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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Filosofia e Teologia


Departamento de Filosofia

Ygor Batista Coelho

O NIILISMO CONSUMADO COMO A ÚNICA CHANCE DA HUMANIDADE


SEGUNDO GIANNI VATTIMO

Belo Horizonte
2023
Ygor Batista Coelho

O NIILISMO CONSUMADO COMO A ÚNICA CHANCE DA HUMANIDADE

SEGUNDO GIANNI VATTIMO

Monografia apresentada ao Departamento de Filosofia


do Instituto de Filosofia e Teologia da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para a obtenção de título de bacharel em
Filosofia.
Orientador: Professor Doutor Ibraim Vitor de Oliveira

Belo Horizonte
2023
Ygor Batista Coelho

O TREINAMENTO DA ATENÇÃO EM PROL DA CONSCIÊNCIA DO BEM EM


PLOTINO

Monografia apresentada ao Departamento de Filosofia


do Instituto de Filosofia e Teologia da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para a obtenção de título de bacharel em
Filosofia.
Orientador: Professor Doutor Ibraim Vitor de Oliveira

__________________________________________________

Prof. Dr. Ibraim Vitor de Oliveira – PUC Minas (Orientador)

___________________________________________________

- PUC Minas (Banca Examinadora)

Belo Horizonte, 15 de Novembro de 2023


RESUMO

(Faça um resumo com cerca de 150 palavras)

Palavras-chave: (escreva ao menos 4 palavras)

ABSTRACT
Keywords:
SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................
2 - CAPÍTULO PRIMEIRO: OS VÁRIOS TIPOS DE NIILISMO.........................................................................
3 - CAPÍTULO SEGUNDO: A RELAÇÃO DA KENOSIS COM O NIILISMO...................................................
4 - CAPÍTULO TERCEIRO: A KENOSIS MÍSTICA..............................................................................................
5 - CONCLUSÃO...........................................................................................................................................................
6 - REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................
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1 - INTRODUÇÃO
Neste trabalho, explorar-se-á extensamente o conceito de niilismo tripartido, suas
origens históricas e suas manifestações ao longo da história da filosofia. Uma das correntes
filosóficas mais intrigantes e complexas, tem desafiado pensadores e acadêmicos desde o
Século XIX. Esta abordagem filosófica mergulha nas profundezas das questões fundamentais
da existência humana, questionando a natureza da realidade, dos valores e da própria
significância da vida.
Em contrapartida a esses conceitos, assistido principalmente pelo autor Pe. Seraphim
Rose, será tecida uma reflexão acerca das raízes dos pensamentos revolucionários do tempo
presente. Para ele, tudo possui um fator em comum: o niilismo impregnado de forma nociva
na mentalidade das pessoas - algumas cientes, outras ignorantes à questão.
Logo mais, uma vez discutida a questão niilista, um novo fator será apresentado: A
Kenosis - esse que será responsável pela verdadeira abordagem saudável frente ao aparente
caos em que a vida humana está mergulhada - a qual gera a ilusão de falta de razão e sentido
na existência. Uma vez conscientizado de ambos os termos, sua união será efetivamente
discutida no capítulo conclusivo.
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2 - CAPÍTULO PRIMEIRO: OS VÁRIOS TIPOS DE NIILISMO

Quando se é mencionado o termo “niilismo”, facilmente o senso comum pode o ter


como um sinônimo de uma corrente filosófica que conduz as pessoas para uma perda
completa do sentido da existência humana. Talvez não esteja de todo equivocado, mas trata-se
de um vocábulo amplamente ambíguo. Niilismo1, etimologicamente provindo do latim, nihil,
nada, consiste no estudo do “nada em si” que circunda o ente – este que o contrapõe.
Giani Vattimo foi um filósofo italiano conhecido por suas contribuições à
hermenêutica e à filosofia contemporânea. Em relação ao niilismo, desenvolveu uma
abordagem peculiar que se diferencia de algumas interpretações mais tradicionais. Para
Vattimo, o niilismo não é simplesmente a negação ou a rejeição de todos os valores e
significados, como pode ser entendido em algumas interpretações clássicas, mas sim uma
característica fundamental da modernidade tardia.
Ele argumenta que vivemos em uma época na qual a ideia de que existam valores
universais e significados absolutos está enfraquecida. Isso se deve, em grande parte, às
influências da filosofia existencialista, do pensamento de Friedrich Nietzsche e da influência
do relativismo cultural. Esse conceito é reforçado em sua fala na qual “viver neste mundo
múltiplo significa fazer experiência da liberdade como oscilação contínua entre pertença e
desenraizamento” (VATTIMO, 1992, A Sociedade Transparente, p.16) ou seja, valores e
significados mudam constantemente à medida em que se vive.
Vattimo argumenta que o niilismo, em vez de ser uma ameaça existencial, é uma
característica central do pensamento contemporâneo. Ele acredita que o niilismo se origina da
interpretação de Nietzsche sobre a "morte de Deus", que marca o declínio da metafísica
tradicional. O niilismo então seria uma oportunidade de libertação das amarras da metafísica e
da autoridade absoluta, permitindo uma maior pluralidade de interpretações e perspectivas.

Na verdade, o niilismo não é apenas o reconhecimento da ausência de qualquer


significado e de qualquer ordem racional no devir; já é niilismo, enquanto representa
o primeiro passo que levará necessariamente aos seguintes, a atribuição de um
sentido e de uma finalidade ao mundo, a justificação daquilo que acontece mediante

1
NIHILISMO (in. Nihilism; fr. Nibilisme, ai. Nihilismus; it. Nickilismó). Termo usado na maioria das
vezes com intuito polêmico, para designar doutrinas que se recusam a reconhecer realidades ou valores cuja
admissão é considerada importante [...]. Em outros casos, é empregada para indicar as atitudes dos que negam
determinados valores morais ou políticos. Nietzsche foi o único a não utilizar esse termo com intuitos polêmicos,
empregando-o para qualificar sua oposição radical aos valores morais tradicionais e às tradicionais crenças
metafísicas. ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
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qualquer razão que está além ou acima do próprio fato. (VATTIMO, 1998, Diálogo
com Nietzsche: Ensaios 1961-2000, p. 27)

Nessa citação é abordada a ideia de Niilismo em sua evolução conceitual, de tal modo
que não se trata simplesmente da crença na ausência de significado ou de ordem racional no
mundo como seria esperado – de acordo com o senso comum acerca do niilismo. Há, sim, um
processo que ocorre em estágios: o Niilismo começa com o reconhecimento de que não há
nenhum significado intrínseco ou ordem racional inerentes ao mundo, o que significa que
inicialmente reconhece-se a aparente falta de propósito ou sentido no devir.
No entanto, Vattimo argumenta que o niilismo não fica apenas na negação do
significado e da ordem. Em vez disso, evolui para algo mais complexo: quando as pessoas
começam a atribuir um sentido e uma finalidade ao mundo, mesmo que esses sentidos e
finalidades sejam construídos por seres humanos e, não tenham uma base objetiva, aí também
se faz Niilismo.
Vattimo destaca que o Niilismo avança quando as pessoas buscam justificar o que
acontece no mundo com razões que estão além ou acima dos próprios fatos. Isso significa que
as pessoas começam a criar sistemas de significado e propósito que transcendem as realidades
concretas e objetivas, muitas vezes apelando para crenças, valores, mitos e ideologias.
Gianni Vattimo não se encaixa claramente em uma das categorias tradicionais de
niilismo. Sua filosofia é mais bem descrita como uma forma de "pensamento fraco" -
pensiero debole - que reconhece a contingência e a relatividade das verdades, mas não rejeita
necessariamente todos os valores e significados. Assim, não adota uma postura niilista pura,
seja ela negativa, reativa, positiva, ativa, destrutiva ou passiva, mas desenvolveu sua própria
visão filosófica concentrando-se em questões de hermenêutica, relatividade, interpretação e
ética da compreensão em uma sociedade pluralista.
Em "A Sociedade Transparente", Vattimo explora como essa visão do pensamento
fraco pode ser aplicada à política, à ética e à cultura ao examinar como a sociedade
contemporânea lida com questões de pluralismo, interpretação e moralidade. Tudo isso em
um mundo caracterizado pela falta de fundamentos absolutos.
Ao abraçar o niilismo, o sujeito é desafiado a criar o próprio significado e propósito na
vida, em vez de depender de sistemas de crenças pré-existentes. Isso não implica
necessariamente um abandono completo de todos os valores e normas, mas sim uma
reavaliação constante e uma disposição para questionar e desafiar as convenções. No entanto,
o niilismo não é uma filosofia que oferece respostas fáceis ou conforto emocional. Enfrentar o
vazio e o nada pode ser assustador e perturbador, e muitas pessoas podem resistir a essa ideia.
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O niilismo surge como resposta à busca do significado e da verdade, os quais têm


caracterizado a história da filosofia ocidental desde o período dos filósofos clássicos. Sua
forma mais primitiva argumenta que a vida carece de qualquer significado intrínseco, e,
portanto, todas as crenças e valores são vazios. A filosofia oriental também abraça uma forma
semelhante de niilismo, como evidenciado na tradição budista do “Sunyata” que aponta para a
vacuidade de todos os fenômenos.
Essa tradição “Sunyata”, conhecida também como “vazio de natureza” é um conceito
central nas escolas de pensamento “Mahayana” e “Madhyamaka” do budismo.

“Shariputra, qualquer filho ou filha de linhagem que queira praticar a atividade da


profunda perfeição da sabedoria deve contemplá-la da seguinte forma: apreendendo
corretamente e repetidas vezes aqueles cinco agregados como também vazios de
natureza inerente.
(HRIDAYA, Baghavat Prajnaparamita- O Sutra do Coração da Perfeição da
Sabedoria)
O termo “sunyata” refere-se à natureza fundamental da realidade que transcende as
noções convencionais de existência e não existência. Todas as coisas seriam interdependentes
e mutuamente condicionadas, o que significaria que nada possui uma existência inerente e
isolada. Todas as formas e fenômenos seriam vazias de uma natureza permanente e imutável,
o que contrasta com a tendência humana de perceber as coisas como estáveis e separadas
umas das outras.2
A ideia de niilismo tripartido é frequentemente associada ao filósofo alemão Friedrich
Nietzsche. Ele discute o niilismo em “Assim Falou Zaratustra” - capítulo “Das três
metamorfoses” - e uma das distinções que ele faz é entre o niilismo passivo, o niilismo ativo e
o niilismo reativo. Dentro do contexto do niilismo tripartido, é possível identificar três etapas
distintas e profundamente interligadas, com duas delas dando origem a desdobramentos
significativos. A primeira dessas etapas é o "niilismo negativo", uma abordagem que se
concentra na recusa e contestação dos valores e significados tradicionais, lançando um
questionamento profundo sobre a validade das crenças e tradições sedimentadas ao longo do
tempo.
É muitas vezes considerada a forma mais radical e desafiadora dessa corrente. Parte do
pressuposto de que, não apenas os valores tradicionais são vazios, mas também a própria ideia
de significado é ilusória. Argumenta que a busca por significado é uma empreitada fútil e sem

2
Mais informações sobre a tradição “sunyata” podem ser encontradas em "The Heart Sutra Explained: Indian
and Tibetan Commentaries" de Donald S. Lopez Jr.
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sentido, uma vez que a própria natureza da realidade é inerentemente caótica e indiferente às
aspirações humanas.
Filósofos como Emil Cioran exploraram essa perspectiva, em sua obra “The Trouble
With Being Born”, sugerindo que a única resposta diante do niilismo negativo é o abraço à
absurdidade da existência. Nesta obra, Cioran aborda a ideia do absurdo da existência e a
inutilidade do conhecimento diante do sofrimento inerente à vida. Ele sugere que a única
resposta possível diante do niilismo negativo é aceitar o absurdo e abraçar a existência mesmo
em sua falta de sentido. Esse pensamento de Cioran enfatiza a ideia do absurdo, do vazio
existencial e da insignificância da vida humana e acreditava que a existência era
essencialmente sem sentido e que todas as crenças e sistemas de valores eram ilusórios.
“O sofrimento abre nossos olhos, nos ajuda a ver o que não teríamos
visto de outra forma. Portanto, é útil apenas para o conhecimento e, exceto
por isso, serve apenas para envenenar a existência. O que, pode-se acrescentar
passando, favorece ainda mais o conhecimento. “ Tradução Nossa
(CIORAN, Emil, The Trouble with Being Born, p. 176 - Arcade Publishing 1973)

O niilismo negativo caracteriza-se pela depreciação de uma vida irreal, onde tudo o
que uma vez foi considerado verdadeiro se desmancha em meras aparências. Esse aspecto
negativo deriva da profunda desilusão experimentada diante da chamada "verdade segura".
Nesse contexto, surge a percepção de que as estruturas e significados atribuídos à realidade
são frágeis e ilusórios, levando a uma sensação de vazio existencial. Sob a ótica do niilismo
negativo, a busca por significado e propósito torna-se um desafio, uma vez que as certezas
antes tidas como inabaláveis se revelam efêmeras.
O niilismo negativo serve como a base ou matriz para o chamado "niilismo reativo":
reação a essa negação radical. Se caracteriza por uma tentativa de preservar ou recuperar os
valores e significados convencionais que o niilismo negativo ameaça corroer. Isso ocorre
porque muitas pessoas podem sentir um profundo desconforto ou ansiedade diante da
perspectiva do niilismo negativo, que pode parecer desoladora e desorientadora.
Consiste em uma resposta emotiva à percepção da ausência de significado. Friedrich
Nietzsche, um dos principais proponentes dessa vertente, argumentava que a negação dos
valores tradicionais poderia levar à criação de novos valores que surgiriam das profundezas
do "nada". Nietzsche via a oportunidade de uma "transvaloração" dos valores, em que
indivíduos corajosos poderiam construir sistemas de significado que refletissem a própria
natureza humana, em vez de serem ditados por normas convencionais.
O niilismo reativo pode assumir várias formas, como um retorno à religião, uma
adesão a sistemas de valores tradicionais ou uma busca por significado em ideologias políticas
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extremas. É uma resposta à sensação de vazio e desorientação que pode surgir quando os
valores e significados tradicionais são questionados e rejeitados.
A segunda etapa, denominada "niilismo positivo", revela-se uma via mais complexa,
desdobrando-se em duas manifestações igualmente intrigantes: o "niilismo ativo" e o
"niilismo destrutivo". O niilismo positivo, ao contrário de meramente negar os valores
tradicionais, abraça a tarefa de fazer algo a respeito dos valores em um mundo aparentemente
destituído deles. O niilismo ativo engaja-se nessa empreitada com ardor, buscando a
reinvenção corajosa de valores e propósitos, enquanto o niilismo destrutivo, tal como o
próprio nome indica, adota uma postura iconoclasta, minando ou destruindo deliberadamente
qualquer noção de significado ou valor existente, desafiando o status quo com intensidade.
O ativo caracteriza-se por não se contentar apenas em negar os valores estabelecidos,
mas procurar também construir novas bases para a valoração. Existencialistas como Jean-Paul
Sartre e Albert Camus exploraram essa vertente, onde a ausência de significado é confrontada
por meio da criação de significados pessoais e individuais. Nesse sentido, o niilismo ativo
abraça a liberdade radical do indivíduo para determinar seu próprio propósito.
O Niilismo Positivo pode parecer contraditório, mas é uma tentativa de encontrar ou
criar significado em um mundo que é considerado vazio. Enquanto o negativo derruba os
pilares da existência, o positivo após derrubá-los tenta erguer novos. Reconhece a ausência de
valores absolutos, mas em vez de simplesmente rejeitá-los, busca novas formas de atribuir
valor. É uma resposta ativa ao vazio percebido. Esta abordagem vai além da simples negação,
buscando encontrar ou até mesmo criar significado em um mundo que parece destituído de
propósito absoluto.
Um dos expoentes do niilismo positivo foi Albert Camus (1913-1960), um filósofo e
escritor francês. Em sua obra "O Mito de Sísifo", Camus explora a questão do absurdo da
existência humana e sugere que, mesmo em um mundo aparentemente sem sentido, podemos
encontrar significado através da revolta consciente contra o absurdo. Ele afirma: "O homem
está sempre em busca de um sentido para sua vida. Mas o homem não possui outra
justificação para sua vida a não ser a própria vida." (referências)
Outro autor que abordou o niilismo positivo foi Jean-Paul Sartre (1905-1980). Embora
muitas vezes seja associado ao existencialismo, Sartre também explorou o niilismo em sua
obra. Ele argumentava que a liberdade humana implica a responsabilidade de criar nosso
próprio significado, mesmo que o universo em si não possua um propósito intrínseco. Um
pensamento evidentemente existencialista consiste no fato de o ser humano estar condenado a
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ser livre e responsável por tudo o que realiza. No caso, caberia a ele escolher com sentido e
viver com as consequências.
Esses autores, cada um à sua maneira, contribuíram para a elaboração do niilismo
positivo, uma abordagem que desafiou a imobilização frente ao vazio e busca ativamente
encontrar, ou construir significado na ausência aparente de propósito. Enquanto o niilismo
negativo pode levar a um sentimento de desespero, o niilismo positivo encoraja a ação criativa
e a responsabilidade pela própria busca por significado, reconhecendo que o mundo pode
carecer de sentido, mas não de valor.
Nesse contexto é evidente o crescimento da abordagem otimista para com o niilismo,
utilizando se da autoconsciência de insignificância, o indivíduo se permite à autoavaliação de:
“Se o universo morrerá em uma morte térmica, cada humilhação que você sofreu em sua vida
será esquecida” , “Se o universo não tem princípios, os únicos princípios que são relevantes
são os que nós escolhemos” difundida atualmente através de vídeos de autoajuda como em
“Kurzgesagt – In a Nutshell”.
Por fim, a terceira etapa, conhecida como "niilismo passivo", representa uma
resignação perante a ausência de sentido ou propósito inerente à existência. Neste estágio, os
indivíduos podem simplesmente aceitar de maneira apática a falta de sentido, evitando
engajar-se ativamente na busca por novos valores ou na desconstrução dos valores existentes.
Esses cinco estágios, ao juntarem-se em um panorama filosófico, oferecem uma profunda
variedade de perspectivas sobre a ausência de significado e suas consequentes implicações
existenciais, abrindo as portas para uma ampla gama de interpretações e respostas ao desafio
central apresentado pelo niilismo na filosofia.
O “niilismo passivo” pode ser intensificado por meio da sensação de alívio do
indivíduo na ausência de significado ou moral de suas ações, consequentemente ele pode
buscar uma vida materialista e hedonista.
O ser humano sempre buscou o por um propósito desde eras antigas, buscando e
inventando explicações para tudo ao ser redor
Cada estágio, com sua riqueza de complexidades, representa uma abordagem única
para confrontar as questões fundamentais de sentido, valores e propósito na vida humana.
Cioran também argumentava que o niilismo não deveria ser visto como uma simples negação,
mas como uma forma de confrontar a realidade nua e crua, sem ilusões ou falsas esperanças.
A busca por significado seria em vão e, os seres humanos estariam presos em um estado de
angústia e desespero, ao confrontar a inevitabilidade da morte e a ausência de um propósito
último.
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Ainda assim, algumas pessoas podem desenvolver em suas vidas uma frente positiva
frente ao niilismo. O canal “Kurzgesagt - In a Nutshell” apresentou um vídeo didático acerca
dessa abordagem.
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3 - CAPÍTULO SEGUNDO: A RELAÇÃO DA KENOSIS COM O NIILISMO

Uma vez dito do que se trata o niilismo e seus diferentes tipos, convém que, antes de
relacioná-lo com a Kenosis, faça-se uma primeira aproximação explicativa. O termo "kenosis"
tem origem na teologia cristã e, é derivado da palavra grega "κένωσις", que significa
"esvaziamento". Ele é frequentemente usado para se referir ao conceito de autoesvaziamento
ou autoesgotamento de Jesus Cristo, conforme descrito em Filipenses 2, 5-8 na Bíblia (add
referências da tradução da Bíblia utilizada):

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual,
subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se
devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se
semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.

Esse conceito é muitas vezes discutido dentro do contexto da encarnação, onde Jesus,
como Filho de Deus, se esvaziou de sua posição divina para assumir a forma humana e viver
entre os seres humanos.
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4 - CAPÍTULO TERCEIRO: A KENOSIS MÍSTICA

5 - CONCLUSÃO
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6 - REFERÊNCIAS

VATTIMO, Gianni. A Sociedade Transparente. Lisboa: Relógio D’Água, 1992.

VATTIMO, Gianni. Depois da cristandade: por um cristianismo não religioso. Rio de


Janeiro: Record, 2004.

VATTIMO, Gianni. O fim da modernidade: niilismo e hermenêutica na cultura pós-


moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

ROSE, S. NIHILISM The Root of the Revolution of the Modern Age. St Herman Pr 2001

CIORAN, Emil, The Trouble with Being Born, p. 176 - Arcade Publishing 1973

NIETZSCHE, Frederick, Assim falou Zaratustra

HRIDAYA, Baghavat Prajnaparamita, O Sutra do Coração da Perfeição da Sabedoria

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