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Faculdade de Direito
Licenciatura de Bolonha em Direito
2023/2024
Docente orientador:
Sandra Lopes Luís
Discente:
Rafaela Batista (n.º 67760)
2º ano TAN
Subturma 2
0
Índice:
Introdução………………………………………………………………………….. 2
Contexto histórico……………………………………………………………….…. 3
Definição de fundação………………………………………………………….…... 4
Conclusão……………………………………………………………………………. 10
Bibliografia …………………………………………………………………………. 11
1
Introdução
O que me proponho com o presente trabalho é, então, conceptualizar a figura nas suas
dimensões mais pertinentes, recorrendo, para tal, a uma abordagem histórico-jurídica,
na sua necessária relação com a atual perspetiva social e jurídico-formal, maxime, com
incursões na sua conformidade ao ethos social e normatividade legitimante.
Contexto histórico
1
Domingos Soares Farinho, Fundações e interesse público, Almedina, maio de 2014,
página 51
2
Na antiguidade, nas primeiras grandes civilizações históricas, encontramos os
primeiros rudimentos de fundações, pode-se até dizer que “o impulso fundacional nasce
com o ser humano”2. Porém, é preciso esperar até ao período greco-romano para que
possamos encontrar, igualmente, um direito correspondente a esse tipo de manifestações
sociais, não porque tenha estado ausente nas civilizações anteriores, mas porque não
chegaram até nós vestígios, que permitam uma análise dotada de rigor metodológico
heuristicamente fundamentado.
A combinação da maturação destes três elementos, que viriam a ser essenciais para o
conceito de Fundação, com os dois vetores estabilizadores desses mesmos elementos, a
vontade do instituidor e a vontade fundacional, são a chave para compreender, não
apenas o moderno conceito fundacional, mas também a sua evolução até ao estágio
atual.
Definição de Fundação
A prossecução de fins de interesse social como marca necessária das fundações surge
legalmente consagrada no n.º1 do artigo 185º do Código Civil.
2
Domingos Soares Farinho, fundações e interesse público, Almedina, maio de 2014,
página 53
3
Como defendia o professor Marcello Caetano, ainda antes do Código Civil de 1966, a
pessoa coletiva existe para assegurar a gestão de um fundo especial cujo capital
provenha de receitas públicas afetadas a certo fim, ou de um património já constituído e
que se deseja manter e aumentar.3 Outros autores partiram do lugar que as fundações
ocupam na trilogia clássica das pessoas coletivas privadas, destacando-se o professor
Menezes Cordeiro que define fundação como “o sentido de entregas em vida ou deixas
por morte do interessado. Elas equivalem a uma reconstrução liberal das antigas deixas
pias, a conventos ou a congregações religiosas” (2011, 818).
Entrando num contexto mais atualizado, uma fundação, nos termos do artigo 3º, n.º1
da Lei-Quadro das Fundações (Lei n.º 24/2012, de 9 de julho), “é uma pessoa coletiva,
sem fins lucrativos, dotada de um património suficiente e irrevogavelmente afetado à
prossecução de um fim de interesse social”.
3
Marcelo Caetano, Manual de Direito administrativo, Volume I, Coimbra Editora,
página 376
4
João Caupers, As Fundações e as associações públicas de direito privado, Coimbra
Editora, 2001, página
4
privado, desde que aquelas, isolada ou conjuntamente, detenham uma influência
dominante sobre a fundação.
A lei que regula estas fundações - Lei-Quadro das Fundações, doravante, LQF - passou
por uma revisão global de modo a “valorizar a iniciativa filantrópica ou de âmbito
comunitário, reconhecer o papel essencial que estas instituições desempenham no nosso
tecido social e reforçar os instrumentos de fiscalização na sua atividade.”5, diploma em
que o Governo deteta várias oportunidades de melhoria para ir ao encontro dos
objetivos teleológicos do instituto.
5
Proposta de Lei nº97/XIV/2ª, Presidência do Conselho de Ministros
6
Que o nosso ordenamento jurídico não admite, como podemos confirmar no artigo
188º, nº3, alínea a) do nosso Código Civil
7
Diogo Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo, 3ªedição, Almedina,
2007-2016, página 316
5
O legislador veio proibir, entretanto, a criação de novas fundações públicas de direito
privado (art.º 57º, n.º 2, da LQF), uma norma que acaba por não ser relevante, pois pode
ser contrariada por qualquer outra lei formal posterior, ou decreto-lei autorizado.
De notar ainda que enquanto a generalidade das fundações são pessoas coletivas
privadas, reguladas pelo Código Civil, há fundações que são pessoas coletivas públicas,
resultando de iniciativa pública, traduzida em atos de direito público (art.º 50 da LQF)
embora nalguns casos, também com participação de instituidores privados. Estas
fundações públicas, ou organizações, são estabelecidas e financiadas pelo governo ou
por uma entidade governamental para realizar diversas atividades de interesse público,
como educação, cultura, assistência social e saúde.
6
introduzida pela Lei n.º 40/2007, de 24 de Agosto). Esta distinção é concedida mediante
o preenchimento dos requisitos estabelecidos no artigo 24.º da Lei-quadro:
desenvolvimento de uma actividade relevante em prol da comunidade na área social
(sendo que o extenso elenco, não taxativo, é decalcado do artigo 2. º do Decreto-Lei n.º
460/77, de 7 de Novembro); constituição formal e elaboração dos estatutos de acordo
com a lei; garantia de não exercerem, a título principal, actividades económicas que
sejam concorrentes com outras entidades que não possam beneficiar da declaração de
utilidade pública e adequação dos meios humanos e materiais ao cumprimento dos
objectivos estatutários. Este estatuto, também ele concedido pelo Primeiro-ministro,
com a faculdade de delegação (artigo 25.º, n.1), só pode ser requerido depois de três
anos de efectivo e relevante funcionamento, possibilitando, assim, aferir do mérito da
sua actuação. Porém, no caso de os instituidores maioritários já possuírem o estatuto de
utilidade pública, este período probatório é dispensado.
O estatuto de utilidade pública tem um prazo de vigência de cinco anos, podendo ser
renovado por iguais e sucessivos períodos (artigo 25.º, n.º 5). Para além dos deveres
gerais de transparência, previstos no artigo 9.º, que incluem o envio dos relatórios
anuais de contas e de actividades aos serviços da Presidência do Conselho de Ministros,
30 dias após a respectiva aprovação, as fundações de utilidade pública (e também as
públicas) têm de disponibilizar na sua página da Internet informações adicionais, entre
as quais a discriminação dos apoios financeiros recebidos do sector público nos últimos
três anos.
8
Em toda a União Europeia, muitas fundações estão envolvidas na formação e
reconversão dos desempregados, por vezes realizando programas governamentais mas,
frequentemente, por sua própria conta, fornecendo ainda serviços às pessoas mais
desfavorecidas – pessoas com deficiência, jovens desenquadrados e aqueles que, por
uma ou outra razão, não têm conseguido fixar-se no mercado de trabalho.
As fundações dão também uma formação valiosa a numerosos voluntários, muitos dos
quais encontram mais tarde emprego no mercado de trabalho convencional, em
resultado da experiência e conhecimentos que adquiriram. O trabalho voluntário é
também, para muitas pessoas, um meio inestimável de manter hábitos de trabalho num
período em que, particularmente para os desempregados de longa duração, a
manutenção de um interesse regular nas suas vidas pode ser muito difícil. O sector do
voluntariado poderá assim garantir oportunidades enriquecedoras através de novas
experiências conducentes à aquisição de qualificações sociais, que não só aumentarão a
adequação de cada pessoa às necessidades do mercado de trabalho como também o
sentimento de pertença e cidadania entre os jovens.
A Fundação tem sido sempre concebida como uma construção do Estado, destinada a
prosseguir fins por este determinado, através de um processo de devolução de poderes.
Apenas o modo como se configura esta devolução de poderes varia. A questão que o
fenómeno fundacional coloca, na maioria dos ordenamentos, é a de saber se podemos
admitir estar perante formas privadas de Administração Indireta, sendo certo que, em
Portugal, no domínio que nos ocupa, o legislador, com a publicitação operada pela
LQD, impede que apliquemos a qualificação, uma vez que as fundações que se integram
na Administração Indireta são públicas e as que podem ser, ainda que de modo
controverso, qualificadas como privadas, integram-se, na Administração Autónoma.
8
Domingos Soares Farinho, Fundações e interesse público, Almedina, maio de 2014,
página 619
9
A Fundação pública integra-se, inequivocamente, na Administração Pública em Sentido
Orgânico, o problema é saber onde, uma vez que a Fundação Pública tem uma certa
autonomia relativamente à administração pública. Isto é, no nosso país, as fundações
públicas são entidades de direito público e, portanto, estão sujeitas a regulamentações e
supervisão governamental, no entanto, elas também possuem algum grau de autonomia
para tomar decisões relativamente às suas decisões e atividades. Por força dessa
autonomia, as suas relações com a Administração pública podem variar dependendo da
fundação específica e das disposições estabelecidas na legislação que a cria.
Conclusão
10
Bibliografia
Freitas do Amaral, Diogo - Curso de Direito Administrativo, 2ª edicao, Almedina, 2011
Estorninho, Maria João - A fuga para o direito privado, Almedina, 2009.
Caetano, Marcelo - Manual de Direito Administrativo, Volume I, Coimbra Editora,
1983.
Caupers, João - As Fundações e as Associações Públicas de direito privado, Coimbra
editora, 10.ª edição, 2009.
Soares Farinho, Domingos - Fundações e Interesse Público, Almedina, 2014.
Proposta de Lei n.° 97/XIV/2.ª; Presidência do Conselho de Ministros
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