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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

LENITA ASALIN

A CULTURA AFRODESCENDENTE E O LETRAMENTO LITERÁRIO:


PROPOSTAS DE LEITURA POR MEIO DO CORDEL BIOGRÁFICO SOBRE
DANDARA DOS PALMARES, DE JARID ARRAES

Esta Produção Didático Pedagógica será apresentada à


Coordenação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE,
da Secretaria de Estado da Educação do Paraná em convênio com a
Universidade Estadual de Maringá, como requisito para o
desenvolvimento das atividades propostas para o período de
2016/2017.

Área de conhecimento: Língua Portuguesa.


Linha de estudo: Diálogos curriculares com a diversidade
Orientadora: Profa Dra Carmen Rodrigues de Lima.

UEM

MARINGÁ
2016
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA
DA EDUCAÇÃO - SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E TECNOLOGIAS
EDUCACIONAIS – DPTE COORDENAÇÃO DE ARTICULAÇÃO
ACADÊMICA - CAA
Ficha para Identificação – Produção Didático-Pedagógica:

Título: A CULTURA AFRODESCENDENTE E O LETRAMENTO LITERÁRIO:


PROPOSTAS DE LEITURA POR MEIO DO CORDEL BIOGRÁFICO SOBRE
DANDARA DOS PALMARES, DE JARID ARRAES
Autora: Lenita Asalin
Disciplina/área de ingresso no PDE: Língua Portuguesa
Linha de estudo: Diálogos curriculares com a diversidade
Escola de implementação; Escola Estadual Irmã Maria Antona – Ensino
Fundamental
Localização da escola: Sarandi
Núcleo Regional de Educação: Maringá
Professora orientadora: Dra. Carmen Rodrigues de Lima
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maringá
Relação interdisciplinar: História
Resumo: justificativa, objetivos e Esta unidade didática se justifica em
metodologia cumprimento à lei 10639/2003, que determina
a obrigatoriedade do ensino da história e
cultura africana e afro-brasileira, nas escolas,
no ensino fundamental e médio, além, de
colaborar com o reconhecimento e
valorização do povo que contribuiu com a
construção desta nação. Ela oportuniza
condições para a discussão e apreensão
destes conteúdos, a fim de que o aluno tenha
uma visão mais crítica da sociedade e atue
neste contexto. Seu objetivo, portanto, é
proporcionar uma formação aos professores
e funcionários da Escola Estadual Irmã Maria
Antona e a profissionais da educação de
outras escolas estaduais, através de
reflexões e encaminhamentos pedagógicos
sobre a citada lei, que reverberarão no corpo
discente, possibilitando ao indivíduo assumir
sua condição de cidadão, reconhecendo sua
identidade, respeitando a diversidade e a
coletividade, além de promover ações de
igualdade. Assim, propomos esta formação
aos professores e funcionários através de
duas sequências didáticas, expandida e
básica, propostas por Cosson (2014), cujo
corpus é o texto literário. A princípio
trabalharemos com a sequência expandida
para explicitar a proposta metodológica e, em
seguida, junto dos professores construiremos
a sequência básica adequando-a ao contexto
dos alunos, com os quais se pretende aplicar
o trabalho, posteriormente.
Palavras-chave: Escola; formação docente; literatura; lei
10639/2003; cordel biográfico
Formato do material didático: Unidade didática
Público: Professores e funcionários da Escola
Estadual Irmã Maria Antona - Ensino
Fundamental e demais profissionais da
educação vinculados à Secretaria de
Educação do Estado do Paraná.

Apresentação

“Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da


cor da sua pele, ou de suas origens, ou de sua
religião. As pessoas são ensinadas a odiar e se são
ensinadas assim, elas podem aprender a amar,
porque o amor chega mais naturalmente ao coração
do homem que o seu oposto.” Nelson Mandela

Uma das grandes tarefas da educação na atualidade não é apenas cumprir a


lei 10639/2003 que determina o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira
em todos os estabelecimentos de ensino, fundamental e médio, públicos ou
particulares. Mas, sobretudo, que a educação garanta o direito do aluno ao acesso a
estes conteúdos, oportunizando-lhe condições de se reconhecer cidadão de direito e
que ele possa contribuir com a construção de uma sociedade mais humanizada.

A questão tanto preocupa que até o governo federal, atendendo as demandas,


criou as leis 10639/2003 e 11645/2008, tornando obrigatório o ensino da cultura e
história africana e afrodescendente, além de outras ações afirmativas como, em
2012, o Supremo Tribunal Federal julgou favorável a constitucionalidade das cotas
raciais para o acesso às vagas nas instituições públicas em vestibulares e
concursos.

Assim, em resposta à alarmante desigualdade entre brancos e negros que se


perpetua na nossa sociedade, propomos esta produção didático-pedagógica, e por
acreditar que, nós, os profissionais da educação, temos condições de agir
veementemente para mudar ou ao menos amenizar esta condição, buscando (trans)
formar o indivíduo, para que ele se reconheça enquanto cidadão, resgatando sua
autoestima, valorizando suas origens, criando condições favoráveis para o
enfrentamento consciente e humanizado ao racismo e à intolerância.

Neste contexto, nosso projeto propõe uma formação aos professores e


funcionários da Escola Estadual Irmã Maria Antona – Ensino fundamental, bem
como a demais profissionais da rede pública estadual de ensino. Oportunizando
reflexões e encaminhamentos pedagógicos através do estudo de duas sequências
didáticas, norteadas pelo viés da literatura, mais especificamente, através do cordel
biográfico de Jarid Arraes, que relata a vida de Dandara dos Palmares. As
sequências fundamentam-se em Cosson (2014). Assim, produziremos uma
intervenção pedagógica que se dará através do estudo da sequência expandida e da
construção de uma sequência didática básica, a qual será produzida em grupos
pelos professores, adaptada à realidade da turma em que será aplicada. Busca-se
dessa forma, propor reflexões, bem como encaminhamentos pedagógicos através
de uma formação continuada de professores, funcionários, acreditando que isso se
reverbere, consequentemente, nos alunos, conscientizando-os sobre a importância
de construirmos uma sociedade mais igualitária, em que todos tenham
oportunidades.

Objetivo geral

Esta sequência didática objetiva oportunizar reflexões e encaminhamentos


metodológicos com sugestões de atividades que fortaleçam a formação de
professores, funcionários e alunos da escola estadual paranaense, a fim de
possibilitar ações de combate ao racismo, preconceito e discriminação, além de
promover ações afirmativas de reconhecimento, valorização e reparação,
estimulando uma visão crítica diante destas relações, conforme a legislação prevê.
Estratégia de ação

A formação será ofertada a professores e funcionários da Escola Estadual Irmã


Maria Antona – Ensino Fundamental, bem como aos demais interessados da rede
pública estadual de ensino. Ela será dividida em 16 encontros de duas horas/aula
cada. Nos encontros trabalharemos, de acordo com o letramento literário, proposto
por Cosson (2014), trabalharemos, inicialmente, a sequência expandida com os
participantes, a qual será pautada na lei 10639/2003, norteada pelo cordel biográfico
que narra a trajetória de vida de Dandara dos Palmares, além de outros textos, de
diversos gêneros textuais, que abordam a já citada lei. Em seguida, retomaremos as
etapas da sequência básica. Nesse momento, os professores é que deverão
produzir, em grupos, essa sequência, que será adaptada à turma com a qual se
pretende trabalhar. A avaliação do curso se dará pela produção de uma atividade
produzida em cada encontro, pela construção da sequência básica que será
aplicada posteriormente com as turmas, além da frequência.

Lembrando que, segundo Cosson, a sequência básica é direcionada ao ensino


fundamental, a expandida indicada ao ensino médio. A primeira apresenta quatro
passos: a motivação, a introdução, a leitura e a interpretação. Enquanto a expandida
traz uma ampliação com aprofundamento destas etapas. Assim, ela é composta da
motivação, introdução, leitura, primeira interpretação, contextualização (que pode
ser teórica, histórica, estilística, poética, crítica, presentificadora e temática) segunda
interpretação e, finalmente, a expansão.

Dessa forma, faremos aqui uma retomada de cada uma das etapas destas
sequências do Letramento literário - teoria e prática, de Cosson (2014).

SEQUÊNCIA BÁSICA

A primeira etapa desta sequência é a motivação, trata-se da antecipação à


leitura, preparando o aluno para o texto, estabelecendo laços com a leitura que virá.
Preparando o leitor para recebê-lo. Ela deve ser pautada em uma situação que
proporcione aos alunos se posicionarem, possibilitando a integração da leitura, da
escrita e da oralidade. Cosson (2014) ressalta que o uso do elemento lúdico na
motivação favorece o mergulho na obra literária. Ele alerta para o fato de que a
motivação não deve ultrapassar a uma aula.

Em seguida, ele propõe a introdução, ou seja, a apresentação do autor e da


obra. A função desta etapa é preparar o aluno para que ele possa receber a obra de
forma positiva. Assim, o professor deve fornecer informações básicas sobre o autor,
preferencialmente ligadas ao texto a ser lido, mostrando a importância da obra para
aquele momento. Independente do caminho adotado, faz-se necessário apresentar a
obra física aos alunos, chamando a atenção para a capa, a orelha, o prefácio e
outros elementos que a introduzem.

A terceira etapa é a da leitura, conforme Cosson (2014), quando se trata de


um pequeno texto a ser lido, em sala de aula, pouco se pode fazer nesta fase, além
de esperar seu término. Contudo, a leitura carece de um acompanhamento para que
seus objetivos não se percam. Esse momento possibilita que o professor possa
auxiliar o aluno em suas dificuldades, sobretudo quando se trata de leitura extensa.
Neste caso, ela deve acontecer num ambiente próprio, como sala de leitura,
biblioteca ou casa do aluno. Durante esse processo, Cosson, sugere que sejam
propostos intervalos, neles os alunos devem apresentar os resultados, através de
uma simples conversa ou atividades específicas, como a leitura de textos menores
que se relacionam com o texto de partida, buscando promover aproximações entre o
texto lido e o novo texto. É importante que o professor negocie com os alunos o
tempo que eles têm para realizarem a leitura. Dentro deste período, os intervalos
são realizados e servirão como um diagnóstico, isto é, o meio pelo qual o professor
avalia o processo de leitura como um todo. Os intervalos não devem exceder a três.

Enfim, a última etapa é a da interpretação. Cosson (2014) propõe pensá-la


em dois momentos: um interior e outro exterior. O primeiro é aquele que
“acompanha a decifração palavra por palavra, página por página, capítulo por
capítulo” (p. 65), seu objetivo é a apreensão global ao término da leitura da obra.
Este encontro entre obra e leitor é individual e não pode ser substituído por resumos
ou filmes. Este momento sofre influência de fatores como o histórico do leitor, suas
relações familiares bem como seu contexto social, estes elementos colaboram ou
comprometem a interpretação. Além disso, vale lembrar que a interpretação é algo
pessoal e ao mesmo tempo um ato social, devido ao fato de refletir o contexto no
qual o leitor está inserido.

Cosson (2014) chama de momento externo aquela etapa em que acontece a


construção de sentido em uma comunidade. Quando fazemos a leitura literária fora
dos bancos escolares e ela nos afeta de alguma forma, visto que podemos
conversar sobre essa leitura ou apenas arquivá-la em nossa memória. Contudo, na
escola, a interpretação deve ser compartilhada, dessa forma, ampliando os sentidos
construídos individualmente, o que possibilita a ampliação dos horizontes da leitura.

O pesquisador ainda indica que as atividades de interpretação precisam ser


registradas, e este registro deverá estar em consonância com: o tipo de texto lido, a
idade e a série dos alunos, entre outros aspectos. Assim, ele sugere a pesquisa de
uma música referente aos sentimentos de alguma personagem; uma resenha que
pode ser divulgada, recomendando ou não a obra; a dramatização de trechos; a
transfiguração dos alunos em personagens da obra; o registro em um diário anônimo
para ser exposto; um júri simulado; uma feira cultural com alunos vestidos a caráter,
contando histórias, explicando murais e cenários produzidos a partir das
interpretações, declamando poemas, cantando, relatando o que aconteceu dez anos
depois com as personagens, inserindo outras personagens, alterando os espaços,
enfim, o registro é uma etapa com inúmeras possibilidades.

Nesta etapa, não é necessária uma atividade de caráter festivo, basta que o
aluno faça uma reflexão a respeito, compartilhe com os demais e estabeleça um
diálogo sobre esta experiência entre os leitores.

SEQUÊNCIA EXPANDIDA

Cosson (2014) propõe também uma sequência didática para atender às


demandas do ensino médio, a qual ele denomina sequência expandida. Através
dela, ele busca responder às inquietações dos professores, evidenciando “as
articulações entre experiência, saber e educação literários inscritos no horizonte
desse letramento na escola”. (P. 76)
Conforme vimos na sequência básica, a motivação é uma atividade que
prepara os leitores para a leitura que eles realizarão. O fundamental, nesse
momento, é não perder de vista o objetivo proposto para essa atividade que é: levar
os alunos a discutir e refletir sobre estas relações, bem como as transformações que
elas propiciam na vida do indivíduo. Todavia, não podemos esquecer também que o
foco principal é a preparação para a leitura do texto literário.

Na introdução, Cosson (2014) aponta que uma breve apresentação da obra


e do autor já é o suficiente, para esse momento. Entretanto, pode-se ainda justificar
a escolha da obra. Esta etapa deve ser breve, não ultrapassando a uma aula, uma
vez que sua função é despertar o interesse, não direcionar a leitura. Ao fim desta
etapa, professor e aluno devem combinar os prazos para a conclusão da mesma.

Na leitura, o autor, como na sequência básica, ressalta a importância de


verificações, isto é, os intervalos, que são momentos de enriquecimento, uma vez
que eles poderão revelar, através das participações e das discussões dos alunos, o
êxito da leitura. A exigência para a apresentação desses intervalos, é que eles
sejam relacionados ao texto principal e que sejam curtos, a fim de que a atividade
seja finalizada em uma única aula. Cosson não impõe limites sobre a escolha dos
textos para os intervalos nem sobre a quantidade deles. Entretanto, o diálogo entre
eles é fundamental para a construção da nossa cultura. Na realidade, o autor
sugere, o tempo todo, que tudo seja feito de forma dosada, sem excessos.

A primeira interpretação trata da apreensão da obra como um todo, ela


objetiva que o aluno traduza suas impressões. Nesse momento, também é
importante observar qual o impacto do título da obra sobre sua sensibilidade de
leitor. Essa atividade deve ser registrada através de um ensaio ou depoimento,
nesta fase, busca-se, então, a compreensão. O tempo para a realização da atividade
é determinado pelo professor. Outra opção é uma entrevista informal, em dupla.
Nela, um aluno deve indagar o outro sobre aquilo que mais o atraiu na obra,
redigindo um texto sobre as divergências. Ao contrário, ainda, pode-se encaminhar
uma entrevista formal, redigindo as questões e encaminhando-as para um colega,
que pode utilizá-las como roteiro para um ensaio. Independentemente da escolha
realizada, é necessário que ela seja encaminhada em sala de aula. Esta atividade
demonstra ao aluno a importância de leitura individual, visto que lhe foi dada a
liberdade de escrever o que achar conveniente dentro dos limites estabelecidos
anteriormente. Portanto, quanto mais leituras individuais, mais enriquecida se
tornará a turma. Dessa forma, para que essa fase da sequência expandida possa se
efetivar, é necessário: individualidade e liberdade. Por conseguinte, é
desaconselhável debates e atividades em grupo.

A próxima etapa da sequência expandida, Cosson (2014) inspira-se em


Maingueneau, trata-se da contextualização que é sugerida “como o movimento de
ler a obra dentro do seu contexto” (p.86). Assim, quando leio uma obra, leio este
contexto. Ele segue apresentando sete contextualizações: a histórica, a teórica,
estilística, poética, crítica, presentificadora e temática.

A contextualização histórica relaciona o texto com a sociedade da qual ele


advém. Toda obra tem uma dimensão histórica, segundo os interesses do professor,
ela pode desdobrar-se em outras como, por exemplo: a contextualização biográfica
e editorial, a primeira sobre a vida do escritor, a outra sobre as condições de
publicação da obra.

A contextualização teórica tem o propósito de tornar explícitas as ideias que


sustentam ou são encenadas na obra. Na obra O Cortiço, encontramos, por
exemplo, o determinismo biológico na vida dos seres humanos.

A contextualização estilística refere-se aos estilos de época ou períodos


literários. As obras antecedem estes estudos, logo são elas que informam o período,
em que estão inseridas. Dessa forma, a contextualização estilística “busca
analisar o diálogo entre a obra e o período” (p.87).

A contextualização poética refere-se à estruturação ou composição da obra.


Ao construir esta contextualização deve-se evitar reduzir a obra, dissecando as
categorias como personagem, narrador, tempo, espaço ou, ainda, restringir a
poética a uma lista de figuras de linguagem.

A contextualização crítica trata da recepção do texto literário. Um cânone,


por exemplo, terá um vasto material disponível sobre ele, uma obra contemporânea,
por sua vez, poderá ter alguma notícia no jornal ou ainda alguma crítica sobre ela,
mas, certamente, será em uma quantidade menor. Ler a crítica não significa ler
alguém autorizado a sustentar a obra, por isso não devemos nos sentir coagidos a
reproduzi-la. A contextualização crítica tem o objetivo de contribuir para a
ampliação da leitura da turma sobre a obra.

A contextualização presentificadora é um recurso usado pelos professores


para estabelecer uma correspondência da obra com o presente da leitura. Assim, o
aluno busca no seu mundo elementos que mostrem a atualidade do texto.

A contextualização temática não se restringe apenas ao tema, mas aborda,


principalmente, a sua repercussão dentro da obra. Por considerar um tema muito
interessante, corre-se o risco de minimizar o estudo literário em favor de uma
temática polêmica, por exemplo. De acordo com Cosson (2014), a etapa da
contextualização não precisa ficar restrita às suas sugestões, ou seja, os 7 modelos
que ele sugeriu, ao contrário, ela pode ser ampliada, dividida ou reconfigurada de
acordo com o que se pretende no trabalho planejado, desde que, possibilite ampliar
o horizonte de leitura conscientemente e em consonância com os objetivos do
letramento literário.

A segunda interpretação tem por objetivo a leitura aprofundada de um dos


aspectos que julgar relevante, durante a leitura da obra. Pode ser centrada em
questões históricas, contemporâneas, personagens, tema ou qualquer outro enfoque
que mereça ser explorado. Independente do caminho escolhido, devemos estar
certos de que a segunda interpretação deve resultar no compartilhamento da
leitura. Pois assim, estaremos ampliando essa leitura para que se possa construir
um saber coletivo que una a turma em um mesmo horizonte de leitura, repercutindo
no crescimento de todos, colaborando na construção de uma comunidade de
leitores.

A expansão refere-se às possibilidades de diálogo com os textos que a


precederam, servindo inclusive de inspiração os contemporâneos ou os posteriores.
Trata-se de um trabalho comparativo, confrontando pontos semelhantes ou
divergentes. A expansão deve ser registrada pelos alunos, ela também pode
funcionar como motivação para reiniciar uma nova sequência.
Sintetizando os encontros

1º encontro – Apresentação do projeto e esclarecimentos quanto à participação, à


avaliação e à frequência. Seguindo com a primeira etapa da sequência didática
proposta por Cosson (2014), em que faremos a motivação, apresentando manchetes
e reportagens sobre a desigualdade social, promovendo discussões, reflexões e
uma pesquisa de ações afirmativas com o registro das impressões sobre esta etapa
de estudo. Retomaremos também o texto da lei 10639/2003 para amparar nossa
discussão.

2º encontro – Retomada da aula anterior, caso não tenha sido possível concluir o
conteúdo. Seguindo com a segunda etapa de Cosson (2014), a introdução, na qual
apresentaremos a obra que norteia nossa proposta de trabalho, o cordel biográfico
de Dandara dos Palmares, bem como sua autora, Jarid Arraes.

3º encontro – Retomada da aula anterior, concluir o conteúdo, caso não tenha sido
feito. A terceira etapa a ser trabalhada, proposta por Cosson (2014), é a leitura.
Assim, encaminharemos a leitura oral do cordel Dandara dos Palmares, de Jarid
Arraes, observando suas características como entonação, ritmo e musicalidade. Na
sequência, pesquisaremos o vocabulário, e promoveremos a discussão do cordel,
buscando sua compreensão.

4º encontro – Retomada da aula anterior, concluindo o conteúdo, caso não tenha


sido feito. Só então daremos início à primeira interpretação, oportunizando a
apreensão da obra como um todo, traduzindo as impressões e socializando-as, a fim
de enriquecer a leitura coletiva.

5º encontro – Conhecer as características do cordel, refletindo sobre este gênero


textual. Fazendo uma releitura do cordel biográfico estudado, que será apresentado
para o grupo e, posteriormente, será partilhado com a comunidade da escola.

6º encontro – Assistir a um vídeo sobre Zumbi dos Palmares, retratando a


resistência negra ao sistema escravocrata. Refletir sobre a contextualização
histórica e presentificadora no cordel estudado, traçando um paralelo entre estes
dois momentos presentes na obra, pois embora a obra Dandara dos Palmares seja
contemporânea, ela tem sua origem num passado, um momento que merece ser
registrado, revisitado e discutido a fim de que não se repita, não retrocedamos, para
que não se mantenham as condições extremamente favoráveis para a perpetuação
dessa situação de preconceito e consequentemente da desigualdade social que
vivemos atualmente.

7º encontro – Segunda interpretação, centrada na questão do


empoderamento do negro, a temática será trabalhada através do poema
Gritaram-me negra! De Victória Eugenia Santa Cruz Gamarra.

8º encontro – Aqui seguindo a proposta de Cosson (2014), oportunizaremos a


expansão do que foi trabalhado, estabelecendo relações da temática com textos que
precederam o texto de Dandara, contemporâneos ou posteriores, através de uma
abordagem emancipadora de empoderamento.

9º encontro - Refletir sobre um projeto para o trabalho com a lei 10639/2003, dentro
do contexto escolar no qual estamos inseridos. Apresentando propostas e definindo
o caminho que será percorrido.

10º encontro – Seleção de textos que nortearão a sequência básica.

11º encontro – Retomada da fundamentação teórica da primeira etapa da


sequência didática básica proposta por Cosson (2014), a motivação, produzindo
este material.

12º encontro – Retomada da fundamentação teórica e produção da segunda etapa


da sequência básica, a introdução.

13º encontro – Retomada da fundamentação teórica e produção da terceira etapa


da sequência, a leitura.

14º encontro – Retomada da fundamentação teórica e produção da quarta etapa da


sequência, a interpretação.

15º encontro - Apresentação das sequências básicas, produzidas em consonância


com a realidade das turmas em que serão aplicadas.

16º encontro – Apresentação das sequências básicas, produzidas em consonância


com a realidade das turmas em que serão aplicadas.
MATERIAL DIDÁTICO

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Professor, seja bem-vindo a esta unidade didática, ela foi produzida com
muito carinho e comprometimento, pensada para enriquecer nossas aulas e,
consequentemente, a formação do nosso alunado. Embora ela tenha sido
construída, objetivando oportunizar uma formação para professores e funcionários,
entendemos que ela pode ser trabalhada com alunos do nono ano ou ensino médio,
fazendo as mudanças, que julgar necessárias, em consonância ao grupo, em que
será aplicada. Optamos por utilizar caixas de diálogos para sugerirmos leituras e
encaminhamentos, as verdes. E nas amarelas, apresentamos explicações e
retomamos conceitos.

Primeiro encontro: (primeira etapa do Letramento Literário – Teoria e Prática,


proposto por Cosson (2014) - MOTIVAÇÃO

Tempo previsto: duas horas/aula

Objetivo: Sensibilizar funcionários e corpo docente para a permanente necessidade


do trabalho com a lei 10639/2003.

Recursos necessários: Multimídia para a projeção, material impresso e laboratório


de informática para pesquisa.

Orientações metodológicas:

Professor, primeiramente, sugerimos que você leia as manchetes com os


alunos, oportunizando comentários sobre as mesmas, instigue a participação e, se
considerar necessário, acrescente informações. Num segundo momento, distribua
as reportagens/textos para que, em equipe, todos façam as leituras e socializem-
nas com o grupo, comentando-as. E por fim, como proposta, sugira uma pesquisa,
em que os alunos terão que fazer cartazes, divulgando ações afirmativas de
combate ao racismo, posteriormente, eles apresentarão o resultado do trabalho
realizado ao grupo. A partir de toda a discussão, entregue o texto da lei 10639/2003
e encaminhe os comentários. E por fim, todos deverão assistir ao vídeo sobre os 10
anos da referida lei.

É importante dizer que, embora a lei determine que o trabalho em sala de


aula seja feito através de um resgate da contribuição do povo negro nas áreas,
social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil, nesta etapa,
justificamos este encaminhamento, evidenciando as desigualdades sociais entre os
povos, entendendo que ele se faz necessário para sensibilizar nosso interlocutor da
necessidade permanente do trabalho com a lei. Vale lembrar ainda, que a lei
10639/2003 foi alterada pelo 11645/2008, a qual foi acrescentada a questão da
cultura indígena.

1) Apresentações dos participantes.

2) Apresentação do projeto e seu cronograma.

3) Esclarecimentos sobre pontos relevantes como carga horária, controle de presença, atividades e
avaliação.

Vamos conversar?

1) Vamos ler algumas manchetes de textos pré-selecionados a respeito da condição


do afro-brasileiro. Comente o que chama mais a atenção.
2) Em equipes, cada grupo será responsável por ler uma reportagem, referente às
manchetes lidas.
3) Socialização das leituras com comentários a respeito.
4) Neste contexto de preconceito, que benefícios o trabalho com esta temática pode
trazer para a nossa comunidade escolar?
5) De que forma podemos atuar para que a cultura africana e afro-brasileira sejam
valorizadas na nossa comunidade?
6) Pesquisar novas manchetes sobre o tema aqui estudado, mas através de uma
abordagem positiva, de empoderamento. Produzir cartazes, socializá-los com o
grupo e expô-los na escola.
MANCHETES SOBRE A QUESTÃO DO AFRODESCENDENTE NO BRASIL
Desigualdades raciais e mercado de trabalho no Brasil
http://brasildebate.com.br/desigualdades-raciais-e-mercado-de-trabalho-no-brasil/
03/03/2015 (acesso em 30/10/2016)
Brancos têm renda 85,3% maior que a dos negros
Números são de pesquisa da UFRJ e usam como base dados apurados pelo IBGE
em outubro 23/11/2014
http://odia.ig.com.br/noticia/riosemfronteiras/2014-11-23/brancos-tem-renda-853-maior-que-a-dos-
negros.html
(acesso em 31/10/2016)
Taxa de homicídio de negros é quatro vezes maior que do resto da população
22/03/16
http://cidadeverde.com/noticias/215880/taxa-de-homicidio-de-negros-e-quatro-vezes-maior-
que-do-resto-da-populacao
(acesso em 03/11/16)
Saúde e mulher negra: Quando a cor da pele determina o atendimento
http://www.ceert.org.br/noticias/saude/13898/saude-e-mulher-negra-quando-a-cor-da-pele-
determina-o-atendimento
(acesso em 31/10/2016)
Estas médicas negras querem mostrar para você qual é a 'verdadeira cara de
um médico (24/10/2016)
http://www.ceert.org.br/noticias/genero-mulher/14013/estas-medicas-negras-querem-mostrar-
para-voce-qual-e-a-verdadeira-cara-de-um-medico
(acesso em 31/10/2016)
Como vivem os negros no clube dos 1% mais rico do país?
BBC – Brasil 01/08/2016 http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36917274
(acesso em 31/10/2016)
Vamos relembrar o conteúdo da lei sobre a
obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e
afro-brasileira?

LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro


de 1996, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, para incluir
Mensagem de veto no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática "História e
Cultura Afro-Brasileira", e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida


dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:

Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-


se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo


da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição
do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados


no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística
e de Literatura e História Brasileiras.

§ 3o (VETADO)"

"Art. 79-A. (VETADO)"

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da
Consciência Negra’."

Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm
(acesso em 13/11/2016)
Para refletir sobre a lei 10639/2003:

1) De que forma a lei 10639/2003 pode contribuir com a melhoria das condições de
vida do cidadão afro-brasileiro?
2) Para o cidadão que não pertence ao grupo afro-brasileiro como a lei pode lhe
favorecer?
3) Vamos assistir ao vídeo que traz uma avaliação dos dez anos da lei 10639/2003.
Vídeo: Roda de Conversa - Tema: História e Cultura Afro-Brasileira - 1/3
https://www.youtube.com/watch?v=n2TBh-fn1Vc&feature=youtu.be 30/06/2013
(acesso em 13/11/2016)

4) Algo no vídeo despertou a sua atenção? Comente.


5) Agora que nos relembramos do conteúdo da referida lei, vamos elaborar cartazes
retratando-a e apontando a importância do seu cumprimento.
Segundo encontro – Segunda etapa do Letramento Literário – Teoria e Prática
Cosson (2014) - Introdução
Tempo previsto: duas horas/aula
Objetivo: Apresentar a obra e a autora, trazendo informações sobre como a crítica
faz referência a ambas, mostrando sua importância e pertinência para a nossa
proposta de trabalho.

Recursos necessários: Multimídia para a projeção das imagens e material


impresso.

Orientações metodológicas:

Professor, ao comparar as imagens das duas mulheres, procure instigar e


problematizar. Observe que no texto abaixo Jarid se autodeclara “negra”. Segundo
Reis (2009), p.5:
Só as pessoas que assumem a sua identidade, que se autodeclaram e se
orgulham de si, entendem o conceito de ser negro. Porém, quando esta
pessoa não se reconhece, ela ignora o sentido histórico relegado a
negritude e ignora o significado dos traços e lutas presentes no
pertencimento a esse grupo.

Para saber mais: O processo civilizador na construção da identidade negra


http://www.uel.br/grupo-
estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais12/artigos/pdfs/comunicacoes/C_Reis2.pdf
(acesso em 11/12/2016)

Para saber mais: Ser negro é uma questão da cor da pele?


http://racabrasil.uol.com.br/Edicoes/88/artigo9206-1.asp/
(Acesso em 07/12/2016)

Professor, peça aos alunos para lerem a entrevista, em seguida, siga o roteiro
das questões, acrescentando os comentários que julgar necessários e incentivando
a participação dos alunos.
1) Observe as imagens abaixo e aponte o que estas duas mulheres têm em
comum? O que as diferencia?

2) Leia o texto abaixo.

Jarid Arraes: “Escrevo para honrar minha ancestralidade”


por Aline Valek — publicado 29/03/2016 10h23
Em entrevista, a escritora caririense Jarid Arraes conta como busca suas origens ao
escrever cordéis e literatura

De pantufas roxas, ela apareceu à porta para me receber. Você sabe que está
entrando no mundo de Jarid Arraes pela cor: o roxo começa a despontar aqui e ali,
nas paredes, almofadas e até no seu cabelo, crespo e volumoso, recém-cortado na
altura do queixo.

Como escritora, Jarid também tem muito a revelar através de seu trabalho. Foi
exatamente para descobrir isso que fui até ali – juro que não foi só pra comer bolo.

Começamos a conversar sobre cordéis, seu ponto de partida na literatura. Foi no


Cariri, região localizada no Ceará, que essa história começou.

– Fui uma criança diferente dos meus amigos, cresci cercada de cultura popular
nordestina – Jarid começou a contar. – Meu avô fundou uma associação de artesãos
em Juazeiro do Norte, a Associação de Artesãos do Padre Cícero, que funciona num
lugar chamado Centro de Cultura Popular Mestre Noza. Meu avô foi diretor, depois
minha avó, depois meu pai. E eu cresci lá. Então sempre gostei muito de tudo o que
as outras crianças não gostavam: cordel, xilogravura, maracatu, banda cabaçal.
– Os jovens acabam se identificando mais com “cultura pop”, né? Que é, na
verdade, cultura americana – observei.

– Isso. Você quer se aproximar do que está na moda, do que aparece na televisão,
do que é considerado legal. E cultura popular nordestina não é visto como algo
“legal”. Mas às vezes os trabalhos de escola aconteciam lá no Mestre Noza, e todo
mundo ficava maravilhado porque eu conhecia tudo, me pediam para meu pai dar
entrevista. E eles ficavam surpresos quando descobriam.

Desde criança, Jarid lia muito cordel. Ouvia o pai declamar cordel. Mas começou a
escrever cordel só de uns quatro anos pra cá.

– Eu achava que não tinha talento. Mas fiquei incomodada pensando: meu avô é
bem idoso, ele está com 80 anos. Em breve vai morrer. Um dia meu pai também vai
morrer. Se eles morrem, acaba com eles a tradição do cordel na família, porque
ninguém mais escreve. Resolvi então começar a escrever.

Foi num sábado à noite que ela sentou na frente do computador para escrever.
Nunca havia feito isso. Tinha ao seu lado um cordel do pai para usar como
referência, mas percebeu que não ia precisar. Os versos saíram com tanta
naturalidade que, dez minutos depois, estava pronto seu primeiro cordel: Dora, a
negra e feminista.

– Parece que saiu magicamente, mas não! Estava na minha memória, era algo que
fazia parte de mim. Por isso eu tenho mais facilidade pra escrever cordel. Levanto
desesperada e penso “tenho que fazer cordel hoje!”, sento e faço.

Não é exatamente simples, mas a coisa se complica quando ela


escreve cordéis sobre figuras históricas como Tereza de Benguela, Dandara dos
Palmares, Aqualtune, Antonieta de Barros.

– Lembro que no cordel sobre a Carolina Maria de Jesus você escreveu algo como
“era o ano de quatorze / inda de mil e novecentos”. Assim quebrado – comentei.

– É isso mesmo. Tenho que fazer uns “migué” para caber no ritmo. Outra “trapaça” é
comer sílabas das palavras. Mas acho que faz parte da técnica. Até nas oficinas de
cordel que dou, falo para as pessoas se sentirem à vontade para escrever “errado”.
Quanto mais errado, mais legal fica. Dá identidade.
No ano passado, Jarid lançou seu primeiro livro de ficção. A ideia foi resgatar uma
heroína brasileira negligenciada pela história, a ponto de não haver registros sobre
ela – muitos acreditam que ela nem chegou a existir. Assim Jarid deu forma ao
livro As Lendas de Dandara, imaginando histórias épicas que preenchessem essa
lacuna sobre a heroína de Palmares.

– Escrever ficção em cordel é outra lógica. A história é transmitida pelo efeito de


humor, ou o impacto de raiva, ou da própria sonoridade. Escrever As Lendas de
Dandara foi complicado porque eu nunca tinha escrito ficção em prosa maior que
uma página. Eu também não tinha muita referência, as coisas que eu lia eram muito
diferentes do que eu queria fazer. Os livros que têm mais a ver com o que escrevo
hoje só fui conhecer adulta.

– Mas As Lendas de Dandara tem um toque de fantasia.

– Tem, mas também é bem diferente do que eu estava acostumada a ler: Senhor
dos Anéis, As Brumas de Avalon. Mitologia nórdica, europeia. E também não sei se
dá pra considerar As Lendas de Dandara como fantasia, porque muitas pessoas
acreditam em orixás. Também não acho relevante dar o rótulo de fantasia. Até
porque, sinceramente, não vejo o público que lê fantasia se interessando tanto por
mitologia africana. Esses dias eu estava procurando mais livros de fantasia para ler.
Fui procurar em alguns sites para ver o que me interessava e era tudo a mesma
coisa. Castelo, dragão e mago. Minha gente, até na mitologia europeia tem mais
coisa do que castelo, dragão e mago.

– Já que entramos no assunto, o que você acha que é boa literatura?

– É quando a história consegue fluir de um jeito que eu nem percebo como ela foi
parar naquele ponto. O livro Kindred, da Octavia Butler, tem muito isso. Mesmo com
todas as idas e voltas no tempo, quando a personagem vai parar na casa do senhor
de escravos, as coisas são muito fluidas, vão se emendando de uma forma natural.
– Além da Octavia Butler, os livros da Chimamanda. Gosto muito do Hibisco Roxo,
mas juro que não é porque tem roxo no nome! É uma história protagonizada por
uma garota, filha de um homem muito rico na Nigéria. Os personagens são muito
interessantes e a narrativa, em primeira pessoa, tem muita dessa fluidez que eu
estava falando.

Sua atenção se voltou ao celular por um momento, quando ela começou a procurar
a capa de outro livro para me indicar: Mel e Amêndoas, de Maha Akhtar. Um livro
com várias personagens que têm suas histórias interligadas, e gira em torno de uma
mulher que tem um salão de beleza em Beirute.

Então Jarid lembrou-se de outro livro, de um autor negro independente, que ela
conheceu na Feira Preta: Outras vozes, de Plínio Camillo.

– Olha o clichê – ela comenta – o que considero boa literatura é aquilo que me
emociona.

O que ela chamou de clichê pode ser considerado, na verdade, algo profundamente
humano. Todas as pessoas buscam na literatura aquilo que as emocionam. Ainda
que se emocionem de formas diferentes. Ainda que algumas se emocionem com
histórias de castelo, dragão e mago. Acontece.

Apesar de ser um trabalho que se faz sozinha, lembrei pela minha própria
experiência, que escrever é uma profissão que envolve exposição. Porque escrever
é se expor, colocar sua verdade no trabalho; mas também porque exige visibilidade
para promover livros, chamar a atenção das pessoas. Perguntei:

– Mesmo com essa exposição, o que você acha que as pessoas não veem ou não
imaginam sobre o trabalho de escritora?

– Elas nem imaginam que às vezes você não quer visibilidade – Jarid contou. –
Você quer que seu livro seja famoso, seja lido. É diferente de querer ser celebridade.

– Vamos agora viajar muito no futuro: qual é o seu objetivo dentro da literatura?

– O que quero fazer hoje com minha literatura é honrar minha ancestralidade. Não
só a parte negra da minha família, mas a parte branca e como elas se misturam. E
aí entra o cordel, que faz parte da minha família nordestina. É algo que me
emociona muito e acho que essa é a minha verdade. A verdade que coloco na
minha literatura.

Abraçada à sua almofada roxa de franjinhas, Jarid pareceu olhar para um tempo
muito distante. Futuro ou passado? Talvez os dois.

– Espero que quando eu tiver uns 60 anos, eu possa ver que publiquei muitas coisas
que honraram minha ancestralidade. Porque acho que nunca vou conseguir
conhecer exatamente a minha origem, saber quem foi a pessoa negra da família do
meu pai que fez com que só ele e eu nascêssemos negros. Não sei se vou saber,
então vou usar a escrita para imaginar várias versões dessa pessoa.

Uma pessoa que pode ser Dandara, ou a protagonista de seu novo livro, alguma
personagem de seus cordéis, a Luísa Mahin, a Tereza de Benguela, ou todas elas.
Ela diz que, já que não sabe quem foi, então foram todas.
– Quero contar a história dessas pessoas que não puderam contar a história delas.
Como os personagens que escrevo hoje são pessoas que tiveram a humanidade
roubada delas, contar essas histórias é uma forma de torná-las humanas de novo.

A narrativa fluida que mais cedo ela disse gostar na literatura também estava ali,
enquanto ela me contava sua própria história.

E é na escrita que Jarid vai continuar se revelando – e convidando as pessoas para


conhecer as histórias que ela tem para contar.

http://www.cartacapital.com.br/cultura/jarid-arraes-201cescrevo-para-honrar-minha-
ancestralidade201d 29/03/2016
(acesso em 10/10/2016)

3) O que você acha que motivou estas escolhas textuais (verbal e não verbal)
dentro da temática que pretendemos desenvolver aqui? Levante hipóteses.
4) Qual a importância desta autora para a sociedade contemporânea?
5) Complete o quadro abaixo:

Quem é Jarid Arraes? Sobre o que ela escreve?

6) Aponte no texto lido algo sobre Jarid Arraes que desperta a sua atenção e
curiosidade. Comente.
7) De acordo com o que você descobriu sobre Jarid Arraes, levante hipóteses,
descrevendo quem poderia ser a mulher, cuja “foto” está ao lado de Jarid.
8) A imagem abaixo traz a capa do livro que vamos ler, você conhece este nome?
Levante hipóteses sobre a identidade desta pessoa.
Terceiro encontro – Terceira etapa do Letramento literário - Leitura

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Fazer a leitura, buscando conhecer a biografia de Dandara dos Palmares,


percebendo que devem existir lideranças, pessoas comuns, que contribuíram para a
formação da nossa cultura e sociedade, bem como a nação brasileira, cuja história
não foi registrada.

Recursos necessários: Texto impresso, dicionários, cartolina, pincéis.

Orientações metodológicas:

Professor, promover a realização de várias leituras orais, sugerindo a


dramatização, a fim de que o leitor perceba o ritmo, o andamento, a musicalidade e
as entonações do cordel.
Na entrevista com a escritora Jarid Arraes ela diz que as pessoas podem
sentir-se à vontade para escrever “errado” que isso dá identidade ao cordel. Isso é
possível, pois o cordel é a representação social transmitida pela cultura popular,
assim o texto estudado possui marcas da oralidade, além de expressões referentes
à temática abordada. Assim, embora o contexto narrado no cordel talvez possibilite
a compreensão dos termos, pesquisei/criei definições para os vocábulos abaixo,
pois estes vocábulos não se encontram no dicionário.
Branquitude: “Segundo Jesus (2012), branquitude estaria associada à definição de
negritude que diz respeito, a grosso modo, a construção de uma identidade negra
positiva”
Disponível em:
http://www3.ufrb.edu.br/ebecult/wp-content/uploads/2012/05/Branquitude-x-branquidade-uma-ana-
%C3%83%C3%85lise-conceitual-do-ser-branco-.pdf
(acesso em 17/11/2016)
Serviçagem: Trabalhos impostos às pessoas escravizadas. Nossa definição
Lembre: Lembre-se
Professor/a, após as leituras, siga o roteiro das questões, acrescente o que
considerar pertinente.
Explore o vocabulário, a fim de contribuir com a compreensão da leitura.
1) Vamos conhecer
Dandara dos Palmares,
através da leitura do
cordel, produzido por
Jarid Arraes!

Dandara dos Palmares (Jarid Arraes)

1 3 5
Pra falar dessa guerreira Feito bravo furacão É a branquitude cega
Faço humilde reverência Era tão como Iansã Do racismo idolatrada
Pois Dandara dos Palmares Do africano panteão. E pra completar o quadro
Tem importante influência A mulher é rejeitada
É para as mulheres negras Ela nunca aceitou terra
Cheias de resiliência. Em troca de paz forjada Se esquecem de Dandara
Pois a guerra pra Dandara Porque ainda são racistas
A História é que não conta Era bem mais desejada Só falam da tal Europa
Sobre a vida de Dandara Visto que fazer acordo Com ideias narcisistas
Pois além de ser racista Na verdade era cilada Mesmo no tempo de hoje
Seu machismo se escancara A guerreira de Palmares No fundo são escravistas
Sem um pingo de respeito Resistia com bravura
E sem vergonha na cara. O orgulho era profundo Vou estender minha fala
Sua pele era armadura Criticando Feminismo
Se você já ouviu falar Determinação crescente Por também não se lembrar
Da história de Zumbi Tinha como assinatura Da luta contra o racismo
Peço então sua atenção Por exemplo disso tudo Só com norte-americana
Pro que vou contar aqui A Zumbi fez sugestão Não se derruba o machismo
Que talvez você não saiba 2 De que tomasse Recife 4 Pois é muito lamentável 6
Por isso eu vou insistir. Fazendo a dominação Ter só heroína branca
Da cidade nordestina Como ficarão as negras
Ninguém sabe onde nasceu De um bruto supetão Se representação franca
A Dandara destemida É a base da autoestima
No Brasil é mais provável Esse era o seu estilo Que o racismo atravanca?
Pois linhagem reprimida De nunca fugir da luta
Foi ranço da escravidão Sempre era só oitenta Para tora brasileira
Que multiplicou a lida. Era intensa sua conduta Dandara sim, pode ser
Essa constante ofensiva Um exemplo aguerrido
No entanto já se sabe Fez-se pura e resoluta Para se fortalecer
Que ela se estabeleceu Como parte da história
No Quilombo dos Palmares Para o FEMINISMO NEGRO Pro feminino crescer.
Onde a luta aconteceu É Dandara um expoente
Foi casada com Zumbi De mulher inspiradora E ao movimento negro
E nunca se esmoreceu. E de preta como a gente Quero muito reforçar
Que nos serve como gás Que machismo é veneno
Ela ainda teve filhos Pra botar o fogo quente Violento de matar
Foram 3 os seus rebentos E que as mulheres negras
Para dar continuidade Um sinal definitivo Devem sempre respeitar
Com fortes engajamentos Do orgulho que ensinou
Fez o povo negro livre Foi a causa de sua morte A história de Dandara
Ter bastantes fundamentos. Pois Dandara se matou Nunca se deve esquecer
Se jogou de uma pedreira Ela é um belo exemplo
Liderança feminina Se render não cogitou Para nos enriquecer
Forte com convicção E passar a enxergar
Ela jamais aprovou A partir de sua morte Como é preciso
Tratado de rendição Entendemos sua mensagem Se ver
Discordou de Ganga-Zumba Antes fosse um suicídio
Em prol da revolução. Que voltar à serviçagem Nenhuma mulher é frágil
Para o nosso povo negro Temos de Dandara o punho
É verdade que Dandara Isso é mais pura coragem Que mantemos bem erguido
Era dura e radical Sendo nosso testemunho
Pois não compactuava A maior parte dos fatos De que a história feminina
Com papo de menos mal Que se conta sobre ela Não é feita pra rascunho.
Sua liberdade plena É de lenda repassada
Para ela era ideal. Como memória singela A partir desse momento
Para despertar a preta Quando em Zumbi pensar
As tarefas femininas Que altiva se rebela Lembre também de Dandara
de limpar e cozinhar Que com ele foi lutar
Não eram do seu feitio A responsabilidade Na mais pura resistência
Que partia para caçar Pela porca ignorância Da peleja a batalhar
E além da plantação Que domina esse Brasil
Também sabia lutar. É da torpe arrogância Onde quer que ela esteja
Do machista e racista Dandara é minha chama
Aprendeu a capoeira Que deteve a dominância Para quem consiga olhar
Teve arma em sua mão A fim de vencer o drama
Liderava mil batalhas Quem escreva a história Minha militância inspira
Lá no livro registrada E ao meu coração reclama
Atenção à leitura, pois vamos discuti-la, seguindo o roteiro através das questões
abaixo:

2) Onde Dandara morava? Com quem?

3) Em que áreas Dandara se destacava?

4) Segundo o folheto, por que sua história foi suprimida? Explique.

5) No folheto, fala-se em tarefas femininas. O que são tarefas femininas?

6) Por que estas tarefas foram definidas como femininas?

7) No folheto, fala-se em machismo, feminismo e racismo. Explique o que você


entende por estes termos.

8) O que o machismo e o racismo têm em comum?

9) Comente sobre a questão temporal do cordel.

10) Aponte semelhanças e diferenças entre Dandara e as mulheres da atualidade.

11) A partir das leituras e discussões, escrever adjetivos que caracterizem a


Dandara dos Palmares. Desenhar a Dandara em tamanho real e colar os adjetivos
na figura caracterizando a mesma.

12) O cordel apresenta vocábulos que não são de emprego comum. Vamos tentar
descobrir o significado dos mesmos através do contexto. Escreva nos espaços a
possível definição:

Resiliência Iansã
Destemida Panteão
Linhagem Sopetão (supetão)
Lida Resoluta
Esmoreceu Serviçagem
Rebentos Singela
Engajamentos Torpe
Convicção Narcisistas
Aguerrido Peleja
13) Observe os vocábulos e sua definição, associando as duas colunas:

(a) Resiliência ( ) Aquele que descende de outro, filho, herdeiro.

(b) Destemida ( ) Linha de parentesco, ascendência, estirpe, genealogia,


raça.

(c) Linhagem ( ) Tirar o ânimo de, afrouxar, arrefecer, enfraquecer.

d) Lida ( ) Que tem preparo ou é treinado para a guerra.

(e) Esmoreceu ( ) Discussão acalorada sobre pontos de vista diferentes.

(f) Rebentos ( ) Que não tem temor, corajoso, valente.

(g) Engajamentos ( ) Orixá feminino que controla os raios, os ventos e as


tempestades, caracterizado pelas cores vermelha e branca, tida
como a mulher de Xangô.

(h) Convicção ( ) Gesto rápido e inesperado.

(i) Aguerrido ( )

1) Que entorpece;

2) Acompanhado de entorpecimento;

3) Em que há torpor; entorpecido;

4) Que demonstra acanhamento, embaraçado.

(j) Iansã ( ) Capacidade de recuperação ou adaptação.

(k) Panteão ( ) Que se resolveu.

(l) Sopetão ( ) Simples.


(supetão)

(m) Resoluta ( ) Certeza obtida por fatos ou razões que não deixam dúvida
nem dão lugar a objeção, convencimento, crença.
(n) Peleja ( ) Pessoa que tem propensão ao narcisismo, que nutre amor
excessivo a si mesmo, a sua imagem. *

(o) Singela ( )

1) Ato ou efeito de lidar;

2) Esforço fora do comum, labuta, lide.

(p) Torpe ( ) Envolvimento ativo com as circunstâncias políticas e sociais


que (a alguém) se figuram de extrema importância em
determinado momento histórico, e que geralmente são
debatidas nas diferentes esferas em que se costumam travar os
embates ideológicos (por ex. nos movimentos organizados, nos
partidos, nas artes, no jornalismo, etc).

(q) Narcisistas ( )

1) Na antiguidade, templo consagrado a um conjunto de


deuses;

2) Edifício consagrado à memória de homens ilustres que


engrandecem a pátria e onde se guardam suas cinzas.

Disponivel em: http://michaelis.uol.com.br/> Acesso em: nov. 2016.


* http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/narcisista/294/ Acesso em: dez. 2016
14) Associe as colunas abaixo:

(a)
Movimento articulado na Europa, no
século XIX, com o intuito de conquistar a
equiparação dos direitos sociais e políticos
de ambos os sexos, por considerar que as
mulheres são intrinsecamente iguais aos
homens e devem ter acesso irrestrito às
( ) machismo
mesmas oportunidades destes. (O
movimento pressupunha, já de início, uma
condição fundamental de desigualdade,
tanto em termos de dominação masculina,
ou patriarcado, quanto de desigualdade de
gênero e dos efeitos sociais decorrentes
da diferença sexual.)

(b)
1 Teoria ou crença que estabelece uma
hierarquia entre as raças (etnias).
2 Doutrina que fundamenta o direito de
uma raça, vista como pura e superior, de
( ) feminismo
dominar outras.
3 Preconceito exagerado contra pessoas
pertencentes a uma raça (etnia) diferente,
geralmente considerada inferior.
4 Atitude hostil em relação a certas
categorias de indivíduos.

(c)
( ) preconceito
1 Qualidade, comportamento ou modos de
macho (homem); macheza, machidão.
2 coloquial: Orgulho masculino em
excesso; virilidade agressiva.
3 Ideologia da supremacia do macho que
nega a igualdade de direitos para homens
e mulheres.

(d) Comunidade livre que, no interior de


Alagoas, era formada por escravos
fugidos, índios e brancos, sendo chefiada ( ) Palmares
por Zumbi; Quilombo dos
Palmares.Região cuja vegetação é
maioritariamente composta por palmeiras.
**

Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/> Acesso em: nov. 2016.


**Disponível em: https://www.dicio.com.br/palmares/ Acesso em: nov. 2016
Quarto encontro – Quarta etapa do Letramento Literário – Primeira
interpretação

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Que o leitor registre a compreensão da obra, traduzindo suas impressões,


socializando-a com os demais, ampliando sua leitura.

Recursos necessários: texto impresso.

Orientações metodológicas

Professor, instigue diferentes possibilidades de resposta. Aqui, é importante


ficar claro que o aluno não deve responder de qualquer forma, ao contrário, a
resposta merece uma reflexão que busque ampliar a leitura e contribuir com o
coletivo. Comente sobre a importância da leitura individual e a coletiva, destacando
como essa última pode contribuir para o enriquecimento da primeira.

1) Releia Dandara dos Palmares e imagine que você é uma personagem que
“visitou” a história. Neste papel, relate o que viu e viveu. Busque traduzir as
impressões do título sobre o leitor e o que mais atraiu você na obra. Socialize sua
produção, enriquecendo a leitura coletiva.
2) Ao final do encontro, a partir da socialização das leituras, produza uma reflexão
mais elaborada sobre a obra lida.
Quinto encontro – continuação da quarta etapa do Letramento Literário –
Primeira interpretação

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Conhecer as características do gênero cordel

Recursos necessários: texto impresso.

Orientação metodológica

Professor, as etapas aqui sugeridas através dos questionamentos têm o


intuito de promover a familiarização com o gênero cordel, a fim de que seja possível
produzir uma pequena releitura de Dandara dos Palmares.

Como produzir um cordel

Características do cordel

3) Refletindo a respeito do gênero textual cordel e respondendo as questões abaixo


através de levantamento de hipóteses:

a) Você saberia reconhecer um cordel?


b) Quais assuntos podem ser tratados nos cordéis?
c) A temática veiculada pelo cordel pode ser comparada aquelas apresentadas
pelas mídias populares? Explique.
d) Qual a importância do cordel para as famílias nordestinas?
e) Qual a diferença entre cordelista e repentista?
f) O que é xilogravura?
g) Como o cordel pode contribuir com a formação do leitor?
4) Assistir ao vídeo sobre o cordel, comentar sobre o que mais chama a atenção e
preencher as informações que faltaram no quadro acima.

https://www.youtube.com/watch?v=7DosjK6GSUQ

5) Sabendo que Dandara, segundo o cordel lido, foi mulher de Zumbi dos Palmares
(1655 – 1695), a partir das discussões estabelecidas em sala de aula, vamos tentar
preencher a tabela abaixo, observando as partes constitutivas deste gênero:

Fato “ocorrido” no século XVII


Dandara dos Palmares de Jarid Arraes
Quem é a personagem descrita?
Qual é o fato narrado? (O que?)
Onde acontecem os fatos narrados? Como é este lugar em que a personagem vive?
Quando acontecem os fatos narrados? Por que eles acontecem?
Qual é o conflito? O vilão? O oponente? Aquele que cria os obstáculos?

Se pensarmos na estrutura do cordel, podemos dizer ainda que ele é um poema. E


desde nossa infância, declamamos muitas estrofes de poemas, lembremos da
Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

Minha terra tem palmeiras


Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá

1) Trata-se de uma estrofe com quantos versos?


2) A musicalidade e ritmo, devido à rima e ao número de sílabas poéticas, estão
presentes. Quantas sílabas poéticas a estrofe possui?

Relembrando conceitos:

Verso: Cada linha poética. *

Estrofe: É um conjunto de versos. *

Rima: Semelhança sonora entre as palavras, seja no final ou no meio dos


versos. *

Sílaba poética: As sílabas de um poema não são contadas da mesma maneira


que as sílabas gramaticais. A contagem delas ocorre auditivamente. **

Disponível em :
* http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/versoestroferima.htm
** http://www.infoescola.com/literatura/silabas-poeticas-ou-metricas/
(acesso em 11/12/2016)

3) Agora, voltando ao cordel da Dandara dos palmares, responda:

O cordel de Dandara de Palmares tem _______ estrofes. Cada estrofe possui


_______ versos. E o ______, _______ e ______ versos rimam entre si. Estes
versos são chamados de octossílabos, pois possuem oito sílabas poéticas. Toda
esta organização favorece a sonoridade, a musicalidade e o ritmo do cordel.

Observe:

Pra falar dessa guerreira


Faço humilde reverência
Pois Dandara dos Palmares
Tem importante influência
É para as mulheres negras
Cheias de resiliência.
1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 Sílabas Pra fa lar des a guer rei ra


gramaticais
Sílabas Pra fa lar de ssa gue rrei ra
poéticas

2 Sílabas Fa ço hu mil de re ve rência


gramaticais
Sílabas Fa çohu mil de re ve rên cia
poéticas

3 Sílabas Pois Dan da ra dos Pal ma res


gramaticais
Sílabas Pois Dan da ra dos Pal ma res
poéticas

4 Sílabas Tem im por tan te In flu ên cia


gramaticais
Sílabas Tem im por tan tein flu ên cia
poéticas

5 Sílabas É pa ra as mu lhe res ne gras


gramaticais
Sílabas É pa raas mu lhe res ne gras
poéticas

6 Sílabas Chei as de re si li ên cia


gramaticais
Sílabas Chei as de re si li ên cia
poéticas
Recapitulando:

Assim, para se criar um cordel é necessário definir o tema e observar:

Quem? Onde? Quando? Qual o fato narrado? Qual é o conflito? O vilão? O


oponente? Aquele que cria obstáculos? Quantos versos em cada estrofe?
Quais vão rimar? Quantas sílabas métricas em cada verso?

4) A partir dos estudos sobre a obra Dandara dos Palmares, e fazendo uma
releitura do cordel estudado, em dupla, escolha uma pessoa para ser o tema de um
cordel biográfico, (alguém que julgue ter relevância e mereça um cordel), observe o
exemplo abaixo:

Pra falar sobre alunos


Peço vossa atenção
Precisam ser formados
Pra transformar a nação.
Sexto encontro - Quinta etapa do Letramento Literário: Contextualização

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Refletir sobre o contexto contemporâneo que motivou a construção da


obra literária, bem como o contexto histórico situado num passado distante que a
obra revela.

Recursos: Projeção, cartolinas

Orientações metodológicas

Professor, o paralelo que se busca estabelecer entre estes dois momentos


é importante para que o aluno perceba que este passado precisa ser (re)visitado
para exterminar da nossa sociedade situações em que pessoas são subjugadas.
Instigue os alunos a retirarem do texto vários excertos que comprovem os tópicos
levantados.

1) Segundo o cordel lido, Dandara foi mulher de Zumbi. Ambos simbolizam a


resistência negra frente ao sistema escravocrata. Vamos assistir ao vídeo “Zumbi
construtores do Brasil” para recapitularmos um pouco desta história.

http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=5609

2) Algo no vídeo chama a atenção? Comente.


3) Sabendo que Dandara, segundo o cordel lido, foi mulher de Zumbi dos Palmares
(1655 – 1695), a partir das discussões estabelecidas em sala de aula, vamos tentar
preencher os quadros abaixo com passagens que justifiquem os tópicos
levantados, em dois momentos distintos que estão presentes nas escritas do
cordel. Assim, vamos dividir o grupo em duas equipes, cada uma fará um cartaz,
ilustrando-o, seguindo o roteiro sugerido abaixo, o primeiro retrata o passado e o
outro o contexto do século XXI presentes no cordel:
(Aproximadamente 1655 – 1695)

Contextualização histórica

Quem é a personagem descrita?

Quando acontecem os fatos narrados? Qual é o fato? Por quê?

Onde acontecem os fatos narrados? Como é este lugar em que a personagem vive?

Qual é o vilão? O oponente? Aquele que cria os obstáculos?

(Século XXI)

Contextualização presentificadora

Quem narra a história?

Quando os fatos são narrados? Qual é o fato narrado? Por que este fato é
narrado?

De que lugar a narradora fala? Como é este lugar em que a narradora vive?

Qual é o vilão? O oponente? Aquele que cria os obstáculos?


Sétimo encontro – Sexta etapa do Letramento literário - Segunda interpretação

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Ampliar e compartilhar a leitura, refletindo sobre o uso das palavras, a


forma como elas são expressas, impregnando-as de significado.

Recursos necessários: Multimídia para projeção, material impresso.

Orientações metodológicas

Professor, chamar a atenção para a forma de dirigir-se ao outro, sobretudo,


quando nos referimos a questões de preconceito, em geral, a fala e a postura são
carregadas de significado e contribuem para a manutenção da desigualdade em
que vivemos.
Observar, então, os vocábulos que revelam preconceito e que ainda são
usados como, por exemplo: ovelha negra, lista negra, livro negro, serviço de preto...
Se achar conveniente, pode encaminhar uma pesquisa sobre expressões que
revelem a resistência e as manifestações culturais que eram soluções encontradas
para a manutenção da vida física do negro. Expressões como “lavar a égua”
Sugiro este site p consulta:
http://www.geledes.org.br/9-expressoes-populares-com-origens-ligadas-escravidao-e-voce-nem-
imaginava/#gs.B917UfQ (acesso em 08/12/2016)

Vamos refletir sobre o significado que atribuímos às


palavras devido ao modo de expressá-las.
As palavras têm seu significado, mas a entonação que lhes atribuímos, isto é a
forma que nos apropriamos delas pode, por exemplo, ampliar ou minimizar seu
sentido, e ainda, pela maneira de nos expressarmos, podemos indicar carinho,
medo, tristeza, desagrado, fúria, provocação, desprezo, etc. A variação no tom,
mais alto ou mais baixo, também contribui para significar as palavras. Isto é,
podemos sussurrar ou gritar, dependendo do efeito que pretendemos transmitir.

1) Seguindo esta ideia, verbalize os vocábulos abaixo, imprimindo-lhes sentidos:

Branca! Negra!

2) Inseridos na nossa realidade social contemporânea, explique que significados


poderíamos atribuir a estes vocábulos, no caso de alguém abordar uma
desconhecida na rua, gritando:

Branca! Negra!

3) Vamos assistir a um vídeo chamado: Gritaram-me negra! de Victória Santa Cruz.


A partir deste título, que sentimentos podem estar impressos nestas palavras?
Vamos levantar hipóteses a respeito?
(vídeo e texto)
http://www.emdialogo.uff.br/content/gritaram-me-negra
Gritaram-me negra (Victoria Santa Cruz)

Tinha sete anos apenas, Negra! Negra! Negra!


apenas sete anos, E daí?
Que sete anos! E daí?
Não chegava nem a cinco! Negra!
De repente umas vozes na rua Sim
me gritaram Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Sou
Negra! Negra!
"Por acaso sou negra?" – me disse Negra
SIM! Negra!
"Que coisa é ser negra?" Negra sou
Negra! Negra!
E eu não sabia a triste verdade que aquilo Sim
escondia. Negra!
Negra! Negra sou!
E me senti negra, Sou
Negra! Negra!
Como eles diziam Negra
Negra! Negra!
E retrocedi Negra sou
Negra! De hoje em diante não quero
Como eles queriam alisar meu cabelo
Negra! Não quero
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos E vou rir daqueles,
e mirei apenada minha carne tostada que por evitar – segundo eles –
E retrocedi que por evitar-nos algum dissabor
Negra! Chamam aos negros de gente de cor
E retrocedi . . . E de que cor!
Negra! Negra! Negra! Negra! NEGRA
Negra! Negra! Neeegra! E como soa lindo!
Negra! Negra! Negra! Negra! NEGRO
Negra! Negra! Negra! Negra! E que ritmo tem!
E passava o tempo, Negro Negro Negro Negro
e sempre amargurada Negro Negro Negro Negro
Continuava levando nas minhas costas Negro Negro Negro Negro
minha pesada carga Negro Negro Negro
E como pesaaaaava!... Afinal
Alisei o cabelo, Afinal compreendi
Passei pó na cara, AFINAL
e entre minhas entranhas sempre ressoava Já não retrocedo
a mesma palavra AFINAL
Negra! Negra! Negra! Negra! E avanço segura
Negra! Negra! Neeegra! AFINAL
Até que um dia que retrocedia , retrocedia e Avanço e espero
que ia cair AFINAL
Negra! Negra! Negra! Negra! E bendigo aos céus porque quis Deus
Negra! Negra! Negra! Negra! que negro azeviche fosse minha cor
Negra! Negra! Negra! Negra! E já compreendi
AFINAL
Já tenho a chave!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO

Disponível em : http://www.emdialogo.uff.br/content/gritaram-me-negra
(acesso em 11/12/2016)

Recapitulando:

O que significa “Eu lírico”?

É a voz que fala através do poema. Não confundir com a voz do autor. Chico
Buarque, por exemplo, tem muitas músicas, cujo eu lírico é feminino.

4) Comente a dramatização do poema.

5) O que você sente diante da dramatização deste poema?

6) Como podemos observar, o poema pode ser analisado em três etapas. Em cada
uma delas a palavra “negra” traz um sentimento, que provoca uma situação de
mudança da personagem. Explique as etapas, citadas no poema, vivenciadas pelo
“eu-lírico”, preenchendo o quadro abaixo.
Início Desenvolvimento Fim

Situação de equilíbrio Situação de ruptura Situação de equilíbrio

Negra Negra Negra


7) Acompanhamos através do poema o nascimento de uma negra. Explique esta
afirmação.
8) Quando ela deixa de retroceder e começa a avançar?
9) Comente a performance dos atores na dramatização do poema?
10) Quem é Victória Santa Cruz? Vamos ler sua biografia.

Peru / África

Victoria Santa Cruz, a força de uma voz afro-peruana


por Débora Armelin

Com uma voz forte e intensa, Victoria Eugenia Santa Cruz Gamarra declama seu
poema “Gritaram-me nega” em referencia a experiência de preconceito vivida ainda
criança dentro de um grupo de amigos que a expulsaram simplesmente por ser
negra.

Foi a partir deste momento que a poeta, coreógrafa, estilista e folclorista afro-
peruana passou a refletir sobre a importância do sofrimento, percebendo que certas
injustiças poderiam até despertar ódio. Tais experiências fizeram com que ela se
reconhecesse como negra, aumentando assim sua autoestima e fazendo com que
descobrisse o prazer de viver de uma forma mais equilibrada. Victoria cresceu,
consciente de sua negritude.

Nascida em La Vitoria, província de Lima, Peru, no ano de 1922, a arte e a cultura


afro-peruana a rodeava. Seu pai, Nicomedes Santa Cruz Aparicio, foi um importante
dramaturgo e poeta e sua mãe, Victoria Gamarra, bailarina de marinera (dança típica
do Peru que une raízes culturais indígenas, africanas e espanholas) e filha de um
famoso ator.

Aos 36 anos, Victoria cria o grupo Cumanana juntamente com seu irmão mais novo,
o poeta, pesquisador e jornalista Nicomedes Santa Cruz Gamarra, um dos primeiros
grupos teatrais inteiramente integrado por negros que tinha como intuito difundir as
diversas vertentes da cultura afro-peruana. Deste projeto, posteriormente, foram
lançados alguns discos contando um pouco da história deste povo e de suas
manifestações artísticas.

Com a possibilidade de viajar a Paris para estudar na Universidade de Teatro das


Nações e Escola Superior de Estudos Coreográficos, a poeta se destaca como
figurinista, trabalhando em obras como “El retablo de Don Cristóbal”, de García
Lorca e em “La Rosa de Papel”, de Ramón Del Valle Inclán.

Em seu retorno, funda a “Companhia Teatro e Danças Negras do Peru” fazendo


apresentações nos melhores teatros e na televisão, chegando inclusive a
representar seu país nos Jogos Olímpicos do México em 1968 com grande êxito e
premiada por seu trabalho.
Victoria sempre se mostrou engajada em construir sua identidade negra utilizando o
próprio corpo como suporte de resistência e afirmação, assim como também esteve
envolvida na busca da valorização das tradições musicais e culturais negras no
Peru. Em consequência de seu engajamento, a artista recebe, em 1970, o prêmio de
melhor folclorista no primeiro Festival e Seminário Latino-americano de TV,
organizado pela Universidade Católica do Chile.

Posteriormente, ela correu o mundo com sua companhia, especialmente nos tempos
em que era diretora do Conjunto Nacional de Folclore do Instituto Nacional da
Cultura. Victoria chegou a fazer turnês pelos Estados Unidos, El Salvador, França,
Bélgica, Suíça, entre outros países.

Victoria Santa Cruz foi uma das poucas mulheres latino-americanas e negras a
lecionar na requisitada Universidade Carnegie Mellon, Pensilvânia, nos Estados
Unidos, entrando, à principio como professora convidada, mas anos depois alcança
o cargo de professora vitalícia.

Em 2014, após muita dedicação ao estudo e à preservação da tradição afro-


peruana, a artista veio a falecer aos 91 anos por conta de uma debilidade em sua
saúde, mas deixou um legado forte e importantíssimo, sendo considerada como
porta-voz de muitas mulheres negras que enfrentam a cada dia a ditadura do ideal
de beleza branco.

Victoria deixa sua mensagem de que é preciso sim absorver o que vem de forma
negativa, mas transformá-lo em afirmação, fortalecendo assim o ser como sujeito
numa maior compreensão de si mesmo. É o renascer, é se esclarecer como negra
pertencente a este mundo. Para a poeta, se todas as “diferentes” raças não
perceberam que são uma só, jamais descobrirão o que é o homem!

http://www.afreaka.com.br/notas/victoria-santa-cruz-forca-de-uma-voz-afro-peruana/
(acesso em 12/11/2016)

11) Através da leitura do texto acima, percebemos as condições em que Victoria


cresceu e viveu, isto é, sua família lhe proporcionou uma formação, com acesso à
educação e à cultura. Você considera que estes fatos contribuíram para que ela
tivesse mais resistência para superação do preconceito racial do qual ela foi vítima?
Argumente.
12) Escreva uma reflexão sobre a discussão estabelecida no encontro de hoje.
Oitavo encontro – Sétima etapa do Letramento literário – Expansão

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Possibilitar relações e diálogos com a temática estudada, através de


textos que precederam o texto de Jarid Arraes, contemporâneos ou posteriores,
observando como eles dialogam entre si. Analisando o contexto de produção e
recepção dos mesmos.

Recursos necessários: multimídia para projeção dos vídeos, material impresso


dicionários e laboratório de informática para pesquisa.

Orientações metodológicas

Professor, valorize as imagens do negro nos textos abaixo. Incentive a


participação através de questionamentos. Observe que os três textos , não estão
em seus suportes originais. Isto é, eles foram retirados do blog de um publicitário,
Matheus Ferreira, editor chefe do blog.

Observe a imagem abaixo e responda as questões:

Texto 1

http://geekpublicitario.com.br/15002/quem-disse-berenice-empoderamento/
(acesso em 21/11/2016)
Texto 2

http://geekpublicitario.com.br/15002/quem-disse-berenice-empoderamento/
(acesso em 21/11/2016)

1) O texto 1 e 2 podem ser classificados como

( ) crônica ( ) lenda ( ) fábula ( ) publicidade ( ) notícia


2) Quem são essas mulheres na imagem acima? Imagine situações em que elas
podem estar inseridas, de acordo com o contexto sugerido.
3) Algo nesta imagem desperta a sua atenção?
4) O que pode ser uma “ode ao empoderamento feminino”? Levante hipóteses.
5) Pesquise no dicionário e confirme ou não as hipóteses levantadas.
6) Vamos assistir ao vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=jymZYs0LSyk (acesso em 21/11/2016)

7) Descreva as mulheres que aparecem no vídeo?


8) O que elas têm em comum? O que as diferencia?
9) Comente o verbo poder presente no texto, associando-o à questão do
empoderamento feminino.
Texto 3

Observe a imagem abaixo e responda:

http://geekpublicitario.com.br/15002/quem-disse-berenice-empoderamento/ 13/9/2016

(acesso em 12/11/2016)

10) Algo na imagem acima desperta sua atenção? Justifique.


11) Explique os sentidos impressos no texto: SABOR PARA TODA A FAMÍLIA.
12) Vamos ler o texto abaixo.
Itambé cria anúncio com família negra e ganha simpatia de ativistas sociais
Por: Matheus Ferreira, 13 de agosto de 2015

Nos últimos tempos temos acompanhado um grande número de empresas se


posicionando a favor de causas sociais importantes como a igualdade de gênero e
tudo mais.

No entanto, muitas vezes nós deixamos de lado a questão racial pela falsa sensação
de que o preconceito com negros em nosso país é algo vencido.

E isso nunca ficou tão claro pra mim na publicidade, como neste post realizado pelo
pessoal dos Laticínios Itambé, onde abordaram sem alarde tampouco preconceito
uma família completamente negra para divulgar o produto Nolac.

É engraçado porque eu já vi propagandas com negros, mas ou estavam sempre


juntos de outras pessoas brancas na constituição de família ou, então, totalmente
descaracterizados, buscando algo mais excêntrico, como acontece muito em peças
de moda.

O resultado foi uma comoção geral de ativistas sociais que simplesmente adoraram
a atitude da empresa. Já são quase 10 mil likes no post, além de 320 comentários
quase em sua maioria todos positivos. Algo completamente incomum para os outros
posts da página.

Ver uma família comum, com um rosto comum causar estranhamento como me
causou, me prova que os estereótipos ainda dominam e causam impactos grandes,
ainda que inconscientes. E é incrível saber que existe uma marca como a Itambé,
capaz de pensar nos pequenos detalhes pra tentar transformar o mundo num lugar
melhor.

http://geekpublicitario.com.br/8602/itambe-anuncio-post-facebook-familia-negra/
(acesso em 05/10/16)

13) Como você pode observar, a imagem referente ao texto três denota que ele é
um texto publicitário, entretanto, ele não está no seu suporte original, uma vez que,
na realidade, ele se trata de uma matéria, como pode ser observado no texto abaixo
da figura, abordando esta publicidade. Com que objetivo a publicidade da marca
Itambé é retomada neste texto?
14) Você compraria este produto, considerando o argumento de que as escolhas
feitas aqui demonstram um posicionamento em favor do empoderamento do negro,
na sociedade?
Texto 4

Leia o texto e responda:

15) Qual a relevância de divulgar que o percentual de pessoas que se reconhecem


negras e pardas aumentou?

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/09/18/ibge-n-de-autodeclarados-pretos-e-
pardos-sobe-e-negros-sao-45-no-pais.htm 18/09/2014
(acesso em 12/11/2016)
16) Por que autodeclarar-se é importante?
17) Quais fatores podem contribuir para que o indivíduo se reconheça e se
autodeclare?
18) De que forma os textos da “Quem disse Berenice”, Itambé e “Notícias UOL”
dialogam? O que eles têm de semelhante?
19) Pesquise textos que revelam o empoderamento do negro. Faça cartazes e
divulgue-os.
20) Pesquise e confeccione adereços e indumentárias, relacionados à cultura
africana. Em seguida, reproduza as imagens, maquiando e vestindo os
descendentes de africanos da comunidade escolar. Feito esse trabalho, fotografe-
os e selecione algumas fotos para organizá-las para uma exposição.
Nono encontro: Produção coletiva de um projeto que norteará o trabalho com
a lei 10639/2003

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Refletir sobre a realidade na qual a escola está inserida, pensando em


atividades, a partir das quais podemos desenvolver estratégias de combate às
práticas racistas, atendendo as necessidades de valorização da cultura negra e
empoderamento do indivíduo.

Recursos: caneta e papel.

Encaminhamento metodológico: Refletir sobre atividades que podemos realizar


com os alunos e apresentar para a comunidade escolar.

Sugestões:

 Uma feira literária ou um saral com exposições que divulguem poemas e


outros gêneros que tenham sido trabalhados.

 Declamação dos poemas produzidos pelos alunos, a partir de estudos em


consonância com a lei 10639/2003.

 Alunos podem apresentar repentes produzidos em sala de aula.

 Alunos fantasiam-se das personagens estudadas nos textos e passeiam


durante a feira literária. Podem fazer apresentações.

 A partir de estudos de rituais africanos e afro-brasileiros, montar uma


exposição de fotos dos alunos simbolizando raízes beleza afro.

 Estudo sobre danças africanas e afro-brasileiras (capoeira) e apresentação.

 Instigar o grupo a propor outras sugestões.


Décimo encontro - Pesquisa e seleção de textos para montar a sequência
didática, discutindo a adequação dos mesmos para o trabalho com a lei
10639/2003.

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Fazer que os participantes façam uma pesquisa com o intuito de


selecionar textos que servirão de base para a produção da sequência básica.

Recursos: Laboratório de informática.

Encaminhamento metodológico: Pesquisa na internet

Décimo primeiro encontro – Dando início a produção da sequência básica

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Produzir a primeira etapa, a motivação, do letramento literário proposto


por Cosson, (2014)

Recursos: Laboratório de informática, impressora.

Encaminhamento metodológico: Estudo da teoria de Rildo Cosson sobre o


Letramento Literário – Teoria e Prática – Cosson, 2014 - Etapa da motivação –
Preparo das atividades.

A primeira etapa desta sequência é a motivação, trata-se da antecipação à


leitura, preparando o aluno para o texto, estabelecendo laços com a leitura que virá.
Preparando o leitor para recebê-lo. Ela deve ser pautada em uma situação que
proporcione aos alunos se posicionarem, possibilitando a integração da leitura, da
escrita e da oralidade. Cosson (2014) ressalta que o uso do elemento lúdico na
motivação favorece o mergulho na obra literária. Ele alerta para o fato de que a
motivação não deve ultrapassar a uma aula.
Décimo segundo encontro - Continuação da produção da sequência básica

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Retomar a segunda etapa da sequência didática proposta por Cosson,


2014, a Introdução. Preparando as atividades.

Recursos: Xerox, computador.

Encaminhamento metodológico: Estudo da teoria de Rildo Cosson sobre o


Letramento Literário – Teoria e Prática – Cosson, 2014 - Etapa da introdução -
Preparo das atividades.

Em seguida, ele propõe a introdução, ou seja, a apresentação do autor e da


obra. A função desta etapa é preparar o aluno para que ele possa receber a obra de
forma positiva. Assim, o professor deve fornecer informações básicas sobre o autor,
preferencialmente ligadas ao texto a ser lido, mostrando a importância da obra para
aquele momento. Independente do caminho adotado, faz-se necessário apresentar a
obra física aos alunos, chamando a atenção para a capa, a orelha, o prefácio e
outros elementos que a introduzem.

Décimo terceiro encontro - Continuação da produção da sequência básica

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Retomar a terceira etapa da sequência didática proposta por Cosson,


2014, a leitura. Preparando as atividades.

Recursos: laboratório de informática.

Encaminhamento metodológico: Estudo da teoria de Rildo Cosson sobre o


Letramento Literário – Teoria e Prática – Cosson, 2014 – Sequência básica - etapa
da leitura - Preparo das atividades.

A terceira etapa é a da leitura, conforme Cosson (2014), quando se trata de


um pequeno texto a ser lido, em sala de aula, pouco se pode fazer nesta fase, além
de esperar seu término. Contudo, a leitura carece de um acompanhamento para que
seus objetivos não se percam. Esse momento possibilita que o professor possa
auxiliar o aluno em suas dificuldades, sobretudo quando se trata de leitura extensa.
Neste caso, ela deve acontecer num ambiente próprio, como sala de leitura,
biblioteca ou casa do aluno. Durante esse processo, Cosson, sugere que sejam
propostos intervalos, neles os alunos devem apresentar os resultados, através de
uma simples conversa ou atividades específicas, como a leitura de textos menores
que se relacionam com o texto de partida, buscando promover aproximações entre o
texto lido e o novo texto. É importante que o professor negocie com os alunos o
tempo que eles têm para realizarem a leitura. Dentro deste período, os intervalos
são realizados e servirão como um diagnóstico, isto é, o meio pelo qual o professor
avalia o processo de leitura como um todo. Os intervalos não devem exceder a três.

Décimo quarto encontro - Continuação da produção da sequência básica

Tempo previsto: duas horas-aula

Objetivo: Retomar a fundamentação teórica da quarta etapa da sequência básica,


proposta por Cosson, 2014. A interpretação, através dos dois momentos por ele
sugeridos: o interno e o externo.

Recursos: laboratório de informática.

Encaminhamento metodológico: Estudo da teoria de Rildo Cosson sobre o


Letramento Literário – Teoria e Prática – Cosson, 2014 – Sequência básica - etapa
da Interpretação - Preparo das atividades.

Enfim, a última etapa é a da interpretação. Cosson (2014) propõe pensá-la


em dois momentos: um interior e outro exterior. O primeiro é aquele que
“acompanha a decifração palavra por palavra, página por página, capítulo por
capítulo” (p. 65), seu objetivo é a apreensão global ao término da leitura da obra.
Este encontro entre obra e leitor é individual e não pode ser substituído por resumos
ou filmes. Este momento sofre influência de fatores como o histórico do leitor, suas
relações familiares bem como seu contexto social, estes elementos colaboram ou
comprometem a interpretação. Além disso, vale lembrar que a interpretação é algo
pessoal e ao mesmo tempo um ato social, devido ao fato de refletir o contexto no
qual o leitor está inserido.
Cosson (2014) chama de momento externo aquela etapa em que acontece a
construção de sentido em uma comunidade. Quando fazemos a leitura literária fora
dos bancos escolares e ela nos afeta de alguma forma, visto que podemos
conversar sobre essa leitura ou apenas arquivá-la em nossa memória. Contudo, na
escola, a interpretação deve ser compartilhada, dessa forma, ampliando os sentidos
construídos individualmente, o que ´possibilita a ampliação dos horizontes da leitura.

O pesquisador ainda indica que as atividades de interpretação precisam ser


registradas, e este registro deverá estar em consonância com: o tipo de texto lido, a
idade e a série dos alunos, entre outros aspectos. Assim, ele sugere a pesquisa de
uma música referente aos sentimentos de alguma personagem; uma resenha que
pode ser divulgada, recomendando ou não a obra; a dramatização de trechos; a
transfiguração dos alunos em personagens da obra; o registro em um diário anônimo
para ser exposto; um júri simulado; uma feira cultural com alunos vestidos a caráter,
contando histórias, explicando murais e cenários produzidos a partir das
interpretações, declamando poemas, cantando, relatando o que aconteceu dez anos
depois com as personagens, inserindo outras personagens, alterando os espaços,
enfim, o registro é uma etapa com inúmeras possibilidades.

Nesta etapa, não é necessária uma atividade de caráter festivo, basta que o
aluno faça uma reflexão a respeito, compartilhe com os demais e estabeleça um
diálogo sobre esta experiência entre os leitores.

Décimo quinto e décimo sexto encontros – Apresentação do resultado da


sequência básica, elaborada.

Tempo previsto: quatro horas-aula

Objetivo: Apresentar ao grupo a sequência didática básica, adaptada à turma, em


que ela será aplicada.

Recursos: Projetor e computador.

Encaminhamento metodológico: Apresentação das sequências produzidas pelos


grupos.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei nº10639 de 9 de janeiro de 2003. Ministério da Educação.


Disponível em : http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm (acesso
em 22/11/2016)

CEREJA, William Roberto, Português linguagens, vol. 1, ensino médio, 5 edição.


São Paulo, Atual, 2005.

COSSON, Rildo. Letramento literário – Teoria e Prática – 2ª edição, 5ª reimpressão.


– São Paulo: Contexto, 2014.

REIS, Maria da Conceição dos, O processo civilizador na construção da identidade


negra, 2009. Disponível em :
http://www.uel.br/grupo-
estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais12/artigos/pdfs/comunicaco
es/C_Reis2.pdf (acesso em 11/12/2016)

SANTOS, Zilma Lima dos, Variantes da linguagem oral por Patativa do Assaré em A
triste partida, 2013, Camaçari. Disponível em:
http://www.cchla.ufpb.br/clv/images/docs/tcc/2013/bahia/camacari/zilma_lima_dos_s
antos.pdf (acesso em 17/11/2016)

JESUS, Camila Moreira, 2012, p. 1, Branquitude x branquidade: uma análise


conceitual do ser branco. Disponível em:
http://www3.ufrb.edu.br/ebecult/wp-ontent/uploads/2012/05/Branquitude-x-
branquidade-uma-ana-%C3%83%C3%85lise-conceitual-do-ser-branco-.pdf
(acesso em 17/11/2016)

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