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Psicopatologia da

Infância e Adolescência

Miguel Nery 2021/2022

Vai mais à frente


Blocos/módulos
1. Apresentação da UC
2. Psicopatologia da infancia
3. Psicopatologia da adolescência

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BLOCO 1. APRESENTAÇÃO

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Apresentação da UC
• Miguel Nery


miguel.nery@universidadeuropeia.pt

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Apresentação da UC
Formato da UC:
• Ano lectivo: 2020/2021
• Semestre: 1º
• Carga lectiva semanal:

2 horas Teórico-Práticas + estudo autónomo



• 4ªfeira: Presencial (14-16h)

• SBL: 1º cenário – 14ª semana

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Apresentação da UC
Objectivos da UC:
• Compreender os princípios básicos da avaliação de psicopatologia e diagnostico diferencial na 1ª e 2ª
infância e na adolescência
• Conhecer as ferramentas de avaliação de psicopatologia válidas e fidedignas disponíveis para utilização
na população portuguesa na 1ª e 2ª infância e na adolescência
• Saber determinar as ferramentas de avaliação de psicopatologia mais adequadas para reunir e integrar
informação de acordo com a idade e características da criança ou adolescente de forma a efetuar um
diagnóstico diferencial correto.
• Saber interpretar adequadamente a informação decorrente das ferramentas de avaliação de
psicopatologia adotadas
• Reportar a informação decorrente da avaliação e diagnóstico diferencial
• Compreender os princípios éticos que guiam a conduta do psicólogo em avaliação de psicopatologia

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Conteúdos
GERAL:programáticos
• Raízes da psicologia e da psicoterapia infantil
• Desenvolvimento emocional na infância
O normal e o patológico.
Bases da psicopatologia da infância e adolescência: em que se alicerça a patologia?
Introdução à avaliação de psicopatologia e diagnóstico diferencial na 1ª e 2ª infância e na adolescência
Ferramentas de recolha de informação: Entrevistas, procedimentos laboratoriais e inventários, jogo, desenho
Outras condições que podem ser foco de atenção clinica: Problemas relacionais, Abuso e negligência
Ética em avaliação de psicopatologia e na redação de relatórios clínicos a considerar na psicopatologia da 1ª e 2ª infância e da
adolescência

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Conteúdos
programáticos
INFÂNCIA:
Psicopatologia da infância (comportamentos):
• Sono
• Desenvolvimento motor e PHDA
• Esfera oroalimentar
• Esfincterianas
• Comportamentos agressivos
• Linguagem
• Funções cognitivas
Psicopatologia da infância (reagrupamentos nosográficos):
• Autismo e psicose infantil
Criança no seu ambiente
• Família
• Escola

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Conteúdos
ADOLESCÊNCIA:

programáticos
Psicopatologia da adolescência (comportamentos):
• Agir e passagens ao acto
• Comportamentos centrados no corpo
• Sexualidade
• Perturbações da Identidade
• Perturbações do Comportamento
• Perturbações do Comportamento Alimentar
• Pertubações Obsessivo-Compulsivas
• Perturbações do humor
Psicopatologia da adolescência (reagrupamentos nosográficos):
• Neurose
• Estados-limite
• Psicose
• Depressão
• Suicídio
• Comportamentos psicopáticos
• Dependências
Adolescente no seu ambiente
• Família
• Escola
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Avaliação
Avaliação:

Avaliação Contínua:
• Trabalhos Intercalares (40%) avaliação de habilidades ou skills
• Atitudes (10%)
• PIP (50%) avaliação dos conhecimentos (toda a matéria)
Requisitos: Assiduidade mínima de 70%

Avaliação Final:
Exame Final avaliando o conhecimento acerca da totalidade da matéria (50% prova escrita) e a
aplicação dos mesmos numa prova oral (50%).

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Bibliografia principal
Ajuriaguerra, J. (1996). Manual de Psiquiatría Infantil (4ª Ed.). Barcelona: Masson.

Bergeret, J. (2004). Psicologia patológica. Teórica e clínica (2ª Ed.). Lisboa: Climepsi.

Carr, A. (2003). The handbook of child and adolescent clinical psychology: A contextual approach. Routledge.

DelCarmen-Wiggins, R., & Carter, A. (2004). Handbook of infant, toddler, and preschool mental health assessment.
Oxford University Press: Oxford.

Braconnier, A. & Marcelli, D. (2000). As mil faces da adolescência. Lisboa: Climepsi.

Coimbra de Matos, A. (2002). Adolescência. Lisboa: Climepsi.

Dolle, J-M. (2005). Para compreender Jean Piaget (2ª Ed.). Lisboa: Instituto Piaget.

Fonagy, P. (2001). Attachment theory and psychoanalysis. London: Karnac.

Janin, B. (2007). Niños desatentos e hiperactivos. Reflexiones críticas acerca del transtorno por deficit de atención
com o sin hiperactividad. Buenos Aires: Noveduc.
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Bibliografia principal
Janin, B. (2013). Intervenciones en la clínica psicoanalítica com niños. Buenos Aires: Noveduc.

Laufer, M. (2000). O adolescente suicida. Lisboa: Climepsi.

Marcelli, D. (2005). Infância e psicopatologia. Lisboa: Climepsi.

Marcelli, D. & Braconnier, A. (2005). Adolescência e psicopatologia. Lisboa: Climepsi.

McKelvey, L. M., Whiteside-Mansell, L., Conners-Burrow, N. A., Swindle, T., & Fitzgerald, S. (2015). Assessing adverse
experiences from infancy through early childhood in home visiting programs. Child Abuse & Neglect.

Merrell, K. (2010). Behavioral, social, and emotional assessment of children and adolescents (3rd Ed.). New York:
Routledge.

Saklofske, D., Reynolds, C., & Schwean, V. (2013). The Oxford handbook of child psychological assessment. Oxford
University Press: Oxford.

Zero to Three (2005). Diagnostic classification, 0–3-R: diagnostic classification of mental health and developmental
disorders of infancy and early childhood. Zero to Three, National Center for Infant, Toddlers, and Families:
Washington
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BLOCO 2. PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA

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RAÍZES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

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Bases do desenvolvimento
infantil
Bases do desenvolvimento infantil:
• Maturação biológica
• Teorias centradas no meio envolvente
• Ciências da cognição
• Teorias psicanalíticas
• Abordagem pediátrica

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Bases do desenvolvimento
infantil
Maturação biológica:
• Evolução das estruturas e funções
cerebrais
• Maturação neurofisiológica está associada
à maturação progressive do
comportamento humano

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Teorias centradas no meio envolvente

Behaviorismo:
• John Watson (1913):
• Isenta o estudo do comportamento de subjectividade
• Comportamento é resultado de aprendizagem secundária a
um condicionante
• Burrhus Skinner (1937):
• Condicionamento operante
• Experiências com animais (ratos, pombos)
• Condicionamento é tanto mais rápido quanto mais
ponderosa for a motivação, e mais gratificante for a
recompensa.

O behaviorismo não considera a existência de estádios de
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Teorias centradas no meio envolvente

Escola Russa:
• Lev Vigotsky: teoria da aprendizagem
• Estuda o problema das transformações das acções
externas em processos intelectuais internos
(interiorização).
• Enfatiza a importância da socialização na criança

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Teorias centradas no meio envolvente
Visão construtivista (tal como Piaget): assente na ideia de
que a única aprendizagem significativa é a que ocorre através
da interacção entre o sujeito, o objecto e outros sujeitos
(colegas ou professores).
Outras formas de aprendizagem como:
• Imitação
• observação
• Demonstração
• Exemplificação
• prática dirigida

São colocadas em lugar secundário


Descrença em relação a uma hierarquia de estádios do
desenvolvimento cognitivo tão estanque e determinista como
a que Piaget desenvolveu

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Teorias centradas no meio envolvente
Semelhanças com teoria de assimilação/acomodação de
Piaget
Aprendizagem mais significativa é que se baseia no processo
de construção do conhecimento por parte dos alunos. Esse
processo de construção é tanto melhor conduzido quanto
melhor o professor for capaz de criar ambientes de
aprendizagem que potenciem a interacção entre alunos em
estádios cognitivos ligeiramente diferentes ou em fases de
transição de estádio.
A criança aprende melhor quando é confrontada com tarefas
que impliquem um desafio cognitivo não muito discrepante,
ou seja, que se situem na zona de desenvolvimento
próximo.

Implicações no processo de instrução: o professor deve


proporcionar aos alunos a oportunidade de aumentarem as
suas competências e conhecimento, partindo daquilo que Ênfase no papel dos contextos culturais e
eles já sabem, levando-os a interagir com outros alunos em da linguagem no processo de aprendizagem
processos de aprendizagem cooperativa
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Teorias centradas no meio envolvente

• Todas as funções do desenvolvimento cultural da criança aparecem duas vezes: primeiro a um


nível social (interpsicológico), e mais tarde a um nível individual (intrapsicológico). Tal aplica-
se igualmente à atenção voluntária, à memória lógica e à formação de conceitos. Todas as
funções superiores originam-se através de relações entre indivíduos.

• O potencial para o desenvolvimento cognitivo depende da ZDP, que consiste num nível de
desenvolvimento atingido quando a criança se envolve no comportamento social. O
desenvolviemnto total da ZDP depende do desenvolvimento da interacção social. A extensão
de competência pode ser desenvolvida com orientação do adulto e colaboração de pares,
conseguindo assim melhores resultados do que os que seriam conseguidos sozinho.

• Foi durante este período que Vigotsky identificou o jogo nas crianças como a sua actividade
primordial, que ele perceber que a maior fonte de desenvolvimento psicológico no pré-
escolar, que via como unidade inseparável de desenvolvimento emocional e cognitivo

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Teorias centradas no meio envolvente

A teoria Socio-Cultural de Vigotsky enfatiza a participação


pró-activa das crianças com o ambiente que as rodeia, sendo
o desenvolvimento cognitivo fruto de um processo de
colaboração.

Defendia que as crianças desenvolvem a sua aprendizagem


mediante a interacção social, ou seja, vão adquirindo novas e
melhores habilidades cognitivas no seio de um processo lógico
de imersão no seu modo de vida.

As actividades que se realizam de forma partilhada permitem


que as crianças interiorizem as estruturas de pensamento e
comportamentais da sociedade que as rodeia, apropriando-se
delas.

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Teorias centradas no meio envolvente
Teoria Socio-Cultural: o papel dos adultos e dos pares mais
avançados é o de apoio, orientação e organização da aprendizagem
da criança, como passo prévio para que esta possa ser capaz de
dominar essas tarefas, tendo interiorizado as estruturas
comportamentais e cognitivas que a actividade exige. Esta
orientação é mais eficaz para oferecer ajuda às crianças que estejam
na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Este é uma brecha
entre os que já são capazes de fazer, e os que ainda não conseguem
fazer a tarefa sozinhos.

As crianças que se encontram na ZDP para uma tarefa em concreto,


estão perto de conseguir realizá-la de forma autónoma, mas ainda
lhe falta integrar alguma chave do pensamento. No entanto, com o
apoio e orientação adequada, serão capazes de realizar a tarefa com
êxito. Se a colaboração, supervisão e responsabilidade da
aprendizagem estão asseguradas, a criança progride
adequadamente na formação e consolidação dos seus novos
conhecimentos e aprendizagens.

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Teorias centradas no meio envolvente

A teoria Socio-cultural tem implicações trancendentes para a


educação e avaliação do desenvolvimento cognitivo. Os testes
baseados na ZDP, que enfatizamo potencial da criança,
representam uma alternativa de valor incalculável às provas
estandardizadas de inteligência, que tendem a colocar a ênfase
nos conhecimentos e aprendizagens já realizadas pela criança.
Assim, muitas crianças foram beneficiadas com esta nova
orientação.

Outra contribuição fundamental da perspectiva contextual foi o


ênfase no aspecto social do desenvolvimento. Esta teoria defende
que o desenvolvimento normal das crianças numa cultura ou
num grupo pertencente a uma cultura pode ou não ser uma
norma adequada (e, como tal, extrapolável) a crianças de outras
culturas ou sociedades.

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Teorias centradas no meio envolvente
Ênfase na ligação entre as pessoas e o contexto cultural em
que vivem e são educadas.

As pessoas usam instrumentos que vão buscar à cultura onde


estão imersas e entre esses instrumentos tem lugar de
destaque a linguagem, a qual é usada como mediação entre o
sujeito e o ambiente social.

A internalização dessas competências e instrumentos conduz


à aquisição de competências de pensamento mais
desenvolvidas, constituindo o cerne do processo de
desenvolvimento cognitivo.

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Teorias centradas no meio envolvente

Etologia:
• Harry Harlow: demonstra a necessidade de um laço de
vinculação entre a cria Rhesus e a mãe, e descreve as
implicações resultantes da falta de vinculação

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Teorias centradas no meio envolvente

Etologia:
• John Bowlby:
• Refuta a teoria da pulsão libidinal através da satisfação oral, para
considerer (à uz dos estudos da etologia) a noção de vinculação
com a mãe.
• Vinculação entre mãe e bebé resulta de um determinado número de
sistemas característicos da espécie.

• Os sistemas organizam-se em torno da mãe
Protesto
• Sistemas: sugar-agarrar-seguir-chorar-sorrir
• Desespero
• Fases
Desvinculação
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Ciências da cognição

Desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget:


• Piaget:
• O fim desejado é a adaptação do indivíduo ao
seu ambiente
• Factores que intervêm:
• Maturação biológica
• Experiência adquirida na acção
efectuada sobre os objectos
• Interacções e transmissões sociais

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Ciências da cognição

Desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget:


• 2 conceitos para compreender o processo de
adaptação e posterior equilíbrio:
• Assimilação
• Acomodação

A adaptação é um equilíbrio entre ambas

• Estádios de desenvolvimento:
• Ordem de sucessão invariável
• Carácter integrativo
• É uma estrutura de conjunto
• Tem nível de preparação e de
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Ciências da cognição

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Ciências da cognição

Henri Wallon:
• Estudou o desenvolvimento da criança:
• Na interacção entre o equipamento motor e a
afectividade (recém-nascido)
• Entre a criança e o campo social
• Descreve estádios de desenvolvimento
• 2 eixos fundamentais:
• Afectividade x Emotividade
• Equilíbrio tónico x Motor

• Importância da comunicação pré-verbal (diálogo tónico)

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Ciências da cognição

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Teorias psicanalíticas

Sigmund Freud:
• Conceitos psicanalíticos importantes:
• Pont de vista dinâmico: Consciente- Pré-consciente –
Inconsciente (1ª tópica)
• Ponto de vista económico: considera o aspect quantitativo
das forças presents
• Ponto de vista tópico: Id – Ego – Superego (2ª tópica)
+
• Ponto de vista genético articula-se com noção de
estádio

• Patologia:
• Fixação
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Teorias psicanalíticas

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Teorias psicanalíticas
Freud e a Teoria da Sexualidade Infantil
• Submissão gradual da sexualidade infantil, e das suas
perversões, numa sexualidade adulta, deixando apenas
traços simbólicos na actividade sexual e na busca do
prazer;

• Complexo de Édipo;

• Mãe recipiente natural da nascente sexualidade do bebé;

• Modelo tripartido, que engloba o aspecto biológico e a
subjectividade das interacções do indivíduo com o
mundo.

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Teorias psicanalíticas
Freud e a Teoria da Sexualidade Infantil
• Modelo tripartido de Freud deu origem a uma clivagem
entre os seus seguidores : a escola das “Relações de
Objecto” (UK) e a escola da “Psicologia do Ego” (USA).

• Esta divisão foi influenciada pelas pioneiras da análise
infantil : Melanie Klein e Anna Freud.

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Teorias psicanalíticas

Anna Freud:
• 2 dados novos:
• Importância da observação directa: aumenta a atenção
no papel do ambiente
• O desenvolvimento da criança não se faz segundo uma
programação inelutável com uma programação
regular.

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Teorias psicanalíticas
Anna Freud
• Focalizada nos aspectos do Id e do Ego;

• Enfatizou a complexa tarefa do Ego em adaptar-se à
realidade;

• Considerava o bebé com um psiquismo indiferenciado;

• Narcisismo Primário;

• Mecanismos de defesa formam-se num processo de
desenvolvimento posterior ao que dizia Melanie Klein.

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Teorias psicanalíticas
Melanie Klein
• 2 pontos complemetares fundamentais:
• Importância do dualism pulsional
• Precocidade do dualism pulsional
• Introjecção e projecção
• Posição Esquizo-Pranóide (12 meses) vs.
Posição Depressiva (12-18 meses)
• Identificação projectiva
• Defesas maníacas

Posição depressiva

Luto, nostalgia, desejo de reparação,


aceitação da realidade

Maior acesso ao simbolismo

Desenvolvimento do pensamento
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Teorias psicanalíticas
Melanie Klein
• Aspectos interpessoais do Modelo Estrutural;

• Contraria Anna Freud, referindo que o bebé se relaciona
rudimentarmente com a mãe desde o nascimento,
embora de forma parcelarizada;

• Mecanismos de defesa arcaicos;

• Origem da patologia mental e a actividade inicial do Ego,
como estranhamente destrutivos do próprio processo
de crescimento que é suposto promoverem.

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Teorias psicanalíticas. Psicanálise genética

René Spitz:
• A evolução normal é pautada pelos organizadores
do psiquismo (assinalam certos níveis
essenciais de integração da personalidade):
• Sorriso no rosto humano (2/3 meses)
• Angústia do estranho (8º mês)
• Aparecimento do NÃO (gesto e palavra)
(2º ano)

• Efeitos da hospitalização em crianças

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Teorias psicanalíticas. Psicanálise genética
Margaret Mahler:
• Fases do desenvolvimento:
• Fase simbiótica
• Processo de separação-individuação
• Permanência do objecto (libidinal)

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Teorias psicanalíticas. Abordagem de
Winnicott
Donald Winnicott:
• Preocupação materna primária
• Começa antes do parto
• Espécie de funcionamento esquizoide mãe-bebé
• Permite mãe adivinhar necessidade profundas do bebé
• Se falha, a mãe transforma-se numa mãe terapeuta
(cuidados básicos)
• Mãe suficientemente boa
• Função maternal tem 3 funções:
• Holding
• Handling
• Object-presenting
• Desilusão progressive “O desenvolvimento não tem um curso tranquilo
• Criança adapta-se ao substituir a ilusão primitive pelo ao longo do tempo, por vezes existem sobressaltos
espaço (e objecto) transitivo tanto do ponto de vista físico como emocional e
• Espaço transitivo: lugar de projecção da ilusão, da cognitivo. Tem ganhos e perdas...”
omnipotência e da vida fantasmática da criança Winnicott
(espaço de jogo)

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Modelos experimentais. A situação estranha
Situação estranha. Mary Ainsworth:
• Observar as reacções da criança perante a separação e
re-aproximação em situação controlada:
• Modelos de ligação:
• Tipo A: evitante
• Tipo B: segura
• Tipo C: ambivalente
• Tipo D: desorganizada

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Desenvolvimento infantil

Desenvolvimento infantil:
• O desenvolvimento humano é um processo
de crescimento e mudança a nível físico, do
comportamento, cognitivo e emocional ao
longo da vida.
• Em cada fase surgem características
específicas. As linhas orientadoras de
desenvolvimento aplicam-se a grande
parte das crianças em cada fase de
desenvolvimento.
• No entanto, cada criança é um indivíduo e
pode atingir estas fases de
desenvolvimento mais cedo ou mais tarde
do que outras crianças da mesma idade,
sem se falar, propriamente, de
problemáticas.
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Desenvolvimento infantil
Saúde
física

Desenvolvimento
cognitivo Linguagem

Desenvolvimento
Desenvolvimento social
Emocional

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento motor:

• Processo de fortalecimento gradual dos músculos
e do sistema nervoso: os movimentos bruscos e
descontrolados iniciais vão dando lugar a um
controlo progressivo da cabeça, dos membros e
do tronco

• Por volta das 8 semanas é capaz de levantar a


cabeça sozinho durante poucos segundos,
deitado de barriga para baixo

• Controlo completo da cabeça por volta dos 4


meses: deitado de costas, levanta a cabeça
durante vários segundos; deitado de barriga
para baixo, começa a elevar-se com apoio das
mãos e dos braços e virando a cabeça

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento motor (cont.):

• Por volta dos 4 meses o controlo das mãos é mais fino, sendo capaz de segurar num brinquedo

• Entre os 4 e os 6 meses utiliza os membros para se movimentar, rolando para trás e para a frente;
apresenta também maior eficácia em alcançar e agarrar o que quer ou a posicionar-se no chão
para brincar

• desenvolve o seu próprio ritmo de alimentação, sono e eliminação

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento motor (cont.):

• Desenvolvimento progressivo da visão



• Com 1 mês, é capaz de focar objectos a 90 cm de distância

• Progressivamente será capaz de utilizar os dois olhos para focar um objecto próximo ou afastado,
bem como de seguir a deslocação dos objectos ou pessoas

• Entre os 4 e os 6 meses a visão e a coordenação olho-mão encontram-se próximas da do adulto

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento motor (cont.):

• Entre os 2 e os 4 meses, o bebé reage aos sons e às alterações do tom de voz das pessoas que o
rodeiam

• Por volta dos 4-6 meses, possui já uma grande sensibilidade às modulações nos tons de voz que
ouve

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento Cognitivo

• A aprendizagem faz-se sobretudo através dos sentidos

• Vocaliza espontaneamente, sobretudo quando está em relação

• A partir dos 4 meses, começa a imitar alguns sons que ouve à sua volta

• Por volta do 6º mês, compreende algumas palavras familiares (o nome dele, "mamã", "papá"...),
virando a cabeça quando o chamam

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento Social

• Distingue a figura cuidadora das restantes pessoas com quem se relaciona, estabelecendo com
ela uma relação privilegiada

• Imita os movimentos, fixa os rostos e sorri (aparecimento do 1º sorriso social por volta das 6
semanas)

• Aprecia bastante as situações sociais com outras crianças ou adultos

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento social (cont.):

• Por volta dos 4 meses: capacidade de reconhecimento das pessoas mais próximas, o que
influencia a forma como se relaciona com elas, tendo reações diferenciadas consoante a pessoa
com quem interage.

• É também capaz de distinguir pessoas conhecidas de estranhos, revelando preferência por rostos
familiares;

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Desenvolvimento Emocional

• Manifesta a sua excitação através dos movimentos do corpo, mostrando prazer ao antecipar a
alimentação ou o colo

• O choro é a sua principal forma de comunicação, podendo significar estados distintos (sono,
fome, desconforto...)

• Apresenta medo perante barulhos altos ou inesperados, objetos, situações ou pessoas estranhas,
movimentos súbitos e sensação de dor

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Desenvolvimento infantil: 0-6 meses
Sinais de Alerta

• Problemas na alimentação: Rejeição do peito ou biberão

• Regressões no desenvolvimento: Apatia; Ausência de sorriso; Manifestações de desprazer, com
rejeição das tentativas de o confortar.

• Não reconhecimento das pessoas mais próximas (por ex., não haver distinção entre a mãe e um
estranho)

• Ao nível da linguagem: Não imita sons.


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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento motor

• Desenvolvimento da motricidade: os músculos, o
equilíbrio e o controlo motor estão mais
desenvolvidos, sendo capaz de se sentar direito
sem apoio e de fazer as primeiras tentativas de
se pôr de pé, agarrando-se a superfícies de apoio

• A partir dos 8 meses, consegue arrastar-se ou


gatinhar

• A partir dos 9 meses poderá começar a dar os


primeiros passos, apoiando-se nos móveis


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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento motor (cont.):

• Desenvolvimento da preensão: entre os 6 e os 8 meses, é capaz de segurar os objetos de forma mais


firme e estável e de os manipular na mão

• Por volta dos 10 meses, é já capaz de meter pequenos pedaços de comida na boca sem ajuda, é
capaz de bater com dois objetos um no outro, utilizando as duas mãos, bem como adquire o
controlo do dedo indicador (aprende a apontar)

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento cognitivo

• A aprendizagem faz-se sobretudo através dos sentidos, principalmente através da boca



• Desenvolvimento da noção de permanência do objeto, ou seja, a noção de que uma coisa
continua a existir mesmo que não a consiga ver

• Vocalizações: Os gestos acompanham as suas primeiras "conversas", exprimindo com o corpo


aquilo que quer ou sente (por ex., abre e fecha as mãos quando quer uma coisa)

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento cognitivo (cont.):
• Alguns dos seus sons parecem-se progressivamente com palavras, tais como "mamã" ou "papá" e
ao longo dos próximos meses o bebé vai tentar imitar os sons familiares, embora inicialmente
sem significado

• A partir dos 8 meses: desenvolvimento do palrar, acrescentando novos sons ao seu vocabulário

• Os sons das suas vocalizações começam a acompanhar as modulações da conversa dos adultos -
utiliza "mamã" e "papá" com significado

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento cognitivo (cont.):

• Nesta fase, o bebé gosta que os objetos sejam nomeados e começa a reconhecer palavras
familiares como "papa", "mamã", "adeus", sendo progressivamente capaz de associar ações a
determinadas palavras (por ex., "chau-chau" - acenar)

• A partir dos 10 meses, a noção de causa-efeito encontra-se já bem desenvolvida: o bebé sabe
exatamente o que vai acontecer quando bate num determinado objeto (produz som) ou
quando deixa cair um brinquedo (o pai ou a mãe apanha-o)

• Começa também a relacionar os objetos com o seu fim (por ex., coloca o telefone junto ao
ouvido)

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento cognitivo (cont.):

• Progressiva melhoria da capacidade de atenção e concentração: consegue manter-se
concentrado durante períodos de tempo cada vez mais longos

• A primeira palavra poderá surgir por volta dos 10 meses

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento social

• O bebé está mais sociável, procurando ativamente a interação com quem o rodeia (através das
vocalizações, dos gestos e das expressões faciais)

• Manifesta comportamentos de imitação, relativamente a pequenas ações que vê os adultos fazer


(por ex., lavar a cara, escovar o cabelo, etc.)

• A partir dos 10 meses, maior interesse pela interação com outros bebés

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses
Desenvolvimento emocional

• Formação de um forte laço afetivo com a figura materna (cuidadora) – Vinculação



• Presença de ansiedade de separação, que se manifesta quando é separado da mãe, mesmo que
por breves instantes - trata-se de uma ansiedade normal no desenvolvimento emocional do
bebé

• Presença de ansiedade perante estranhos: sendo igualmente uma etapa normal do
desenvolvimento emocional do bebé, manifesta-se quando pessoas desconhecidas o abordam
diretamente

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses

Desenvolvimento emocional (cont.):



• A partir dos 8 meses, maior consciência de si próprio

• Nesta fase, é comum os bebés mostrarem preferência por um determinado objeto (um cobertor
ou um peluche, por ex.), o qual terá um papel muito importante na vida do bebé - ajuda a
adormecer, é objeto de reconforto quando está triste

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Desenvolvimento infantil: 6-12 meses

Sinais de Alerta

• Comportamento: Passividade; Retirada; Falta de iniciativa; Défice na resposta a estímulos


provenientes de pessoas, brinquedos, animais, etc.; Choro fácil e frequente; Aprendizagem
lenta; Coordenação motora pobre

• Sono: Dificuldade em adormecer sozinho; Insónias.

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento motor

• Começa a andar, sobe e desce escadas, trepa os móveis, etc.


- o equilíbrio é inicialmente bastante instável, uma vez que
os músculos das pernas não estão ainda bem fortalecidos.
Contudo, a partir dos 16 meses, o bebé já é capaz de
caminhar e de se manter de pé em segurança, com
movimentos muito mais controlados

• Melhoria da motricidade fina devido à prática - capacidade


de segurar um objeto, manipulá-lo, passá-lo de uma mão
para a outra e largá-lo deliberadamente. Por volta dos 20
meses, será capaz de transportar objetos na mão enquanto
caminha

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento cognitivo

• Maior desenvolvimento da memória, através da repetição das atividades - permite-lhe antecipar


os acontecimentos e retomar uma atividade momentaneamente interrompida, à qual dedica
um maior tempo de concentração

• Da mesma forma, através da sua rotina diária, o bebé desenvolve um entendimento das
sequências de acontecimentos que constituem os seus dias e dos seus pais

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento cognitivo (cont.):

• Exibe maior curiosidade: gosta de explorar o que o rodeia

• Compreende ordens simples, inicialmente acompanhadas de gestos e, a partir dos 15 meses, sem
necessidade de recorrer aos gestos

• Embora possa estar ainda limitada a uma palavra de cada vez, a linguagem do bebé começa a
adquirir tons de voz diferentes para transmitir significados diferentes

• Progressivamente, irá sendo capaz de combinar palavras soltas em frases de 2 palavras

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento cognitivo (cont.):

• É capaz de acompanhar pedidos simples, como por ex. "dá-me a caneca“

• As experiências físicas que vai fazendo ajudam a desenvolver as capacidades cognitivas. Por
exemplo, por volta dos 20 meses

• Sabe que um martelo de brincar serve para bater e já o deve utilizar

• Consegue estabelecer a relação entre um carrinho de brincar e o carro da família

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento cognitivo (cont.):

• Entre os 20 e os 24 meses é também capaz de brincar ao faz-de-conta (por ex., finge que deita
chá de um bule para uma chávena, põe açúcar e bebe - recorda uma sequência de
acontecimentos e faz de conta que os realiza como parte de um jogo)

• A capacidade de fazer este tipo de jogos indica que está a começar a compreender a diferença
entre o que é real e o que não é

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento Social

• Aprecia a interação com adultos que lhe sejam familiares, imitando e copiando os
comportamentos que observa

• Maior autonomia: sente satisfação por estar independente dos pais quando inserida num grupo
de crianças, necessitando apenas de confirmar ocasionalmente a sua presença e
disponibilidade - esta necessidade aumenta em situações novas, surgindo uma maior
dependência quando é necessária uma nova adaptação

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento social (cont.):

• As suas interações com outras crianças são ainda limitadas: as suas brincadeiras decorrem
sobretudo em paralelo e não em interação com elas

• A partir dos 20-24 meses, e à medida que começa a ter maior consciência de si própria, física e
psicologicamente, começa a alargar os seus sentimentos sobre si própria aos outros -
desenvolvimento da empatia (começa a ser capaz de pensar sobre o que os outros sentem)

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Desenvolvimento Emocional
• Grande reatividade ao ambiente emocional em que vive: mesmo que não o compreenda,
apercebe-se dos estados emocionais de quem está próximo dele, sobretudo os pais

• Está a aprender a confiar, pelo que necessita de saber que alguém cuida dela e vai de encontro
às suas necessidades

• Desenvolve o sentimento de posse relativamente às suas coisas, sendo difícil partilhá-las



• Embora esteja normalmente bem disposta, exibe por vezes alterações de humor ("birras")

• É bastante sensível à aprovação/desaprovação dos adultos

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Desenvolvimento infantil: 12-24 meses
Sinais de alerta

• Adaptabilidade excessiva, ou seja, passividade, retirada



• Medos excessivos

• Comportamentos executados de forma obsessiva: por exemplo, abanar a cabeça, chuchar no
dedo

• Falta de interesse pelos objetos, jogos ou pelo ambiente que a rodeia

• Comportamentos rebeldes excessivos: Alterações bruscas de humor; Comportamentos
incontroláveis, tais como morder ou bater

• Sono: Dificuldade em adormecer sozinho; Insónias.

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Desenvolvimento infantil: 2-3 anos
Desenvolvimento motor

• À medida que o seu equilíbrio e


coordenação aumentam, a criança é capaz
de saltar, andar ao pé-coxinho ou saltar de
um pé para o outro quando está a correr
ou a andar

• É mais fácil manipular e utilizar objetos com
as mãos, como um lápis de cor para
desenhar ou uma colher para comer
sozinha

• Começa gradualmente a controlar os


esfíncteres (primeiro os intestinos e depois
a bexiga)

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Desenvolvimento infantil: 2-3 anos
Desenvolvimento cognitivo

• Fase de grande curiosidade, sendo muito frequente a pergunta "Porquê?“

• À medida que se desenvolvem as suas competências linguísticas, a criança começa a exprimir-se


de outras formas, que não apenas a exploração física - trata-se de juntar as competências
físicas e de linguagem (por ex., quando faço isto, acontece aquilo), o que ajuda ao seu
desenvolvimento cognitivo

• É capaz de produzir regularmente frases de 3 e 4 palavras. A partir dos 32 meses, é já capaz de


conversar com um adulto usando frases curtas e de continuar a falar sobre um assunto por um
breve período

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Desenvolvimento infantil: 2-3 anos

Desenvolvimento cognitivo (cont.):



• Desenvolvimento da consciência de si: a criança pode referir-se a si própria como "eu" e pode
conseguir descrever-se por frases simples, como "tenho fome“

• A memória e a capacidade de concentração aumentaram (a criança é capaz de voltar a uma


atividade que tinha interrompido, mantendo-se concentrada nela por períodos de tempo mais
longos)

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Desenvolvimento infantil: 2-3 anos

Desenvolvimento cognitivo (cont.):

• A criança está a começar a formar imagens mentais das coisas, o que a leva à compreensã o
dos conceitos - progressivamente, e com a ajuda dos pais, vai sendo capaz de compreender
conceitos como dentro e fora, cima e baixo

• Por volta dos 32 meses, começa a apreender o conceito de sequências numéricas simples e
de diferentes categorias (por ex., é capaz de contar até 10 e de formar grupos de objetos -
10 animais de plá stico podem ser 2 vacas, 5 porcos e 3 cavalos)

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Desenvolvimento infantil: 2-3 anos

Desenvolvimento social

• A mãe é ainda uma figura muito importante para a segurança da criança, não gostando de
estranhos. A partir dos 32 meses, a criança já deve reagir melhor quando é separada da mãe,
para ficar à guarda de outra pessoa, embora algumas crianças consigam este progresso com
menos ansiedade do que outras

• Imita e tenta participar nos comportamentos dos adultos: por ex., lavar a loiça, maquilhar-se, etc.

• É capaz de participar em atividades com outras crianças, como por exemplo ouvir histórias

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Desenvolvimento infantil: 2-3 anos
Desenvolvimento emocional

• Inicialmente o leque de emoções é vasto, desde o puro prazer até à raiva frustrada. Embora a
capacidade de exprimir livremente as emoções seja considerada saudável, a criança necessitará
de aprender a lidar com as suas emoções e de saber que sentimentos são adequados, o que
requer prática e ajuda dos pais

• Nesta fase, as birras são uma das formas mais comuns da criança chamar a atenção - podem
dever-se a mudanças ou a acontecimentos, ou ainda a uma resposta aprendida (as birras
costumam estar relacionadas com a frustração da criança e com a sua incapacidade de
comunicar de forma eficaz)

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Desenvolvimento infantil: 2-3 anos
Sinais de alerta

• Adaptabilidade excessiva: retirada, passividade



• Medo excessivo

• Falta de interesse pelos objetos, pelo meio ou pelo jogo

• Alterações de humor excessivas, bater ou morder de forma incontrolável



• Birras prolongadas, com muito pouca tolerância aos limites impostos pelas figuras cuidadoras

• "Consciência de si" muito frágil, que se pode traduzir na: Dificuldade de tomar decisões

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Desenvolvimento infantil: 3-4 anos
Desenvolvimento motor
• Grande atividade motora: corre, salta, começa a trepar
escadas, pode começar a andar de triciclo; grande desejo
de experimentar tudo
• Embora ainda não seja capaz de apertar os atacadores,
veste-se sozinha razoavelmente bem
• É capaz de comer sozinha com uma colher ou um garfo
• Faz puzzles simples
• Copia figuras geométricas simples
• É cada vez mais independente ao nível da sua higiene; é já
capaz de controlar os esfíncteres (sobretudo durante o
dia)
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Desenvolvimento infantil: 3-4 anos

Desenvolvimento cognitivo
• Compreende a maior parte do que ouve e o seu discurso é compreensível para os adultos
• Utiliza bastante a imaginação: início dos jogos de faz-de-conta e dos jogos de papéis
• Compreende o conceito de "dois“
• Sabe o nome, o sexo e a idade
• Repete sequências de 3 algarismos
• Começa a ter noção das relações de causa-e-efeito
• É bastante curiosa e inquiridora

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Desenvolvimento infantil: 3-4 anos

Desenvolvimento moral

• Começa a distinguir o certo do errado



• As opiniões dos outros acerca de si própria assumem grande importância para a criança

• Consegue controlar-se de forma mais eficaz e é menos agressiva

• Utiliza ameaças verbais extremas, como por exemplo "Eu mato-te!", sem ter noção das suas
implicações

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Desenvolvimento infantil: 3-4 anos
Sinais de alerta

• Medos excessivos

• Ansiedade de separação extrema (grande dificuldade em se separar da mãe)



• Enurese noturna (faz xixi na cama sistematicamente)

• Timidez

• Inibição nas atividades lúdicas, por exemplo: não joga ao faz-de-conta; não faz jogos de papéis;
não se entretém a brincar sozinha

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Desenvolvimento infantil: 3-4 anos
Sinais de alerta (cont.):

• Comportamentos ritualísticos, sobretudo à volta da comida

• Problemas de fala persistentes: discurso incompreensível

• Excessivo medo de estranhos

• Falta de interesse pelos outros



• Não brinca com outras crianças

• Não compreende as diferenças de comportamento entre homens e mulheres

• Sono: Dificuldade em adormecer sozinho; Insónias.



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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Desenvolvimento motor

• Rápido desenvolvimento muscular



• Grande atividade motora, com maior controlo dos
movimentos

• Consegue escovar os dentes, pentear-se e vestir-se
com pouca ajuda

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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Desenvolvimento cognitivo

• Adquiriu já um vocabulário alargado, constituído por 1500 a 2000 palavras; manifesta um grande
interesse pela linguagem, falando incessantemente

• Compreende ordens com frases na negativa



• Articula bem consoantes e vogais e constrói frases bem estruturadas

• Exibe uma curiosidade insaciável, fazendo inúmeras perguntas

• Compreende as diferenças entre a fantasia e a realidade

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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Desenvolvimento cognitivo (cont.):

• Compreende conceitos de número e de espaço: "mais", "menos", "maior", "dentro", "debaixo",
"atrás“


• Começa a compreender que os desenhos e símbolos podem representar objetos reais

• Começa a reconhecer padrões entre os objetos: objetos redondos, objetos macios, animais...

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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Desenvolvimento emocional

• Gosta de brincar com outras crianças; quando está em grupo, poderá ser seletiva acerca dos seus
companheiros

• Gosta de imitar as atividades dos adultos

• Está a aprender a partilhar, a aceitar as regras e a respeitar a vez do outro

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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Desenvolvimento emocional (cont.):

• Os pesadelos são comuns nesta fase

• Tem amigos imaginários e uma grande capacidade de fantasiar



• Procura frequentemente testar o poder e os limites dos outros

• Exibe muitos comportamentos desafiantes e opositores

• Os seus estados emocionais alcançam os extremos: por ex., é desafiante e depois bastante
envergonhada

• Tem uma confiança crescente em si própria e no mundo;



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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Desenvolvimento moral

• Tem maior consciência do certo e errado, preocupando-se maioritariamente em fazer o que está
certo; pode culpar os outros pelos seus erros (dificuldade em assumir a culpa pelos seus
comportamentos)

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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Sinais de alerta

• Medos excessivos
• Ansiedade de separação extrema
• Enurese noturna
• Timidez
• Comportamentos de bullying (agressividade) relativamente aos pares
• Inibição manifesta nas brincadeiras e na linguagem
• Comportamentos ritualísticos, sobretudo à volta da comida
• Problemas na fala persistentes: Vocabulário pobre, inferior a 1500 palavras; Má articulação das
consoantes e vogais

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Desenvolvimento infantil: 4-5 anos
Sinais de alerta (cont.):

• Falta de interesse pelos outros

• Pouca capacidade para fantasiar

• Grande dificuldade em aceitar as regras

• Situações extremas de comportamentos desafiantes e opositores, com grande dificuldade de
auto-consolo

• Sono: Dificuldade em adormecer sozinho; Insónias


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NORMAL E PATOLÓGICO NA INFÂNCIA

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O que é o Normal e o Patológico na infância?

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O Normal e o Patológico na infância
Medicina somática: procura saber o que fazer pelo seu paciente (em vez de saber se é normal ou
patológico). Na saúde mental é diferente…
• • Éticas
Campo rodeado de problemas • Culturais
• Socias
• Políticas

• Contexto social
Não de pode ignorar: • Incerteza face ao crescimento da criança
• Posição familiar e social da criança

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O Normal e o Patológico na infância
A criança não vem com pedido próprio.
• Família
• Escola
Atitude considerada desconforme com:
• Vizinhos
• Assistente social

Baseado em critérios exteriors e adaptativos

Critérios de normalidade não podem resumir-se à attitude que motivou a consulta ou grelha de descodificação
sintomática.

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O Normal e o Patológico na infância
Problemas gerais:
A definição de normalidade está associada a 4 pontos de vista:
1. Normal enquano saúde, oposto à doença
2. Normal enquanto media estatística
3. Normal enquanto ideal, utopia a realizer ou da qual devemos aproximar-nos
4. Normal enquanto processo dinâmico, capacidade de retorno e um certo equilíbro
5.
Não existe definição simples e satisfatória de normal.

É necessário obter um Sistema de avaliação que vá além das atitudes sintomáticas

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O Normal e o Patológico na infância
Normalidade e comportamento sintomáticos:
A attitude manifesta (mentalizado ou realizado) apresenta, no meio do funcionamento mental da criança, ou poder
patogénico ou um papel organizador?

Descrição semiológica
+ Não bastam para definer o carácter patológico ou organizador
Determinação do comportamento

Deve considerer-se também uma avaliação dinâmica e económica

Caminho de maturação ou novos comportamentos sintomático

Intervenções estruturantes

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O Normal e o Patológico na infância
Normalidade e o ponto de vista estrutural:
Freud considerava que o homem são e o neurótico tinham pontos comuns:
• Mesmo conflito edipiano
• Utilizam os mesmos mecanismos de defesa
• Atravessam os mesmos estádios de desenvolvimento

A diferença está em: • Pulsões
• Intensidade das • Conflitos
• • Defesas

• Compulsão à repetição

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O Normal e o Patológico na infância
Normalidade e o ponto de vista estrutural (cont.):
Klein considerava que na Posição Esquizo-paranóide, os Mecanismos de Defesa usados e os conflitos eram
semelhantes aos dos psicóticos.

A neurose é uma forma correcta de curar estas angústias arcaicas

A diferença é quntitativa: a intensidade das pulsões agressivas pode provocar uma angústia tal, que a evolução
maturativa é bloqueada
• Inibição das tendências epistemofílicas
• Recalcamento da vida fantasmática

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O Normal e o Patológico na infância
A estrutura mental de uma criança tem muitas variáveis, e não se pode ver com clareza. É insuficente quando vista
isoladamente (movimentos de progressão e de regressão constantes)

A delimitação do Normal e do Patológico é mais incerta.

É necessário analisar as problemáticas tendo em consideração vários eixos (visão compreensiva)

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O Normal e o Patológico na infância
Normalidade e o ponto de vista genético: desarmonia e imaturidade

Processo de maturação: Processo de desenvolvimento:


• Factores internos que levam ao crescimento • Confronto da interacção entre a criança e o
• Factores somáticos ambiente
• Forças progressivas do desenvolvimento • Factores externos que podem desempenhar um
(criança tenta imitar “os grandes”, e papel positive ou negativo
tem desprezo pelo (mais)
“pequenos”)

O crescimento da criança não é um processo geneticamente programado na sua totalidade desde o nascimento

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O Normal e o Patológico na infância
Normalidade e o ponto de vista genético: desarmonia e imaturidade (cont.):

Anna Freud propôs avaliar as diferenças entre normal e patológico através de desarmonias das linhas de
desenvolvimento:
Independência afectiva:
Dependência Autonomia afectiva e Relações de Objecto adultas

Independência corporal:

Aleitamento Alimentação racional


Incontinência Controlo de esfícteres
Simbólico:
Corpo Brinquedo

Jogo Trabalho

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O Normal e o Patológico na infância
Normalidade e o ponto de vista genético: desarmonia e imaturidade

Imaturidade: remete para oa neurosifiologia

No campo da clínica refere-se geralmente a:


• Organização psicomotora
• Esfera afectiva/emocional

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O Normal e o Patológico na infância
Normalidade e o ambiente

A avaliação da imaturidade não pode ignorer o contexto.


Os critérios de avaliação devem considerar o entorno.

Crianças “patologicamente normais”:


• Hipermaturidade de crianças com pais psicóticos ou divirciados
• Conformismo

Crianças “normalmente patológicas”:
• Fobias na 1ª infância
• Comportamentos de rupture na adolescência

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O Normal e o Patológico na
infância
A normalidade no abstrato não existe; até certo ponto é
uma criação dentro das possibilidades e das aquisições
conquistadas.
(Ajuriaguerra, 1996)

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PRIMEIRA CONSULTA

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Primeira consulta
Entrevista:
• Realiza-se devido a um pedido de consulta, tem um objectivo ou tarefa – exploração, anamnese,
seguimento, etc – e necessita de certas condições:
• o entrevistador
• o enquadramento ou “setting” adequado.

• Entrevista verbal, o que implica uma comunicação não-verbal, que acompanha a palavra ritmada
pelo silêncio
• Relação assimétrica que ter a ver com a formação do clínico
• Clínico presente como interlocutor vivo e compreensivo, mas ausente da sua problemática
pessoal. O objectivo fundamental é de deixar falar o paciente, permitir-lhe falar das suas
dificuldades em fazê-lo, para que diga o que tem a dizer, o que quer dizer, o que pode dizer. Com
esta liberdade de palavra que nos esforçamos para lhe dar, não consegue dar que uma parte
limitada por reticências conscientes e resistências inconsciente.

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Primeira consulta
Entrevista (cont.):
• Neutralidade – não colocar julgamentos, de critica , de desaprovação.
• Neutralidade – não transmitir, mesmo involuntariamente, sinais que traiam o que sentimos ou não
• Neutralidade – tomar consciência do que sentimos e não sermos dominados por reacções que não
controlamos na compreensão do paciente, e na resposta que lhe reenviamos.
• Neutralidade – não é uma mascara profissional ou atitude forjada. É um trabalho activo para ser
claro com a sua problemática pessoal e impedi-la de interferir

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Primeira consulta
Entrevista (cont.):
O clínico , na sua neutralidade, não é inactivo. Deixa que sejam depositadas nele indícios, que
percebe conscientemente ou não : o vestuário, a postura, os gestos , a mímica, a entoação,etc.
Escuta num duplo registo : o que é dito e o que não é dito, o conteúdo manifesto e o conteúdo
latente.

• O clínico cala-se para deixar o outro falar, e fala para lhe facilitar a palavra.
• Palavra feita de intervenções e não interpretações
• Convite à liberdade da palavra que corresponde à atenção flutuante, à liberdade de escuta e de
associação do clínico

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Primeira consulta

Entrevista (cont.):
• Cliente vem sem grande conhecimento de causa, vem por pressão, por acaso, ou por sua
iniciativa pessoal, mas sempre com um certo desconhecimento do que pede e do que lhe
poderemos oferecer.
• Nossa disponibilidade não é sempre favorável ao estabelecimento de uma relação
• A nossa pessoa interfere e intervêm, mas por vezes podemos aprender mais com os nossos
erros do que com os nossos sucessos

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Primeira consulta

Entrevista: O que é mobilizado?


IDENTIFICAÇÃO:
• 1 – Compreensão empática do cliente pelo psicólogo
• 2 – identificação do sujeito ao psicólogo

PROJECÇÃO:
• 1- Projecção das memórias e de si mesmo
• 2- A projecção como defesa
• 3- Identificação projectiva

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Primeira consulta

Entrevista: O que é mobilizado?


CONTRA-TRANSFERÊNCIA:
• 1-Serenidade
• 2-”Bondade”
• 3-Ódio
• 4-Contra-transferência

•TRANSFERÊNCIA:
• Transfer positivo
• Transfer negativo
• Resistência pelo transfer
• Clivagem

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Primeira consulta
Entrevista: O que é mobilizado?
COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL:
• Mímica
• Comunicação táctil
• Utilização do espaço
• Manifestações neurovegetativas
• Vocalização
• Silêncio
• Comunicação não-verbal do psicólogo

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Primeira consulta
Entrevista. Setting:
• Enquadramento interno – características pessoais, formação e experiência do clínico, para
organizar a entrevista
• Enquadramento externo – condições externas, que dependem do psicólogo e do local onde
trabalha. Compreende o local, horários, espaço e tempo da entrevista, hábitos e
cumprimentar..

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Primeira consulta
Entrevista:
Além da vertente diagnóstica, a entrevista tem uma vertente terapêutica que depende da
possibilidade de expressar, de comunicar e partilhar as vivências, bem como da atitude receptiva
e continente do entrevistador. Juntamente com o seu modo de escutar, de relacionar dados e de
propor hipóteses, esta abordagem da experiencia emocional mostra ao entrevistado a sua forma
de lidar com ela , por vezes nova para ele.

Pedido:
• Pedido anterior à marcação da consulta – escola, pediatra, médico de família
• PAIS

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Primeira consulta
Primeira consulta:
• MOTIVO
• MOTIVAÇÃO
• MARCAÇÃO
• QUEM INDICA
• QUEM TRAZ CRIANÇA
• RECOLHA DA ANAMNESE
• INDICAÇÕES CLINICAS E TERAPÊUTICAS

• “O tratamento começa na primeira entrevista e o diagnóstico termina na ultima com a despedida..”


Eulália Torres de Bèa

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Primeira consulta
Entrevista: “Os pais vêm até nós para nos pedir algo. É necessário em
• EXPLORAÇÃO primeiro lugar compreender o que eles nos querem dizer e o
que nos pedem. Eles têm as suas ideias, as suas preocupações,
• DIAGNÓSTICO o seu diagnóstico e , possivelmente, têm já uma solução em
mente para os seus problemas. Nós não podemos impor-lhes
• PROGNÓSTICO os nossos preconceitos científicos, nem esquecer o enorme
• INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS esforço que representa da sua parte a sua presença perante
nós. È preciso ajudá-los aceitando ser para eles um
personagem da sua vida fantasmática, mas poder reagir de
forma diferente.”
João dos Santos (1963)

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Primeira consulta
Primeiro contacto:
• MARCAÇÃO TELEFÓNICA

• CARTA DE OUTROS TÉCNICOS

Estruturação da 1ª entrevista:
• Dos 0 aos 5/anos: Criança e pais juntos

• Dos 6 aos 13/14 anos: primeiro pais, depois criança só e finalmente família junta

• Dos 14 até 18 anos: Adolescente e pais juntos e depois adolescente sozinho

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Primeira consulta
Estruturação tempora da 1ª entrevista:
• Dos 0 aos 5/anos: 1 hora e 30 min

• Dos 6 aos 13/14 anos: Com pais – 40 min.; criança- 30min ; familia- 20min

• Dos 14 até 18 anos: Adolescente e pais juntos – 20 min. ; adolescente 70 min

Como iniciar?
• “ENTÃO O QUE OS TRAZ POR CÁ?”

• “O QUE OS PREOCUPA NO VOSSO FILHO/A ?”

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Primeira consulta
Objectivos principais:
• RECOLHA DO MOTIVO DA CONSULTA
• ANAMNESE
• OBSERVAÇÃO DA CRIANÇA
• COLOCAÇÃO DAS 1ª HIPOTESES DIAGNÓSTICAS
• COMPREENSÃO DO MODELO FAMILIAR

Pedido:
• Recolha do motivo de consulta
• Quem faz o pedido
• Porquê neste momento
• Urgência ou não
• Quem enviou

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Primeira consulta
Consulta psicológica com a criança: primeiras entrevistas
Riqueza de constelações psíquicas não permite mecanização da técnica

A forma de abordar um entrevista está sustentada na conceptualização que temos do psiquismo


humano

Abrir a possibilidade de não virem só os pais – pode haver surpresas que nos dão informações
importantes:
Entrevistas com pais não são de acordo com o estilo médico, como um lugar de recolha de dados, de
acordo com um questionário pré-estabelecido.

• Funcionamento como teoria da história pessoal como sendo cumulativa (procura de “traumas”).
• Os pais estão envolvidos e fazem parte da consulta. Temos de ouvi-los analiticamente.


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Primeira consulta
Não perguntar directamente sobre as fases do desenvolvimento – tem de se estabelecer um vínculo
transferencial:

• Permite que apareçam novos dados no relato (fantasias, angústias, desejos insconscientes etc.).
• Vão construindo uma história sobre a criança (fragmentada contraditória…), que por vezes muda ao
longo das entrevistas.

Pais e mãe com diferentes histórias e versões: ouvi-los para perceber em que é que esta criança os
incomoda:
• Que lugar ocupa a criança
• Com quem a identificam
• Como se dá na família a transmissão de fantasias.
• Comunicação consciente e inconsciente
• Contágio afectivo
• Defesas predominantes

Desde o início que devemos colocar-nos na pele de clínicos, e não como professores ou especialistas de
quem conhece os segredos da “criança ideal”


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Primeira consulta
As primeiras entrevistas com os pais:
Aparece o funcionamento psíquico de cada um dos pais, as diferentes fantasias sobre a criança, como cada
um fez a história e expectativas em relação ao filho.

Prestar atenção à linguagem não-verbal: gestos, tons, voz…

Importante perceber:
• Pais percebem o sofrimento dos filhos?
• Estão tristes ou irritados?
• A tónica está no que a criança sente, ou no seu efeito nos outros?

O outro é um semelhante diferente, que nos fala como pode do seu sofrimento. Perceber como a criança é
investia e identificada pelos outros.


• 126
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Primeira consulta
Anamnese:
1. GRAVIDEZ
• Desejada ou não
• Vivência subjectiva
• Evolução objectiva

2 – PARTO
• Informação médica – eutócico, apgar, etc..
• Vivência materna



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Primeira consulta
Anamnese (cont.):
3 – PÓS-PARTO
• Primeiras reacções da mãe
• Contacto precoce
• Amamentação
• Retorno a casa
• Apoio familiar

4 – PRIMEIROS ANOS DE VIDA
• Descrição do bebé
• Sono
• Alimentação
• Doenças corporais e acidentes
• Quem tomou/toma conta da criança

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Primeira consulta
Anamnese (cont.):
5 – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
• Sorriso
• Segurar cabeça
• Sentar
• Gatinhar
• Marcha livre
• 8ºmês
• Controle dos esfíncteres

6 – AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
• Tempo
• Qualidade articulatória
• Qualidade da linguagem

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Primeira consulta
Anamnese (cont.):
7 – SEPARAÇÃO
• Descrição das separações realmente ocorridas
• Reacção às separações quotidianas

8 – SOCIABILIZAÇÃO
• Reacção aos outros

9 – PERCURSO ESCOLAR
• Creche
• Jardim de Infância
• Pré-primária
• Primária
• etc
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Primeira consulta
Anamnese (cont.):
10 – SINTOMAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA
• Alimentares
• Sono
• Psicomotores
• Esfíncteres
• Dificuldades de aprendizagem
• Medos e fobias
• Ansiedade

11 – FAMILIA
• História da mãe
• História do pai
• Relações intra e extra familiares

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Primeira consulta
A criança:
• “O MEU PEDIDO”
• “PORQUE VENHO?”
• “QUEM ÉS TU?”
• “O QUE ESPERO DESTA RELAÇÃO”

Observação da criança:
Investigar :
• 1. relação pais / criança
• 2. relação com família
• 3. relação com pares

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Primeira consulta
Observação da criança:
Investigar :
• 1. interesses (“ o que gostas mais de fazer, e o que gostas menos?”)
• 2. capacidade em fantasiar (“costumas sonhar?”)
• 3. medos e ansiedades

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Primeira consulta
Tipos de avaliação:
• AVALIAÇÃO BASEADA NA CLINICA

• AVALIAÇÃO PADRONIZADA

Deve constar de :
• Teste de inteligência (WISC, WISC-R, etc)
• Testes grafo-perceptivos (Bender, Rey)
• Testes projectivos (CAT, TAT)
• Desenho livre
• Desenho da família

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Primeira consulta
Avaliação psicológica
Depende de :
1. Pedido
2. Percepção clínica da situação
3. Atitude dos pais
4. Destinatário do relatório

Relatório
Deve constar de :
• Observação sobre comportamento, linguagem, atitude da criança
• Descrição dos testes
• Analise descritiva e qualitativa dos subtestes da prova de inteligência
• Analise qualitativa dos testes grafo-perceptivos
• Analise qualitativa dos testes projectivos
• Conclusão – descrição da situação clínica sem rotular , métodos de intervenção e estratégias
pedagógicas, indicações terapêuticas
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Primeira consulta
Indicações terapêuticas:
• Intervenção psicopedagógica
• Consultas terapêuticas
• Psicoterapia com a criança
• Psicoterapia com os pais
• Encaminhamento para outros técnicos

Consulta terapêutica:
• Espaçada no tempo (2x por mês, mensal..)
• Utilização do desenho
• Utilização do Squiggle
• Entrevistas periódicas com os pais

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Primeira consulta
Consulta terapêutica (cont.):
• Características da criança - Self suficientemente coeso, ultrapassando a posição depressiva. Vive
conflitualidade edipiana
• Características da família – incapacidade face ao sintoma
• Características da criança – organizações neuróticas , angústia de separação, fobia escolar,
fobias edipianas, algumas perturbações da aprendizagem, perturbações do comportamento
• Terapeuta com papel mais activo que o psicanalista, mas utilizando , na mesma, a transferência
e contra-transferência
• Experiência emocional correctiva – situações de crise
• Setting mais abrangente, mais móvel com diversos personagens em analise

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Primeira consulta
Consulta terapêutica (cont.):
• Foco e nível de interpretação
• Focalizar no aqui e agora
• Intensidade do clima emocional modelado pela aliança terapêutica
• Valorização da transferência positiva
• Perspectivar a separação
• Defesas diminuídas que implicam maior receptividade a uma intervenção na crise
• Objectivo terapêutico é desdramatizar a crise, favorecer a elaboração psíquica que conduza a
uma mudança
• Apostar no dinamismo do processo evolutivo da criança e na capacidade de elaboração e
mudança dos pais
• Aumento do insight – maior diferenciação entre realidade interna e externa, entre sujeito e
objecto
• Trabalho sobre o processo de separação e individuação
• Interacção psíquica entre pais e filhos


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Primeira consulta

PSICOTERAPIA
“ A psicoterapia focaliza-se nos obstáculos para confiar e nas barreiras para uma comunicação livre, as
barreiras que o self ergueu para se proteger de si próprio e dos outros. Estas auto-defesas e as
ansiedades subjacentes podem ser , calma e cuidadosamente atendidas e compreendidas pelo
terapeuta e pela criança.
As perdas podem ser apaziguadas . As agressões podem ser sanadas. A criança pode ser ajudada a
compreender os seus sentimentos e as suas respostas.
Gradualmente, pode tornar-se senhora da sua própria casa, consciente dos seus sentimentos e
responsável pelas suas acções. A Psicanálise, que pesquisa medos arcaicos e ansiedades ligadas a
estados primitivos do desenvolvimento, leva a que cada individuo possua o seu passado, e tome ,
então , responsabilidade pelo seu futuro.”
MARGARET HUNTER (2001)

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Primeira consulta
Psicoterapia:
Princípios e prática:
• Um lugar especial
• Tempo e laços
• Setting controlado
• Caixa lúdica
• Regras do contrato

O que torna uma relação terapêutica
• Não é uma relação recíproca
• Não é uma relação estabelecida espontaneamente
• Espaço especial
• Estilo do terapeuta
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Primeira consulta
Psicoterapia:
Conceitos-chave
• Transferência/contra-transferência
• Ansiedades e defesas
• Interacção entre mundo interno e externo
• Comunicação e interpretação no contexto da relação terapêutica
• Contenção e suporte emocional

Consentimento, confiança e confidencialidade
• Confidencialidade – para proteger a criança e não o terapeuta
• Consentimento – dos pais e da criança
• Confiança – da criança no terapeuta

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Primeira consulta
Psicoterapia:
O gabinete
• Lugar para que os problemas se apresentem “ao vivo”
• Lugar em que os problemas podem ser observados e pensados
• Lugar em que criam novas possibilidades para lidar com as dificuldades
• O mundo interior da criança é compreendido como o espaço mental representado no espaço físico
do gabinete.
• Articulado com o pensamento do terapeuta e devolvido à criança conforme as ideias e empatia do
mesmo
• Mente do terapeuta é parte do espaço terapêutico

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Primeira consulta
Psicoterapia:
Consistência
• Provoca maior capacidade de análise das variações de humor, brincadeira e comportamento da criança

A Caixa Lúdica
• Família
• Animais
• Soldados
• Carros
• Etc.

• Ordem e desordem
• Rigidez e flexibilidade
• Criatividade e destrutividade
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Primeira consulta
Psicoterapia:
Relação transferêncial
• Terapeuta utiliza o seu Self psicanalítico para dar sentido ao mundo interno da criança
• Terapeuta procura descobrir quais as figuras internas que povoam o mundo interno da criança
• Procura entender qual o modo como a criança se protege da dor, do sofrimento, da ansiedade...
• Procura entender quais as experiências que dão prazer e auto-estima à criança
• Contra-transferência é o corolário da transferência, na medida em que mantém uma vigilância
analítica sobre a criança
• Reacção que o terapeuta não reconhece como habitualmente sua
• Ferramentas para a criança compreender as suas vivências conscientes e inconscientes
• Atenção flutuante

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Primeira consulta
Psicoterapia:
Critérios para uma psicoterapia
• Self da criança
• Mundo objectal da criança
• Problemas graves de desenvolvimento emocional, com diferentes graus
de complexidade e variedade
• História pessoal de cada criança
• Relação primária da criança
• Adequação à idade real
• Fixação do sintoma ou do desenvolvimento

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Primeira consulta
PSICOTERAPIA- Perfil Diagnóstico Anna Freud (1965)
• Capacidades do Ego e sua força
• Capacidade para estabelecer relações , qualidade dessas relações
• Natureza e dimensão da ansiedade
• Vulnerabilidade narcísica
• Natureza dos seus conflitos, desejos e fantasias
• Tendência para um desenvolvimento regressivo ou progressivo

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Primeira consulta
Psicoterapia:
• Natureza das defesas e ansiedades
• Desenvolvimento do ego
• Domínio do Self


Comportamento agressivo:
• Necessidade em estabelecer regras desde inicio, ou durante
determinado período de tempo
• Criança livre em se expressar sem se magoar, danificar a sala ou magoar
o terapeuta
• Capacidade de compreensão pelo terapeuta do sentido desse
comportamento

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Primeira consulta
PSICOTERAPIA – Quando terminar a psicoterapia
• Diminuição da ansiedade
• Harmonia das defesas utilizadas
• Processo de cura de experiencias traumáticas
• Restabelecimento do processo de desenvolvimento
• Melhoras na relação da criança com família e pares
• Self coeso
• Maior capacidade em pensar nos seus afectos e nos dos outros

• Dar tempo para a criança expressar sentimentos de tristeza e perda
• Contra-transferência
• Percepção dos momentos de separação para férias

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JOGO E DESENHO

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O JOGO

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O jogo na clínica infantil
Jogo:
Tem lugar importante e é difícil interpretá-lo.
• Amar
• Falar
• Aprender

Tudo começa com o jogo



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O jogo na clínica infantil
No jogo conjugam-se:
• Pulsões
• Fantasias
• Pensamentos
• Traumas
• Repetições
• Ausências

Modo priveligiado de elaboração do traumático

Transformar o passivo em activo, e dominar as suas impressões



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O jogo na clínica infantil
O jogo supõe:
• Realização deformada de desejo
• Substituição numa cadeia de representação
• Os destinos pulsionais precoces (transformação passivo em activo)
• Construção de um produto novo com base numa história
• Apoio em objectos tangíveis ao mundo (aos quais se dá um sentido particular)
• Possibilidade de ligar o que veio ao de cima sem palavras (sem mediação)

Tipos de jogo:
1. Jogo de presença-ausência
2. Jogo de personagens (dramatização do mundo fantasmático)
3. Jogo com regras (sujeição a normas e a leis)
4.

Determinam-se pelo grau de estruturação psíquica


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O jogo na clínica infantil
Jogo de presença-ausência:
Esconder-se atrás da cortina e atirar repetidamente objecto. Procura realizar os desejos
através da repetição de movimento e acções

Evidenciam um funcionamento psíquico marcado pela oposição ausência-presença

Trata-se da repetição transformadora, da simbolização da ausência


• Escondidas
• Esconder objectos e procura-los
• Apagar e acender a luz


Ir dando significado, e ligar palavras às acções

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O jogo na clínica infantil
Jogo de presença-ausência (cont):
As crianças, no início, supõem que se não nos vêem, então os outros também não as vêem.

Valor do olhar na estruturação psíquica + lógica narcisista (o bebé pensa que gera o mundo)

Atirar objectos e escondê-los:

Simboliza, através do objecto, a conquista do espaço e o domínio sobre o aparecer e


desaparecer no mundo

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O jogo na clínica infantil
Jogo de personagens-dramatização:
Meninas: princesas
Meninos: super-heróis

Surgimento do Édipo!

Possibilidade de movimentos identificatórios:


• Registo das diferenças sexuais
• Construção de fantasias e teorias sexuais infantis
• O brinquedo adquire significação mais precisa com base na história da criança

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O jogo na clínica infantil
Jogo de personagens-dramatização (cont.):
Crianças falam de si mesmas através dos outros

Há que permitir fazê-lo (é menos assustador)

Ir interpretando os desejos, medos e dores do “outro”

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O jogo na clínica infantil
Jogo com regras:
Desidealização dos pais permite linguagem abstrata e pensar-se a si mesmo

Faz-se primeiro em termos projectivos

Abandono dos pais como omnipotentes (de quem depende toda a renúncia pulsional)

Possibilita a incorporação de normas e leis como provenientes da ordem social, dando origem
a um pensamento mais abstrato.

Possibilidade de jogo com regras

Pressupõe uma certa estabilização da divisão intersistémica, com a constituição de 3


instâncias (Id, Ego e Superego) como diferenciadas.
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O jogo na clínica infantil
Jogo com regras (cont.):
Jogo com regras: quase todos implicam competição (ver quem ganha)
• Crianças que desesperam por ganhar e não desfrutam o jogo (supõe que perder é ficar sem
lugar no mundo)
• Crianças que quando estão a ganhar, começam a deixar-se perder (sentem que destroem
o outro)

Cada jogo remete para diferentes coisas, e cada criança o usa de forma diferente para nos
dizer algo.

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O “brincar” do clínico
A criança não vai para a sessão para “brincar”, mas o jogo é o modo privilegiado de expansão

Não deve haver censura nem objectivos pedagógicos.

Paciente que não joga:


• Não construiu possibilidade de simbolizar
• As possibilidades de simbolizar estão reprimidas
• As possibilidades de simbolizar estão inibidas

Trabalho analítico de construção de possibilidades e retirar obstáculos internos
1. Nomear os afectos
2. Sair do jogo e interpretar a situação na criança (impacto)

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O “brincar” do clínico
Intervenções:
• A partir do jogo:
• Dizendo ao personagem escolhido o que se supõe que se passa com a criança
(ligar representação e afecto)
• Criando situações a partir do personagem: assumir o lugar de personagem
escolhido
• Armar o jogo para permitir a encenação dos conflitos
• Incluir variações, como formas de intermediação: quando se repete uma
sequência sempre idêntica, ir variando a forma do jogo (sequência, introdução
de novos elementos) que permite complexificar o mundo representacional

• De fora do jogo:
• Ligar o que acontece no jogo com a história da criança

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O DESENHO

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O desenho na clínica infantil
Não se pode interpretar o desenho com uma “chave” de símbolos fixos

A evolução do desenho não é linear, como defende a perspectiva evolucionista (a criança tem
avanços e recuos no desenvolvimento)

Ter também em consideração gestos, palavras e sequências dos desenhos na sua


interpretação

Vivências colocadas no desenho resultam de:


• Pulsões
• Defesas
• Tipo de pensamento predominante
• Funcionamento psíquico de outros significativos

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O desenho na clínica infantil
Aspectos a ter em considereção na interpretação:
• Idade
• Momento de vida da criança
• Transferência

Diferentes tipos de produção gráfica:
1. Rabisco
2. Desenho representativo
3. Desenho “realista”, desenho animado

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O desenho na clínica infantil
O RABISCO:
2 momentos:
1. Produção de traços por simples actividade motora, sem intenção figurativa
2. Aparecimento de formas fechadas, às quais se dá um sentido a partir da verbalização de
outros
3.
1. Produção de traços por simples actividade motora, sem intenção figurativa
Contacto com a matéria e deixar marca (efeito exterior ao próprio)

Apropriação do meio (pulsão de domínio): dominar o mundo e o próprio corpo (movimento


para fora ou para dentro)

Quando a criança inibe os desejos expulsivos, o traço começa a fazer formas

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O desenho na clínica infantil
O RABISCO (cont.):
O rabisco está ligado ao prazer (não pela qualidade estética do desenho, mas pelo movimento e o registo
do acto)

Diferentes tipos de motricidade:


• Descarga violenta ligada à sexualidade
• Acção (pensamento em acto): dizer o que ainda não pode ser expresso em palavras
• Procedimentos para acalmar-se: desenhar compulsivamente a mesma figura

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O desenho na clínica infantil
O RABISCO (cont.):
2. Aparecimento de formas fechadas, às quais se dá um sentido a partir da verbalização de outros
Linhas fechadas: modo da criança de representar a ela mesma
Começo da diferenciação continente-conteúdo

Construção de categorias:
• Dentro-fora
• Cima-baixo

Noção de espaço: constituição do Eu

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O desenho na clínica infantil
O DESENHO REPRESENTATIVO:
As crianças começam a ligar desenho e palavra quando começas a registar as relações triangulares.
Desenham em função de:
• Vivências pessoais
• Forma como podem estruturar as suas representações
• Possibilidade de articular motricidade e percepção

O desenho é expressivo: expressa a visão da criança (sensações e afecto)

Começa a simbolizar um tipo de linguagem particular.

Figura humana: a criança vai-se desenhando

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O desenho na clínica infantil
O DESENHO REPRESENTATIVO (cont.):
Por volta dos 8 anos dá-se a inclusão da dimensão temporal no desenho

A criança começa a fazer relatos gráficos (sequências e localizações temporais)

Estabilização da diferença entre pré-consciente e inconsciente

Até esta altura, é normal existir uma sobreposição espacial e temporal nos desenhos

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O desenho na clínica infantil
O DESENHO REPRESENTATIVO (cont.):
Diferenças entre rapazes e raparigas:
• Meninas:
• Priveligiam a estética
• Linhas redondas
• Enchem a folha com objectos: flores, corações, figuras humanas (maioritariamento femininas)
• Meninos:
• Linhas rectas
• Usam folha toda ou só uma parte
• Carros, aviões, animais, guerras, monstros
• Mais preocupados com o “realismo” do desenho

As diferenças prendem-se com as diferentes formas de meninos e meninas vivenciarem o Édipo

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O desenho na sessão. Intervenção do clínico

Quando a criança fala enquanto desenha, a interpretação deve ter em consideração os 2 registos:
• Verbal
• Gráfico


• Perguntar
• Pedir para fazer histórias
• Recordar cenas semelhantes

As crianças também fazem desenhos especificamente para outras pessoas (prendas).

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O desenho na sessão. Intervenção do clínico
A interpretação (interpretação analítica + intervenções estruturantes).
Factores a ter em consideração para interpretar o desenho:
• Tipo de movimento (centrífugo ou centrípeto, amplo ou estrito, firme ou tremido etc.)
• A intensidade do traço
• Se ocupa ou não toda a folha (ou em que lugar está localizado), se há localização espacial: cima-baixo,
direita-esquerda. A organização do espaço gráfico dá-nos ideia de como a criança organiza o seu
espaço psíquico
• Se pinta o desenho e como. É importante pensar o tema da cor, ligado às possibilidade motrizes e à
história da criança
• Em que momento da sessão e em que sequência se dá (sequência dentro da sessão, sequência de
desenhos e sequência de sessões)

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O desenho na sessão. Intervenção do clínico
A interpretação (interpretação analítica + intervenções estruturantes).
Factores a ter em consideração para interpretar o desenho (cont.):
• Quais são as associações verbais da criança em relação ao conjunto de desenhos o a alguma das suas
partes. É inevitável perguntar a sobre o desenho e as suas partes (nos casos que a criança pode falar)
• Outras associações: jogos, gestos…
• Se apaga ou não, quando e o que apaga, se deixa ver o desenhado debaixo do que foi apagado
• O que se repete
• Quando interrompe o desenho
• Qual o estado afectivo da criança enquanto desenha

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O desenho na sessão. Intervenção do clínico
Não é necessário interpretar todos os desenhos. Às vezes é necessário:
• Acompanhar
• Esperar
• Permitir a abertura

A qualidade gráfica muda ao longo da terapia:


• Piora nos momentos de regressão
• Melhora no final da terapia (geralmente)

Pasta pessoal com desenhos: sensação de continuidade


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O desenho na sessão. Intervenção do clínico
Representação visual é anterior à verbal

Desenho é um tipo de linguagem que pode ser expressão de:


Actividade pulsional
Fantasias
Expressão de pensamentos Pré-Conscientes

Abre caminho paraacedermos ao mundo interno da criança


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O SQUIGGLE

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ADOLESCÊNCIA

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O QUE É A ADOLESCÊNCIA?

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Adolescência

“a pessoa cresce nesta idade enquanto a natureza lhe deve ainda


tamanho”
Adolescere - Crescer (Ariès, 1988, p. 42)

“É anormal ser normal na adolescência.”


(Hill e Fortenberry, 1992)

“seria anormal a presença de um equilíbrio estável durante o


processo adolescente”
(Anna Freud, 1987)
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Adolescência

“Gostaria antes de mais de reflectir sobre o que é a adolescência e se esta existirá de


facto. Adolescência é um termo utilizado pelos «velhos» – enfim pelos que já não se
consideram adolescentes. Nunca ouvi um adolescente a dizer: sou um adolescente. Um
adolescente diz: «sou um ser humano, e sou um ser humano que tem dor de viver (ou
que não tem dor de viver, segundo os casos), mas sou um ser humano». E muitas vezes é
a condescendência dos mais velhos, que dizem a esse ser jovem e que se empenha na
vida duma maneira assaz impressionante: «bem, tu não passas de um adolescente, isso
passa-te…»”

René Diatkine (1986)

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Adolescência

Na adolescência “a transformação de ideais, a influência dos estereótipos,


a hipersensibilidade aos mass media vão dar um colorido particular às
identificações. (...) Na adolescência, todo o edifício identitário adquirido é
posto em causa.”
(Matos, 2005)

“está em jogo a construção, a criação e o tornar-se.”


(Marques, 2001)

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Modelos de compreensão da adolescência

Modelo Fisiológico

• Puberdade : resultante de uma reacção biológica em que inicialmente as hormonas


hipotalamícas intervêm sobre a hipófise produzindo gonadotrofinas, que estimulam as
gonadas a produzir hormonas sexuais diferenciando os sexos.

• Inicio aos 11 anos para rapariga e 13 para o rapaz.

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Modelos de compreensão da adolescência

Modelo Sociológico

• Quanto mais complexa e conflitual é a sociedade onde o adolescente se desenvolve , mais


longo e complexo é este momento do seu desenvolvimento.

• Papel familiar do adolescente.

• Integração no grupo de pares.

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Modelos de compreensão da adolescência

Modelo Psicanalítico

• Morte da imagos parentais, na condensação fantasmática da agressividade que se liga a todo o


processo de individuação.

• Perda do objecto primitivo.

• Perda do objecto edipiano.

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Modelos de compreensão da adolescência

Modelo Psicanalítico (Peter Blos e Erik Erikson)

• Adolescência como etapa vital para o desenvolvimento com vários estádios em que o seu
cumprimento e passagem levam à idade adulta

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Modelos de compreensão da adolescência

Modelo Cognitivo (Piaget)

• Estádio de maturação do sistema nervoso

• Experiência adquirida no meio físico e social

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Modelos de compreensão da adolescência
Erikson | Estádios
● ● Freud | Fases psicossexuais ● Piaget | Estádios
● psicossociais cognitivos
● 0M-12/18M ● confiança básica / ● 0M-12/18M ● oral ● 0M-2A ● sensório-

desconfiança motor
● 12/18M-3A ● autonomia / vergonha e ● 12/18M-3A ● anal ● 2A-7A ● pré-

dúvida operatório
● 3A-6A ● iniciativa / culpa ● 3A-6A ● fálica
● 6A- ● produtividade / ● 6A-puberdade ● latência ● 7A-11A ● operatório-
puberdade inferioridade concreto
● puberdade- ● identidade / confusão de ● puberdade- ● genital ● 11A- ● operatório-
adulto jovem papéis idade adulta Idade formal
adulta
● adulto jovem ● intimidade / isolamento

● adulto na ● generatividade /
meia-Idade estagnação

● adulto idoso ● integridade do Eu /


desespero
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Modelos de compreensão da adolescência

“O adquirir e tornar estável uma identidade pessoal, a aquisição de competências de


relacionamento, o estabelecimento de uma autonomia da familia de origem, a aquisição de
estabilidade emocional e o lidar com novos sentimentos, o aprofundar de interesses, a
escolha de uma ocupação e a humanização de valores”

(Erikson, 1976)

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Modelos de compreensão da adolescência

• Instalar da adolescência caracterizada pelas transformações corporais e um aumento


quantitativo da força instintiva e pulsional.

• Primeira adolescência é a procura do amigo idealizado, vindo a fazer concorrência aos pais.

• Adolescência estabelecida é a procura do primeiro amor e de uma relação sexual e dos seus
equivalentes.

• Fim da adolescência , momento de consolidação da representação enquanto sujeito.

• Pós adolescência como entrada no mundo dos adultos mas mantendo ligação ao mundo
infantil em certos aspectos.

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Modelos de compreensão da adolescência
Modelo Psicanalítico (Amaral Dias, 1991)

• Luto pela fonte de segurança.

• Luto renovado do objecto edipiano.

• Luto pelo Ideal do Eu.

• Luto pela bissexualidade.

• Luto do grupo.

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Adolescência e Psicanálise
Freud e a Teoria da Sexualidade
• Puberdade é o inicio das transformações que levaram a vida sexual infantil à
sua forma definitiva e normal.

• Bernfeld, 1915

• Helen Deutsch, 1925

• Hermine von Hug Hellmuth, 1924

• Melanie Klein, 1932

• Anna Freud

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Adolescência e Psicanálise

Winnicott

“Não existe que um único remédio na adolescência (…) é o tempo que passa e os processos de
maturação graduais que chegam finalmente à pessoa adulta. Não podemos nem os acelerar,
nem os atrasar, mas intervindo, arriscamos interrompê-los e destrui-los ou ainda podem partir
no seu interior e levar à doença mental”

(Winnicott, 1962)

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Adolescência e Psicanálise

Melanie Klein

Os distúrbios psíquicos subjacentes à adolescência são entendidos como repetição dos infantis, e
nenhuma especificidade será levada em conta em função das diferentes categorias etárias, apenas é
levada em conta a técnica de intervenção terapêutica – associação verbal versus jogo.

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Adolescência e Psicanálise
Anna Freud

• Recusa misturar a técnica das crianças e dos adultos com a dos adolescentes

• A emergência pulsional da puberdade provoca um desequilíbrio entre o Id e o Eu e enfraquece este


ultimo. Deste modo, os adolescentes têm uma baixa tolerância à frustração e são impelidos à busca do
prazer imediato mais do que satisfações de substituição, sublimatórias. Mais ainda, a angústia ligada ao
enfraquecimento do Eu induz uma regidificação das defesas. Estas particularidades são uma contra-
indicação à cura clássica.

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Adolescência e Psicanálise
Moses Laufer

Clinica de Hampstead formula uma teorização original da Psicopatologia do adolescente. A


psicopatologia é estruturada em termos de cesura no desenvolvimento, no impasse, na paragem
prematura e não em referência à nosografia psiquiátrica tradicional, como no adulto.

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Adolescência e Psicanálise
Peter Blos

• Diferencia a pré-adolescência (caracterizada por um medo omnipresente de passividade e submissão


à mãe arcaica, acompanhada de uma idealização defensiva do pai) do inicio da adolescência
(manifestada através duma mudança qualitativa das pulsões e do relegar para segundo plano da
pré-genitalidade em relação à elaboração do Complexo de Édipo).

• Adolescência como “segundo processo de individuação”.

• Importância do pai na saída da díade primitiva. Pode implicar uma fixação à sua grandiosidade, com
riscos de evolução homossexual e entrave à constituição do Ideal do Eu adulto.

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Adolescência e Psicanálise

Philippe Gutton (1991)

Distingue a puberdade, tempo explosivo, com livre curso da “loucura” incestuosa e parricida, e a
adolescência , tempo de sucesso marcado pela constituição do Superego e do Ideal do Eu adultos.

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Ser adolescente
Construção da identidade:

• Identidade no seio de um novo grupo

• Amor/Ódio

• “Sobrecarga instintual”

• Tendência à acção

• Desapego/nostalgia face aos objectos primários

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Ser adolescente

Construção da identidade:

A relação entre o Ego e o Ideal do Ego é marcada com o devir pessoal, e vem depois de uma relação
passiva com os projectos e desejos dos pais.

Corpo do Adolescente:

 Necessidade de manter um sentimento de continuidade da existência num corpo em mudança.

 Necessidade de integrar esta transformação pubertária no funcionamento psíquico.

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Ser adolescente

Construção da identidade (cont.):

• Necessidade de se separar dos pais/medo de se perder.

• Homicídio dos pais.

• Relação do adolescente com o seu corpo revela o tipo de relação que estabeleceu com os pais.

• Sexualidade adulta

• Plano individual

• Plano social

• Objectivos profissionais

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Ser adolescente

Construção da identidade (cont.):

Coimbra de Matos

 Auto-identificação

 Identificação - Identidade de espécie, identidade de género, duplo narcísico

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Ser adolescente

Crise na adolescência:

Oscilação entre o investimento objectal e o investimento narcísico e, nesta ligação, existe o


núcleo da psicopatologia.

Amor e sexualidade:

• Puberdade na rapariga: pilosidade, seios, menarca.

• Puberdade no rapaz: pilosidade, primeira ejaculação.

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Ser adolescente

Amor e sexualidade (cont.):

• Início da masturbação;

• Cenário amoroso;

• Fantasias;

• Relação sexual e amorosa.

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Ser adolescente

Amor e sexualidade (cont.):

• Perturbações no início da sexualidade;

• Ausência de relações sexuais;

• Ausência de masturbação;

• Ausência da fantasia;

• Homossexualidade;

• Gravidez;

• Abuso sexual.

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Ser adolescente

Escola:

• Factores afectivos;

• Factores cognitivos;

• Factores familiares.

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Ser adolescente

Família:
• Crise dos pais;
• Protecção e contenção;
• Incesto
• Estabelecimento de limites;
• Luto;
• Autonomização;
• Adolescência dos pais;
• Autoridade parental.
• Resto da família.

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NORMAL E PATOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA

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O que é o Normal e o Patológico na
adolescência?

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O Normal e o Patológico na adolecência
Normal e patológico:

 Multiplicidade de comportamentos desviantes

 Habilidade

 Dificuldade em estabelecer a organização estrutural subjacente

 Esfumar do quadro nosológico habitual

 Papel da da família e ambiente social

Maiores dificuldades em estabelecer a diferença entre Normal e Patológico

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O Normal e o Patológico na adolecência
Limitações no estabelecimento da diferença entre Normal e Patológico:

 Normalidade estatística: arrisca-se a retirar significado alguns comportamentos (e.g.:


suicídio)

 Normalidade numa perspectiva sociológica: arrisca rejeitar a totalidade da


adolescência no campo patológico (em função dos comportamentos anti-
sociais)

 Normalidade como oposto à doença: “Adolescente-doença?”

Coloca-se frequentemente a questão: O adolescente vai ser um adulto normal, ou vai


estagnar na patologia?


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O Normal e o Patológico na adolecência
Como avaliar?

É necessário fazer uma avaliação global do desenvolvimento (avaliar os comportamentos


isoladamente é demasiado simplista)

Permite:

• Identificar interferências

• Precisar o risco de patologia

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O Normal e o Patológico na adolecência
Como avaliar?

2 modalidades de análise:

• Fluidez vs. Rigidez (dos comportamentos): avaliar a interferência dos


comportamentos no funcionamento global da personalidade

• Acontecimento actuais e organização mental historicamente construída

• Impedimento mais ou menos significativo que os comportamentos para a


continuação do desenvolvimento psíquico

• Análise prospectiva sobre interacções entre os acontecimentos actuais e o


processo psíquico em construção

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O Normal e o Patológico na adolecência

Normal e patológico na adolescência:

· Significado adaptativo do sintoma ou do comportamento em causa;

· Relação coerente, ou não, com o funcionamento global do indivíduo;

· Sincronia, ou não, com a fase evolutiva;

· Rumo futuro.

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O Normal e o Patológico na adolecência

Coimbra de Matos

Patologia: desacordo com a textura da pessoa, o que representa atraso ou hipermaturação, a revivência de
conflitos já supostamente resolvidos.

 Defeitos e deformações do Eu;

 Formas menos rendíveis para o próprio e incómodas para o outro;

 Caracteres patológicos;

 Sofrimento.

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O Normal e o Patológico na adolecência
Patologia

1. Conflito intrapsíquico;

2. Estrutura psíquica;

3. Sofrimento implícito ou revelado;

4. Sinais de fragilidade - pert. na inf.;

5. Duração da perturbação;

6. Intensidade;

7. Interferências com o funcionamento global da personalidade.


8.

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O Normal e o Patológico na adolecência

Tipos de perturbações:

 Perturbações do carácter

 Perturbações corporais

 Perturbações alimentares

 Perturbações do sono

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O Normal e o Patológico na adolecência

Patologia do acting Depressão Loucura Droga

· Violência e delinquência · Abatimento; · Psicose; · Drogas leves;

· Violência em família · Suícidio. · Delírio; · Heroína;

· Suicídio · Angústia. · Ácidos e pastilhas.

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O Normal e o Patológico na adolecência

Droga

· Tipo de consumo;

· O consumidor;

· Frequência.

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ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
ENTREVISTA E TESTES

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Abordagem diagnóstica
Entrevistas:
As primeiras entrevistas têm um peso consideravel no desenrolar do processo terapêutico

Carácter maciço da Transferência e da Contratransferência

Pode resultar num impasse terapêutico

Preocupações iniciais do clínico:


• Avaliar funcionamento psíquico do adolescente
• Avaliar qualidade das interacções familiares

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Abordagem diagnóstica
Entrevistas (cont.):
Princípios e objectivos das primeiras entrevistas:
Avaliação gglobal para estabelecer:
• Diagnóstico
• Prognóstico
• Terapêutica

1. Qualidade das relações com o adolescente e a sua família. O problema diagnóstico:


Perigos do diagnóstico na adolescência:
• Dificuldade em fazer coincidir uma fase móvel e evolutive da vida, e um quadro nosológico fixo
• Risco de atribuir um comportamento Ruidoso, incómodo ou inquietante para os que o cercam (família,
soceidade) o poder de denunciar o conjunto do funcionamento mental
• Risco de projecção e ancoragem operado pelo diagnóstico realizado e pelas contra-atitudes que ele suscita
(no adolescente e no meio familiar)
• Flutuações frequentes dos níveis de funcionamento psíquico do adolescente

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Abordagem diagnóstica
Entrevistas (cont.):
1. Qualidade das relações com o adolescente e a sua família. O problema diagnóstico (cont.):
Não haver diagnóstico também é perigoso!

Como queilibrar estes 2 aspectos?

Mais do que identificar comportamentos sintoma, deve tartar-se de analisar o funcionamento psíquico do
adolescente, e ligar às interacções familiares

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Abordagem diagnóstica
Entrevistas (cont.):
1. Qualidade das relações com o adolescente e a sua família. O problema diagnóstico (cont.):
• Análise da psicopatologia individual
• Plano diacrónico (história indvidual)
• Plano sincrónico (dimensões económica e dinâmica)
• Qual será o entrave ao conjunto do funcionamento psíquico?
• Qual a desorganização no campo social que é por ele provocada?
• Existem investimentos não conflituosos preservados?
• Qual é a parte não-patológica da personalidade?
• Quais os mecanismos de defesa prevalecentes?
• Os mecanismos de defesa prevalecentes permitem uma adaptação satisfatória, ou
acentuam dasadaptação à realidade?
• Avaliação das interacções familiars e sociais
• Avaliação sincrónica (relação do adolescente com os pais)
• Avaliação diacrónica: inscrever a história do adolescente no “mito familiar”

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Abordagem diagnóstica
Entrevistas (cont.):
2. Preocupação prognóstica:
2 series de factores a considerer:
Plano individual:
• Fluidez vs. permanência dos comportamentos (repetição)
• Capacidade do adolescente se interessar pelo seu mundo interno
Plano familiar:
• Possibilidade de re-organização relacional na família

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Abordagem diagnóstica
Entrevistas (cont.):
3. Bases da abordagem terapêutica:
Delinear um plano de intervenção com base nas entrevistas anteriores

Conselhos práticos para as primeiras entrevistas:


• Relação clínico-adolescente-pais
• Sequeência das entrevistas de avaliação

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Abordagem diagnóstica
Avaliação psicológica:

Aspectos importantes:
• Compreender a dinâmica relacional em que surge o pedido de exame psicológico
• Importância do momento em que a avaliação psicológica é proposta ao adolescente

Interesse e natureza da avaliação psicológica:


• Testes psicométricos
• Testes projectivos

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
COMPORTAMENTOS DO ADORMECER E DO SONO

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Comportamentos do adormecer e do sono
Significado da perturbação do sono depende de:

• Natureza da perturbação
• Intensidade
• Sinais associados
• Idade da criança
• Evolução

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Comportamentos do adormecer e do sono
Abordagem psicanalítica e psicogenética:

Freud: Sonho como guardião do sono



Maturação psicoafectiva – sono e sonho podem significar:
• A fusão com a mãe (boa ou má)
• O aniquilamento, o desaparecimento ou a morte
• A separação, a perda ou o abandon
• A renúnicia à autonomia ou ao domínio
• A ameaça da emergência pulsional e do conflito edipiano

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Patologia do adormecer
PATOLOGIA DO ADORMECER:

Insónia no 1º ano:
• Insónia comum: testemunha dificuldades preoces na adequação entre mãe e bebé (melhora quando se dá
alteração das condições envolventes)
• Insónia precoce grave:
• Insónia agitada
• Insónia tranquila


Frequentes na psicose e autism
Espelham insucesso de regressão precoce do bebé (imagem fusional mãe-bebé protectora)
Necessidade de analisar com atenção o que se passa

Pode ser necessário começar uma terapia mãe-bebé

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Patologia do adormecer
PATOLOGIA DO ADORMECER:

Dificuldades da criança em adormecer:
• Condição comum (2-5/6 anos): plena conquista motora da criança

Aceita com dificuldade a regressão imposta pelo adormecer


Aparecimento dos primeiros sonhos de angústia (sonho sentido como inquietante)
Objecto contra-fóbico (luz, objecto transitivo, chuchar no polegar…)

Manifestações clínicas das dificuldades da criança em adormecer:


1. Oposição ao deitar
2. Rituais ao deitar
3. Fobia ao deitar
4. Insónia verdadeira (adolescência)
5. Fenónmenos hipnagógicos

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Patologia do adormecer
Manifestações clínicas das dificuldades da criança em adormecer:

Oposição ao deitar
Grita, agita-se e resiste a ir para a cama
Desaba após longo período de luta com os pais

Rituais ao deitar
Frequentes: 3-5/6 anos
Criança exige que determinados objectos estejam dispostos sempre da mesma forma
Manifestações obsessivas discretas como tentativa de control da angústia derivada do conflito edipiano

Fobia ao deitar
Frequente: 2-3 anos
Exigência contra-fóbica: luz com demasiada intensidade – criança tomada pelo pânico quando tenta adormecer
Criança quer dormir entre os pais, ou que lhe deem a mão
Fobia aparece frequentemente após episódios de angústia ou terrors nocturnos (2-3 anos)

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Patologia do adormecer
Manifestações clínicas das dificuldades da criança em adormecer:

Insónia verdadeira (adolescência)

Causas diversas:
• Desejo de control total da vida propria
• Despertar das angústias face à actividade pulsional intense
• Culpabilidade perante a vida onírica ou masturbatória
Reaparecimento de comportamentos de adormecer da infância
• Adormecer a ouvir música
• Ler até tarde

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Patologia do adormecer
PARASSÓNIAS:

Angústias nocturnas:
• Terror nocturno
• Frequente 3-4 anos
• Início da noite
• Amnésia pela manhã
• Podem tornar-se mais frequentes associados a sintomas fóbicos
• Primeiras tentativas de elaboração da angústia edipiana
• Persistência pode deriver de impossibilidade de elaboração, do uso de melhores defesas, e pode
levar ao retorno a posições pré-edipianas

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Patologia do adormecer
PARASSÓNIAS:

Angústias nocturnas:
• Despertar ansioso
• Entre terror nocturno e sonho de angústia
• Criança acorda inquieta, mas sem manifestações alucinatórias
• Vai para a cama dos pais e volta a adormecer

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Patologia do adormecer
PARASSÓNIAS:

Sonambulismo:
• Desaparece espontaneamente
• Se acompanhado de outras manifestações ansiosas


Necessidade de psicoterapia

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Patologia do adormecer
PATOLOGIAS PARTICULARES:

• Apneia do sono
• Hipersónia
• Enurese nocturna (perturbação control esfíncteres)

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
ESFERA OROALIMENTAR

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Perturbações esfera oroalimentar
Perturbaçções esfera oroalimentar:
Alimentação é o eixo mais precoce da interacção mãe-criança

Núcleo de referência dos diversos estádios de desenvolvimento

Recém-nascido: reflexos de sucção


Existem diferentes aspectos importantes:
• Quantidade de alimento ingerido (leite)
• Comportamentos ao mamar

Alimentação não se resume ao apaziguamento da fome: é um protótipo das interacções humanas

Alimantação também inclui:


• Manuseamento da criança (Winnicott)
• Necessidade de vinculãção (Bowlby)

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Anorexia
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Anorexia 2º trimestre:
• 5-8 meses
• Surge com a mudança na alimentação (“anorexia de desmame”)
• Anorexia


Ansiedade maternal

Múltiplas estratégias para a criança comer

Frustração contante
• Anorexia está isolada: lactente continua a crescer e a engordar
• Frequentemente está relacionada com relação mãe-bebé (lactente come bem com outras pessoas) –
Sensação de rejeição da mãe
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Anorexia
ESTUDO PSICPATOLÓGICO:

Anorexia 2º trimestre (cont.):


Anorexia simples:
• Perturbação reaccional passageira
• Comportamento de recusa da imposição da mãe
• Resolve-se com mudanças no ambiente (securização da mãe, mudança de
rotinas…)

Anorexia mental grave:


• Persistente
• Mães não conseguem mudar o seu comportamento
• Outras perturbações associadas
• Dificuldades de sono
• Cólera
• Espasmo do soluço
• Recusa do alimento
• Refeições são uma guerra
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Anorexia
Abordagem psicopatológica:

• Mães: alimentação como eixo privilegiado de interacção. Oculta angústias de:


• Não ser boa mãe
• Abandono
• Morte
• Recusa alimentar como recusa da relação mãe-bebé
• Excessiva familiaridade dos lactentes anoréticos com estranhos (na fase da angústia do estranho)
• Recusa alimentar: testemunha “contaminação ansiosa” da relação, e tentative de domínio consequente


Pode dar lugar a organizações psicossomáticas no future

• Atitude terapêutica:
• Focar-se na relação mãe-bebé
• Apaziguar angústia materna
• Reduzir atitudes prejudiciais mais acentuadas
• Psicoterapia com a mãe (em caso de necessidade)
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Anorexia
Formas particulares de anorexia do lactente:
Anorexia essencial precoce
• Passividade desde o Nascimento
• Podem ser dos primeiros sinais de psicose ou autismo

Anorexia da 2ª infância
• Atitude intense de oposição
• Existência de caprichos alimentares mais ou menos inconstantes

Anorexia mental das meninas
• Adolescência

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Obesidade
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Obesidade:
2 períodos particulares:
• 1º ano de vida
• 10-13 anos

Personalidade da criança obesa:
• Moles, apáticos e tímidos (mas com fúrias súbitas)
• Outros sintomas:
• Enurese
• Dificuldades escolares
• Inibição e passividade podem ser entraves ao sucesso escolar

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Obesidade
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Evolução da obesidade. Elementos de reflexão psicopatológica:

Criança obesa e a sua família


• Factores genéticos + hábitos alimentares

Criança obesa e o seu corpo:


• Esquema corporal alterado
• Identidade:
• Meninas: meio activo de afirmação viril do corpo, que nega a sua
castração
• Meninos: mergulha sexo na gordura pré-púbica: protecção passive
contra angústias de castração
Vida fantasmática da criança obesa
• Vivência depressive (vazio, falta, ausência…)
• Mundo exterior vivido como perigoso
Tratamento:
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• Dieta + psicoterapiade apoio 246
Comportamentos alimentares desviantes
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Comportamentos alimentares desviantes:

Crises de bulimia
• Adolescentes anoréticas, crianças obesas ou diferentes tipos de entruturas
mentais

Afectação e repugnância electivas


• Comum na 1ª infância
• Acompanhada de períodos anoréticos
• Numa idade mais avançada pode ser sinal de patologia

Potomania
• Regressão (alimentos líquidos)
• Comportamentos de oposição a quem rodeia o bebé

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Comportamentos alimentares desviantes
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Comportamentos alimentares desviantes:

Pica
• Ingestão de substâncias não comestíveis para lá do período normal (4-10
meses)
• Carência afectiva profundal, abandon e psicose

Coprofagia
• Não é frequente na infância
• Perturbação profunda: investimento corporal e relações com outro
(especialmente com a mãe)
• Crianças frias, sem afectividade
• Quadro evocador de psicose

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
ESFINTERIANAS

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Perturbações esfincterianas
Perturbaçções esfincterianas:
3 eixos de aquisição da hygiene e control esficteriano:
1. Neurofisiológico
2. Cultural
3. Relacional

Neurofisiologia esfincteriana:
Passagem do comportamento reflex automático para o comportamento voluntário controlado

Múltiplos componentes necessários:


• Maturação local
• Capacidade precoce do condicionamento
• 0-12 meses: automatismo infantile
• 12-24 meses: princípio de inibição
• 24-36 meses: possibilidade de inibição completa
• Mais de 3 anos: curva tipo adulto
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Perturbações esfincterianas
Perturbaçções esfincterianas:
3 eixos de aquisição da hygiene e control esficteriano:
1. Neurofisiológico
2. Cultural
3. Relacional

Cultura:
• Evolução dos costumes e hábitos
• Difusão de conhecimentos sobre infância
• Maior liberalismo

Menor pressão sobre crianças

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Perturbações esfincterianas
Perturbaçções esfincterianas:
3 eixos de aquisição da hygiene e control esficteriano:
1. Neurofisiológico
2. Cultural
3. Relacional

Relacional:
Relação mãe-criança

Aquisição da higiene é um dos elementos de transacção da criança (2-3 anos)

• Material fecal Grande carga afectiva, positiva ou negativa


• Urina

Ligadas ao conteúdo do corpo, logo, à propria criança

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Perturbações esfincterianas
Relacional (cont.):
Prazer criança:
1. Expulsão
2. Retenção Novo domínio do corpo
3. Retenção-expulsão

Satisfação da criança

Satisfação que é reforçada pela satisfação da mãe

A natureza do investimento na função retenção-expulsão depende do estilo de interacção criança-bebé:


• Libidinal
• Agressivo

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Enurese
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Enurese:
• Enurese primária
• Enurese secondária (3-4 anos)
• Enurese nocturna é a mais frequente!
• Prevalência: 10-15%
• Proporção: 2 (rapazes)/1 (rapariga)
• Pode associar-se a outras manifestações:
• Encoprese
• Potomania
• Imaturidade motora

Diagnóstico diferencial:
• Afectações urológicas
• Afectações neurológicas
• Epilepsia nocturna

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Enurese
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Factores etiológicos:
• Hereditariedade
• Mecanismo vesical do enurético
• Sono do enurético
• Factores psicológicos

A criança e a sua personalidade:
• Dificuldade de traçar um perfil tipo
• Micção: simbolismo sexual
• Utilização auto-erotica da excitação uretal
• Equivalente masturbatório
• Agressividade uretal
• Afirmação viril do rapaz
• “Depressão simulada”

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Enurese
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

O ambiente da criança:
• 2 vertentes
1. Carência/défice: frequência de conflitos familiares
2. Sobre-investimento: por parte dos pais, na função esfincteriana da criança
• Mães obsessivas ou fóbicas
• Pouca sintonia com ritmos da criança

Função esfincteriana conflitualizada:


• Angústia
• Medo
• Culpa
• Vergonha
• Oposição

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Enurese
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

O ambiente da criança:
• 2 vertentes
1. Carência/défice: frequência de conflitos familiares
2. Sobre-investimento: por parte dos pais, na função esfincteriana da criança
• Mães obsessivas ou fóbicas
• Pouca sintonia com ritmos da criança

Função esfincteriana conflitualizada:


• Angústia
• Medo
• Culpa
• Vergonha
• Oposição

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Enurese
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

O ambiente da criança:
• Enurese: pode modificar a atiude familiar e perpectuar o comportamento patológico

Respostas agressivas Complacência protectora


• Punição • Prazer em trocar as fraldas
• Ameaça • Prazer em lavar corpo da criança
• Escárnio • Impossibilidade de afastamento

Fixação no sintoma devido a:


• Ganhos secundários
• Conflito neurórico

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Enurese
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Associações patológicas:
• Atraso mental
• Psicose
• Neurose

TRATAMENTO

A maioria das enuresis desaparece na 2ª infância

Medidas terapêuticas são dirigidas a crianças com mais de 4 anos e meio.

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Enurese
TRATAMENTO

Medidas gerais:
• Correcção de medidas educativas prejudiciais
• Moderação do consume de bebidas à noite
• Higiene de vidacom prática de desporto (crianças inativas)

Implicam participação da família e abandon de posições que reflectem conflitos neuróticos maternos

Motivação da criança:
Informação
Participação

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Enurese
TRATAMENTO

Despertar nocturno:
• Despertar a uma hora regular, pelo pais
• Micção complete antes de deitar
• Despertar criança 60-90min depois de adormecer
• Duração: 3 semanas a 1 mês
• Adiar a cada noite o despertar cerca de 15 minutos
• Despertar mediante dispositivo sonnoro
• Lençóis com condutibilidade
• Não usar antes dos 7/8 anos
• Prescrição medicamentos
• Anti-depressivos
• Não usar antes dos 6 anos
• Psicoterapia
• Quando o plano neurótico predomina face aos outros
• Psicoterapia curta duração
• Psicoterapia tradicional ou psicodrama
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Encoprese
ESTUDO PSICOPATOLÓGICO:

Encoprese:
• Defecação nas cuecas depois da aquisição da hygiene (2/3 anos)
• Encoprese
• Primária
• Secundária
• Quase exclusivamente diurna
• Proporção: 3 (rapazes)/1 (rapariga)
• Idade aparecimento: 7/8 anos
• Prevalência: 1.5-3%

Estudo clínico:
• Aspecto das fezes
• Ritmo
• Condições
• Relação da criança com as fezes
• Indiferença (só se nota pelo odor)
• Comportamentos de dissimulação (cuecas escondidas e acumulada em cima de armário, e
sentimentos de vergonha)

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Encoprese

Factores etiológicos:

Dimensão relacional e psicológica são as principais, mas existem outras:


• Perturbações fisiológicas
• Personalidade da criança
• Crianças passivas e ansiosas, que expressam agressividade de forma imatura
• Crianças oponentes com traços obsessivos
• Comportamento pode inscrever-se num Quadrode um comportamento em que a dimensão
preversa é dominante (regressão u fixação a modo de satisfação arcaica)

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Encoprese

Factores etiológicos:

A família:
• Dificuldades na relação mãe-criança
• Pais tímidos ou inseguros
• Mães:
• Ansiosas
• Emotivas
• Sobreprotectoras
• Dissimulam ansiedade por detrás de comportamento rígido em matéria de educação esfincteriana,
quer por detrás de uma preocupação excessiva com “expulsões” do filho
• Dissociações familiars frequentes:
• Alterações da organização familiar
• Colocação na escola
• Nascimento de irmão
• Início trabalho mãe

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Encoprese

Evolução:
• Geralmente desaparece ao fim de algumas semanas
• Se persiste, são graves
• Dimensão psicopatológica
• Patologia familiar
• Desaparece na adolescência, mas deixa traços caracteriais ou neuróticos

TRATAMENTO
Deve incluir a família
Não deve ser comportamental
Se há neurose: psicoterapia analítica

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
COMPORTAMENTOS MOTORES E PHDA

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Perturbações dos comportamentos motores

PERTURBAÇÕES DOS COMPORTAMENTOS MOTORES:

Agir: dupla polaridade:


1. Corpo em movimento empenhado em acção com finalidade específica
2. Corpo em relação com ambiente, que é susceptível de influenciar esse movimento
3.
4.
Dimensão relacional. Pode ser diferente se a criança está:
• Sozinha
• Pais
• Estranho
• Escola

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Perturbações dos comportamentos motores

PERTURBAÇÕES DOS COMPORTAMENTOS MOTORES:

Mobilidade:
• inicialmente é travada pela hipertonia fisiológica
• Evolui ao ritmo de:
• maturação biológica
• Interacções possíveis com o meio que organiza

Aquisição de novas capacidades motoras é indissociável de:


• Forma como a criança se representa e se sente agir
• Maneira como o ambiente acolhe a mobilidade e as mudanças que daí derivam

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Perturbações de lateralização

PERTURBAÇÕES DE LATERALIZAÇÃO:

Início da preferência lateral: 3-4 anos


Início da escrita: 5-6 anos

Período em que surgem primeiras preocupações devido a queixas escolares

Prevalência:
• Esquerdinos: 4%
• Dextrimanos: 64%
• Ambidextros: 32%

Lateralidade homogénea é idêntica a 3 níveis:


• Olho dominante: piscar olhos
• Mão dominante: cruzar braços
• Pé dominante: chutar bola

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Disgrafia

DISGRAFIA:

Qualidade da escrita deficient (não justificada por défice neurológico ou intelectual)

Interferência com motricidade:


• Relação criança-professor
• Lugar da aprendizagem na dinâmica familiar
• Valor simbólico da escrita
• Segurar caneta com mão

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Disgrafia

Escrita: representa momento de transcrição gráfica da linguagem

Depende de:
• Aprendizagem escolar standardizada
• Factores maturativos individuais
• Linguísticos
• Práxicos
• Psicosociais

Disgrafia é frequentemente associada a outras dificuldades:


• Perturbação da organização motora
• Perturbação espácio-temprais
• Perturbação linguagem e leitura
• Perturbação afectica

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Disgrafia

TRATAMENTO:

Psicoterapia: significado das dificuldades na organização psíquica


Psicomotricidade: re-educação grafo-motora

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Debilidade Motora
DEBILIDADE MOTORA:

Associação de:
• Imperícia voluntária da motilidade
• Sincinesias (imitação e tónicas)
• Paratonia

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Dispraxias
DISPRAXIAS:

Fronteira ténue entre debilidade motora grave e dispraxia

Perturbações profundas na organização do esquema corporal e da representação espácio-temporal

Dificuldade em executar determinadas sequências de gestos (a partir dos 6/7 anos) tais como:
• Vestir
• Atar os atacadores dos sapatos
• Abotoar a camisa
• Andar de bicicleta sem rodinhas

Dificuldades ainda maiores em:


• Sequências ritmicas
• Actividades gráficas


Insucesso nas operações espaciais ou logico-matemáticas (Bender, Figura Complexa de Rey)
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Dispraxias
Linguagem normal ou pouco perturbada
Exames neurológicos normais

Plano afectivo:
• Imaturidade
• Inibição nos contactos Menos grave
• Reactividade (face ao escárnio dos pares)
• Organização da personalidade
• Aspecto estranho
• Dificuldade no contacto Mais grave
• Isolamento de pares

Testes projectivos mostram vida fantasmática invadida por temas arcaicos

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Dispraxias
TRATAMENTO:
• Psicoterapia
• Terapia psicomotora
• Apoio pedagógico

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Instabilidade Motora. PHDA
PHDA:
• É um dos principais motivos de consulta
• Atinge sobretudo o rapazes (60-80%)
• Crianças veem à consulta enviadas por professors
• 2 pólos:
• Motor
• Atenção

• Meio pode não tolerar o movimento:
• Pais (rigidez)
• Escola (ritmos escolares)
• Cidade (falta espaço)

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Instabilidade Motora. PHDA
Diagnóstico DSM:
• Nosologia não é solução
• Quem descreve criança está envolvida emocionalmente no tema: falta de objectividade da descrição
• Ideia de que ao diagnosticar/cataloger, se avança na resolução do problema
• Tríade: diagnóstico + medicação + terapia comportamental = adultos contentes + crianças vistas como
“doentes”
• Medicação: primeira fuga para a frente (sociedade de rendimento e eficiência)
• Diagnóstico PHDA: Criança por vezes sente que tem lugar diferentes dos outros (o que é melhor que não ter
nenhum)


Lugar de doente, tapa o défice de narcização e identidade (ganhos secundários)

Ordem causal invertida: Não é a criança que tem determinadas manifestações, mas contrói-se uma identidade
que se torna causa de tudo o que acontece.

Crianças diagnosticadas com PHDA sofrem de quadros muito diferentes: luto, psicose, vítimas de violência…

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Instabilidade Motora. PHDA
Comportamento normaliza nas seguintes situações:
• Relações um-a-um
• Situações em que são pagos para realizarem uma tarefa
• Ambientes com algo que seja novidade, e extremamente estimulante
• Contextos em que podem controlar o ritmo das suas aprendizagens
• Quando interagem com uma figura de autoridade masculine, em vez de feminine

Porquê os rapazes?
Avatares da sexualidade masculina (mais evidentes durante o período escolar) dificultam que os rapazes
cumpram com as pautas estabelecidas pela escola actual:
• Édipo: obedecer ao outro é ficar submisso (feminização/castração)
• Luta pelo poder é mais importante para os rapazes (ser líder é mais importante do que ser bom aluno)
• A cultura espera que os rapazes sejam mais agressivos

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Tiques
TIQUES:

• Execução súbita, involuntária e absurda de movimentos repetidos.
• A execução é precedida por uma necessidade, e a repressão dos tiques resulta num mal-estar.
• Desapareccem durante o sono
• Costumam surgir aos 6/7 anos e instalam-se gradualmente
• Tensão previa


Tique alivia tensão

• Tipos:
• Tiques transitórios
• Tiques crónicos

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Tiques
TIQUES:

• Exemplos mais frequentes:
• Piscar as pálpebras • Respiratórios
• Franzir das sobrancelhas • Fungar
• Ricto • Bocejar
• Protraimento da língua • Assoar-se
• Movimento do queixo • Tossir
• Pescoço: • Assobiar
• Tiques de aceno • Fonatórios
• De cumprimentos • Estalar a língua
• De negaçãode rotação • Grunhir
• Alçar os ombros • Gritos mais ou menos articulados
• Alçar braços • latidos
• Alçar mãos

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Tiques
SIGNIFICADO:

• Inicialmente pode ser uma resposta motora a uma situação de ansiedade (transição do afecto para a
motricidade)
• Associação a traços obsessivos é frequente
• Controlo com grande vigilância e repressão da agressividade


Agressividade aparentemente submissa e passive, occulta forte oposição

• Reacção do meio aos primeiros tiques pode levar a um aumento ou diminuição da frequência do
comportamento.


• A um nível mais arcaico: perturbação gravida personalidade

• Fragmentação eminente; criança tem de estar sempre controlada e sob-tensão

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Tiques
ATITUDE TERAPÊUTICA:

• Família: ansiedade face ao sintoma e as reacções que suscita devem ser compreendidas, reconhecidas e
tranqulizadas
• Criança
• Terapia psicomotora ou relaxamento
• Psicoterapia
• Terapia comportamental ()imersão ou descondicionamento operante quando valor simbólico do
tique já foi analisado)

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Gilles de la Tourette
GILLES DE LA TOURETTE:

• Tiques numerosos, recorrentes, repetidos e rápidos
• Início: 2-15 anos
• Duração: 1 ano ou mais
• Intensidade depende do contexto
• Tiques vocais
• Coprolália (palavrões)
• Ecolalia (repetir eco do interlocutor)
• Grunhidos, latidos…

• Forma
• Neurose obsessiva
• Perturbação estado-limite

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Tricotilomania-onicofagia
TRICOTILOMANIA-ONICOFAGIA:

TRICOTILOMANIA:
• Necessidade de torcer, acariciar, puxar ou arancar os próprios cabelos
• Significado: 2 pólos:
• Auto-erótico
• Auto-agressivo


Comportamento pode desaparecer em situações de frustração e/ou carência

ONICOFAGIA:
• Mais frequente (10-30%)
• Persiste em muitos adultos
• Significado:
• Deslocamento auto-erótico que associa o prazer da sucção a um equivalente masturbatório (com
castração auto-agressiva e punitiva)

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS

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O que é a agressividade?

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Agressividade
AGRESSIVIDADE:

Existe discordância face ao conceito de agressvidade.
Conceito depende da posição epistemológica do observador:
• Neurofisiologia
• Etologia
• Psicologia
• Psicanálise

Agressividade Estado vs. Comportamento agressivo

Agressividade como:
• Estado tensional particular
• Comportamento objectivo
• Auto-defesa
• Destruição do objecto
• Intencionalidade

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Agressividade
AGRESSIVIDADE:

• Bases neurofisiológicas da agressividade
• Bases etológicas da agressividade
• Bases psicanalíticas da agressividade


Dualismo pulsional (pulsão de vida vs. pulsão de morte)
Noção de agressivdade como conceito puramente teórico

Mundo fantasmático

Fantasias agressivas: são normais nas crianças (“Estás morto, matei-te”; jogos de Guerra, brincadeiras com
armas…)

MAS…

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Agressividade
AGRESSIVIDADE:

MAS…
Quando os fantasmas são demasiado invadores:
• Aspecto inibido ou angustiado
• Comportamentos bruscos de passagens ao acto

Distinguir:
1. Fantasmas agressivos (processo primário)
2. Fantasias agressivas (processo secundário) – integrados na personalidade e no Ego
3.
4.
Jogo como área intermádia para viver fantasias

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Comportamentos hétero-agressivos
CLÍNICA DOS COMPORTAMENTOS HETERO-AGRESSIVOS:

Crianças sabem mostrar desagrado desde cedo face à falta/frustração:


Raiva Reivindicação menos agressiva:
• Pedir
• Reclamar
• Exigir

Até aos 2 anos: reacção de raiva com agitação, turbulência e gritos (quando não obtem o que quer)
Final 2 anos: Primeiros comportamentos agressivos
2/3 anos: comportamentos de oposição com fúria (ataca crianças da mesma idade)
4 anos: agressividade é expressa verbalmente (rapazes mais agressivos que raparigas)

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Comportamentos hétero-agressivos
HETERO-AGRESSIVIDADE EXCESSIVA:

• “Carraco familiar” (pode ser selective no(s) elementos da família que escolhe como alvos)
• Intolerância à frustração
• Normal 2/3 anos
• Nalgumas crianças mantém-se ao logo do tempo e aumenta de intensidade
• Entendimento entre pais fraco ou artificial
• Autoridade paterna injuriada
• Modos familiars organizados em torno da chantagem

Sequência:

Cólera Agitação Murros/pontapés

Acentuação pulsão agressiva


Fraca distinção entre eu/mundo externo

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Comportamentos hétero-agressivos
COMPORTAMENTOS VIOLENTOS CARACTERÍSTICOS:

• Violência material
• Bandos de adolescents
• Nível socioeconónimoc baixo
• Comportamentos impulsivos e pouco premeditados
• Violência organizada
• Furto ou ameaça
• Extorsão
• Pré-delinquência

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Comportamentos hétero-agressivos
MASOQUISMO: INIBIÇÃO GRAVE DA AGRESSIVIDADE

• Crianças vistas pelos adultos como ajuizadas e submissas


• Não protestam
• Não se enfurecem
• Não exprimem sentimentos de rivalidade face à fratria…

Variando com…

• Irrupções bruscas e sentimentos de criança ser


• Vítima
• Perseguida
• Objecto de escárnio
• Objecto de ameaças

Leve inibição Incapacidade total de
defender-se. Nos casos
extremos estão as “eternas
vítimas”

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Comportamentos hétero-agressivos
MASOQUISMO: INIBIÇÃO GRAVE DA AGRESSIVIDADE

“Eternas vítimas”

Procuram avidamente ser objecto de perseguição:


• Exclusão
• Escárnio
• Perda repetida de objectos pessoais
• Verdadeiras agressõe


Perseguição como modalidade relacional de base (nova relação vem confirmar o padrão…)

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Comportamentos hétero-agressivos
MASOQUISMO: INIBIÇÃO GRAVE DA AGRESSIVIDADE

“”Posição masoquista primária”

Intermediário para comportamentos auto-agressivos (organizações psicóticas ou pré-psicóticas)

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Comportamentos auto-agressivos
CLÍNICA DOS COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS:

Auto-mutilações:
• Auto-mutilações fixas das grandes encefalopatias ou psicóticos graves
• Como resposta a frustração
• Como sinal de solicitação ao meio (menos violento e destruidor)
• Como retorno contra si próprio após uma interacção agressiva com o meio (desordem)
• Como comportamento auto-estimulador num context solitário (intensidade dos golpes fraca)

• Auto-mutilações impulsivas
• Observam-se durante crise de grande agitação (secundária a uma frustração)

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Comportamentos auto-agressivos
CLÍNICA DOS COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS:

Tentativas de suicídio na infância:


• Situações raras
• Aumenta na adolescência
• Plano epidemiológico
• Frequência semelhantes em ambos os sexos
• Quando mais nova é a criança, mais brutal é o suicídio
• Até 8 anos: estrangilamento, atirar-se para a frente de um carro, afogamento…
• 8-10 anos: intoxicação medicamentosa (medicamentos dos pais)
• Contexto familiar
• Antecedentes de rupture
• Óbitos e lutos não-elaborados
• Nível socioeconómico baixo
• Antecedente psiquiátricos
• Crianças objecto de reinserção social

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Comportamentos auto-agressivos
CLÍNICA DOS COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS:

Comportamentos perigosos e equivalentes sucidários:


Relação entre comportamentos suicidários manifestos e propensão de determinadas crianças para os
acidentes:
• Comportamentos de “desafio” (risco)
• Historial clinic com vários acidentes

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
LINGUAGEM

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Linguagem
LINGUAGEM:

Linguagem na interacção:
Falar:
• Comunicar com o outro e com o próprio
• Relação de troca afectiva


PERTURBAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

Perturbações de articulação:
Existência isolada de deformações fonéticas (mais nas consoantes do que nas vogais)
Frequente até aos 5 anos. Se persistir: re-educação
Pode deriver de regressão (afecto)

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Linguagem
PERTURBAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
Atraso da fala:
Há integração dos vários fonemas de uma palavra
Depois dos 5 anos: terapia
Existem vários tipos

Atraso simples da linguagem:


Atraso da linguagem sem que haja:
• Atraso intellectual
• Surdez profundal
• Organização psicótica
Anomalias são diversificadas
• Evolução:
• Tende a desaparecer
• Depois dos 5 anosdeve ser tratada
• Gaguez ou dyslexia-disorotgrafia podem suceder ao atraso
• Nível intelectual:
• Casos graves (disfasia)
• Perturbações no espaço e no tempo
• Perturbações do esquema corporal
• Inteligência “concreta”
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Linguagem
DISFASIAS GRAVES

Grande número de dificuldades

Atraso Perturbação major:


simples Pertubação da expressão e
compreensão

Prevalência: 2/3 rapazes vs 1/3 raparigas

Dislexia-disortografia
Dificuldade em adquirir leitura na idade habitual (associam-se a dificuldades de ortografia)
Prevalência: 5-15% crianças
Diagnóstico a partir dos 7 anos e meio

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Linguagem
DISFASIAS GRAVES

Dislexia:
Confusão de grafemas com proximidade:
• Fonética
• Forma
Inversão
Omissão
Frase: dificuldade em delimiter pausas e ritmos

Disortografia:
Erros assemelham-se aos da leitura

Factores associados:
• Atraso da linguagem
• Perturbações de lateralização
• Perturbação da organização espácio-temporal

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Linguagem
DISFASIAS GRAVES

Disortografia (cont.):
• Factores etiológicos
• Factores genéticos
• Sofrimento cerebral
• Perturbações perceptivas
• Equilíbrio psicoafectivo
• Meio sociocultural
• Inteligência
• Pedagogia

Tratamento:
• Se houver quadro de perturbação profnda da personalidade: necessidade de intervenção mais global
• Re-educação

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Linguagem
PATOLOGIAS PARTICULARES

Gaguez:
Prevalência: 1%
¾ rapazes vs. ¼ raparigas
Acompanhada de diversos moviementos motores:
• Crispação do rosto
• Tiques
• Manifestações emotivas
Início: 3-5 anos
Pode voltar na adolescência após choque afectivo

Factores associados:
• Hereditariedade: 30% casos
• Atraso da linguagem

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Linguagem
PATOLOGIAS PARTICULARES

Psicopatologia da gaguez:
Traços frequentes:
• Introversão
• Ansiedade e submissão
• Agressividade e impulsividade

Evolução e tratamento:
• Início precoce terapia (5-7 anos) tem bons resultados
• Re-educação ortofónica
• Exterioriação da agressividade
• Crianças mais velhas e neurse: terapia
• Relaxamento
• Psicodrama

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Linguagem
PATOLOGIAS PARTICULARES

Mutismo:
Ausência de linguagem depois de adquirida (sem se inserir num quadro de afasia)

Mutismo total adquirido:


• Choque afectivo
• Adolescência
Mutismo efectivo duradouro:
• Lugar é variável
• Início: 6-7 anos e pode durar vários anos
• Outros sintomas:
• Inibição motora
• Enurese
• Oposição
• Pode ser mútica na escola e conserver actividade de escrita

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Linguagem
PATOLOGIAS PARTICULARES

Psicopatologia do mutismo:
Mecanismo de conversão histérica na adolescência
Pode ocultar perturbações graves de personalidade
“Segredo familiar” não assumido – mutismo pode proibir a sua divulgação

Tratamento:
Psicoterapia de apoio (mutismo emocional)
Mutismo elective: mais difícil
• Psicodrama
• Separação familiar

LINGUAGEM E PSICOSE
Perturbações da linguagem muito presentes na psicose

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
FUNÇÕES COGNITIVAS

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Perturbações das funções cognitivas
PERTURBAÇÕES DAS FUNÇÕES COGNITIVAS:

Funções cognitivas e afectivas estão interligadas

Avaliação das funções cognitivas:


Escala de Binet-Simon
• Hierarquizar deficiência mental
• Despiste e deficiências intelectuais

AVALIAÇÃO PSICOMÉTRICA: O NÍVEL DE DESEMPENHO


Avaliação da inteligência
• Pré-verbais de desenvolvimento psicomotor
• Ruth Griffith
• BAPAE
• Testes 2ª-infância
• Inteligência: WISC
• Instrumentais
• Bender
• Figura Complexa Rey
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Perturbações das funções cognitivas
AVALIAÇÃO CONITIVA E NEUROPSICOLÓGICA:
Avaliação clínica: em vez de tentar determiner em que nível se situa a performance, procura saber qual a
estratégia que o sujeito utiliza para a alcançar.
Testes psicométricos dispensáveis (ou pelo menos secundários).

DEFICIÊNCIA MENTAL:
Definição, classificação e frequência:

Definição:
Difícil definir os limites da deficiência (existem diferente critérios)

Dificuldade em definir o limite superior da debilidade

Atraso mental ligeiro: QI: 50-69


Atraso mental médio: QI: 35-49
Atraso mental grave: QI: 20-34
Atraso mental profundo: QI: menor que 19

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Perturbações das funções cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL:
Definição, classificação e frequência:

Estudo clínico:
1. Nível de desenvolvimento e eficiência social
1. Deficiência mental profundal
2. Deficiência mental grave e moderada
3. Deficiência mental ligeira e limite

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Perturbações das funções cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL:
Definição, classificação e frequência:

Estudo clínico:
2. Perturbações afectivas do comportamento:
• Deficiência mental profundal e grave
• Deficiência mental ligeira
• 2 linhas:
• Manifestações comportamentais
• Inibição, passividade, abatimento


Existência de perturbações afectivas traduz character dasarmónico da organização
da personalidade

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Perturbações das funções cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL:
Definição, classificação e frequência:

Estudo clínico:
2. Perturbações afectivas do comportamento:
• Deficiência mental profundal e grave
• Deficiência mental ligeira
• 2 linhas:
• Manifestações comportamentais
• Inibição, passividade, abatimento


Existência de perturbações afectivas traduz character dasarmónico da organização
da personalidade

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Perturbações das funções cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL:
Definição, classificação e frequência:

Estudo clínico (cont.):


3. Perturbações instrumentais:
• Perturbações da linguagem
• Perturbações desenvolvimento motor e praxias

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Perturbações das funções cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL:

Análise discriminativa das funções intelectuais e abordagem psicopatológica:


1. Análise discriminativa
Distinção entre vários tipos de debilidades (origem, evolução). Não existe uma única debilidade!

2. Abordagem psicopatológica:
As funções de realização estão comprometidas mas…

• Função apetitiva
• Organização fantasmática

Papel preponderante no funcionamento do sujeito.

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Perturbações das funções cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL (cont):

Análise discriminativa das funções intelectuais e abordagem psicopatológica:


3. Factores etiológicos
• Factores orgânicos
• Lesão no SNC
• Factores psicossociais
• Especialmente importante na debilidade ligeira e limite
• Debilidade ligeira está mais presente quando:
• Nível de educação é baixo
• Estatuto socioeconómico baixo
• Clima afectivo (Spitz)

4. Atitudes terapêuticas:
• Abordagem terapêutica com criança e/ou família
• Medidas pedagógicas
• Medidas institucionais

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Perturbações das funções cognitivas
DEFICIÊNCIA MENTAL (cont):

Abordagem terapêutica:
• Psicoterapia de apoio
• Terapia familiar (ou mãe-criança):
• Tendência para a rejeição
• Sobreprotecção
• Demissão perante a desvantagem

Medidas pedagógicas:
Existam várias áreas que podem ser trabalhadas, que são alvo de intervenção de diferentes especialidades

Medidas institucionais:
Instituições: reunem possibilidade de psicoterapia e medidas pedagógicas

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Perturbações das funções cognitivas
CRIANÇAS SOBREDOTADAS:

Características:
• QI elevado
• Aprendizagem espontânea a partir dos 4-5 anos, sem imposição familiar da leitura
• Capacidades intelectuais
• Aptidão escolar específica
• Pensamento criativo ou produtivo
• Arte visual ou expressão
• Capacidades psicomotoras

Criança sobredotada é diferente de crianças demasiado estimuladas e/ou forçadas!



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Perturbações das funções cognitivas
CRIANÇAS SOBREDOTADAS:

Abordagem epidemilógica:
• Prevalência: 2-5% crianças em idade esclar
• Mais rapazes do que raparigas
• Fratria: mais velhos
• Nível socioeconómico elevado
• Origem étnica:mais prodominante entre Judeus
• Desenvolvimento físico elevado
• Aptidão escolar: resultados contraditórios
• Interesses:
• Grande apetência para leitura
• Frquência do isolamento

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Perturbações das funções cognitivas
CRIANÇAS SOBREDOTADAS:

Dificuldades:
• Desvio social
• Desvio interno
• Manifestações psicopatológicas

Comportamentos práticos:
• Pedagogia específica
• Criação de classes especiais
• Suplemento pedagógico (aula normal)
• Ausência de medidas específicas


Varia em função de diferentes países

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PSICOPATOLOGIA DA INFÂNCIA
AUTISMO E PSICOSE

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Autismo e psicose
Psicose infantil: Perturbações Globais do Desenvolvimento

Alteração global das capacidades de:


• Comunicação
• Perturbação da relação com os outros
• Actividades e interesses restritos repetitivos (muitas vezes estereotipados)

Teoricamente não existe atraso mental, mas na realidade clínica o funcionamento cognitivo apresenta
partiularidades.

Plano psicopatológico: alteração da organização progressive da personalidade, com uma capacidade de


adaptação à realidade variável em função do nível de exigência social e nível de angústia da criança.

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Autismo e psicose
AUTISMO INFANTIL:

Critérios:
• Alteração das capacidades de comunicação
• Alteração das interacções sociais
• Aspecto restrito repetitive e estereotipado dos comportamentos, interesses e actividades

Epidemiologia:
• Prevalência: 0.7/13.9 - 10.000
• Sexo: 3 rapazes/1 rapariga
• Somente ¼ tem QI na zona media
• 2/3 têm debilidade moderada ou grave

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Autismo e psicose
AUTISMO INFANTIL:

Descrição clínica:
• Síndrome autista típica
• Constitui-se durante o 1º ano
• Aos 2/3 anos é evidente
• Perturbações no contacto
• Perturbações da comunicação e da linguagem
• Reacções estranahas e restrição de interesses
• Modulação sensorial e motricidade
• Funções intelectuais
• Sinais precoces de autismo

• Formas clínicas

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Autismo e psicose
AUTISMO INFANTIL:

Descrição clínica (cont.):


• Sinais precoces de autismo
• 0-6 meses:
• Bebé não chora nem reclama
• Hipotonia
• Ausência de diálogo tónico
• Sem gesto de antecipação
• Hipertonia
• Incapacidade de aninhar-se calmamente nos braços
• Desvio do olhar
• Perturbações do sono (fica na cama de olhos abertos)
• Perturbações alimentares
• Ausência de sorriso voluntário
• Rosto congelado
• 6-12 meses:
• 12-24/30 meses:
• Formas clínicas
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Autismo e psicose
AUTISMO INFANTIL:

Descrição clínica (cont.):


• Sinais precoces de autism (cont.):
• 6-12 meses:
• Ausência de diálogo tónico mais evidente (braços estendidos)
• Ausência mímica
• Hipo- ou hipertonia
• Recusa contacto
• Surgem actividades estereotipadas
• Evitamento do olhar torna-se mais manifesto
• Ausência de mímica
• Ausência de galreio e cara séria (ar mecânico)
• Não reage ao estranho
• Indiferença face a separações e re-encontros
• 12-24/30 meses:
• Formas clínicas

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Autismo e psicose
AUTISMO INFANTIL:

Descrição clínica (cont.):


• Sinais precoces de autism (cont.):
• 12-24/30 meses:
• Ausência de linguagem
• Ausência de percursores da linguagem (apontar)
• Perturbações funcionais persistem
• Estereotipias
• Afectação gestural Acentuam-se
• Interesse em objectos estranhos
• Mãe: queixa-se que o filho “não é normal”
• Formas clínicas
• Autismo de “bom nível”
• Polidesvantagem e síndromes neurológicos associados

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Autismo e psicose
AUTISMO INFANTIL:

Diagnóstico diferencial:
• Surdez
• Disfasias graves
• Carência afectiva e depressão do lactente
• Associação encefalopatia e sindrome autística

OUTRAS PSICOSES INFANTIS PRECOCES:


• Autismo atípico
• Inicia-se depois dos 3 anos
• Frequente em crianças com atraso mental profundo
• Síndrome de Rett
• Encefalopatia evolutive não-congénita
• Atinge sobretudo as raparigas
• Critérios diagnósticos
• Síndrome de Asperger

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Autismo e psicose
OUTRAS PSICOSES INFANTIS PRECOCES:
• Autismo atípico
• Inicia-se depois dos 3 anos
• Frequente em crianças com atraso mental profundo
• Síndrome de Rett
• Encefalopatia evolutive não-congénita
• Atinge sobretudo as raparigas
• Critérios diagnósticos
• Desenvolvimento neurológico e mental normal durante os 7 aos 18 meses
• Estagnação do desenvolvimento a partir desta idade, seguida de deteorioração mental e
comportamental rápida, que conduz a estado de demência com autismo em menos
de 18 meses
• Perda da manipulação voluntária substituida por estereotipias das mãos
• Ataxia do tronco e do andar
• Microcefalia adquirida
• Período prolongado de estabilização aparente com aprecimento insidioso de anomalias
neurológicas
• Síndrome de Asperger

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Autismo e psicose
OUTRAS PSICOSES INFANTIS PRECOCES (cont.):
• Síndrome de Asperger
• Entidade clínica discutível
• Autismo com ausência de atraso e deficiência da linguagem e desenvolvimento cognitive
• Inabilidade social
• Aparecimento frequente de episódios psicóticos na adolescência

EVOLUÇÃO DAS PSICOSES PRECOCES:


• Evolução para a debilidade profunda ou grave
• Evolução centrada no autismo
• Melhora parcial
• Evoluções favoráveis

Factores de prognóstico desfavoráveis:


• Existência de factores orgânicos associados a psicose infantil
• Precocidade do aparecimento das perturbações
• Qualidade da família

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Autismo e psicose
PSICOSES DA 2ª INFÂNCIA (OU ESQUIZOFRENIA INFANTIL):
• 5/6 – 12/13 anos
• São mais raras que as psicoses precoces
• Anamnese testemunha sinais prévios de desarmonia
• Manifestações psicóticas como comportamentos regressivos
• 2 fenótipos:
• Instalação precoce de dificuldades neuropsicológicas desenvolvimentais
• Aparente normalidade anterior

Reacção de retirada
É tradução do autism secundário: isolamento social e afectivo

Comportamentos motores
2 pólos:
1. Inibição e retirada
2. Instbilidade e agitação psicomotora

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Autismo e psicose
PSICOSES DA 2ª INFÂNCIA (OU ESQUIZOFRENIA INFANTIL) (cont.):
Perturbações da linguagem
• Possibilidade de mutismo secundário
• Regressão formal da linguagem
• Hiperinvestimento na linguagem

HIPÓTESES ETIOLÓGICAS:
• Aspectos genéticos
• Genática das psicoses precoces
• Genética das pscioses da 2ª infância
• Aspectos neuropsicológicos
• Perturbações perceptive-sensoriais
• Perturbações cognitivas
• Abordagem psicopatológica e hipóteses psicogenéticas
• Abordagem psicopatológica
• Núcleo psicótico
• “Posição autística”
• Hipótse centrada no ambiente
• Papel dos pais
• Hipótese centrada na criança ou na interacção pais-criança
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Autismo e psicose
PSICOSES DA 2ª INFÂNCIA (OU ESQUIZOFRENIA INFANTIL) (cont.):
Tratamento:
• Psicoterapias
• Tratamentos educativos e re-educativos
• Contribuição pedagógica
• Terapias comportamentais
• Tratamentos medicamentosos
• Acções terapêuticas junto dos pais
• Tratamentos institucionais

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A CRIANÇA NO SEU AMBIENTE
FAMÍLIA

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A criança e a família
A CRIANÇA NA SUA FAMÍLIA:
• Família nuclear: mais comum
• Bebé real vs. bebé imaginário
• Desejo de parentalidade:
• Provar a fertilidade
• Afirmar o estatuto de adulto
• Querer estar gravida
• Querer um menino ou uma menina
• Desejar ter um filho com o parceiro
• Fazer o que os pais querem
• Tentar curar uma depressão
• Resolver desentendimento do casal
• Substituir criança perdida


Motivação consciente dissimula disposição inconsciente
• Criança tem de descobrir o seu lugar na dinâmica psíquica:
• Indivíduo
• Casal
• Família
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A criança e a família
CARÊNCIA AFECTIVA:
Famílias de risco:
• Insufuciência da interacção, que reenvia à ausência da mãe ou do substituto materno (colocação
institucional precoce).
• Descontinuidade dos laços, que põe em causa as separações, independentemente dos motivos que as terão
ocasionado.
• Distorção, que dá conta da qualidade do contributo materno (mãe caótica, imprevisível).

Carência afectiva produz efeitos variáveis Segundo a sua natureza:
1. Insuficiência
2. Distorção
3. Descontinuidade
+
• Duração
• Idade da criança
• Qualidade da maternagem anterior

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A criança e a família
CARÊNCIA AFECTIVA:

Insuficiência
Spitz: depressão anaclítica
Hospitalismo
Existe nalgumas famílias um “Hospitalismo Familiar”

Vários sintomas

Necessidade de intervenção profilática

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A criança e a família
CARÊNCIA AFECTIVA:

Descontinuidade (separação)
Bowlby: fases


Protesto ●
Desespero ●
Desvinculação

Expressão da dor e do ●
Manifestação da depressão ●
Trabalho psíquico de defesa
sofrimento e do luto e de reconstrução

Consequências:
• Interrupção do desenvolvimento afectivo e cognitivo
• Perturbações somáticas
• Perturbações psicossomáticas
• Dificuldades de adaptação à escola

A evolução depende da idade, do momento da separação, e da duração da mesma.


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A criança e a família
CARÊNCIA AFECTIVA:

Distorção (famílias-problema)
Miséria social tem repercussões graves no desenvolvimento infantil:
• Desemprego
• Rupturas e novas uniões constants
• Alcoolismo e violência
• Fratrias numerosas
• Negligência


Várias consequências para o desenvolvimento infantil

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A criança e a família
PATOLOGIAS AFECTIVAS E MENTAIS DOS PAIS:

Pais psicóticos:
Aspectos clínicos:
• Relação mãe-bebé perturbada
• Impossibilidade de a mãe ver a criança real
• Irregularidade nos cuidados diários
• Crianças mais velhas: sobre-representação da patologia
• Delírio induzido
• Hipermaturidade

Pais deprimidos:
Interacção dos pais deprimidos com as crianças:
• Tronick: impassibilidade do rosto materno
• Bebé tenta interagir inicialmente, mas acaba por se isolar e ficar desesperado
• Depressão: reduz qualidade e diversidade dos contributos afectivos: contribui para interiorização de cenários
fantasmáticos de forma duradoura.

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A criança e a família
PATOLOGIAS AFECTIVAS E MENTAIS DOS PAIS:

Pais deprimidos (cont.):


Daniel Stern: 4 cenários:
• Micro-depressão
• Reanimação da mãe
• Procura de auto-estimulação
• Estimulação inautêntica

André Green: mãe morta


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A criança e a família
FAMÍLIAS DISSOCIADAS, RECOMPOSTAS, MONOPARENTAIS:

Separação, divórcio, desentendimento dos pais


Abordagem psicopatológica eve ter em consideração 2 dados:
1. Realidade da situação vivida
2. Forma como essa realidade pode influenciar o desenvolvimento da criança

Reacção da criança em função do seu desenvolvimento psicoafectivo:


• Período agudo e dificuldades em mentalizar angústia
• Criança em período edipiano ou cuja problemática edipiana é prolongada pelo conflito
• Criança livre da problemática edipiana
• Criança confrontada com a problemática da identidade/identificação

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A criança e a família
FAMÍLIAS DISSOCIADAS, RECOMPOSTAS, MONOPARENTAIS:

Famílias monoparentais
Criança normalmente fica com a mãe.
Factores a ter em consideração:
• Conhecer ou não identidade do outro progenitor
• Tem ou não contactos reguladores do outro progenitor
• Qualidade da relação do outro progenitor quando está presente
• Situação remonta ao nascimento ou 1ª infância
• Situação remonta após período de co-habitação ou casamento
• Idade da criança quando se deu a separação
• Viver com o pai do mesmo sexo
• O pai “desaparecido” é ou não do mesmo sexo
• Ser ou não filho único
• Número de irmãos

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A criança e a família
FAMÍLIAS DISSOCIADAS, RECOMPOSTAS, MONOPARENTAIS:

Famílias monoparentais
Criança normalmente fica com a mãe.
Factores a ter em consideração:
• Conhecer ou não identidade do outro progenitor
• Tem ou não contactos reguladores do outro progenitor
• Qualidade da relação do outro progenitor quando está presente
• Situação remonta ao nascimento ou 1ª infância
• Situação remonta após período de co-habitação ou casamento
• Idade da criança quando se deu a separação
• Viver com o pai do mesmo sexo
• O pai “desaparecido” é ou não do mesmo sexo
• Ser ou não filho único
• Número de irmãos

É difícil estabelecer tipologia de criança privada de um dos pais. Depende de vários factores, e de como os pais
vivem a monoparentalidade.

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A CRIANÇA NO SEU AMBIENTE
ESCOLA

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O psicólogo clínico na escola
O CLÍNICO NA ESCOLA:

Funções principais:
Avaliação, diagnóstico e encaminhamento

População-alvo:
• Professores
• Pais
• Alunos

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O psicólogo clínico na escola
O CLÍNICO NA ESCOLA:

Trabalho com professores


• Observação crianças em contexto
• Apoio pedagógico
• Mediação na relação com os pais

Trabalho com pais


• Atendimento com pais
• Apoio à família

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O psicólogo clínico na escola
O CLÍNICO NA ESCOLA:

Trabalho com crianças


• Avaliação psicológica
• Clínica
• Formal (testes)
• Consulta psicológica

Outras funções
• Relatórios e pareceres
• Workshops e formação

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A criança e a escola
A CRIANÇA E A ESCOLA:

Progressão da noção de insucesso escolar:


1. Preguiça da criança
2. Falta de equipamento neurofisiológico (debilidade mental)
3. Perpectiva sociológica (inadaptação escolar)

Inadequação escolar é geralmente o 1º sintoma ou manifestação de patologia mais severa na infância.


Considerar 3 parceiros:
4. Criança
5. Família
6. Escola
7.

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A criança e a escola
A CRIANÇA E A ESCOLA:

Criança:
Distinguir possibilidades de aprendizagem e desejo de aprendizagem

Exame das capacidade físicas e mentais • Origem individual


• Origem familiar
• Origem social

Família:
• Meio socieconómico tem influência
• Separação da criança da família com a entrada na escola
• Tipo de investimento dos pais nas actividades escolares da criança (sub- ou sobre-investimento)

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A criança e a escola
A CRIANÇA E A ESCOLA: Família

Escola:
Transformação da escola:
• Vaga demográfica
• Mudança da percepção de autoridade do professor Criança Escola
• Acesso à escola de todas as classes sociais
• Integração de imigrantes

Causas de insucesso escolar:


• Desrespeito pelos ritmos individuais das crianças
• Turmas muito grandes
• Evolução do estatuto de professor
• Natureza da progressão escolar
• Evolução do papel da escola primária
• Competência do professor

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A criança e a escola
CLÍNICA DAS DIFICULDADES ESCOLARES:

Principal dificuldade escolar: instabilidade


Mais rapazes do que raparigas

Dificuldades específicas de aprendizagem


• Dislexia
• Discalculia

Atraso escolar
Diminuição do rendimento escolar
• Dificuldades familiares
• Conflitos actuais da criança
• Início de desorganização psicótica
Insucesso escolar “permanente”
• Debilidade mental
• Recusa escolar
• Desinteresse escolar
• Inibição escolar
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A criança e a escola
CLÍNICA DAS DIFICULDADES ESCOLARES:

Fobia escolar, recusa escolar ansiosa


O que está frequentemente presente é a “angústia de separação”
Quanto mais nova é a criança, mais difícil é perceber se é uma angústia desenvolvimental ou patológica

Estudo clínico
• Momento fóbico
• Longe dos momentos fóbicos
• Outras manifestações
• Sintomas de aparência neurótica
• Comportamento agressivo com família (especialmente com a mãe)
• Estado depressivo

Diagnóstico diferencial
Até aos 2-3 anos, a angústia de separação (e as suas manifestações) são normais. Se perdurar:

• Faltar às aulas
• Recusa escolar Procurar outros sintomas
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A criança e a escola
CLÍNICA DAS DIFICULDADES ESCOLARES:

Fobia escolar, recusa escolar ansiosa (cont.):

Abordagens psicopatológicas
Dinâmica familiar
• Criança dependente da família
• Mãe ansiosa ou fóbica
• Pai pouco tranqulizante, fraco ou ausente
• Dificuldade da criança em identificar-se com o pai

Posição passive da criança safistaz a mãe e conforta a criança

Abordagem terapêutica
• Psicoterapia
• Abordagem familiar
• Medicação

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BLOCO 3. PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
ACTING-OUT

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Agir e passagem ao acto na adolescência
AGIR E PASSAGEM AO ACTO NA ADOLESCÊNCIA:

Comportamento agido Comportamento mentalizado

Adolescência: agir como forma privilegiada de expressão de conflitos e angústias.

Factores que favorecem o agir na adolescência:


1. Ambientais
2. Internos
3.
Factores ambientais:
• Mudança de estatuto social
• Conteúdo do novo estatuto social
• Esterótipos socias (crise adolescência)
• Interacção social
• Constrangimentos excessivos da realidade
1.

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Agir e passagem ao acto na adolescência
AGIR E PASSAGEM AO ACTO NA ADOLESCÊNCIA:

Factores internos:
• Excitação pubertária
• Angústia
• Modificação do equilíbrio pulsão-defesa
• Antítese actividade/passividade
• Modificações instrumentais
• Modificações enquanto instrument
• Modificações da função

LUGAR DA PASSAGEM AO ACTO NOS PRINCIPAIS QUADROS PATOLÓGICOS:


Considerar se é um aspect isolado ou repetido

3 eventualidades diagnósticas:
1. Crises (Erik Erikson)
2. Comportamentos graves. Personalidades anti-sociais (BL)
3. Depressão na adolescência
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Agir e passagem ao acto na adolescência
AGIR E PASSAGEM AO ACTO NA ADOLESCÊNCIA:

Significados psicológicos e psicopatológicos do agir


• Traços de carácter (adolescente psicopata)
• Sintoma (adolescente deprimido


Tem sentido diferente consoante as situações:
• Agir como estratégia interactive
• Agir como mecanismo de defesa
• Agir enquanto entrave ao comportamento mentalizado
• Recusa do agir

Factores de resiliência perante a passagem ao acto:


• Tolerância à frustração
• Capacidade de diferir
• Capacidade de deslocar
• O lugar do jogo na adolescência

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Agir e passagem ao acto na adolescência
AGIR E PASSAGEM AO ACTO NA ADOLESCÊNCIA:

Fugas e errâncias:
• Características comuns:
1. São comportamentos agidos
2. Não são delitos por si mesmos
3. Representam comportamento social importante da adolescência
4. Não têm necessariamente carácter patológico
5. Passagens do campo familiar ou institucional para o campo social
6.
Diferentes modos de partida na adolecência:
• Viagem: desejo de descoberta, gosto pela Aventura
• Caminhada: desejo de rupture e procura de nova identidade
• Fuga: dimensão de evasão, a angústia, o papel do meio

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Agir e passagem ao acto na adolescência
AGIR E PASSAGEM AO ACTO NA ADOLESCÊNCIA:

Diferentes modos de partida na adolecência:


• Viagem
• Caminhada
• Fuga
• + inesperado
+ preparado
• + agido
+ mentalizado
• + individual
+ grupal
• + delituoso
+ admitido
• + patológico
+ normal



CLASSIFICAÇÃO NOSOLÓGICA:
Presunção da normalidade ou patologia não está nos comportamentos, mas sim no seu significado!

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Agir e passagem ao acto na adolescência
AGIR E PASSAGEM AO ACTO NA ADOLESCÊNCIA:
• Furto
• Veículo motorizado
• Grandes superficies
• Lugares habitados

VIOLÊNCIA NA ADOLESCÊNCIA:
Respostas às ameaças narcísicas e à depressão

Hetero-agressividade:
• Violência contra bens
• Vandalismo
• Comportamentos destrutivos solitários (pirómano)
• Comportamentos hetero-agressivos com formas excremenciais
• Violências contra pessoas
• Violências escolares
Auto-agressividade:
• Auto-mutilações
• Impulsivas
• Crónicas
• Equivalentes suicidários e comportamentos de risco
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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
COMPORTAMENTOS CENTRADOS NO CORPO

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Agir e passagem ao acto na adolescência

O PROBLEMA DO CORPO NO ADOLESCENTE:


Corpo está no centro do conflito do adolescente
3 eixos principais:
1. Esquema corporal
2. Imagem do corpo
3. Corpo social
4.
2 tipos de defesas prevalecentes da psicopatologia do corpo:
5. Necessidade de controlo
6. Lugar da regressão
7.
8.

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Agir e passagem ao acto na adolescência

O PROBLEMA DO CORPO NO ADOLESCENTE:


Corpo está no centro do conflito do adolescente
3 eixos principais:
1. Esquema corporal
2. Imagem do corpo
3. Corpo social
4.
Esquema corporal:
Conotação neurofisiológica e neuropsicológica

Imagem do corpo:
Tem sempre base afectiva

5.
6.

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Agir e passagem ao acto na adolescência

O PROBLEMA DO CORPO NO ADOLESCENTE:


Corpo está no centro do conflito do adolescente
3 eixos principais:
1. Esquema corporal
2. Imagem do corpo
3. Corpo social
4.
Corpo social
Corpo como veículo para “estar no mundo”
Perturbações com expressão somática aqui abordadas são sistemas de comportamentos nos quais as necessidades
fisiológicas do corpo (sono, alimentação, higiene, roupa, adornos) são utilizados como meio de interacção com os
objectos externos reais (pessoas e ambiente) ou fantasmáticos (imagos parentais).
5.
6.

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Agir e passagem ao acto na adolescência

O PROBLEMA DO CORPO NO ADOLESCENTE:


2 tipos de defesas prevalecentes da psicopatologia do corpo:
1. Necessidade de controlo
2. Lugar da regressão
3.
Necessidade de controlo
Tentativa rígida de controlar pulsóes sexuais e/ou agressivas (mais especificamente os desejos masturbatórios)

Lugar da regressão
Diversos tipos de regressão (com significados e quadros diferentes)

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Agir e passagem ao acto na adolescência

PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR:


Corpulência e/ou absorção alimentar servem para resolver ou dissimilar problemas adaptativos internos ou externos.

Clínica dos comportamentos alimentares na adolescência


4 tipos de perturbação:
1. Comportamentos alimentares instáveis
• Fome (adolescente pré-menstrual)
• Crise bulímica (binge-eating)
2. Comportamentos alimentares quantitativamente inadequados
• Redução alimentar
• Hiperfagia, rilhagem
3. Comportamentos alimentares qualitativamente perturbados
• Exclusão alimentar, dieta específica
4. Manobras específicas ligadas à alimentação

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Agir e passagem ao acto na adolescência

OBESIDADE
• Comportamentos e personalidade do adolescente obeso
• Hipóteses psicopatológicas
• Genética
• Ambiente (familiar)
• Afectivas (relação mãe-bebé)
• Obesidade e depressão (tédio)
• Encobre deficiência na elaboração do narcisismo
• Obesidade e sexualidade
• Defesa contra desejos sexuais e cumpabilidade adjacente
• Tratamento
• Medicação
• Psicoterapia

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Agir e passagem ao acto na adolescência

ANOREXIA MENTAL
• Caraterísticas epidemiológicas
• 90-97% sexo feminino
• Aparecimento: 15/6 ou 18/9 anos
• Co-morbilidade com outras patologias
• “Síndrome anorética”. Descrição clínica:
• O emagrecimento
• A amenorreia
• A hiperactividade
• Percepção deformada da imagem do corpo
• Desinteresse pela sexualidade
• A família da anorética
• Evolução:
• variável
• comportamento e estrutura não são indissociáveis
• Formas clínicas

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Agir e passagem ao acto na adolescência
ANOREXIA MENTAL
• “Síndrome anorética”. Formas clínicas:
• Anorexia mental masculina
• Rara
• Anorexia pré-púbere
• Quadro grave
• Repercussões somátics negativas
• Diagnóstico psiquiátrico. 2 posições:
1. Anorexia como entidde nosográfica
2. Anorexia como sintoma
• Elementos de reflexão psicopatológica
• Anorexia mental exprime a incapacidade em assumer papel sexual genital e integrar as
transformações da puberdade
• O conflito situa-se ao nível do corpo, que é negado e maltratado, e não ao nível das funções
alimentares (sexualmente investidas)
• A estrutura da anorexia mental é diferente da estrutura da neurose clássica
• Tratamento
• Acompanhamento em ambulatório
• Hospitalização e separação

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Agir e passagem ao acto na adolescência
BULIMIA
• Aparecimento: 12/4 ou 18/9 anos
• Mais prevalencente no sexo feminino

“Síndrome bulímica” (binge eating)


3 critérios:
1. Necessidade intense e irresistível de absorver grandes quantidades de alimentos com um sentiment de perda de
controlo da capacidade de se conter
2. Estratégias para impeder um aumento de peso relacionado com essa absorção excessiva (vómitos, abuso de
laxantes, dietas alimentares mais ou menos estritas e/ou fantasias de intervalo de crises, actividade
desportiva)
3. O receio nestes sujeitos de se tornarem gordos com uma finalidade conscientemente sentida na viv~encia da
imagem do corpo. A relação negativa com o seu corpo e com a imagem deste parece ser um element
importante do prognóstico, mais especificamente nos rapazes
4.
Associações patológicas:
• Modificações ponderais
• Outras adicções
• Depressão
• Contexto familiar
• Todos
© Copyright Universidade Europeia. Mais caóticos,
os direitos reservados impulsivos e conflituosos que os das anoréticas 374
Agir e passagem ao acto na adolescência
O SONO, SUAS PERTURBAÇÕES E A SUA PSICOPATOLOGIA
Estas perturbações tendem a re-aparecer na adolescência

Perturbações específicas:
• Insónias
• 3 tipos
1. “Verdadeiras”
2. Secundárias
3. Síndrome do atraso da fase de sono
• Comportamentos patológicos durante o sono: as parassónias
• Sonambulismo
• Terrores nocturnos
• Hipersónias
• Narcolepsia-cataplexia
• Hipersónia idiopática
• Síndrom Kleine-Levin

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Agir e passagem ao acto na adolescência
O SONO, SUAS PERTURBAÇÕES E A SUA PSICOPATOLOGIA

Perturbações do sono e psicopatologia


Ligação entre perturbações do sono e depressão no adolescente

Tratamento
• Estratégias práticas (mudra progressivamente hora de deitar)
• Medicação
• Psicoterapia

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
SEXUALIDADE

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Sexualidade na adolescência
DADOS QUANTITATIVOS E EPIDEMIOLÓGICOS:

• Orgasmo
20% das raparigas de 15 anos tiveram 1 orgasm

• Masturbação
90% rapazes (1ª ejecualação – 68%)
40% raparigas (1º orgasm – 84%)

• Fantasias sexuais conscientes


Principais:
• Acariciar parceiro
• Sexo com parceiro
Outras:
• Homossexuais (3%)
• Fantasmas sádicos (24% rapazes vs. 6% raparigas)
• Fantasmas masochistas (21% raparigas vs. 11% rapazes)
• Fantasmas voyeuristas (35% rapazes vs. 28% raparigas)

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Sexualidade na adolescência
DADOS QUANTITATIVOS E EPIDEMIOLÓGICOS:

• 1ª relação sexual
Dados estatísticos variam em função da época histórica e país
Ao longo dos anos, a idade media da 1ª relação sexual tende a ser cada vez mais cedo


Rapazes ●
Raparigas

Manutenção da relação sexual com a mesma ●
8% ●
29%
pessoa

Implicação afectiva na 1ª relação sexual (NÃO ●
46% ●
8%
EXISTENTE)
Homossexualidade
• 4.6% (rapazes)
• 2.9% (raparigas) Secundário
Tende a aumentar a partir dos 18/9 anos

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Sexualidade na adolescência
COMPORTAMENTOS RELACIONADOS COM SEXUALIDADE:

• Comportamentos sexuais desviantes


• Prostituição
• Violação Insere-se na delinquência
Estão a aumentar na âdolescência

DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL NA ADOLESCÊNCIA:


• Factores orgânicos
• Factores cognitivos
• Factores afectivos
• Imagem do corpo
• Escolha do objecto sexual
• Identidade sexual
• Factores socioculturais

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Sexualidade na adolescência
PSICOPATOLOGIA DOS PRINCIPAIS COMPORTAMENTOS SEXUAIS

Normalidade:

•Perspectiva sociológica Ponto de vista clínico


3 dificuldades no domínio da sexualidade do adolescente:
• Realização sexual e as suas dificuldades
• Escolha do objecto sexual e as suas dificuldades
• Identidade sexual e as suas dificuldades

Dificuldades específicas do estabelecimento da identidade sexual:
1. Transexualidade
2. Intersexualidade ambígua

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Sexualidade na adolescência
PSICOPATOLOGIA DOS PRINCIPAIS COMPORTAMENTOS SEXUAIS

Transexualidade:
• Começa na infância
• Adolescência: frequentemente dá início a crise de identidade
• Conflito interno: não deseja nem aceita o seu desenvolvimento
• Conflito externo: pressão familiar e da sociedade face às suas aspirações
• Puberdade e caracteres sexuais secundários: cride e depressão
• Pertence ao grupo de perversões
• Limites com travestismo e homossexualdade nem sempre é clara

Anomalia dos órgão genitais externos
• Origem orgânica
• Pseudo-hermafroditismo feminino
• Pseudo-hermafroditismo masculino

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Sexualidade na adolescência
ATITUDES DOS PAIS

Os pais e a sexualidade dos seus adolescents: mudanças recentes e atitudes


• Informação
• Contracepção
• Valores institucionais ligados à sexualidade

Os pais e a sexualidade dos seus adolescents: re-estruturação intrapsíquica
• Fantasias sexuais
• Evocar sexualidade dos pais (quando eram jovens)
• Sexualidade dos adolescents como o final da dos pais

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Sexualidade na adolescência
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Aspectos somáticos
A partir dos 16 anos, existem poucas implicações negativas para a rapariga

Aspectos psicossociais
• Gravidez tende a surgir em clima de ruptura
• Genitor ausente (e por vezes não conhece a situação)
• Estatuto socioeconómico tendencialmente baixo
• Vida caótica

Aspectos psicológicos e psicopatológicos


• Carência afectiva e baixa auto-estima
• Sexo como forma de obter afecto
• Desejo de gravidez substitui ausência de objecto sublimatório
• Relação conflituosa com a mãe (gravidez permite rivalizar ou triunfar)
• Psicopatia e depressão

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Sexualidade na adolescência
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Interacção mãe adolescents – bebé


• Risco maior quanto mais nova é a mãe
• Risco psicossocial considerável
• Mãe adolescente: pouca preocupação maternal ansiosa, quando comparada com outras mães
• Menor sintonia afectiva com o bebé

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
ESTADOS ANSIOSOS E NEUROSE: CRÍTICA DOS
CONCEITOS

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Estados ansiosos e neurose
ANGÚSTIA

3 fases de desenvolvimento
1. Excitação somática difusa (manifestações físicas)
2. Angústia psíquica masrcada por um receio extremo que invade a psique (fobias arcaicas)
3. Angústia, sinal-sintoma (Ego suscita angústia face a perigo ptencial)
4.
ESTUDO CLÍNICO
Continuidade da infância na idade adulta
3 manifestações relacionadas com ansiedade têm continuidade da infância para a idade adulta:
5. Fobias simples (sangue, feridas corporais)
6. Inibição ansiosa
7. Ansiedade de separação
8.
Perturbações de pânico

Focias sociais (início + tardio: 15/20 anos)

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Estados ansiosos e neurose
ESTUDO CLÍNICO

Particularidades gerais da expressão ansiosa na adolescência


Expressão da ansiedade na adolescência é muito mais específica
• Palpitações
• Cafaleias
• Vertingens
• Náuseas
• Fobia escolar
• …

Evolução da patologia ansiosa na adolescência

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Estados ansiosos e neurose
ABORDAGEM PSICOPATOLÓGICA

Adolescência: modificações pubertárias + psíquicas

Angústia

Qualidade depende da capacidade de elaboração do ego

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Estados ansiosos e neurose
Os comportamentos ansiosos

Angústia não se resue a “Perturbação da Ansiedade” nem a “Perturbação Fóbica”

Expressões neuróticas características da adolescência:


Comportamentos fóbicos
1. Dismorfofobias
2. Fobias escolares
3.
Dismorfofobias:
Não são verdadeiras fobias (são mais ideias obsessivas)
• Relação do adoelscente com o corpo
• “Corpo social”

Descrição clínica
Preocupações excessivas com a silhueta
Preocupações excessivas com uma parte do corpo
Preocupações excessivas com caracteres sexuais
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Estados ansiosos e neurose
A intelectualização
Transformar em pensamento abstracto o que se sente
Tentativa de dominar as pulsões

Inibição
Inibição intelectual
Inibição de fantasmar
Inibição relacional (timidez)

Outros comportamentos neuróticos


Comportamentos histéricos
Comportamentos obsessivos

ATENÇÃO:
Ligação entre comportamento sintomático e estrutura psíquica é frouxo (a comprensão remete para outros eixos)

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
DEPRESSÃO

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Depressão na adolescência
DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA

Períodos depressivos na adolescência são sub-reportados


Episódios são frequentemente confundidos com “processo normal do adolescente”

Diferença de sexos
Rapazes e raparigas têm diferentes formas de expresser o mal-estar:
• Rapazes: comportamento agressivo (descarregar de tensões e sofrimento relativamente auma imagem negative
de si, escondida numa aparente insolência ou reacção violenta)
• Raparigas: imagem do corpo, peso, dores mais ou menos difusas

Causas
• Biológicas
• Familiares (luto, pais deprimidos, divórcio, conflitos)
• Existenciais (decepção sentimental, insucesso escolar, doença física)

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Depressão na adolescência
DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA

Pressão social: mundo vivido como demasiado…


• Decepcionante
• Constrangedor
• Inquietante

Ponto-chave:
Articulação entre os avatars da adolescência e a organização intrapsíquica depressive relativamente independente
das fases de vida

Diferença entre luto e depressão

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Quais as diferenças entre luto e depressão?

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Depressão na adolescência
SEPARAÇÃO, RUTPTURA DOS VÍNCULOS, PERDA
Conceitos diferentes

Perdas a 4 níveis:
• Corpo
• Pais
• Grupo
• Self, dos seus movimentos e formações psíquicas

Regressão narcísica
Desvio entre o que é o adoelscente e o que gostaria de ser – golpe na auto-estima
Movimentos regressivos

AGRESSIVIDADE E AMBIVALÊNCIA
Reactivação pulsional agressivas orais e anais são componete fundamental da “estrutura depressiva de base”

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Depressão na adolescência
AFECTO DEPRESSIVO DE BASE
• Humor depressivo
• Tédio
• Morosidade

CLÍNICA

Abordagem terapêutica dos diferentes tipos de depressão


• Síndrome de ameaça depressive
• Depressão de inferioridade
• Depressão de abandon
• Depressão psicótica e depressão melancólica

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Depressão na adolescência
CLÍNICA

O ambiente familiar
• Separação do adolescente Luto dos pais

• Acontecimentos precipitantes dentro do seio familiar
• Controlo excessivo e as suas consequências
• Contenção das angústias do adolescente
• Depressão de inferioridade: projecção por parte dos pais do seu ideal megalómano na criança para se defenderem
da sua propria depressão
• Depressão de abandono: pais directamente relacionados (principalmente a mãe). Adolescência como 2ª forma de
separação-individuação
• Depressão melancólica

Evolução e diagnóstico
Depende largamente do Quadro clínico: estrutura, sintomas, idade de aparecimento…

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Depressão na adolescência
CLÍNICA

Abordagens terapêuticas
• Tratamentos medicamentosos
• Terapia relacional
• Intervenção sobre o ambiente
• Prevenção

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
TENTATIVAS DE SUICÍDIO

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Definições conceptuais
Definições:
• Suicídio
• Tentativa suicídio
• Equivalente suicida

Óbitos por suicídio:
Autópsias psicológias sugerem:
• Maiorprevalência de perturbação mental
• Depressão
• Alcoolismo
• Perturbações da personalidade

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Estudos epidemiológicos
TENTATIVAS E SUICÍDIO: ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

Raparigas: 3%
Rapazes: 1.5% Tentativa de suicídio na adolescência

30-50% das tentativas de suicídio têm reincidência nos 12-18 meses seguintes.

Características familiares:
• Famílias dissociadas
• Ausência figura paterna (autoridade)
• Antecedentes patológicos frequentes
• Alcoolismo
• Tentativas de suicídio

Factores sociais

Factores individuais
• Insucesso escolar
• Parâmetro sexo
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Estudos epidemiológicos
TENTATIVAS E SUICÍDIO: ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS (cont.)

Acumulações de acontecimentos de vida


• Perturbações de humor
• Abuso e dependência de subatâncias
• Divóricio/separação dos pais
• Perturbações psíquicas dos pais
• Depressão
• Abuso de substâncias
• Abuso sexual na infância
• Violência sofrida ou realizada
• Suicídio na família
• Drop-out na escola
• Tentativa de suicídio anterior

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Clínica da tentativa de suicídio
CLÍNICA DA TENTATIVAD E SUICÍDIO:

Os meios
• Ingestão de medicamentos
• Produtos tóxicos
• Overdose
• Atirar-se para debaixo de um veículo
• Enforacamento
• Arma de fogo
• …

Síndrome de tensão pré-suicidária


• Depressão
• Derrubamento dos resultados escolares
• Fechamento sobre si próprio
• Perturbações do sono
• Tendência para acidentes repetidos
• Receio de “não aguentar”
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Clínica da tentativa de suicídio
CLÍNICA DA TENTATIVAD E SUICÍDIO (cont.):

Síndrome de pseudo-cura
Primeiros dias após a tentativa de suicídio

Apaziguamento das tensões:


• Raiva interna
• Tensões familiares

Proximidade pais-filho rapidamente se torna difícil de suportar

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Tentativa de suicídio e diagnóstico
TENTATIVA DE SUICÍDIO E DIAGNÓSTICO ASSOCIADO (CO-MORBILIDADE):
• Perturbações de humor
• Perturbações ansiosas
• Perturbações dos comportamentos
• Perturbações da personalidade
• Homossexualidade e perturbações da identidade sexual
• Esquizofrenia e episódios psicóticos agudos

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Abordagem psicopatológica
ABORDAGEM PSICOPATOLÓGICA:

Significado geral do suicídio:


• Fuga
• Luto
• Castigo
• Crime
• Vingança
• Apelo e chantagem
• Sacrifício ou passagem
• Ordálio ou o jogo

Significado psicopatológico do acto suicidário:


Dimensão depressiva
Dimensão impulsiva: rupture externa aumenta ruptura interna

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Abordagem psicopatológica
ABORDAGEM PSICOPATOLÓGICA:

Vulnerabilidade psíquica e enfraquecimento dos processos mentais:


Ambitendência
Ódio ao objecto do qual depende: põe a nu a ragilidade narcísica

Significado das interacções entre o adolescente suicida e o seu ambiente:


1. Adolescente como lugar de projecção parental excessive (identificação projective impede processo de separação-
individuação)
2. Barreira geracional da família é difusa
3. Períodos pré-suicidários: acontecimentos conduzem a desabamento das suas capacidades de resposta
4.

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Prognóstico e abordagem terapêutica
PROGNÓSTICO:
• A recidiva suicidária
• Avaliação longínqua e suas evoluções
1.
ABORDAGEM TERAPÊUTICA:
Medidas terapêuticas imediatas
• Hospitalização
• Entrevista de urgência
• Encontro com a família

Medidas terapêuticas e mádio e longo-prazos


Protocolo de avaliação após tentativa de suicídio:
• 1º momento de tratamento: a estratégia de avaliação psicológica
• Factores de risco de 2ª ordem: dimensão impulsive e as perturbações da personalidade
• Factores de 3ª ordem: família e ambiente
• Factores de 4ª ordem: acontecimentos de vida

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
DIFERENTES ESTADOS PSICÓTICOS

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Os diferentes estados psicóticos
OS DIFERENTES ESTADOS PSICÓTICOS

5-10% dos adolescentes internados apresentam perturbações psicóticas

3 questões que dominam o problema das psicoses na adolescência:


1. Dificuldades diagnósticas
2. Evolução
3. Ordem psicopatológica
4.
ESTUDO CLÍNICO DAS PSICOSES NA ADOLESCÊNCIA

Esquizofrenia
• Diagnóstico difícil
• 3 fases evolutivas
1. Pré-mórbida
2. Prodrómica
3. Psicose franca

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Os diferentes estados psicóticos
ESTUDO CLÍNICO DAS PSICOSES NA ADOLESCÊNCIA

Esquizofrenia principiante ou “crises” da adolescência:


• Comportamentos excêntricos
• Fuga
• Tentativa de suicídio inesperada

Diferenciar entre esquizofrenia principiante ou crise de adolescência

Ver evolução!
Ter em consideração 3 pontos:
1. Antecedentes do sujeito
2. Aspecto clínico propriamente ditto
3. Avaliação fixa e pormenorizada do funcionamento mental

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Os diferentes estados psicóticos
ESTUDO CLÍNICO DAS PSICOSES NA ADOLESCÊNCIA

Surtos delirantes agudos


Invasão e polimorfismo da temática delirante
Evolução rápida (2/3 meses), com duração inferior a 6 meses

• Alucinações particularmente vivas


• Perturbação emocional
• Medos
• Nota confusional

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Os diferentes estados psicóticos
ESTUDO CLÍNICO DAS PSICOSES NA ADOLESCÊNCIA

Surtos delirantes agudos


Evolução e prognóstico
O principal problema é prognóstico (e não propriamento diagnóstico)
1. Estudo dos antecedentes
2. Idade de ocorrência
3. Dados semiológicos
4. Dados familiares e socioculturais
5. Evolução
6.
1. Estudo dos antecedentes
Dificuldades passadas como despercebidas:
• Solitário
• Investimento em sector particular
• Persistência de fobias múltiplas
• Rituais invalidantes (pré-adolescência)
• Existência de psicose aguda na 2ª-infância
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Os diferentes estados psicóticos
ESTUDO CLÍNICO DAS PSICOSES NA ADOLESCÊNCIA
Surtos delirantes agudos
Evolução e prognóstico
O principal problema é prognóstico (e não propriamento diagnóstico)
1. Estudo dos antecedentes
2. Idade de ocorrência
3. Dados semiológicos
4. Dados familiares e socioculturais
5. Evolução

2. Idade de ocorrência
Quanto mais cedo, maior a probabilidade de evoluir para uma psicose crónica

3. Dados semiológicos
Restrição do afecto é desfavorável

4. Dados familiares e socioculturais


Carga genética tem peso.

5. Evolução
Isolada ou cronicidade
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Os diferentes estados psicóticos
ESTADOS PSICÓTICOS CARACTERÍSTICOS DA ADOLESCÊNCIA

3 dimensões centrais na re-organização intrapsíquica na adolescência:


• O corpo em questão
• A identidade em questão
• O equilíbrio entre o investimento narcísico e o investimento objectal em questão

As formas particulares:
2 formas:
1. Substâncias e psicose
2. Evolução na adolescência das psicoses infantis

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Os diferentes estados psicóticos
ESTADOS PSICÓTICOS CARACTERÍSTICOS DA ADOLESCÊNCIA
As formas particulares:
2 formas:
1. Substâncias e psicose
2. Evolução na adolescência das psicoses infantis

1. Substâncias e psicose
Estado psicótico agudo “reactivo”
Efeito esquizo: alucinógenos (LSD, mescalina)
• Mergulho onírico
• Sentimento de despersonalização
• Angústia de fragmentação
Efeito parano: anfetaminas
• Participação delirante mais intense

Estado psicótico agudo: depoisde 24horas do consume

Evolução variável:
1. Acto isolado
2. Novo consume e repetição do surto
3. Psicose crónica
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Os diferentes estados psicóticos
ESTADOS PSICÓTICOS CARACTERÍSTICOS DA ADOLESCÊNCIA
As formas particulares:
2 formas:
1. Substâncias e psicose
2. Evolução na adolescência das psicoses infantis

1. Substâncias e psicose
Estado psicótico agudo “reactivo” (cont.)
Psicose aguda ocorre em sujeitos com:
• Ego fraco
• Fragilizados pela adolescência
• Borderline

Psicose crónica e utilização de substâncias


Sintomas psicóticos há mais de 6 meses e utilização de substâncias
Abordagem psicopatológica coloca o problema da personalidade pré-existente à utilização de substâncias

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Os diferentes estados psicóticos
ESTADOS PSICÓTICOS CARACTERÍSTICOS DA ADOLESCÊNCIA
As formas particulares:
2 formas:
1. Substâncias e psicose
2. Evolução na adolescência das psicoses infantis

2. Evolução na adolescência das psicoses infantis


Continuidade entre psicose infantil e psicose do adulto não é sistemática

Pode-se recuperar muito na adolescência

2 estados:
• Estado psisótico contínuo à psicose infantile
• Estados psicóticos que aparecem com a adolescência

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Os diferentes estados psicóticos
HIPÓTESES ETIOLÓGICAS E PSICOPATLÓGICAS
• Abordagem genética
• Abordagem dopaminérgica
• Hipótese neurofisiológica
• Abordagem sistémica familiar
• Abordagem psicanalítica

Abordagem sistémica familiar


Bateson: double-bind
A comunicação paradoxal não é causa da esquizofrenia, mas sim um padrão da comunicação destas famílias

Palo Alto: novos mecanismos


• Desqualificação
• Posição insustentável
• Desconfirmação

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Os diferentes estados psicóticos
HIPÓTESES ETIOLÓGICAS E PSICOPATLÓGICAS
• Abordagem genética
• Abordagem dopaminérgica
• Hipótese neurofisiológica
• Abordagem sistémica familiar
• Abordagem psicanalítica

Abordagem psicanalítica
• Os processos primordiais
• A paradoxalidade
• Mecanismos psicóticos do Ego
• Ruptura psicótica
• Rupturas perigosas
• Abordagem psicanalítica familiar
• Objectivos da intervenção precoce

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
ESTADOS-LIMITE

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Estados-limite na adolescência
INTRODUÇÃO
Estudar os estados-limite na adolesacência implica conhecer os estados-limite na idade adulta.
Clínica borderline:
1. Importância da angústia
2. Existência de sintomas neuróricos no seio de uma sexualidade de modo geral pouco satisfatótia para o sujeito
3. Importância da sintomatologia depressiva
4. Facilidade de passage ao acto (tentativas de suicídio e actos delituosos)
5. Estabelecimento fácil de relação de dependências às substâncias diversas e ao alcool
6. Possibilidade de episódio de descompensãção transitória, mas rapidamente regressive (episódio confusional
transitório, perturbação de comportamento impulsivo)

Mecanismosmentais arcaicos:
Predomínio da clivagem, que é complementada por:
Identificação projectiva
Idealização
Denegação

Enfraquecimento do Ego
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Estados-limite na adolescência
INTRODUÇÃO

Mecanismosmentais arcaicos:
Predomínio da clivagem, que é complementada por:
• Identificação projectiva
• Idealização
• Denegação

• Enfraquecimento do Ego e perda do potencial de adaptação


• Relações de objecto parciais e relações anaclíticas
• Hipótese etiológica: impossibilidade de aceder à ambivalência neurótica com a inquietude e culpabiliade para com
o objecto que subtende no seu acesso
• Clivagem: mecanismo active para lutar contra sofrimento depressivo, evitar a inquietude, e não ter que fazer face
às necessidades de reparação

A especificidade não está no Quadro clínico, mas sim na organização conflitual, económica e dinâmica subjacente.

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Estados-limite na adolescência
PONTOS COMUNS ENTRE ADOLESCÊNCIA E ESTADOS-LIMITE

• Aspectos clínicos
• Clinicamente, os adultos borderline são descritos como “adolescente atrasados”
• Dinâmica conflitual
• Ego em posição de relativa fragilidade
• Mecanismos de defesa arcaicos
• Hesitação de identidade e fragilidade narcísica
• Génese das perturbações
• Distorção no desenvolvimento precoce da criança

SINTOMATOLOGIA CLÍNICA
Patologia identifica-se através da avaliação do funcionamento psíquico (e não pelo Quadro nosológico)
• Frequência do agir
• Frequência dos comportamentos marginais e delinquentes
• Dificuldades escolares
• Dificuldades sexuais
• Manifestações centradas no corpo
• Tédio, desinteresse, sentimentos de vazio e inutilidade
• Sensibilidade a perdas e sentimentos de abandono
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Estados-limite na adolescência
CONTEXTO FAMILIAR

• Casal desarmoniosos e conflituoso


• Comportamentos patológicos semelhantes: tentativas suicídio, alcoolismo, depressão, episódio confusional ou
psicótico transitório
• Pais com patologia borderline
• Ambivalência profundal na relação com os pais
• Funcionamento projective é dominante (pais e filhos)

ABORDAGEM PATOLÓGICA

1. Mecanismos de defesa
2. Organização tópica (fraqueza do Ego e severidade do superego)
3. Ponto de vista dinâmico e as relações de objecto

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Estados-limite na adolescência
HIPÓTESES ONTOGÉNICAS

Masterson: tríade borderline:


1. Falha no 2º processo de separação-individuação (aspecto ontogénico)
2. Angústia de reacção depressive (aspecto semiológico)
3. Mecanismos de defesa arcaicos (aspecto psicopatológico e dinâmico)

PROPOSTAS TERAPÊUTICAS

Abordagem dupla:
• Psicoterapia de Inspiração Psicanalítica
• Medidas institucionais

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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

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Estados-limite na adolescência
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

Conceito de psicopatia na criança levanta dúvidas.


No DSM IV, as perturbações de comportamento são o equivalente à psicopatia no adulto

Percursores antes dos 15 anos:


• Absentismo escolar
• Exclusão da escola devido ao seu comportamento
• Delinquência
• Pelo menos 2 fugas nocturnas do domicílio dos pais/tutores
• Mentiras frequentes
• Relações sexuais frequentes no decorrer de relações esporádicas
• Embriaguez ou abuso de substâncias repetidos
• Roubos
• Vandalismo
• Nível escolar inferior ao que o QI faria supor
• Violação crónica das regras de comportamentos (casa e escola)
• Incitação a rixas

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Estados-limite na adolescência
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

Terminologia
• Desvio e marginalidade: sociologia
• Delinquência: jurídica
• Sociopatia: anglo-saxónicos

ESTUDO CLÍNICO

1. Os comportamentos do indivíduo
2. O psicopata no seu ambiente
3.

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Estados-limite na adolescência
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

ESTUDO CLÍNICO
Os comportamentos do indivíduo

• A impulsividade e a agressvidade
• Aspereza
• Frequência elevada
• A instabilidade
• Comportamental
• Afectiva
• Escolar
• Profissional
• A natureza das relações humanas
• 1º contacto aparentemente frágil
• Mudança dá-se quando adolescente não tem mais a esperar da relação
• Relações superficiais, irregulares e com necessidade de satisfação imediata

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Estados-limite na adolescência
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

ESTUDO CLÍNICO
Os comportamentos do indivíduo (cont.)

• Comportamento de retirada
• Fragilidade, angústia e sofrimento (mais característicos na adolescência)
• Passividade
• Ociosidade e desocupação
• Tédio e falta de interesse
• Dependência
• Completa passividade
• Não há autonomia real
• Descompensações agudas
• Reacções persecutórias: o mal-estar é atribuído aos outros
• Não existe culpabilidade, mas um sentiment que se assemelha à vergonha

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Estados-limite na adolescência
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

ESTUDO CLÍNICO
Psicopata no seu ambiente

• A família
• História famialiar em zonas de marginalidade
• Interacções perturbadas: dissociação, conflito duradouro, mistura de gerações, presença de estranhos
no grupo familiar
• Adultos: impulsivos
• Rixas e alcoolismo habituais
• Pai ausente (ausência de figura de autoridade)
• Mãe especial: vínculo forte e caótico
• O ambiente social: o grupo
• Grupo é a única estrutura que contém o adolescente. Oferece:
• Identidade (papel)
• Protecção
• Estatuto

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Estados-limite na adolescência
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

ABORDAGEM PSICOPATOLÓGICA
Fraqueza do Ego
• baixa tolerância à angústia
• Falta de control e impulsividade
• Ausência de capacidade sublimatória (resulta em desinteresse)
• Mecanismo de defesa primitivos: clivagem, Identificação projectiva, idealização

Fraqueza do Ideal de Ego


• supercompensações narcísicas

Organização superegóica arcaica


• Lei de Talião
• Não há lugar para a reparação

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Estados-limite na adolescência
COMPORTAMENTOS PSICOPÁTICOS

HIPÓTESES ETIOLÓGICAS
1. Psicogenéticas
2. Tipo orgânico
3. Ambiental

Psicogenéticas
• Rupturas na 1ª infância
• Carência afectiva precoce

Tipo orgânico
• Imaturidade neuropsicológica (desordem cerebral minor)

Ambiental
• Factores familiares
• Factores sociais
• Factores culturais

A impulsividade é o traço major do quadro clínico
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PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA
DEPENDÊNCIAS

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Dependências
DEPENDÊNCIAS

Dependências:
• Com substância
• Sem substância

3 condições associadas às dependências:


1. Alexitimia
2. Depressão
3. Procura de sensações (com substâncias)
4.
2 factores de vulnerabilidade:
• Avatares de ligação insegura na infância (angústia separação)
• Vulnerabilidade depressiva

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Dependências
CLÍNICA
Os comportamentos aditivos:
Noções de dependência alargam-se:
• Compulsão em investir no comportamento (perda da capacidade de prazer)
• Manutenção do comportamento, apesar das consequências negativas
• Obsessão relativamente ao comportamento
• Culpabilidade posterior
• Presença de sintoma de ressaca psicológica e/ou fisiológica aquando a paragem brutal

Comportamentos de escalada:
• Tendências para passagens ao acto
• Utilização quantitative de uma subtância num sujeito
• Funcionamento relacional em direcção a um funcionamento cada vez mais virado para si

Adições com substância (noção alargada):


Comportamentos alimentares (anorexia e bulimia)
Compras compulsivas
Jogo patológico
Adições sexuais
Adição ao trabalho
“Comportamentos de risco”
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Dependências
ADOLESCÊNCIA E DEPENDÊNCIAS

Perturbações de comportamento na adlescência Estrutura de dependência

Substituição da relação afectiva (vivida como ameaça potencial à autonomia) por relação de domínio sobre o
“objecto”

Os tipos de consumo • Consumo recreativo


• Utilização
• Consumo auto-terapêutico
• Utilização de risco
• Consumo tóxico-maníaco
• Abuso
• Dependência Classificadas nos manuais de diagnóstico

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Dependências
ABORDAGENS EXPLICATIVAS

• Abordagens biológicas
• Procura de sensações
• Abordagem psicodinâmica geral


EPIDEMIOLOGIA

• Tabaco
• Álcool
• Medicamentos contra ansiedade e insónia
• Drogas ilícitas
• Haxixe
• Droga para inalar
• Anfetaminas
• Heroína e cocaína
• Precocidade e acumulação de substâncias
• Particularidades 2º substâncias
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Dependências
TOXICOMANIA

Drogas utilizadas e os seus efeitos:


• Cannabis
• Alucinógenos
• Calmantes
• Anfetaminas
• Opiáceos
• Outras drogas

Toxicomania e diagnóstico psiquiátrico

Personalidade do toxicómano:
Não existe “o toxicómano”
Tipo de comportamento
Estrutura/organização de personalidade

Toxicomania na adolescência

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Dependências
TOXICOMANIA

Antecedentes infantis
• Colocação fora do domicílio pouco depois do Nascimento
• Consultas medico-psicológicas
• Insucesso escolar
• Elementos de excitação
• Elementos de depressão
• Passagens ao acto
• Pânico adormecimento durante a 1ª infância

Abordagem psicanalítica da toxicomania


BL:
• Ciclo (lugar da droga na organização do sujeito)
• Ruptura
• Mobilidade psíquica

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Dependências
TOXICOMANIA

Características familiares
• Dissociação familiar
• Colocação em amas ou educação das crianças pela família “alargada”
• Abuso de substâncias psicotrópicos (medicamentos pela mãe, álcool pelo pai)
• Trnasplantações culturais múltiplas

Falta de segurança a nível familiar

Factores em jogo
• Socioculturais
• Individuais
• Utilização regular de drogas ilícitas
• Angústias na infância e pré-adolescência
• Desinserção social
• Ligados às substâncias

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Dependências
TOXICOMANIA

Abordagem terapêutica
• Medidas somáticas e psiquiátricas imediatas
• Medidas terapêuticas específicas
• Prevenção

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Dependências
CONSUMO DE ÁLCOOL

Alcoolismo
• Critérios de comportamento
• Síndrome de dependência

Riscos de alcoolização na adolescência
• Modificações carácter
• Modificações afectividade
• Estados depressives
• Delírios (raros na adolescência)

Risco de evolução para politoxocomania

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Dependências
CONSUMO DE ÁLCOOL

Determinantes psicossociológicos do alccolismo no adolescente


• Alcoolização como forma de integração no mundo adulto
• Alccolização enquanto medicação
• Alcoolização enquanto comportamento toxicómano

Personalidade do alcoolico
Não existe “o alcoolico” (tal como na toxicomania)
Traços comuns habituais:
• Intolerância à frustração
• Ansiedade
• Tendência depressive e sentimento de inferioridade (perda de auto-estima, vergonha ou emabaraço
relativamente ao seu corpo no seu conjunto ou em parte)
• Dependência afectiva relativa a um pai ou a um grupo

Abordagem psicanalítica

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Dependências
CONSUMO DE ÁLCOOL

Tratamento
Varia em função do tipo de intoxicação:
• Alcoolização como forma de integração no mundo adulto: prevenção em escolas
• Alccolização enquanto medicação: abordagem psiquíátrica e psicoterapêutica
• Alcoolização enquanto comportamento toxicómano: abordagem psiquíátrica e psicoterapêutica

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Psicopatologia da infância e
da adolescência
• Mestrado em Psicologia
Ano lectivo 2021/2022 Clínica e da Saúde

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