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Anemia

A anemia é a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está


abaixo do normal. As anemias podem ser causadas por deficiência de vários
nutrientes como ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas. A anemia causada por
deficiência de ferro, denominada anemia ferropriva, é muito mais comum que
as demais (estima-se que 90% das anemias sejam causadas por carência de
ferro). É um dos principais problemas de saúde pública mundial, chegando a
afetar mais de um quarto da população do planeta, ou seja, mais de 2 bilhões
de pessoas em todo o mundo.

Anemia Ferropriva
A anemia ferropriva aumenta em populações com carências nutricionais; com
ingestão ou absorção inadequada de ferro; hábitos vegetarianos; dietas com
muito chá ou café, que inibem a absorção de ferro, ou sem vitamina C (frutas
cítricas), que favorece a sua absorção; baixo nível socioeconômico e
educacional; presença de infestações endêmicas (malária, ascaridíase,
helmintoses, protozooses intestinais); estado nutricional influenciado pelo baixo
peso, principalmente de mulheres em idade gestacional, associado à
multiparidade e não uso de suplementação de ferro na gestação.
De modo geral a anemia instala-se em consequência de perda sanguínea,
deficiência prolongada da ingestão alimentar com falta de ferro.
No período intrauterino o baixo peso ao nascer e abandono precoce do leite
materno são as causas mais comuns que contribuem para a anemia ferropriva.
No período da infância ocorre por erros alimentares, um exemplo é a
substituição de leite materno por alimentos pobres em ferro.
Já em crianças maiores de 5 anos pode ocorrer por perda sanguínea aguda ou
crônica que podem ser consequentes de patologias como refluxo
gastresofágico (os ácidos estomacais voltam pelo esôfago causando irritação
na mucosa e tubo alimentar) parasitoses intestinais e intolerância a proteína do
leite de vaca, os parasitas podem determinar perdas consideráveis de ferro
seja pelo próprio sangue sugado pelos parasitas ou pelo sangramento
decorrente de lesões na mucosa intestinal causada pelo parasita.
Independente da etiologia, quando o sangue tem células vermelhas
insuficientes ou estas carregam hemoglobina insuficiente para entregar
oxigênio adequadamente para os tecidos significa que houve falha na produção
das hemácias e sobrevém anemia, muitas vezes multifatorial num mesmo
indivíduo e por isto uma síndrome complexa para avaliação e estabelecimento
da conduta a adotar.

Sinais e sintomas da Anemia Ferropriva


 Fadiga crônica e desanimo.
 Cansaço aos esforços.
 Pele e mucosas pálidas (descoradas).
 Tonturas e sensação de desmaio.
 Dores de cabeça e nas pernas.
 Geofagia (vontade incontrolável de comer terra).
 Queda de cabelo e unhas fracas quebradiças.
 Falta de apetite.
 Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos).
 Dificuldade de concentração e lapsos de memória.

Tratamento da anemia ferropriva
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO . Os alimentos fontes de ferro devem
ser recomendados, principalmente as carnes vermelhas, vísceras (fígado e
miúdos), carnes de aves, peixes e hortaliças verde-escuras, entre outros. Para
melhorar a absorção do ferro, recomenda-se a ingestão de alimentos ricos em
vitamina C, disponível nas frutas cítricas, como laranja, acerola e limão,
evitando-se excessos de chá ou café, que dificultam esta absorção.

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO. A dose é calculada de acordo com a


necessidade do paciente, conforme fórmula descrita no esquema de
administração dos fármacos. A transfusão de sangue é reservada para
pacientes hemodinamicamente instáveis. Para RN e crianças com anemia leve
microcítica e diagnóstico presuntivo de ADF (), a melhor conduta é dar ferro
empiricamente e avaliar a resposta.
Para as crianças com ADF confirmada, o sulfato ferroso é a melhor opção de
tratamento com doses recomendadas de 3 a 6 mg/kg/dia de ferro elementar,
dependendo da gravidade da anemia. Geralmente se indicam 3 mg/kg uma ou
duas vezes ao dia até um máximo de 150 mg de ferro elementar por dia. Em 4
semanas, a Hb deve subir mais do que 1 g/dL. Para o sulfato ferroso, a
quantidade de ferro elementar é em torno de 20% do sal.
Em crianças menores de 5 anos assistidas em centros públicos de saúde em
uma cidade paulista, um estudo mostrou que tanto a administração semanal
(30 mg/semana de ferro elementar – 40 doses) quanto a administração cíclica
(dois ciclos de 20 dias de 30 mg de ferro elementar/dia, com intervalo de 4
meses – 40 doses) diminuíram de forma significativa a anemia no final de 10
meses de tratamento, sem diferença entre os grupos.
Cuidados de enfermagem com a criança que tem anemia
ferropriva

- Orientar a mãe a dar somente leite materno até os 6 meses de vida, sem
oferecer qualquer outro tipo de alimento
- Orientar a mãe a ingerir alimentos ricos em ferro, como: carnes vermelhas,
verduras com folhas escuras (agrião, couve, cheiro-verde, taioba, etc.).Orientar
a mãe a ingerir alimentos rico em vitamina C, tais como: suco de acerola, caju,
goiaba, limão, e principalmente suco de laranja. Através da ingestão da nutriz o
RN receberá o ferro através da amamentação.
- A partir dos 6 meses começar a dar outros alimentos de forma lenta e
gradual, mas mantendo a amamentação até aos 2 anos de idade ou mais.
- Após 6 meses, dar alimento complementares (cereais, tubérculos, carnes,
frutas, legumes, etc), três vezes ao dia se a criança receber leite materno.
- A alimentação deve ser espessa desde o inicio, de uma consistência pastosa,
e gradativamente, aumentar a consistência ate chegar a alimentação da
família.
- Estimular o consumo de frutas, legumes e verduras.
- Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas e outras
guloseimas nos primeiros anos de vida e usar sal com moderação.
- Cuidar da higiene no preparo, e manuseio dos alimentos, garantindo o
armazenamento e conservação adequados.
- Administrar sulfato de ferro conforme PM.

Anemia Falciforme

A anemia falciforme é uma das doenças hereditárias mais comuns no mundo.


A mutação teve origem no continente africano e pode ser encontrada em
populações de diversas partes do planeta, com altas incidências na África,
Arábia Saudita e Índia.
No Brasil, devido à grande presença dos afrodescendentes, que são uma das
bases da população do país, a anemia falciforme constitui um grupo de
doenças e agravos relevantes. Foi incluída nas ações da Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da População Negra, do Ministério da Saúde, e está
no regulamento do Sistema Único de Saúde (SUS), nos termos da Portaria nº
2.048, de 3 de setembro de 2009, artigos 187 e 188. Os dois instrumentos
definem as Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com
Doença Falciforme.
A causa da anemia falciforme é hereditária, ou seja, passa de pai para filho,
caracterizado pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os
parecidos com foice. Essas células têm sua membrana alterada, rompem
facilmente causando a anemia, são mais comuns em indivíduos da raça negra.

Sinais e Sintomas Anemia Falciforme


A anemia pode se manifestar de forma diferente em cada indivíduo. Uns têm
apenas alguns sintomas leves, outros apresentam um ou mais sinais. Os
sintomas geralmente aparecem na segunda metade do primeiro ano de vida da
criança.
Crise de dor: é o sintoma mais frequente da doença falciforme causado pela
obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma
de foice. A dor é mais frequente nos ossos e nas articulações, podendo porem
atingir qualquer parte do corpo. Essas crises têm duração variável e podem
ocorrer várias vezes ao ano.
Icterícia (cor amarelada nos olhos e na pele) É o sinal mais frequente da
doença. O quadro não é contagioso e não deve ser confundido com hepatite.
Quando o glóbulo vermelho se rompe, aparece um pigmento amarelo no
sangue que se chama bilirrubina, fazendo com que o branco dos olhos e a pele
fiquem amarelos.

Síndrome mão e pé: Nas crianças pequenas as crises se dor podem ocorrer
nos pequenos vasos sanguíneos das mãos e dos pés, causando inchaço, dor e
vermelhidão no local.

Infecções: As pessoas com doença falciforme têm maior propensão a infecções


e principalmente as crianças podem ter mais pneumonias e meningites. Por
isso elas devem receber vacinas especiais para prevenir estas complicações

Ulcera (ferida) de perna: Ocorre mais frequentemente próximo aos tornozelos,


a partir da adolescência. As ulceras podem levar anos para a cicatrização
completa, se não forem bem cuidadas no início do seu aparecimento. Para
prevenir aparecimento das ulceras, os pacientes devem usar meias grossas e
sapatos.
Sequestro do Sangue no Baço: O baço é o órgão que filtra o sangue. Em
crianças com anemia falciforme, o baço pode aumentar rapidamente por
sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à morte por falta de
sangue para os outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma
complicação da doença que envolve o risco de vida e exige tratamento
emergencial.

Tratamento da anemia falciforme

 Hidratação venosa com NHD (necessidade hídrica diária) sendo


fundamental levar em consideração as perdas e repor no volume diário.
 Manter dois analgésicos (dipirona e morfina EV), de 4/4 horas,
intercalados, e o diclofenaco IM, de 8/8 horas.

 Avaliar a necessidade de passar a morfina para infusão contínua

 Tentar identificar o fator desencadeante para tratá-lo

 Monitorizar a oximetria de pulso para identificar hipoxemia;


precocemente, avaliar estudo radiológico para diagnosticar síndrome
torácica aguda e iniciar tratamento específico.

 Avaliar indicação de transfusão, em caso de anemia intensa

1 amp = 2 ml (1ml = 10 mg) Crianças (maiores de 6 meses): administrar 0,1 a


0,3 mg/Kg EV ou infusão contínua = 0,01 - 0,04 mg/Kg/hora. Metadona 0,1 -
0,2 mg/Kg/dose SC ou IM. 1amp = 1ml (1ml = 10 mg) O intervalo de
administração deve ser ampliado a cada 4 dias (Ex.: 4/4horas e posteriormente
6/6horas, 8/8h, etc).
Antagonista dos opiáceos Adultos: Administrar 0,4 a 0,8 mg EV (naloxona) a
cada 60 segundos até a reversão do quadro. Crianças (maiores de 6 meses): 2
a 10 mg/Kg/EV in bolus.
Repetir a dose até ser clinicamente eficaz, podendo chegar a 100 mg/Kg.
Então, continuar a repetição conforme a necessidade. Uma infusão contínua
pode ser indicada, na dose de 1 mg/Kg/hora.
Cuidados de enfermagem com as crianças que tenham a anemia
falciforme
- Auxiliar na transfusão de sangue.
- Explicar ao paciente e aos familiares as causas da dor;
- Administrar o analgésico ou anti-inflamatório conforme prescrição e monitorar
a eficácia e os efeitos do medicamento;
- Promover posições de conforto e utilizar técnicas não farmacológicas
(aplicação de calor) como outra medida de diminuição da dor.
- Monitorar e registrar o peso e altura periodicamente;
- Orientar, estimular e monitorar o padrão de hidratação e alimentação;
- Encaminhar o paciente à programas nutricionais comunitários apropriados,
se necessário.
Risco para Infecção
- Avaliar sinais flogísticos na inserção do cateter intravenoso (quando paciente
internado);
- Monitorar hipertermia;
- Monitorar exames laboratoriais: hemoglobina, hematócrito e leucócitos;
- Administrar em horário rigoroso o antibiótico prescrito e monitorar os efeitos
do medicamento;
- Orientar e estimular a ingesta de bastante líquido.
Integridade da Pele Prejudicada
- Manter a pele limpa e seca;
- Avaliar a pele quanto à cor e textura e a lesão quanto ao tamanho e
profundidade, quantidade de exsudato, presença de odor, esfacelo e tecido de
granulação;
- Aplicar AGE (Ácidos Graxos Essenciais) como proteção da pele íntegra. Na
ferida aplicar curativo úmido com soro fisiológico 0,9% como curativo primário,
ocluindo com gaze seca como curativo secundário (a utilização de medicações
diretamente na ferida dependerá do grau da úlcera e indicação médica);
- Realizar a troca do curativo da ferida a cada 24 horas ou conforme a
necessidade.
Risco de Baixa Autoestima Situacional
- Avaliar o estado emocional do paciente;
- Reforçar os sentimentos de independência, estimulado o paciente a cuidar de
si próprio, na medida de suas possibilidades;
- Estimular o paciente a expressar seus sentimentos e medos acerca da
doença;
- Estabelecer um ambiente de confiança e respeito para estimular o
aprendizado e a sua participação no tratamento.

É importante que o enfermeiro também realize a visita domiciliar para


prescrever os cuidados de enfermagem adequados. Essa assistência deve ter
como objetivo a prevenção e identificação precoce da crise falciforme.

Anemia Perniciosa
A deficiência da vitamina B12 causa a anemia perniciosa, caracterizada pelo
aparecimento de células vermelha maiores e imaturas. A deficiência de
vitamina B12 inibe a função da metionina sintase e da L-metil malonil-CoA
mutase, gerando Hcy e comprometendo as reações de metilação que levarão
ao desenvolvimento de patologias principalmente cérebro e cardiovasculares
de diferentes graus de severidade, podendo até mesmo tornarem-se
irreversíveis.
Em países industrializados, estudos epidemiológicos mostraram uma
prevalência da deficiência de vitamina B12 na população geral próxima a 20%
(5%-60% conforme a definição de deficiência de vitamina usada no estudo).
Em países em desenvolvimento como Índia, México e Guatemala, foi verificada
alta deficiência de vitamina B12 em gestantes, lactantes e crianças em período
de amamentação(68). Além disso, estudos com crianças maiores, não-
lactentes, no México e na Venezuela demonstraram que 33%-52% dos
indivíduos deste grupo apresentavam baixos níveis plasmáticos de vitamina
B12.
As causas mais comuns da anemia perniciosa na infância é a deficiência de
vitamina B12 e/ou ácido fólico. Crianças de mães vegetarianas tem maior tem
maior risco de desenvolver a anemia pelo fato de as mães não ingerirem carne,
peixe, ovos, leites e derivados do leite.
A anemia perniciosa congênita a criança é incapaz de produzir FL, não
havendo FL há importante prejuízo na absorção da vitamina B12

Sinais e sintomas Anemia Perniciosa


Algumas pessoas com anemia perniciosa não apresentam sintomas. Em
outras, os sinais são muito brandos e às vezes nem podem ser notados. No
entanto, quando s sinais e sintomas da doença aparecem devido a ausência de
vitamina B12no organismo, eles podem incluir:
 Diarreia
 Constipação
 Fadiga
 Perda de apetite
 Palidez
 Déficit de atenção e outros problemas de concentração
 Dificuldade para respirar
 Língua inchada ou avermelhada
 Sangramento na gengiva.
Além disso, permanecer por longos períodos com níveis baixos de vitamina
B12 pode causar danos ao sistema nervoso e ao surgimento de outros sinais e
sintomas como:
 Confusão mental
 Depressão
 Perda de equilíbrio
 Dormência e formigamento nas mãos e nos pés

Tratamento da anemia perniciosa

O principal objetivo do tratamento de anemia perniciosa é aumentar os níveis


de vitamina B12 no organismo. Para isso, pacientes diagnosticados com a
doença devem tomar vacinas com a substância uma vez ao mês. Pessoas com
níveis ainda mais baixos da vitamina podem precisar de doses extras.
Além disso, outros pacientes podem precisar tomar suplementos de vitamina
B12 por via oral. Algumas pessoas respondem bem somente a essa segunda
opção de tratamento, tornando as injeções desnecessárias.

Cuidados de enfermagem com as crianças que tenham anemia


perniciosa

- Orientar a mãe que está amamentando, a ingerir alimentos ricos em vitamina


B12 (peixes, ovos, carnes, queijos, leite).
- Após os 6 meses de idade, começa a dar alimentos ricos em vitamina B12.
- Orientar a administração de ácido fólico 2 a 5 mg/dia VO.
- Nos casos mais graves é administrado vitamina B12 EV
Fontes:

1 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842010000800008

2 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/Anemia_ferropriva.pdf

3 www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/.../anemicas_carencias_falciformes.ppt

4 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1569.pdf

5 http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/437-anemia-falciforme

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