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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE


CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM GERAL
CADEIRA DE ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

ANEMIAS MAIS FREQUENTES EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS

NAMPULA, SETEMBRO DE 2023


Universidade Lúrio

Faculdade De Ciências De Saúde

Curso de Licenciatura em Enfermagem

Disciplina: Enfermage Pediátrica

3º ano; 2º semestre

Anemias mais frequentes em crianças menores de 5 anos

Discentes:

1. Alcides Kriss Bonga

2. Ananita Vulua

3. Jacinta Rita

4. Minesio Douclas

5. Neusa Assane

6. Wen Da Teresa Passone


Trabalho de Revisão Bibliográfica, da
disciplina de Enfermage Pediátrica tendo
como tema: anemias mais frequentes em
crianças menores de 5 anos, a ser entregue e
apresentado ao docente da cadeira.

Nampula

2023
Introdução

De acordo com os estudos que estão sendo realizados dia pois dia são muitas as possíveis causas
de anemia e é uma das condições pediátricas mais frequentes a nível mundial concretamente nos
países de baixa renda como Moçambique . É frequentemente um sintoma de uma doença e não
uma doença em si. A anemia é por vezes temporária e causada por uma deficiência nutricional ou
por perda de sangue. Outras vezes, é o resultado de uma condição crónica ou hereditária, incluindo
doenças genéticas, problemas autoimunes, cancro e outras doenças. Embora muitos tipos de
anemia possam ser leves e facilmente corrigidos, outros há que podem ser graves, crónicos e/ou
fatais. Uma das causas mais frequentes da anemia é a deficiência de ferro, e geralmente a mais
fácil de tratar, especialmente quando detectada precocemente. Portanto elas resultam da carência
simples ou combinada de nutrientes como o ferro, o ácido fólico e a vitamina B12. Outros tipos
mais raros podem ser causados pela deficiência de piridoxina, riboflavina e proteína. O processo
de crescimento é complexo e multifatorial. Engloba a composição genética da criança, fatores
hormonais, nutricionais e psicossociais. Quando há variação do padrão normal do ganho de peso,
isso pode ser a primeira manifestação de enfermidade e/ou alterações nutricionais.
Apesar de muitos nutrientes e co-fatores estarem envolvidos na manutenção da síntese normal de
hemoglobina, a deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia carencial no mundo,
constituindo-se a carência nutricional de maior abrangência, afetando principalmente as crianças
e gestantes dos países em desenvolvimento.
Justificativa
O interesse por este estudo pelo grupo parte do pressuposto de que o nosso país, precisamente
Nampula, que é uma província com muita produção mas há muitos casos de anemias e desnutrição,
pois é percebida de que a redução da concentração de hemoglobina sanguínea compromete o
transporte de oxigênio para os tecidos e tem como consequências alterações da pele e das mucosas,
alterações gastrointestinais, fadiga, fraqueza, palpitação, redução da função cognitiva, do
crescimento e do desenvolvimento psicomotor da criança além de afectar a termorregulação e a
imunidade da criança. A consequência mais óbvia da deficiência de ferro é a anemia e todas as
suas sequelas e evidências indicam que essa deficiência pode afectar processos metabólicos, como
a síntese de DNA, o metabolismo de várias enzimas e o transporte de electrões, provocando
alterações na resposta imune e nas funções cognitivas do lactente e da criança.
Problema
A anemia resulta da carência de um ou mais nutrientes essenciais nas crianças, que vivem em áreas
rurais, em relação àquelas que vivem em áreas urbanas. Crianças que vivem em agregados
familiares cujos líderes não tem um nível de escolaridade completo ou têm apenas o nível primário,
são mais afetadas pela desnutrição, pois cerca 38% das crianças menores de cinco anos em
Moçambique, sofrem de desnutrição, razão pela qual a sua distribuição por província mostra
diferenças: Todas as províncias da zona centro e norte mostram prevalências em níveis "muito
altos", sendo a província de Nampula a que tem a situação mais grave, isto mostra que as crianças
estão susceptíveis a varias doenças relacionadas com a carência nutricional. Por estas observações
o grupo faz a seguinte questão: Qual é o papel do enfermeiro no combate a carência nutricional
e anemia nas unidades sanitárias onde ocorrem vários atendimentos as crianças com estas
situações?

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, do tipo exploratória, em que foram consultados
artigos disponíveis nas bases Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Google académico.
Outras publicações relacionadas também foram utilizadas, como livros, revistas científicas, artigos
de jornais e dissertações. Foi utilizada a língua Portuguesa como idioma padrão limitador da
pesquisa. O critério de selecção compreende todos artigos relacionados com o tema publicados no
intervalo compreendido entre 2005- 2022.
1. Anemias mais frequentes em crianças menores de 5 anos

A anemia é um estado em que a concentração de hemoglobina do sangue é anormalmente baixa


em consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais, qualquer que seja a origem
dessa carência. Alguns autores, dizem que, o termo anemia aplica-se a um estado caracterizado
pela diminuição dos níveis de hemoglobina no sangue (baixa Hb g/dL) segundo a idade, o sexo e
altitudes, para indivíduos normovolêmicos.

Simultaneamente, este termo, aplica-se a uma síndrome clínica, com maior prevalência na área de
saúde e a um quadro laboratorial caracterizado por diminuição do hematócrito, da concentração
de hemoglobina no sangue ou da concentração de hemácias por unidade de volume, em
comparação com parâmetros de sangue periférico de uma população de referência.

Pois esta anemia ocorre quando a hemoglobina substância do sangue responsável pelo transporte
do oxigênio para os órgãos e para as células não está dentro dos níveis adequados.

A principal função dos eritrócitos é o transporte da hemoglobina. Esta por sua vez é a proteína que
possibilita o transporte e o fornecimento do oxigénio a todas as células do corpo. Com um número
reduzido de eritrócitos, o oxigénio não chega na quantidade necessária a todos os órgãos do corpo.
Sem oxigénio suficiente, os órgãos não podem funcionar normalmente. O tratamento da anemia
varia consoante o seu tipo.

A ocorrência é maior em crianças com idades de 9 a 24 meses, e as razões são várias. Os estirões
de crescimento e a dificuldade de adaptação à dieta da família são alguns dos principais fatores
que levam a esse problema. Estudos apontam que a anemia tem uma incidência média de 52% nas
crianças. Isso significa que metade das crianças com menos de 5 anos sofrem com o problema.

Limites inferiores de concentração da hemoglobina (Hb) de acordo com idade, sexo.


Tabela: 1. Fonte: Manual de Desnutrição, valores de concentração de hemoglobina .

Epidemiologia no mundo

Estudos populacionais, em que a prevalência de anemia em áreas urbanas é comparada com a de


áreas rurais, indicam que estas últimas detêm percentuais bem mais elevados, demonstrando que
a anemia ferropriva está presente em cerca de 50% das crianças das áreas rurais do Brasil17-19.
As principais razões para esta maior prevalência em áreas rurais poderiam estar associadas à
dificuldade de acesso a alimentos ricos em ferro, principalmente ferro heme, e em vitamina C, bem
como a uma introdução precoce de alimentos nos seis primeiros meses de vida, período em que o
aleitamento materno deveria ser exclusivo. Assim a prevalência da anemia varia de acordo com a
região e com a situação económica dos diferentes países. Por exemplo, a anemia falciforme e a
talassemia β são mais prevalentes na África equatorial e na bacia do Mediterrâneo,
respectivamente, mas também são encontradas em países como o Brasil, que receberam imigrantes
dessas regiões. Segundo estimativa da OMS, a anemia acometia, entre 1993 e 2005,
aproximadamente um quarto da população mundial, o que correspondia então a 1,62 bilhão de
pessoas afectadas, sendo a maioria crianças com menos de quatro anos 5. Publicação recente
mostrou decréscimo da prevalência de anemia entre 1990 e 2010 de 40,2% para 32,9% da
população mundial, especialmente nos homens. (1)

Epidemiologia em Moçambique

O país transborda uma vasta gama de doenças em crianças menores de 5 anos, como malária,
doenças diarreicas, doenças respiratórias agudas, anemias, desnutrição, que devido a falta de
cuidados e as condições de baixa renda, precariedade, falta de condições socioeconómicos, estes
menores estão susceptíveis a estas patologias. Portanto a prevalência de anemia entre crianças e
mulheres um pouco mais de dois terços (69%) de crianças de 6-59 meses tem anemia. As crianças
das áreas rurais são as mais susceptíveis de ter anemia, numa proporção de 72% contra 60% da
sua contraparte urbana. As províncias de Cabo Delgado, Nampula e Zambézia apresentam
proporções de crianças com anemia acima da média nacional, sendo esta última província com
79%. Por seu turno, Maputo Província com 52% é a que apresenta as cifras mais baixas de crianças
com anemia no País. (2)
2. Tipos de Anemia

Anemia Ferropriva

Esta é uma das variações mais comuns da doença, causada por uma concentração baixa de ferro
nas hemoglobinas. Geralmente, a condição é desencadeada pelo pouco consumo de alimentos que
possuem o micronutriente como ovos, carne vermelha ou vegetais de coloração verde escura como
o espinafre, além de leguminosas como o feijão e a soja. É a causa mais comum de anemia em
Moçambique, e a principal forma de carência nutricional, com maior prevalência nos países em
desenvolvimento, sendo a população mais afetadas crianças e mulheres em idade fértil. A idade
de maior risco de desenvolver essa condição é entre seis e 24 meses, com risco duas vezes maior
que entre 25 e 60 meses. (1)

O tratamento indicado para esse tipo de anemia é a reposição do nutriente sob orientação médica,
além de recomendada uma maior ingestão de alimentos ricos em ferro. Caso o quadro seja grave,
o pediatra poderá indicar a transfusão de hemácias, mas é extremamente raro que isso aconteça.

Anemia Megaloblástica

Este tipo de anemia pode ser acarretada pela deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico, devido
a carência da ingestão de alimentos ricos nessas duas substâncias como carnes, ovos, leite e seus
derivados, leguminosas como lentilha e feijão-preto, além de vegetais de cor verde escuro, como
o espinafre. Essa deficiência nutricional acaba fazendo com que os glóbulos vermelhos do sangue
apresentem um tamanho anormal, além de diminuir os glóbulos brancos e as plaquetas sanguíneas.
As formas mais comuns de tratamento são, além da reeducação nutricional, a administração de
medicamentos para repor os níveis de ácido fólico e da vitamina B12. Em casos graves, o pediatra
poderá recomendar a transfusão de hemácias.

Anemia Hemolítica

Há quatro tipos de anemia hemolítica, sendo que a mais comum é a causada por esferocitose
hereditária. Como o próprio nome sugere, é uma doença genética, ou seja, transmitida dos pais
para o filho. Neste caso, as hemácias que normalmente vivem 120 dias possuem menor tempo de
vida, além de serem menores e mais redondinhas. Esse formato faz com que essas células sejam
‘sequestradas’ rapidamente pelo baço, um órgão que desempenha uma função muito importante
no sistema imunológico: de filtro e reservatório de sangue. Muito provavelmente o pediatra pedirá
uma série de exames além do hemograma para fazer o diagnóstico. (3)

Anemia falciforme

É uma doença hemolítica congénita, que resulta de uma anormalidade na molécula da hemoglobina
(hemoglobina S), que faz com que as hemácias (glóbulos vermelhos) assumam uma configuração
de foice. Essas células, quando se agregam dificultam a circulação, acarretando problemas
crónicos de saúde (fadiga, dispneia ao esforço, edema articular).

Anemia falciforme é mais comum nas regiões tropicais da África e nos indivíduos negros. Se dois
indivíduos portadores dessa anomalia tiverem filhos terá probabilidade de 25% de desenvolvem a
doença. Em geral, 1 em cada 400 a 600 crianças negras tem anemia falciforme. (1)

Pois ela resulta da transmissão hereditária homozigótica do gene produtor da hemoglobina S, que
leva à substituição do aminoácido valina por ácido glutâmico na cadeia beta da hemoglobina. A
transmissão hereditária heterozigota desse gene resulta no traço falciforme, condição que apresenta
poucos ou nenhum sintoma.

Anemia Perniciosa

Esta é um subtipo da anemia megaloblástica mas, neste caso, a carência da vitamina B12 se deve
a uma falha na absorção, por causa de um enfraquecimento do revestimento do estômago ou de
uma condição autoimune. Caso não seja tratada com precisão, poderá acarretar danos sérios ao
desenvolvimento cognitivo e cardíaco da criança. Como neste caso a ingestão de alimentos ricos
em vitamina B12 não muda a absorção, muito provavelmente o tratamento será medicamentoso,
de acordo com a prescrição médica.

3. Causas de anemia em crianças


A maioria das anemias é causada por deficiência de nutrientes, principalmente o ferro,
cianocobalamina e ácido fólico, necessários para as diversas funções no organismo sendo uma
delas a síntese normal de eritrócitos, enquanto que outras resultam de uma variedade de condições,
como hemorragias, anormalidades genéticas, estado de doença crônico ou toxicidade por drogas.
No caso das crianças, o tipo mais comum é a ferropriva, causada pela insuficiência de hemoglobina
e pelo baixo consumo de alimentos ricos em ferro, um dos componentes fundamentais da
hemoglobina.

Sinais e sintomas de Anemia


Algumas crianças com anemia podem apresentar diferentes sintomas:
❖ Pele pálida (bochechas e lábios pálidos);
❖ Pele e olhos amarelados (icterícia) e urina de cor escura (nas anemias hemolíticas);
❖ Interior das pálpebras e leitos das unhas menos rosados que o normal;
❖ Irritabilidade e “mau humor”;
❖ Fraqueza e cansaço fácil;
❖ Dormir mais e adormecer com frequência e facilidade.

Crianças com anemia grave podem apresentar sinais e sintomas adicionais:


❖ Dores de cabeça.
❖ Cansaço constante;
❖ Taquicardia;
❖ Falta de ar;
❖ Falta de apetite;
❖ Excesso de sono;
❖ Mucosas das pálpebras e gengivas pálidas;
❖ Preguiça para brincar;
❖ Dificuldades de aprendizado;
❖ Atraso no crescimento (em casos extremamente severos).

Crianças pequenas com anemia por deficiência de ferro podem também apresentar atrasos no seu
desenvolvimento e problemas comportamentais.
4. Factores de Risco

Muitos fatores podem influenciar no aparecimento da anemia em crianças como:

❖ O baixo nível socioeconômico;


❖ A prematuridade;
❖ O baixo peso de nascimento;
❖ Pouco ferro presente na alimentação;
❖ Retirada do leite do peito precocemente.

5. Diagnóstico
Para confirmar o diagnóstico, deve – se solicitar um hemograma para avaliar a quantidade de
hemoglobina, VCM, HCM, ferro sérico, ferritina, vitamina B12 e ácido fólico, testes genéticos,
biópsia ou exames de imagem, como endoscopia e ressonância magnética para investigar a causa
da anemia.

6. O tratamento

Deve ser feito sob a orientação do clínico geral ou hematologista e varia conforme a causa e o tipo
dessa condição, incluindo o uso de remédios, suplementos orais, injeção, transfusão de sangue,
transplante de medula óssea e alimentação.

1. Remédios: corticoides, antibióticos, imunomoduladores e anti-inflamatórios, podem ser


recomendados para o tratamento de alguns tipos de anemia;
2. Suplementos orais: suplementos de ferro, vitamina B12 e ácido fólico podem ser
prescritos para o tratamento da anemia ferropriva, talassemia e anemia megaloblástica;
3. Injeção: injeções de ferro ou vitamina B12 podem ser indicadas principalmente em casos
de anemia profunda ou no caso da anemia perniciosa;
4. Transfusão de sangue: é recomendada para pessoas com anemias graves, ou que tenham
anemia hemolítica, anemia falciforme, talassemia ou anemia de Fanconi;
5. Transplante de medula óssea: é um tratamento similar à transfusão de sangue, sendo
indicado para o tratamento da talassemia e anemia de Fanconi, por exemplo.
De acordo com o tipo de anemia, o médico ou nutricionista também pode recomendar a ingestão
de alimentos ricos em ferro, como fígado, frango, peixe, sementes de abóbora e grão-de-bico, e
fontes de vitamina C, como caju, acerola, goiaba, morango e kiwi.
7. Complicações

❖ Alterações cardiovasculares, como arritmia, infarto e insuficiência cardíaca;

❖ Problemas na gravidez, como parto prematuro, bebês com baixo peso ou aumento da perda
de sangue durante o parto;

❖ Atrasos no desenvolvimento físico e mental em crianças;

❖ Síndrome das pernas inquietas.

Além disso, a anemia não tratada pode aumentar o risco de falência de muitos órgãos, podendo
causar a morte.

8. Prevenção da anemia
A melhor forma de evitar a anemia é introduzindo alimentos ricos em ferro na alimentação da
criança. Dessa forma, é importante educar o paladar dos pequenos para que eles aprendam a gostar
de uma grande variedade de alimentos. Ainda que muitas fórmulas infantis sejam enriquecidas
com ferro, nenhum preparado industrializado consegue superar a riqueza nutricional de um
alimento natural. Por essa razão, ofereça diferentes alimentos para que a criança forme um paladar
complexo e não tenha restrições a muitos sabores.

9. Avaliação nutricional

O processo de crescimento é complexo e multifatorial. Engloba a composição genética da criança,


fatores hormonais, nutricionais e psicossociais. Quando há variação do padrão normal do ganho
de peso, isso pode ser a primeira manifestação de enfermidade e/ou alterações nutricionais.

A desnutrição pode ser definida como qualquer desequilíbrio nutricional envolvendo a subnutrição
e a obesidade, porém, o termo desnutrição tem sido comumente usado como sinônimo de
subnutrição, verificado em indivíduos que carecem de quantidade adequada de calorias, proteínas
ou outro nutriente para manutenção das funções orgânicas e reparo tecidual. Seu diagnóstico é
complexo e várias ferramentas podem ser utilizadas para avaliar o estado nutricional.

A avaliação nutricional envolve vários métodos e é o primeiro passo do atendimento nutricional,


tendo como objetivo adquirir informações adequadas, com o propósito de detectar problemas
referentes à nutrição, formada por coleta, averiguação e interpretação de dados para tomada de
decisões relacionada à natureza e à causa de problemas referente à nutrição.

Os métodos indicados para avaliar o estado nutricional podem ser divididos em:

✓ Objetivos: antropometria, composição corporal, parâmetros bioquímicos, consumo


alimentar;
✓ subjetivos: exame físico, avaliação subjetiva global (ASG).

A antropometria é a medida do tamanho corporal e de suas proporções. Peso, estatura,


circunferência do braço, dobra cutânea tricipital e circunferência muscular do braço são os
parâmetros antropométricos que mais se aplicam na avaliação e no monitoramento dos pacientes.

✓ Peso/ Idade
✓ Peso/ Estatura
✓ Estatura/ Idade
✓ IMC/ Idade

10. Percentil e Escore-z

Para avaliar o estado nutricional de uma criança a partir das curvas de crescimento, podem ser
utilizados dois parâmetros: percentil e escore-z.

Os pontos de corte definidos por percentil e score-z servem para investigar situações de
normalidade e de risco nutricional (peso e estatura inadequados para sexo e idade).

As medidas de percentil tendem a ser mais sensíveis, ou seja, mais abrangentes. Em outras
palavras, crianças classificadas como risco nutricional a partir do percentil podem estar apenas
próximas de uma situação de risco, mas não necessariamente em risco nutricional.

As medidas de escore-z, são mais específicas, ou seja, elas detectam com mais precisão os casos
mais graves de risco nutricional. As crianças classificadas como risco nutricional a partir do score-
z certamente estão com déficit de peso e/ou estatura.
✓ Peso / idade
Comparar o peso da criança com o peso considerado ideal para aquela criança. Peso ideal para
o paciente = consultar gráfico de peso por idade (sempre comparar o paciente com o valor
encontrado no percentil 50)

PESO IDEAL -------------------- 100%


PESO DO PACIENTE ------------ X

Interpretação:
> EUTRÓFICO
90%
76- DESNUTRIÇÃO LEVE (1º
90% GRAU)
61- DESNUTRIÇÃO
75% MODERADA (2º GRAU)
≤ DESNUTRIÇÃO GRAVE (3º
60% GRAU)

Sempre que estivermos diante de uma criança com edema (de origem nutricional) – não é
necessário fazer cálculos – essa criança será classificada automaticamente como desnutrição
grave

✓ Peso / estatura x estatura / idade

Iremos comparar o peso com o peso considerado ideal para a estatura do paciente. E a estatura
do paciente comparada com a estatura considerada ideal para a idade do paciente

Peso ideal para estatura ----------- 100%


Peso do paciente ------------------------- x

Estatura ideal para a idade ------ 100%


Estatura do paciente ---------- x

Interpretação:

P/e ≤ 90% Magro (wasted)


E/i ≤ 95% Baixo (stunted)

Nem magro, nem baixo Eutrófico


Magro (estatura normal) Desnutrição aguda
Magro e baixo Desnutrição crônica
Baixo (peso normal) Desnutrição pregressa
PESO / IDADE
PESO / ESTATURA 0-5 anos
ESTATURA / IDADE
IMC / IDADE

PESO / IDADE 5-10 anos


ESTATURA / IDADE
IMC / IDADE

ESTATURA / IDADE 10-19


IMC / IDADE anos
ESCORE Z: ao comparar o paciente utilizando o conceito de escore Z = a quantos desvio-
padrão o paciente se encontra em relação à média da população. (ex.: Z escore = -1 →
paciente está um DP abaixo da média)

✓ Escore Z zero = p50


✓ Escore Z -1 = p15 ✓ Escore Z +3 = p99,9
✓ Escore Z -2 = p3 ✓ Escore Z + 2 = p97
✓ Escore Z -3 = p0,1 ✓ Escore Z +1 = p85

PERCENTIL: em que ponto de uma distribuição ordenada o paciente se encontra


(percentil 15: 15% da população normal é menor que ele e 85% da população é maior que
ele)

✓ Desnutrição moderada
✓ Desnutrição grave

P/I E/I P/E IMC

Z Score < -2 Baixo peso Baixa Magreza* Magreza*


estatura
Z Score < -3 Muito baixo Muito baixa Magreza Magreza
peso estatura acentuada** acentuada**
Crescimento

PESO
RN a termo costuma nascer com cerca de 3,4kg, podendo perder até 10% do peso,
recuperando até o 10º dia de vida
1º tri: 700g/mês 3º tri: 500g/mês

2º tri: 600g/mês 4º tri: 400g/mês

O peso duplica com 4-5m; triplica com 1 ano

ESTATURA
RN costuma nascer com 50cm. Durante o primeiro ano de vida costuma ganhar 25cm
1º sem: 15cm Pré-escolar (2-6a): 7-8cm/ano
2º sem: 10cm Escolar (6-10a): 6-7cm/ano
2º e 3º ano: 10cm/ano ---
PERÍMETRO CEFÁLICO
No primeiro ano de vida o PC aumenta 12cm
1º tri: 2cm/mês 2º semestre: 0,5cm/mês
2º tri: 1cm/mês ---

Desnutrição

KWASHIORKOR MARASMO
Deficiência proteica, ingestão Deficiência global de energia e proteínas
energética normal
EDEMA de extremidades NÃO HÁ EDEMA
ANASARCA
Subcutâneo preservado Ausência de tecido adiposo
Hepatomegalia (esteatose hepática) Fácies senil ou simiesca
Hipotrofia muscular e hipotonia
Alterações de cabelo e pele: mudança Não há alterações características de cabelo e
na cor do cabelo (avermelhado), sinal pele
da bandeira (faixa de
hipopigmentação), áreas de pele
hiperpigmentadas e mais espessas
(essas regiões descamam e surgem
áreas desnudas) – padrão de
calçamento
BAIXA ESTATURA

A baixa estatura pode ocorrer por duas principais causas: variantes normais do crescimento ou
condições mórbidas.
VARIANTES NORMAIS ✓ Baixa estatura genética (familiar)
DO CRESCIMENTO ✓ Retardo constitucional (baixa estatura
constitucional)
CONDIÇÕES Desnutrição
MÓRBIDAS ✓ Primária
✓ Secundária
Doenças endócrinas
✓ Hipotireoidismo*
✓ Deficiência de GH
✓ Hipercortisolismo

Doenças genéticas
✓ Displasias ósseas (acondroplasia – baixa
estatura desproporcional = segmento superior
desproporcionalmente maior que o inferior)
✓ Síndromes cromossômicas - ex.: Turner
45X0

Dentre as causas mórbidas, as várias formas de desnutrição são as principais responsáveis


pela baixa estatura. Podem ainda ser causadas por doenças endócrinas, sendo o
hipotireoidismo o principal, seguido pela deficiência de GH e pelo excesso de cortisol. As
causas genéticas dividem-se entre as displasias ósseas (acondroplasia sendo a mais
comum) e as síndromes cromossômicas, representada pela Síndrome de Turner, que cursa
com baixa estatura e disgenesia gonadal (atraso puberal).

11. Conducta nas crianças desnutridas

A desnutrição, em qualquer das suas formas, está associada à morte de 56% das crianças menores
de 5 anos nos países em desenvolvimento (PELETIER et al., 1995). A Organização Mundial da
Saúde (OMS), tendo feito uma revisão de 67 estudos internacionais, mostrou que ao longo de cinco
décadas (50 a 90) a mortalidade de crianças hospitalizadas com desnutrição grave não mudou,
mantendo-se alta e, em alguns locais, chegando a 50%. A média, nos anos 90, chegou a 23,5%.
12. Classificação do estado nutricional

O Estado Nutricional Óptimo de um indivíduo é reflectido pela manutenção dos processos vitais
de sobrevivência, crescimento, desenvolvimento e actividade. Qualquer desvio do estado
nutricional óptimo resulta em distúrbios nutricionais referidos como malnutrição. Malnutrição: é
o estado patológico resultante tanto da deficiente ingestão e/ou absorção de nutrientes pelo
organismo (desnutrição ou sub-nutrição), como da ingestão e/ou absorção de nutrientes em excesso
(sobrenutrição).

As diferentes formas de desnutrição que podem aparecer isoladas ou em combinação incluem:

✓ Desnutrição aguda: manifesta-se através de baixo peso para altura e/ou edema bilateral;
✓ Desnutrição crónica: manifesta-se através de baixa altura para idade; •
✓ Desnutrição de micronutrientes: as formas mais comuns de desnutrição de micronutrientes
estão relacionadas com as deficiências de ferro, vitamina A, iodo e das vitaminas do
complexo B.

A desnutrição aguda é causada pelo deficiente consumo alimentar e/ou aparecimento de uma
enfermidade, num passado recente, resultando na perda de peso num período recente e/ou
aparecimento de edema bilateral.

De acordo com a condição clínica, a desnutrição aguda pode ser classificada em ligeira,
moderada ou grave. A desnutrição aguda grave manifesta-se através das seguintes condições
clínicas:

✓ Marasmo (emagrecimento grave).


✓ Kwashiorkor (edema bilateral).
✓ Kwashiorkor-marasmático, ou emagrecimento grave com edema bilateral;
A abordagem adequada da recuperação nutricional, baseada em conhecimento científico
atualizado e implementada por profissionais devidamente capacitados, deve ser efetivada nos
diferentes níveis de atenção à saúde incluindo à família/comunidade.

O protocolo recomendado pela OMS por meio dos “10 Passos para o Manejo da Criança com
Desnutrição Grave”. Este protocolo quando implementado adequadamente, permitem redução
acentuada das taxas de mortalidade das crianças com desnutrição grave. Isso ocorre em função dos
seguintes fatores:

✓ O uso de critérios precisos/claros para diagnóstico da desnutrição grave;


✓ A prevenção e o tratamento oportuno da hipoglicemia e hipotermia;
✓ A realimentação oportuna da criança com desnutrição;
✓ Metas nutricionais claramente definidas e esquemas de alimentação de acordo com o
conhecimento científico atual sobre a fisiopatologia da desnutrição grave;
✓ A oferta de doses suplementares adequadas de eletrólitos, minerais e vitaminas;
✓ A recomendação de restrição da hidratação venosa (IV) apenas para pacientes com sinais
de choque; a recomendação de uso de soluções IV com baixo teor de sódio para evitar
retenção hídrica e consequente hipervolemia que aumentam o risco de insuficiência
cardíaca;
✓ Uso precoce de antibióticos para tratar as infecções subclínicas (ocultas)
PASSO 1 – Tratar/prevenir hipoglicemia

Todos os doentes com desnutrição aguda grave podem desenvolver hipoglicemia (glicose no
sangue <54 mg/dl ou <3 mmol/l) que é uma importante causa de morte. A hipoglicemia é mais
comum do que normalmente se considera.

Tratamento

✓ Se a criança dorme com os seus olhos ligeiramente abertos, então deve-se acordá-la e dar-
lhe a beber uma solução de água açucarada;
✓ Se a criança está consciente e consegue beber, deve-se dar a beber 50 ml (aproximadamente
5 a 10 ml/kg de peso corporal) de água com açúcar ou solução de glicose ou sacarose a
10% (5g/50ml), ou uma dieta de F75 (100 ml/kg/dia para crianças com edema e 130
ml/kg/dia para crianças sem edema). Alimentar a criança imediatamente com F75 previne
a recaída da hipoglicémia e também da hipotermia.

PASSO 2 – Tratar/prevenir hipotermia

Os doentes com desnutrição aguda grave são altamente susceptíveis à hipotermia (diagnosticada
por temperatura rectal abaixo de 35,5ºC ou temperatura axilar abaixo de 35ºC). Os lactentes com
menos de 12 meses de idade, os doentes com marasmo, ou com extensas lesões da pele e infecções
graves são mais susceptíveis à hipotermia. Hipotermia é uma causa importante de mortalidade
hospitalar em crianças com desnutrição grave nas primeiras 48 h de internamento.

PASSO 3 – Tratar a desidratação e o choque séptico

Oferta de soro de reidratação oral, com menor teor de sódio e maior teor de potássio que a solução
de reidratação oral padrão preconizada pela OMS.

PASSO 4 – Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos

Todas as crianças com desnutrição grave têm deficiências de potássio e magnésio que podem
demorar duas ou mais semanas para serem corrigidas. A OMS recomenda a adição de potássio e
magnésio extras nos preparados alimentares dessas crianças (3-4 mmol/Kg/dia e 0,4-0,6
mmol/Kg/dia, respectivamente).

PASSO 5 – Tratar infecção

Na criança com desnutrição grave, diferentemente da criança eutrófica (normal), frequentemente


ocorrem infecções, como pneumonia, bacteremia e infecção do trato urinário, sem sinais clínicos
evidentes (febre, inflamação e dispneia etc.). O processo infeccioso é suspeitado apenas porque a
criança está apática ou sonolenta. Dessa forma, presume-se que todas as crianças com desnutrição
grave tenham infecção que frequentemente é sub-clínica (infecção oculta), e devem receber
antibioticoterapia desde o início do tratamento. O uso de antibióticos, nas primeiras 48 horas de
tratamento, é um dos factores que contribuem para a redução da mortalidade.

PASSO 6, Corrigir deficiências de micronutrientes

A conduta basea-se na suplementação de vitaminas A,B12, Zinco, Ferro,etc.

PASSO 7, Reiniciar a alimentação cautelosamente

Alimente a criança durante a reidratação intravenosa. Se a criança for amamentada e estiver


sugando, não suspenda a amamentação durante a reidratação. Se não consegue sugar, orientar a
mãe para ordenhar o peito e ofereça o leite por meio de sonda nasogástrica.

PASSO 8, Fase de reabilitação ou de crescimento rápido

Essa fase exige um consumo energético maior do que na fase de estabilização. O ganho de peso
esperado é de 10g/kg/dia. As refeições deverão ter maior densidade energética que pode ser obtida
com adição de carboidratos e lipídeos.

PASSO 9 – Estimular o desenvolvimento físico e psicosocial

Para que a reabilitação nutricional tenha sucesso é fundamental garantir a estimulação física e
sensorial da criança pois a desnutrição grave leva ao atraso do desenvolvimento físico e
psicosocial. Se a reabilitação não for realizada adequadamente, este atraso poderá ser ainda maior
e levar a sequelas a longo prazo. A estimulação sensorial e física, por meio de actividades lúdicas
que têm início na reabilitação e continuam após a alta, podem reduzir substancialmente o risco de
atraso de desenvolvimento físico e psicossocial.

PASSO 10, Preparar para a alta e o acompanhamento pós- alta

A criança pode ter alta antes de sua completa recuperação nutricional desde que haja garantia de
seu acompanhamento ambulatorial do hospital ou em centro de saúde
Conclusão

Chega – se a fim deste estudo que foi muito relevante e reflexivo sobre as anemias mais frequentes
em crianças menores de 5 anos, a avaliação nutricional escore-Z, portanto foi percebida que a
criança quando não for muito cuidada de forma adequada corre muitos riscos de crescimento e
desenvolvimento natural, porque diversos fatores podem estar atrás dela, como a má alimentação,
a falta de controlo e consultas hospitalares, para avaliar o seu estado nutricional e percentil.
Contudo fala -se de anemia quando a quantidade de hemoglobina dentro das hemácias está
alterada, provocando fraqueza, falta de apetite, palidez da pele e dos olhos, assim com uma
avaliação nutricional facilita identificar distúrbios e riscos nutricionais, além de aferir a gravidade
desses distúrbios, para traçar condutas que possibilitem a recuperação ou manutenção adequada
do estado de saúde da criança. Também ao avaliar o estado nutricional de uma criança a partir das
curvas de crescimento, podem ser utilizados dois parâmetros: percentil e escore-z, pois Os pontos
de corte definidos por percentil e score-z servem para investigar situações de normalidade e de
risco nutricional (peso e estatura inadequados para sexo e idade). Contudo para que a criança cresça
sem sobre saltos é necessário que faça se o controlo de forma geral da criança.
Bibliografia

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2 – UPADHYE J.V. ET AL. ASSESSMENT OF ANAEMIA IN ADOLESCENT GIRLS. Int j reprod contracept obstet gynecol.
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3 – PALARÉ, MARIA JOÃO, ET AL. DÉFICE DE FERRO NA CRIANÇA. Acta pediatr. Port. 2004; Nº3; VOL.35, 243-247.
4 – ANTUNES, HENEDINA ET. AL. PREVALÊNCIA DE ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO DE ACORDO COM O TIPO DE

ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE. Acta médica portuguesa. 2002; 15: 193-197.

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