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Tema:

ORALIDADE – Módulo 1 – Época Arcaica – sécs. VII a V a.C.

ESCRITA – Época Helenística (Alexandrina) – séc. III a.C.

Homero ‘Όμηρος :

Ilíada
24 rapsódias/ livros/ cantos/ poemas
Odisseia

Oralidade: A Ilíada apresenta marcas de composição oral?

Sim. Nos poemas homéricos aparecem-nos vestígios de se tratavam de uma


tradição poética que existiu sem a escrita. Estavam cheios de absurdos,
esquecimentos e repetições, como se o poeta estivesse senil.

No século XX, a investigadora Milman Parry comparou os poemas homéricos


com os poetas que conheceu na Jugoslávia, muitos deles analfabetos, mas capazes
de compor versos oralmente.

Marcas de composição oral:

 Repetições –
 Fórmulas – mecânica do verso Homérico – adjetivos que cabem no
verso e nem sempre se encaixam na personagem / estereótipos
 Incoerências narrativas – p.e., Tirésias, na descida aos infernos.
 A própria linguagem Homérica (sendo grego, não é grego “real”) –
mistura dialetos:
- iónico / jónico (na atual Turquia)
- eólico
- ático (forma falada em Atenas)

(A primeira tentativa de “fixar” um poema Homérico foi em Atenas. Talvez daí, as


muitas formas de ático nos seus poemas).

Compostos em Hexâmetro datílico – versos com 6 medidas


‘’εξ Μέτρον
(sex, (metro,
seis) medidas)
Dáctilo: __ UU

Espondeu: __ __

Homero compõe em ± 7 a.C. (perda de


Ilíada – Guerra de Tróia ± 12 a.C. informações com o passar do tempo
Tróia
Ílion

Tempo e tema da obra: a cólera de Aquiles, no 9º ano da guerra - ± 2 semanas

Aquiles desistiu da guerra porque se sentiu ofendido – queria que os gregos


sofressem perdas imensas, para sentirem a sua falta no campo de batalha – caráter
egocêntrico desta personagem.
“Materialidade” da poesia grega:

- Manuscrito mais antigo da Ilíada completa: séc. X d.C. (fruto do estudo muito mais
tardio)

- Existem papiros fragmentários a partir do séc. III a.C. (quase todos descobertos no
Egito)

Material:

 Papiro – até III d.C. (antiguidade clássica)


 Pergaminho – depois de III d.C. (antiguidade tardia e idade média)
 Papel – a partir da idade média

24 partes – escritas em rolo de papiro

Tinta e cálamo (feito da cana) – material de escrita extremamente caro (um luxo na
época)

*lira de prata de Aquiles – canto IX da Ilíada – o próprio herói passa a imagem de um


“poeta”, que canta para uma só pessoa, o amigo Pátroclo. A lira era um despojo de
guerra – instrumento musical que tinha grande importância para recitar.

Alexandria (biblioteca) – fundada por Alexandre, o Grande, no séc. III a.C.


Fundamental na propagação e conservação das obras. Foi através da biblioteca que
nos foi possível conhecer as obras gregas que nos chegaram até hoje.

Atenas - Pisístrato patrocinou esta versão da Ilíada e Odisseia nesta época

Séc. VII a.C. – composição dos poemas Homéricos

Séc. VI a.C. – edição ateniense

Séc. III a.C. – biblioteca Alexandria


espalhou-se
É graças a este império
para
bizantino que temos a
Constantinopla versão completa dos
poemas homéricos – eram
Roma outras cidades gregas lidos e estudados na cidade
de Constantino.
Itália, séc. XV/XVI
Florença, Veneza, Roma
Motivações das ações humanas:
- 100% humana
- 100% divina

Estrutura narrativa da Ilíada:


1. Aquiles recusa-se a combater;
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9. Agamémnon pede desculpa;
10.
11. Dia de aristeia de Agamémnon (parte para combater os troianos sem Aquiles);
12.
13.
14.
15.
16. Pátroclo morre;
17.
18.
19. Agamémnon pede desculpa a Aquiles;
20.
21.
22. Aquiles mata Heitor;
23. Funeral de Pátroclo;
24. Resgate do corpo de Heitor e funeral de Heitor.

*Aristeia – narrativa de feitos de um herói específico

Ilíada como poema “trágico” (tragédia como um estilo ático ± 6 a.C.)

Os antigos consideravam que Homero, à sua maneira, tinha criado a tragédia.


O trágico da obra é as personagens aperceberem-se do que, involuntariamente,
causaram.

Ignorância reconhecimento

Na Ilíada, essa personagem é Aquiles – percebe que ao ter desistido da guerra, foi ele
que traçou o seu destino trágico – morte de Pátroclo.

Aquiles pede à mãe que vá ao Olimpo pedir que os deuses prejudiquem os gregos –
para eles perceberem a falta que Aquiles faz.

*Símile – recurso poético que compara uma ação narrativa a uma realidade da
natureza ou do mundo real.

Canto III – confronto entre Menelau e Páris (Duelo)

Teicoscopia – de τειχος (theikhos) – muro

Helena e Príamo – Helena descreve os gregos no 9º ano da guerra de Tróia.

M. L. West – The making oh the Iliad – Teoria: Homero começou a compor o poema
sobre a ira de Aquiles numa idade jovem (do género 1-11-16 até 24). Entretanto teve
reconhecimento, era convidado para o recitar e começou a juntar mais partes. Isto dá
menos coerência ao poema e atrasa a dinâmica.

Livro VI:

 Passa-se em Tróia;
 Helena no seu modo de se relacionar com Heitor;
 Heitor e Andrómaca (e Astíanax).

Mostra-nos a vida ideal, num mundo onde não há guerra.

 Despedida de Heitor e Andrómaca.


 Súplica das mulheres troianas à deusa Atena – deusa cujo templo ocupa
grande parte da cidade de Tróia/ cidade que lhe era dedicada. – Atena não
aceitou as suas súplicas – Caráter implacável da deusa.

Aparece-nos, também, o diálogo de Heitor com 3 mulheres: Hécuba, Helena e


Andrómaca.
2 criadores da narrativa épica:

 Helena, no livro III


 Aquiles, no livro IX

Canto IX, v. 401 – nada paga uma vida humana – dito pelo maior guerreiro da Grécia.

Fénix – teve um papel importantíssimo na juventude de Aquiles – e ele quer levá-lo de


volta para a Grécia, pois não quer que este morra lá.

*parricida- indireta para Aquiles, porque ele também quis matar Agamémnon.

Fénix fez de Aquiles o seu próprio filho – pai substituto de Aquiles – procura uma boa
relação pai-filho, ao contrário da que teve com o seu pai. Fénix diz que as desculpas
são sagradas – Διται (ditai) – se alguém nos pede desculpas, temos de aceitar.

Desvario – Ατη (até) – a pessoa comete um desvario/ sem noção. Depois percebe o
que fez, arrepende-se, pede desculpas e outra pessoa tem de aceitar porque as
desculpas são filhas de Zeus – todos têm de as aceitar. Se a pessoa não as aceitar,
ela própria terá também um desvario / ατη.

Discurso de Fénix:

1. Componente “autobiográfica” – com a finalidade de focar o relacionamento


pai/filho – de um lado, o relacionamento dele com o seu pai (mau), por outro, o
seu relacionamento com Aquiles (bom).
2. História de Melegrano e Cleópatra

Para além de Andrómaca e Heitor, a maioria dos casai apresentados por


Homero, são sempre adversários e problemáticos.

Escudo de Aquiles:

*contexto* Aquiles sabe que Pátroclo morreu e quer voltar à batalha, mas não tem as
suas armas, uma vez que foram usadas pelo amigo (agora morto). Então pede à sua
mãe, Tétis, que por sua vez pede a Hefesto que faça as armas para o seu filho.
- écfrase (εκφρασις) – descrição verbal de uma obra de arte visual

Simbologia das duas cidades:

Felicidade pessoal
 Cidade feliz
Felicidade cívica

Crianças, mulheres e idosos


 Cidade infeliz – Guerra
Pastores mortos

A pastorícia representa a abundância – rio/ água/ vida – a paz e a tranquilidade; os


pastores não estavam a interferir com a guerra.

Duas visões distintas da cena agrícola:

 Na cidade feliz, o trabalho do campo é mais democrático e feliz, onde não há


indicação de proprietário (no cultivo do pão);
 Na cidade infeliz já há indicação do proprietário e uma “obrigação para com
alguém que está com o ceptro, sem fazer nada. No entanto, pelo menos não
passam fome – vão receber uma refeição.

Presença de vinha (vinho) – acompanhado de música e dança.

Ataque dos leões

Efeitos sonoros:

 Mugidos do gado
 Murmúrios do rio
 Urros do touro
 Cães a ladrar

Cena pastoril (currais, rebanhos)

Bailado
Ciclo épico: conjunto de Epopeias (só nos chegaram a Ilíada e a Odisseia):

 Episódios da Guerra de Tróia


 Destruição de Tróia
 Epopeias de Tebas
 Epopeias sobre os argonautas
 Epopeias sobre o regresso dos gregos (nóstoi, νοστοι)

Já na Antiguidade, a Ilíada era considerada a melhor das epopeias.

Canto IX: o poeta estendeu-o, de modo a dar-lhe mais complexidade.

Os deuses não deixam o cadáver de Heitor se decompor nem ser comido pelos cães.

A intenção de Homero era que o leitor visse a evolução de Aquiles ao longo da


epopeia.
Epopeias sobre o regresso dos gregos de Tróia – ODISSEIA

Denota-se que o poeta não conhecia, pela sua descrição errada, Ítaca.

ODISSEIA:

1-4: Viagem de Telémaco;

5: Odisseu sai da ilha de Calipso – Tempestade e “naufrágio”;

6-8: Odisseu na ilha dos Feaces;

9-12: Odisseu conta a história das suas viagens – narrativa na 1ª pessoa;

13-24: Ítaca

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