Você está na página 1de 155

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Módulo de Educação Patriótica,


Ética e Deontologia Profissional

Formação de Professores do Ensino Primário


Elaborado por: Samaria Tovela e Laurindo Daitoni Malimusse Saide

“Construindo competências profissionais para um ensino de qualidade”

INDE
INSTITUTO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

Testagem 2012

Prefácio

1
Caros formadores das Instituições de Formação de Professores!

É com grande prazer que colocamos nas suas mãos o Módulo de Educação Patriótica e
Ética e Deontologia Profissional, esperando que o mesmo contribua para o estímulo e
consolidação de valores patrióticos e morais nos formandos.

A Educação Patriótica e Ética e Deontologia Profissional revela-se imprescindível na


formação dos futuros professores porque estes, após o termino do curso, no exercício das suas
funções, devem assumir o papel de educadores completos, que tenham desenvolvido
conhecimentos académicos, bem como valores a atitudes patrióticos e ético-deontológicos,
visto que o seu principal papel será a formação integral o Homem do amanhã (no caso
concreto da formação de crianças, adolescentes e jovens), o que significa que para além dos
conhecimentos e habilidades, devem ensinar aos seus alunos valores e atitudes que os
permitam saber ser, estar, aceitar e respeitar a diversidade e a individualidade, velar pelo bem
comum e amar e defender a sua pátria.

É importante que os alunos aprendam que a sociedade é regulada por normas que indicam os
direitos, deveres e obrigações de cada um dos membros, para que todos possamos viver em
harmonia. Este exercício do desenvolvimento de atitudes e valores apropriados nos alunos
passa, necessariamente, por um exercício de disciplina por parte do professor, porque este
deve constituir um exemplo, assumindo uma postura adequada em qualquer contexto, para
que os alunos possam tê-lo como referência.

Caros formadores e estimados formandos!

Façamos do nosso Professor um exemplo de integridade, responsabilidade e patriotismo

2
Índice Pág
Educação Patriótica e Ética e Deontologia Profissional ...................................................................8
Introdução.........................................................................................................................................8
1.Competências a Desenvolver ........................................................................................................8
2.Resultados de Aprendizagem ................................................................................................9
Educação Patriótica ........................................................................................................................10
1.Competências a Desenvolver ......................................................................................................12
2. Resultados de Aprendizagem .............................................................................................12
Unidade Temática I – Introdução ao Estudo da Educação Patriótica.............................................14
1.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade ...........................................................................14
1.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................14
2.Educação Patriótica .....................................................................................................................15
2.1.A Relação da Educação Patriótica com outras Ciências ..................................................16
2.2.A Importância do Estudo da Disciplina de Educação Patriótica ......................................16
2.3.Objectivo do Estudo da Educação Patriótica nos IFPs .....................................................16
a)Gerais ......................................................................................................................................16
b)Específicos ..............................................................................................................................17
2.4.Actividade ........................................................................................................................18
2.5.Auto-Avaliação (Questionário) ........................................................................................18
2.6.Respostas ..........................................................................................................................19
Unidade Temática II – Formatura e Marcha ..................................................................................20
2.1.Visão Geral dos Conteúdos da unidade ............................................................................20
2.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................20
2.3.Formatura .........................................................................................................................21
2.4.Organização da Formatura ...............................................................................................21
2.5.Marcha ..............................................................................................................................21
2.5.1.Tipos de marcha ................................................................................................................21
2.6.Actividade ........................................................................................................................22
2.7.Autoavaliação (Questionário)...........................................................................................22
2.8.Respostas ..........................................................................................................................22
Unidade Temática III – Símbolos da Pátria ...................................................................................24
3.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade ...........................................................................24
3.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................24
Unidade Temática IV – Instituições do Estado ..............................................................................25
4.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................25
4.3.Órgãos de Soberania .........................................................................................................26
4.4.Órgãos Centrais do Estado: Ministérios ...........................................................................26
4.5.Ministro ( Membro do Conselho de Ministros) ................................................................26
4.5.Órgãos Locais do Estado ..................................................................................................27
4.6.No Âmbito Territorial ......................................................................................................27
4.7.Direcções Provinciais .......................................................................................................27

3
4.8. Directores Provinciais (Membros do Governo Provincial) .............................................27
4.9.Órgãos do Distrito ............................................................................................................28
4.10.Governos Distritais .........................................................................................................28
4.11.Serviços Distritais...........................................................................................................28
4.12. Conselhos Municipais ...................................................................................................28
4.13. Posto Administrativo .....................................................................................................29
4.14. Localidades....................................................................................................................29
4.15.Povoados ........................................................................................................................30
4.16. Lideres Comunitários ....................................................................................................30
4.17. Actividade .........................................................................................................................31
4.18. Autoavaliação (Questionário)............................................................................................31
4.19.Respostas ............................................................................................................................32
Unidade Temática V – Nação Moçambicana .................................................................................33
5.1.Visão Geral dos Conteúdos da unidade ............................................................................33
5.2.Nação........................................................................................................................................34
5.3.O Surgimento do Nacionalismo Moçambicano ...............................................................34
5.4.Fundação da Frelimo ................................................................................................................36
5.5.O Papel de Eduardo Mondlane na Consolidação da Unidade Nacional ...................................37
5.6.Luta na Clandestinidade e Prisão Política (1960-1974) ...........................................................37
5.7.Processo da Luta Armada de Libertação Nacional (1960-1975) ..............................................38
1960-1962: Fase da formação dos Movimentos libertadores .....................................................39
1962 a 1964: Fase Preparatória do inicio da Luta armada de Libertação Nacional ...................39
1964 a 1968 - Fase do desenvolvimento da Luta Armada de Libertação Nacional: ..................39
1968 a 1974 - Fase da implementação de novas estratégias de luta e da vitória da FRELIMO .39
5.9.Actividade .........................................................................................................................40
5.10.Autoavaliação (Questionário).........................................................................................41
5.11.Respostas ........................................................................................................................42
Unidade Temática VI - Noção de Defesa da Pátria, Conservação e Consolidação da Democracia43
6.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade ...........................................................................43
6.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................43
6.3.Noção de Defesa da Pátria, conservação e Consolidação da Democracia .......................43
6.4.Democracia.......................................................................................................................45
6.5.Actividade ........................................................................................................................46
6.6. Autoavaliação (Questionário)..........................................................................................46
6.7.Respostas ..........................................................................................................................47
Unidade Temática VII - Heróis Nacionais .....................................................................................48
7.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade ...........................................................................48
7.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................48
7.3.Heróis Nacionais ..............................................................................................................48
7.4.Critérios de Selecção dos Heróis Nacionais .....................................................................49
7.5.VIDA E OBRA DOS HERÓIS AS LUTAS DE RESISTÊNCIA COLONIAL ..............49
7.6. Vida e Obra dos Heróis de Luta de Libertação Nacional ................................................52
7.7. Locais Históricos .............................................................................................................53

4
7.8. Actividade ......................................................................................................................54
7.9. Autoavaliação (Questionário)..........................................................................................55
7.10. Respostas .......................................................................................................................55
Unidade Temática VIII - Datas Históricas e seus Significados......................................................57
8.1.Visão Geral dos Conteúdos da uniddade ..........................................................................57
8.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................57
8.3.Descrição das Datas Históricas e Feriados em Moçambique ...........................................57
8.4.Actividade ........................................................................................................................59
8.5.Autoavaliação (Questionário)...........................................................................................59
8.6.Respostas ..........................................................................................................................60
Unidade Temática IX- O Papel da Cultura na Promoção do Patriotismo e da Identidade Moçambicana
........................................................................................................................................................61
91.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade ............................................................................61
9.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................61
9.3.A Cultura e a sua Influência na Coesão do Patriotismo e na Unidade Nacional ..............61
9.4.Actividade ........................................................................................................................66
9.5. Autoavaliação (Questionário)..........................................................................................66
9.6.Respostas ..........................................................................................................................67
CONCLUSÃO ...............................................................................................................................68
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................69
Ética e Deontologia Profissional ....................................................................................................70
2.1.Competências a Desenvolver ...........................................................................................71
2.2.Resultados de Aprendizagem ...........................................................................................71
2.3.Visão Geral dos Conteúdos ..............................................................................................72
Unidade Temática 1: A Moral ........................................................................................................74
1.1.Evidências Requeridas da Unidade Temática: .................................................................74
1.2. Sugestões Metodológicas ................................................................................................74
1.3.A Moral ............................................................................................................................87
1.4.Tipo da Moral ...................................................................................................................87
1.5.A Moral Permanente ........................................................................................................88
1.6.Aquisição de Princípios Morais........................................................................................89
1.7. Juízos Morais...........................................................................................................................89
1.8.Normas Morais .........................................................................................................................89
1.9.Actividades ...............................................................................................................................90
1.10.Autoavaliação .................................................................................................................91
1.11.Chave de Correcção........................................................................................................91
Resumo dos Pontos Principais .......................................................................................................92
Unidade Temática 2: Ética .............................................................................................................94
2.1.Evidências Requeridas .............................................................................................................94
2.2.Sugestões Metodológicas .........................................................................................................94
2.3.Ética ..................................................................................................................................94
2.4.Actividades ...............................................................................................................................96
2.5.Autoavaliação ...................................................................................................................96

5
2.6.Chave de Correcção..........................................................................................................97
Resumo dos Pontos Principais .......................................................................................................97
Bibliografia Complementar ............................................................................................................97
Unidade Temática 3 – Deontologia ................................................................................................98
3.1.Evidências Requeridas .....................................................................................................98
3.2.Sugestões Metodológicas .................................................................................................98
3.3.Deontologia ......................................................................................................................99
3.4. Diferenças entre a Ética e a Deontologia? .......................................................................99
3.5. Princípios da Deontologia Interprofissional ..................................................................100
3.6. Instrumento Regulador do Exercício da Actividade Profissional em Moçambique..............102
3.7. Funcionários e Agentes de Estado: Conceito ........................................................................102
3.7.1. Princípios Gerais do EGFAE .....................................................................................102
3.7.2. Os Principais Deveres dos Trabalhadores Moçambicanos .............................................104
3.7.3. Os Principais Direitos dos Trabalhadores Moçambicanos .............................................105
3.7.4.Actividades ......................................................................................................................107
3.7.5.Autoavaliação ..............................................................................................................108
3.7.6.Chave de Correcção.............................................................................................................109
Resumo dos Pontos Principais .............................................................................................112
Bibliografia Complementar ..........................................................................................................113
Unidade Temática 4: Deontologia Profissional do Professor ...............................................114
4.1.Evidências Requeridas no fim da Unidade Temática: Deontologia .......................................114
4.2.Sugestões Metodológicas .......................................................................................................114
4.3.Deontologia Profissional do Professor ...........................................................................115
4.4.Os Valores Éticos e Deontológicos Relacionados com a Tarefa de Educar...........................115
4.5. O Código de Conduta do Professor em Moçambique ...........................................................117
4.6.Actividades .....................................................................................................................119
4.7.Autoavaliação .................................................................................................................120
4.8. Chave de Correcção...............................................................................................................121
Resumo dos Pontos Principais .....................................................................................................123
Bibliografia Complementar ..........................................................................................................125
Unidade Temática 5: A Deontologia Educacional e a Cultura dos Alunos..................................126
5.1.Evidências Requeridas ...........................................................................................................126
5.2.Sugestões Metodológicas .......................................................................................................126
5.3.Moçambique um País Multicultural .......................................................................................127
5.4. Os Processos de Socialização como Determinantes para a Formação da Identidade Individual
e Colectiva ............................................................................................................................127
5.5. Alguns Direitos Fundamentais do Homem Pasmados na Declaração Universal dos Direitos
Humanos.......................................................................................................................................128
5.6. Os Direitos da Criança ..........................................................................................................130
5.7.Ensino e a Diversidade na Sala de Aulas ...............................................................................132
5.8. Estratégias para a Advocacia dos Direitos da Criança na Escola e na Comunidade .............133
5.9.Actividades .............................................................................................................................134
5.10.Autoavaliação .......................................................................................................................134

6
5.11.Chave de Correcção..............................................................................................................135
Resumo dos Pontos Principais .....................................................................................................136
Bibliografia Complementar ..........................................................................................................137
Unidade Temática 6: O Perfil do Professor ..................................................................................138
6.1.Evidências Requeridas ...........................................................................................................138
6.2.Sugestões Metodológicas .......................................................................................................138
6.3.O Perfil do Professor ..............................................................................................................139
6.4.Actividades .............................................................................................................................144
6.5. Autoavaliação ........................................................................................................................145
6.7.Chave de Correcção................................................................................................................146
6.8.Resposta a Perguntas de Autoavaliação .................................................................................147
Resumo dos Pontos Principais .....................................................................................................149
Bibliografia...................................................................................................................................150
Anexo 1: Alguns Heróis da Luta de Libertação Nacional ............................................................151

7
Educação Patriótica e Ética e Deontologia Profissional
Introdução
O presente Módulo apresenta dois submódulos que serão leccionados de forma independente.
O submódulo de Ética e Deontologia Profissional e o de Educação Patriótica.
O objectivo fundamental do módulo é incutir nos futuros professores os valores patrióticos e
ético deontológicos ao saber estar, saber ser, saber fazer e saber saber ou conhecer, bem como
o amor a pátria e ao trabalho, pois, como educador é importante que ele fortaleça dentro de si,
estes valores para poder disseminar e desenvolver no seio dos alunos e na comunidade.
Actualmente é frequente ouvir dizer que os valores estão todos deteriorados, que não há
solidariedade, honestidade, cooperação, bondade, não há respeito entre os mais novos e os
mais velhos ou mesmo entre as pessoas da mesma geração. Que as pessoas não respeitam o
bem comum. Que há tribalismo e regionalismo em Moçambique. Que não há respeito pelas
diferenças. Alguns dos aspectos mencionados, como por exemplo, o tribalismo e o
regionalismo podem perigar a Unidade Nacional, por serem aspetos que concorrem para a
falta de coesão ou de harmonia.
Moçambique por ser um país multicultural é importante que todos nós usemos a diversidade
cultural como um facto de coesão, deixando as nossas culturas interagirem, enriquecendo-se
umas das outras.
Sendo a educação formal um meio para a preparação de gerações para intervirem na
sociedade de uma forma responsável e apropriada, com uma cultura de democrática revela-se
importante a abordagem de conteúdos relativos à Educação Patriótica e a Ética e Deontologia
Profissional na formação de professores, para que estes possam cultivar estes valores e
disseminá-los no processo de ensino-aprendizagem para a formação do Homem que todos
nós, como moçambicanos anseiamos.
1.Competências a Desenvolver
Até ao fim da formação, os futuros professores devem ter desenvolvidos competências que os
permitam agir como profissionais responsáveis e competentes na sua tarefa de facilitadores do
processo de ensino-aprendizagem, seguindo rigidamente o seu código conduta, manifestando
atitudes que se coadunam com a sua profissão tanto no exercício da sua profissão como na
sociedade em que estiver inserido. Desta forma, no fim deste módulo o formando deverá ter
desenvolvido competências que o permitam:

8
(1) Demonstrar o espírito patriótico e de cidadania através de acções e atitudes;
(2) Exercer os valores cívicos e morais;
(3) Respeitar e Aplica os direitos da criança
(4) Desenvolver acções de promoção dos valores universais e regras de convivência;
(5) Assumir os valores éticos ligados a sua profissão;
(6) Agir de acordo com os valores éticos e deontológicos ligados a sua profissão
professor;
(7) Relacionar valores com a cultura;
(8) Desenvolver estratégias pedagógicas conducentes ao sucesso de todos os alunos
com ética e profissionalismo.
2.Resultados de Aprendizagem
(1) Sistematizar os conceitos de Educação Patriótica, Ética e Deontologia Profissional;
(2) Analisar e aplicar estratégias de desenvolvimento de valores universais, patrióticos
(amor à pátria, respeito e auto-estima) e cívicos;
(3) Compreender a importância da Étca e Deontologia, tendo em consideração as
dimensões pessoal e profissional;
(4) Reflectir sobre dilemas éticos da profissão docente e discutir respostas adequadas à
complexidade das situações profissionais, inseridas num determinado contexto social;
(5) Propor acções que contribuem para o desenvolvimento de valores cívicos e morais e o
exercício da cidadania, na escola e na comunidade;
(6) Analisar, criticamente, as estratégias de abordagem dos valores patrióticos na cultura
organizacional da escola e nos materiais de ensino, propondo alternativas.
Neste módulo, em primeiro lugar apresentámos o submódulo de Educação Patriótica e em
segundo, o de Ética de Deontologia profissional do Professor.

9
Educação Patriótica

Duração do Módulo: 38 HORAS

INTRODUÇÃO

O presente trabalho modular, privilegia o estudo e aprendizagem da educação patriótica tendo


em conta a instrução académica para a concepção da cidadania e da efectiva consolidação
contínua da moçambicanidade.

Do ponto de vista geral, pretende-se com este trabalho, garantir a consciencialização


patriótica dos moçambicanos aos diferentes níveis de aprendizagem, como forma de
proporcionar a vontade de compreensão colectiva ao amor e defesa à pátria alicerçando-se a
outros elementos de extrema importância na aprendizagem dos conteúdos patrióticos, assim
como, assegurar a unidade entre a instrução e educação no processo de mediação e
assimilação.

Do ponto de vista específico, pretende-se através deste módulo, conhecer as várias disciplinas
que se relacionam com a educação patriótica, para melhor situar as suas formas de abordagens
e conhecimentos no processo de ensino e de aprendizagem; conhecer as diferentes formas de
formatura e marcha, de modos a potenciar a sua postura aprumada e auto-organização;
respeitar os Símbolos Nacionais, para compreender o valor da identidade soberana e do
Estado como nação; explicar o nascimento da nação moçambicana, como forma de
testemunhar o seu domínio sobre a sua pátria; conhecer os Heróis Moçambicanos e seus
feitos, para melhor alimentar o seu orgulho de determinação e auto-afirmação e preservar o
meio ambiente como forma de contribuir garantindo a continua existência das espécies para o
bem de gerações próximas.

As abordagens do presente módulo assentam-se na vertente educativa, onde estão patentes


aspectos relacionados com a integridade da moçambicanidade fundamentados pelo princípio
de cidadania, patriotismo e nacionalismo. É neste contexto que se procura evidenciar a
necessidade de incutir nos indivíduos, o respeito pelos recursos como identidades da nação
moçambicana, associando aos elementos que proporcionam espírito de resistência e defesa a
soberania.

10
Para a concepção deste trabalho, foram usados os métodos de consulta bibliográfica
fundamentalmente, observação directa, entrevista (formais, informais, estruturadas, não
estruturadas, colectivas, semi-colectivas e individuais), Pesquisa via internet e interpretação
de artigos da constituição da República de Moçambique (CRM), Lei dos Orgãos Locais
(LOLE).

Contudo, em processo de sua implementação, dever-se-á considerar o uso de obras literárias


que abordam aspectos relacionados com a afirmação de pressupostos nacionalistas como se
referenciam nas literaturas históricas de Moçambique no postulado das resistências
moçambicana contra a ocupação colonial, Luta Armada de Libertação Nacional directa e
indirectamente entre outras abordagens históricas.

Outrossim, associado a este conhecimento, dever-se-á também, privilegiar saberes


desenvolvidos em outros ramos de conhecimentos como: Antropologia Cultural, Sociologia,
Geografia, Economia, Filosofia, História e Direito.

Para além deste recurso, observar-se-á o uso de textos de apoio, artigos, mapas, quadros,
vídeos, aplicação prática da constituição da República de Moçambique e a Lei de Orgãos
Locais como instrumentos fundamentais a merecer o domínio de todos moçambicanos como
cidadãos íntegros. Ainda, poder-se-ão privilegiar o uso de outros recursos organizados numa
sequência lógica.

Desta forma, espera-se que, no fim deste subódulomódulo, os formandos sejam capazes de
revelar valores, atitudes apropriadas pautadas na responsabilidade, solidariedade, criatividade,
especificamente no que concerne as suas capacidades: de lidar com situações inéditas e
complexas que podem ocorrer no contexto do processo de ensino-aprendizagem; de auto-
regular a acção formativa em função das políticas de educação Patriótica, para dar as
respostas adequadas à crescente demanda aos serviços de Educação.

Comunicar e interagir com os diferentes sectores sociais afins para a integração das suas
sensibilidades e, sobretudo, das suas capacidades em assumir uma postura crítica face a todo o
processo formativo, contribuindo, desta forma, para uma formação integral do Profissional de
Educação dotando-o de competências profissionais relevantes, que o permitam actuar com
responsabilidade e profissionalismo no exercício da suas funções.

11
1.Competências a Desenvolver
Até ao fim deste submódulo de Educação Patriótica, os futuros professores devem
desenvolver as competências que os permitem a assumir e explicar os princípios básicos que
estimule o patriotísmo no seu íntimo, na escola e no seio das comunidades. Devem ainda eles
serem dotados da cultura de paz e respeito pelos direitos humanos. Compreender e aplicar as
leis sobre o direito da criança, Constituição da República, Lei de Serviço Militar, Lei dos
órgãos de Estado, Lei dos direitos Humanos. Desenvolver acções de promoção de valores
culturais universais para impulsionar as boas regras de comvivência entre os homens e povos
dos países vizinhos. Servir da educação patriótico meio didáctico para a implantação da
cidadania nos estudantes. Desta forma, no fim deste módulo, o formando deverá ser capaz de:

(1) Definir e interpretar conceitos sobre o patriotismo, a moçambicanidade, autoestima e


cidadania;

(2) Ser capaz de descrever a manifestação da cidadania na escola e na comunidade;

(3) Promover os valores culturais universais de paz e da democracia;

(4) Reflectir e desenvolver actividades que permitem o domínio de cultura geral e atitudes
positivas nos alunos (cultivar a cultura no aluno);

(5) Agir de acordo com os princípios que cultive a cidadania no indivíduo, no aluno em
particular;

(6) Aplicar os princípios didacticos que incute e desenvolve o patriotísmo, a cidadania, o


espírito de sacrifício, a consolidação da unidade Nacional, conhecer os símbolos e o
significado dos elementos componentes;

(7) Enquadrar no contexto histórico Moçambicano a vida e obra dos heróis


moçambicanos, analizar de forma crítica os manuais em usos no sistema de Educação;

(8) Sistematizar os conceitos sobre os direitos humanos, elaborar um resumo sobre os


direitos e deveres dos cidadãos na base de diversos documentos e legislações
existentes, encluindo os direitos da criaça.

2. Resultados de Aprendizagem
(1) Compreender, reflectir, dar as respostas adequadas aos problemas do patriotísmo e
compreender a importância de Educação Patriótica na formação do professor;

12
(2) Saber entrepeitar os artigos da Constituição da República, Lei dos Orgãos Locais de
Estado, Serviço Militar Obrigatorio, Leis sobre os direitos Humanos, os direitos da
Criança enter outros documentos importantes para a educação patriótica;
(3) Consiga entrepeitar os conceitos sobre a Cidadania, auto-estima do cidadão;
(4) Descreve a vida e obra dos Heróis Moçambicanos podendo apresentar um texo escrito
falando sobre vida e obra dos heóis;
(5) Descreve o significado das tatas comemorativas nacionais e os feriados;
(6) Apresenta diversos texto sobre historial dos direitos humanos, análise critica dos
manuais escolares, sobre o patriotísmo, sobre a violação dos direitos da criaça;
(7) Exercite e aplica os princípios democráticos no processo da eleição dos representantes
da turma;
(8) Faz uma exposição oral na turma onde estiver, falando sobre os direitos da criança,
direitos humanos, aspectos patrióticos, usando diversos suportes como: cartaz, jornal,
revistas, fotografias dos líderes, discursos gravados, documentários, vídeos, entre
outros;
(9) Intervém em debates onde se descutem sobre os direitos Humanos, direitos da criaça,
combate a corrupção, a conservação dos bens públicos, planos estratégicos para o
desnvolvimento comunitário;
(10) Apresenta oralmente ou por escrito um plano contendo actividades como: promoção
dos valores universais a desenvolver na aula, na escola e na comunidade, aplicar
estratégias de prevenção e combate de violação do direitos da criaça na escola e na
comunidade;
(11) Desenvolver as ideias criativas no sentido de encontrar as respostas apropriadas à
complexidade das situações inseridas no contexto sóciocultural;
(12) Desenvolver na escola e na comunidade os valores de amor ao trabalho, sacrifício na
defesa dos interesses da comunidade, liberdade, igualdade, tolerância, respeito,
solidariedade, a cidadania, cultura de paz e unidade Nacional;
(13) Compreende, desenvolve e aceita o espírito de crítica e auto-cítica.

13
Unidade Temática I – Introdução ao Estudo da Educação Patriótica

1.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade


UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA
TEMÁTICA ESPECÍFICOS BÁSICAS HORÁRIA
 Explicar a -Conceito da o Define
importância do estudo Educação Patriótica; Educação Patriótica;
I. Introdução da Educação -Objecto de estudo; o Relaciona a
ao estudo da Patriótica; -Relação da Educação Patriótica
Educação  Identificar o objecto Educação Patriótica com outras 4
Patriótica: de estudo; com outras disciplinas:
Noções  Relacionar a Disciplinas; o Diferencia a
básicas. Educação Patriótica -Importância da Educação Patriótica
com outras disciplina de nos períodos colonial
disciplinas; Educação Patriótica; e pós independência
 Diferenciar a -Objectivo do estudo
Educação Patriótica da Educação
no período colonial e Patriótica nos IFPs.
depois da
independência.

1.2.Sugestões Metodológicas

 Ao abordar esta unidade é importante destacar os objectivos do estudo desta


disciplina no nosso país;
 Sugere-se o estabelecimento de uma diferenciação entre os objectivos da
Educação patriótica nos períodos colonial e pós-independência;
 Para a boa compreensão deve convidar-se um encarregado de Educação que tenha
estudado no período colonial, para explicar o contexto e objectivos da Mocidade
portuguesa;
 No fim, falar com um combatente da luta de libertação Nacional (luta clandestina,
preso político, professor, estudante nas Zonas Libertadas, entre outros) para
explicar o contexto e objectivos da política da FRELIMO.

14
2.Educação Patriótica
Defini – se a Educação Patriótica como um processo de ensinar e aprender a manifestar o
sentimento de amor e devoção à pátria, aos seus símbolos como: a figura do Chefe do
Estado, bandeira Nacional, hino Nacional, emblema Nacional, entre outros aspectos.
Portanto, a educação patriótica serve de veículo regulador para o surgimento do patriota
como praticante do patriotísmo, sendo este elemento fundamental para a materialização
de vontades ou espíritos nacionalistas.

Num cômputo geral, a educação patriótica sempre mereceu e manifestou – se no seio das
sociedades, onde de diferentes formas, as estruturas sociais foram evidenciando em suas
lógicas educacionais internas, tal com narra BRANDÃO (1993: 20-21).

“ Todos os que convivem aprendem, aprendem, da sabedoria do grupo social e da força


da norma dos costumes da tribo, o saber que torna todos e cada um pessoalmente apto e
socialmente reconhecidos e legitimados para a convivência social, o trabalho, as artes
da guerra e os ofícios do amor”.

Tal como testemunha o seu conceito, a educação patriótica como um processo, tende a
reflectir num amplo campo de estudo subscrito a vários níveis de observação, como por
exemplo:

 Educação Patriótica baseada no sentimento desportista: onde grande parte da


população sente o orgulho de sua pátria quando ela está representada por atletas
em competição;

 Educação Patriótica baseada na Cultura: cantores, compositores, artistas plásticos,


poetas, entre outros, espalham o encanto do país em que vivem. E não negam suas
raízes;

 Educação Patriótica baseada na Guerra: pessoas que se oferecem ou são


rigorosamente seleccionadas para defenderem seu país em uma guerra.

15
Em Moçambique, vários aspectos do ponto de vista social, cultural, político, económico e
ideológico permitem ou condicionam para um olhar especial no que concerne as
abordagens dos conteúdos virados a educação patriótica a destacar:

 Os ensinamentos étnicos e tribais do ponto de vista tradicional como forma de


preparação a convivência conjunta ou colectiva e respeito ao próximo;
 As canções educativas interpretadas em línguas locais aos vários e diferentes
níveis ou pontos geográficos do nosso país;
 Difusão dos vários recursos existentes no nosso pais e a importância que os
mesmos representam na conjuntura internacional, vangloriando de forma auto
estimada pela razão de estes se encontrarem no nosso território.

2.1.A Relação da Educação Patriótica com outras Ciências


Do ponto de vista disciplinar, a educação patriótica estabelece uma estreita ligação com
os outros campos do conhecimento científico pautando pela interdisciplinaridade. Pois,
apoia-se dos outros ramos de conhecimento como a história, Geografia, economia, a
antropologia, sociologia e a filosofia para conceber o seu saber específico.

2.2.A Importância do Estudo da Disciplina de Educação Patriótica


A importância do estudo dos conhecimentos abordados na disciplina de educação
patriótica, a prior permite estabelecer o princípio básico de conceber em si próprio, o
orgulho e auto-estima por pertencer a uma pátria, buscando a partir daqui, mecanismos de
amor, defesa e devoção patriótica, consolidação do espírito de unidade nacional, amor ao
trabalho, respeito pelo bem público, valorização dos feitos históricos que caracterizam
fundamentalmente as gerações do seu país.

2.3.Objectivo do Estudo da Educação Patriótica nos IFPs


Tendo em conta que o Objecto do Eestudo da Educação Patriótica é estudar o indivíduo
dentro da sociedade, quando este por sua vez, vai manifestando o amor e devoção a sua
pátria e outros aspectos que dignifiquem do ponto de vista de identidade da sua terra ou
da sua zona de origem, o presente trabalho tem os seguintes objectivos:

a)Gerais
Os objectivos gerais do estudo da educação patriótica, particularmente para os IFPs
em Moçambique, são:

16
 Estabelecer através do ensino ou formação, uma consciência de solidariedade,
a prior para os formandos e a posterior entre pessoas no geral, de modo que
tenham interesses colectivos, constituindo um Estado baseado na unidade
nacional, e que, ao viver sob as mesmas leis, as respeitem com ânimo maior e
as empreguem na defesa de interesses e ambições comuns.
 Criar uma consciência da gestão, preservação do património patriótico a nível
da sociedade moçambicana, como base de desenvolvimento da unidade
nacional e bem-estar comum.

b)Específicos
O estudo da Educação Patriótica tem como ojectivos específicos:

 Promover o espírito patriótico, a cidadania responsável e democratica;


 Desenvolver acções que contribuem para a promoção de valores cívicos e
morais;
 Desenvolver o exercício da cidadania, na escola e na comunidade;
 Promover os valores e atitudes positivas da educação patriótica nos alunos;
 Aplicar os princípios da Educação Patriótica;
 Criar estratégias de abordagem dos valores morais e patrióticos na cultura
organizacional da escola e nos materiais de ensino.
 Proporcionar através dos relatos históricos do país, a consciência da
importância dos valores culturais nacionais, que foram marginalizados e
subjugados durante a dominação colonial, estabelecendo a ligação entre as
várias gerações;
 Conhecer e dominar a divisão territorial de moçambique.

17
2.4.Actividade
Educação Patriótica como um processo de ensinar e aprender a manifestar o sentimento
de amor e devoção à pátria, aos seus símbolos como: a figura do Chefe do Estado,
bandeira Nacional, hino Nacional, emblema Nacional, entre outros aspectos.
a) Desenhe emblema Nacional e explique a importância dos elementos constituintes.
b) A Educação Patriótica serve de veículo regulador para o surgimento do patriota
como praticante do patriotísmo. Comente esta afirmação.

2.5.Auto-Avaliação (Questionário)
1. Defini-se a Educação Patriótica como um processo de ensinar e aprender a
manifestar o sentimento de amor e devoção à pátria, aos seus símbolos como: a figura do
Chefe do Estado, Bandeira Nacional, Hino Nacional, Emblema Nacional, entre outros
aspectos.
a.) Explique a importância do estudo da disciplina de educação patriótica;
b.) Qual é objecto de estudo da educação patriótica?
c.) Identifique a relação que existe entre a Educação Patriótica com outras ciências.
2. Um dos objectivos do estudo da educação patriótica, particularmente para os IFPs
em Moçambique, é de estabelecer através do ensino ou formação, uma consciência de
solidariedade.
a.) Comente esta afirmação tendo em conta a educação patriótica em
Moçambique.

18
2.6.Respostas
1.a.) Estabelecer o princípio básico de conceber em si próprio, o orgulho e auto-estima
por pertencer a uma pátria, buscando a partir daqui, mecanismos de amor, defesa e
devoção patriótica, consolidação do espírito de unidade nacional, valorização dos feitos
históricos que caracterizam fundamentalmente as gerações do seu pais.
1.b.) Preocupa-se em estudar o individuo dentro da sociedade, quando este por sua vez,
vai manifestando o amor e devoção a sua pátria e outros aspectos que dignifiquem do
ponto de vista de identidade da sua terra ou da sua zona de origem.
1.c.) A educação patriótica estabelece uma estreita ligação com os outros campos do
conhecimento científico pautando pela interdisciplinaridade. Pois, apoia – se dos outros
ramos de conhecimento como a história, Geografia, economia, a antropologia, sociologia,
Ética Deontologia Proficional, filosofia e o Direito para conceber o seu saber específico.
2.) Proporcionar através dos relatos históricos do país, a consciência dos valores
nacionais estabelecendo a ligação entre as várias gerações.
NB: aceitar outros comentários desde que sejam certos.

19
Unidade Temática II – Formatura e Marcha

2.1.Visão Geral dos Conteúdos da unidade

UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA


TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA

O formando deve: O formando

 Definir Formatura e - Marcha;  Define marcha;


marcha;
- Formas da  Estabelece a diferença entre
 Organizar-se na fila; organização da marcha normal, acelerada e
marcha; cerimonial,
 Virar para esquerda,
direita e para trás, parar em - Organização da  Realiza a marcha normal,
sentido e descansar formatura; acelerada e cerimonial;

 Seleccionar o tipo de -Marcha normal;  Vira para esquerda, direita,


II. Formatura e marcha para cada tipo de para trás, marca passos para 4
Marcha evento; -Marcha acelerada; frente e para atrás, para em
sentido;
 Usar um dos tipos de -Marcha
marcha em respeito de cada cerimonial;  Realiza de forma rápida as
um dos símbolos da Pátria; actividades.
-Marcha para
 Realizar de forma rápida apresentação a
as actividades lectivas. tribuna de Honra;

-Noção de
flexibilidade dum
aluno em todos
aspectos;

2.2.Sugestões Metodológicas

 Para o efeito, os formandos devem participar activamente nas cerimónias que o


Estado realiza nas datas históricas fazendo parte durante o acto de deposição de
coroa de flores nas praças dos Heróis Moçambicanos nos dias festivos, de forma
assistir as marchas que marcam o momento mais alto da homenagem;
 A instituição deve em alguns momentos solicitar um polícia ou militar para
interpretar o significado e a importância de cada tipo da marcha e demonstra-las
perante os formandos.

20
2.3.Formatura

Designa-se formatura a uma estrutura de organização perfilada de indivíduos,


representando atenção a determinadas orientações, sob comando frontal de um individuo
instruído e preparado para a disciplina.

2.4.Organização da Formatura
De acordo com o seu conceito, ela caracteriza uma forma de organização onde pode-se
estruturar posicionando as pessoas de acordo com as suas alturas e idades. Porém, os
mais altos passam a ocupar as últimas linhas, em contra partida, os que tem altura mínima
e média passam a ocupar as linhas frontais. Importa ainda salientar que, este processo, é
realizado efectivamente tendo em conta a organização de turmas.

2.5.Marcha
Defini-se a marcha como um movimento de locomoção harmonizado e organizado, vista
de forma linear representado por grupo de indivíduos com vista direccional e que tende
alcançar um determinado local.

2.5.1.Tipos de marcha
As marchas figuram-se de quatro (4) maneiras diferentes e essenciais, sendo:

 Marcha normal (caracterizada por locomoção normal);

 Marcha acelerada (caracterizada por locomoção rápida);


 Marcha Cerimonial (caracterizada por uma locomoção lenta de forma acentuada e
obedece determinadas regras para marcha);
 Marcha para apresentação a tribuna de honra (caracteriza – se por passos
decisivos, peito levantado, com cabeça erguida orientando o olhar à tribuna).

21
2.6.Actividade
Defini-se a marcha como um movimento de locomoção harmonizado e organizado, vista
de forma linear representado por grupo de indivíduos.
a) Dê dois exemplo de marcha, demonstrando os movimento perante seus colegas de
turama;
b) Digas ainda para que fins serve o tipo de marcha que escolheste.

2.7.Autoavaliação (Questionário)
1. De acordo com alguns conceitos referentes a formatura e marcha diferem uma
com a outra.
a) Argumente.
b) Caracterize a organização da formatura.
c) Quais são os tipos de marcha que conheces?

2.8.Respostas
1a.) Formatura é uma estrutura de organização perfilada de indivíduos, representando
atenção a determinadas orientações, sob comando frontal de um indivíduo instruído e
preparado para a disciplina. Ao passo que, a marcha é um movimento de locomoção
harmonizado e organizado, vista de forma linear representado por grupo de indivíduos
com vista direccional e que tende alcançar um determinado local.
1b.) A formatura caracteriza-se por uma forma de organização onde pode – se estruturar
posicionando as pessoas de acordo com as suas alturas e idades. Porém, os mais altos

22
passam a ocupar as últimas linhas, em contra partida, os que tem altura mínima e média
passam a ocupar as linhas frontais. Importa ainda salientar que, este processo, é realizado
efectivamente tendo em conta a organização de turmas.
3c.) Os tipos de marcha são:
 Marcha normal (caracterizada por locomoção normal);
 Marcha acelerada (caracterizada por locomoção rápida);
 Marcha Cerimonial (caracterizada por uma locomoção lenta de forma acentuada e
obedece determinadas regras para marcha);
 Marcha para apresentação a tribuna de honra (caracteriza-se por passos decisivos,
peito levantado, com cabeça erguida orientando o olhar à tribuna).

23
Unidade Temática III – Símbolos da Pátria

3.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade


UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA
TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA
O formando deve: O formando
 Definir símbolos da  Símbolos o Identifica os
Pátria. da Pátria símbolos da pátria;
III. Símbolos da  Identificar os símbolos -Conceito o Interpreta o 4
Pátria da pátria -A bandeira significado das cores da
 Interpretar o significado -O emblema Bandeira e do Emblema
das cores da bandeira da -Hino Nacional o Canta o Hino
República e do emblema. Nacional;

 Içar a bandeira; o Interpreta os versos


do Hino Nacional;
o Iça a bandeira.

3.2.Sugestões Metodológicas
 Os formandos devem aprender a manusear a bandeira nacional;
 Devem marchar com a bandeira e içá-la (amarrar e elevar ao cimo);
 A bandeira da instituição deve ser içada e areada pelos formandos obedecendo os
critérios aprendidos e demonstrados pelo membro da PRM e militares.

24
Unidade Temática IV – Instituições do Estado

4.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade

UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA


TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA
O formando deve: O formando
 Identificar -Os ministérios; o Identifica
instituições do estado; -Os ministros; as instituições do estado
 Identificar os -As direcções e os seus
representantes de cada Provinciais; representantes;
instituição; -Os directores o Recebe
IV. Instituições do  Receber os provinciais suas dirigentes e apresenta a
Estado dirigentes; instituições e seus sua instituição; 5
 Mencionar representantes; o Menciona
todas as instituições do -Governos Distritais todas as instituições do
estado e seus (suas instituições e estado e seus
representantes a todos seus representantes); representantes a todos
os níveis. - Os Serviços os níveis.
Distritais
- Os conselhos
municipais
-Lideres
Comunitários.
- Aspectos
protocolares.

4.2.Sugestões Metodológicas

 Visita às instituições do Estado e convite de dirigentes de algumas instituições


para falarem das suas instituições;
 Convidar um indivíduo que tenha noções básicas e fundamentais dos aspectos
protocolares para orientar palestras sobre as regras protocolares em vigor;
 As visitas de dirigentes aos IFP’s devem ser protocoladas pelos formandos.

25
4.3.Órgãos de Soberania
São órgãos de soberania os seguintes:
a) Presidente da República,
b) Assembleia da República
c) O Governo
d) Os Tribunais
c) O Conselho Constitucional
Estes órgãos de soberania assentam nos princípios de separação e interdependência de
poderes consagrados na Constituição e devem obediência à Constituição e as Leis.

4.4.Órgãos Centrais do Estado: Ministérios


São designados Ministérios, aos órgãos de representação do Estado fixados ao nível
Central sob gestão ou direcção de um Ministro nomeado pelo presidente da República.
Estes por sua vez, actuam em diferentes áreas:
Administração Estatal, Educação, Defesa Nacional, Cultura, Saúde, Acção Ambiental,
Interior, Justiça, dos Combatentes, transporte e comunicações, Obras Públicas e
habitação, Trabalho, Mulher e Acção Social, Planificação e Desenvolvimento, Finanças,
entre outros.

4.5.Ministro ( Membro do Conselho de Ministros)


Designa-se Ministro a figura que representa um dos Órgãos institucionais do Governo
Central concretamente para o Ministério. Este é gestor principal no órgão incumbido,
automaticamente é também membro do conselho de Ministros, esse órgão central é
chefiado pelo Primeiro-Ministro sob delegação do Presidente da República.

Conforme a Lei, 8/2003 e Decreto, 11/2005,p: 5, artigo 7,

“As relacções entre os Órgãos Centrais e os Órgãos locais do Estado se desenvovem


com observáncia dos princípios de unidade, hierarquia e coordenação instituicional”.

26
4.5.Órgãos Locais do Estado
São órgãos do estado representantes do Governo Central ao nível local, e esses são:
governo provincial, governo distrital, governo do posto administrativo, localidades e os
conselhos municipais.

Conforme a Lei, 8/2003 e Decreto, 11/2005,p: 4, artigo 2, ponto 1,

“os orgãos locais do Estado tem a funsão de representação do Estado ao nível local
para a administração do desenvolvimento do respectivo território e contribuem para a
unidade e integração nacionais”.

4.6.No Âmbito Territorial


A divisão administrativa do país é composta em: Província Distrito, Posto Administrativo
e Localidade, onde a província é a maior unidade territorial da organização, o distrito é a
unidade principal da organização política, o posto administrativo é a unidade territorial
imediatamente inferior ao distrito e a localidade é a unidade territorial base da
organização da administração local do Estado.

4.7.Direcções Provinciais
São órgãos institucionais dirigidos pelos directores provinciais e estes fazem parte do
Governo provincial, representam os Ministérios ao nível Local de Estado. Esta instituição
é ainda gerida por um Director Provincial nomeado pelo Ministro sob a coordenação e
consentimento do Governador da Província. Tal como os Ministérios, as Direcções
Provinciais também actuam para diferentes áreas no seio da Província, a sua estrutura
orgânica depende da iniciativa do conselho de Ministros.

Segundo a Lei, 8/2003 e Decreto, 11/2005,p: 5, artigo 8,

“Compete ao conselho de Ministro definir a estrutura orgánica dos governos Provincial


e distrital, tendo em consideração as necessidades, potencialidades e capacidades de
desenvolvimento da Província ou do Distrito”.

4.8. Directores Provinciais (Membros do Governo Provincial)


Designam-se a todas figuras que representam a liderança na gestão das Direcções
Provinciais. Também podem ser considerados representantes dos Ministros ao nível das
Províncias. Estes por sua vez desempenham as suas actividades tendo em conta as

27
especificidades que norteiam o funcionamento peculiar de cada instituição ou Direcção.
São membros do Governo Provincial e participam mutuamente nas sessões do Governo
Provincial, sob a dupla subordinação.

E o Decreto, 11/2005,p: 49, artigo 31, ponto 1,2, consagra o seguinte:

“As direcções provinciais são orgãos do aparelho de Estado para a direcção e


coordenação respectivo sector, ramo ou área de actividades. As direcções provinciais
garantem, sob direcção dos respectivos Directores”.

4.9.Órgãos do Distrito
São órgãos da administração pública do distrito, o Administrador Distrital e o Governo
Distrital. O Administrador dirige o goveno distrital e responde individualmente pelas
actividades administrativas do distrito perante o governo provincial. Ele é nomeado pelo
ministro que superintende na função pública e na administração local do Estado. Ouvido
ou por proposta do Governador Provincial.

4.10.Governos Distritais

São órgãos locais de representação governamentais ao mais alto nível no Distrito.


Também, pode-se considerar representantes do Governo provincial e Central ao Nível do
Distrito. Dirigido por Administradores Distritais (Chefe máximo do Distrito). Este é
composto por: Administrador do Distrito, Secretário Permente Distrital e Dirctores dos
Serviços Distritais.

4.11.Serviços Distritais
São órgãos institucionais que representam as Direcções provinciais ao nível dos Distritos.
Esta instituição é gerida por um Director dos serviços Distritais, proposto pelo Director
provincial e nomeado pelo Governador da Província sob a coordenação e consentimento
do Administrador do Distrito. Tal como as Direcções provinciais, as Direcções dos
Serviços Distritais também actuam para diferentes áreas ao nível do Distrito.

4.12. Conselhos Municipais


Os conselhos municipais são órgãos do poder local que actuam ao nível dos Municípios
dirigidos por um Presidente eleito democraticamente por um sufrágio universal. O

28
presidente eleito democraticamente ao nível dos Municípios goza de três formas de
poderes fundamentais, nomeadamente:

 Poder Legislativo;
 Poder Executivo;
 Poder Judicial.

4.13. Posto Administrativo


O órgão do Posto Administrativo é o Chefe do posto Administrativo. Assim ele é o
dirigente superior da Administração local do Estado no respectivo território.

O chefe do posto Administrativo é nomeado pelo Ministro que superintende na funçao


pública e na administração local do Estado, ouvido ou por proposta do Governador
Provincial.

Segundo Decreto 11/2005, p 69, artigo 56, ponto 2,3 descreve:

“Os órgãos locais do Estado têm como função a representação do Estado a nível local
para a administração e o desenvolvimento do respectivo território e contribuem para a
integração e unidade nacionais [sic. Nacional]. O Chefe do posto aministrativo é o
representante da administração central do Estado no respectivo território. O chefe do
Posto Aministrativo subordina-se ao Administrador Distrital”.

4.14. Localidades
Em Moçambique, chamam-se localidades as subdivisões representativas dos órgãos
governamentais ao mais baixo nível dentro dos postos administrativos. Esta circunscrição
é geralmente dirigida por funcionário assalariado, assumindo o cargo de Chefe da
Localidade ou mesmo pelo Secretario. Ainda obedecendo o mesmo fio de pensamento, e
de acordo com a WIKIPÉDIA (baseada na lei no 8/2003), a localidade particularmente no
contexto Moçambicano pode – se abordar nos seguintes moldes:

“ Subdivisões dos Postos Administrativos, a nível rural, e constituem o nível mais baixo
de representação do Estado. (…) Estas subdivisões administrativas são dirigidas por um
Secretário nomeado pelo Administrador do distrito…”

29
Órgão da Localidade é o Chefe da Localidade, ele é o representante da autoridade central
da administração do Estado na respectiva Loclidade, e subordina-se ao Chefe do Posto
Administrativo. Ele é nomeado pelo Governador Provincial, ouvido ou por proposta do
Administrador Distrital.

Segundo a Lei, 8/2003 e Decreto, 11/2005,p: 34, artigo 12, ponto 2,

“A localidade compreende povoações, aldeias, e outros aglomelados populacionais


situados no seu Território.

4.15.Povoados
É uma espécie de assentamento rural, muito pequeno que uma aldeia. As habitações são
geralmente circundadas de uma parcela rural, porem, caracterizada por um número
reduzido de casas. Em Moçambique particularmente, é também atribuído a categoria de
regulado, onde o régulo é o líder que orienta os destinos dos seus respectivos povoados.

“ Um povoado é uma povoação constituído por poucas casas, ou seja, uma pequena
povoação”. (idem)

Segundo a Lei, 8/2003 e Decreto, 11/2005,p: 34, artigo 13.

“A povoação compreende aldeias e outros aglomerados populacionais localizados no


respectivo territorio”.

4.16. Lideres Comunitários


São representantes do órgão do poder local (tradicional) que se encontram numa
comunidade. Estes têm o poder hereditário que se transmite de geração para geração. O
seu poder é fortificado por meio da tradição mágica-religiosa e espiritual. No entanto,
com base nas ideias de BOAVENTURA (WIKIPÉDIA in Projecto de Lei Nº 2182/98).

“O líder comunitário é o cidadão qualificado para representar a coletividade de seu


pequeno bairro. É a autoridade legítima e legal que emerge dentro do local onde reside e
desenvolve o trabalho social e político, solidário e consciente que se traduz nas
melhorias que obtém para sua comunidade”.

30
No contexto Moçambicano, os líderes ou autoridades tradicionais são acreditados pelo
Estado e estabelecem uma profunda influência no processo de governação local.
Portanto, conforme a constituição da República de Moçambique (CRM), artigo 118, pt. 1
e 2, p. 44):

“O Estado reconhece e valoriza a autoridade tradicional legitimada pelas populações e


segundo o direito consuetudinário. O Estado define o relacionamento da autoridade
tradicional com as de mais instituições e enquadra a sua participação na vida
económica, social e cultural do país, nos termos da lei.”

4.17. Actividade
Os órgãos de soberania são os que assentam nos princípios de separação e
interdependência de poderes consagrados na Constituição e eles devem obediência à
Constituição e as Leis.
a) De 4 exemplos de orgãos de soberania que conhece;
b) Explique a importânca de um só orgão de soberania à sua escolha de entre os
acima escolhidos;
c) Descreve adivisão administrativa da sua Província e Distrito.

4.18. Autoavaliação (Questionário)


1. A estrutura Governamental no caso de Moçambique é composta por um conjunto
de órgãos que se aplicam para diferentes áreas de actuação.
a.) Mencione os principais órgãos do Governos no contexto Moçambicano.
b.) Quais são os membros representantes no Conselho de Ministros?
c.) Indique a figura que chefia o Conselho de Ministros
d.) Explique a relação de nomeação existente entre um Ministro e um director
provincial.

31
4.19.Respostas
1.a) Os principais órgãos do Governo no contexto moçambicano são: Ministérios;
Direcções Provinciais, Governos Distritais, Postos Administrativos e localidades.

b) Os membros representantes do concelho de Ministro são: Presidente da Republica,


Primeiro-ministro, os Ministros e seus vice - Ministros.

c) A figura que chefia o conselho de Ministros é o primeiro-ministro sob a representação


do Presidente da república.

d) A relação de nomeação existente entre um Ministro e um Director Provincial é a


seguinte: o Ministro é nomeado pelo Presidente da Republica e o Director provincial
é nomeado pelo Ministro com coordenação e o consentimento do Governador da
Provincial.

32
Unidade Temática V – Nação Moçambicana

5.1.Visão Geral dos Conteúdos da unidade


UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA
TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA
O formando deve: O formando
 Definir  O surgimento Identifica as causas da
unidade nacional. do Nacionalismo derrota dos
 Explicar as Moçambicano; Moçambicanos na
causas que permitiram  Luta resistência a ocupação
a derrota dos Clandestina e Prisão colonial;
Moçambicanos nas política; Explica a fundação da
lutas de resistência a -A Fundação da FRELIMO e a luta de
penetração colonial; FRELIMO; libertação Nacional;
 Identificar os -O papel de Eduardo Identificar os factores
factores que Mondlane e Unidade que contribuíram para a
contribuíram para a Nacional; vitória do povo
libertação de  O processo da moçambicano contra a
V. Nação Moçambique do Jugo Luta de Libertação dominação colonial 5
Moçambicana colonial; Nacional; portuguesa;
- A vida nas zonas
Libertadas;
- o papel da Mulher no
processo da luta de
libertação Nacional
-Noção de Nação
Moçambicana.
- O sucesso alcançado;
- Ofensiva nó Górdio;
Golpe de estado em
Portugal;
Os acordos de Lusaca;
- O governo de
transição;
 Noção de
Defesa da pátria e
 Noção de
Democracia;
1.1 Sugestões Metodológicas

 Nesta unidade o formando deve ser munido da informação sobre a luta de


resistência à ocupação colonial e da Luta Armada de Libertação Nacional;
 Convidar os combatentes para relatarem alguns factos que viveram durante este
período;
 Organizar os formandos em grupos e cada um preparar e apresentar um drama,
texto escrito de algum facto relatado pelos combatentes;
 Promover as sessões de escuta de relatos gravados que foram contados pelos
combatentes;

33
 Projecção de documentários que reportam sobre o historial da luta de libertação e
defesa da pátria, depôs apresentar o resumo da história do filme assistido.

5.2.Nação
Em conformidade com a realidade moçambicana, o conceito de nação pode – se
estruturar observando o facto de ser um povo que habita o mesmo território, promove
colectivamente a vontade de manifestar a unidade nacional, ter vivido o mesmo passado
histórico tal como, mesma influência da colonização ao exemplo de Moçambique. Por
outro lado, por sentimento comum manifestado à favor de interesses e objectivos
colectivos, assim como, na busca de soluções adversas baseadas num pensamento
generalizado.

“É a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, falando o mesmo idioma e


tendo os mesmos costumes, formando assim, um povo, cujos elementos componentes
trazem consigo as mesmas características étnicas e se mantêm unidos pelos hábitos,
tradições, religião, língua e consciência nacional”. (WIKIPÉDIA. Acessado:
30/12/2011)

Por exemplo, a quando duma partida de futebol, onde envolve a selecção nacional
desafiando o seu adversário. Aqui poder-se-a perceber que a forma de sentimento
reverter-se-á ao ponto de vista colectivo, pautando pelo mesmo pensamento e objectivo
ou seja, sentimento comum. Tal como acontece quando indivíduos oriundo do mesmo
país encontram-se no estrangeiro. Aqui a forma de sentimento poder – se á traduzir por
uma forte aproximação e de paixão a sua terra.

5.3.O Surgimento do Nacionalismo Moçambicano


O Nacionalismo moçambicano nasce como resultado da opressão, através dos maus
tratos, exploração de homem para homem assim como de recursos naturais existentes, o
envolvimento dos moçambicanos em trabalhos forçados (Xibalo), implantação de
Culturas obrigatórias e a instituição obrigatória no pagamento de impostos, como o caso
do palhota assim como Mussoco.

34
Todas estas acções vividas ao longo da colonização em Moçambique envolvendo
directamente os moçambicanos, fez com que eclodisse um ciclo de revoltas contra o
regime colonial. Revoltas estas, que se manifestavam de diferentes maneiras, desde: a
destruição de forma Vandalizada de máquinas, greves envolvendo moçambicanos
maltratados nos portos e caminhos-de-ferro, torravam as sementes, empreendiam fugas
para países vizinhos e o fingimento de doenças como forma de escapar aos trabalhos
abusivos e pesados sobre o homem.

Durante a primeira metade do Séc. XX, começam a surgir movimentos e jornais


nacionalistas como o Pan-Africanismo, a Negritude, NESAM, o grémio Africano, O
Brado Africano e a criação de um Instituto Negrófilo manifestando as causas
nacionalistas. Entretanto, alguns pensadores da história de Moçambique estabelecem o
seu pensamento olhando para os pressupostos de influências das convivências coloniais.

“A emergência do nacionalismo moçambicano encontra a sua explicação dos factores


internos e externos. No quadro interno, a administração colonial e todo seu aparato de
exploração, discriminação e de repreensão conduziram ao surgimento de um sentimento
de revolta, inicialmente manifesto por via de imprensa e das artes e, posteriormente pela
criação de associações e movimentos independentistas. No contexto externo foi marcado
pela eclosão e participação de alguns africanos na II Guerra Mundial, assim como pelas
resoluções das nações Unidas, conjugadas as declarações da União Soviética e dos
Estados Unidos de América sobre o direito à autodeterminação dos povos” (DAVA, F.,
ANTONIO, A., LEMIA, R., at all.2011: 53)

Com a manifestação do espírito nacionalista em Moçambique, várias formas expressivas


foram-se evidenciando ao longo do Séc. XX até a fase da independencia nacional em
1975. Porém, a sociedade moçambicana foi se afirmando sob forma de protesto,
expressando-se através de Canto e Dança, Poesias, Artes Plásticas entre outras formas.

Não obstante, torna-se importante sublinhar que, para além dos mecanismos como
factores que condicionaram a emergência do nacionalismo moçambicano anteriormente
mencionados, outros factores também puderam evidenciar-se, tais factores destacam-se
pela participação dos soldados moçambicanos na I e II Guerras, ao exemplo concreto do
seu envolvimento durante a invasão alemã no Norte de Moçambique, atravessando rio

35
Rovuma em direcção a Milepa, tendo alcançado Marrupa-posto Administrativo de
Nungo, onde até hoje é possível ver-se as suas evidências.

O envolvimento dos Moçambicanos nas duas Grandes Guerras Mundiais associado a


carta das Nações Unidas como Consequência da II Guerra Mundial invoca o direito da
autodeterminação dos povos, a conferência afro-asiática (Bandung 1955) e o surgimento
do Movimento dos Não Alinhados, de certo modo, influenciou e despertou a consciência
para a independência do Povo moçambicano, tendo impulsionado significativamente para
a posição nacionalista entre os moçambicanos.

5.4.Fundação da Frelimo
FRELIMO designa-se Frente de Libertação de Moçambique, fundada através da união de
três movimentos nacionalistas, designadamente: (MANU, UDENAMO e MANU) aos 25
de Junho de 1962 em Dar-Es-Salaam, na actual República Unida da Tanzânia.

“No início, o velho problema de falta de comunicação levou a criação de três


movimentos separados (…) Assim, a 25 de Junho de 1962, os três movimentos existentes
em Dar-Es-Salaam fundiram-se para formar a Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO)…” (MONDLANE. 1969: 99)

A quando da sua criação, ostentava simplesmente a categoria de movimento com vista e


dedicada a alcançar a independência e estabelecer em Moçambique, um governo dirigido
por moçambicanos.

Depois da Independência em 1975, a FRELIMO, transformou-se num partido político de


vanguarda. No contexto da conjuntura política internacional do ponto de vista do
nacionalismo africano e o surgimento de movimentos independentistas assistido durante
as décadas de 50 e 60, influenciada pela declaração das Nações Unidas pelo direito a
autodeterminação dos povos e o direito a independência, a conferência de Bandung
realizada em 1955 e o aparecimento do bloco de Não-alinhamento, associado ao facto de
maior parte dos países africanos e asiáticos alcançarem a independência de forma
pacífica; o caso das colónias inglesas e francesas, ao contrário das colónias Portuguesas
que sofriam resistência para alcançar a sua própria independência, recorrendo a
alternativa do uso da violência através da guerra, com vista ao objectivo primordial da
época.

36
É neste contexto que, as bases para a criação da FRELIMO vão se efectivando, sob apoio
de alguns países vizinhos e lideres nacionalistas africano como Julius Nyerere da
Tanzânia, Kwame Nkrumah do Gana, Abdel Nacer da Argélia, Jomo Kenyata do Quénia,
entre outros. A união dos três movimentos ora evidenciados, foi resultado da influencia e
intervenção directa do Dr. Eduardo Chivambo Mondlane que logo após a criação da
FRELIMO tornou – se presidente deste Movimento e arquitecto da unidade nacional.

5.5.O Papel de Eduardo Mondlane na Consolidação da Unidade Nacional


Como relatam alguns precedentes históricos referentes a luta pela independência do
nosso país, a figura do Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, desempenhou papel
fundamental na consolidação da unidade nacional num contexto de antagonismos étnicos
e tribais. Portanto, Mondlane estabeleceu mecanismos como forma de condição favorável
para a união dos três movimentos nacionalistas de pressupostos divergentes. Envidou
esforços pautando pela mobilização de jovens, de modos a aderirem a Frente de
Libertação de Moçambique e juntos lutar-se pela independência do pais engajados nos
princípios de Unidade Nacional. Todas estas acções, empreendidas por Mondlane,
contribuíram para a consciencialização do espírito nacionalista e a busca continua da
Unidade nacional.

5.6.Luta na Clandestinidade e Prisão Política (1960-1974)


A luta na clandestinidade no contexto Moçambicano decorrida entre os fins da primeira
metade do Séc. XX e os princípios da segunda metade do mesmo Séc. ao longo do
processo da colonização, traduziu-se na actuação nacionalista como forma de divulgação
da necessidade de lutar pela independência, uma vez que, de forma pacífica e negociável,
o governo colonial Português não se sentia em condições de se abrir com os
moçambicanos que de forma incansável solicitavam apelando aberta e pacifica a sua
liberdade e independência, todavia, estes eram respondidos por massacres e repreensão
violenta.

“Queríamos nos organizar, mas não podíamos porque éramos perseguidos pela polícia
secreta. Tínhamos actividades culturais e educativas, mas durante os debates e
discussões tínhamos que nos manter atentos por causa da PIDE. Ela nos perseguia e

37
chegou mesmo a banir o NESAM” (MONDLANE apud MATUSSE & MALIQUE, 2008:
37).

Os grupos que fossem descobertos ao serviço de promoção para luta pela independência,
eram assassinados, deportados, alvos de perseguição pela PIDE ou mesmo presos.
Motivo pelo qual, a actividade clandestina ia se desenvolvendo de forma acentuada em
várias zonas do país.

A reflexão sobre a luta na Clandestinidade ocorrida em Moçambique assume-se como


efectivamente realizada e se enaltece sob seguinte relato.

“Ate 1964, toda actividade tinha que ser clandestina, o que significava que apenas uma
pequena minoria da população, os mais politizados, estava envolvida.

A medida que algumas áreas iam sendo libertadas, contudo, o Partido podia funcionar
livremente como um órgão legal, aberto a todos moçambicanos adultos. (MONDLANE,
1969:132),

A luta na clandestinidade espelhou um alto sentido de coragem e entrega por parte de


alguns moçambicanos ansiosos para independência e o progresso autónomo
protagonizado pelos moçambicanos. No entanto, este processo em Moçambique, viu-se
possível mediante vários factores intervenientes como os casos da participação das
igrejas através da mobilização de jovens, cânticos religiosos expressados em língua
materna, como também, através da educação fundamentada pelas igrejas protestantes, ao
exemplo da igreja Presbiteriana e Anglicana. Esta acção, impulsionou a participação
massiva de muitos jovens da época, a destacar: Samora Machel, Josina Machel, Armando
Guebuza, Paulo Samuel Kamkhonba, Filipe Samuel Magaia, Mateus Sansão Muthemba,
Manuel Braz da Costa, entre outros.

5.7.Processo da Luta Armada de Libertação Nacional (1960-1975)


A luta Armada com vista à canquista da independência de Moçambique durou 10 anos.
Torna-se imperioso subdividi-lá em quatro grandes fases que marcaram
fundamentalmente a trajectória desta nobre missão, envolvendo directamente filhos desta
terra sob auxílio militar, estratégico e ideológico dos países amigos e vizinhos, tais como:
5.8. Principais fases da Luta Armada de Libertação Nacional (1960 a 1974)

38
1960-1962: Fase da formação dos Movimentos libertadores
Que culminaram com a criação da Frente de Libertação de Moçambique-FRELIMO, em
1962.

1962 a 1964: Fase Preparatória do inicio da Luta armada de Libertação Nacional


Que foi caracterizada pela mobilização das massas, realização de primeiros treinos
militares no estrangeiro, participação massiva de jovens à luta, preparação militar dos
jovens da época, luta clandestina, o reconhecimento junto aos quarteis da tropa do
exêrcito colonial português, e o início da luta armada aos 25 de Setembro de 1964.

1964 a 1968 - Fase do desenvolvimento da Luta Armada de Libertação Nacional:


compreendeu a terceira etapa da luta, onde assistiu-se um avanço significativo do
movimento armado em várias frentes. Também caracterizou-se pela integração da
mulher na luta, em especial o engajamento da mulher no transporte do material
bélico, assistência social (com maior destaque para assistência as crianças órfãs e
militares feridos), assim como, pela concentração massiva de jovens nas bases
militares no interior do país, de modo a engrossarem as fileiras, instalação de bases de
instrução militar no interior de Moçambique, o uso do equipamento bélico
modernizado, grande concentração da população nas zonas não controladas pelo
governo colonial Português, as chamadas (Zonas Libertadas), estruturação da divisão
política-administrativa e fundação dos serviços sociais nas zonas libertadas, sendo um
dos grandes avanços desta fase a realização do II congresso da FRELIMO no interior
de Moçambique (onde estabeleceram-se estratégias para a vitória da FRELIMO sobre
o colonialismo Português);

1968 a 1974 - Fase da implementação de novas estratégias de luta e da vitória da


FRELIMO
 compreendeu a quarta e última etapa do processo da Luta Armada de Libertação
Nacional, tendo-se caracterizado pelo surgimento de golpes decisivos contra o
exército colonial, abertura de novas frentes da luta, a reabertura da frente de Tete, o
avanço da luta em Tete para além do rio Zambeze, a abertura da frente de Manica e
Sofala, a abertura da frente da zambezia, encerramento das vias terrestres em todas
frentes, o que culminou com a dominação militar sobre contingente militar da tropa

39
portuguesa na operação Nó-Górdio. Ainda nesta fase, decorreu a assinatura dos
acordos de Lusaka aos, 7 de Setembro de 1974, tendo carimbado a vitória da
FRELIMO e a derrota do exército colonial português, ditando seguidamente a
instauração do governo de transição chefiado por Alberto Joaquim Chissano sob a
representação da FRELIMO.

“O Governo de transição empossado a 20 de Setembro de 1974, marcava assim, a fase


derradeira da descolonização. Este era constituído por destacados membros da
FRELIMO e representantes do Governo Português” (DAVA, F. ANTONIO, A. at all.
2011: 96)

O Governo de transição ora empossado, permaneceu no poder até 25 de Junho de 1975,


data que ficou marcada pela implantação da primeira República popular de Moçambique,
estabelecida a primeira constituição da República Popular de Moçambique e Samora
Moisés Machel como primeiro presidente da República Popular de Moçambique.
Conscidentemente, nesta data, em Moçambique proclamou-se solenemente a
independência total e completa de Moçambique através de um discurso dirigido a nação
moçambicana na voz do Presidente Samora Moisés Machel. Em 1990, introduziu o
Estado de Direito Democrático, alicerçando na separação e interdependencia dos poderes
e no pluralismo.

5.9.Actividade
1) Como relatam alguns precedentes históricos referentes a luta pela independência
do nosso país, a figura do Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, desempenhou papel
fundamental na consolidação da unidade nacional num contexto de antagonismos étnicos
e tribais. Estabeleceu mecanismos como forma de condição favorável para a união dos
três movimentos nacionalistas de pressupostos divergentes.
a) Dá comentário descrevendo os movimentos que se uniram para formar o
movimento único, que libertou Moçambique do colonialismo português.

40
b) Que nome se deu a este movimento resultante da unificação?
c) Porque diz que Dr. Mondlane é o arquitecto da Unidade Nacional?
d) Em que país amigo de Moçambique se deu esse facto histórico importante para os
Moçambicanos?

2) A luta Armada com vista à canquista da independência de Moçambique durou 10


anos. Torna-se imperioso subdividi-lá em quatro grandes fases que marcaram
fundamentalmente a trajectória desta nobre missão, envolvendo directamente filhos desta
terra sob auxílio militar, estratégico e ideológico dos países amigos e vizinhos,tais como:
Tanzani, Malawi, Zambia, Argélia, China, Rússia Checoslováquia entre outros.

a) Explique em que consistiu a segunda fase, que é compreendida entre 1962 a 1964;

b) Aponte no seu depoimento o país amigo onde decorreu cada facto que compoem a
fase;

c) Situe os acontecimentos no tempo dando as suas respectivas datas.

5.10.Autoavaliação (Questionário)
1- Na sociedade geralmente encontram-se grupos de indivíduos vivendo no mesmo
território promovendo acções tendentes a princípios colectivos e uma vontade
manifestada em torno da promoção e coesão da unidade nacional o que de certo modo
mostra a concepção de Nação.

a) O que entendes por nação?


b) Identifique os factores que influenciaram para o surgimento do nacionalismo
moçambicano?
c) Mencione três líderes nacionalistas moçambicanos que conheces?
d) Quais são os movimentos nacionalistas moçambicanos, que se uniram para formar a
Frente de Libertação de Moçambique?

41
5.11.Respostas
1-a) Nação é uma reunião e pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, falando o
mesmo idioma e tendo os mesmos costumes, formando assim, um povo, cujos elementos
componentes trazem consigo as mesmas características étnicas e se mantém unidos pelos
hábitos, tradições, religião língua e consciência nacional.

b) A emergência do nacionalismo moçambicano resultou dos factores internos e externos.


No quadro interno, a administração colonial e todo seu aparato de exploração,
discriminação e de repreensão conduziram ao surgimento de um sentimento de revolta,
inicialmente manifesto por via de imprensa e das artes e, posteriormente pela criação de
associações e movimentos independentistas. No contexto externo foi marcado pela
eclosão e participação de alguns africanos na II Guerra Mundial, assim como pelas
resoluções das nações Unidas, conjugadas as declarações da União Soviética e dos
Estados Unidos de América sobre o direito à autodeterminação dos povos.

c) Os líderes nacionalistas que eu conheço são: Samora Machel, Eduardo Mondlane e


Paulo Samuel Kankhomba.

NB: aceitar outros desde que sejam certos.

d) Os movimentos nacionalistas, que se uniram para formar a Frente de Libertação de


Moçambique são: MANU, UDENAMO e UNAMI.

42
Unidade Temática VI - Noção de Defesa da Pátria, Conservação e Consolidação da
Democracia

6.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade


UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA
TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA
O formando deve: O formando
 Explicar a noçã da  Conceito da defesa da o Interpre
VI. Noção de independencia independência ta os conceitos de
Defesa da Pátria, Nacional; Nacionais; defesa da
conservação e  Explicar a  Processo de independência 4
Consolidação da necessidade da conservação e Nacional;
Democracia Defesa da consolidação da o Explica
independência democracia os princípios da
Nacional e da pátria;  Conceito sobre o conservação e
 Estabelecer o serviço militar consolidação da
mecanismo de democracia;
conservação e o Define
consolidação da o serviço militar
Democracia

6.2.Sugestões Metodológicas
 Convidar um representante do centro de recrutamento militar afim de dar uma
palestra para explicar a inportância da defesa da pátria;

 A escola deve possuir a lei do serviço militar obrigatório, assim como outras leis
para a consulta e faciltar o trabalho dos estudantes;

 Convidar um político para dar uma palestra com o tema democracia e a sua
conservação e consolidação.

6.3.Noção de Defesa da Pátria, conservação e Consolidação da Democracia


O indivíduo como um ser pensante, enquadra-se dinamicamente na sociedade onde se
encontra inserido, particularmente em zona de sua origem ou mesmo no seu território.
promovendo acções tendentes a princípios colectivos e uma vontade manifestada em
torno da promoção e coesão da unidade do grupo e em fim nacional o que de certo modo
mostra a concepção de Nação. Outrossim, tal como os cidadãos de ponto de vista
colectivo, as ordens ou instituições políticas num determinado território, devem
desempenhar papel fundamental na preservação da pátria e estabilidade democrática.

43
Portanto, de acordo com a constituição da República de Moçambique, no seu artigo 75,
pt. 2, d), estabelece que, os partidos políticos devem empenhar-se em:

“reforçar o espírito patriótico dos cidadãos e a consolidação da nação moçambicana”.

Na lei n˚ 32/2009, 25 de Novembro, no artigo n˚ 1, ponto 1 descreve o conceito e


objectivos do serviço militar nos seguintes modos:

A participação na defesa da Independência Nacional, soberania e integridade territorial é


um dever sagrado e uma honra para todos os cidadãos moçambicanos. No seu ponto dois
(2), do mesmo artigo explica que, o serviço militar é o contributo prestado por cada
cidadão, no âmbito militar para a defesa da pátria. Assim. O servço militar, para além de
constituir um instrumento de promoção da unidade nacional e de desenvolvimento da
consciência patriótica, deve ainda servir para a valorização cívica, cultural, física e
proficional dos cidadãos que o cuprem.

“Todos os cidadãos moçambicanos dos 18 aos 35 anos de idade, estão sujeitos ao dever
ou a obrigatoriedade de prestação de serviço militar e ao cumprimento das obrigações
militares dele decorrentes.”

Portanto, este infalivelmente deve potenciar-se de bases fundamentais para protecção dos
elementos de benefícios comuns perigados pelos interesses externos, desta feita, pautando
pela instrução, formação e conhecimentos básicos sobre os mecanismos de defesa aos
recursos nacionais e o seu controlo prevalecente.

Ainda, de acordo com a constituição da Republica de Moçambique, no seu artigo 267


(Defesa da pátria, serviço militar e serviço cívico) estabelece um pensamento sustentando
que:

“1- A participação na defesa da independência nacional, soberania e integridade


territorial são dever sagrado e honra para todos os cidadãos moçambicanos;

2- O serviço militar é prestado nos termos da lei, em unidades das forças armadas de
defesa de Moçambique:

3- A Lei estabelece um serviço cívico em substituição ou complemento do serviço militar


para todos os cidadãos não sujeitos a deveres militares;”

44
6.4.Democracia
Etimologicamente, o termo “democracia” vem do Grego: Democracy, que significa
governo do povo.

A democracia manifesta-se pela vontade colectiva nas tomadas de decisão, através da


iniciativa de participação política múltipla (pluripartidarismo), o direito do cidadão ao
voto livre e secreto (sufrágio universal), a livre iniciativa económica (o Estado não detêm
o controlo da economia privada) e acima de tudo, a liberdade individual. Em muitos
países, a existência de vários partidos políticos tem sido interpretado como existência da
democracia, não é apenas desta forma que se deve perceber este paradigma, mas sim,
pelas acções destes, que se devem reverter em acções concretas e encaixada no contexto
real. De acordo com a CRM, no seu artigo 74 pt.1, reza:

”Os partidos expressam o pluralismo político, concorre para afirmação e manifestação


da vontade popular e são instrumento fundamental para a participação democrática dos
cidadãos na governação do país.”

A democracia como legado colectivo, deve merecer a sua protecção e bem percebida no
seu sentido abrangente e em contrapartida, respeitando as suas particularidades de acordo
com cada território especificamente. Para que as noções de defesa da pátria e a
consolidação da democracia sejam efectivamente visível e contínua, e necessário que se
respeitem os princípios ou pressupostos básicos referentes a coesão dos direitos
fundamentais do cidadão e do homem.

A fase da democracia em Moçambique, compreendeu duas distintas etapas, do


monopartidarismo, que vai até ao período pós guerra civil que terminou com os Acordos
Gerais da Paz em Roma, no dia 4 de Outubro de 1992 e do multipartidarismo que teve o
seu início a partir das primeiras eleições multipartidárias de 1994.

45
6.5.Actividade
O indivíduo como um ser pensante, enquadra-se dinamicamente na sociedade onde se
encontra inserido, particularmente em zona de sua origem ou mesmo no seu território.
promovendo acções tendentes a princípios colectivos e uma vontade manifestada em
torno da promoção e coesão da unidade nacional o que de certo modo mostra a
concepção de Nação. Outrossim, tal como os cidadãos de ponto de vista colectivo, as
ordens ou instituições políticas num determinado território, devem desempenhar
papel fundamental na preservação da pátria e estabilidade democrática.

a) Faz uma composição falando dos benefícios que a independência de Moçambique


significa para os Moçambicanos.

b) Deestaca a necessidade de sempre estar preparados para a defesa da pátria;

c) Faz a lista de partidos políticos existentes no seu país;

d) Caracteriza cada um dos partidos segundo o seu empenho político.

6.6. Autoavaliação (Questionário)


A democracia manifesta-se pela vontade colectiva nas tomadas de decisão, através da
iniciativa de participação política múltipla (pluripartidarismo), o direito do cidadão ao
voto livre e secreto (sufrágio universal), a livre iniciativa económica (o Estado não detêm
o controlo da economia privada) e acima de tudo, a liberdade individual.

Em muitos países, a existência de vários partidos políticos tem sido interpretado como
existência da democracia, não é apenas desta forma que se deve perceber este paradigma,

46
mas sim, pelas acções destes, que se devem reverter em acções concretas e encaixada no
contexto real.

a) Indica o artigo da constituição da República que defende os principios


democraticos.

b) Que ano e data foram assinados os acordos de Roma?

c) Faz uma composicão, depois simula uma palestra ou um debate na sua turma
falando dos benefícios que a paz trouse em Moçambique e para o povo
Moçambicano.

6.7.Respostas
a)R. O artigo 75 da (CRM) ponto 1 reza que os partidos expressam o
pluralismo político, concorre para afirmação e manifestação da vontade popular e
são instrumento fundamental para a participação democrática dos cidadãos na
governação do país.
b) R. Os Acordos Gerais da Paz em Roma, foram assinados no dia 4 de Outubro
de 1992.

47
Unidade Temática VII - Heróis Nacionais

7.1.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade


UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA
TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA
O formando deve: O formando
 Definir  Conceito Heróis  Interpreta os critérios
Heróis Nacionais. Nacionais; de selecção dos Heróis
 Explicar a  Critérios de Nacionais;
VII Heróis vida e obra dos Heróis selecção de Heróis  Explica a vida e obra 4
Nacionais Nacionais; nacionais; dos Heróis Nacionais;
 Identificar os  Vida e Obras dos  Identifica locais
locais históricos; Heróis de resistência a históricos.
ocupação colonial;
 Vida e Obras dos
Heróis da luta de Libertação
Nacional;
 Locais Históricos;

7.2.Sugestões Metodológicas
 Visitar a Praça dos Heróis moçambicanos;
 Deslocar-se para alguns cemitérios onde jazem os corpos de alguns Heróis ou
combatentes para a limpeza e homenagem. Não podem faltar um minuto de
silêncio;
 Ler as obras existentes que descrevem a vida e obra de diferentes heróis
moçambicanos e de outros países.

7.3.Heróis Nacionais
Designam-se Heróis Nacionais aos cidadãos nacionais que se destacaram em vida à causa
nacional ou em prol dos interesses da maioria e que geralmente, respeitando os seus
feitos históricos significativos, são imortalizados através da construção de monumentos
em sua homenagem, atribuição do seu nome em instituições do âmbito social, os seus
protagonismos históricos são documentados e registados em obras literárias para o estudo
e compreensão académica aos diversos níveis de aprendizagem.
“A inspiração heróica surge muitas vezes a partir da problemática imposta por um
ambiente ou situação adversa, cuja solução exija um feito grandioso ou um esforço
extraordinário.” (WIKIPÉDIA. Acessado: 31/12/ 2011)

48
Portanto, o heroísmo, tem que ser compreendido como forma transcendente de realizar os
factos e que estejam a um nível abrangente conforme interesses e benefícios colectivos, e
não se pode privilegiar interesses particulares. Todavia, a heroicidade é compreendida
quando cidadãos em tempos excepcionais (de agitação social prolongada, de guerra, entre
outros) pautam pela dedicação e entrega total ao serviço do povo, postura exemplar e
corajosa na defesa da pátria, em luta pela independência como um bem comum e garantia
continua da consolidação da paz, democracia e o bem-estar social, uma vez que, estes
elementos constituem pressupostos de benefícios colectivos.

7.4.Critérios de Selecção dos Heróis Nacionais


Na selecção dos heróis nacionais, é imperioso observar as qualificações potencialmente
exigidas de acordo com o nível de compreensão dos feitos abrangentemente destacados e
aceites socialmente. No entanto, é sempre necessário ter em conta o nível de entrega,
dedicação e destaque das figuras integrantes à causas de relevo nacional observando o
tempo e a situação em eminência.
“O herói será tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas-liberdade, fraternidade,
sacrifício, coragem, justiça, moral, paz.” (idem)
A figura do herói deve testemunhar uma aceitação social sob ponto de vista das suas
realizações e que estejam carismadas sob pretexto de apreciação colectiva e uso comum
dos resultados da sua dedicação e entrega.

7.5.VIDA E OBRA DOS HERÓIS AS LUTAS DE RESISTÊNCIA COLONIAL


A sociedade de heróis existe por um legado histórico e os heróis estão sempre presentes
para protagonizar acontecimentos com precedentes tristes e amargos como forma de
perspectivar o bem-estar da maioria quando a mesma encontra-se em causa, perigada por
interesses alheios a vontade real de convivência e relacionamento local. Neste contexto,
numa pátria de heróis, como Moçambique, várias figuras destacaram em prol de bem-
estar dos vários grupos étnicos existentes assim como, de todo povo no geral. No
contexto das lutas a resistências contra o regime colonial em Moçambique puderam-se
destacar algumas figuras tais como:

49
 Na região centro, evidenciou-se Changamire Dombo da dinastia dos
Muenemutapas, nascido ao longo do século XVII e reinou entre 1693 a 1698,
tendo confrontado duramente e derrotado os portugueses em 1693, que tinham
dominado o império de Muenemutapa desde 1629, explorando a população e
saqueando recursos de extrema importância para a economia europeia. No intuito
de proteger os recursos mineiros (ouro e o ferro) bastante procurados pelos
portugueses, Changamire Dombo manifestou-se corajoso no levante armado
contra a presença colonial.

Ainda na região centro de Moçambique, em prol da defesa da soberania,


afirmaram-se incontornáveis figuras de resistência contestando os abusos e os
desrespeitos sobre a população nativa protagonizados pelos colonizadores
portugueses.

“Todos somos explorados e humilhados e, portanto, temos que repelir os


portugueses e os seus cúmplices” (PELISSIER, R., Op. Cit:349)

Neste contexto, sob auto-afirmação dos Makombes, os portugueses em batalhas


decisivas, foram severamente torturados. Os Makombes chefiados por
Mwanambwa-a-Kuuwa (significa Cão que ladra) tinham uma estrutura militar
muito forte, possuíam espingardas e flechas, o seu efectivo era bastante numeroso
que desestruturava os planos militares dos Portugueses. Portanto, as estratégias e
condições militares desenhadas pelos Makombes, permitiram de forma eficaz a
materialização dos pressupostos inequívocos da defesa do território e promoção
da resistência nacionalista ao exemplo da fúria manifestada por Makombe Hanga,
as confrontações na batalha de Mafunda e as inovações estratégicas de Makombe
Nongwe-Nongwe na revolta de Báruè em 1917.

“Uma das inovações Makombe Nongwe – Nongwe terá sido o seu sentido
resistente nacionalista, mais moderno nos Objectivos que os seus predecessores,
procurando unir todas as fracções anti-portuguesas que, ao invés de se
concentrar contra o inimigo comum, rivalizavam entre elas.” (ROSÁRIO.
1996:62)

50
 No norte de Moçambique, dentre os vários Matakas, o mais destacado na luta de
resistência anticolonial, foram o III Mataka-Ce Bonomadi, nascido ao longo Séc.
XIX, tendo reinado na Dinastia Mataka entre os finais do séc. XIX aos princípios do
séc. XX. Alguns pensadores da historia de Moçambique afirmam que:

“…Após a realização das cerimónias fúnebres, foi então empossado, no mesmo ano
(1885), Mataka III (Ce-Bonomadi). (…) a morte de Mataka III, vitima de doença, em
Maio de 1903 na região Diigogo”. (OMAR. L. & ANTONIO. A. 2004: 51 – 73)

Nesta perspectiva, OMAR e ANTONIO, testemunham em sua obra, que o reinado do


Mataka III teria durado entre 1885 a 1903, data da sua morte. Mataka III, chefe que
resistiu com coragem e bravura contra a campanha de ocupação militar portuguesa no
seu império.

Por volta de 1890, com a chegada à capital do império (Muembe), duma expedição
militar portuguesa chefiada por tenente Valadim, orientou o içar da bandeira
portuguesa sem o consentimento do imperador, que o deixaria transtornado por sentir
uma autêntica provocação, tendo respondido por combates sobre os montes Namisuvi
em Chiconono. Por outro lado, em percurso dos combates contínuos, o tenente
Valadim foi abatido e devorada a cabeça, depois de a polvilhar com piripiri,
declarando que se tratava de peixe. Doravante, o crânio do tenente passou a ser usado
para as libações.

 Na região sul, Ngungunhane, o último monarca da dinastia Jamine, nascido por volta
da segunda metade da década de 1840/50, chefiou o Estado de Gaza entre 1884 à 28
Dezembro 1895, data da sua deportação. Durante o seu reinado, casou-se com 7
mulheres que permaneceram juntos até a data da sua morte (1912) na Ilha de Açores
em Portugal.

Em percurso do seu reinado, destacou-se resistente a invasão colonial Portuguesa, tendo


travado batalhas que demonstravam a coragem brava, o espírito de defesa da soberania do
Estado e do território, apesar da superioridade militar dos Portugueses sob a potência das
suas armas.

51
Não apenas o Ngungunhane como chefe máximo destacou-se na região sul de
Moçambique, mas também, afirmaram-se outros chefes como Matibjuana e Mahazule,
entre outros, que, com alto sentido de patriotismo procuraram resistir aos ataques e o
domínio colonial.

“…em Agosto de 1894, logo depois dos primeiros sinais de revolta perto de Lourenço
Marques, Nwamantibyana Mpfumu e Mahazule Mabyaya como súbditos seus
Ngungunyane agia como rei soberano” (LIESEGANG. 1996: 55)

Usando da vingança motivada pelos maus tratos às populações, os chefes locais reuniram
um número considerável de guerreiros, marcharam, cercaram e atacaram Lourenço
Marques, colocando em apuros os Portugueses que se encontravam na cidade,
demonstrando desta forma, o nível de vontade à protecção do território.

“Depois deste longo cerco, a 14 de Outubro de 1894, as mangas de Matibejana,


Mahazul e do chefe Angundjuane de Moamba marcharam contra a cidade de Lourenço
Marques, a qual já se encontrava fortificada por três linhas sucessivas trincheiras.
Tendo as forças ronga conseguido ultrapassar as linhas fortificadas, os portugueses
viram-se obrigados a refugiar-se na fortaleza. A cidade foi saqueada e a fortaleza
cercada, sendo a sua queda impedida pelo bombardeamento feita [sic. feito] pelos navios
de guerra surtos no porto, que obrigaram ao levantamento do cerco e à retirada dos
sitiantes para Marracuene.” (WIKIPÉDIA. Acessado: 01/01/2012)

7.6. Vida e Obra dos Heróis de Luta de Libertação Nacional


Em vésperas e ao longo da Luta de Libertação nacional vários compatriotas mostraram-se
voluntariamente interessados a participar no dever nobre de elevação a auto-estima e
conquista da legitimidade da cidadania moçambicana. Considerável número de
moçambicanos juntaram-se na actual República Unida da Tanzânia para esboçar
mecanismos eficientes de conquista da soberania moçambicana. Apesar das
particularidades sob ponto de vista da data de nascimento e zonas de origem que
caracterizava cada um dos patriotas.

Os objectivos preconizados eram fundamentalmente comuns e mereciam a coesão


ideológica do ponto de vista concreto, baseando-se na compreensão da razão à
independência e no princípio da liberdade fundamental do homem e do cidadão na

52
perspectiva das declarações globais defendidas pelas Nações Unidas com vista as
independências dos povos colonizados.

Alguns instrumentos literários históricos testemunham que ao exemplo de vários outros


nacionalistas moçambicanos, Paulo Samuel Kamkhonba, nascido em Chilola, Posto
Administrativo de Khóbwè, Distrito do Lago, Província do Niassa, filho de Pedro
Kamkhonba e de Liliane Manyamba, herói abnegado e incontestável empenhado
exemplarmente na luta pela instauração da soberania moçambicana e da independência
nacional, notabilizou-se pela total dedicação ao serviço do povo desempenhando funções
de comissário político, chefe de operações provincial em Cabo Delgado e chefe nacional
adjunto de operações durante o processo de luta de libertação nacional.

Empenhou-se de forma destacada na mobilização da mulher no processo, destacando com


maior ênfase o espírito de unidade nacional e o seu impacto na materialização dos
objectivos colectivos esperados por todos moçambicanos. Ele morre aos, 22 de
Dezembro de 1969 em Mkunya-Tanzânia, próximo da fronteira de Moçambique vindo de
Nachingueia, por agentes sob as ordens de Lazaro Nkavandame. Até a data da sua morte,
encontrava-se em missão de serviço e empenhado na causa colectiva, assim como, em
sua obrigação patriótica.

7.7. Locais Históricos


São geralmente definidos como espaços de interesse ou importância histórica, lugares
onde de maneira marcante, ocorreram acontecimentos com precedentes fortes, deixando
legado históricos às novas gerações. Também, podem ser compreendidos como lugares
onde são conservados instrumentos como resultados das experiencias passadas, ou
mecanismos que testemunham os acontecimentos e identidades históricas produzidas por
gerações passadas. Os locais históricos podem variar de acordo com o tempo e os
diferentes contextos históricos, a destacar: no contexto da história da Era Primitiva, no
período pré ou em vésperas da colonização, colonial e pois colonial.

 No contexto da história da Era primitiva: destacam - se a cerra de Maúa, monte


Namuli, Ribáuè, Ngaúma, entre outros. Nestes locais, encontram-se as gravuras e
pinturas rupestres que caracterizaram o modo de vida das comunidades de

53
caçadores e recolectores em Moçambique, tornando-se deste modo, um legado
histórico de estrema importância Cultural;
 No contexto do período pré ou em vésperas da colonização: em função deste
contexto, podem-se destacar alguns locais de importância histórica como:
Santuários, Feitorias, Fortalezas, vias de acesso e Rampas de escravos (Mossuril)
utilizadas para selecção e o escoamento de Produtos e escravos;
 No contexto da história colonial e da Luta de Libertação Nacional: destacam-
se os quartéis militares, igrejas e missões católicas, Mueda e Wiriam no âmbito
dos massacres decorridos nestes locais, bases militares da LALNM, Matchedje
(onde decorreu o II congresso da FRELIMO), Chai (onde decorreu um dos
primeiros combates da LALNM) e Utumwuile-Município de Lichinga no Niassa
(onde eram assassinados todos aqueles que se identificavam pela FRELIMO
quando capturados pela PIDE ou tropas coloniais);
 No contexto da História Pós Colonial: encontram-se alguns locais como:
Museus, Praças, e a título de exemplo, Monumento localizado em Nsawize no
Niassa, Monumento de Nuadjahane em Gaza e entre outros, visando homenagear
a todos intervenientes da nobre missão na afirmação da Moçambicanidade.

7.8. Actividade
Designam-se Heróis Nacionais aos cidadãos nacionais que se destacaram em vida à causa
nacional ou em prol dos interesses da maioria e que geralmente, respeitando os seus
feitos históricos significativos, são imortalizados através da construção de monumentos
em sua homenagem, atribuição do seu nome em instituições do âmbito social, os seus
protagonismos históricos são documentados e registados em obras literárias para o estudo
e compreensão académica aos diversos níveis de aprendizagem.
a) Faz o resumo da biografia de um herói à sua escolha
b) Prepara uma apresentação do texto na turma onde pertence, dramatiza as etapas
da sua apresentação.

54
7.9. Autoavaliação (Questionário)
1. Ao longo das várias resistências e levantes armados em prol da conquista pela
soberania nacional, várias figuras destacaram-se de forma engajada e autoderminada,
demonstrando alto sentido de amor e solidariedade com a sua pátria.
a) Identifique 5 heróis destacados ao longo das lutas de resistência contra a colonial
em Moçambique.
b) O que entendes por um herói Nacional?
c) Mencione 4 locais históricos do seu País.

7.10. Respostas
1. a) Os heróis destacados ao longo das lutas de resistência em Moçambique são:
 Ngungunhene Nqumayo:
 Maguiguana Khossa;
 Mataka Ce Bonamadi
 Changamire Dombo;
 Makombe Nongue-Nongue.
NB: estes e outros desde que certos.
c) Herói nacional são cidadãos nacionais que se destacaram em vida à causa
nacional ou em prol dos interesses da maioria e que geralmente, respeitando os
seus feitos históricos significativos, são imortalizados através da construção de
monumentos em sua homenagem, atribuição do seu nome em instituições do
âmbito social, os seus protagonismos históricos são documentados e registados
em obras literárias para o estudo e compreensão académica aos diversos níveis de
aprendizagem.
c) Os quatro locais Históricos do meu País são:

55
 Matchedje (II congresso);
 Manica (Monte cabeça do Velho);
 Chilembene e Nwadjahane em Gaza;
 Ilha de Moçambique.

NB: aceitar outras respostas desde que certas.

56
Unidade Temática VIII - Datas Históricas e seus Significados

8.1.Visão Geral dos Conteúdos da uniddade


UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA
TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA
O formando deve: O formando
 Mencionar  Datas  Explica os
IX. Datas todas as datas Históricas e seus acontecimentos de
Históricas e históricas; significados cada data histórica;
seus  Explicar o facto -Dias históricos  Situa no espaço; 4
significados que ocorreu em cada -Facto ocorrido  Identifica os
data; protagonistas do
 Situar no acontecimento
espaço o
acontecimento;
 Identificar os
protagonistas deste
acontecimento.
8.2.Sugestões Metodológicas
 Participar nas cerimónias dos dias históricos de Moçambique;
 Sejam os formandos a organizar as actividades a decorrerem no IFPs quanto aos
dias comemorativos;
 Em algumas ocasiões devem ser os formandos a escrever o discurso a ser lido na
ocasião, isso sob orientação de um formador experiente.

8.3.Descrição das Datas Históricas e Feriados em Moçambique


 2 de Fevereiro: data marcada pela batalha de Marracuene (Guadza Munthini),
ocorrida em 1895, onde envolveu os guerreiros Tsongas e as forças militares
portuguesas;
 7 de Setembro de 1895: deu-se a batalha de Magul, um confronto que envolveu a
coluna comandada por Alfredo Augusto Freire de Andrade e as tropas de
Matibjane e de Mahazul na planície de Magul;

57
 7 de Novembro de 1895: travou-se a batalha de Coolela envolvendo as forças
coloniais Portuguesas e os guerreiros comandados pelo Imperador Ngungunhane
em Coolela, no distrito de Manjacaze, província de Gaza;
 28 de Dezembro de 1895: ocorreu a captura de Ngungunhane e posterior derrota
do Estado de Gaza resultando na sua deportação para ilha de Açores em Portugal
no ano seguinte;
 3 de Fevereiro: marcou-se pela morte de Eduardo Chivambo Mondlane em 1969
(Tanzânia). Também designada por dia dos heróis Moçambicanos da Luta
Armada de Libertação de Moçambique;
 7 de Abril de 1971: dia da morte de Josina Machel (Tanzânia). Também
consagrado o dia da Mulher Moçambicana;
 16 de Junho de 1960: ocorreu o massacre de Mueda em Cabo Delgado, num
cenário de reivindicação exigindo de forma pacífica a sua independência. Por
outro lado, é denominado dia do metical, por ser a data da criação do metical,
moeda que até hoje encontra – se em uso em Moçambique;
 25 de Junho: dia da fundação da FRELIMO em 1962 (movimento que se dedicou
na Luta pela independência de Moçambique). Simultaneamente, é valorizada por
ser a data da proclamação da independência nacional em 1975;
 7 de Setembro: consagrado o dia da vitória por ter influenciado significativamente
no cessar-fogo e a vitória dos moçambicanos com a assinatura dos acordos de
Lusaka – Zâmbia em 1974 entre a FRELIMO e os representantes do Governo
Colonial Português, o que viria a culminar com a proclamação da independência
de Moçambique e dos moçambicanos em 1975;
 25 de Setembro: conhecido por dia das forças armadas de Moçambique. Data
marcada pelo início do levante armado contra o processo de colonização em
Moçambique em 1964;
 4 de Outubro: consagrado dia da Paz em Moçambique, data da assinatura dos
acordos de paz em Roma entre o Governo de Moçambique e a RENAMO em
1992. Este acto, testemunhava o cessar-fogo do confronto nopela RENAMO;

58
 19 de Outubro: marcou-se pela tragédia de Mbuzini (no território sul africano),
vitimando o primeiro presidente de Moçambique independente Samora Moisés
Machel e outros seus acompanhantes em 1986.

8.4.Actividade
7 de Setembro: consagrado o dia da vitória por ter influenciado significativamente no
cessar-fogo e a vitória dos moçambicanos com a assinatura dos acordos de Lusaka-
Zâmbia em 1974 entre a FRELIMO e os representantes do Governo Colonial Português,
o que viria a culminar com a proclamação da independência de Moçambique e dos
moçambicanos em 1975.

a) Estimado estudante, com auxílio do professor da língua portuguesa, elabore um


discurso que seu director vai ler na praça dos Heróis, no dia Seteb de Setembro.

b) No seu documento não esqueça se referir da importancia do dia, vantagens da


independencia, situa no contexto actual quanto aos passos do desenvolvimento
económico e cultural do país, o empenho do governo nas acções contra diversas
doenças, o combate contra apobreza, os desafios do governo e da juventude no
cambate a pobreza, a participção do genero no desenvolvimento do país o
combaate acorrupção.

8.5.Autoavaliação (Questionário)
1. Os acontecimentos factuais que marcaram as várias fases das afirmações patrióticas e
nacionalistas em Moçambique caracterizaram-se pela sua efectiva localização temporal e
espacial, deixando timbrado marcos significativos.
a) Localize no tempo as batalhas de Marracuene e de Coolela.

59
b) Que acontecimento histórico marcou o dia 28 de Dezembro de 1895 no Estado
de Gaza?
c) Que significado histórico simboliza o 7 de Abril de 1971?

8.6.Respostas
1. a) A batalha de Marracuene ocorreu 2 de Fevereiro (Guadza Munthini), ocorrida em
1895, onde envolveu os guerreiros Tsongas e as forças militares portuguesas, a batalha de
Coolela travou-se aos, 7 de Novembro de 1895, envolvendo as forças coloniais
Portuguesas e os guerreiros comandados pelo Imperador Ngungunhane em Coolela, no
distrito de Manjacaze, província de Gaza.

b) Dia 28 de Dezembro de 1895, ocorreu a captura de Ngungunhane e posterior derrota


do Estado de Gaza.

c) 7 de Abril de 1971: dia da morte de Josina Machel (Tanzânia). Também consagrado o


dia da Mulher Moçambicana.

60
Unidade Temática IX- O Papel da Cultura na Promoção do Patriotismo e da
Identidade Moçambicana

91.Visão Geral dos Conteúdos da Unidade

UNIDADE OBJECTIVOS CONTEÚDO COMPETÊNCIAS CARGA


TEMÁTICA ESPECIFICOS BÁSICAS HORÁRIA

O formando deve: O formando

 Definir cultura  Noção de cultura;  Identifica os aspectos


moçambicana;  Ritos de iniciação; positivos e negativos
 Identificar os aspectos  Línguas nacionais; dos ritos de iniciação;
X- O Papel da positivos e negativos dos  Religião;  Menciona as religiões
Cultura na ritos de iniciação;  Contos tradicionais; e línguas
promoção do  Mencionar as diferentes  Danças e cânticos moçambicanas;
patriotismo e da religiões e línguas tradicionais;  Pratica as diferentes
Identidade moçambicanas; danças moçambicanas;
Moçambicana  Praticar as diferentes
danças moçambicanas; 4

9.2.Sugestões Metodológicas
 Os formandos devem dominar as línguas locais para se comunicarem melhor com
a comunidade onde estiverem a trabalhar;
 Os formandos devem praticar a dança e canto tradicional, poesias como forma de
assimilar aos hábitos locais;
 Os formandos devem estar ao par sobre os ritos tradicionais de local onde se
encontra de modo a fazer o estudo e distinguir quais são os aspectos negativos e
positivos dentro disso para depois aconselhar aos membros da população o que
fazer depois.

9.3.A Cultura e a sua Influência na Coesão do Patriotismo e na Unidade Nacional


Compreende-se a cultura como um instrumento social de identidade dos povos ou
civilizações manifestado pela valorização das suas acções, hábitos e costumes, crenças,
modos vivendes peculiares de uma sociedade mono e multiétnica, podendo-se transmitir

61
de geração para geração. No entanto, HOLTON (1998:162) avança mais debruçando-se
em torno deste paradigma social.

“ Tanto a ideias como a práticas que tem em comum a função de oferecer sentido e
identidade a actores sociais e que combinam elementos cognitivos, expressivos e
avaliativos”.

A cultura pela sua abrangência, manifesta-se de diferentes maneiras tendo em conta as


suas especificidades. Portanto, cada época histórica, cada formação socioeconómica, tem
a sua cultura própria; quer se trate de trabalho da vida quotidiana, das artes, etc.

Ela age de acordo com nível historicamente determinado do desenvolvimento da


sociedade, das forças e das faculdades criadoras do homem, que exprime os modos de
organização da sua vida e das suas actividades, assim como os valores materiais e
espirituais por eles criados.

A cultura desempenha papel preponderante na promoção do patriotismo e de qualquer


outra identidade nacional. Porém, ela manifesta-se como veículo mobilizador na selecção
de várias formas de procedimentos, sendo ou vistos de ponto de vista aplicáveis ou
inaplicáveis socialmente. A cultura estabelece em si, a capacidade de regular o nível de
acção ou reacção diante de determinadas situações. Por outro lado, usando do seu poder
timbrado na identificação dos povos, a cultura suscita o princípio para o auto-afirmação
dos povos. Portanto, algumas formas de manifestação cultural proporcionam
simbolicamente a vontade dos actores sociais consubstanciarem a coesão da unidade
étnica observando a necessidade e o objectivo do seu enquadramento dentro da
conjuntura cultural nacional.

No entanto, em perspectiva da análise cultural, MAZRUI (1980:46), dentre os vários


postulados, evidência de forma panorâmica um elemento fulcral na relação entre a cultura
e as acções para a auto afirmação individual.

“Cultura condiciona a motivação dos indivíduos. O que motiva aos indivíduos a agir ou
a refrear sua acção, e o que inspira os indivíduos a agir (bem) ou a ultrapassar a si
próprios, e é parcialmente inspirado por factores Culturais”.

62
Em Moçambique, um país multiétnico e pluricultural, a cultura fundamenta-se de acordo
com a singularidade que caracteriza cada grupo social étnico observando profundamente
para os pressupostos internos com vista a fazer-se sentir e representar como um elemento
cultural integrante na conjuntura nacional do ponto de vista generalizado. Portanto, ao
longo da resistência em defesa do território moçambicano e da revolução moçambicana
em prol da independência nacional, o sentido de auto-estima e auto-afirmação do povo
moçambicano fez-se sentir impulsivamente por razão da valorização dos elementos
culturais (línguas, danças e cânticos, usados em processo de mobilização e educação dos
grupos sociais internos), valores que, outrora teriam sido tristemente ignorados pelos
colonizadores.

Tanto como outros valores culturais manifestos em Moçambique, os ritos de iniciação


como pressuposto cultural, fundamentam a sua importância no processo educativo
tradicional, consequentemente para a preparação do indivíduo para vida,
inequivocamente propondo as suas estratégias de motivação e mobilização para a
concepção do patriotismo, o respeito, amor e auto-estima sob perspectiva social.

“Nos ritos de iniciação fazem passar os rapazes por algumas provas e sacrifícios para
ensaiar e lhes ensinar que devem ter coragem em muitas situações da vida. Os homens
devem até estar preparados para defender com coragem a família aldeia e a tribo em
momentos de perigos”. (AMIDE. 2008: 79)

Fundamentalmente, este paradigma social estrutura um pensamento de ensinamento com


vista na busca de soluções criativas individuais, sensibilizando por meio de motividades
pelo sacrifício, humildade, tolerância consciente, consciência de trabalho, espírito de
solidariedade e noção de resistir a causas dos interesses da maioria.

“ (…) No mundo há tanta coisa que pode causar sofrimento: o trabalho, a doença, a
pobreza, as calamidades naturais, o ataque de animais ferozes aos aldeões assim como
as culturas e outras vicissitudes. Porém, nunca ninguém deve desistir de resistir, pois
tudo isso passa e quando suportado e superado, então, faz crescer a pessoa, torna-a
experiente e capaz de enfrentar próximas peripécias” (Ibid.)

As línguas nacionais, instrumentos de extrema importância na comunicação local,


exprimem a sua pertinente aplicabilidade no processo de mobilização e educação dos

63
indivíduos dos vários grupos étnicos existentes no nosso país. De tal modo que, pode – se
também traduzir como um elemento flexível para a actualização dos vários fenómenos
decorrentes.

Constituem mecanismos essencialmente indispensáveis na vida quotidiana dos vários


estratos sociais e através delas se podem enquadrar socialmente os indivíduos tendo em
conta a sua expressividade linguística peculiar. Em tempos conturbados como os casos
compreendidos ou relacionados com o período da luta de resistência assim como o
período da Luta Armada de Libertação Nacional (LALN) em Moçambique, as línguas
nacionais empreenderam papel importante na mobilização e orientação estratégica militar
com vista a surpreender o inimigo e posterior domina – lós. De igual modo as línguas
serviram na luta clandestina para fazer passar as mensagens secretas fazendo passar o
inimigo de despercebido.

Apesar de ser um pais plurilinguístico, a unidade Nacional na diversidade linguística tem


se mostrado evidente, pois a vontade de inserção inter - tribal, o espírito de solidariedade,
a hospitalidade interna, amor ao próximo que caracteriza a sociedade moçambicana
condiciona a homogeneidade das diferentes ordens étnicas do Pais. É importante frisar
que, o homem de natureza é um ser aprendente, pensante e ambientável, portanto, a sua
inserção na coesão do patriotismo e da unidade nacional num ambiente plurilinguístico
torna-se dependente da sua vontade e entrega abnegada à aprendizagem, condição si-nen-
quanoon para a sua efectivação.

Num outro postulado de referência a religião como instituição social espiritual,


proporciona por seu turno, um papel inquestionável no processo de sensibilização,
mobilização e profunda preparação do indivíduo a vida espiritual, pautando pelo
princípio de paz e tolerância, consciência plena da moral e humildade, amor e
solidariedade ao próximo. Outrossim, a religião alicerçando-se a educação moral e
espiritual condiciona oportunidades para a existência da unidade entre os povos ou entre
as comunidades. Nesta perspectiva, alguns analistas intervenientes em relação a este
paradigma fundamentam que a igreja Presbiteriana de Moçambique (IPM) ou Missão
Suíça como as outras igrejas protestantes:

64
“Deu aos moçambicanos a possibilidade de reflectirem criticamente sobre a sua cultura,
em particular, a língua, os sistemas de valores e tradições. Trabalhando, lado a lado,
com os seus colaboradores moçambicanos alguns dos quais foram assumindo cada vez
maiores responsabilidades dentro das estruturas da igreja, os pastores suíços
desenvolveram uma ortografia para as línguas moçambicanas. Graças a escrita, foi
possível assegurar-se a produção literária e bibliográfica quer pelos próprios pastores
quer pelas populações que estavam sendo evangelizadas, sobre aspectos do meio cultural
e social tipicamente africano” (GUEBUZA. A. E. apud MATUSSE & MALIQUE.
2007:16)

De tal forma como os outros aspectos culturais se mostram indispensáveis no processo da


materialização efectiva do Patriotismo em simbolizarão de devoção a pátria, os cânticos,
contos e as danças tradicionais estabelecem a indicação da sua presença necessária na
transmissão de valores do ponto de vista geral. Pois, estes mecanismos, através das suas
estratégias de exequibilidade, associadas aos objectivos e o nível da estruturação das
mensagens, proporcionam aprendizagens do ponto de vista social que de certo modo,
estimulam um pensamento assim como uma consciência colectiva.

“Promovendo uma associação das escrituras sagradas e a realidade política e social dos
evangelizados, usando parábolas e canções religiosas condimentadas com elementos
politizantes, a IPM foi incutindo a ideia de que como quaisquer outros cidadãos do
mundo, moçambicanos tinham o direito a sua independência, que a colonização não era
uma fatalidade e que eles não tinham nascido para serem colonizados eternamente”
(Ibid.)

Contudo, a cultura na sua abordagem sistemática e abrangente, apresenta sob elementos


culturais importantes que influenciam significativamente no processo educativo
tradicional e convencional das sociedades. Em Moçambique particularmente, a cultura é
vista de forma multifacetada devido a variedade étnica e linguística, assim como pela
maneira distinguida que caracterizam os hábitos e costumes das diferentes regiões
existentes. Portanto, ela em si precisa de ser compreendida pela forma como é concebida
de acordo com as práticas peculiares de cada grupo social e a partir dum princípio sólido,

65
estabelecer a sua relação na perspectiva comum, catapultando desta forma, a integridade
colectiva e a afirmação da moçambicanidade.

O respeito e a observáncia dos usos e costumes locais, também por sua vez contribuem na
solidificação da Unidade Nacional, por exemplo atraves dos casmentos inter-étnicos,
religião etc.

9.4.Actividade
Compreende-se a cultura como um instrumento social de identidade dos povos ou
civilizações manifestado pela valorização das suas acções, hábitos e costumes, crenças,
modos vivendes peculiares de uma sociedade mono e multiétnica, podendo-se transmitir
de geração para geração. No entanto, HOLTON (1998:162) avança mais debruçando-se
em torno deste paradigma social.

a) Sabendo que cada um de nós pertencemos a uma comunidade específica de onde


temos a nossa raiz cultural. Escreve um conto, uma anedota, uma poesia ou uma
canção tradicional que seja da sua inspiração. Crie as mínimas condição para uma
apresentação de sucesso podendo dramatizar, procure fazer a mácima publicidade
de forma a conquistar a presença de um público maravilhoso.

b) Caso não, procure se inspirar num artista de renome como: José Cravelinha,
Malangatana Nguenha, Marcelino dos Santos, Armando Emílio Guebuza (in
poesia de Combate), canções, de entre outras actividades, pintura e desenho para
uma exposição e mais.

9.5. Autoavaliação (Questionário)


1. A cultura desempenha papel preponderante na promoção do patriotismo e de qualquer
outra identidade nacional. Porém, ela manifesta-e como veículo mobilizador na

66
selecção de várias formas de procedimentos, sendo ou vistos de ponto de vista
aplicáveis ou inaplicáveis socialmente.
a) O que entendes por cultura?
b) Mencione algumas práticas que simbolizam a Cultura.
c) Qual é a importância do uso das línguas locais na coesão do patriotismo?

9.6.Respostas

1a) A cultura é um instrumento social de identidade dos povos ou civilizações


manifestado pela valorização das suas acções, hábitos e costumes, crenças, modos
vivendes peculiares de uma sociedade mono e multiétnica, podendo-se transmitir de
geração para geração.
1b) As práticas que simbolizam a cultura são:
 Os ritos de iniciação;
 Os cânticos tradicionais sob a expressão das línguas locais;
 As danças tradicionais;
 Práticas religiões ou espirituais.
1c) As línguas nacionais, instrumentos de extrema importância na comunicação local,
exprimem a sua pertinente aplicabilidade no processo de mobilização e educação dos
indivíduos dos vários grupos étnicos existentes no nosso país. De tal modo que, pode-
se também traduzir como um elemento flexível para a actualização dos vários
fenómenos decorrentes.

67
CONCLUSÃO

Em jeito de nota conclusiva, importa referir aqui, a educação patriótica é um ramo


didáctico bastante importante e sempre necessário para a estruturação duma sociedade,
harmonização dos povos ou nação e de vários outros grupos sociais mistos.

No contexto moçambicano, ela sempre destacou-se ao longo da história protagonizada


pelos heróis corajosos da luta de resistência contra a penetração colonial portuguesa em
Moçambique, assim como pelos precursores da Luta Armada de Libertação Nacional. O
processo tem estado de forma contínua a se desenvolver no seio da sociedade, mas
carecendo de um acompanhamento contínuo e profundo do ponto de vista académico.

Num amplo contexto de aprendizagem qualitativa no âmbito da educação patriótica,


estabelece-se o conhecimento generalizado, assente nas bases do saber dos critérios de
formaturas e a marcha, seleccionando o tipo de marcha para cada tipo de evento, assim
como saber usar um dos tipos de marcha em respeito de cada um dos símbolos da pátria.
Por outro lado, em educação prática é sempre necessário compreender efectivamente a
estrutura administrativa e governativa do seu país, razão pela qual vem profundamente
evidenciado sob forma de proporcionar o domínio das instituições do Estado e seus
dirigentes.

Contudo, ao assumir-se a finalidade deste trabalho, espera-se que os conhecimentos aqui


projectados possam assegurar a unidade entre a instrução e educação no processo de
mediação e assimilação relacionando as várias disciplinas com a Educação patriótica.
Noutra vertente, garantir bases sólidas assentes a história de Moçambique como
perspectiva de potenciar conhecimentos fiáveis sobre o nascimento da nação
moçambicana, consolidando as datas históricas e seus significados históricos.

Neste cenário de aprendizagem, o levantamento da história das comunidades


moçambicanas e locais históricos de Moçambique, permitirão condicionar-se de
capacidade eficientes na elaboração de brochuras sobre história das comunidades
moçambicanas e suas influências na consolidação do patriotísmo baseado na unidade
nacional.

68
BIBLIOGRAFIA
AMADE, João Baptista, “ Wayao'we No conhecido Niassa”, editora: Diname, Maputo,
2008;
BRANDÃO, Carlos Rodrigues, “O que é educação”, São Paulo: Brasiliense, Coleção
Primeiros Passos, 28o ed., 1993;
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Imprensa Nacional de
Moçambique, Maputo, 2008;
DAVA, Fernando., ANTÓNIO, Alexandre, at all “ SAMORA MACHEL Historia de uma
vida dedicada ao povo Moçambicano”, edição ARPAC, Maputo, 2011;
HOLTON, R. J. “Globalization and the Nation States”, New York: Mac Millan Press
Ltd,
London, St. Martin's Press Inc. 1998;
Legislação sobre os Órgãos Locais do Estado (Lei no. 8/2003 e o Decreto no.11/2005),
Maputo, 2006;
Legislação sobre serviço militar (Lei n˚ 32/2009) 25 de Novembro, Imprensa Nacional de
Moçambique;
LIESEGANG, J., “NGUNGUNHANE: a figura de Ngungunhane nqumayo, Rei de Gaza
(1884 – 1895) e o desaparecimento de seu Estado”, editora ARPAC, Maputo, 1996;
MATUSSE, Renato & MALIQUE, Josina “Josina Machel, Ícone da emancipação da
Mulher Moçambicana”, 1ª ed., editora ARPAC, Maputo, 2008;
MAZRUI, A. A. “A Clash of Cultures. Mazrui (ed.) The African Condition – A Polítical
Dialogue. The Reith Lectures.” Heinemam, London, 1980;
MONDLANE, Eduardo Chivambo, “Lutar Por Moçambique”, 1ª ed., s/l., 1969;
OMAR, Lúcia Laurentina & António Alexandre, “ As Dinastias Mataka (Séc. XV –
XX)”, editora ARPAC, Maputo, 2004;
ROSÁRIO, Domingos Artur, “Makombes subsídios à reconstituição da sua
personalidade”, editora ARPAC, Maputo, 1996;

69
Ética e Deontologia Profissional

Duração do Módulo: 36 HORAS

Introdução
A educação formal é uma tarefa social com uma identidade própria e tem como principal
objectivo contribuir para a formação integral do Homem e sua integração na sociedade. É
por isso que ela é tarefa do Estado.
Em Moçambique, o Estado é quem controla a educação formal e tem definido os
primeiros níveis de escolarização da 1ª à 7ª classe, o que nós chamamos Educação
Básica, que coincide com a educação primária ou o ensino primário, como sendo de
caráter obrigatório.
No que concerne ao processo de ensino-aprendizagem, para o melhor exercício desta
função é preciso ter professores não apenas com os conhecimentos académicos básicos
como também com valores e atitudes apropriadas, preparados para incutir nos alunos
valores fundamentais da e sobre a vida. Professores que saibam acima de tudo, ser e estar
dentro e fora do seu campo de trabalho, pois, a qualidade dos alunos depende, em grande
medida, do perfil dos professores que actuam nas escolas Moçambicanas. É desta forma,
que o plano curricular de Formação de docentes integra o submódulo de Ética e
Deontologia Profissional do Professor.
Desta forma, espera-se que, no fim deste subódulomódulo, os formandos sejam capazes
de revelar valores a atitudes apropriadas, pautadas na responsabilidade, solidariedade,
criatividade, especificamente no que concerne as suas capacidades de: lidar com
situações inéditas e complexas que podem ocorrer no contexto do processo de ensino-
aprendizagem; auto-regular a acção formativa em função das políticas de educação no
país, contribuindo da formação de novas gerações; comunicar e interagir com os
diferentes sectores sociais afins para a integração das suas sensibilidades de for a tornar o
ensino relevante e, sobretudo, assumir uma postura crítica face a todo o processo de
ensino-aprendizagem, onde esta sempre presente o saber ser, estar e fazer, actuando com
responsabilidade e profissionalismo no exercício das suas funções.

70
2.1.Competências a Desenvolver
Até ao fim deste submódulo de Ética e Deontologia Profissional, os futuros professores
devem ter desenvolvidos competências que os permitam agir como profissionais
responsáveis e competentes na sua tarefa de facilitadores do processo de ensino-
aprendizagem, seguindo rigidamente o seu código conduta, manifestando atitudes que se
coadunam com a sua profissão tanto no exercício da sua profissão como na sociedade em
que estiver inserido. Desta forma, no fim deste módulo, o formando deverá ser capaz de
(1) Agir de acordo com os princípios éticos e deontológicos associados à profissão
professor;
(2) Promover os valores universais e os direitos da criança;
(3) Reflectir sobre a sua prática e desenvolve actividades que permitem o
desenvolvimento de valores e atitudes positivas nos alunos;
(4) Agir de acordo com o código de conduta da sua profissão;
(5) Aplicar os princípios da Deontologia Profissional.
2.2.Resultados de Aprendizagem
(1) Compreender e reflectir sobre a importância ética e deontologia, tendo em
consideração as dimensões pessoal e profissional;
(2) Formular e reflectir sobre dilemas éticos, desenvolvendo formatos de reflexão
diferenciados, no sentido de encontrar respostas adequadas à complexidade das
situações profissionais inseridas num determinado contexto social;
(3) Desenvolver um quadro de referência no sentido da construção de um código de
ética e deontologia;
(4) Promover os deveres cívicos e morais e o exercício dos direitos e deveres de
cidadania;
(5) Desenvolver na escola e na comunidade os valores universais de liberdade,
igualdade, tolerância respeito e solidariedade.

71
2.3.Visão Geral dos Conteúdos
TEMA SUB-TEMA EVIDENCIAS REQUERIDAS TEMPO
(HORAS)
1.1 Enumera osprincípios 4
1.Moral 1.1 A Moral morais
1.2 Os Juízos Morais 1.2 Explica a importância dos
1.3 Os Princípios Morais e a princípios morais
sua importância 1.3 Aplica os princípios morais
1.4 As Normas Morais nos estudos de caso e no seu
dia-a-dia na instituição de
formação
1.4 Reflecte sobre a conduta
moral do professor
1.5 Faz intervenções relevantes
sobre os valores morais
2.Ética 2.1 Ética 2.1 Explica o significado da 6
2.2 A distinção entre a Ética e Ética
a Moral 2.2 Distingue a Moral da
2.3 A relação entre os valores Ética
éticos e a cultura de um povo 2.3 Explica a importância da
2.4 A Importância da Ética Ética na vida familiar e social
2.4 Reflecte sobre a Ética
2.5 Faz Intervenções
relevantes relacionado os valores
éticos ligados a sua profissão e os
valores socialmente aceites
3.Deontologia3.1 Deontologia 3.1 Explica o Significado de 8
Profissional 3.2 Princípios de uma Deontologia
Deontologia Interprofissional 3.2 Distingue a Ética da
3.3 A Dimensões da Deontologia Profissional
Deontologia Interprofissional 3.3 Reflecte sobre aspectos de
3.4.1 Os valores deontológicos uma deontologia interprofissional
relacionados com a função dos 3.4 Faz um levantamento de
documentos oficiais: O Estatuto casos vivenciados por algumas
Geral dos Funcionários e Agentes pessoas em algumas instituições
do Estado (EGFAE): que reflectem a transgressão e faz
Direitos e Deveres dos uma abordagem crítica aos
funcionários mesmos com base no EGFAE

72
4.Deontologia 4.1 Deontologia Profissional do 4.1 Subscreve os valores ético- 10
Profissional Professor, de uma forma geral deontológicos da profissão de
do Professor 4.2 Valores relacionados com a Professor
tarefa de educar 4.2 Apresenta por escrito uma
4.3 O Código de Conduta do análise crítica sobre os dilemas
Professor em Moçambique: com os quais de confronta o
 Compromisso com os alunos professor em Moçambique a
 Compromisso com os pais e partir de Estudos de Casos (da
encarregados de Educação corrupção, falta de
 Compromisso com a Sociedade responsabilidade, falta de
 Compromisso para com a solidariedade, entre outros)
Profissão 4.3 Aplica o Código de Conduta
 Compromisso de Integridade do Professor tendo em conta a
realidade vivenciada nas escolas
5. A Ética e 5.1 Moçambique como um país 5.1 Apresenta os diversos 6
Deontologia Multicultural valores culturais retratando o
na Educação e 5.2 Os Processos de multiculturalismo do nosso país
a Cultura dos Socialização como Determinantes 5.2 Relaciona as identidades
Alunos para a formação de identidade pessoais com os processos de
individual e colectiva na criança: socialização das crianças/alunos
família, escola e comunidade; através de estudos de caso
5.3 Alguns direitos fundamentais 5.4 Reconhece os processos de
do Homem plasmados na socialização como sendo
Declaração Universal dos Direitos fundamentais para a formação da
Humanos identidade individual e colectiva
5.4 Os Direitos da Criança 5.5 Aplica os direitos
5.5 Estratégias para a advocacia fundamentais do homem nos
na Escola e na Comunidade dos estudos de caso apresentados
Direitos da Criança e respeito pela 5.6 Aplica os direitos da criança
diversidade cultural nos estudos de caso apresentados
5.6 Os direitos fundamentais do 5.7 Apresenta um plano de acção
Homem com estratégias para a advocacia
5.7 Os direitos da Criança; dos direitos da criança na
5.8 Os processos de socialização comunidade
como determinantes para a
formação da identidade individual
e colectiva
5.9 Estratégias para a advocacia
na escola e na comunidade dos
direitos da criança
5.10 A Diversidade Cultural e o
contexto de ensino-aprendizagem

73
6. O Perfil 6.1 Profissional, social e ética 6.1 Indica o perfil de um bom 10
Profissional  6.2 Desenvolvimento de ensino e professor
do Professor aprendizagem 6.2 Agi de acordo com o perfil de
 6.3 Relação Instituição de ensino um bom professor
e comunidade (Evidências=Estudos de Caso).
 6.4 Desenvolvimento profissional
ao longo da vida.

Unidade Temática 1: A Moral

Duração da Unidade: 4 horas


Introdução
A Moral aparece como o primeiro tema a ser abordado neste módulo de Deontologia
Profissional na Carreira do Professor por ser uma base para a abordagem da Ética e
posteriormente da Deontologia Profissional. Na moral se sobrepõem as regras sociais que
nos indicam o mal e o bem, conforme as convenções da sociedade em que nos
encontramos, para uma convivência harmoniosa.

Assim, nesta unidade iremos abordar o conceito da moral, os juízos morais, os princípios
morais e a sua importância e, finalmente, as normas morais.

1.1.Evidências Requeridas da Unidade Temática:


Até ao final desta unidade temática, os formandos devem ser capazes de:
 Enumerar os princípios morais na sociedade;
 Aplicar os princípios morais nos estudos de caso e no seu dia-a-dia na instituição
de formação;
 Reflectir sobre a conduta moral do professor.

1.2. Sugestões Metodológicas


Na abordagem desta Unidade Temática, o formador ou instrutor poderá recorrer às
perguntas para saber o que é que os formandos entendem sobre o tema em estudo, e ir
explorando com eles os conceitos a partir de alguns exemplos. Também poderá partir de
exemplos ou de problemas (questões relacionadas com a corrupção e assédio), a para
promover debates.
Antes do fim da aula, o formador ou o instrutor deve apresentar a síntese da aula.

74
1.3.A Moral
Antes de explorar este tema, respondam o que entendem por:

a. Moral?

b. Juízos Morais?

A Moral é um termo que vem do latim mores que significa costumes. A moral refere-se a
um conjunto de valores, crenças, princípios ou normas que regulam o comportamento de
uma pessoa ou grupo de pessoas, povos, nações e a humanidade, em geral. Ela é também
vista como um conjunto de normas “morais” ou de costumes, que tendem a regulamentar
o agir. Tudo o que constitui a moral numa sociedade, comunidade ou num povo oferece a
oportunidade para a pessoa reflectir sobre os valores do ser humano nesse meio.

A moral surgiu da história da humanidade, há muito tempo atrás, quando o homem


buscava a satisfação do seu próprio prazer, determinando valores para a satisfação das
suas necessidades individuais ou de determinados grupos sociais. Por exemplo, no tempo
da escravatura, a Igreja acobertava este mal. Ela consentia o direito do Homem branco ter
escravos (homens negros) e esses negros escravos deviam-se submeter aos brancos.
Portanto, era obrigação dos pretos obedecerem aos brancos. O significa que no tempo da
escravatura a humanidade convivia em conflito, havendo pessoas sujeitas a dor,
humilhação, violência, sofrimento e outras que viviam se beneficiando desta tragédia.

Mas tarde, com o desenvolvimento da humanidade, o Homem consciencializa-se sobre os


valores como a liberdade, igualdade e solidariedade, que vão permitir uma melhor
convivência entre as pessoas.

1.4.Tipo da Moral
Face ao anteriormente exposto, podemos distinguir os seguintes tipo de Moral:

 A moral permanente;

 A moral mutável.
1.5.A Moral Permanente
A moral permanente refere-se aos valores ou princípios morais que não mudam mesmo
com o passar dos séculos. Por exemplo:

 A generosidade;
 A sinceridade;
 A doçura, em vez da violência;
 A bondade, em vez da crueldade;
 A honestidade, em vez da corrupção;
 A justiça, em vez da injustiça;
 A coragem, em vez da covardia;
 O amor, em vez do ódio;
 A compaixão, em vez da indiferença;
 A solidariedade, em vez da inveja;
 A amizade, em vez da inimizade;
 A boa vontade, em vez da intolerância;
 A compreensão, em vez da prepotência;
 A humildade, em vez da arrogância.
Estes princípios morais são também chamados de princípios universais e são sempre
actuais, isto é, ainda prevalecem, independentemente da época, da distância, do país ou
do lugar. São estes valores ou princípios que devem estar no interior de cada um de nós.
Eles vão passando de geração em geração e devem ser veiculados em casa, na escola e na
sociedade.

A moral mutável refere-se aos princípios morais que mudam em função do tempo ou da
dinâmica da sociedade. O que significa que alguns interesses dos grupos, das classes
sociais ou das categorias sociais podem mudar num determinado momento, seja de uma
forma pacífica ou violenta, levando à constituição de um novo estar social.

Exemplo 1: Tem a ver com a dinâmica da humanidade, que faz com que se alterem alguns valores ou
princípios:
Falar de sexo era antigamente considerado de imoral. Hoje é completamente natural. Há necessidade de
se olhar para o sexo não como tabu, mas como algo natural e educar os adolescentes e jovens para que
saibam ser e estar perante tantas doenças sexualmente transmissíveis.
Exemplo 2: Relativamente aos interesses de grupos sociais
A moral de um empresário e de um operário é bem deferente.
O empresário visa essencialmente a obtenção de lucros, fazendo tudo para reduzir as
despesas…
O operário visa trabalhar para aumentar o salário e melhorar a qualidade de vida
da sua família …
1.6.-
1.7. Juízos Morais

Juízos morais são os julgamentos que nós fazemos ou qualquer outra pessoa faz dos actos
dos outros ou que eles fazem de nós ou também os que fazemos de nós mesmo.

Nós continuamente julgamos os actos dos outros e somos por eles também julgados.
Embora não sempre, há vezes que nos julgamos a nós mesmos, mediante determinadas
atitudes tomadas. Aprovamos, desaprovamos, condenamos as atitudes as nossas atitudes
e a dos outros ou somos aprovados e desaprovados mediante as nossas atitudes. Significa
que emitimos continuamente juízos morais, dando aos actos humanos (livres e
conscientes) os atributos de bom, de mau ou péssimo.

Alguns exemplos de juízos de valor:


 O Senhor João não presta, ele insulta aos empregados….
 O meu professor vem bêbado às aulas, nem parece professor.
 O meu director chega sempre atrasado, ele deveria dar exemplo.
 Aqui no Instituto nunca há aulas de laboratório…como é que querem que os
formandos aprendam sem a prática.

Estes são exemplos de julgamentos que determinadas pessoas podem fazer de acordo
com o que elas observam e interpretam do que ocorre a sua volta, segundo os valores
morais que têm.

1.8.Normas Morais
As normas morais são regras de convivência social, ou seja, princípios que devem regular
o comportamento ou atitudes dos cidadãos nos diferentes contextos.

As normas morais devem ser entendidas como parâmetros de comportamento que nos
dizem ou indicam o que se pode ou não se pode fazer, o que se deve ou não se deve fazer.
O cumprimento das normas é moralmente obrigatório. É com base no seu cumprimento
ou não que se julgam as pessoas como sendo honestas, competentes, bons profissionais
ou são consideradas levianas, incompetentes, não sigilosos, intrometidas ou corruptos,
entre outos aspectos negativos.

As normas morais obedecem sempre a três princípios:

 Auto-obrigação: o que significa que a pessoa segue-as por motivações pessoais


sem que ninguém o obrigue. Por exemplo: sou honesta, sou fiel, etc..

 Universalidade: elas são válidas para toda a humanidade. Ninguém está fora delas
e todos os humanos são abrangidos por elas. Por exemplo: honestidade,
solidariedade, compaixão, etc.

 Incondicionalidade: elas não estão sujeitas a premiações ou penalizações, são


praticamente sem outra intenção ou finalidade.

Algumas normas por serem específicas dos grupos, não permitem que qualquer
outra pessoa seja capaz de manifestá-las sem antes ter tido um contacto com elas.
Isto é, muitas vezes ainda ficamos na dúvida sobre como agir diariamente
mediante contextos não familiares.
Exemplos:
Normas morais associadas aos grupos éticos.
Na comunidade tsonga para cumprimentar os mais velhos deve-se ajoelhar, certamente
que noutras comunidades não é assim.
Normas familiares:
Primeiro devem servir-se os mais velhos e só depois os mais novos.

O mais importante é procurarmos nos inteirar acerca das normas ou pedirmos explicações
em caso de dúvidas.

1.9.Actividades
Leia com muita atenção e responda as perguntas abaixo colocadas.
1. O que entende por princípios morais e diga qual é a sua importância?
2. Estudo de caso: O Professor Manuel
O Professor Manuel tem 35 anos. Ele vive numa Comunidade perto da Escola 09 de
Agosto, onde ele e a esposa, a professora Rosa dão aulas. Todos os dias, a Professora
Rosa aparece com a cara inchada. Uma aluna da 6ª classe, turma B, que é vizinha dos
dois professores (Professor Manuel e da Professora Rosa) disse aos seus colegas que
quase todas as noites ouvem gritos da professora Rosa quando esta é agredida
fisicamente pelo Professor Manuel. Você é Director da escola. Toma conhecimento
desta situação, através da turma da 6ª classe, onde você dá as aulas de Educação
Moral e Cívica. Sabendo que o professor Manuel é um dos melhores professores da
escola 7ª classe na tua escola, qual será a sua atitude fase a esta situação?

1.10.Autoavaliação
Leia com muita atenção o seguinte caso e responda.
Estudo de caso: Professor João
O Professor João dá aulas nas turmas da 2ª e 3ª classes na Escola Primária de
Mocuba. A sua casa dista 2 quilómetros da escola. Um dia pela manhã, quando ele ia
à caminho da escola encontrou-se com uma senhora doente que mal conseguia
mover-se, a tentar caminhar em direcção do Posto de Saúde, que fica bem pertinho da
escola. O Professor João, face à situação, ficou sem saber que atitude poderia tomar,
porque se ajudasse a Senhora a chegar ao posto de saúde atrasaria às aulas e se a
deixa-se pelo caminho ela até poderia acabar por cair e perder a vida por falta de
socorros, pois estava a um quilómetro do Posto de Saúde.
Qual seria a melhor atitude a ser tomada pelo Professor João, perante esta situação?

1.11.Chave de Correcção
Grupo de Actividades
Resposta da 1ª Pergunta
Princípios morais são valores ou normas que regulam o comportamento de uma
pessoa ou grupo de pessoas numa sociedade ou no mundo, de uma forma geral, para
uma melhor convivência entre elas. Os princípios morais são muito importantes
porque permitem que todos possam viver em harmonia, respeitando-se mutuamente.
São exemplos desses princípios, a generosidade, a sinceridade, a bondade, a
humildade, a justiça entre outros.
Resposta do caso: Estudo de caso: O Professor Manuel
Eu, como director da escola, depois de tomar o conhecimento do fenómeno pela
turma 6ª B, para eu não ter que dizer ao professor Manuel que ouvi dizer que ele bate
na sua esposa que também é professora na escola, irei chamá-lo e dizer que um dos
próximos dias irei à casa deles visitá-los. Depois, sempre que puder, passarei por
perto para saber se está tudo bem, para que possa entrar em qualquer dos dias que
oiça ou me aperceba de algo estranho na casa deles para melhor abordar com eles o
assunto relativo à violência.
Nota: Qualquer resposta é aceitável, desde que realce o aspecto de aconselhamento à
não-violência e um posterior acompanhamento do professor de forma a verificar se o
professor já não toma essas atitudes.

Resposta ao Estudo de Caso: O Professor João


De facto, o Professor João está numa situação muito difícil. Tratando-se de um caso
de saúde grave, talvez fosse melhor que o Professor João acompanhasse a doente para
o Posto de Saúde e depois ir às aulas. Caso tivesse telemóvel, o ideal seria ligar e
explicar ao Director Pedagógico da Escola a sua situação, para que um outro
professor fosse à turma passar alguns exercícios para os alunos irem fazendo,
enquanto esperam por ele.
(Qualquer resposta é válida, desde que bem fundamentada e que não perigue a vida
da pessoa que o Professor a encontrou na Rua).

Resumo dos Pontos Principais

 A moral é um conjunto de valores, crenças, princípios ou normas que regulam o


comportamento de uma pessoa ou grupo de pessoas, povos, nações e a
humanidade, em geral. Pode-se distinguir os seguintes tipo de Moral: A
permanente e mutável. A moral permanente refere-se à valores ou princípios
morais que não mudam mesmo com o passar dos séculos. Por exemplo: a
generosidade, a sinceridade, a bondade, a honestidade, a justiça, etc. e a moral
mutável refere-se aos princípios morais que mudam em função do tempo ou da
dinâmica da sociedade. Por exemplo, a escravatura.
 Os princípios morais são adquiridos durante os processos de socialização no seio
familiar, na escola, na comunidade, e manifestam-se nas pessoas de forma natural,
através de atitudes à eles subjacentes.
 Juízos morais são os julgamentos que nós fazemos ou qualquer outra pessoa faz
dos actos dos outros ou dos nossos próprios actos.

Bibliografia

Landmann, J. (1985) Ética Médica sem Máscaras. Ed. Guanabara, p. 26-27.

Mondin, J. B. (1983) Introdução à Filosofia. Ed. Paulinas, S. Paulo, p. 91-95.

Motta, S. N. (1984) Ética e vida Profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural.

Vasquezm, A. S. (1978) Ética, Civilização Brasileira, p. 68-69. São Paulo.


Unidade Temática 2: Ética

Duração da unidade temática 2: 6 Horas


Introdução
Nesta segunda unidade temática iremos abordar o conceito de Ética, apresentar a
distinção entre a Ética e a Moral e a importância da mesma na sociedade.
2.1.Evidências Requeridas
No fim desta unidade temática sobre a Ética, os formandos devem ser capazes de:
 Explicar o significado da Ética;
 Distinguir a Moral da Ética.
 Explicar a importância da Ética na vida familiar e social;
 Reflectir sobre a Ética;
 Fazer intervenções relevantes relacionado os valores éticos ligados a sua profissão
e os valores socialmente aceites;
 Associar os valores éticos à cultura.
2.2.Sugestões Metodológicas
Na abordagem desta unidade temática, o formador poderá recorrer as perguntas para
saber o que é que os formandos entendem sobre a Ética e ir explorando com eles os
conceitos, a partir de alguns exemplos que explicitem os valores éticos.
Antes do fim da aula, o formador deve sintetizar os conteúdos da aula para que todos os
formandos possam, claramente, reter o essencial sobre o tema e incentivá-los a realizar as
actividades.

2.3.Ética
Nós, como pessoas, não só agimos moralmente (acção, decisão, normas, juízos morais),
como também, reflectimos sobre o nosso comportamento moral, buscando o como?
Porquê? Para quê? Agi desta forma ou um determinado indivíduo agiu desta ou daquela
forma. Isto é, tentámos buscar as demais razões de determinados actos humanos.
Ao tentarmos reflectir profundamente sobre o mundo da moral, sobre os actos humanos
sob o aspecto de bem ou de mal, nós estamos a sair do campo moral para a Ética.
A Ética é segundo Motta (1984) um conjunto de valores que orientam o comportamento
do homem em relação aos outros Homens na sociedade em que vive, garantindo, desta
forma, o bem-estar social. Podemos então dizer que a Ética refere-se à forma como um
Homem deve comportar-se no seu meio social. Por exemplo, é frequente ouvirmos dizer
que:
Aquele não tem ética!
O que significa que não sabe comportar-se naquele contexto específico. Portanto, não
possui conhecimentos sobre como portar-se naquele contexto.
A Ética é tida como a ciência que estuda os valores e as virtudes do Homem, enquanto
pessoa humana, estabelecendo regras, condutas e posturas a serem observadas pelas
pessoas no seu quotidiano.
Enquanto à Ética é teórica e reflexiva, a moral é prática, tem a ver com a atitude. Uma
completa a outra, pois, o conhecer (ética) e agir (moral) estão inter-relacionados. Portanto
se não conhecer os valores éticos de uma determinada comunidade, certamente que
poderá violar as normas morais, porque poderá agir de forma não apropriada perante essa
comunidade.
Quando nós falamos de código de ética, valores morais, estamos a falar da mesma coisa.
Os códigos prescrevem deveres, estabelecem leis, ditam normas que devem ser
obedecidas por determinadas pessoas, grupos, países ou nações.
É importante também saber que as normas não emergem da natureza humana. Mas sim, a
partir de determinadas convenções sociais. Os Estados fixam as normas que julgam mais
oportunas para o bem-estar individual e colectivo na sociedade. As instituições têm
normas que regulam o seu funcionamento harmonioso. As profissões têm normas para
preservar a sua identidade, valores e profissionalismo. Os cursos têm normas que as
padronizam num determinado país ou contexto. As casas têm normas de forma a
regularem o convívio e o respeito mútuo entre os que nela habitam.
As normas podem ser consideradas valores ou princípios que, por vezes podem se impor
à vontade individual, por serem de carácter obrigatório, visto serem indispensáveis para
se atingir um fim, para se alcançar o certo, o apropriado, o que está bem, o que é de facto
aceite. Também podem ser comummente aceites e adoptadas, quando passivamente são
assimiladas, no quadro das estruturas cognitivas dos indivíduos, durante os processos de
socialização, passando a fazer parte das suas crenças.
Por exemplo:
Norma: Cumprir com a hora de entrada e saída no local de trabalho
Crença: Eu livremente aceito e cumpro esta norma que a reconheço como boa para
atingir meus fins morais e não ferir a minha (e a nossa) realização.

Agora poderá estar a fazer-se a seguinte pergunta:


Se as normas são tantas, quais as que um indivíduo deve sujeitar-se?
Um indivíduo deve sujeitar-se à normas que dignificam o Homem como ser Humano
social e cooperativo e solidário, como um ser humano que sabe ser e estar na sociedade,
portanto, nos diversos contextos.

De acordo com o que acabamos de apresentar podemos concluir que não se pode falar da ética
sem falar dos valores morais. A ética é que leva o indivíduo à reflectir fundamentalmente em
princípios que norteiam a sua conduta e tomada de decisões.

2.4.Actividades
Leia e responda as perguntas que se seguem.
Dê três exemplos de actos morais e outros três de valores éticos?

2.5.Autoavaliação
Qual é a distinção entre a Moral e a Ética?
2.6.Chave de Correcção
Resposta à pergunta da Actividade
Resposta à pergunta 1
São exemplos de actos morais ajudar um idoso a atravessar a rua; oferecer comida a
pessoas que esteja a passar fome, ajudar os mais velhos em caso de dificuldades,
apoiar aos alunos ou aos mais novos sempre que manifestarem dificuldades ou
estiverem doentes.
São exemplos de valores éticos explicar as regras de convivência da escola, exemplos
de regras a seguir numa comunidade.
Resposta à pergunta da Autoavaliação
Resposta da pergunta
A Ética refere-se à forma como um Homem deve comportar-se no seu meio social.
Ela refere-se apenas às regras e a Moral é a manifestação dessas regas. Por exemplo,
é frequente ouvirmos dizer que “tal fulano não possui valores morais”. Isto significa
que ele disse ou fez algo inapropriado que entrou em choque com o que as pessoas
consideram apropriado ou adequado no mesmo contexto.
Resumo dos Pontos Principais
 A Ética é tida como a ciência que estuda os valores e as virtudes do Homem,
enquanto pessoa humana, estabelecendo regras, condutas e posturas a serem
observadas pelas pessoas no seu quotidiano.
 A Ética é refere-se às regras como um Homem deve comportar-se no seu meio
social e a moral refere-se a forma como se manifestam essas regas (as atitudes) do
ser humano.

Bibliografia Complementar
Landmann, J. (1985) Ética Médica sem Máscaras. Ed. Guanabara, p. 26-27.
Mondin, J. B. (1983) Introdução à Filosofia. Ed. Paulinas, S. Paulo, p. 91-95.
Monteiro, A. R. (2004) Educação & Deontologia. Escolar Editora, Lisboa.
Motta, S. N. (1984) Ética e vida Profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural.
Vasquezm, A. S. (1978) Ética, Civilização Brasileira, p. 68-69. São Paulo.
Unidade Temática 3 – Deontologia

Duração da Unidade: 6 Horas


Introdução
Antes de falarmos sobre a deontologia na carreira do professor iremos abordar a
deontologia das profissões, de um modo geral, bem como a importância para que todos
passam saber que embora haja profissões sem deontologia específica, há normas que
regem todas as profissões para que todas as pessoas possam ser profissionais competentes
e responsáveis no exercício das suas actividades.
3.1.Evidências Requeridas
No fim desta Unidade Temática sobre a Deontologia, os formandos devem ser capazes
de:

 Explicar o Significado de Deontologia;

 Distinguir a Ética da Deontologia Profissional;

 Falar sobre a importância da deontologia interprofissional;

 Observar o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE) como


documento normativo que regula o código de conduta das profissões em
Moçambique;

 Fazer um levantamento de casos vivenciados por algumas pessoas em algumas


instituições que reflectem a transgressão as normas (por exemplo, corrupção,
assédio, nepotismo, etc.) e faz uma abordagem crítica aos mesmos com base no
EGFAE.
3.2.Sugestões Metodológicas
Para a abordagem desta unidade temática, o formador deve recomendar aos formandos
que levem consigo para as aulas o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado
(EGFAE), para usarem durante as aulas em que forem abordados os aspectos da
deontologia profissional em Moçambique porque este documento contém os directos e
deveres que todos os funcionários devem seguir.
Durante a facilitação dos conteúdos, o formador poderá formar grupos para discussão,
debates e resposta às perguntas que possam ser apresentadas e debatidas em plenário.
Exemplo de uma questão que pode ser discutida e respondida em grupo: Qual é o perfil
de um bom funcionário?
Importa referir que depois da apresentação e discussão em plenário, o formador deverá
apresentar a síntese da aula.
A apresentação da síntese tem duas funções, neste caso. A primeira é de os formandos
reterem a informação mais relevante. A segunda é de os formandos adquirirem os hábitos
de farem disso a sua prática no futuro, como professores.

3.3.Deontologia
Deontologia vem do grego "déon" que significa

 O obrigatório

 O justo

 O adequado
O termo deontologia foi cunhado por Jeremias Bentham em 1834 para designar ciência
de normas ou de princípios para alcançar certos fins.
A Deontologia tem como finalidade a determinação dos deveres que devem ser
cumpridos em determinadas circunstâncias sociais ou no âmbito de uma determinada
profissão.
A deontologia é um conjunto de deveres, princípios e normas que devem ser adoptados
pelo profissional e devem reflectir-se no seu comportamento, no seu agir, perante
determinadas situações que lhe forem colocadas. É, portanto, a ciência que estabelece
normas directoras das actividades profissionais sob o signo de rectidão moral ou
honestidade estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar no exercício da profissão.
3.4. Diferenças entre a Ética e a Deontologia?
A ética relaciona-se com as directrizes/leis/regras que distinguem o bem do mal, o
correcto e o incorrecto. E a deontologia refere-se às normas adotadas por um determinado
grupo profissional. A deontologia é a ética especial adoptada no exercício de uma
determinada profissão, é um conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por um
determinado grupo profissional de uma área específica.

3.5. Princípios da Deontologia Interprofissional


A Deontologia profissional diz respeito às normas que devem orientar a actividade
profissional. Embora existam normas para uma actividade profissional específica, como
por exemplo a medicina, existem também normas que devem ser observadas pelos
trabalhadores ao nível de todas as profissões. A essas normas chamamos Deontologia
Interprofissional.
A deontologia Interprofissional é marcada pelos seguintes princípios básicos de conduta
profissional:

 Zelar, com sua competência e honestidade, pelo bom nome ou reputação da


profissão. Isto significa que, os membros de uma mesma profissão devem possuir
as mesmas competências básicas1, os mesmos valores e atitudes (embora se
reconheça a existência de diferenças individuais que advém de processos de
socialização diferenciados de acordo com o lugar e ambiente à que o indivíduo
esteve sujeito), de forma a exercerem a sua profissão com competências de
responsabilidade.

 Preservar os valores ou princípios básicos, como a lealdade, a solidariedade


profissional na relação entre colegas de profissão.
É importante que haja lealdade e solidariedade profissional entre os profissionais
da mesma área e não só, evitando críticas levianas, competição e concorrência
desleal. Entre os membros da mesma profissão ou mesmo grupo de trabalho deve
haver um sentido de justiça social, portanto, não ir contra a justiça, a moral ou o
BEM COMUM. Contribuir, desta forma, para a dignidade da profissão.

 Preservar nas relações com os usuários dos serviços a que estamos veiculados ou
clientes:
a. O respeito pelo utente ou clientela;

1
Deve-se entender competências básicas como sendo os pré-requisitos para o exercício da
profissão.
b. A Execução íntegra do serviço conforme o combinado com o usuário. Não
desiludir as expectativas do utente;
c. Fornecer explicações claras sobre os serviços a prestar ao utente para que este
esteja ciente e seguro do trabalho que lhe será prestado.

Por exemplo:
Se do ponto de vista técnico o pedido é menos seguro ou menos
satisfatório ou tem consequências não previstas pelo solicitante, o
profissional deve esclarecer ao cliente mostrando as inconveniências
existentes e os procedimentos para melhor execução, após o que pode
deixar o cliente decidir e assumir toda a responsabilidade pelas
consequências, excepto, se houver prejuízos ao bem comum ou a terceiros.
d) Não deixar-se subornar
Deve ser justo consigo mesmo e com o outro. Não deixar-se subornar como
forma de cobrir situações não apropriadas que podem ter consequências
negativas tanto para o utente como para a sua profissão.

Por exemplo:
 Pedir dinheiro e em troca atribuir notas positivas para aluno;
 Pedir dinheiro para ceder uma vaga de emprego a um professor;
 Pedir aos estudantes para lhe pagarem o lanche;
 Todas as situações que envolvem troca de favores.
 Ser solidário e cooperativo
Apoiar os colegas com maior dificuldade e chamar atenção em relação à sua
conduta, se necessário, de forma a preservar a dignidade da sua profissão.
Estimular e reconhecer os colegas que revelam um maior profissionalismo
(humildade, cooperação e solidariedade com os colegas, competência profissional
revelada)

 Ter segredo profissional


O que significa que, embora possa ter oportunidade de conhecer o íntimo dos seus
colegas ou ter acesso à qualquer informação sobre os mesmos, no âmbito do
exercício da profissão, não deverá usar essa informação para outros fins, por
exemplo, disseminar a informação dentro e fora da escola, especular, difamar, etc.
O segredo ou o sigilo profissional também deve ser mantido em relação a toda a
informação que diz respeito aos utentes e a instituição em que a pessoa está a
trabalhar. Os prestadores de serviços devem preservar os seus segredos,
considerando que o segredo confiado só pode ser usado para a prestação de
serviços de qualidade e não para outros fins.
3.6. Instrumento Regulador do Exercício da Actividade Profissional em
Moçambique
No caso de Moçambique, o que regula o exercício da actividade profissional, os direitos e
os deveres dos trabalhadores é o Estatuto Geral do Funcionário e Agentes do Estado,
(EGFAE). Este documento normativo tem por objectivo assegurar que todos os
funcionários, na qualidade de servidores do estado, desempenhem as suas funções com
zelo, profissionalismo, transparência, imparcialidade, responsabilidade e sempre
preocupados em melhor servir ao cidadão, com um espírito patriótico de construção de
um bem-estar social do nosso povo e de promoção do desenvolvimento social e
económico no nosso País.
O Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado comporta, desta forma, um
conjunto de normas direitos e deveres de todos os trabalhadores moçambicanos para
fortalecer as relações laborais, reforçar a dignidade e a auto-estima dos funcionários no
geral.

3.7. Funcionários e Agentes de Estado: Conceito


São funcionários os cidadãos nomeados para lugares do quadro do pessoal e que exercem
actividades nos órgãos centrais e locais do estado.
São agentes do estado os cidadãos contratados ou designados nos termos da lei ou por
outro título não compreendido no anteriormente mencionado.
3.7.1. Princípios Gerais do EGFAE
a) Legalidade
1. Na sua actuação, os funcionários e agentes do Estado obedecem à
Constituição da República e demais legislação.
2. No exercício das suas funções na Administração Pública, os funcionários e
demais agentes do Estado estarão exclusivamente ao serviço do interesse
público, vinculado à Constituição da República e às leis.
3. Os funcionários e agentes do Estado devem ter uma conduta responsável e
ético-profissional, actuar com legalidade e justiça no respeito pelos direitos,
liberdades e interesses legalmente protegidos dos cidadãos e de outras pessoas
colectivas públicas ou privadas.
b) Imparcialidade
1. No exercício das funções públicas, os funcionários e agentes do Estado
actuam com isenção e imparcialidade.
2. O acesso à função pública e a progressão da raça não podem ser prejudicados
em razão da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento ou religião,
grau de instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção
política e obedecem estritamente aos requisitos de mérito e de capacidade dos
interessados.
3. A imparcialidade impõe que os funcionários e agentes do Estado se
abstenham de praticar actos ou participar na prática de actos ou contratos
administrativos, nomeadamente, de tomar decisões que visem interesses
próprios, do seu cônjuge, parente ou afim, bem como de outras entidades com
as quais possa ter conflito de interesse, nos termos da lei.
a) Incompatibilidade
A qualidade de funcionários e de agente de Estado é incompatível com o exercício de
outras actividades profissionais, nomeadamente:
1. As declaradas incompatíveis com a lei;
2. As que tenham horário coincidente com o da Administração Pública;
3. As que possam comprometer o interesse público ou a imparcialidade exigida
no exercício de funções públicas.
c) Exclusividade
1. O exercício de funções públicas obedece ao princípio de exclusividade.
2. A ocupação simultânea de mais de um lugar dos quadros de pessoal dos
órgãos ou instituições do Estado pelo mesmo funcionário só é permitida
quando fundada no interesse público e autorizada por dirigente competente,
verificada uma das seguintes circunstâncias:

 Inerência de funções;

 Actividades de caráter temporário e compatível;

 Funções de docência, investigação ou produção cultural, de


horários compatíveis ou compensáveis.
O exercício de outras actividades profissionais remuneradas por funcionários
depende de autorização expressa do dirigente competente, a requerimento do
interessado.
3.7.2. Os Principais Deveres dos Trabalhadores Moçambicanos
Constituem deveres gerais dos Funcionários e Agentes do Estado os seguintes:

 Respeitar a constituição, as demais leis e órgãos do poder do Estado;

 Participar activamente na edificação, desenvolvimento, consolidação e defesa do


Estado de direito democrático e no engrandecimento da pátria;

 Dedicar-se ao estudo e aplicação das leis e demais decisões dos órgãos do poder
de Estado;

 Defender a propriedade do Estado e zelar pela sua conservação;

 Assumir uma disciplina consciente por forma a contribuir para o prestígio da


função de que está investido e o fortalecimento da unidade nacional;

 Respeitar as relações internacionais estabelecidas pelo Estado e contribuir para o


seu desenvolvimento;

 Promover a confiança do cidadão na Administração Pública e na sua justiça,


legalidade e imparcialidade.
(Ver página 22 do EGFAE)
No quadro dos deveres especiais dos funcionários e agentes do estado, temos a destacar
os seguintes:

 Cumprir com as leis, regulamentos, despachos e instruções superiores;

 Respeitar os superiores hierárquicos;


 Dedicar ao serviço a sua inteligência e aptidão, exercendo com competência,
zelo e assiduidade e por forma eficiente as funções a seu cargo, respeitando as
relações de trabalho;

 Não se apresentar ao serviço em estado de embriaguez e ou sob efeito de


substâncias psicotrópicas e alucinogénias.

 Prestar contas do seu trabalho, analisando-o criticamente e desenvolver a


crítica e a autocrítica;

 Manter o sigilo sobre os assuntos do serviço mesmo depois do termo de


funções;

 Pronunciar-se sobre deficiências e erros no trabalho e informar sobre os


mesmos ao respectivo superior hierárquico;

 Manter relações harmoniosas de trabalho com todos funcionários, criando um


ambiente de estima e de respeito mútuo no trabalho;

 Adoptar um comportamento correcto e exemplar na sua vida pública, pessoal


e familiar de modo a prestigiar sempre a dignidade da função e a sua
qualidade de cidadão.

 Não praticar actos administrativos que privilegiem interesses estranhos ao


Estado em detrimento da eficácia dos serviços;

 Promover a confiança do cidadão na Administração Pública, atendendo-o


pontualmente e com isenção.

 Não assediar material, moral ou sexualmente no local de trabalho ou fora dele;

 Requerer a contagem periódica e regular do tempo de serviço prestado ao


Estado para efeitos de aposentação.
(Para mais informação sobre os deveres especiais dos funcionários e agentes
do Estado consulte as páginas 23, 24 e 25 do EGFAE)

3.7.3. Os Principais Direitos dos Trabalhadores Moçambicanos


Constituem alguns direitos gerais dos Funcionários e Agentes do Estado os seguintes:

 Exercer as funções para que foi nomeado;


 Receber o vencimento e outras remunerações legalmente estabelecidas;

 Beneficiar de condições adequadas de higiene e segurança no trabalho e de meios


adequados à protecção da sua integridade física e mental;

 Participar nas reuniões;

 Ter um intervalo diário e semanal para o descanso;

 Gozar férias anuais e licenças nos termos do presente EGFAE (doença, morte de
parentes, etc);

 Ser avaliado periodicamente pelo seu trabalho com base em critérios justos de
desempenho nos termos a regulamentar;

 Participar nos cursos de formação profissional e de elevação da sua qualificação;

 Ser tratado com respeito;

 Ser tratado com o título correspondente a sua função;

 Beneficiar-se de ajudas de custo ou ter direito à alimentação e alojamento diários


em caso de deslocação para fora do local onde normalmente exerce as suas
funções por motivo de serviço;

 Gozar de assistência médica e medicamentosa para si e para os familiares a seu


cargo, prevista em legislação específica;

 Beneficiar de regime especial de assistência por acidente em missão de serviço,


desde que a culpabilidade do acidente não lhe seja imputada;

 Apresentar a sua defesa antes de qualquer punição;

 Dirigir-se à entidade imediatamente superior sempre que se sentir prejudicado nos


seus direitos;

 As funcionárias ou agentes do Estado tem direito à licença de parto, metendo os


direitos inerentes à função ou cargo que exerça.
(Para mais informação sobre os deveres especiais dos funcionários e agentes do
Estado consulte as páginas 23, 24 e 25 do EGFAE)
3.7.4.Actividades
Leia e responda as questões que se apresentam abaixo.
1. O que entende por deontologia interprofissional?
2. Enumere os princípios da deontologia interprofissional?
3. Indique 5 direitos dos trabalhadores moçambicanos?
4. Indique 5 deveres dos trabalhadores moçambicanos?
5. Estudo de caso: Professor Jorge
O Professor Jorge dá aulas de Matemática na 7ª classe. Ele começou a trabalhar
nesta escola no presente ano 2012. Foi transferido de uma outra escola para esta.
Desde que iniciaram as aulas em Fevereiro, ele já cometeu 26 faltas, por doença.
E ainda estamos a meio semestre. Ele é de certeza uma pessoa doentia.
Certamente que ele não conseguirá terminar com o programa de ensino.
O que fará como Director Pedagógico para resolver este problema sem prejudicar
os alunos, visto que estão numa classe de exame?
6. Estudo de caso: Caso de corrupção
O Professor Carlos dá aulas a turma da 7ª classe da Escola Primária Completa da
Matola. Ele todos os dias pede aos alunos que contribuam para lhe pagar o Chapa,
alegando que o seu salário mal chega para comer. Os seus alunos arruam sempre
uma forma de lhe arranjar o dinheiro porque têm medo de reprovar de classe. Um
belo dia a Mãe do Joao descobriu que faltam 50.00Mtn na sua carteira. Ela ficou
muito preocupada porque na casa deles só estava ela e o seu filho João. O que
significava que o filho é que havia retirado o dinheiro da carteira da mãe.
Questionado o João sobre o porquê da sua atitude, ele disse que era para dar ao
professor porque ele sempre pede o dinheiro de Chapa aos alunos. A encarregada
de educação vai ter consigo, Director/a da escola e coloca este problema.
a) O que dirá a Encarregada de Educação?
b) O que vai fazer perante o problema que lhe foi colocado?
3.7.5.Autoavaliação
1. O que regula a actividade profissional em Moçambique?
2. Estudo de caso: O Senhor António
O Senhor António trabalha na secretaria da Escola Primária 8 de Junho, desde o
ano de 1980. Por ser o trabalhador mais antigo da Escola, o Director Pedagógico
da Escola o tem confiado a chave da estante onde são guardadas as provas de
avaliação. Num dos dias em que os alunos deveriam fazer a prova de Matemática,
o Director Pedagógico pediu ao Sr. António a chave da estante onde são
guardadas as provas para retirar as provas de Matemática. Depois de abrir a
estante, contou as provas e constatou que no molho das provas de Matemática
faltavam 3. Intrigado porque a única pessoa que sabia da chave era ele e o Sr.
António, resolveu pesquisar como poderiam ter desaparecido as 3 provas naquela
estante.
Diga como é que o Director Pedagógico poderá investigar o roubo das provas
para chegar ao culpado?

2. Estudo de caso: Professor Mário


O Professor Mário trabalha numa escola perto no distrito de Chiúre, na Província
de Cabo Delgado. Na sua escola trabalha mais um professor, totalizando com eles
dois e dão aulas da 1ª à 5ª classe. O professor Américo, o colega do professor
Mário, chegou na escola dois anos depois de esta abrir. No primeiro ano da
existência da escola, a escola não tinha nenhuma sala, a turma da 1ª classe, que
era a única, funcionava por baixo de uma mafurreira. O professor Mário teve que
mobilizar os pais e encarregados de educação dos alunos para o ajudarem a
construir duas salas com material local, para que os alunos pudessem se proteger
da chuva e do frio. Os pais e encarregados dos alunos por verem que o professor
empenhava-se muito no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, aderiram a
causa. Não só construíram a escola como fizeram bancos com troncos para que os
alunos pudessem sentar-se. As aulas nesta escola sempre decorreram muito bem.
Você esta de visita na escola e vê a actividade pedagógica e social intensa dos
professores. Fala com os pais e encarregados de educação e eles elogiam o
trabalho dos professores. No balanço da visita eles apresentam-lhe um dos
problemas que enfrentam. Estão com o salário atrasado faz 8 meses. Já não têm
nada para comer faz muito tempo. Eles e as respectivas famílias recebem o apoio
em alimentação dos pais e encarregados de educação.
1. Se você fosse um dos professores o que faria para resolver a situação?
2. Que recomendação dará aos professores face à esta situação?
3. O que fará quando chegar ao seu local de trabalho para resolver a questão
dos professores?

3.7.6.Chave de Correcção
Resposta à pergunta da Actividade
Pergunta1:
A deontologia interprofissional refere-se as normas que orientam as actividades
profissionais de uma forma geral.
Pergunta 2:
São princípios de uma deontologia interprofissional os seguintes: zelar, com sua
competência e honestidade, pelo bom nome ou reputação da profissão; preservar os
valores ou princípios básicos, como a lealdade, a solidariedade profissional na relação
entre colegas de profissão; preservar nas relações com os usuários dos serviços a que
estamos veiculados ou clientes; não se deixar subornar; ser solidário e cooperativo e
ter segredo profissional.
Pergunta 3: são direitos dos trabalhadores os seguintes:

 Exercer as funções para que foi nomeado;

 Receber o vencimento e outras remunerações legalmente estabelecidas;


 Beneficiar de condições adequadas de higiene e segurança no trabalho e de
meios adequados à protecção da sua integridade física e mental;

 Participar nas reuniões;

 Gozar férias anuais e licenças nos termos do presente EGFAE (doença, morte
de parentes, etc);

 Ser avaliado periodicamente pelo seu trabalho com base em critérios justos de
desempenho nos termos a regulamentar;

 Participar nos cursos de formação profissional e de elevação da sua


qualificação;
Pergunta 4: São deveres dos trabalhadores os seguintes:

 Respeitar a constituição, as demais leis e órgãos do poder do Estado;

 Participar activamente na edificação, desenvolvimento, consolidação e defesa


do Estado de direito democrático e no engrandecimento da pátria;

 Dedicar-se ao estudo e aplicação das leis e demais decisões dos órgãos do


poder de Estado;

 Assumir uma disciplina consciente por forma a contribuir para o prestígio da


função de que está investido e o fortalecimento da unidade nacional;

 Promover a confiança do cidadão na Administração Pública e na sua justiça,


legalidade e imparcialidade.
Resposta ao Estudo de Caso: Professor Jorge
Como medida apropriada, irei falar com o professor Jorge, fazendo-o se aperceber
que os alunos estão a ficar prejudicados com as suas faltas e tratando-se de uma
classe de exame, eles precisam de um maior acompanhamento, por parte do
professor. Diria ao Professor Jorge que iria encontrar um outro para o substituir na
turma da 7ª classe e ele poderia fazer trabalho administrativo, até que estivesse
completamente melhor para voltar a dar aulas.
Resposta ao Estudo de Caso de: Corrupção
1. O que dirá a Encarregada de Educação
Em primeiro lugar, irei pedir desculpas à encarregada pela atitude do professor
não apropriada do professor. Direi que não é comum essa prática porque viola o
código de conduta do professor e que a Direcção da escola irá averiguar a situação
e posteriormente tomará medidas que ser-lhe-ão posteriormente comunicadas.
2. Formar-se-á uma comissão para conversar com cada aluno sobre o assunto.
Caso se comprove, mover-se-á um processo disciplinar em que a escola irá
solicitar a retirada do professor no aparelho do estado por violação das normas
constantes do Estatuto Geral do Funcionário e do código de conduta do
professor.
Resposta à pergunta da auto-avaliação
Pergunta 1:
O que regula a actividades profissional em Moçambique é o Estatuto Geral dos
Funcionários e Agentes de Estado
Estudo de caso 3: O Senhor António
Como Director Pegadógico tenho duas alternativas.
A primeira alternativa: invalidar as provas de Matemática e solicitar que o docente
responsável pela cadeira elabore uma nova prova a ser submetida aos alunos. Depois
pediria ao funcionário para entregar-me a chave e ela ficaria apenas comigo.
A segunda alternativa: questionar os alunos da turma, um por um, para saber se
saberiam alguma coisa a cerca da prova, de forma a encontrar o culpado.
Estudo de caso 4: Professor Mário
- Em primeiro lugar, gostaria de referir que este exemplo de dedicação dos
professores de Chiúre é louvável. Para sossegá-los iria dizer que tudo iria fazer para
que se resolvesse a sua situação de salário.
- Quando chegasse ao meu local de trabalho, iria, certamente, reportar o caso aos
meus superiores hierárquicos e pedir a intervenção deles para a solução do problema.
Iria seguir o caso até ser resolvido, para que os professores não desacreditassem no
sistema ou no aparelho de estado.
Resumo dos Pontos Principais
 A Deontologia tem como finalidade a determinação dos deveres que devem ser
cumpridos em determinadas circunstâncias sociais ou no âmbito de uma
determinada profissão.

 A deontologia é um conjunto de deveres, princípios e normas que devem ser


adoptados pelo profissional, devem ser reflectidas no seu comportamento, no seu
agir perante determinadas situações que lhe forem colocadas.

 A diferença entre a ética e a deontologia reside no facto da ética relaciona-se com


as directrizes (regras escritas) que distinguem o bem do mal, o correcto e o
incorrecto. E a deontologia as normas escritas que regulam a actividade
profissional de um determinado grupo.

 A Deontologia profissional diz respeito às normas ou regras que devem orientar a


actividade profissional.

 A deontologia Interprofissional é marcada pelos seguintes princípios básicos de


conduta profissional: Zelar, com sua competência e honestidade; Preservar os
valores ou princípios básicos, como a lealdade, a solidariedade profissional na
relação entre colegas de profissão; Preservar nas relações com os usuários dos
serviços a que estamos veiculados ou clientes; não deixar-se subornar; ser
solidário e cooperativo e ter segredo profissional.

 O que regula o exercício da actividade profissional em Moçambique é o Estatuto


Geral do Funcionário do Estado e Agentes do Estado (EGFAE).

 Os princípios gerais do EGFE são: Legalidade; Imparcialidade; Incompatibilidade


e a Exclusividade.
Bibliografia Complementar
Landmann, J. (1985) Ética Médica sem Máscaras. Ed. Guanabara, p. 26-27.
Ministério da Função Pública (2009). Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do
Estado. Imprensa Nacional de Moçambique, Maputo
Mondin, J. B. (1983) Introdução à Filosofia. Ed. Paulinas, S. Paulo, p. 91-95.
Monteiro, A. R. (2004) Educação & Deontologia. Escolar Editora, Lisboa
Motta, S. N. (1984) Ética e vida Profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural.
Vasquezm, A. S. (1978) Ética, Civilização Brasileira, p. 68-69. São Paulo.
Unidade Temática 4: Deontologia Profissional do Professor

Duração da Unidade Temática 4: 6 horas


Introdução

Nesta unidade, em primeiro lugar iremos nos referir a Deontologia Profissional do


Professor, de um modo geral, aos Valores Éticos e Deontológicos Relacionados com a
Tarefa de Educar e, por fim, o código de conduta dos Professores Moçambicanos
instituído pela Organização Nacional dos Professores em Moçambique que estabelece
princípios que devem guiar e inspirar a prática profissional dos professores
Moçambicanos.

4.1.Evidências Requeridas no fim da Unidade Temática: Deontologia


No fim desta Unidade Temática, os formandos devem ser capazes de:

 Subscrever os valores ético-deontológicos da profissão de Professor;

 Fazer a crítica ao código de conduta tendo em conta a realidade vivenciada


nas escolas;

 Observar o código de conduta do professor;

 Apresentar por escrito uma análise crítica sobre os dilemas com os quais de
confronta o professor em Moçambique a partir de um caso apresentado.

4.2.Sugestões Metodológicas
Na abordagem desta Unidade Temática, o Formador ou Instrutor deve garantir que todos
os formandos possuem os materiais essenciais para a aula, nomeadamente, o código de
conduta do Professor em Moçambique. A medida que vai introduzindo as matérias o
formador poderá introduzir um debate que permita que os discutam entre si e chegue a
uma conclusão. O professor, para além dos casos e das actividades por nós introduzidas,
poderá introduzir mais casos ou perguntas a serem analisados(as) e discutidos(as) pelos
alunos para que possam melhor estar preparados para enfrentar os prováveis problemas
do dia-a-dia.
4.3.Deontologia Profissional do Professor
A profissão de professor é diferente das demais profissões, pela sua importância na
sociedade. O professor é o principal educador do Homem. É ele que consciencializa os
alunos sobre as normas sociais que devem seguir nas suas casas, comunidade e na
sociedade, intermediando a sua educação científica, tecnológica e moral, levando-o a
desenvolver conhecimentos científicos, habilidades e atitudes socialmente aceites. Desta
forma, podemos dizer que é o professor que contribui para a construção de uma
sociedade justa, equitativa, solitária, cooperativa e para o desenvolvimento dos países.
No passando, o professor era respeitado, visto pela sociedade como um sábio, como
educador não só no meio escolar, como também na sua comunidade. Portanto, a profissão
de professor era de grande prestígio e almejada por todos. Actualmente, o prestígio do
professor está sendo ameaçado. Esta ameaça surge devido à fraca situação económica do
professor, que por sua vez causa o rebaixamento das condições de admissão e o tempo de
formação para o curso do professorado. Assim os estudantes mais qualificados optam por
cursos que consideram de grande remuneração.
Face ao exposto, há necessidade de se desenharem estratégias para se resgatar o prestígio
do professor, e isso passa pela qualificação profissional e ético-deontológica do mesmo,
formando-o como um profissional autônomo e reflexivo no seu dia-a-dia de trabalho, e
sobretudo, consciente da importância da interacção e colaboração conjunta com os outros
professores, alunos, país e encarregados da educação e de outros intervenientes na vida
da escola.
4.4.Os Valores Éticos e Deontológicos Relacionados com a Tarefa de Educar
O ensino só faz sentido se ele estiver ligado à realidade, ao dia-a-dia dos alunos. O
professor deve, acima de tudo, entender que ele é um moldador do ser humano. É ele que
transforma o aluno de uma forma integral, tornando-o um cidadão com habilidades para
intervir no seu dia-a-dia de uma forma responsável, contribuído para o seu
desenvolvimento, para o desenvolvimento da sua família e da sociedade.
Na sua tarefa de educar, o professor deve possuir e manifestar os seguintes valores éticos
e deontológicos:
a) Agir de forma íntegra e responsável e contribuir para a construção de saberes
actuais e relevantes para os alunos;
b) Reconhecer, respeitar e pautar por um processo de ensino-aprendizagem que tem
em conta a pluridade ou a diversidade cultural dos alunos na sala de aulas, na
comunidade, no país e no Mundo;
c) Ensinar o aluno a observar o que ocorre a sua volta;
d) Ensinar a pensar ou reflectir sobre o que observa e ouve;
e) Ensinar o aluno a interagir em qualquer contexto;
f) Doptar os alunos de capacidade de resolução de problemas concretos, de acordo
com a sua idade;
g) Doptar ao aluno de capacidade de reatar factos;
h) Doptar ao aluno de capacidade de interagir com o meio;
i) Doptar o aluno da capacidade de investigar e buscar soluções;
j) Ensinar o aluno a respeitar-se a si próprio e a saber respeitar o próximo;
k) Ensinar os alunos sobre a diversidade de culturas, promovendo a construção da
identidade cultural, artística e estética num mundo multicultural e o Respeito
pelas diferenças;
l) Reconhecer a necessidade do processo de ensino-aprendizagem ter em conta a
cultura local e a vivência dos alunos, de uma forma a partir da sua experiência na
abordagem dos conteúdos propostos, em cada um dos níveis;
m) Orientar um ensino virado para as necessidades de cada aluno, respeitando o
ritmo de aprendizagem de cada um;
n) Reconhecer e pautar por uma actualização profissional permanente, de forma a
atender e satisfazer as necessidades dos alunos, através a implementação de
alternativas pedagógicas;
o) Pautar por respeito e responsabilidade efectiva como educador, não sedear as
alunos nem ter atitudes corruptas que manchem o bom nome da profissão.
4.5. O Código de Conduta do Professor em Moçambique

Em Moçambique existe um código de contuta do professor definido pela Organização


Nacional dos Professores em Moçambique (ONP), no quadro daquela que é a principal
responsabilidade do professor, que é ensinar e promover a divulgação do conhecimento
científico e a promoção da cidadania, no alunos.

O código de conduta é segundo a ONP, uma declaração pública que estabelece os


princípios que devem guiar e inspirar a prática profissional dos professores
moçambicanos, definindo 5 princípios fundamentais (ver a página que se segue):

1. O compromisso com os alunos


Desenvolver nos alunos competências que permitam que estes saibam ser, estar,
conhecer e fazer na sociedade;
2. O compromisso com os Pais e Encarregados de Educação
Promover uma relação escola-pais e encarregados de educação saúdavel,
incentivando os pais a colaborar activamente na educação dos seus filhos ou
educandos;
3. O compromisso com a sociedade
Apoiar o Governo na promoção da educação com base na igualdade de direitos e
de oportunidades de acesso;
4. O compromisso para com a Profissão
Os professores devem promover uma educação relevante, em função dos desafios
profissionais da sociedade;
5. O compromisso de Integridade
Os professores devem agir com responsabilidade, dignificando a sua profissão.
4.6.Actividades
Instrução: Leia e responda as questões abaixo apresentadas.
1. Para si, quais são os cinco principais valores éticos e deontológicos relacionados
com a tarefa de educar?
2. Quais são os princípios do código do professor em Moçambique?
3. É importante conhecer as normas que regulam a sua profissão ou não? Porquê?
4. Estudo de Caso1: Sr. António
O Sr. António é um professor da 4ª classe da Escola Primária Completa 11 de
Junho, em Maputo. Desde que iniciaram as aulas, há dois meses, o professor
António chega sempre tarde à escola. Para poder terminar com as aulas, o
professor António dita os apontamentos e zanga-se sempre com os alunos quando
lhe perguntam alguma coisa. Na primeira avaliação não houve positiva entre os
alunos da turma. Uma encarregada de educação de uma das alunas aparece na
escola e pede para falar consigo, por ser o/a Director/a Pedagógico/a da escola?
1. Qual será a sua atitude perante a encarregada de educação?
2. Qual será a sua atitude perante o professor? Justifique a sua resposta?
3. Qual será a sua atitude perante os restantes professores da escola?
5. Estudo de Caso2: Professora Maria
A Professora Maria dá aulas a turma de 4ª classe. As aulas da turma B iniciam às
6h:45 minutos. Desde que iniciaram as aulas a Professora Maria chega à escola
sempre tarde alegando a falta de transporte. Depois de introduzir o tema da aula,
ela dá alguns trabalhos aos alunos e vai conversar com outros professores e
professoras da escola, voltando a sala de aulas 10 minutos antes de a aula
terminar. Um dos alunos da Professora Maria é seu sobrinho e você dá aulas na
mesma escola em que ele está a estudar. A sua irmã, mãe do pequeno Miguel
procura por si e pede para a ajudares a trocar o Miguel daquela turma porque o
pequeno não está a aprender.
Qual será a sua atitude face a esta situação? Justifique a sua resposta.
4.7.Autoavaliação
Estudo de Caso 1: Professora Adélia
A Professora Adélia da Escola Primária Completa 5 de Novembro em Gaza, depois
das aulas, a caminho de casa, viu o Professor João apalpando os seios de uma das
alunas da Escola. Ela ao passar por eles, fingiu que não os via. Ela resolveu não falar
com ninguém sobre o assunto, de forma a não arranjar problemas com o professor.
Será que a atitude da Professora Adélia foi correta? Justifique a sua resposta.
Estudo de Caso 2: Professora Maria
Os alunos da 2ª e 3ª classes Escola Primária de Matimele estão cheios de tinha. A
Professora Maria ao se aperceber desta situação, resolve convocar os pais e
encarregados de educação para falar com eles sobre a necessidade de levarem os seus
filhos ao Posto de Saúde para tratamento. A Professora, dois meses depois de falar
com os pais e encarregados de educação dos alunos sobre o assunto, se apercebe que
problema da tinha prevalece e em certos casos com maior gravidade.
1. Qual deverá ser a atitude da Professora Maria face a este problema? Justifique a
sua resposta.
4.8. Chave de Correcção
Resposta às perguntas das Actividades
1. Os cinco valores éticos e deontológicos relacionados com a tarefa de educar são os
seguintes: ensinar o aluno:
i. Agir de forma íntegra e responsável, contribuir para a construção de saberes
actuais e relevantes para os alunos;
ii. Reconhecer, respeitar e pautar por um processo de ensino-aprendizagem ter em
conta a pluridade ou a diversidade cultural dos alunos na sala de aulas;
iii. Ensinar a pensar ou reflectir sobre o que observa e ouve;
iv. Doptar os alunos de capacidade de resolução de problemas concretos, de acordo
com a sua idade;
v. Doptar ao aluno de capacidade de reatar factos;
2. Os princípios do código de conduta do professor são os seguintes:
i. Assumir o compromisso com os alunos:
Desenvolver nos alunos competências que permitam que estes saibam ser, estar,
conhecer e fazer na sociedade.
ii. Assumir o compromisso com os Pais e Encarregados de Educação:
Promover uma relação escola-pais e encarregados de educação saúdavel,
incentivando os pais a colaborar activamente na educação dos seus filhos ou
educandos.
iii. Assumir o compromisso com a sociedade:
Apoiar o Governo na promoção da educação com base na igualdade de direitos e
de oportunidades de acesso.
iv. Assumir o compromisso para com a Profissão:
Os professores devem promover uma educação relevante, em função dos desafios
profissionais da sociedade.
v. Assumir o compromisso de Integridade:
Os professores devem agir com responsabilidade, dignificando a sua profissão.
3. É importante sim, porque permite que cada um de nós possa saber como comportar-se
no meio profissional responsável e competente, servindo melhor ao país.
4. Estudo de caso 1
Como Directora Pedagógica, em primeiro lugar, irei ouvir a encarregada de educação.
É evidente que a escola já deveria ter-se apercebido deste problema durante a
monitoria das aulas ou mesmo através do registo de atrasos no livro do ponto. Se a
escola não tiver se apercebido, depois de falar com a encarregada, é meu papel
questionar os alunos, na ausência do professor para saber o que está a acontecer na
turma. E depois procurar assistir as aulas do professor regularmente. Depois disso é
que iria interagir com o professor de forma a chamar atenção em relação as
constatações feitas por mim. Se os atrasos continuassem e as aulas fossem mal dadas
a alternativa seria demitir do professor em causa.
Quanto aos outros professores iria convocar uma reunião em que falasse com todos
sobre a importância de se cumprir com o horário para levarmos avante a nossa missão
de ensinar os alunos.
(Qualquer resposta é válida desde que aponte para a resolução do problema).
5. Estudo de caso 2
Tendo em conta que eu sou um/a dos/as professores(as) da escola, a minha atitude
seria dizer a minha irmã que a situação que afecta ao filho também afecta aos colegas
na escola e, desta forma, é importante que o problema seja resolvido para o benefício
de todos os alunos da turma. Depois iria encaminhar o caso ao Director Pedagógico,
relatando toda a informação prestada pela encarregada de educação. Caberia ao
Director, em coordenação com o responsável do ciclo, monitorar o problema para que
todos os alunos fossem recuperados e se beneficiassem da aprendizagem.
(Qualquer resposta é válida desde que aponte para a resolução do problema).

Respostas da parte da Autoavaliação


Estudo de caso 1
A atitude da professora Adélia não foi das mais correctas. A professora Adélia como
educadora deveria ter parado e pedido para falar com o professor, apelando que a
aluna se retirasse. Depois da saída da aluna, a professora Adélia deveria ter chamado
atenção ao professor, como professor e como uma pessoa mais velha, não pode
meter-se com as alunas por serem menores e por esse não ser o perfil de um
professor. E dar um ultimato, por exemplo, caso continue a meter-se com as alunas
levaria o caso as instâncias competentes (por exemplo: à Direcção da Escola e à
Polícia por se tratar de uma menor). De seguida, a professora poderia procurar a aluna
na escola e falar com ela para melhor entender o que estava a acontecer entre ela e o
professor. Depois poderia chamar atenção a aluna, explicando que se trata de abuso
de menores e das consequências desses actos e também sobre a necessidade de
apresentar queixa caso isso volte a acontecer. A professora, em coordenação com
Direcção Pedagógica, poderia, organizar um encontro com todas as alunas para falar
sobre o Assédio Sexual e o Abuso de Menores e montarem uma estratégia para que os
alunos passassem a apresentar queixa à Direcção, sem se exporem.
(Qualquer resposta é válida desde que aponte para a resolução do problema e uma
educação a cerca do assédio sexual aos alunos).
Estudo de caso 2
Dada a falta de preocupação dos pais e encarregados de educação, a professora
poderá deslocar-se ao Posto de Saúde para pedir que os profissionais apoem a escola
para a resolução deste problema. Uma das estratégias a ser adoptada seria um dos
profissionais dirigir-se à escola para levar a cabo uma campanha com o objectivo de
tratar os alunos e sensibilizá-los no que concerne as causas e as estratégias de
prevenção desta doença.
(Qualquer resposta é aceitável desde que remeta para o tratamento da doença e
educação dos alunos para a prevenção).

Resumo dos Pontos Principais


 O professor deve respeitar e seguir as normas que regulam a sua profissão.
 O professor é um educador por excelência, porque é quem desenvolve nos alunos,
conhecimentos, habilidades, valores, atitudes que permitem a sua integração
efectiva na sociedade;
 O professor que consciencializa os alunos sobre as normas sociais que devem
seguir nas suas casas, comunidade e na sociedade em geral;
 O professor contribui para a construção de uma sociedade justa, equitativa,
solitária, cooperativa e para o desenvolvimento dos países.
 O professor durante a sua actuação profissional e não só, deve seguir todos os
valores éticos e deontológicos Relacionados com a Tarefa de Educa, entre os
quais:

 Agir de forma íntegra e responsável, contribuir para a construção de saberes


actuais e relevantes para os alunos;

 Reconhecer, respeitar e pautar por um processo de ensino-aprendizagem que


tem em conta a pluridade ou a diversidade cultural dos alunos na sala de
aulas;

 Ensinar a pensar ou reflectir sobre o que observa e ouve;

 Ensinar o aluno a interagir em qualquer contexto;

 Doptar os alunos de capacidade de resolução de problemas concretos, de


acordo com a sua idade;

 Ensinar o aluno a respeitar-se a si próprio e a saber respeitar o próximo;

 Reconhecer a necessidade do processo de ensino-aprendizagem ter em conta


a cultura local e a vivência dos alunos, de uma forma a partir da sua
experiência na abordagem dos conteúdos propostos, em cada um dos níveis;

 Pautar por respeito e responsabilidade efectiva como educador, não sedear


as alunos nem ter atitudes corruptas que manchem o bom nome da profissão.
 O professor deve exercer a sua actividade profissional, de uma forma integrada,
no âmbito das diferentes dimensões da escola como instituição educativa e no
contexto da comunidade em que esta se insere, seguindo o código de conduta do
Professor em Moçambique.
Bibliografia Complementar
Ministério da Função Pública (2009). Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do
Estado. Imprensa Nacional de Moçambique, Maputo.
Monteiro, A. R. (2004) Educação & Deontologia. Escolar Editora, Lisboa.
Motta, S. N. (1984) Ética e vida Profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural.
Nóvoa, A. Os professores e a sua formação, Lisboa: Nova Enciclopédia. 1992.
Rios, T. A. ética e competência. São Paulo: Cortez, 1999.
Tavares, C. J. (1986) Fundamentos teóricos para uma deontologia profissional, Trabalho
publicado na revista Filosofia em Revista 86.6 - Apresentado no Seminário sobre
ética profissional promovido pelo Conselho Regional de Assistentes Sociais (CRAS)
- 1a Região MA/PI).
Vasquezm, A. S. (1978) Ética, Civilização Brasileira, p. 68-69. São Paulo.
Viana, M. G. (1974). Ética geral e profissional. Porto: Figueirinhas
Unidade Temática 5: A Deontologia Educacional e a Cultura dos Alunos

Duração da Unidade Temática 5: 6 Horas


Introdução

Alguns estudos sobre a avaliação educacional mostram a necessidade de se equacionar


durante o processo de ensino-aprendizagem todos os aspectos relacionados com a
diversidade cultural. Nesta unidade iremos abordar a visão de ensino-aprendizagem que o
professor deverá ter, numa dimensão multicultural, permitindo o desenvolvimento de um
ensino inclusivo, em que se tem em conta a experiências que de cada um dos alunos
transporta consigo para a escola.

5.1.Evidências Requeridas
No fim desta Unidade Temática, os formandos devem ser capazes de:
 Explicar a importância de respeitar a diversidade cultural e todas a natureza dos
seus alunos durante o processo de planificação do processo de ensino-
aprendizagem;
 Planificar, a partir de situações inventadas e dadas pelo formador, aulas
inclusivas?
 Conceber actividades diferenciadas para os alunos de acordo com as suas
necessidades de aprendizagem.
 Explicar aos alunos os aspectos da diversidade cultural do povo Moçambicano,
fortalecendo a diversidade cultural.

5.2.Sugestões Metodológicas
Antes de abordar esta Unidade Temática o professor pode começar por perguntar a
proveniência de cada formando e a respectiva língua materna. Depois poderá perguntar
quais são aos aspectos socio-culturais que caracterizam as pessoas na sua província ou do
seu distrito. Depois faça um paralelismo com os alunos que entram pela primeira vez na
escola, quem têm experiências sociolinguísticas e socio-culturais diferentes e a
necessidade de nivelar as suas experiências, sem provocar nenhum choque, com os seus
valores culturais individuais.
5.3.Moçambique um País Multicultural
Moçambique é um país multilingue, com cerca de 24 línguas nacionais de origem Bantu,
coexistindo com o português, língua oficial, língua de ensino, língua usada na esfera
política e socioeconómica e língua de Unidade Nacional (servindo de veículo de
comunicação entre os moçambicanos falantes de línguas diferentes moçambicanas e de
outras línguas de origem asiática).

Considerando que uma língua é um meio importante de preservação e de expressão


cultural, transmitindo valores éticos e morais, podemos deduzir que em Moçambique
existe uma diversidade de culturas. O que significa que a maior parte dos nossos alunos
quando aparece na escola transporta consigo valores morais, éticos (sabem distinguir o
bem do mal, o comportamento correcto e do incorrecto), que demonstram através de
atitudes, valores e habilidades adquirida(o)s por meio da sua língua materna, bem como
outras expressões culturais assimiladas ou que vão assimiladas ao longo do seu processo
de socialização, no seu dia-a-dia, na família e na comunidade onde se encontram
inseridos.

5.4. Os Processos de Socialização como Determinantes para a Formação da


Identidade Individual e Colectiva
A família e a comunidade são os meios de socialização primários. Uma criança quando
nasce, na maior parte das vezes, familiariza-se com tudo o que está a sua volta. As
pessoas, a língua, os gestos, as coisas e o meio. Com a língua, cada aluno adquire os
valores e as atitudes associadas ao seu contexto familiar. Vai crescendo e interagindo
com outras pessoas do meio extrafamiliar, ao nível da sua comunidade, onde também
adquire e desenvolve outros valores que fazem dele um membro de uma colectividade,
que é a comunidade a que pertence. Mais tarde, assimila valores e atitudes que fazem
dele um membro de uma sociedade com dimensões mais alargadas que é o país, o
continente e o mundo.
5.5. Alguns Direitos Fundamentais do Homem Pasmados na Declaração Universal
dos Direitos Humanos
Embora existam aspectos culturais diversos e valores morais em cada uma das
sociedades, o Mundo possui também o que nós podemos designar valores morais
transversais pasmados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução 217
A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Esta
declaração parte do princípio de que em todos os membros da família humana e de seus
direitos iguais e inalienáveis está assente o fundamento da liberdade, da justiça e da paz
no mundo, considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos
resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade.

A declaração é assim considerada, pela assembleia que a proclamou, um ideal comum a


ser seguido e alcançado pelos povos e nações, o objectivo essencial da Declaração é que
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se
esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e
liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional.

Em relação à declaração, não será possível analisar todos os artigos, desta forma, nos
cingiremos nos que são fundamentais para um bom exercício da cidadania.

Artigo I

Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II

Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.

Artigo III

Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.


(…)

Artigo VI

Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a
lei.

Artigo VII

(…)

Artigo X

Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de
um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do
fundamento de qualquer acusação criminal contra ela.

(…)

Artigo XXVI

1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no
mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as actividades das Nações
Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada
a seus filhos.

Artigo XXVII

1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de


fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
(…)

Como se pode ver, o direito à instrução esta vincado na Declaração Universal dos
Direitos do Homem. No caso de Moçambique, a educação básica (da 1ª à 7ª classe) é
gratuita. O que significa que o país está a cumprir com um dos direitos fundamentais do
Homem que é criar condições para que os Moçambicanos tenham direito à instrução, para
que ele possa ter competências básicas para trabalhar para si, sua família e contribuir para
o desenvolvimento da comunidade.

Como professores do nível Básico é importante também saber o que diz a Convenção
sobre os direitos da criança, de forma a melhor actuar neste campo. Importa referir que
foi com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos que se subescreveu
Convenção sobre os Direitos da Criança em 1989.

5.6. Os Direitos da Criança


Com base na convenção sobre os Direitos Humanos, concebeu-se a convenção sobre os
direitos da criança, tendo sido adoptada na 44ª Sessão Ordinária da Assembleia Geral das
Nações Unidas em Novembro de 1989. E Moçambique aderiu à Convenção em 1990.

O professor do Ensino Básico em Moçambique deve conhecer os Direitos da Criança


para melhor velar e assegurar pelo seu cumprimento, seja na escola ou na comunidade, de
forma a que as crianças tenham um crescimento saudável na familiar, na escola e na
comunitária, participando em actividades que estimulem o seu desenvolvimento físico,
intelectual, estético e cultural.

Neste contexto, não iremos abordar todos os Direitos da criança mas, apenas os que estão
relacionados com a educação, especificamente os que fazem parte dos artigos 28 e 29.

Artigo 28

1. A criança tem direito à Educação e afim dela exercer esse direito é tarefa do governo:

i. Tornar o ensino primário obrigatório e disponível gratuitamente para todos;

ii. Estimular o desenvolvimento do ensino secundário em suas diferentes formas,


inclusive o ensino geral e profissionalizante, tornando-o disponível e acessível a
todas as crianças e adoptar medidas apropriadas de ensino gratuito e de concessão
de assistência financeira em caso de necessidade;

(…)

iii. Tornar a informação e orientação educacionais a profissionais de educação


disponíveis e acessíveis a todas as crianças;

iv. Adoptar medidas para estimular a frequência regular à escola e a redução do índice
de abandono escolar.

2. Os Governos adoptarão medidas para assegurar que a disciplina escolar seja


ministrada de maneira compatível com a dignidade humana e em conformidade com a
presente convenção.

3. Os Governos promovem e estimulam a cooperação internacional em questões


relativas à educação especial, visando contribuir para a eliminação da ignorância e do
analfabetismo no mundo e facilitar o acesso aos conhecimentos científicos e técnicos
e aos métodos modernos de ensino.

Artigo 29

Os Governos reconhecem que a educação deverá estar orientada no sentido de:

a) Desenvolver a personalidade, os seus dons, as aptidões e a capacidade mental e


física da criança em todo seu potencial;

b) Incutir na criança o respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais bem


como aos princípios consagrados na carta das Nações Unidas;

c) Preparar aos alunos para assumir uma vida responsável numa sociedade livre,
com espírito de compreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos e amizade entre
os povos, grupos étnicos, nacionais, religiosos e pessoas de outras origens.

d) Incutir nos alunos o respeito aos pais, a sua própria identidade cultural, a sua
língua e seus valores, aos valores nacionais do país em que vivem, dos seus países
e de outras civilizações diferentes das suas.

Estes Direitos da Criança referentes à educação são muito importantes para que o
professor possa entender as dimensões da sua acção no processo de ensino-aprendizagem.
Essas dimensões têm como objectivos ensinar a criança a saber ser e estar (a conhecer e
seguir valores apropriados e a ter atitudes apropriadas e responsáveis) dentro e fora da
escola, a saber conhecer (ser curioso e preocupar-se em aprender) a saber fazer
(desenvolver habilidades de acordo com as competências que estão definidas ao nível dos
programas de ensino e não só).

5.7.Ensino e a Diversidade na Sala de Aulas


Aos 6 anos, quando as crianças entram para escola, pela primeira vez, levam consigo os
seus valores culturas, adquiridos no seu ambiente familiar. Portanto, possuem diferenças
individuais, embora saiam de uma mesma comunidade, ou da mesma província. Algumas
vezes as diferenças individuais são acentuadas pelo nível de educação que os pais
possuem ou pelo nível do envolvimento dos mesmos na educação dos seus filhos. Por
exemplo, se no meio familiar houver hábitos de leitura e a criança for incentivada a ler
pelos seus pais ou encarregados de educação, certamente que ela terá uma maior
capacidade de interagir com as outras crianças, em particular e com outras pessoas, de
uma forma geral, bem como de observar e interpretar tudo o que está a sua volta. São
estas diferenças que se acentuam na sala de aulas, se o professor não for capaz de
organizar as actividades de ensino-aprendizagem em função da diversidade de alunos na
sala de aulas.

Importa referir que as diferenças entre os alunos, algumas vezes são mais acentuadas nas
zonas urbanas e suburbanas ou nas sedes dos distritos. Por exemplo, em algumas escolas
situadas na zona urbana, podemos nos deparar com o seguinte contexto:

a) alunos que vêm de uma zona suburbana que falam o português e uma língua
local;

b) alunos que vêm da zona suburbana, cuja sua origem é rural e que falam apenas
uma língua local;

c) alunos do centro da cidade que falam apenas português;

d) alunos que são do centro da cidade que falam exclusivamente uma língua asiática.

Estamos neste caso, num contexto de diversidade cultural, visto que cada um dos grupos
possui para além das experiências específicas do grupo, as diferenças individuais.
A escola, desta forma, não deve ser alheia a questão de diversidade socio-cultural na sala
de aulas ou no contexto escolar. Ela deve desenvolver mecanismos para que todos os
alunos tenham a mesma oportunidade de aprender, o que significa que todas as
actividades de planificação devem ter em conta a diversidade existente.

No acto da planificação, o professor deve ter em mente o tipo ou as características e as


experiências individuais dos seus alunos. Esse levantamento das características
individuais pode ser feito a partir de uma diagnóstico oral ou escrito, com enfoque nos
pré-requisitos necessários para a apreensão de um determinado conteúdo constante do
programa. Isto é que chamamos de educação inclusiva, porque permite que todos os
alunos aprendam independentemente das suas particularidades. Portanto, é importante
que a gestão do processo de ensino-aprendizagem na sala de aulas que olhe para as
necessidades de aprendizagem de cada um e as competências que se pretende
desenvolver. A escola tem, assim, o papel de nivelar as aprendizagens.

Neste contexto, para o sucesso da aprendizagem é também importante que os professores


eduquem os alunos para respeitar e valorizar as diferenças individuais e colectivas,
incutir nestes os valores morais para que todos eles possam manifestar atitudes cívicas
apropriadas em qualquer contexto (na escola, na família e na comunidade) por ser este
um princípio para o exercício da sua cidadania.

5.8. Estratégias para a Advocacia dos Direitos da Criança na Escola e na


Comunidade
As escolas são instituições que tem por objectivo moldar o Homem, construindo nele o
saber que o permita participar activamente no seu desenvolvimento pessoal e no
desenvolvimento da sociedade onde se encontra inserido.

Os professores como promotores desse saber são indivíduos privilegiados na sociedade,


pois, são por ela percebidos como detentores do saber. Desta forma, eles podem ter um
papel crucial na educação do cidadão para o respeito pelos Direitos da criança e para o
bom exercício da cidadania, especificamente, para a promoção da paz e igualdade.

Desta forma, os professores têm um papel importante na educação da população, em


geral e, principalmente, na sensibilização dos pais e encarregados de educação, para o
respeito e preservação dos direitos da criança, fazendo cumprir um dos direitos
fundamentais da criança, principalmente o direito à instrução e todos outros cujo que
concorram para o seu bem-estar.

Para a disseminação dos direitos e deveres da criança, os professores podem dedicar uns
minutos nas reuniões com os pais e encarregados para a comunicação dos seu
desempenho pedagógico, para disseminar alguma informação sobre o direito e os deveres
das crianças. Isso irá permitir que todas as pessoas directamente ligadas às crianças
participem activamente na defesa dos seus direitos e na promoção do seu bem-estar e na
sua educação.

5.9.Actividades
1. Faça a caracterização da situação cultural e linguística do povo moçambicano?
2. O que é que deve fazer para que as suas aulas sejam um sucesso numa situação
em que tem alunos com conhecimentos heterogéneos ou desiguais?

3. Comente o número 1 do artigo XXVI da Declaração dos Direitos Humanos.

“Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução
técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta
baseada no mérito”.

4. Porque é importante o professor conhecer os Direitos da Criança?

5. O que é que o professor pode fazer para advogar pelos Direitos da Criança na
escola e na comunidade?

5.10.Autoavaliação
Quando os alunos vêm à escola, trazem consigo toda a sua experiência cultural,
especificamente a língua, valores a atitudes. Uns falam apenas português, outros são
bilingues, falam português e uma língua Bantu e outros ainda, apenas uma língua de
origem Bantu, para além das experiências individuais que são adquiridas no seio das
respectivas famílias.
Imagina que estes alunos estão na sua sala de aulas. Você como professor como pode
responder às necessidades de aprendizagem destes alunos de forma a que eles tenham
conhecimentos homogéneos?

5.11.Chave de Correcção
Resposta às perguntas das Actividades

1. O Povo moçambicano está subdividido linguisticamente de acordo com o


respectivo grupo étnico, sendo a língua um meio importante de preservação e de
expressão cultural, transmitindo valores e atitudes como o saber ser e estar na
sociedade (valores éticos e morais), podemos deduzir que em Moçambique
também existe uma diversidade de culturas.

2. Para que as aulas sejam um sucesso numa situação de turma heterogénea devo
acima de tudo fazer um diagnóstico de forma a saber quais são as necessidades de
aprendizagem de cada um dos alunos e planificar as aulas em função das
necessidades de aprendizagem de cada aluno.

3. Esta afirmação é importante porque refere-se à importância das crianças estudarem


ou terem o acesso ao conhecimento para estimular o seu desenvolvimento pessoal,
para que eles possam contribuir para a melhoria da sua vida e das suas famílias.

4. É importante o professor conhecer os Direitos da Criança, principalmente os


referentes à educação porque só assim ele pode entender a importância dos
mesmos e lutar para implementar e promover esses direitos, para que todas as
crianças possam ter um desenvolvimento integral, saber ser e estar (a conhecer e
seguir valores apropriados e a ter atitudes apropriadas e responsáveis) dentro e
fora da escola, a saber conhecer (ser curioso e preocupar-se em aprender) a saber
fazer (desenvolver habilidades de acordo com as competências que estão
definidas ao nível dos programas de ensino e não só).
3. Para promover os Direitos da Criança, os professores podem promover encontros
para a sensibilização dos alunos, pais e encarregados de educação para a
disseminação dos valores, principalmente o direito à instrução e todos outros que
são importantes para o bem-estar da criança.
Resposta às perguntas de Autoavaliação
1. Para responder à situação de diversidade cultural dos alunos, eu, como professor,
devo planificar observando as diferenças individuais, criando actividades
educativas em função das características e experiências de cada um dos alunos,
para que haja sucessos na aprendizagem, tendo em conta as competências
predefinidas no programa de ensino da respectiva classe.

Resumo dos Pontos Principais


 Moçambique é um país multicultural e multilinguístico (temos várias culturas e
várias línguas).
 O Português é língua Oficial, língua de ensino, língua usada na esfera política e
socioeconómica e língua de Unidade Nacional, servindo de veículo de
comunicação entre os moçambicanos falantes de línguas diferentes.
 A maior parte dos nossos alunos quando aparece na escola transporta consigo
valores morais, éticos (sabem distinguir o bem do mal, o comportamento correcto
e do incorrecto). Eles demonstram, desta forma, atitudes, valores e habilidades
adquirida(o)s durante o processo de socialização na família e na comunidade.
Portanto, podemos assumir que as crianças quando entram para escola têm
experiências de vida completamente diferentes e a escola (os professores) não
deve ser alheia a isso.
 Os Professores devem, acima de tudo, desenvolver mecanismos para que todos os
alunos tenham a mesma oportunidade de aprender, o que significa que todas as
actividades de planificação devem ter em conta a diversidade existente na sala de
aulas.
 O Professor deve velar pela não violação dos direitos da criança, promovendo-os
na comunidade e no seio da sua família.
Bibliografia Complementar
Brandão , R. C. (1998) . O que é Educação. 1ª edicção. São Paulo, Brasiliense.

Ministério da Função Pública (2009). Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do


Estado. Imprensa Nacional de Moçambique, Maputo.

Monteiro, A. R. (2004). Educação & Deontologia. Escolar Editora, Lisboa.

Motta, S. N. (1984). Ética e vida Profissional. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural.

Nações Unidas (1989). Convenção sobre os Direitos da Criança. 44ª Sessão Ordinária da
Assembleia Geral das Nações Unidas.

Nóvoa, A. Os professores e a sua formação, Lisboa: Nova Enciclopédia. 1992.

Perrenoud, Ph. (2000). Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre, Artes
Médicas sul.

Rios, T. A. (1999). Ética e Competência. São Paulo: Cortez, 1999.

Rios, T. (2001). Compreender e Ensinar: por uma docência da melhor qualidade. Sào
Paulo: Cortez.

Tavares, C. J. (1986) Fundamentos teóricos para uma deontologia profissional, Trabalho


publicado na revista Filosofia em Revista 86.6 - Apresentado no Seminário sobre
ética profissional promovida pelo Conselho Regional de Assistentes Sociais (CRAS) -
1a Região MA/PI).

Vasquezm, A. S. (1978) Ética, Civilização Brasileira, p. 68-69. São Paulo.

Viana, M. G. Ética geral e profissional. Porto: Figueirinhas, 1974


Unidade Temática 6: O Perfil do Professor

Duração da Unidade: 6 Horas

Introdução
Nesta unidade iremos abordar o perfil do professor com enfoque para o perfil profissional
e social, de forma a que possa melhor identificar-se com a sua profissão.

6.1.Evidências Requeridas
No fim desta unidade temática sobre o Perfil do Professor, os formandos devem ser
capazes de:

 Subscrever o Perfil do Professor;

 Agir de acordo com o perfil da sua profissão na escola e na comunidade;

 Apresentar projectos de interacção entre a escola e as comunidades;

 Apresentar projectos de escolares de recuperação dos estudantes com


dificuldades;

 Organizar as suas actividades do dia-a-dia.

6.2.Sugestões Metodológicas
Antes de abordar esta unidade temática, o formador pode formar grupos de trabalho e
pedir aos formandos para apresentem o perfil actual do professor (na escola e na
comunidade) e para o perfil ideal para que o professor seja considerado um educador.
Após a elaboração desta actividade, os grupos podem apresentar no quadro para o debate
e o formador poderá moderar as sessões. Por fim, o formador poderá retomar a aula,
explorando todos os pontos colocados.
6.3.O Perfil do Professor
A sociedade exige um professor qualificado nos planos científico, tecnológico,
pedagógico e ético-deontológico, considerando que só assim, ele estará em condições de
desempenhar eficazmente as funções educativas, formando o Homem para a sua melhor
inserção na vida social, económica e política.

O ser bom professor, para além de ser fruto de uma formação profissional, resulta de um
processo evolutivo, construído no dia-a-dia após o início da actividade prática na sala de
aulas, resultante do conhecimento académico (conhecimento da disciplina), do
conhecimento didáctico-pedagógico, da interacção com os alunos, do conhecimento do
seu meio social, do conhecimento das características da comunidade na qual a escola se
insere, do seu entendimento do desenvolvimento psico-motor dos seus alunos e da
interação com outros professores.

No âmbito das suas competências de professorado, é importante que o professor possua


confiança suficiente, em si próprio, para poder intervir com segurança, buscando e
criando estratégias que o permitam gerir as aprendizagens dos seus alunos, adequando o
ensino as necessidades de aprendizagem. Assim, o professor deve, acima de tudo, ser um
líder de aprendizagem, promovendo momentos de discussão e troca de experiências com
os seus colegas; ser um líder de inovação pedagógica, estimulando os alunos e
motivando-os para a aprendizagem e a criatividade; ser defensor e promotor da ética e da
moral, criando um clima afectivo na sala de aula, respeitando e promovendo o respeito
pela diversidade e individualidade, ser essencialmente um educador, desenvolvendo noa
alunos conhecimentos, habilidades, valores e atitudes morais essenciais para a sua vida
futura.

No que diz respeito ao perfil, um professor para que seja considerado bom, deve observe
as seguintes dimensões:

 Profissional, social e ética (valores)

 Desenvolvimento de ensino e aprendizagem


 Relação Instituição de ensino e comunidade

 Desenvolvimento profissional ao longo da vida

a) Dimensão profissional, social e ética

No que se refere a dimensão profissional, social e ética, um bom professor deve:

 Promover as aprendizagens curriculares específicas, de acordo com os programas


de ensino oficialmente aprovados e instituídos pela instituição em que estiver
afecto, materializando a sua prática profissional de acordo com as suas
competências profissionais (conhecimentos sobre o que ensinar, habilidades de
como ensinar, valores e atitudes éticas e deontológicas, seguindo o definido no
código de conduta do professor). Isto significa que o professor:

o Assume-se como um profissional que domina o conteúdo proposto nos


programas de ensino;

o Tem a tarefa de facilitar o processo de ensino-aprendizagem, desta forma deve


planificar as aulas partindo do conhecimento dos alunos, respeitando as
necessidades de aprendizagem de cada um e olhando para as competências
que devem ser desenvolvidas por eles que estão pré-definidas no respectivo
programa de ensino;

o Não descrimina os alunos independentemente a sua condição social, raça,


religião, proveniência, sexo e idade;

o Discute com os colegas aspectos relacionados com os currículos e a prática


educativa como forma de partilhar as suas experiências e melhorar o seu
desempenho.

 Saber ser e estar tanto no seu local de trabalho como na comunidade, o que
implica que o professor:

o Tem atitudes profissionais apropriadas no seu local de trabalho. Respeita o seu


local de trabalho, bem como o dos seus colegas.
o Promove uma interação positiva com a comunidade onde a escola se encontra
inserida. Partilha com a comunidade os problemas da escola. Desenvolve
campanhas de educação cívica e de sensibilização em relação aos assuntos
que digam respeito a vida saudável de todos.

o Promove equitativamente a interacção com os alunos de forma a garantir o


bem-estar e a sua auto-estima, contribuindo para o desenvolvimento de todas
as componentes da sua identidade individual e colectiva.

o Identifica e respeita as diferenças culturais e pessoais dos colegas e dos


alunos, valorizando os diferentes saberes e culturas, combatendo, desta forma,
os processos de exclusão e discriminação.

o É criativo, tem a capacidade de comunicar, sabe dialogar e tem a capacidade


de fazer críticas oportunas e positivas ou construtivas em ambiente
apropriado.

o Promove acções que conduzem ao desenvolvimento de valores e atitudes


apropriadas entre os formandos.

o Incentiva a construção participativa de regras de convivência democráticas e


gere com flexibilidade situações problemáticas e conflitos de natureza diversa,
entre os alunos e entre os colegas.

o Não manifestar comportamentos inoportunos de assédio sexual tanto aos


colegas como aos formandos.

b) Desenvolvimento de ensino e aprendizagem

No que diz respeito a dimensão de desenvolvimento do processo de ensino-


aprendizagem, um bom professor é aquele que promove aprendizagens no âmbito de um
currículo, contribuindo para o desenvolvimento de competências pré-determinadas nos
alunos. O que significa que ele:

 Desenvolve a sua tarefa de facilitador do processo de ensino-aprendizagem com


rigor científico e metodológico, promovendo aprendizagens significativas no
âmbito da materialização do currículo.
 Promove um processo de ensino-aprendizagem integrado, integrando temas
transversais2 e adoptando uma perspectiva multidisciplinar, apropriada ao nível
dos alunos.

 Organiza o processo de ensino-aprendizagem conciliando a teoria e a prática,


sustentado em actividades de caráter lúdico, ciente de que os alunos só aprendem
brincando ou fazendo.

 Utiliza correctamente a língua portuguesa na sua vertente escrita e oral,


adequando a sua linguagem ao nível dos alunos, falando ou escrevendo com
clareza, sem ambiguidade.

 Adopta metodologias participativas no processo de ensino-aprendizagem,


promovendo a interacção verbal entre ele e os alunos, aluno-aluno e aluno-
professor na construção do conhecimento.

 No processo de ensino-aprendizagem o professor tem sempre em conta os


conhecimentos dos alunos relativamente ao conteúdo-alvo. Portanto, o professor
desenvolve um processo de ensino-aprendizagem a partir dos conhecimentos dos
alunos, deixando que estes participem activamente no processo de construção das
suas competências.

 Desenvolve estratégias pedagógicas diferenciadas, para responder à diversidade


cultural e individual dos alunos de forma conduzir com sucesso o processo de
ensino-aprendizagem.

 Assegura a realização de actividades complementares que contribuam para o


desenvolvimento de competências requeridas nos formandos.

 Utiliza a avaliação nas suas diferentes modalidades, como um instrumento


informativo regulador e promotor da qualidade da formação.

c) Relação escola e a Comunidade

2
Temas transversais são todos os temas de interesse social como por exemplo temas ligados à
educação cívica, saúde e higiene, gestão do meio ambiente, educação sexual, gestão de
recursos naturais, novas tecnologias de informação e comunicação, etc…
A relação entre a escola e a comunidade deve ser saudável para que todos possam exercer
a tarefa de educar de forma articulada. Assim, podemos considerar que um bom professor
é aquele que promove a ligação ou relação entre a sua instituição de ensino e a
comunidade. O que significa que ele:

 Promove uma interacção permanente entre as necessidades de aprendizagem e as


expectativas da sociedade oferecendo uma formação relevante ao aluno.

 Define, em colaboração com os colegas, projectos educativos sociais, de acordo


com as necessidades das comunidades, seja no âmbito da educação ambiental ou
educação para a saúde, coordenando com outros sectores-chave ao nível do
distrito, da localidade, da cidade ou da sociedade, de uma maneira geral.

d) Desenvolvimento profissional ao longo da vida

Um bom professor demonstra interesse no seu desenvolvimento profissional, através da


busca de informação para a sua actualização científica e pedagógica, ao longo do
exercício da sua actividade profissional e não só. O que significa que o ele:

 Vê a sua formação e a capacitação como elemento constitutivo da prática


pedagógica, construindo-a a partir das necessidades e realizações com recurso à
investigação e reflexão sobre a prática no seu dia-a-dia;

 Partilha as suas experiências, reflexões ou estudos com os seus colegas,


partilhando a sua experiência com os seus colegas da profissão. Isto pressupõe
que um bom professor deve:

o Reflectir sobre aspectos éticos e deontológicos inerentes à profissão,


avaliando os efeitos das decisões tomadas;

o Perspectivar o trabalho de equipa como factor de enriquecimento da sua


formação e actuação profissional, privilegiando a partilha de saberes e de
experiências;

o Desenvolver competências pessoais, sociais e profissionais, numa perspectiva


de formação-acção, considerando as diversidades e semelhanças das
realidades nacionais e o enquadramento regional e internacional da sua
profissão;

 Contribuir para as reformas curriculares tecendo recomendações relevantes para a


actualização dos conteúdos.

6.4.Actividades
1. O que entende por Perfil do Professor
2. Porque é importante o Professor conhecer o Perfil do Professor

3. Estudo de caso: O Professor Carlos

O Professor Carlos dá aulas na Escola Primária Completa 9 de Outubro, na


Cidade de Lichinga. Todos os sábados marcado para a planificação de aulas, o
Professor Carlos aparece embriagado na escola. Tu falas com ele por não achares
correcto o seu aparecimento naquele estado na escola e ele diz que é fim-de-
semana e ele pode fazer tudo o que quiser.

a) Acha que o Professor Carlos tem razão?

b) Qual será a sua atitude face a esta situação?

4. Estudo de caso: A Professora Alice

A Professora Alice é recém-formada e dá aulas à turma C da 5ª classe da Escola


Primária Completa de Pemba. Nos primeiros dias de aulas, a Professora Alice se
apercebe de que os alunos não fazem os exercícios que ela dá como TPC para
serem feitos em casa. E também se apercebe que dos 57 alunos existentes na sala
de aulas apenas 3 é que sabem ler e escrever. Os restantes não conseguem ler. Ela
decide enviar uma convocatória aos pais e encarregados para o sábado seguinte e
apenas aparecem apenas cinco (5).
a) Face a esta situação, o que acha que a professora Alice deve fazer?

b) O que ela poderá fazer para motivar a participação dos pais e encarregados
dos alunos nas actividades e no acompanhamento dos seus educandos?

c) Você é Directora Pedagógico(a) da Escola Primária Completa de Nicoadala,


na Província da Zambézia. O funcionário da sua escola aparece no seu
gabinete para o informar que o livro de turma dos alunos da 7 F desapareceu.
Para melhor entender a questão você pergunta ao funcionário como é que isso
aconteceu e ele passa a narrar.

“Eu tinha deixado o livro na secretária do professor no intervalo 3 minutos


antes da hora da aula, convencido que o professor o encontraria lá, porque
senti-me mal e precisei de ir à casa de banho. Quando regressei encontrei o
Professor de Matemática a minha espera e ele perguntou-me pelo livro de
turma. O informei que havia deixado na secretária do professor na sala 11. Ele
disse não o ter encontrado. Fomos juntos à sala e não vimos o livro no lugar
onde havia deixado. Perguntamos os alunos e estes dizem não saber do livro
de turma. Mas é evidente que estão a mentir, porque alguns encontravam-se
na sala quando deixei o livro.

Como irá resolver esta situação, sabendo que o livro da turma contem as
faltas, as notas ou toda a informação do quotidiano do ano?

6.5. Autoavaliação
1. Quais são as características de um bom professor?

2. Como é que deve ser a relação entre a Escola e a Comunidade?

3. Como é que uma escola deve fazer para que os professores possam interagir,
trocar a sua experiência?

4. Como é que a escola pode envolver os pais e encarregados de educação nas


actividades da escola?
5. O que é que o professor deve fazer para melhorar o seu desempenho como
professor?

6.7.Chave de Correcção
Resposta ao Grupo das Actividades

1)- O perfil do professor diz respeito as características que o professor deve se


apresentar na escola e fora a escola para ser considerando um bom professor.

2)- A abordagem do perfil do professor é muito importante porque a profissão de


professor é diferente das outras profissões. O Professor é um educador por excelência
porque é quem desenvolve nos alunos, conhecimentos, habilidades, valores, atitudes
que permitem a sua integração efectiva na sociedade. Ele tem a tarefa de educar e
moldar o Homem. Por consequência, ele deve ter uma conduta íntegra, servindo de
exemplo tanto para os alunos como para outras pessoas, no geral, que fazem parte da
sociedade.

Resposta: Estudo de caso: O Professor Carlos

1)- Não porque independentemente de ser fim-de-semana, o professor Carlos deve


demonstrar um comportamento apropriado de acordo com a sua profissão de
professor, não andar embriagado, muito menos ir à escola nesse estado.

2)- Face à esta situação irei comunicar ao Director da escola e pedir a sua
intervenção, uma chamada de atenção para ver se este muda de atitude.

Resposta: Estudo de caso: A Professora Alice

1)- A Professora deve aplicar um diagnóstico aos alunos de forma a avaliar em que
estágio de leitura e escrita se encontra ca um deles. Em função disso poderá organizar
actividades para o ensino-aprendizagem que possam responder as necessidades de
cada um.
2)- Em primeiro lugar, importa referir que para uma melhor educação dos alunos é
importante a colaboração dos pais e encarregados de educação. Desta forma, para
motivar os pais e encarregados de educação irei enviar uma convocatória onde
salientarei a importância da presença deles na reunião e caso não apareçam irei
suspender os respectivos filhos das aulas até que eles venham à escola falar comigo.
Acredito que esta medida, embora seja violenta, possa ser uma forma de obrigar os
pais e encarregados da educação a comparecerem na escola. só assim é que poderei
apresentar o rendimento da turma e todos os problemas vividos e juntos traçarmos
uma estratégia apropriadas para ajudar os nossos alunos. Na reunião irei evidenciar a
importância da sua participação dos pais e encarregados na vida dos alunos.

Resposta: Estudo de Caso: Desaparecimento do Livro de Turma

Este caso é bastante complexo. É provável que um dos alunos tenha escondido o livro
para se livrar das faltas e por outra razão que possa ser identificada através do livro.
Desta forma, irei informar ao Director de Turma e interrogar um aluno por um, de
forma a criar um ambiente para poderem falar a verdade sobre este assunto. Irei
referir em jeito de ameaça que caso o livro não apareça irei reprovar a todos os alunos
por falta disciplinar. Hei-de pedir que deixem o livro nem que seja de forma anónima
num lugar onde este possa ser recuperado. E darei um prazo de 3 dias a turma. Caso o
livro não apareça evidentemente que todos os alunos terão uma falta disciplinar.

6.8.Resposta a Perguntas de Autoavaliação


1. Um bom professor deve:

 Saber ser, estar e viver com os outros tanto no local de trabalho como na
comunidade;

 Saber fazer, promover um processo de ensino-aprendizagem de acordo com as


necessidades dos alunos, tendo em conta o programa de ensino;

 Estar sempre preocupado com o seu desenvolvimento profissional. Deve


buscar sempre o saber científico e profissional, na escola e fora dela;

 Ser assíduo e pontual;


 Promover e participar nas sessões de troca de experiências, com outros
professores da escola ou fora dela, debatendo assuntos directa ou
indirectamente ligados à aspectos pedagógico e ao rendimento dos alunos,
para o melhor desempenho destes.

 Aceitar e fazer críticas construtivas para a melhoria do seu desempenho


profissional e do bem-estar da toda a comunidade da escola;

 Deve promover uma relação saudável com a comunidade onde a escola se


encontra inserida, interagir com a comunidade no levantamento de problemas
e na busca de soluções para a melhoria da vida dos alunos e da população
local.

1. O professor deve promover uma relação saudável entre a escola e a comunidade,


procurando interagir de forma permanente no que se refere às necessidades de
aprendizagem e as expectativas desta para uma educação relevante ao aluno e
também poder intervir na educação da comunidade em determinadas áreas do seu
domínio, como a educação ambiental ou educação para a saúde, coordenando com
outros sectores-chave ao nível do distrito, da localidade, da cidade ou da
sociedade, de uma maneira geral.

2. Para promover a troca de experiência entre os professores, a Direcção da escola


pode fazer o levantamento de todos os problemas que afectam o processo de
ensino-aprendizagem na escola, através de um formulário previamente entregue
aos docentes. E de acordo pertinência do tema, fazer uma escalonamento do
debate de cada um deles em sessões que podem ocorrer sábado sim, sábado não,
depois da sessão de planificação de aulas.

3. A escola poderá envolver os pais e encarregados de educação usando o Conselho


da Escola para fazer a mobilização destes ou estratégias como a educação para a
importância do envolvimento destes na vida dos seus filhos. Para tal, poderá
recorrer aos folhetos informativos ou mesmo nas reuniões poderá focalizar este
aspecto.
4. Para melhor o desempenho profissional, um professor poderá pedir aos outros que
assistam as suas aulas para avaliar onde é que provavelmente precisa de melhorar.
Se na comunicação (por exemplo, falar pausadamente, usar uma linguagem clara,
usar exemplos para clarificar os conceitos), se postura (circular na sala em vez de
colocar-se num ponto fixo), se na interação (a falta de interacção com os alunos,
por exemplo o professor expõe os conteúdos…portanto, fala sozinho o tempo
todo), etc. Assim, poderá avaliar onde está a falhar e buscar apoio para melhorar
ou encontrar maneiras para superar essas falhas.

Resumo dos Pontos Principais


Um professor para que seja considerado bom, deve congregar as seguintes dimensões:

 Profissional, social e ética (valores)

O que significa que deve promover as aprendizagens curriculares específicas,


de acordo com os programas de ensino oficialmente aprovados e instituídos
pela instituição em que estiver a operar e sabe ser e estar tanto no seu local de
trabalho como na comunidade.

 Desenvolvimento de ensino e aprendizagem

Um bom professor promove aprendizagens no âmbito de um currículo,


contribuindo para o desenvolvimento de competências pré-determinadas nos
alunos. O que significa que ele desenvolve a sua tarefa de facilitador do
processo de ensino-aprendizagem com rigor científico e metodológico,
promovendo aprendizagens significativas no âmbito da materialização do
currículo e, sobretudo, organiza o processo de ensino-aprendizagem
conciliando a teoria e a prática, sustentado em actividades de caráter lúdico,
ciente de que os alunos só aprendem brincando ou fazendo.

 Relação Instituição de ensino e comunidade

O professor promove uma relação saudável entre a escola e a comunidade,


desenvolvendo projectos sociais educativos, em coordenação com os colegas
da escola e alunos, com o objectivo de disseminar saberes sobre as diferentes
áreas, nomeadamente, saúde, educação ambiental, educação cívica, entre
outos.

 Desenvolvimento profissional ao longo da vida

Um bom professor demonstra interesse no seu desenvolvimento profissional,


através da busca de informação para a sua actualização científica e
pedagógica, ao longo do exercício da sua actividade profissional e troca
experiências com os seus colegas.

Bibliografia
Araújo, H.C. (1985). Profissionalismo e Ensino in Cadernos de Ciências Sociais, n.º3,
Lisboa
Benavente, A. (1991). Escola, Professores e Processos de Mudança. Lisboa: Livros
Horizonte
Brandão, R. C. (1998) O que é Educação. 1ª edicção. São Paulo, Brasiliense
Cavaco, M.H. (1993). Ser professor em Portugal, Editorial Teorema, Lisboa
Correia, J.A. Inovação Pedagógica e Formação de Professores, Colecção Biblioteca
Básica de Educação e Ensino
Cunha, M.I.(1984). O bom professor e a sua prática, Papirus Editora, Campinas
Neto-Mendes (1995). Profissionalismo docente em debate, in Cadernos de Análise Sócio-
Organizacional da Educação, n.º10
Nóvoa, A. (1989). Os professores: Quem são?, Donde vêm?, Para onde vão?, ISEF,
Lisboa
Pardal, L.A. (1992). Traços principais do perfil do professor do ano 2000 in Inovação.
Lisboa, Vol.2, n.º3
Perrenoud, Ph. (2000). Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre, Artes
Médicas sul
Rios, T. (2001). Compreender e Ensinar: por uma docência da melhor qualidade. Sào
Paulo: Cortez
Anexo 1
Anexo 1: Alguns Heróis da Luta de Libertação Nacional
Em Moçambique existe uma geração de heróis frutos da luta de libertação nacional que
dentre vários destacaram-se mais pelos seus feitos na causa pela libertação da nossa
pátria.
Neste folheto, são divulgados a título de exemplo e por ocasião dos 40 anos após a sua
morte os seguintes heróis:
Tomás Nduda (1936 – 1968);
Mateus Sansão Mutemba (1906 – 1968);
John Issa (1940 – 1968);
José Palhane Macamo (1936 – 1968);
Paulo Samuel Kankhomba) (1938 – 1968);
Robati Carlos (1938-1972);
Belmiro Obadias Muianga (1942-1969);
Tomás Nduda (1936-1968)
Nascimento Infância de Tomás Nduda (1936)
Nasceu em 1936 no distrito de Muidumbe posto administrativo de Nampanha.
Tal como muitos jovens da época fez o ensino primário rudimentar, passou pelos ritos de
iniciação e estudou a doutrina cristã.
Fez parte do exército colonial e após desmobilização enveredou pela prática da caça e da
agricultura na sua terra natal.
Seus feitos em prol da libertação nacional
 Integrou os grupos de manifestação cultural contra a administração colonial.
 Influenciado pela independência da Tanzânia, estimulou a luta clandestina e a
fuga de muitos jovens para que se juntassem à FRELIMO. Assim, exerceu acções
noturnas distribuindo cartões de membros da frente e sensibilizando sobre a causa
da libertação.
 Foi comandante das operações militares em Cabo Delgado durante a luta de
libertação nacional entre 1965/66.
 A 11 de Outubro e 1967, liderou uma vitória no posto de Diaka que permitiu
desbloquear um corredor para o avanço da luta para novas regiões.
 Ainda em finais de 1967, foi indicado chefe de operações do destacamento de
Inhambane, e simultaneamente exercia as funções de adjunto-comandante do
mesmo.
Participou em outras frentes de combate como a de Awasse e Nambude (distrito de
Mocímboa da Praia), sendo nesta última que encontrou a morte a 23 de Março de 1968
quando participava numa missão que consistia em debelar os desmandos perpetrados
pelas tropas das autoridades coloniais posicionadas na missão de Nambude e alargar as
áreas de combate rumo a libertação nacional.
Mateus Sansão Mutemba
Nasceu a 25 de Julho de 1906 em Chicumbane, posto administrativo do mesmo nome,
distrito de Xai-Xai, província de Gaza.
Estudou a 1ª classe na Missão Suíça de Chicumbane tendo continuado e concluído a 4ª
classe em Maputo então Casa de Educação da Munhuana, hoje EPC Munhuana.
Em 1927 formou-se como professor e evangelista na escola da Missão Suíça em Ricatla.
Refira-se que Sansão Muthemba passou também pela escola José Cabral em Alvor na
Manhiça, uma escola de formação e habilitação de professores indígenas que viria a
concluir em 1929.
Em 1929 concluiu a sua formação e regressou para Xai-Xai. Antes de iniciar com a
leccionação, trabalhou como escriturário na Empresa “Manuel Mendes” e mais tarde
como contabilista no Hospital e professor na escola de Chicumbane em simultâneo.
Trabalhou ainda na Missão de Lhanguene na cidade de Maputo (1933), Missão de
Nsonguene- em Gaza /Guijá (1938-1942) e Missão de Mahele em Mahele, Magude na
província de Maputo.
Em 1948 frequentou o curso de Ajudante de Observadores dos Serviços Meteorológicos
de Moçambique, no Observatório Campos Rodrigues, actual Instituto Nacional de
Meteorologia. Após conclusão do curso, em 1949, foi colocado nos serviços
meteorológicos de Xai-Xai e mais tarde foi transferido para Chimoio para exercer as
mesmas funções de radiotelegrafista.
Trabalhou nas minas da África do Sul onde manteve o primeiro contacto com a religião
através da Campany Mission e obteve a arte evangélica. Foi evangelista muito concorrido
devido às suas metodologias de ensino.
Figurou entre os mais conhecidos escritores da página de “O Brado Africano” editada na
língua Xichangana e que tinha função de desenvolver a consciência nacionalista por parte
das populações moçambicanas.
Publicou um artigo que encorajava a resistência contra a dominação colonial e a
valorização da cultura africana e da escola como instrumento de afirmação dos
moçambicanos.
Participou na primeira Guerra Mundial contra os alemães no norte de Moçambique e foi
condecorado com a “Cruz de Guerra” por ser um homem de bravura e destemido.
Praticou a agricultura junto a sua família e mais tarde foi proprietário de grandes hectares
de terra para a produção de arroz, trigo, algodão, milho e legumes.
Dirigiu entre Julho de 1942 a Agosto de 1943 os mitlawa em Magude. Os mitlawa eram
mecanismo de formação e educação na igreja missão Suíça ao aos jovens face as
restrições práticas e legislativas impostas pelas autoridades portuguesas em Moçambique
à aquelas igrejas.
A sua atitude de tolerância apoio aos mais necessitados, educador e facilitador espelhava
o espírito de liderança e de revolucionário que o caracterizam na luta contra o regime
colonial.
Participação na Actividade Clandestina
Participa nos primeiros grupos de moçambicanos a se envolverem em acções da luta
clandestina particularmente na região Sul de Moçambique
Ingresso e Feitos na FRELIMO
Ingressou na FRELIMO em 1964 (Tanzânia), tendo trabalhado como chefe do
Departamento de Comunicações (Escritórios centrais da FRELIMO) tendo contribuído
para a organização da escola de formação em rádio - comunicações na época.
Muthemba faleceu a 6 de Junho de 1968 após não ter conseguido se recuperar de lesões
contraídos durante uma agressão física protagonizada por reaccionários no seio da
FRELIMO em Dar-Es-Salaam.
Os seus restos mortais foram sepultados em dar-Es-Salaam e a 13 de Fevereiro de 1979
depositados na cripta dos heróis na capital do país.
Nascimento e infância de John Issa (1940)
Nascido na província do Niassa, John Issa viveu depois na República da Tanzânia. A
partir deste país, aliou-se à FRELIMO, tendo-se destacado como um combatente
destemido e comprometido com a libertação do seu povo, em Cabo Delgado. Assim, esta
obra constitui uma forma de preservação e valorização do seu legado histórico e
particularmente de sua homenagem, pela celebração do 40°aniversário de seu
desaparecimento físico, ocorrido a 24 de Março de2008.
John Issa nasceu em 1940, em Lulanga, povoado situado junto à margem do rio do
mesmo nome, no regulado Nampundi, distrito de Mecula, província do Niassa. É filho de
Issa Ntuchia e de Assuwema Biquita. O seu pai era natural da zona de Telewe, distrito de
Marrupa, enquanto sua mãe era natural de Lulanga distrito de Mecula. Ambos pertenciam
ao grupo etnolinguístico Emakhuwa.
Suwedy foi submetido aos ritos de iniciação, localmente, designados por Jando. Refira-se
que a origem dos ritos de iniciação em Moçambique data de tempos imemoriais e está
associada às migrações que o país foi conhecendo ao longo do tempo. Nas sociedades
africanas, os ritos de iniciação, como parte da educação tradicional, inserem valores
nobres, como o respeito pelos mais velhos, a higiene do corpo, a preparação para a vida
de adulto e em sociedade.
Suwedy, tendo nascido numa comunidade com estas práticas culturais, foi a elas
submetido. Um dos traços marcantes da sua passagem pelos ritos de iniciação foi a
mudança de nome. Suwedy passou a chamar-se John Issa, sob proposta de seu pai,
provavelmente, influenciado pela religião cristã, a qual professava.
De acordo com Silva Maridade, durante a sua juventude, John Issa envolveu-se também
em várias actividades culturais da sua comunidade, participando na dança Dijole,
praticada por jovens. Foi neste contexto, que John Issa conheceu Julieta Mauride, de
quem se apaixonou e viria tornar-se a sua primeira esposa. Deste casamento nasceu
Luciano, primeiro filho de John Issa, por volta de 1959.
Após o nascimento de Luciano, John Issa deixou Lulanga e foi para Tanzânia. As razões
da sua ida para aquele país são explicadas de duas formas. Primeiro, supõe-se que estava
a seguir as pegadas do seu pai e, segundo, pensa-se que teria deixado a sua aldeia para ir,
fundamentalmente, à busca de melhores condições para a sua recém-criada família.
John Issa viveu igualmente no distrito de Macomia, em Cabo Delgado. Nesta província
era combatente da luta de libertação. Na sequência do seu trabalho dentro das
comunidades locais conheceu Ernestina Tanga. Com esta senhora teve um filho, José, em
1968.
Formação académica e Profissional
A educação e a vida profissional de John Issa foram influenciadas sobremaneira pelas
condições socioeconómicas e culturais da sua família e da sua comunidade. Com efeito,
as fontes orais apontam que John Issa não teve acesso ao ensino oficial, sabendo-se
apenas que frequentou estudos religiosos, que consistiam na aprendizagem memorização
do alcorão em casa de um líder religioso local. Por isso, os conhecimentos e as
habilidades que John Issa veio a demonstrar, reflectem, em grande medida, a educação
adquirida na religião muçulmana.
Silva Maridade e Amade Issa esclarecem que o facto de John Issa não ter tido a
possibilidade de frequentar uma escola oficial, deveu-se sobretudo à inexistência de
escolas naquela região. Enfatizam ainda que seria somente em 1965, que se estabeleceu a
primeira escola oficial em Nantuego.
Assim, John Issa tornou-se um exímio construtor de casas partir do material local. Tais
casas eram construídas com base nos tijolos de barro e tinham a cobertura de capim.
Ingresso na Frelimo
John Issa ingressou na Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) em 1964,
partindo da Tanzânia em Masasi onde se encontrava a viver na companhia dos seus
familiares paternos. Treinou no campo de preparação político-militar de Bagamoyo. Uma
fonte documental refere que, durante os treinos militares, John Issa revelou um
comportamento exemplar, ao se destacar com elevado sentido de disciplina e de
organização.
Depois da instrução militar em Bagamoyo, John Issa foi colocado no campo de
preparação político-militar de Nachingweya, exercendo as funções de instrutor político.
Nestas funções, revelou-se como um combatente dedicado no cumprimento das suas
tarefas.
Contributo dado na luta
Em 1966, John Issa foi indigitado Comissário Político do Destacamento Manica, no 3º
Sector, em Macomia, Cabo Delgado. Mais tarde, com a instalação da Sub-base
Moçambique, ele foi indicado Comandante desta. No exercício destas funções
notabilizou-se como grande mobilizador dos combatentes e um estratega militar
destemido.
John Issa promoveu o envolvimento das populações no transporte de equipamento militar
e medicamentos para as várias unidades da luta. De igual modo, John Issa mobilizou as
populações para a sua integração total no processo e desenvolvimento da luta. Assim
como, para se dedicarem à produção de alimentos e de outros bens indispensáveis para o
seu próprio sustento e para os guerrilheiros.
Em Março de 1968, John Issa dirigiu um ataque de grande envergadura contra o
aquartelamento de Lunyu. Esse ataque culminou com o afastamento da tropa portuguesa
do local, assim como com a captura de material bélico em quantidade substancial.
Um outro ataque de relevo, comandado por John Issa, foi o assalto ao aquartelamento de
Nashipaki, na região de Nankatari. Para além de avultados danos materiais, este ataque
terminou ainda com a captura de um soldado de raça branca de nome José e de um
chaganga.
As circunstâncias da Morte
A morte de John Issa, ocorrida a 24 de Março de 1968, na base central quando esta foi
fustigada por um ataque aéreo perpetrado pelo exército colonial, no qual John Issa
contraiu ferimentos graves, que o levariam à morte.
Os restos mortais de John Issa foram transladados para a Cripta da Praça dos Heróis
Moçambicanos, na capital do país onde jazem desde 1984. Como homem nacionalista
que se dedicou de forma incondicional à causa da Pátria moçambicana, o seu nome foi
atribuído a uma infraestrutura pública, como é o caso da rua John Issa, na baixa da
Cidade de Maputo.
José Pahlane Macamo “N´wandundo”
Nasceu em 1936 na província de Gaza, distrito de Chibuto, posto administrativo de
Malehice – Banganyane.
Passou a sua infância em Banganyane apascentando gado assim como armadilhando
passarinhos como muitos rapazes da sua época.
Frequentou o ensino primário na Missão São Paulo de N´chanwane, distrito de
Manjacaze. Devido as suas qualidades como estudante e sua capacidade de liderança e
espírito de ajuda mútua, viveu na casa do seu professor e mais tarde seleccionado para
monitor das aulas e socorrista no posto de saúde local.
O espírito de ajuda e de solidariedade demostrados por Macamo revelavam o patriotismo,
o humanitarismo e o sacrifício.
Em 1953 concluiu a 3ª classe elementar na Missão São Paulo de Nchanwane.
Concluiu mais tarde o curso elementar de enfermagem com distinção e começou a
trabalhar como enfermeiro entre 1961 e 1962 no então Hospital Miguel Bombarda hoje
Hospital central de Maputo. Em 1963 prosseguiu com a sua carreira na Câmara
Municipal da Beira.
Começo a mostrar sinais de visão política com o despertar da consciência nacionalista
influenciada pelas independências do Congo e da Tanganyica.
Foi ouvinte assíduo da rádio Tanganhica e outras rádios que eram a favor da
autodeterminação e independência dos territórios africanos do jugo colonial europeu,
contribuindo de forma significativa para a elevação da sua maturidade política e
consciência nacionalista.
Conviveu com Samora Machel na Escola Técnica dos Serviços de Saúde do Hospital
Miguel Bombarda influenciando ainda mais a sua consciência política e de muitos jovens
estudante na altura.
Foi atribuído o pseudónimo de Nkrumah por gostar de imitar os discursos daquele
dirigente africano, um dos principais cérebros do pan-africanismo.
Os encontros clandestinos que mantinham na casa de um colega na Beira sobre a
necessidade da libertação do território nacional do jugo colonial português consolidaram
a decisão de Macamo em se juntar a Frente de libertação de Moçambique.
Assim, em 1963 juntou-se a Frente na Tanzânia e foi depois treinado na China como
sapador.
Sua contribuição na luta armada
Regressado da China, foi colocado no Centro de preparação Político-Militar de Kongwa
como instrutor político militar. Seguiu depois para Israel e União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS) onde frequentou cursos de reciclagem no domínio da
enfermagem.
Regressado, participou na abertura do Centro de Preparação Político-Militar de
Nachingueya.
Esteve envolvido na planificação nas missões de combate e na mobilização e organização
do povo.
Foi socorrista, enfermeiro em Nachingueya e formador de outras compatriotas em
matéria de primeiros socorros de Saúde que deveria dar assistência e tratamento as
populações durante as frentes de combate.
Em 1967, exerceu como destacado funções de chefe de Saúde Regional na base de
chilolo M´sawize (Frente Oriental de Niassa) organizando o sistema de Saúde da região.

Tinha elevado patriotismo pela abnegação, competência profissional na área de Saúde e


mobilizador do povo pela causa nacional, elevada consciência nacionalista.
A morte de José Macamo
Morreu a 23 de Setembro de 1968 vítima de uma emboscada inimiga quando regressava
da recepção de uma comitiva na base de segurança de Candulo.
Paulo Samuel Kankhomba
Nasceu em Agosto de 1938 na província de Niassa, distrito do Lago posto administrativo
de Cóbuè no povoado de Chilola.
Na infância, praticou a actividade pesqueira para o sustento familiar.
Em 1950 matriculou-se na escola Primária de Mataaca, onde frequentou a 1ª e 2ª classes.
Em 1954 frequentou a 3ª classe rudimentar na Missão Católica dos Santos Anjos de
Cóbuè. Concluída a 3ª rudimentar matriculou-se na Missão Anglicana São Tiago de
Missumba onde concluiu a 3ª classe elementar e a 4ª classe.
Devido a sua prestação exemplar, foi proposto pelos padres da missão para continuar os
seus estudos na Missão Anglicana de São Filipe de Missumba onde 3 anos depois
formou-se como professor primário.
Entre 1962 e 1963 fez o 1º e 2º ano da escola Técnica elementar de Vila Cabral. Nesta
escola aprendeu também outras profissões para a Vida como a Contabilidade,
agropecuária, carpintaria e construção civil, de forma a dotar o professor de um conjunto
de conhecimentos que lhe permitiam adaptar-se ao meio em que fosse colocado para
trabalhar.
O despertar da consciência nacionalista
Foi influenciado pelo seu professor (Alexandre Nkalamba) que devido ao seu
engajamento político, a FRELIMO o confio a responsabilidade de recrutar e mobilizar
jovens para a causa nacionalista, distribuindo cartões e indicando itinerários de fuga à
Tanzânia. Também pelo facto de ter mantido contactos com algumas individualidades do
Malawi que defendiam a independência de Moçambique.
Ingresso e Feitos na FRELIMO
Fugiu de Cóbuè para Dar-Es-Salaam em 1963 para se juntar a FRELIMO.
Foi incorporado num grupo de jovens para receber treinos militares na República Popular
da China.
Regressado da China, foi afecto no campo de preparação militar de Kongwa. Neste
campo, foi indigitado depois para o cargo de Comissário político em cabo Delgado por
um período de dois anos.
Foi dos mais activos organizadores do Destacamento Feminino (DF) na região.
De Novembro de 1966 a Julho de 1968 foi chefe das operações em Cabo Delgado.
Revelou grande capacidade de liderança política ao conseguir sensibilizar em mais de
metade um grupo de chairman de cabo delgado que se recusavam a participar no II
Congresso da frente realizado em Julho de 1968 em Matchedje.
Em reconhecimento da sua acção no II congresso , em Agosto foi indicado Chefe Adjunto
Nacional da Secção de Operações do Departamento de Defesa, função que exerceu até a
data da sua morte.
A Morte de Paulo Samuel Kankhomba
Faleceu a 22 de Dezembro de 1968 vítima de agressões físicas quando regressava duma
missão no interior de Moçambique. A sua morte é resultado de conflitos vividos no seio
da FRELIMO por falta de uma ideologia comum sobre o inimigo do povo moçambicano,
pois enquanto uns tinham como inimigo o colonialismo português, outros viam
diferenças raciais, étnicas e de opinião. Perpetradas por agentes hostis à Frente de
Libertação de Moçambique.
Nascimento e juventude de Rarobati (1938)

As fontes orais indicam que Robati Carlos nasceu na aldeia de Muade, no clã Valula, no
Posto Administrativo de Ntamba. Porém, há divergência de opiniões em relação a data do
seu nascimento. Todavia, Felisberto Machalangue Lucanga, combatente da Luta de
Libertação Nacional, assegurou que Robati nasceu por volta de 1938. Aquando do
nascimento, Robati foi atribuído o nome de Ntope, o qual viria a ser substituído por
ocasião do baptismo, quando frequentava a Escola Missionária de Imbuho. Regra geral,
os missionários procediam à troca de nomes locais por outros de origem portuguesa,
alegando que aqueles eram pagãos,
À semelhança de outros adolescentes da época, Robati Carlos foi submetido aos ritos de
iniciação, como forma inicial de lidar-se o mundo exterior. Dentre vários ensinamentos
adquiridos no processo dos ritos, foram administrados na ocasião os conhecimentos sobre
a construção de habitações, caça, produção agrícola, bem como os procedimentos ligados
à vida conjugal, com ênfase para a saúde sexual e reprodutiva.
Robati foi membro integrante de um grupo que executava a dança de mapico, onde
desempenhava a função de corista.
Robati Carlos era um jovem sério e íntegro, cumpridor dos seus deveres e, acima de tudo,
dos conselhos adquiridos durante os ritos de iniciação.
Formação acadêmica, profissional e de família
Robati Carlos teve a sua iniciação na Escola Rudimentar de Muade, anexa à Escola
Missionária Santa Teresinha do Menino Jesus de Imbuho. Concluída esta fase, transitou
para este último estabelecimento, onde frequentou da 1ª à 3ª classes rudimentar. Importa
frisar que, após a 1ª Classe, os alunos eram baptizados, e só depois eram admitidos na 2ª
Classe.
Robati Carlos, assim depois da 3ª classe não teve meios para continuar com os seus
estudos, por isso abraçou a arte de costura. No entanto, viria a deparar com uma
dificuldade para o exercício desta profissão devido a falta de uma máquina de costura.
Robati recorreu ao empréstimo de uma máquina pertença de um vizinho seu. Com esta,
aperfeiçoou a sua técnica, notabilizando-se como um dos melhores alfaiates da sua
região.
Robati Carlos casou-se com Paulina Ngope e, posteriormente, com Catarina Dyenga.
A participação na luta clandestina e o despertar da consciência nacionalista
Robati Carlos, um jovem dinâmico e, o seu irmão Luga, não se alhearam a efervescência
nacionalista que se operava no planalto na altura. Aliás, Robati já havia estado, em
ocasiões anteriores, na Tanzânia, onde teria estabelecido contactos com alguns
movimentos nacionalistas. Robati e Luga envolveram-se em actividades clandestinas de
contestação contra o regime colonial, mobilizando a população para que aderisse às
reivindicações defendidas pelas associações nacionalistas, Dentre estas destacam-se a
Ligwilanilo e a Sociedade Algodoeira Africana Voluntário de Moçambique. (SAAVM), a
Mozambique African National Union (MANU). Quando esta associação, juntamente com
a UDENAMO e a UNAMI se fundiram dando lugar à FRELIMO, as acções de
mobilização de Robati e o irmão continuaram, desta vez, em benefício deste movimento.
De facto, algumas fontes avançam com a hipótese de Robati ter feito parte destas
associações (Ligwilanilo).

O envolvimento de Robati Carlos em acções clandestinas ganhou um novo ímpeto com a


formação da FRELIMO, na cidade de Dar- Es-Salaam, em 1962. Nesta altura, as
actividades de mobilização e recrutamento de membros para aderir à FRELIMO, em
Muade, eram chefiadas pelo chairman Picachi Kantique. Este recebia cartões através de
Mateus Punda (Lipona) e Simão Lyaule.
Dada a complexidade desta actividade, Kantique, procurou o apoio de pessoas que se
identificavam com a causa libertária para o auxiliar. Foi neste processo que despontaram
os irmãos Robati e Luga. Assim, Robati foi enquadrado num grupo chefiado por
Nkapuwe, passando a vender cartões23 e a registar novos membros para a FRELIMO.
As acções de mobilização levadas a cabo por Robati Carlos tiveram um grande impacto,
não obstante a vigilância exercida pela PIDE. A reputação que tinha adquirido como
alfaiate facilitou as suas actividades clandestinas, angariando um número considerável de
membros para a causa nacionalista e, em última instância, para a massiva adesão à
FRELIMO.
Ingresso e na FRELIMO
Sentindo a segurança dos seus colaboradores ameaçada, Robati, evidenciando as
qualidades de um grande líder, e como forma de evitar prisões em massa, o que poderia
abalar a estrutura das células clandestinas da FRELIMO, teve a iniciativa de recolher os
cartões e escondê-los. Apesar de ter evitado a detenção dos nacionalistas, Robati não
escaparia das mãos da tenebrosa PIDE. A vigilância acentuada a Robati Carlos por parte
da PIDE resultou na prisão deste, em 1963. Porém, pouco tempo depois, viria a evadir-se
da prisão.
Não há clareza sobre a via seguida por Robati Carlos para chegar à Tanzânia, pois, o
secretismo era uma marca presente entre os nacionalistas, para evitar a reacção
sanguinária dos sipaios e da PIDE. Um outro aspecto a destacar relaciona-se com o facto
de as fugas para a Tanzânia serem feitas, em alguns casos, de forma individual. Dos
relatos existentes, consta que Robati Carlos, depois de se evadir da cadeia em Palma, em
1963, fugiu de Moçambique, provavelmente, em Julho do mesmo ano.30 Aventa-se a
hipótese de que Robati, mesmo estando em Palma, tenha optado por fazer um recuo
estratégico, passando pela serra de Nampialyi até Namatil, visto que a fronteira de Palma
era a mais vigiada. Ademais, Robati era um fugitivo da polícia.
Atravessada a fronteira do Rovuma, já em território tanzaniano, os jovens nacionalistas
seguiam para Mahuta, de onde eram encaminhados para Mtwara. Deste local, dirigiam-se
a Dar-Es-Salaam, indo depois a Bagamoyo ou Kongwa, para a preparação político-
militar.
De Mtwara, Robati Carlos seguiu para Dar-Es-Salaam, onde permaneceu cerca de um
mês, a espera de orientações por parte da direcção da FRELIMO. Durante este período,
realizava actividades diversas ligadas ao Movimento, possibilitando-lhe um maior
entrosamento entre os seus ideais nacionalistas e aqueles que eram defendidos pela
FRELIMO.
Foi neste quadro que Robati Carlos integrou esta geração de guerrilheiros da FRELIMO.
Assim, de Dar-Es-Salaam seguiu para o centro de Bagamoyo, em 1964, onde iniciou a
sua vida militar.
De Bagamoyo, Robati Carlos seguiu para o campo de Kongwa, em Outubro de 1964,
onde realizou, de forma efectiva, os seus treinos militares.
Sejam a firmeza, a dedicação, a resistência à dureza dos treinos e a perspicácia. Deste
modo, ele seria seleccionado e integrado nas áreas de artilharia e sabotagem (engenharia
militar). Foi, sobretudo, na especialidade de sabotagem que Robati exibiu toda a sua
perícia e destreza,
Terminada a preparação em Kongwa, Robati Carlos foi enviado à província de Niassa, a
1 de Março de 1965, num grupo de cerca de 70 combatentes,
No entanto, em 1968, seguiu para o campo de Nachingwea, onde realizou alguns treinos
e, depois, viria a ser destacado para efectuar uma especialização em engenharia militar,
como sapador, na cidade de Simferopol, na Ucrânia.
Foi neste contexto que Robati Carlos aperfeiçoou as técnicas de manipulação de
explosivos, particularmente minas antitanque, anticarro, anti grupo e antipessoal.
Contributo dado na luta
Robati Carlos participou em muitos dos combates. Com efeito, nesta altura, a sabotagem
(engenharia militar), especialidade de Robati, já se afirmava como uma das áreas
prioritárias para a desestruturação da força inimiga.
Na senda da guerra, Robati, na companhia de António Silva e Augusto Ntuco atacaram as
tropas portuguesas que massacravam a população na zona de Mandambuzi, tendo
imobilizado um furriel português.
Com vista a abrir novas áreas de combate e repelir a força colonial ou, confina-la nos
seus aquartelamentos. Na sequência, foi decidido que um grupo de guerrilheiros, no qual
fazia parte Robati Carlos, devia seguir para a zona de Mepoche.
Neste exercício, Robati Carlos comandou um destacamento estacionado entre Mecuela e
Tulu, que efectuou um trabalho genial, através do bloqueio da estrada Maniamba-
Matawale-Mechumwa-Lunho-Cobué, que dava acesso a acampamentos da tropa colonial.
Robati implantou minas de todos os tipos, cujo alvo eram as colunas de viaturas militares
e patrulhas. A mobilidade do inimigo foi, de facto reduzida, dando espaço para as
manobras dos guerrilheiros da FRELIMO, os quais consolidaram as suas posições e a
segurança das zonas libertadas.
Para além de se ter destacado na frente de combate como sapador, acção que se mostrou
fundamental para o avanço da luta, Robati Carlos destacou-se na formação de novos
combatentes, na área de sabotagem, conhecimentos que havia adquirido em Kongwa e
consolidado na Ucrânia.
Efectivamente, alguns guerrilheiros que mais tarde viriam a destacar-se na sabotagem,
casos de Lissajo e Chiphanga, foram treinados por Robati.
De facto, a acção de Robati Carlos na área de sabotagem contribuiu para a consolidação
das zonas libertadas e criação de outras, tais como Unango, Maniamba, Meponda,
Meluluca, Mepoche, Muembe. Com a redução da capacidade de mobilidade do exército
colonial, criaram-se condições efectivas para o estabelecimento de estruturas sociais,
como escolas e postos de saúde, assim como o desenvolvimento da produção e a
comercialização de produtos agrícolas.
Robati Carlos, um comandante perspicaz e astuto, imbuído de coragem indómita, que
contagiava os seus companheiros na qualidade de grande líder e mobilizador,
apercebendo-se da intensificação dos ataques inimigos, delineou estratégias com vista ao
estrangulamento da movimentação da tropa colonial. Aliás, essa era a missão da base de
Mepoche, cujo comando lhe tinha sido confiado.
Neste contexto, Robati comandou os guerrilheiros, minando as principais vias usadas
para as incursões inimigas. Paralelamente intensificou as emboscadas contra as colunas
militares. Foi nesta conjuntura militar que Robati Carlos se notabilizou, de forma activa,
destacando-se no seio da geração heroica da epopeia libertária. Robati Carlos é descrito
como tendo sido um comandante aguerrido e destemido, sempre em prontidão combativa.
A Morte de Robati Carlos
Robati Carlos perdeu a vida a 5 de Março de 1972, na base central de Mepoche, durante
um ataque perpetrado pela tropa colonial. Esta vinha fazendo um trabalho de
reconhecimento na zona de Mepoche, com vista à localização da base do mesmo nome,
tendo como finalidade conter o ímpeto das acções de guerrilha, comandadas por Robati
Carlos.
Neste sentido, a partir do aquartelamento de Lunho, os soldados coloniais conseguiram
introduzir-se nas proximidades da base Mepoche, e tomaram posição, à espera do clarear
do dia para realizar a acção de ataque. Mas enquanto a força colonial preparava o ataque,
ouviu-se um estrondo nas proximidades da base, o que chamou a atenção dos
guerrilheiros que, prontamente fizeram o reconhecimento do local. Assim, descobriram
que a base de Mepoche estava cercada pela força inimiga, informação que foi
imediatamente transmitida ao comandante Robati Carlos.
Robati ordenou ao seu contingente que efectuasse uma contra-emboscada, de modo a
fazer face à situação. No entanto, aquando da realização desta operação, a tropa colonial
controlava os movimentos dos guerrilheiros, conseguindo identificar os locais em que
estes se tinham posicionado, inclusive, a localização do Comandante Robati Carlos.
O exército colonial foi o primeiro a abrir fogo, atingindo mortalmente Robati Carlos,
fazendo com que os restantes guerrilheiros recuassem e tomassem novas posições
combativas. Durante o intervalo de tempo em que os combatentes se reorganizavam, o
exército colonial aproximou-se do corpo de Robati, para dissipar qualquer dúvida sobre o
seu estado inerte. Finalizada a operação, a tropa colonial retirou-se.
Nascimento e Infância
Belmiro Obadias Muianga nasceu a 19 de Novembro de 1942, no povoado de Gune,
localidade de Zandamela, distrito de Zavala, província de Inhambane. É filho de Ângelo
Muchine e Carlota Obadias Gune. Enquanto o seu pai era originário da localidade de
Tchimbini-Madendere, posto administrativo de Chidenguele, província de Gaza, a sua
mãe é de Gune.
Este viveu em Gune até atingir cerca de três anos de idade. Durante este período, ele
mostrou-se uma criança frágil e com uma saúde delicada. Tal estado requeria cuidados
acrescidos e uma atenção redobrada por parte da sua mãe. Belmiro foi baptizado nesta
altura, tendo sido seus padrinhos, o professor Bernardino Armando Dowane e sua esposa
Madalena Rocha Nhadigane Gune.
Belmiro Obadias Muianga fez os seus estudos primários em estabelecimentos de ensino
pertencentes a instituições religiosas, nomeadamente, a Casa de Educação da Munhuana
e a Missão de Magude. Por fim, frequentou a Escola Industrial Sá da Bandeira, actual
Escola Industrial 1º de Maio.
O seu ingresso nestes estabelecimentos tinha como objectivo capitalizar os seus dotes na
área de artes e ofícios. Enquanto frequentava aqueles níveis de ensino, Belmiro par-
ticipava, simultaneamente, nas actividades da oficina e nos cultos religiosos.
Na altura, existiam duas especialidades dentro deste ramo profissional: A primeira estava
vocacionada ao fabrico de mobiliário. Enquanto a segunda, ao de carroçarias, portões,
asnas para cobertura de edifícios, etc. E Belmiro, optou pela segunda, a da construção
pesada.
Depois dos estudos na Missão de Magude, frequenou o ensino técnico, na actual Escola
Industrial 1º de Maio, na cidade de Maputo e, simultaneamente, empregou-se como
carpinteiro nos Caminhos de Ferro de Moçambique.
Enquanto Belmiro Muianga frequentava a Escola Industrial, procurou desenvolver uma
actividade profissional, o que conseguiu nas Oficinas Gerais dos Caminhos de Ferro de
Lourenço Marques, no sector de carpintaria. Este sector subdividia-se em duas
especialidades, nomeadamente, a carpintaria branca e a de moldes. A primeira estava
ligada à reparação de carruagens, enquanto a segunda, ao fabrico de travessas sobre as
quais assentavam os carris e peças para as locomotivas. Belmiro desempenhou as suas
actividades na primeira especialidade.
O despertar da consciência nacionalista
Nos princípios da década de 1960, a situação política em Moçambique era efervescente, à
escala nacional. A título de exemplo, um grupo de nacionalistas organizou uma manifes-
tação em Mueda, exigindo a independência, o que não foi aceite pelo regime colonial,
resultando na morte de centenas de cidadãos.
Belmiro trabalhou nos Caminhos de Ferro onde vivenciou as atrocidades e injustiças
cometidas pelo regime colonial, sobretudo, através da implementação de uma legislação
discriminatória, nos domínios do acesso ao emprego e da remuneração.
Com efeito, o agravamento das condições de trabalho neste sector conduziu à eclosão de
levantamentos de estivadores no decurso da década de 1960, sendo exemplo, a greve de
1963, duramente reprimida. Belmiro viveu este ambiente de agitação no posto de
emprego, cenário que também ocorria em outros sectores de actividade.
O clima de contestação foi estimulado pela visita do Dr. Eduardo Mondlane a
Moçambique, a 21 de Fevereiro de 1961, pois, reforçou a consciência nacionalista dos
moçambicanos.
Participou na luta clandestina e, em 1963, decidiu juntar-se à FRELIMO, em Dar-Es-
Salaam. Na qualidade de combatente da Luta de Libertação Nacional, notabilizou-se
como um excelente comissário político, facto que ditou a sua infiltração em
Moçambique, com a missão de mobilizar mais jovens para a Luta Armada.
No âmbito dos preparativos para o início da Luta Armada em Maputo, Gaza e
Inhambane, foi criada a 4ª Região Militar. Na sequência disto, foram enviados vários
emissários a esta Região, com vista a mobilização de cidadãos para aderirem de forma
directa à Luta Armada.
Esta missão teria contribuído para a saída de dezenas de nacionalistas, com o objectivo de
chegar a Dar-Es-Salaam, onde estava estabelecida a direcção da Luta Armada. Porém,
devido ao envolvimento de forças externas, em coordenação com a PIDE, estes tiveram
dificuldades de lograr o seu objectivo. Com efeito, um dos grupos seria preso, a 9 de
Maio de 1964 e deportado para Moçambique (Cadeia de Mabalane em Gaza).
Ingresso na FRELIMO
A acção de mobilização dos emissários da FRELIMO, associada a outros factores,
contribuiu para a saída de muitos nacionalistas para a Tanzânia.
A primeira viagem de Belmiro Obadias Muianga à Dar-Es-Salaam ocorreu em 1963, na
companhia de José Humberto e Alfredo Manuel Tondo.
Porém, presume-se que tenha seguido através da rota Maputo – Chókwe – Chicualacuala
– Harare - Lusaka - Dar-Es-Salaam. Por esta via seguiram, igualmente, combatentes
como José Moiane, Cândido Mondlane e Milagre Mabote. Contudo, em 1964 era
praticamente impossível seguir por esta rota, pois, com o lançamento da insurreição geral
armada, a PIDE passou a realizar elevadas detenções e reforçou o seu sistema de
coordenação com a polícia dos outros países da África Austral, com destaque a República
da África do Sul e a Rodésia do Sul, actual Zimbabwe.
Contributo dado na luta
Em 1964, Belmiro participou no processo da abertura do campo de preparação político-
militar de Kongwa, onde teve o primeiro contacto com a vida militar.
Belmiro Obadias Muianga, após a estadia no campo de Kongwa e tendo revelado um
carácter de nacionalista amadurecido e mobilizador competente, no decurso de 1964,
recebeu a missão clandestina “espinhosa” de seguir à Maputo, com a tarefa de mobilizar
e encaminhar um número maior de jovens para a causa nacionalista.

Este acto espelha a sua coragem, determinação, valentia e revela o seu sentimento de
entrega e abnegação à causa nacionalista e à luta pela autodeterminação do povo mo-
çambicano. Assim, imbuído de um espírito bravo e destemido, partiu de Tanzânia com
panfletos da FRELIMO embrulhados numa manta.
Ele foi interceptado pela PIDE e encarcerado. De acordo com Carlota Gune, a detenção
ocorreu no distrito da Manhiça, dentro de um comboio proveniente do Zimbabwe. Na
sequência, foi duramente interrogado e selvaticamente torturado e recluído nas celas da
Cadeia da Machava.
Em Outubro de 1964, Belmiro Muianga foi liberto das celas da Machava, sem pena
formulada e sem julgamento. Aliás, tratava-se de uma liberdade condicional, porque a
PIDE estava sempre no seu encalço, controlando todos os seus movimentos. Belmiro
precisou de tratamento médico, em consequência dos tráumas e dos ferimentos contraídos
durante a reclusão, como afirmou Carlota, sua mãe. Quando Belmiro chegou à casa,
apresentava um estado de saúde crítico, com feridas em todo o corpo e esfarapado. Tal
estado abalou-a psicologicamente, tendo perdido a faculdade de falar durante cerca de um
mês.
Deste modo, Belmiro, mesmo perseguido pela PIDE conseguiu espalhar em muitos
jovens, as sementes da libertação. Quando saiu da Machava, a ele juntaram-se outros
combatentes na clandestinidade, que também estavam a contas com a PIDE. Este foi um
momento de elevada agitação política em Maputo. Judite Mutaca testemunha que
Belmiro conseguiu fazer um trabalho notável, com zelo e determinação nos Bairros da
Cidade de Maputo.
Confrontado com a perseguição da PIDE, Belmiro viu-se obrigado a tentar uma nova
saída para a Tanzânia. Desta feita, em Agosto de 1965, numa em direcção a Namaacha
seguida atravessou a fronteira para Suazilándia, de onde continuou cam a viagem para
Tanzânia. Daí foi enviado Ucrânia, na ex-União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas
(URSS) onde se especializou no comando das tropas.
Em Maio de 1966, o grupo regressara à Tanzania, ao campo de preparação político
militar de Nachingweya. Belmiro Muianga permaneceu por mais algum tempo em
Nachingweya, exercendo a actividade de instrutor político-militar.
Em Nachingweya, Belmiro Obadias Muianga destacou-se como um activo promotor e
organizador das actividades culturais. A sua veia artística que já se manifestara aquando
da sua estadia na Missão de Magude, floriu de maneira exuberante quando se encontrava
na Ucrânia e atingiu a perfeição em Nachingweya. Com efeito, na Ucrânia, Muianga
criou um grupo cultural, do qual era maestro. Em Nachingweya produziu e popularizou a
famosa canção “Hi va moçambicano inkueru, swoswi”.

Enquanto instrutor em Nachingweya, Belmiro Muianga deslocou-se, nas chamadas


“Férias de Verão”, ao campo de Bagamoyo, com a missão de capacitar políticamente os
estudantes do Instituto Moçambicano que lá se concentravam.

Em 1966, Belmiro Muianga foi enviado para a região Austral com vista ao reforço da
companhia alí estacionada, dirigida por Sebastião Marcos Mabote. Nesta altura, a região
deparava-se com diversos desafios, aspecto que dificultava as operações por parte dos
combatentes.
De igual modo acontecu no Niassa Oriental, onde a situação militar estava difícil. Tanto
estratégico-militares como políticos, exigia intervenções de fundo. Reconhecendo as
excelentes qualidades de Belmiro, como comissário político e estratega militar, aspectos
demonstrados tanto em Nachingweya como em Niassa Austral, a direcção da FRELIMO
indigitou-o para colmatar, na companhia de outros colegas, os problemas vividos em
Niassa Oriental. Deste modo, Belmiro entrou nesta região em princípios de 1967,
integrado num grupo de cerca de vinte quadros.
Chegados à base de M’sawise, Belmiro foi enviado para a zona de Maúa a fim de dirigir
o pelotão desmembrado devido as desinteligências entre os dois comandantes
estacionados neste ponto.
A sua acção como chefe de pelotão foi confrontada por este, e outros obstáculos. Porém,
a sua veia política e eloquência na argumentação, constituíram uma mais-valia nos
esforços para a superação desta série de problemas.
Na sequência das investidas da tropa colonial, em 1967, a base de M´tringue foi alvo de
um forte bombardeamento, que se saldou na destruição das estruturas físicas e no
ferimento de Armando Panguene, então comissário político regional e um combatente
conhecido por Kambongwe. Assim, Belmiro Obadias Muianga foi indicado substituto de
Panguene no cargo de Comissário Político Regional. E em 1968, Belmiro Muianga
participou no II Congresso da FRELIMO, como delegados da província de Gaza, em
Matchedje província do Niassa.
A Morte de Belmiro Obadias Muianga
Belmiro Obadias Muianga perdeu a vida a 30 de Setembro de 1969. A sua morte ocorreu
numa região conhecida por Nairubi, onde fora estabelecido um aquartelamento colonial,
no decurso da década de 1960, denominado Nova Beira, no actual distrito de Majune, em
Niassa.
O aquartelamento de Nairubi, ou seja, Nova Beira, como todos os outros, era protegido
por um cinturão humano (aldeamento). Os responsáveis da operação entenderam ser con-
veniente realizar um ataque-surpresa ao aldeamento, pois, por um lado, podiam libertar a
população e, por outro, tomar de assalto o quartel. Caso o assalto fosse bem sucedido,
ganhar-se-ia a população e, consequentemente, uma importante posição estratégico-
militar.
Esta operação, apesar de fracassada, constituíu um marco nos esforços tendentes ao
avanço e alastramento da luta revolucionária e do processo de libertação da terra e do
povo moçambicano.
Anexo2
LISTA DE ABREVIATURAS
CRM – (Constituição da República de Moçambique);
FRELIMO – (Frente de Libertação de Moçambique);
IPM – (Igreja Presbiteriana de Moçambique);
LALNM – (Luta Armada de Libertação Nacional de Moçambique);
MANU – (Mozambique African National Union);
PIDE – (Policia Internacional para Defesa do Estado);
RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique);
UDENAMO – (União Democrática Nacional de Moçambique);
UNAMI – (União Africana de Moçambique Independente)

Você também pode gostar