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5.

E assim devido ao não investimento libidinal da mãe pelo bebê, provavelmente causado por
uma depressão materna, por consequência acaba-se formando um vazio de mãe, na qual está
presente fisicamente, porém “morta” afetivamente, e a introjeção que reflete nessa criança, é
a de uma mãe sem vitalidade, o que acaba resultando em crianças deprimidas, e as vezes com
a depressão encoberta por uma hiperatividade reativa. A identificação inconsciente da criança
faz-se pelo modelo da “mãe morta”.

6. Até mesmo no período fetal, pode-se exercer fatos e impressões, como por exemplo o da
sensação de vazio, que mesmo tendo sido esquecidas, de algum modo, continuam persistindo
na mente da pessoa adulta, de tal forma que elas continuam a operar e a se fazer sentir ao
longo da vida.

7. Quando o ideal de ego dos pais é muito exagerado, com expectativas inalcançáveis, às
vezes junto com ameaças sádicas e agressivas, a criança sente que nunca conseguirá satisfazê-
los e, mais tarde, também perceberá que não tem condições de satisfazer as demandas de seu
próprio ego ideal. E o sentimento de vazio e algum grau depressivo são as consequências, da
sensação que o sujeito sente, como se tivesse sido um fracasso pessoal.

8. Se utilizar o referencial das concepções de Bion, cabe destacar que ele concebe que uma
criança tanto pode introjetar um seio que o alimenta e satisfaz, no qual ele nomeia “mais
seio”, como também, pode se tratar de um seio que foi introjetado como mau, ausente e
frustrante, no qual o caso, salienta Bion, existe representada no self da criança não uma
“ausência do seio”, mas, sim, uma “presença da ausência”, e nesses casos ele denomina como
“menos seio”. O mais grave segundo o autor, é quando não existe representação nenhuma de
seio, e então ele dá o nome de “não seio”, neste caso, a representação do seio, é destruída, o
que acaba resultando em um vazio.

9. Com o propósito de enfatizar a diferença essencial que representa a qualidade materna, na


formação do psiquismo da criança, fica claro que uma mãe suficientemente adequada
colabora para a formação da mente do filho, que desenvolve e amadurece capacidades, já no
caso de uma série de falhas da mãe, existe uma alta possibilidade de se formar enormes vazios
no psiquismo da criança. Para ilustrar essa afirmativa, Bion disse, na década de 60, que: o
bebê, sob a agonia da fome e do medo de estar morrendo, devido à culpa e à ansiedade,
impelido por voracidade, desorienta-se e chora. A mãe pega-o no colo, alimenta-o e consola-o,
e ele quase sempre adormece... assim, o objeto bom transforma o não-seio em seio, as fezes e
a urina em leite, o pavor da morte e desespero em vitalidade e confiança, a voracidade e a
aflição, em sentimentos de amor e generosidade, e o bebê suga outra vez as suas posses más,
agora transmudadas em bondade.

Pode-se compreender daqui, que situações completamente opostas dessa, se constituem em


um excelente caldo de cultura para que se possa enfrentar, e superar uma patologia do vazio.

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