mobilidade urbana,
de entrevistados são oito. Tempo previsto de duração das
encontramos respaldo quando Pereira et al (2010) traz a noção de que a corrente da percepção une
entrevistas será de 40 minutos, individualmente. Aplicação de
a geografia e a psicologia, além da sociologia, na qual se dá a totalidade do homem. Entendemos,
roteiro e entrevistas-teste.
logo, como uma tríade que se correlaciona em quantitativas ocasiões.
Desejável a inclusão da questão LGBTQ+ a fim de evitar a não
Vários intelectuais como Rocha (2003) destacam Yi-Fu Thuan com um dos pensadores centrais da
representatividade desse recorte de identidade dentre os
geografia da percepção e criador do conceito de topofobia que consiste na repulsa e aversão a um
respondentes.
determinado lugar. Há de se descobrir se a mobilidade composta pelos trajetos e percursos das
O questionário se debruçará sobre as experiências dos
pessoas pelas ruas e pelos transportes, isto é, lugares geográficos, causa essa reação. A título de
entrevistados em seus trajetos diários nas ruas e nas conduções.
curiosidade; o seu oposto, topofilia, significa o amor ao lugar.
Queremos saber como se sentem. Por isso, serão questionados
Nessa corrente da geografia, as pessoas, ou observadores, tem ressaltados seus traços de
sobre suas rotinas, quais suas atividades principais do seu dia-a-
identidade, como sexo, idade, classe e etnicidade. Logo, vê-se espaço para explorar positivamente a
dia, quais tipos de transporte usam para se deslocar aos seus
diversidade dos indivíduos.
compromissos e como são esses itinerários cotidianos.

PRÓXIMOS PASSOS TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E PRÁTICOS


Robustecer a base teórica do trabalho visando centralizar o conceito de topofobia REFERÊNCIAS CITADAS
sob o guarda-chuva da Geografia da Percepção. 1. FOTO. Reprodução: Instagram. 2023.
Organizar as entrevistas, nas versões teste e oficial, fazendo o convite aos 2. GUAZI, T. S. Diretrizes para o uso de entrevistas semiestruturadas em
graduandos de Geografia do CP2 e selecionando os perfis que se encaixam no investigações científicas. Revista Educação, Pesquisa e Inclusão, v. 2, p.
público-alvo da pesquisa. Importante ressaltar que a variação de modais utilizados
1-20, 2021.
por essas pessoas, como metrô, trem e ônibus será considerada como requisito
3. GONÇALVES PEREIRA, L. A.; SOARES CORREIA, I.; PEREIRA DE OLIVEIRA,
fundamental, de maneira a enriquecer o leque de experiências que serão transcritos
para o artigo final A. Geografia Fenomenológica: Espaço e Percepção. Caminhos da
Um lembrete necessário é que o foco primário da pesquisa é indagar as pessoas Geografia, p. 173–178, dez. 2010.
sobre como se sentem e o que percebem ao realizar seus deslocamentos diários 4. BERTOL ROCHA, L. Fenomenologia, semiótica e geografia da percepção:
pela cidade do Rio de Janeiro, indo de casa para o estudo ou trabalho e em seu alternativas para analisar o espaço geográfico. Revista da Casa de
retorno ao lar. Os percursos que consistem nas ruas e nos transportes são os eixos Geografia de Sobral, p. 67–69, v. 4-5, 2003.
centrais de avaliação da percepção desse público.
5. ‌RELPH, Edward C. As bases fenomenológicas da Geografia. Geografia, 4
Formular e aperfeiçoar as questões que serão inseridas no questionário. O objetivo
(7); p. 1-25, abril 1979.
é torná-las abrangentes, de modo que os entrevistados divaguem sobre suas
vivências relacionados à mobilidade na dimensão urbana.

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