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Material Teórico
A Sociologia Política de Anthony Giddens
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fatima Furlan
A Sociologia Política de Anthony Giddens
• Introdução
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Unidade: A Sociologia Política de Anthony Giddens
Contextualização
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Introdução
Você Sabia ?
O fim da segunda guerra mundial marca a ascensão do Estado como organizador da sociedade
e da economia, ampliando sua participação no planejamento e execução das atividades a partir da
ideia de “Estado de bem estar social” desenvolvida pelo economista J. M. Keynes. A reconstrução
da Europa deu-se nesse contexto e diversos outros países adotaram as estratégias preconizadas
pelas políticas de Estado keynesianas.
Em oposição a essa estratégia o neoliberalismo toma impulso nos anos 1970, atravessa os anos
1980 como força poderosa e torna-se hegemônico nos anos 1990, alterando profundamente
o quadro desenhado desde os anos 1940, ou seja, o Estado deixa de ter papel central na
política e na economia, revertendo-se a tendência de ampliação de sua participação. O discurso
neoliberal reforça o papel do mercado, restringe o Estado ao “mínimo” e lança às sociedades o
desafio de desenvolver-se a partir dos interesses dos agentes que atuam nos mercados.
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Unidade: A Sociologia Política de Anthony Giddens
Como os clássicos da área em que atua, Anthony Giddens, pelas ideias que defende, tem
grande influência no contexto sócio político europeu, principalmente na Inglaterra, onde suas
ideias associam-se ao trabalhismo do primeiro ministro Tony Blair mas não apenas ali. Fora
da Europa Bill Clinton, presidente dos EUA (1993 - 1999) participou de discussões acerca da
criação de alternativas ao neoliberalismo. No Brasil, sua influência sobre a trajetória do PSDB
e, particularmente, sobre Fernando Henrique Cardoso, igualmente sociólogo e presidente do
Brasil de 1995 a 2002, é reconhecida. Em visita ao Brasil no ano 2000, os dois jantaram juntos
e FHC declarou ser admirador da “terceira via”, tese defendida por Giddens.
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O livro “Mundo em descontrole – o que a globalização está fazendo de nós”, que reúne ideias
apresentadas em palestras realizadas em diversos países no final dos anos 1990, é um exemplo
da popularização das ideias de Giddens. A Editora Record, responsável pela publicação do livro
no Brasil, apresenta na capa que este é “o novo livro do mais importante pensador britânico
contemporâneo”, utilizando uma linguagem próxima àquela de divulgação dos best sellers
publicados pela empresa.
A influência de Giddens no mundo acadêmico pode ser medida por sua produção, que inclui
mais de três dezenas de livros e duas centenas de artigos publicados em revistas, além de atuar como
professor convidado ou palestrante em universidades em praticamente todas as regiões do mundo.
Seu prestígio acadêmico o levou a ocupar a posição de diretor da London School of Economics e a
atuar como docente na Universidade de Cambridge e a receber diversos prêmios acadêmicos.
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A partir dessa concepção Giddens procura demonstrar que as ideias tradicionais defendidas,
tanto no campo do socialismo, quanto no do capitalismo em suas vertentes liberal e neoliberal,
não são capazes de apresentar soluções para a vida em sociedade, na medida em que a
modernidade apresenta novas questões, como a ecológica e a crescente desigualdade social
entre ricos e pobres em um mundo crescentemente definido pelo consumo, além de aspectos
importantes no que tange aos sistemas políticos e à emergência da guerra como padrão de
solução para conflitos.
A terceira via procura recuperar valores da social democracia e do Estado de Bem Estar
Social, porém renova ao identificar questões como a ecológica e a necessidade não apenas
de dar garantias às pessoas, como aconteceu, principalmente na Europa da pós-segunda
guerra mundial. Trata-se, segundo Giddens, de associar proteção e atitudes ativas das pessoas,
dividindo a responsabilidade com o Estado, sem, no entanto, jogar o cidadão nas arenas em que
a globalização neoliberal transformou a vida das maiorias e, no plano geral, de conter a ação
predatória desse mercado, incapaz de orientar a produção, a circulação e consumo de bens e
serviços de maneira equilibrada em relação ao meio ambiente.
Vivemos em uma sociedade de risco e a terceira via propõe planejar a vida para evitar que
alguns se efetivem e que outros causem menos impacto. Para Giddens(1999, p. 33) é preciso
identificar o risco como característica de nossa civilização, pois,
As culturas tradicionais não tinham um conceito e risco porque não precisavam
disso. Risco não é o mesmo que infortúnio ou perigo. Risco se refere a infortúnios
ativamente avaliados em relação a possibilidades futuras. A palavra só passa a
ser amplamente utilizada em sociedades orientadas para o futuro – que veem
o futuro precisamente como um território a ser conquistado ou colonizado. O
conceito de risco pressupõe uma sociedade que tenta ativamente romper com seu
passado – de fato, a característica primordial da civilização industrial moderna.
Entre o planejamento total vivido nos países nos quais houve o “socialismo real” no século 20
e a ausência total de planejamento do neoliberalismo a sociologia política de Giddens propõe a
terceira via como alternativa, tendo o desenvolvimento sustentável e a modernização ecológica
como fatores centrais para o enfrentamento às questões da modernidade: os riscos, as incertezas
manufaturadas que resultam das ações humanas, das atividades realizadas pelo conjunto das
sociedades envolvendo a própria sociedade e a natureza. Guerras nucleares, desequilíbrio
ambiental e desigualdades sociais crescentes estão na ordem do dia do pensamento desse autor.
Para Giddens (2003, p. 38),
O risco manufaturado é resultado da intervenção humana na natureza e nas
condições da vida social. As incertezas (e as oportunidades) que ele cria são
amplamente novas. Elas não podem ser tratadas como remédios antigos; mas
tampouco respondem à receita do Iluminismo: mais conhecimento, mais controle.
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na verdade, seria (1999, p. 21) “...política, tecnológica e cultural, tanto quanto econômica. Foi
influenciada acima de tudo por desenvolvimentos nos sistemas de comunicação que remontam
ao final da década de 1960”.
Daí a necessidade de pensarmos, seguindo o autor, na globalização tanto naquilo que a
define, ou seja, os eventos em escala global, quanto no que se refere à influência dela sobre o
cotidiano, pois,
...a globalização influencia a vida cotidiana tanto quanto eventos que ocorrem
em escala global. É por isso que este livro inclui uma extensa discussão sobre
sexualidade, casamento e a família. Na maior parte do mundo, as mulheres
estão reivindicando mais autonomia que no passado e ingressando na força de
trabalho em grandes números. Esses aspectos da globalização são pelo menos
tão importantes quanto os que têm lugar no mercado global. (1999, p. 15-16).
Seguindo sua perspectiva de análise da sociedade, em que critica o que entende serem os
problemas do sistema capitalista em sua etapa neoliberal – a incapacidade de planejar e de
usar recursos dentro de limites aceitáveis, a tendência à ampliação das desigualdades e o uso
da guerra – Giddens procura apreender a globalização como fenômeno múltiplo e complexo,
reconhecendo aspectos positivos e negativos no processo, porém, para além disso, busca as
determinações e os agentes que conduzem seu desenvolvimento, pois,
A globalização está reestruturando o modo como vivemos, e de uma maneira
muito profunda. Ela é conduzida pelo Ocidente, carrega a forte marca do
poder político e econômico americano e é extremamente desigual em suas
consequências. Mas a globalização não é apenas domínio do Ocidente sobre os
demais; afeta os Estados Unidos tanto quanto outros países. (1999, p. 15-16).
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da recusa que possa haver, fazem chegar a todos as mesmas informações e imagens, atuando
diretamente sobre a opinião pública e sobre a cultura dos habitantes desse mundo interconectado.
A onipresença desses sistemas altera as relações de produção, a política e a vida cotidiana, o que
é analisado por Giddens como fator dessa complexa etapa em que vivemos esse “mundo em
descontrole” repleto de mudanças em todos os segmentos da vida.
Colocando-se no campo do esclarecimento e da cultura ocidental, mais como uma crença
que pela análise, Giddens afirma ter esperança na vitória dos valores cosmopolitas sobre os
tradicionais. Segundo o autor (1999, p. 16),
Podemos legitimamente alimentar a esperança de que uma perspectiva
cosmopolita acabará por vencer. Tolerância à diversidade cultural e democracia
está estreitamente vinculadas, e a democracia está atualmente se espalhando
por todo o mundo. A globalização está por trás da expansão da democracia. Ao
mesmo tempo, paradoxalmente, ela expõe os limites das estruturas democráticas
mais conhecidas, isto é, as estruturas da democracia parlamentar.
Primeiro estudo realizado por Giddens, nos anos 1960, tinha como tema o suicídio, no
qual confronta Durkheim e Hursserl. Já na obra capitalismo e moderna teoria social, revisa os
clássicos e defende que Marx, Weber e Durkheim são os fundadores da sociologia.
Apresentamos a seguir algumas informações relevantes relativas à vida e à obra de Anthony
Giddens:
• Nasceu em 1938, em Londres, Inglaterra. É cofundador da Editora Polity Press, estudou
na Universidade de Cambridge e na London School of Economics and Political Science.
• Formação: Sociologia.
• Instituições nas quais atuou: Universidade de Leicester, Universidade da Califórnia,
Universidade de Cambridge, London School of Economics and Political Science.
• Livros publicados no Brasil: cerca de 30 obras, publicadas por diversas editoras, entre elas
Editora da Unesp, Record, Edusp, Zahar, com destaque para: Mundo em descontrole;
Modernidade e identidade; A terceira via; As consequências da modernidade; A constituição
da sociedade; A transformação da intimidade.
• Temas de pesquisa e ideias relevantes: globalização, risco, democracia, reflexividade,
terceira via, modernidade tardia.
• Atualidade: obra e intervenção no âmbito da política têm grande relevância, tanto acadêmica
quanto social. É polêmico e criticado, principalmente pelos sociólogos marxistas.
• Polêmicas e curiosidades: conheceu Norbert Elias na Universidade de Leicester. Em
1997, foi eleito reitor da London School of Economics and Political Science - Escola
de Economia e Ciência Política de Londres; realiza palestras em universidades e outras
instituições em diversos países do mundo; recebeu vários prêmios acadêmicos como
reconhecimento por sua obra.
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Material Complementar
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Referências
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Anotações
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