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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 4

Provavelmente esta deformação deu-se no estado plástico, isto é, se bem que a rocha estivesse
ainda no estado sólido, ela foi capaz de fluir, do mesmo modo que a manteiga pode fluir sem derreter. A
ocorrência destas deformações plásticas é um argumento a favor de altas temperaturas durante a sua
formação, suficientemente altas para amolecê-la e originar fluxão plástica.
No caso de os gneisses não conterem micas mas sim minerais do tipo anfíbola ou piroxena, o
gneisse deixa de ter foliação para passar a ter lineação.
As rochas de origem dos gneisses podem ser ígneas (granitos) ou sedimentares (arenitos), dando
assim origem a ortogneisses e a paragneisses.

5.4.2. Rochas Não Foliadas


As rochas não foliadas são originadas pelos mesmos processos que originam as rochas foliadas,
mas como consequência da sua composição mineralógica, não apresentam bandamento. Os exemplos
mais comuns são o mármore e o quartzito. Ambos os tipos de rochas apresentam textura granoblástica.
MÁRMORE
O mármore é uma rocha cristalina de grão fino a grosso, e resulta do metamorfismo de rochas
sedimentares calcárias. Consistem, por isso, quase só de calcite. Na transformação do calcário em mármore a
temperaturas e pressões relativamente altas (metamorfismo regional), as estruturas sedimentares originais bem
como os fósseis que os calcários continham, desaparecem e, como resultado, surge uma rocha composta de
grãos de calcite equigranulares, pelo que não há possibilidade de haver foliação (Fig. 4.44.A).
Deve referir-se que nem todos os mármores provêm de metamorfismo regional. O metamorfismo
de contacto também pode originar mármore.
O mármore puro (isto é, só calcite) é branco de neve, caso do famoso mármore de Carrara (Itália).
Moçambique também tem deste tipo de mármore, na zona de Montepuez (Cabo Delgado). Contudo,
geralmente o mármore não é de cor branca pura, como já toda a gente tem observado esta rocha em vários
edifícios, interiores, etc.
Ele apresenta muitas vezes zonas cinzentas/negras, coloridas pela presença de matéria
carbonosa, castanhas ou avermelhadas, devido a óxidos de ferro, e verdes, devido a silicatos de Fe,Mg.

QUARTZITO
Resulta do metamorfismo de arenitos quartzosos (ver Tema V),
em que os espaços entre os grãos de quartzo da rocha original são
preenchidos por quartzo de cristalização mais tardia. Acontece
normalmente que a sílica cristalizada entre os grãos de quartzo é mais
resistente que a sílica dos grãos de quartzo, e o quartzo tende assim a
quebrar pelos grãos e não pela sílica intersticial, o que os distingue dos
arenitos quartzosos sedimentares. Este tipo de rochas forma-se em
graus de metamorfismo de temperaturas intermédias a altas.
São rochas geralmente de cores claras, branco se o quartzo
predominar, mas podendo ter várias cores em função das impurezas que Fig. 4.48. Quartzito de Manica
contém (Fig. 4.48).

CORNEANA
Grandes intrusões (batólitos, p.ex.), que levam muitos milhares a milhões de anos a arrefecer,
podem influenciar zonas muito extensas. Nestes casos, as rochas originais convertem-se em rochas
maciças, densas e muito duras, chamadas corneanas.

5.4.3. Rochas Mistas Metamórficas/Magmáticas


A grandes profundidades as temperaturas podem ser tão altas (entre 600º-800ºC) que os minerais
podem fundir (se nos recordarmos da Série de Bowen (ponto 3.1.3), vimos que os minerais cristalizam do
magma a temperaturas diferentes, começando nas olivinas e terminando no quartzo. Do mesmo modo, as
temperaturas de fusão são dispostas na ordem inversa das temperaturas de cristalização).

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Se um gneisse, consistindo de bandas claras de quartzo e feldspato alcalino alternando com


bandas escuras de minerais ferro-magnesianos, for sujeito a essas altas temperaturas, os minerais não
ferro-magnesianos, que têm um ponto de fusão menor que os ferro-magnesianos, são os primeiros a fundir.
As bandas de minerais ferro-magnesianos, com temperaturas de
fusão mais altas, podem tornar-se algo plásticas, mas mantêm-se sólidas. Se a
temperatura estabilizar a esse ponto e depois baixar, a rocha resultante seria
constituída de bandas de rocha metamórfica (constituída de minerais ferro-
magnesianos) alternando com rocha plutónica granítica de cor clara. A este
tipo de rochas mistas plutónicas/metamórficas de alto grau chama-se
migmatitos (Fig. 4.49)
No exemplo acima, se a temperatura não tivesse estabilizado, antes
porém continuasse a subir, os minerais ferro-magnesianos acabariam também Fig. 4.49. Migmatito
por fundir, originam-se assim um magma.

5.4.4. Rochas Cataclásticas


Como vimos anteriormente, as rochas cataclásticas formam-se em zonas de baixa temperatura
mas de altas pressões (metamorfismo dinâmico) que provocam a fragmentação da rocha original,
originando uma rocha com total falta de coesão. Como consequência, estas rochas são quebradiças e
facilmente fragmentáveis. O exemplo mais comum é o milonito (do Grego Mylos = moinho).

5.4.5. Outras Rochas Metamórficas


Evidentemente que os tipos de rochas metamórficas descritos anteriormente não são os únicos,
mas são os mais frequentes.
A Fig. 4.50 mostra a origem das rochas metamórficas mais comuns e a Fig. 4.51 mostra a
composição mineralógica média das mesmas. Nestas figuras podemos ver nomes como anfibolito e xisto
verde e serpentinito.

Fig. 4.50. Estrutura e mineralogia das rochas metamórficas mais comuns.

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Fig. 4.51. Origem das rochas metamórficas comuns.

5.5. OCORRÊNCIA DE ROCHAS METAMÓRFICAS EM MOÇAMBIQUE


Moçambique é rico em rochas metamórficas nas províncias centrais e
nortenhas do País. As províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula,
Zambézia, Tete e Manica são constituídas praticamente só por rochas
metamórficas (Fig. 4.52).

Fig. 4.52. Ocorrência de rochas metamórficas em Moçambique

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