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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO x
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS x
2.1 Conceito x
2.2 Abrangência dos direitos fundamentais e garantias fundamentais x
2.3 Características dos direitos fundamentais x
2.3 Localização dos direitos fundamentais x
2.4 aplicabilidade e eficácia dos direitos fundamentais x
2.5 Cláusulas pétreas x
2.6 Dignidade da pessoa humana x
2.7 Dimensão dos direito fundamentais x
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CONCEITO

Os direitos fundamentais são a terminologia mais apropriada para este


estudo, pois, além de se referirem aos princípios que sintetizam a visão de mundo e
informam a ideologia política de cada sistema legal, são reservados para identificar,
no contexto do direito positivo, os direitos e instituições que ele concretiza para
garantir uma convivência digna, livre e igualitária para todas as pessoas. A
qualificação "fundamentais" indica situações jurídicas essenciais, sem as quais a
pessoa humana não pode se realizar, conviver e, às vezes, nem mesmo sobreviver.
(SILVA, 2014)

Para Silva (2014), esses direitos fundamentais são universais, devendo ser
não apenas formalmente reconhecidos, mas também efetivamente aplicados de
maneira concreta. Eles são aplicáveis à pessoa humana em geral, não se limitando
ao gênero masculino da espécie. Portanto, quando mencionamos "direitos
fundamentais do homem", estamos nos referindo aos direitos fundamentais da
pessoa humana, ou simplesmente direitos fundamentais. É com esse conteúdo que
a expressão "direitos fundamentais" encabeça o Título II da Constituição, que se
complementa como "direitos fundamentais da pessoa humana", conforme
expressamente disposto no artigo 17.

Se tratando de princípios, segundo Pedro Lenza (2019, p.1.547) os princípios


bailares da constituição são o começo da construção dos direitos fundamentais:

Se por um lado a palavra “princípio”, que vem do termo latino principiumm, principii,
traz ínsita ideia de começo, origem, base, ponto de partida, podendo imaginar
também, que os princípios fundamentais significam, do mesmo modo, o ponto de
chegada em interessante ciclo que se fecha.

Moraes (2015), a importância dos princípios são tão grande que, em situações de
conflito entre dois ou mais direitos ou garantias fundamentais, o intérprete deve
recorrer ao princípio da concordância prática ou harmonização. Isso implica em
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coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito, evitando sacrificar totalmente


um em relação ao outro, mas sim realizando uma redução proporcional do alcance
de cada um deles (resolvendo a contradição entre os princípios). Tudo isso é feito
com o objetivo de buscar o verdadeiro significado da norma e manter a harmonia do
texto constitucional com sua finalidade principal.

A evolução e transformação dos direitos fundamentais ao longo da história tornam


desafiadora a definição de um conceito sintético e preciso para eles. Essa
complexidade é ampliada pelo fato de várias expressões serem empregadas para se
referir a esses direitos, tais como: direitos naturais, direitos humanos, direitos do
homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais,
liberdades públicas e direitos fundamentais do homem (SILVA, 2014).

Paulo Bonavides (2018, 562 p), que a junção desses direitos está ligada a valores
históricos e filosóficos:

A vinculação essencial dos direitos fundamentais à liberdade e a dignidade humana,


enquanto valores históricos e filosóficos, nos conduzirá sem óbices ao significado de
universalidade inerente a esses direitos como ideal da pessoa humana.

Mello (2023), Apesar da falta de consenso conceitual e terminológico em relação aos


direitos fundamentais, é possível identificar pontos de convergência entre diversas
abordagens, o que nos permite chegar a uma definição aceitável. Os direitos
fundamentais são prerrogativas e instituições, que incluem tanto regras quanto
princípios, que se tornaram e continuam sendo essenciais ao longo do tempo. Eles
desempenham o papel de estabelecer uma espécie de escudo protetor em prol da
conquista dos direitos do ser humano, abrangendo tanto aspectos positivos, como
prestações, quanto aspectos negativos, como a abstenção.

Esses direitos são incorporados em um sistema jurídico específico, com base


principalmente na dignidade da pessoa humana. Eles atuam como garantias tanto
contra a interferência do Estado quanto, de acordo com a melhor doutrina, nas
relações entre particulares (sendo notável a constitucionalização do direito privado e,
consequentemente, a normatividade da Constituição nesses contextos). Em ambos
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os casos, esses direitos podem ter eficácia imediata, o que é chamado de "eficácia
direta dos direitos fundamentais nas relações privadas", ou eficácia imediata no
primeiro caso e mediata no segundo, conhecida como "eficácia indireta dos direitos
fundamentais nas relações privadas". Por outro lado, em alguns sistemas jurídicos,
esses direitos podem não ter aplicação nas relações privadas, dependendo da
estrutura normativa em que estão inseridos (MELLO 2023).

Sobre a interpretação dos princípios fundamentais, esclarece Alex Muniz Barreto


(2011, p 209), esclarece a ligação ao princípio da dignidade da pessoa humana e
dos demais princípios anteriormente citados:

Pode-se afirmar que todos esses direitos estão vinculados à concepção do princípio
da dignidade da pessoa humana, no qual atua como sobre princípio normativo e
como vetor interpretativo de absoluta relevância na ordem constitucional vigente.

Apesar das divergências na denominação dos conceitos de direitos fundamentais


protegidos pela norma constitucional, essa distinção terminológica não compromete
a análise do tema em estudo, pois a categoria jurídica protegida permanece
inalterada, mesmo diante da falta de uniformidade nos critérios de nomenclatura
adotados por diferentes sistemas normativos como explanado anteriormente
(BARRETO, 2011)

ABRANGÊNCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E GARANTIAS


FUNDAMENTAIS

Bonavides (2011) a garantia sempre surge quando se trata de proteger um interesse


diante de um perigo que precisa ser evitado. Nesse aspecto, os estudiosos do
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campo público concordam. No entanto, as complexidades surgem mais adiante,


quando essa noção é transportada para o contexto político e jurídico. Nesse
momento, a garantia assume uma dimensão conceitual, impregnada de valores
como liberdade e personalidade, que são essenciais para a sua proteção,
transcendendo qualquer significado meramente técnico.

A garantia se apresenta como um meio de defesa em relação ao direito, mas não


deve ser confundida com ele. Esse equívoco de confundir direitos e garantias,
tornando-os sinônimos, é criticado pela doutrina sólida, que faz uma distinção clara
entre esses dois instrumentos. A boa doutrina evita esse tipo de erro, ao contrário do
que ocorre com alguns dicionaristas renomados que muitas vezes cometem
equívocos relacionando direito com garantia (BONAVIDES 2011).

Barreto (2011), Os direitos e garantias individuais desempenham um papel


fundamental na asseguração efetiva da proteção legal dos cidadãos, agindo de duas
maneiras distintas. Primeiro, eles operam no âmbito jurídico-objetivo, estabelecendo
limites ao poder público, proibindo sua intervenção na esfera individual. Segundo,
atuam no âmbito jurídico-subjetivo, conferindo aos indivíduos o poder de exercer
seus direitos fundamentais de forma ativa (liberdade positiva) e de exigir que o
Estado se abstenha de praticar ações que possam prejudicar os direitos individuais
(liberdade negativa).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Esse tópico se originou a partir das concepções jusnaturalistas sobre os


direitos fundamentais da humanidade, das quais surge a ideia de que esses direitos
são intrínsecos, absolutos, invioláveis (não transferíveis) e não sujeitos a prescrição.
Mesmo quando se deixa de lado a abordagem jusnaturalista que informou o
assunto, ainda é possível identificar algumas características essenciais desses
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direitos e pontua-las em princípios que norteiam os direitos fundamentais (SILVA,


2014).

Lenza (2019), as características dos direitos fundamentais são divididas em


princípios que a norteiam, começando pela historicidade dos direitos fundamentais,
que está intrinsecamente ligada à ideia de evolução ao longo da história, começando
desde os primórdios do cristianismo e progredindo com o tempo, em constante
aprimoramento, à medida que o campo das garantias se desenvolve em resposta às
mudanças políticas e culturais. Além disso, pontua que a Universalidade
desempenha um papel fundamental, pois busca a elaboração por escrito de um
conjunto de direitos em favor dos indivíduos, direitos que são considerados
superiores ao próprio poder que os concedeu ou reconheceu.

A Ilimitabilidade destaca a relatividade dos direitos fundamentais,


frequentemente resultando em confrontos e conflitos de interesses, cuja resolução
cabe ao intérprete ou ao magistrado, sempre com os direitos fundamentais como
referência. A concorrência revela que um indivíduo pode exercer cumulativamente
diferentes direitos, como no caso de um jornalista que simultaneamente exerce o
direito à informação e ao livre exercício da opinião. A irrenunciabilidade implica que
esses direitos não podem ser totalmente renunciados, embora o seu exercício possa
ser temporariamente suspenso. A inalienabilidade enfatiza que os direitos
fundamentais carecem de valor econômico; portanto, um indivíduo não pode, por
exemplo, comercializar a sua dignidade, uma vez que ela não possui caráter
econômico ou patrimonial. Por fim, a imprescritibilidade assegura que não existe um
prazo temporal para a perda de exigibilidade dos direitos fundamentais,
diferenciando-se dos direitos de natureza patrimonial que podem ser afetados pela
prescrição, sublinhando assim a natureza única e perene desses direitos (LENZA
2019)

Mello (2023, 677 p.) como bem pontuado as características anteriormente


mencionadas, vale esclarecer o momento histórico em que algumas destas
características ganharam mais notoriedade política no cenário global:
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Como visto alhures, a igualdade, a universalidade e o caráter natural dos direitos


fundamentais ganharam maior expressão política a partir da Declaração da
Independência americana de 1776 e na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789.

Barreto 2015, No contexto das restrições aos direitos fundamentais, é de


suma importância aplicar o princípio da preservação do núcleo essencial, uma vez
que não é admissível que tais restrições sejam amplas e alcancem o cerne desses
direitos. Caso contrário, isso resultaria em uma ampla margem de discricionariedade
concedida ao legislador (ou intérprete da lei) para reduzir a abrangência da proteção
constitucional desses princípios, comprometendo substancialmente o propósito de
salvaguarda estabelecido pela ordem jurídica. Nesse sentido a próprias limitações
impostas aos direitos fundamentais têm limites, que são determinados pelos
objetivos perseguidos pela Constituição (limites dos limites).

Outrossim, tais limitações só devem ser aceitas quando estritamente


necessárias para a preservação do interesse público geral, e somente quando for
demonstrado que essas barreiras não comprometem ou prejudicam o núcleo
essencial dos direitos constitucionalmente garantidos aos indivíduos (BARRETO,
2015).

LOCALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A Constituição Federal Brasileira de 1.988, em seu segundo título destina-se


as tratativas dos direitos e garantias fundamentais, dividindo-se em 5 capítulos,
entre eles o artigo 5º, onde estabelece que todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos os brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade à segurança e à propriedade, nos termos do seus 78 incisos e parágrafos.
Tratando-se de um rol meramente exemplificativo, na medida em que os direitos e
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garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e


dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte (LENZA, 2019).

Moraes (2015) ilustra que a Constituição em seu Título segundo os direitos


fundamentais, subdividiu-os em cinco capítulos: direitos individuais e coletivos;
direitos sociais; nacionalidade; direitos políticos e partidos políticos. Assim, a
classificação adotada pelo legislador constituinte estabeleceu cinco espécies ao
gênero direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais e coletivos;
direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos; e direitos relacionados à
existência, organização e participação em partidos políticos.

APLICABILIDADE E EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CLÁUSULAS PÉTREAS
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DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

GERAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

As gerações de direitos fundamentais estão associadas a diferentes momentos


históricos em que várias categorias de direitos fundamentais emergiram. Embora
tenham surgido em etapas distintas do desenvolvimento do Constitucionalismo e em
momentos históricos diferentes, não há uma hierarquia legal entre esses conjuntos
de direitos, um não é necessariamente a evolução d outro. Por essa razão, alguns
autores optam por utilizar o termo "dimensões dos direitos fundamentais" em vez de
"gerações", pois a última expressão poderia sugerir que as gerações anteriores são
superadas e obsoletas, o que não é realmente o caso, já que essas dimensões dos
direitos coexistem e não estão em uma ordem, mas sim coexistem de formas
distintas. (BARRETO, 2015).

Em relação a 1ª geração Para Barreto (2015), a primeira geração de direitos


fundamentais abrange os direitos civis (ou direitos e garantias individuais) e os
direitos políticos (ou seja, as chamadas liberdades públicas), que incluem o direito à
vida, à intimidade, à inviolabilidade do domicílio e à liberdade de pensamento.

Os direitos de liberdade são os primeiros a serem incluídos no conjunto de normas


constitucionais e compreendem os direitos civis e políticos, que, em grande medida,
refletem historicamente a fase inicial do constitucionalismo ocidental. Os direitos da
primeira geração, ou seja, os direitos de liberdade, são de responsabilidade do
indivíduo, opondo-se ao Estado. Eles se manifestam como faculdades ou atributos
da pessoa, e sua característica mais proeminente é a subjetividade. Em suma, são
direitos de resistência ou oposição em relação ao Estado (BONAVIDES, 2011).
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Os direitos da 2ª geração englobam os direitos sociais, culturais e econômicos,


assim como os direitos coletivos ou de grupos, que foram incorporados no
constitucionalismo das diversas formas de Estado social, emergindo como resultado
da ideologia e da reflexão antiliberal do século XX. Estes direitos surgiram
intimamente ligados ao princípio da igualdade, do qual não podem ser dissociados,
uma vez que separá-los equivaleria a despojá-los do propósito que os sustenta e
encoraja (BONAVIDES 2011)

Para Alex Munz Barreto, os direitos fundamentais de 2ª geração visam assegurar a


igualdade e a justiça social:

“2ª geração (direitos sociais) – São aqueles que exigem uma postura ativa do Estado
no sentido de adotar mecanismos interventivos que visem assegurar a igualdade e a
justiça social, mediante a proteção aos hipossuficientes e a superação das
diferenças sociais.”
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REFERÊNCIAS

BARRETO, Alex Muniz, Direito constitucional brasileiro, 2. ed. São Paulo, 2015,
677 p.

BONAVIDES, Paulo, Curso de direito constitucional, 26. ed. São Paulo, 2011, 835
p.

BRASIL. Constituição da república federativa do brasil de 1988. Brasília, DF:


Presidência da República. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em agosto
de 2023.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São Paulo, 2019,
1574 p.

MELLO, Cleyson de Moraes. Direitos fundamentais. 2. ed. Rio de Janeiro, 2023,


677 p.

MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 31. ed. São Paulo: , 2015, 958 p.
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PEREIRA, Jane Reis G. Interpretação constitucional e direitos fundamentais, 2.


ed. São Paulo: 2018, 419 p.

SILVA, josé afonso da, Curso de direito constitucional positivo, 38. ed. São
Paulo: 2014, 936 p.

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