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CÂMPUS NOVA CRUZ

DISCIPLINA: Língua Portuguesa


DOCENTES: Willame Santos de Sales
CURSO: ___________________________________________________________
ESTUDANTE: _______________________________________________________

SEQUÊNCIAS TEXTUAIS 1

Os textos apresentam diversos níveis de organização interna. Um deles é o da coesão, uma rede de
relações que “costura” frases, parágrafos e mesmo partes maiores do texto. Um outro nível de
organização é o da sequência, uma espécie de “espinha dorsal” presente nos textos.
Esse nível de organização pode se manifestar de seis modos básicos: a sequência dialogal, a
sequência narrativa, a sequência descritiva, a sequência injuntiva, a sequência explicativa e a
sequência argumentativa. Cada uma delas tem estruturação própria. Assim, por exemplo, quando se
afirma que, no texto X, se conta uma história, está -se afirmando, também, que nele há uma série de
procedimentos típicos da sequência narrativa e que são esses procedimentos os responsáveis pelo fato
de, no texto referido, haver uma história sendo contada. O mesmo raciocínio é válido para todas as
sequências.
Não é muito comum encontrar textos em que haja apenas uma sequência. Geralmente se tem uma
dominante e outra(s) que está(ão) subordinada(s) a ela. A sequência descritiva, por exemplo, assim
como a sequência dialogal, surge quase sempre dependente da sequência narrativa. Veja-se o caso do
conto, gênero em que a sequência narrativa tende a ser dominante (já que se conta uma história).
Quando os personagens são caracterizados numa apresentação ou quando conversam entre si, inserem -
se, de forma subordinada, as sequências descritiva e dialogal, respectivamente.
No caso da sequência argumentativa, por exemplo, o enunciador poderá usar, como argumento
para sustentar o ponto de vista defendido, a narração de um fato. Nesse caso, estará recorrendo à
sequência narrativa, que, agora, ocupará uma posição subordinada.
O importante, por exemplo, é saber que cada sequência tem uma estruturação própria e que elas
podem se inter-relacionar. Cabe ao leitor/produtor de textos ser capaz de reconhecer, como leitor, os
procedimentos peculiares a cada uma delas e fazer uso devido desses procedimentos, ao produzir textos.

1. A sequência narrativa

O texto classificado como narrativo caracteriza -se por ter a sequência narrativa como dominante (no caso
de também estarem presentes a dialogal e a descritiva , por exemplo) ou exclusiva (no caso de não haver
outras sequências presentes no texto).
Assim como as demais sequências (dialogal, descritiva, explicativa e argumentativa), a narrativa possui
características que lhe são peculiares:
1) a presença do relato de um fato real ou fictício, seja um fato desenvolvido ou condensado;
2) a presença de verbos encadeadores da história (relato do fato), dispostos numa relação de causa-
consequência (anterioridade – posterioridade) ou concomitância e flexionados no pretérito pe rfeito ou
presente do modo indicativo;
3) a presença de uma macroestrutura composta, quando completa , das seguintes partes: situação
inicial / complicação / resolução / situação final / moral ou avaliação.
As partes dessa macroestrutura dizem respeito, especi ficamente, à evolução do fato relatado. A
situação inicial corresponde a uma fase da sequência narrativa em que ainda não se formou o conflito
gerador da história. De certa forma, cria condições para que ele surja. A complicação diz respeito ao
surgimento e evolução do conflito. Constitui geralmente a parte mais desenvolvida. A resolução dá fim
ao conflito fazendo surgir uma solução para ele. A situação final, decorrente da resolução, apresenta um
quadro finalizador para a história contada. A moral/avaliação consiste na reflexão que pode ser
abstraída da história contada.
Enquanto todas as demais partes da sequência narrativa se situam no plano f igurativo, a
moral/avaliação remete para o temático. Somente resgatando -a, no caso de estar implícita, o leitor
poderá, em certos casos, definir com segurança a intenção comunicativa presente.

1
Material teórico elaborado pela equipe de Língua Portuguesa do IFRN – Campus Natal Central. [ADAPTADO]
Tomando-se como exemplo um conto tradicional infantil, tem-se a seguinte distribuição das
proposições:
BRANCA DE NEVE
Situação inicial A invejosa madrasta de Branca de Neve a trata como
serviçal.
Complicação Um dia, a madrasta descobre que Branca de Neve é a
mulher mais bonita do reino e resolve dar fim à
enteada.
Contrata um caçador que...
Resolução Fingindo-se de vendedora de maçã, a madrasta
oferece uma fruta envenenada à moça. Ao mordê-la,
ela perde os sentidos e é colocada, pelos sete anões,
em um caixão funerário, no qual permanece em sono
profundo.
Situação final Impressionado com a beleza de Branca de Neve, um
príncipe, vindo de um reino distante, beija -a e sacode
desesperadamente o corpo da suposta defunta na
tentativa de despertá-la. O movimento provocado pelo
rapaz faz a moça expelir o pedaço de maçã
envenenado. Nesse momento, o feitiço é desfeito e o
par romântico tem seu momento de glória.
Moral/avaliação Sempre há um antídoto para o mal.

Nem sempre as partes da macroestrutura da sequência narrativa apresentam-se na ordem


explicitada acima. Pode-se iniciar a sequência pela situação final, resolução ou moral/avaliação, por
exemplo. Ou se excluírem algumas partes, c omo a resolução e a situação inicial. Ou ainda tornar
implícita a moral/avaliação, que é muito co mum. Todas essas alterações dependem dos propósitos do
enunciador, dos efeitos que ele objetiva atingir.
Cabe também ao enunciador do texto eleger o foco narrativo que melhor sirva à consolidação da
história. Dentre os mais comuns, encontram -se o foco narrativo de 1ª pessoa e o de 3ª pessoa.
No foco narrativo de 1ª pessoa, a história é narrada por um dos sujeitos que a viveu, seja ele de
importância capital ou até mesmo secundária para o relato. Nesse caso, tem -se uma visão parcial da
história: ela é narrada do ponto de vista de um dos sujeitos, admitindo -se, pois, outras versões para
explicar determinadas constatações.
Já no caso do foco narrativo de 3ª pessoa, o narrador não se insere na história como um dos
sujeitos que a viveram. Nesse caso, tem-se uma visão de fora que tanto pode apresentar -se de forma
onisciente (quando o narrador conhece em profundidade aquilo que narra, sendo capaz de revelar o que
se encontra superficialmente oculto) quanto como observador dos fatos (quando apenas registra o que
pode ser percebido pelos sentidos).
Essas formas básicas de foco narrativo não esgotam os modos de focalização diversos e
inventivos a que o enunciador pode recorr er para realizar seus intentos. Revelar tudo sobre um dado
personagem e sobre um outro, apenas o essencial, intrometer-se na história e comentá-la com o leitor ou
ser onisciente ora em relação a um personagem ora em relação a outro são algumas possibilidad es de
foco narrativo utilizadas, por exemplo, em textos literários. Mais uma vez, cabe ao enuncia dor eleger
aquilo que torne o texto mais interessante ou mais eficiente.
São muitos os gêneros em que a sequência narrativa se apresenta, seja de forma completa ou
incompleta: conto, romance, notícia, depoimento policial...

2. A sequência descritiva

O texto abaixo se caracteriza como uma sequência descritiva por construir a imagem de um objeto:
a vira-lata Princesa. Quando o enunciador de um texto assume a atitu de linguística da descrição, ele
nomeia (dá existência a um objeto), qualifica (apresenta caracte rísticas individuais/coletivas de um
objeto) e localiza-situa, no tempo e no espaço, um objeto. No panfleto, esses três componentes da
sequência descritiva estão em evidência. O enunciador nomeia um objeto (a cadela desaparecida),
indica alguns traços inerentes a ela (é branca, tem olhos negros...) e apresenta-a no tempo e no espaço
(na ocasião usava uma coleira dourada). Observe:
DESAPARECIDA
Ela é carioca. Tem, aproximadamente, 15 anos. É branca, com três lindas manchas pretas por todo o
corpo. Seus olhos são doces, o focinho é negro como uma jabuticaba e possui apenas quatro dentes
grandes e amolecidos. É meiga, carinhosa e bastante inteligente. Está de saparecida desde janeiro de
2003, deixando uma criança em desalento. Atende pelo nome de Princesa, por ser charmosa e
extremamente polida. Na ocasião, usava uma coleira dourada na qual está gravado o seu nome. Em
suma, ela é um verdadeiro tesouro. Por isso , quem tiver encontrado essa vira-lata, favor entrar em
contato com a família Lima pelo telefone (21) 9999-1212.

Ao descrever, o enunciador recorre a determinados procedimentos: ancoragem/afetação,


aspectualização, colocação em relação , tematização e reformulação.

a) Ancoragem: Por meio desse procedimento, o objeto descrito é revelado para o leitor/ouvinte no
princípio da sequência descritiva. O autor do panfleto não se utilizou da ancoragem, pois o objeto de sua
descrição só se tornou conhecido no final da sequência.
b) Afetação: Quando o enunciador opta por revelar o objeto descrito só no final da sequência
descritiva, ele recorre ao procedimento de afetação. Foi o tipo de procedimento utilizado pelo autor do
panfleto.
c) Aspectualização: Nesse procedimento, o produtor do texto descreve o objeto a partir de suas
propriedades (dimensão, forma, volume, cor, idade...) e/ou partes. Princesa é descrita tanto por partes
(olhos, dentes, focinho) quanto por propriedades (15 anos, branca, meiga).
d) Colocação em relação: Procedimento que consiste em informar ao leitor/ouvinte como o objeto se
encontra em determinado lugar e momento (situação). No texto, Princesa é descrita como estava no
momento de seu desaparecimento: (usava uma coleira). O objeto pode ainda ser descrito em analogia a
outro objeto sob forma de comparação ou metáfora (assimilação). No panfleto, há uma an alogia da
cadela a um tesouro (metáfora).
e) Tematização: Procedimento que consiste em expandir as propriedades, as partes, a situação e a
assimilação por meio da aspectualização ou da colocação em relação. A parte focinho, por exemplo, é
tematizada por meio da assimilação (preto como uma jabuticaba) e a parte 4 (dentes) é tematizada por
meio de 2 propriedades (grandes e amolecidos).
f) Reformulação: Elementos linguísticos como em suma, em resumo, em uma palavra e em outras
palavras são utilizados para modificar o tema inicial, uma propriedade ou uma parte do objeto descrito.
No panfleto, há uma reformulação do tema, no final da sequência, quando se afirma que Princesa é um
tesouro.
É importante lembrar que, dificilmente, encontra -se uma sequência descritiva que apresente
todos esses procedimentos. Existem, ainda, outras especificidades da sequência descritiva que não
podem ser deixadas de lado. A primeira delas diz respeito à simultaneidade das ocorrências, ou seja,
não existe relação de anterioridade e poste rioridade entre as informações. A segunda relaciona-se aos
tempos verbais básicos (presente e pretérito imperfeito) caracterizadores desse tipo de sequência . Por
último, na descrição, pode haver ações ou movimentos, desde que eles sejam todos simultâneos e/ ou
rotineiros, como no exemplo que segue.

UMA CENA DECADENTE


Eram onze horas. Os vendedores de bugigangas começavam a desmontar as barracas. As
crianças de rua apanhavam do chão os restos de verduras e frutas estragadas para matar a fome. Donas
de casa pechinchavam os preços das vísceras de boi expostas às moscas. Mendigos pediam esmolas
aos políticos que distribuíam santinhos de suas campanhas. Algumas ad olescentes passeavam entre os
vendedores de roupa na tentativa de conseguir um namorado, enquanto lad rões assaltavam os velhinhos
que acabavam de sair do Banco do Brasil. O lixo se espalhava pelo chão e a fedentina tomava conta da
cidade. Em resumo, a imagem da sujeira e do subdesenvolvimento. Eis mais um final da feira de uma
cidade do interior.

Como se pode observar no fragmento de crônica, esse texto relata variados aspectos de certo
momento da feira por meio de verbos de ação no pretérito imperfeito. Por isso, ele é um texto descritivo.
Vale ainda salientar que, para desenvolver uma sequência descrit iva, é necessário que o
enunciador elabore um plano de trabalho (como ele vai descrever o objeto), tenha competência linguí stica
suficiente desenvolvida (a fim de efetivar escolhas lexicais devidas) e capacidade de observação
aguçada. Esses fatores concorrem para que as descrições não sejam óbvias e clicherizadas.
Podemos, portanto, dizer que uma sequência descritiva (completa ou não) procura relatar as
características de um objeto qualquer inscrito num momento estático do tempo. Essa sequência pode ser
exclusiva ou dominante, uma vez que outras sequências podem estar presentes. Embora não seja muito
comum, a descrição pode se apresentar exclusiva em algun s gêneros como resenhas, poemas e crônicas.
Geralmente, ela se apresenta subordinada a outras sequên cias como a narrativa ou a argumentativa.
Além disso, o enunciador, pelos aspectos que seleciona, pela adjetivação e outros recursos, pode
transmitir uma imagem negativa ou positiva daquilo que descreve. Sendo assim, a descrição sempre vai
revelar uma visão de mundo do enunciador.

3. A sequência explicativa

Trata-se de uma sequência textual bastante comum em materiais didáticos. Ela também se faz
presente no mundo profissional, quando nos deparamos com textos que nos ensinam o porquê das
coisas. Inicialmente, observe o texto que segue:

O texto acima é um verbete, retirado de um dicionário. Mas, qual a função desse verbete?
Certamente, ao fazer pesquisas em dicionários e em enciclopédias virtuais, você busca explicações a
respeito de alguma coisa, fenôm eno ou pessoa. Sendo virtual ou não, essas fontes são veículos que
explicam a origem e a importância das coisas em geral.
Para Garcez (2001), as situações comunicativas que fazem uso dessa sequência buscam
estabelecer, construir e transmitir saberes, por isso citamos como exemplos de textos expositivos:
verbetes, contratos, declarações, atestados, certidão, estatuto, regimento, código, artigos (informativo,
científico, de divulgação científica), resumo, resenha e relatório científico. Na oralidade, essa se quência
aparece nos gêneros aula expositiva, conferência, palestras, enfim, exposições orais de uma maneira
geral.
Os gêneros discursivos em que predomina a sequência explicativa se caracterizam por apresentar
uma temática consensual, ou seja, não são tex tos que gerem polêmica, ao contrário, seu objetivo maior,
como o próprio nome o indica, é o esclarecimento. Assim, a temática é, então, desenvolvida no int uito
de que sejam explicadas as razões e os motivos que a fundamentam. No desenrolar do texto, as idé ias
vão sendo reformuladas de tal sorte que, em geral, acabam ampliadas e enriquecidas. Em outras
palavras, essa sequência procura desenvolver o porquê de um fenômeno, de um fato ou de uma
afirmação de aceitação, inicialmente, incontestável.
Segundo Bronckart (2003, p. 229), quatro fases podem compor o protótipo da sequência explicativa:
constatação inicial, problematização, resolução e conclusão. Na primei ra fase, o fenômeno (uma
situação, um objeto) é apresentado a partir de uma declaração tida como verd adeira. Em seguida,
apresenta-se um questionamento (o porquê? ou como?) sobre a temática inicialmente posta. Depois
apresentam-se as possíveis respostas às questões levantadas. Por fim, a reformulação da idéia inicial é
apresentada em forma de conclusão.
Essas fases não se impõem rigidamente. Elas se realizam, conforme Bronckart (2003, p. 228) “[...]
em formas de extensão e complexidade muito variáveis”. Em geral, aparecem a constatação inicial, o
questionamento e a explicação.
Normalmente, conforme citado anteriormente, essas sequências circulam em artigos de divulgação
científica e nos manuais escolares e científicos. Vejamos, então, um fragmento de artig o científico:
A comunidade discursiva pode ser definida como um grupo de indivíduos que atuam comuni cativamente
a partir de um tópico de referência, ou de um conjunto restrito deles, mediante propósitos compartilhados
e uma linguagem comum estruturada nes sa atividade. O conhecimento desse padrão linguístico particular
(estilo, léxico, gêneros discursivos, etc.) é um requisito para a adesão à comunidade discursiva e a
ascensão em sua estrutura hierárquica de participação. (BONINI, 2008, p. 8).

O fragmento textual apresentado acima foi retirado de um artigo científico e explica, ou melhor,
define o que se compreende por comunidade discursiva. Por que esse texto pode ser considerado uma
sequência textual explicativa? Vejamos: ele apresenta um conceito a ser d efinido (comunidade
discursiva); ele se estrutura a partir de um conteúdo de conhecimento já construí do (através de estudos
feitos por teóricos da linguística); e ele afirma, utilizando -se de verbos de ligação no presente do
indicativo (veja destaque em negrito), o que constitui o termo que ele pretende definir.
Convém destacar que um tema tido como polêmico para um grupo social ou para uma sociedade
num determinado tempo histórico pode ser explicado e tornar -se, noutro contexto social ou noutro
momento histórico, uma verdade de aceitação geral. Assim, enquanto esse tema for polêmico, ele será
objeto da sequência argumentativa e, depois de esclarecido, desmistificado, desmitificado ou explicado,
então ele passa a ser objeto da sequência explicativa.
Em resumo, a sequência explicativa se caracteriza por apresentar alguns aspectos de natureza
explicativa ou causal a respeito de um tema que é considerado como um saber construído alhures e já
reconhecido socialmente.

4. A sequência argumentativa

Argumentar consiste em utilizar-se dos recursos linguísticos para convencer o interlocutor de uma
ideia. O objetivo de uma argumentação é demonstrar ou refutar uma tese, e para isso o locutor parte de
premissas, nem sempre explícitas, e tenta mostrar que não se podem admi tir tais premissas (DUCROT
apud ADAM, 2008).
Pode-se dizer então, que a argumentação estrutura -se em dois aspectos: demonstrar-justificar
uma tese e refutar uma tese ou argumento de uma ideia adversa.
Convém ressaltar, também, que a argumentação trata de questões polêmicas, que possuem
diferentes pontos de vista (mais de uma posição), por isso que este ti po de sequência se estabelece
muitas vezes a partir da contraposição a uma tese já apresentada ou subentendida.
O raciocínio argumentativo implica, em primeiro lugar, a existência de uma tese, supostamente
admitida, a respeito de um dado tema, como, por ex emplo:

A maioridade penal deve ser reduzida

Sobre o pano de fundo dessa tese anterior, organizam-se dados novos:


A grande massa carcerária do Brasil tem de 18 a 25 anos.
Nos países onde a idade penal é menor, não se reduziu a violência.

De posse desses dados novos, parte-se para o processo de inferência:


O medo da punição não aumenta quando a idade penal diminui.

Esse processo de inferência orienta para uma conclusão, que será a nova tese:
A redução da idade penal não é solução para o controle da violên cia.

A organização do raciocínio argumentativo em um texto geralmente dispensa a exposição da tese


anterior (essa é implícita). O protótipo da sequência a rgumentativa apresenta-se como uma sucessão de
quatro fases:
1. a fase de premissas, em que se propõe uma constatação de partida, a nova tese;
2. a fase de apresentação de argumentos, isto é, de elementos que orientam para uma conclusão
provável, podendo ser esses elementos apoiados em constatações, exemplos etc .;
3. a fase de contra-argumentos, que operam uma restrição em relação à orientação argumentativa
e que podem ser refutados por constatações, exemplos etc .;
4. a fase de conclusão, que, integrando os efeitos dos argumentos e contra-argumentos, reformula e
estabelece a tese.
5. A sequência injuntiva

Como nas demais sequências, a sequência injuntiva estrutura -se em torno de traços linguísticos
caracterizadores: vem representada por um verbo no imperativo; e são enunciados incitadores à ação.
Esses textos podem sofrer certas modificações significativas na forma e as sumir, por exemplo, a
configuração mais longa onde o imperativo é substituído por um “deve”. Vejamos o exemplo:

Podemos inferir que o cartaz reproduzido ao lado intenciona dizer


que “Todos os brasileiros na idade de 18 anos do sexo masculino devem
comparecer ao serviço militar para alistarem-se”.
A sequência injuntiva pode aparecer em gêneros diversos, como a
receita médica, receita culinária, a campanha comunitária, o anúncio
publicitário, os manuais de instrução e, ainda em gêneros que circulam
no universo religioso como a jaculatória, a novena, as ladai nhas.

6. A sequência dialogal

A sequência dialogal, também chamada de transacional, é a mais comum das sequências textuais,
porque funciona como a “espinha dorsal” de vários gêneros orais do dia a dia, como a conversa informal,
o debate e a entrevista. Também pode, é claro, assumir forma escrita e surgir nos contos, nos romances
e nas piadas.
Assim como as demais sequências, a sequência dialogal tem uma estruturação peculiar. Quando
se mostra de forma completa, ela apresenta três partes:
Sequência fática inicial – Sequência transacional – Sequência fática final
Como o elemento presente em toda sequência dialogal é o diálogo, imagina-se que, antes de
iniciá-lo, os interlocutores cumprimentem-se, abrindo o canal de comunicação, para depois tratarem do
assunto devido e, ao final, cumprimentem -se novamente. Nos momentos inicial e final, portanto, surgem
expressões fáticas típicas, como “oi”, “bom dia”, “alô” e “diga aí”, por exemplo, para o início, e “tchau”,
“até logo” e “boa noite”, por exemplo, para o fecho. Entre as saudações iniciais e finais, há uma troca de
falas entre os interlocutores. Veja o miniconto a seguir:

CONVERSA “REVELADORA”

― Oi!
Sequência fática inicial ― Oi!

― Onde você estava?


― Eu?!
― Ora, quem poderia ser? Eu estou falando com você!
― Comigo?!
― É claro!!! Abestalhado!!!
Sequência fática transacional ― Abestalhado? Eu?
― Demente!!! Doido!!! Idiota!!!
― Mais...
― Burraldo!!! Imbecil!!! ― gritou lívida de ódio.
― Enciumado! Morto de ciúme de você.
― ...!!!
― ...!!!
Sequência fática final ― Tchau!
― Tchau!
(autor anônimo)
Para produzir sob a forma escrita uma sequência dialogal, o enunciador precisa saber utilizar,
com mais propriedade, certos sinais de pontuação, como as reticências e os pontos de interrogação e
exclamação (que imprimem ao diálogo um tom vivo e pitoresco) e o travessão (que demarca a mudança
de fala de interlocutor ou, em outros casos, a separação entre a voz de quem narra e a do personagem).
Muito dificilmente se encontram, sob forma escrita, sequências dialogais completas. Também é
comum, como já se afirmou anteriormente, a sequência dialogal encontrar-se subordinada à sequência
narrativa.

BIBLIOGRAFIA

ADAM, J. Les textes: types e prototypes (récit, description, argumentacion, explicacion e dialogue). Paris:
Editions Nathan, 1992. (Série Linguistique)
ADAM, Jean-Michel. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. Revisão técnica João
Gomes da Silva Neto. 2. ed. revista e aumentada. São Paulo: Cortez, 2011.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
BONINI, Adair. O conhecimento de jornalistas sobre gêneros textuais: um estudo introdutório. In: Revista
Linguagem em (Dis)curso, jul./dez. 2001, volume 2, número 1. Disponível em:
http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0201/01.htm. Acesso: 13/06/08.
BRONCKART, J. M. Atividades de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-
discursivo. Trad. Anna Raquel Machado, Péricles Cunha. São Paulo: EDUC, 2003.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES. Texto e interação. 2. ed. São Paulo: Atual, 1998.
CERVONI, J. A enunciação. São Paulo: Ática, 1989.
GARCEZ, L. H. do C. Técnica de Redação: o que é preciso saber para escrever bem. São Paulo:
Martins Fontes, 2001.
KOCH, I; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2001.
PLATÃO & FIORINI, J. L. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996.
VILELA, M.; KOCH, I. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 2001.

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