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25/05/2015 Imprimir - Fanfic Broken Souls - Spirit Fanfics

Broken Souls
Autor(es): ~bloodmary

Sinopse
Quando o tênue equilíbrio que mantinha os anjos, demônios e humanos em suposta harmonia
é quebrado, nove almas ligadas pelas delicadas linhas do destino são obrigadas a convergirem
da maneira mais caótica possível.

Entre, sinta­se em casa e venha apreciar todo esse belo desastre.

KaiSoo | HunHan | BaekYeol | TaoRis ­ ANJOS; DEMÔNIOS; LEMON; LONGFIC.

Aviso Legal
Os personagens encontrados nesta história são apenas alusões a pessoas reais e nenhuma das
situações e personalidades aqui encontradas refletem a realidade, tratando­se esta obra, de
uma ficção. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade
intelectual. História sem fins lucrativos, feita apenas de fã para fã sem o objetivo de denegrir
ou violar as imagens dos artistas.

Índice
1 ­ Prólogo
2 ­ Another
3 ­ Friendly
4 ­ Madness
5 ­ Sweet You
6 ­ Belong to You
7 ­ Almost
8 ­ Btooom!
9 ­ The beginning of the end
10 ­ Chaos
11 ­ Prelude
12 ­ Goodbye
13 ­ Sacrifice
14 ­ Rebirth
15 ­ End
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1. Prólogo

Notas do Autor
Pra quem já leu o jornal que eu postei mais cedo... Já sabe o que eu vou falar aqui.

Broken Souls foi denunciada e excluída (mesmo com as tentativas de reavê­la a partir da
moderação, a decisão não foi alterada) e eu estou aqui tentando, de verdade, tirar força de
vontade para começar tudo do zero.

Eu tenho quase certeza que dificilmente todos os quase 300 leitores que a tinham favoritada,
irão encontrá­la novamente, então, se puderem avisar as pessoas que a liam do que
aconteceu, eu agradeceria.

De qualquer forma, não vou enrolar muito aqui, porque esse assunto já me saturou _muito_,
mas espero de verdade que todos vocês possam apreciar esse enredo, uma segunda vez.

Link de Teaser de Broken Souls nas notas finais.

Capa por: Nana


Betado por: Ana

Boa leitura!

O cômodo cheirava a mofo e libido.

A pouca luz que chegava até o corpo pálido, largado ao chão, provinha de uma
pequena fresta sob a única porta. A espécie de porão, tão abandonada que até mesmo os céus
deveriam tê­lo esquecido.

Melhor assim.

Porque quando Deus decidia ignorar um de seus filhos, abria a chance de o inferno
tomá­lo para si.

O corpo de um menino estendia­se logo acima de uma poça de água que havia no piso
áspero, num estado de semi­consciência voluntária... Como se ele apenas não quisesse estar
ciente do que acontecia consigo. Como se não importasse mais.

Não havia esperança.

Os pedidos de clemência haviam desaparecido há tempos atrás. Pena que as preces


tinham o destino errado, porque o homem que agora abaixava ao seu lado teria vindo buscá­lo
desde o primeiro clamor, caso tivessem sido direcionadas a ele.

Lamentavelmente, o nome do Senhor sempre vinha antes do seu.

Encostou no rosto do moribundo, que só notou sua presença com o contato em sua
cútis maculada, encarando­o com os grandes orbes cheios de um monte de nada. Não havia
vontade de viver, nem sonhos, sequer havia alguma auto­preservação.

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Não que o demônio fosse facilmente tocável, no entanto, toda aquela desesperança o
obrigou a sentir uma pontada de pena. Há tempos não via alguém na situação daquele
humano.

“Quem é você?” A voz do pequeno soou tão quebradiça quanto uma taça de cristal
particularmente fina. O demônio chegou a pensar que se gritasse, o corpo menor romperia em
mil pedaços.

“Alguém que pode livrá­lo dessa desgraça que compõe tua vida.” Os olhos
anormalmente grandes pareceram ganhar um pequeno brilho, como se pela primeira, em sua
curta existência, escutasse uma noticia agradável.

“Então você pode acabar com a minha vida? Pode fazê­lo de uma maneira indolor?”
Dessa vez foi a chance de o ser das sombras ficar espantado. Essa era a única forma que o
garoto conseguia enxergar para livrar­se de toda aquela dor? Morrendo?

Retirou o que disse sobre não ver alguém assim em muito tempo... Ele jamais havia
visto um humano dessa forma.

“Não... Eu posso fazer com que passe a gostar da vida. Posso transformá­la em algo
prazeroso de ser vivido. A única coisa que você tem de fazer é prometer ser meu.” Deslizou os
dígitos pelos fios escuros de sua criança, vendo­a agarrar­se em sua perna e guinchar­se em
direção à sua cintura, afundando o rosto sujo em seu sobretudo escuro.

“Eu posso ser de qualquer um que me tire desse inferno.” O demônio tratou de
amparar o corpo magro contra si, abrindo um leve sorriso ao ver como o menor parecia frágil
e entregue ao mesmo tempo.

“Estarei levando­o desse para um outro inferno, criança.” Admitiu, sabendo que não
poderia ser desonesto com sua nova alma.

“Lugar nenhum pode ser pior do que aqui. Nada pode ser tão ruim se você estiver por
perto.” E o sorriso do homem alargou­se levemente. Não precisaria preocupar­se em o
pequeno o trair. Ele já pertencia a qualquer um que lhe estendesse a mão. Pertencia de corpo e
alma.

E Jongin não poderia estar mais feliz em ter sido o primeiro a resgatá­lo.

Notas finais
Link do teaser: http://www.youtube.com/watch?v=EM6_n4Nn0r4

Bem, aqui está o recomeço de Broken Souls. A todos que me reencontrarem, mesmo com
todas as desgraças, muito obrigada por estarem aqui novamente.

Aos leitores novos: sejam muito vem vindos.

Estou me organizando para ver com que frequência vou respostar os capítulos, mas até
domingo é para todos já estarem aí.

Reviews?

Beijinhos :*

@fuckyou_off (on twitter)


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http://ask.fm/stickpush

2. Another

Notas do Autor
Antes de mais nada, queria agradecer a todas as pessoas que me deram apoio nesse
recomeço. De verdade, são vocês que me fazem ter a boa vontade de vir aqui e começar tudo
de novo, mesmo depois de toda a confusão que Broken Souls já causou.

Continua sendo uma história pela qual eu tenho muito carinho e vou fazer de tudo para que
vocês realmente consigam ver o final dela.

Bem, amanhã eu pretendo postar mais uns dois ou três capítulos dela, em horários diferentes,
para no sábado já ter chegado ao ponto onde eu estava e postar o capítulo novo, ok?

Boa leitura!

Capa por: Nana


Betado por: Ana

Kyungsoo abriu os olhos, respirando pesadamente pela boca, tentando reaver seu
fôlego.

O quarto estava numa penumbra leve, sendo iluminado somente pela janela aberta.
Era tarde da noite, mas o menino não tinha mais horários para dormir há anos... Se é que já os
possuiu alguma vez na vida.

Tocou levemente uma das marcas em relevo que havia em sua pele. Odiava quando
tinha de fazer seu serviço com pessoas particularmente violentas, sempre acabava machucado
de alguma forma, e isso não seria problema algum, se Kai não evitasse tocá­lo sempre que
possuía os rastros de outrem.

Levantou­se da cama com certa dificuldade, sentindo as nádegas arderem depois de


todos os tapas estalados que havia recebido naquela área. Testou fazer algum som, um pouco
mais alto, apenas para ver se a pessoa adormecida na grande cama de casal iria acordar com
facilidade.

O cinzeiro de bronze foi ao chão, causando um estalo seco, porém relativamente alto,
que não trouxe reação nenhuma ao homem corpulento deitado na cama daquele hotel de luxo.
Kyungsoo abriu uma sombra de sorriso antes de abaixar­se ao lado do leito, tateando embaixo
dela com a ponta dos dedos, até finalmente encostar os dígitos no metal frio que havia ali,
puxando­o sem muita delicadeza.

O punhal foi parar em sua palma e ele o segurou com uma habilidade adquirida em
todos os assassinatos anteriores... Que não eram poucos.

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Voltou para os lençóis, ainda nu, postando­se em cima do corpo roliço, sentindo­se
novamente enojado por estar tocando a pele daquele homem cretino. Assim que sentou­se em
cima do parceiro de quarto, com uma perna de cada lado de sua bunda, viu­o remexendo­se
para acordar.

“Já quer repetir a dose, menino?” O Do quase deixou uma risada escapar. O que fazia
aquele ser imundo pensar que gostou de dar para ele? Kyungsoo ainda custava em entender
como todas aquelas pessoas caíam em sua lábia. Por qual motivo na terra, um jovem de
dezoito anos iria apaixonar­se perdidamente por um homem beirando os cinqüenta, com
aquela barriga roliça e aquela cara de porco?

“Só nos seus sonhos.” Nem completou a frase e já pressionou a mão nos lábios do
empresário deitado de bruços. Calculou rapidamente o local que queria acertar, enfiando em
seguida a lâmina num ponto específico de sua coluna vertebral.

Assim que rompeu sua espinha, o homem deixou de conseguir se mover, amolecendo
nos braços magros do adolescente. O que provavelmente o empresário não sabia era que a
ponta do punhal havia acertado seu coração, dilacerando­o e causando uma hemorragia
interna de grande escala que em menos de trinta segundos levou­o à inconsciência.

Kyungsoo tirou a lâmina do corpo, limpando­a na roupa de cama que manchava­se


rapidamente de vermelho para depois enfiá­la dentro da mochila que havia trazido consigo
para aquele quarto infernal.

Nem começou a vestir sua peça íntima e sentiu a presença, tão esperada, próxima de
si.

“Já disse o quanto você fica bonito manchado de vermelho, pequeno?” Virou­se para
encarar aqueles olhos escuros a tempo de vê­lo beijando sua testa, como se deixasse claro que
não haveria nenhum contato íntimo entre os dois naquela noite. “Pena que está cheio de
marcas.”

“Não é minha culpa!” O menor tentou defender­se, mas Jongin já passeava pelo
ressinto, virando o corpo gorducho de barriga para cima, abrindo os lábios do mesmo.

“E eu não estou procurando por culpados. Fique novo para mim e conversamos
depois, Kyung.” A voz grossa era como um ponto final de uma discussão que jamais seria
ganha pelo humano delicado, que terminava de vestir­se com certa mágoa. Com a quantidade
de trabalhos que realizava para o mais alto, era cada vez mais difícil estar em condições de ser
tocado pelo demônio. Queria chorar cada vez que pensava que o outro talvez estivesse
perdendo o interesse em si.

Kai aproximou a própria boca dos lábios do falecido, sugando o ar com força até que
uma pequena esfera de luz, notavelmente imaterial, saísse do empresário com expressão suína
e fosse capturada por um beijo do moreno. Apenas um selar de lábios.

“Pode ir, eu cuido do restante.” Dirigiu­se ao menino pálido que permanecia


encarando­o mesmo depois de terminar de vestir­se.

“Vai para casa hoje?” Indagou enquanto seguia até a porta da suíte. Sabia que quando
o outro o dispensava, era sua obrigação obedecê­lo.

“Não sei, tenho que entregar esse homem para o juíz do sétimo nível. Se der tempo,
irei. Não me espere acordado. Amanhã mesmo te apresento seu próximo alvo.” Com um
suspiro pesado, o humano concordou.

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Jongin estava lhe escapando pelos dedos... Sabia disso e não tinha ideia do que fazer
para evitar que acontecesse.

Do Kyungsoo não iria suportar ser abandonado novamente.

••

Kyungsoo seguiu seu caminho para casa a pé. O hotel no qual havia matado o velho
roliço não ficava muito longe da residência que dividia com o demônio moreno – quando o
mesmo se dignava a aparecer. As ruas estavam relativamente desertas para aquele horário e a
brisa fria cortava a pele de porcelana do pequeno enquanto seus passos o levavam para longe
de sua última vítima.

Não estava prestando muita atenção ao caminho muito menos às pessoas que o
atravessavam, no entanto, uma risada feminina leve fez com que olhasse para cima. Não
soube o motivo de ter sua atenção tomada por algo tão banal quanto aquilo, no entanto, assim
que seu olhar cruzou com o do homem que acompanhava a tal figura feminina... D.O
conseguir sentir que havia algo de errado ali.

O ser tinha traços faciais chineses, um rosto fino e um corpo magro encimado por um
cabelo negro e olheiras leves embaixo de cada orbe.

Kyungsoo estancou na calçada, vendo o casal seguir em sua direção enquanto tudo
que conseguia fazer era tentar entender o que diabos aquele chinês tinha de diferente do
restante do mundo. E como se fosse uma resposta, o loiro colocou a mão na gola da camisa
branca que usava, puxando­a levemente para baixo até que uma marca estivesse visível ao
pequeno de olhos grandes.

Era o mesmo símbolo que ele mesmo possuía impresso na própria língua. Um
crucifixo invertido repleto de arames farpados, mantendo­o preso dentro de um septagrama.

Os olhos já anormalmente grandes de Kyungsoo arregalaram­se ainda mais enquanto


o chinês – notavelmente mais alto que si – lhe abria um sorriso cínico, passando ao seu lado e
desaparecendo na primeira esquina que se seguiu.

Um sentimento forte de impotência instalou­se no fundo de seu âmago. Ele queria


gritar, queria mostrar ao mundo o quanto estava frustrado, o quanto doía ver aquilo. No
entanto, ao contrário de todas as suas vontades, tudo que ele fez foi correr, de volta para o
lugar que chamava de lar nos últimos quatro anos.

Passou cabisbaixo pela portaria do condomínio de luxo, seguindo a passos apressados


até o elevador que o deixou na cobertura. Abriu a porta com violência, fechando­a com o pé.
Passou pelo aparador ao lado da entrada principal, derrubando toda a vidraria que havia ali em
cima. Ao baterem contra o chão, quebraram­se em milhares de pequenos cacos, que o branco
atravessou, ouvindo­os crepitarem sob a sola de seus sapatos.

“KAI!” Gritou a plenos pulmões, um ódio incontido ganhando espaço dentro de si,
substituindo a frustração. “SE VOCÊ NÃO APARECER AGORA EU JURO QUE ME
LANÇO PELA JANELA!”

E ao terminar a frase, um vaso que enfeitava a enorme mesa de tampo de vidro foi
lançado na parede, estilhaçando em cascata antes de atingir o chão. O pequeno ajoelhou­se,
puxando os próprios cabelos como se não conseguisse controlar os próprios sentimentos.

“Vai me dizer o motivo desse lapso?” Kyungsoo ouviu a frase muito antes de sentir os

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dedos morenos tocarem seu queixo, obrigando­o a encarar as íris chocolate do rosto de Jongin
que parecia tão calmo quanto alguém poderia estar.

“Eu achei que era seu único brinquedo! Nunca me importei de ser menos que um
objeto pra você, mas acreditei que pelo menos, era exclusivo... Você não tinha o direito,
Jongin!” O ódio estava rapidamente tornando­se melancolia, sendo expelida junto com
lágrimas grossas que rolaram dos olhos do branco, caindo em direção ao tapete da sala,
molhando­o.

Enquanto isso, Jongin permanecia encarando­o com o cenho franzido como se ele
estivesse falando de algo que estava além da compreensão do demônio.

“Do que está falando, Kyungsoo?” O mais alto indagou, mostrando claramente sua
confusão. Afinal, o que o menino havia sonhado e acordou achando que era verdade? Porque
só algo assim explicaria o surto de sua criança.

“Eu vi sua marca! Num menino que estava passando na rua! Ele me mostrou, ele sabia
que eu também era! Chega de mentir pra mim, Kai!” As lágrimas vertiam, sem fim. Tudo que
o demônio estava falando não parecia surtir efeito no branco que só conseguia enxergar a cena
que havia presenciado no caminho para casa.

“Não é meu. Você é meu único. E desde quando eu disse que você é como um objeto
para mim?” O silêncio palpável era quebrado apenas pela voz do moreno. “O que está
acontecendo? Tem algo que queira me dizer?” O demônio indagou, deslizando os dígitos pela
pele clara do humano que tinha tomado para si.

“Eu quero saber o que eu fiz de errado... Eu... Você perdeu o interesse em mim... Eu
realmente achei que você tivesse pegado outra pessoa, que eu não fosse mais o suficiente. Eu
estou tentando Jongin, mas não sei o que fazer pra te manter interessado em mim.” E então o
tom foi de desistência. Complacente com a própria situação.

O moreno cansou de ver todas as fazes de negação do menino e levantou­o, puxando­


o pela cintura para que o pequeno saísse do chão e sentasse no encosto do sofá.

“Eu não deveria nem estar dando atenção para os seus medos infundados, mas se é o
que quer saber: não ando transando com você porque não gosto do cheiro de outras pessoas na
sua pele. Nem as marcas. O problema é que há trabalho a ser feito e eu não vou ignorar isso.”
Kai limpou as lágrimas do humano com a ponta dos dedos, vendo o outro fungar como uma
criança.

Jongin aproximou os lábios aos do menor, beijando­o ternamente enquanto alterava


conscientemente as substancias que compunham sua saliva, que misturava­se a do menor em
meio às línguas que cruzavam­se num valsa única.

Na metade do ósculo, Kyungsoo amoleceu, caindo nos braços do moreno, num sono
profundo.

O demônio não tinha tempo de fazer as mágoas do menino como desejava. Tinha de
entender o que estava acontecendo, afinal, até onde possuía conhecimento, ele era o único
dos sete pecados circulando pela Terra.

O que divergia do relato contado por seu humano, que disse ter visto sua marca na
pele de outra pessoa.

Admitia que o símbolo dos sete príncipes era muito difícil de ser diferenciado um do

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outro por olhos leigos – já que a única diferença era o número de arames que cruzavam o
crucifixo – no entanto, não estava feliz com a possibilidade de ter de conviver com um de seus
irmãos infernais em solo humano.

Entretanto, as coisas estavam indo bem demais para ser verdade.

••

“Pick me up

Been bleeding too long

Right here, right now

I'll stop, it somehow”

[ Alone I Break – Korn ]

Longe dos acontecimentos que tinham como palco o apartamento de luxo no qual o
humano implorava pelo afeto do demônio moreno, em uma casa singela localizada na
periferia de Seul, um adolescente chorava, engolindo os soluços altos que ameaçavam sair por
seus lábios.

Era vergonhoso chorar, ele não tinha mais idade para isso.

Já deveria estar acostumado com as coisas como elas eram. Deveria parar de ter
esperanças de que tudo acabaria um dia, de que acordaria numa manhã e teria a mãe que
jamais conhecera lhe entregando um café da manhã na cama.

Não; o pai alcoólatra e abusivo era tudo que lhe esperaria sempre que colocasse os pés
em casa.

Rodou a lâmina da gilete entre os dedos pela milésima vez, tentando


desesperadamente fazer com que a dor de sua alma fosse menos gritante, para que não
recorresse pela milésima vez a dor física, tentando mascarar a psicológica.

Não queria ficar mais cheio de marcas, não queria, no entanto... Algo dentro de si
gritava que essa era a única maneira que encontraria para acalmar toda aquela ânsia, todo
aquele desespero.

O metal frio atravessou a pele de seu pulso, causando uma dor incômoda e aguda,
fazendo com que o sangue começasse a verter assim que atravessou uma de suas veias
superficiais. Sabia que se quisesse acabar com a própria vida teria que cortar­se em vertical,
dilacerando seus vasos sanguíneos, mas como o objetivo era apenas livrar­se de uma de suas
dores, o ferimento horizontal já era o suficiente.

O sangue coagularia rápido o suficiente para tampar aquela agressão e impedir que
sangrasse até a morte.

“Não faça isso, Sehun” Uma voz calma pediu quase ao mesmo tempo que os dígitos
pálidos tocaram a mão que se auto­flagelava, impedindo­a de continuar.

Oh Sehun conhecia aquela voz desde muito pequeno, mas nos últimos anos suas
visitas eram menos freqüentes, como se o homem que o tocava estivesse cada vez mais
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ocupado com sua própria vida.

Junto com o toque na mão do menino, todos os objetos que flutuavam ao redor do
mesmo foram ao chão perdendo subitamente a falta de gravidade, causando um barulho
estridente. Os porta­retratos, a mochila puída, os poucos brinquedos que ainda mantinha
consigo... Tudo, direto para o chão desordenadamente.

Os olhos do adolescente encararam o mais alto, – não por muito tempo já que crescia
rápido e o mais velho não tinha uma estatura muito invejável – que lhe sorriu, trazendo um
sentimento de conforto e paz automático ao menino delicado.

Os olhos de Sehun, antes completamente negros – incluindo o que deveria ser o


branco dos globos oculares – piscaram duas vezes e voltaram ao castanho natural como se a
fera dentro de si tivesse sido adestrada pelo outro.

“Luhan...?” Indagou incerto, como se a presença do loiro fosse uma miragem criada
por seu desespero latente. “Achei que tinha esquecido de mim...” O garoto de apenas quatorze
anos sussurrou mordendo o lábio inferior, inseguro.

“Perdão, meu anjo. As coisas lá em cima estão um pouco... Complicadas.” Ele disse,
pegando o pulso do menino, jogando a lâmina ­ que antes era segurada pelos dedos delicados
do mesmo ­ no chão. Luhan trouxe o braço pálido e fino de Sehun em direção aos próprios
lábios, lambendo a ferida aberta delicadamente.

Um arrepio correu todo o corpo do adolescente, que conteve o impulso de encolher­se


enquanto via seu sangue ser colhido pelo músculo úmido do mais velho para que, como num
passe de mágica, logo em seguida estivesse curado. O ferimento fechando­se na frente de seus
olhos, deixando apenas uma linha fina no local que desapareceria com o tempo.

“Um anjo me chamar de anjo não faz o mínimo sentido.” Luhan que agora limpava os
resquícios rubros com a ponta dos dedos só pôde sorrir em relação ao comentário do mais
novo.

A verdade é que o sangue de Sehun lhe fazia muito mal e teria de vomitar assim que
saísse da presença do jovem, no entanto, não conseguia ver aquela pele maculada sem ficar
inquieto, tentando ajudá­lo de todas as maneiras que conseguia.

“Eu ser uma criatura celeste não tira seu mérito de ser meu anjo.” Retrucou como se
fosse obvio, tocando o rosto do menor e acolhendo­o num abraço tenro, apoiando o corpo do
mesmo em seu peito e pousando o queixo no topo da cabeça de Sehun.

“Eu não tenho nada de angelical... Você sabe que eu sou um fi– “ Luhan impediu que
sua criança continuasse a falar, colocando uma de suas palmas carinhosamente por cima dos
lábios do mesmo.

“Chega de rótulos, certo? Eu não quero saber a que ramo de criaturas você pertence,
para mim você é apenas Oh Sehun e não precisa ser mais nada além disso.” Afinal, o anjo
guardião do elemento do ar, da cura e mandante de todas as Virtudes sabia muito bem o que o
garoto em seus braços era.

Alguém que jamais alcançaria nem o céu, nem o inferno, porque seria rejeitado por
ambos. Alguém que não poderia ser considerado nem uma criatura das sombras, muito menos
um ser da luz. Sehun era um impuro, um híbrido: a junção de um humano e de um demônio.

Alguém com poder sobrenatural e que no entanto, não conseguia controlá­la

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completamente. Quase uma bomba relógio a ponto de estourar.

E com a vida que Sehun possuía, o anjo temia que essa explosão acabasse sendo muito
mais desastrosa do que a maior parte era. E esse fora o motivo para que, anos atrás, o
mandante das Virtudes tenha se interessado pelo pequeno.

Não mais tão pequeno, já que algo dizia a Luhan que em menos tempo do que
esperava o outro o superaria em altura.

“Agora me diz... O que aconteceu dessa vez? Porque queria se cortar?” O anjo loiro
indagou, apoiando as costas no travesseiro que havia atrás de si, já que ambos permaneciam
na cama de solteiro da criança. O corpo menor apoiava­se no peito do ser celestial, como se
ali encontrasse um porto seguro. O único porto seguro de sua existência miserável.

O impuro respirou fundo, afundando com mais afinco o rosto nas roupas daquele que
o apoiava. “Não foi nada... Só... Mais do mesmo.”

“Mais do mesmo...?” O loiro afastou o adolescente de si, puxando a camiseta do


pequeno para cima revendo diversos pequenos ferimentos. Desde arranhões que chegaram a
sangrar até marcas fundas de mordidas e toda uma infinidade de vergões e pontos arroxeados,
decorando a tez clara. “Eu preciso te tirar de perto do seu pai...” Suspirou pela milésima vez,
sabendo que era contra as regras interferir na vida das criaturas que habitavam a Terra.

Rezava aos céus, pedindo para que o Senhor ignorasse suas atitudes.

“Vem, eu não vou ficar em paz enquanto não tirar essas marcas de você.” O anjo
levantou­se da cama, puxando o pequeno híbrido junto com ele, mantendo­o de pé enquanto
tirava a peça de roupa que cobria o corpo magro do menino. Sabia que deveriam haver
ferimentos em locais mais baixos também, no entanto, não iria atravessar essa linha de
intimidade.

Luhan esfregou as próprias palmas, de onde uma luz discreta e quente surgia. Logo
em seguida abraçou o tronco do adolescente, deixando que aquela luz fosse tocando, uma por
uma todas as imperfeições causadas pelo pai de Sehun.

Ao mesmo tempo, o anjo usava sua boca para deslizar pelo pescoço maculado do
menino, deixando que sua língua passeasse pelos pontos de maior estrago. Toda a pele pálida
do impuro eriçava­se com aquele contato... Não era adaptado a ser tocado com todo aquele
carinho...

Não era acostumado e querer ser tocado.

Como queria agora.

“Luhan... Não...” Pediu, tentando afastar­se dos toques do mais velho.

“O que houve?” O anjo quis saber, parando com o que fazia para encarar os orbes
castanhos do menor.

“Eu...” Sehun mordeu o próprio lábio inferior. Não sabia como dizer que estava
começando a sentir aquele conhecido formigamento, no baixo­ventre. “Eu sei que sua saliva é
curativa... Já usou comigo várias vezes, mas... No meu pescoço, eu...” E olhou para baixo,
deixando que o mais velho acompanhasse seus olhos, com uma onda de compreensão
atravessando seu rosto.

“Oh... Perdão.” O loiro já havia terminado seu trabalho no tórax do menor, então
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achou melhor afastar­se... Conseguia ouvir o coração do híbrido martelar em seu ouvido de
tão rápido que batia. “Acho... Melhor eu ir embora, nesse caso.”

Com os constantes abusos que sofria do pai, acreditou que o adolescente não fosse
sentir esse tipo de prazer ao ser tocado por si... Não calculou o quanto a carne humana era
fraca para qualquer contato que lembrasse o ato sexual.

“NÃO!” Sehun desesperou­se, agarrando­se ao corpo do anjo que ia em direção a


janela, por onde havia entrado. “Eu só pedi pra você se afastar porque achei que ficaria
constrangido com a situação, mas não por que... Porque eu realmente quisesse que você
parasse... Luhan, você sabe que pode fazer qualquer coisa comigo.” Nem terminou a frase a já
abaixou o rosto, vermelho de vergonha.

E só então o anjo entendeu o que havia feito...

O impuro havia se apaixonado...

Por ele.

O problema todo estava no fato que: anjos eram proibidos de retribuir o amor de um
humano.

Ou de qualquer outro ser, que não o Senhor.

Notas finais
Reviews? :3

3. Friendly

Notas do Autor
Bem, vou ser bem sucinta nas notas aqui, porque hoje três capítulos vão sair, para que eu
consiga postar o capítulo novo até amanhã, no máximo, então....

Muito obrigada, mais uma vez, pelo carinho de todos vocês <33

Boa leitura.

Capa por: Nana


Betado por: Ana

A música alta invadia as paredes finas da suíte alugada dentro daquela casa de
prostituição.

O cheiro de sexo preenchia todo o cômodo, impregnando­o.

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Deitado na cama de maneira despojada, Baekhyun encarava o homem que havia pago
para transar consigo. Não que ele fosse o tipo de pessoa que precisava pagar por sexo, no
entanto, aquele michê em especial possuía algo que o interessava.

Informações.

Minseok – ou Xiumin, como era chamado dentro de seu local de trabalho –


permanecia sentado no colchão com um cigarro nos lábios, nem ligeiramente incomodado por
estar nu. Lidava bem com o próprio trabalho. Lidava bem com a própria nudez e o próprio
corpo.

Afinal, era garoto de programa por opção.

“Você fede a enxofre.” O coreano com traços chiness falou, referindo­se ao cliente
atual. Era a terceira vez que estava sendo pago pelo loiro e havia sacado o que o outro era nos
quinze minutos iniciais da primeira sessão de sexo.

“Então você sabia?” Baekhyun soltou um riso baixo, encarando as costas daquele que
havia acabado de lhe dar prazer.

“Soube na primeira meia hora, pra ser mais exato. A única coisa que eu não sei é o
motivo de você ter vindo me procurar.” Admitiu, deixando o pedaço de câncer pender entre
seus lábios enquanto voltava a deitar o tronco nos lençóis, apoiando a cabeça no ventre do
loiro, que passou os dedos pelos fios escuros do prostituto.

“Você é tão bom quanto eu pensei que era, nesse caso.” O loiro continuou seu afago
no michê que ainda o encarava, tentando descobrir o que alguém como ele iria querer
procurando­o. “Eu sei que você é o Hunter que matou um dos sete pecados.” Xiumin arqueou
a sobrancelha como quem se interessasse pouco pela informação. “Também sei que não se
mete mais com as coisas que envolvem o submundo... O que quero saber é se existe mais
algum Hunter capaz de fazer o que você fez.”

“Não sem sofrer tanto ou mais do que eu.” Declarou, encarando­o fixamente.

“Não foi essa minha pergunta.” O demônio falou, sentando­se na cama e tomando o
cigarro das mãos do humano, tragando­o profundamente.

“Vamos deixar uma coisa bem clara por aqui: eu não pertenço a nenhum dos dois
lados. Quero que vocês se fodam e que os anjos vão para a puta que os pariu, eu fiz o que fiz
por interesse próprio, por uma motivação pessoal muito maior do que o bem estar da Terra,
então... Se eu te falar o que quer saber, o que pode me dar em troca?” Tinha de admitir que o
ser das sombras que havia pago por seus serviços era muito bonito, mas beleza não o
convenceria a falar.

“Proteção. Uma competição entre os príncipes começou há algum tempo. Não vai
demorar muito para que a Terra sinta a diferença. Não podemos sair em massa do inferno,
desequilibra as coisas... E você não vai querer estar no meio do fogo cruzado depois de se
aposentar.” Sabendo que Minseok só queria paz no meio daquele caos, essa era a melhor
proposta que poderia oferecer.

O garoto de programa de cabelos castanhos saiu do leito e dos dedos carinhosos de


Baekhyun, caminhando até a única janela do recinto. Olhando para fora com interesse
enquanto pensava na pergunta e na proposta do demônio.

“Tem um... Tive contato com ele por pouco tempo, mas sei que ele tem capacidade de

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fazer a mesma coisa que eu... Se treinar um pouco mais e tiver um bom motivo. Ninguém
arrisca o pescoço do jeito que eu arrisquei sem um por quê.” Falou, vendo o movimento lá
fora. Os faróis dos carros criando rajadas de luz em intervalos. “O nome de trabalho dele é
Kris. Trabalha pro vaticano, é um dos cinco guardiões.”

“Guardiões...? Umas das cinco máquinas treinadas desde crianças?” Baekhyun tinha
ouvido falar deles. O vaticano havia apadrinhado cinco órfãos, uma de cada continente e
criado­as em regime de internato para se tornarem a guarda de seus respectivos pólos
terrestres. Pelo pouco que sabia a respeito, o quinteto sequer parecia humano.

Eram robotizados, cruéis e com pouco senso de piedade, da mesma forma que não
aceitavam qualquer espécie do submundo, também rejeitavam impuros e alguns níveis de
pecadores. Foram treinados para matar e era exatamente isso que faziam, expurgando o mal
do solo humano.

Um trabalho divino.

Não que o loiro realmente acreditasse nisso.

Muita hipocrisia para o paladar apurado de Baekhyun.

Nenhum humano era desprovido de teto de vidro como esses cinco Hunters
acreditavam ser.

“Dos cinco, porque apenas um?” Foi a pergunta que ele acabou externando.

“Porque ele é o único que realmente tem um motivo para querer arrancar cabeças por
aí.” Minseok respondeu, abaixando­se para pegar a peça íntima que havia ficado pelo chão.
“Os pais foram mortos por um General do sexto inferno e o ódio... É um excelente incentivo.”

••

“Nenhuma verdade me machuca


Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade, já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais”

[ Pitty – Déjà Vu ]

Wu Yifan moveu o pescoço, cansado de permanecer na mesma posição.

Já estava dentro daquele porão úmido e mal­cheiroso há mais de quatro horas e


finalmente sua paciência havia se esgotado.

O pentagrama – símbolo que havia sido largamente confundido como algo demoníaco,
durantes os séculos – desenhado no chão formava a barreira invisível que uma mulher,
portadora de cabelos falsamente ruivos, não poderia transpassar.

“Eu posso te dar o que você quiser. Não precisa terminar assim, caçador, eu n­“ A
frase da ruiva foi sumariamente cortada quando Kris arremessou, de onde estava, uma adaga
benta que fincou­se com um som seco no ombro direito da moça. A ruiva urrou de dor,
tentando retirar a lâmina de si, sem sucesso, já que sua pele parecia derreter toda vez que
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encostava na bainha de couro. “VAI MATAR O CORPO DESSA MENINA SE


CONTINUAR FAZENDO ISSO!”

O grito desesperado sequer fez a expressão do Hunter loiro alterar­se.

“Ela já está morta. Você foi atropelada por um ônibus quando tentou fugir de mim na
noite passada. Isso se já não estivesse morta antes disso. Seres da sua laia sempre se acham
inteligentes demais.” A verdade é que Yifan realmente havia tentado poupar a vida da jovem
que havia sido possuída. Apesar de todo seu ódio por qualquer ser que saísse das entranhas do
inferno, era altamente humanista.

O bem estar dos humanos envolvidos em qualquer um de seus trabalhos sempre vinha
antes da missão em si. O que nem sempre era fácil de reconciliar. Possessões normalmente
eram desastrosas para o hospedeiro.

Kris abriu uma bíblia que carregava consigo. Haviam inúmeras maneiras de se
exorcizar ou matar um demônio, no entanto, com seu treinamento dentro do vaticano,
costumava usar o rito bíblico.

“Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incuriso
infernalis adversarii, omnis legio, omnis congredatio et secta diabolica… Ergo…” As
palavras em latim vieram junto com contorções extremas por parte do corpo feminino, que
gritava coisas desconexas, pedindo para que o homem parasse com aquilo.

O que não comovia Yifan.

“EU FALO!” E finalmente alguma frase fez com que o loiro arqueasse uma
sobrancelha, cessando seu rito. Puxou uma cadeira velha que havia jogada naquele local e
sentou­se de frente nela, apoiando os braços no encosto de madeira velha. Fez um gesto de
“continue” com uma das mãos.

A ruiva – que jazia ajoelhada no chão – tirou os fios de frente do rosto. A maquiagem
borrada escorria­lhe pela face que transpirava, como se tivesse acabado de ser torturada. Sua
respiração era rasa e ofegante.

“Um caçador... Um que trabalhava por conta própria... Ele matou um de nossos
príncipes uns anos atrás. Eu não sei qual, apenas ouvi falar. Pelo que dizem os boatos lá
embaixo, ao invés de o conselho dos seis restantes simplesmente escalarem um demônio que
estivesse um cargo abaixo para suprir a falta, um deles discordou de todas as decisões e
desapareceu.” Ela retomou o fôlego. Falava rápido e com um tom esganiçado. Medo vazava
de seus poros. “Dizem que ele veio para a o Assiah¹ tentar levar um humano com ele para
suprir o pecado faltante... Assim ele não dominaria apenas o próprio pecado, mas também o
do humano. Poderia ser mais poderoso que o restante. Eu só sei isso. Juro!”

“Bom saber.” Kris ditou, levantando­se novamente. Não esperava algo do tipo, nunca
tinha ouvido falar de um motim em pleno inferno, mas vindo daquela corja, não
desacreditava. Só tinha certeza de que se o que a ruiva dizia fosse realmente verdade, as
coisas tendiam a ficar muito feias.

O loiro voltou a abrir a própria bíblia, pronto para entoar o restante do exorcismo
quando foi novamente interrompido.

“NÃO! EU FALEI TUDO QUE SABIA! SE ME MANDAR DE NOVO PARA O


INFERNO, VÃO ME TORTURAR O RESTANTE DA ETERNIDADE PELO QUE TE
DISSE” O desespero era tão notável que chegava quase a materializar­se entre os dois.

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“Aí... Já não é problema meu.” Um sorriso que beirava o sadismo transpassou o rosto
do Hunter antes de o mesmo prosseguir com as palavras em latim, ouvindo os gritos quase
ensandecidos da mulher que, eventualmente caiu, imóvel no chão.

Uma linha de sangue lhe escorria pelos olhos quando a mesma os abriu, respirando
fundo e encarando as íris escuras de Kris. Foi um milésimo de segundo. Um lapso de
consciência da verdadeira menina, que esvaiu­se em seguida, quando o som ensurdecedor de
ossos se partindo invadiu o recinto.

Os membros da moça assumiram posições antinaturais. Hematomas, lacerações leves


e feridas inteiras abriram­se por todo o corpo da mesma. Sangue lhe vazava de tantos pontos
que era difícil enxergar a extensão dos ferimentos. Um grito abafado saiu dos lábios finos,
antes que seus olhos se fechassem novamente.

Dessa vez em definitivo.

Todas as injúrias que o corpo havia sofrido na posse do demônio só apareciam depois
que a entidade o abandonava. A visão nunca era menos do que terrível.

Kris abaixou­se, proclamando em baixo tom uma reza pela alma da mulher... Jovem
demais para ter passado por tudo isso.

Quando levantou­se discou rapidamente um número no celular, falando da maneira


sucinta o local em que se encontrava. Eram os funcionários do Vaticano que despachavam o
corpo. Seu trabalho ali terminara.

Agora ele tinha um peixe muito maior para pescar.

••

O vestiário estava cheio de alunos que haviam acabado de sair do treino das aulas de
educação física.

Vozes altas rodeavam o lugar, que parecia um circo com a quantidade de brincadeiras
rodando as paredes de azulejos. Afinal, o mais podia­se esperar de um bando de adolescentes
– entre 17 e 18 anos ­ que estavam na metade do último ano de ensino obrigatório?

Toalhas, vez ou outra, eram arremessadas, risadas acompanhavam quase todas as


frases ditas em tons bem mais altos do que o necessário e, no meio de tudo isso, banhos eram
tomados, escorrendo todo o suor que havia grudado nas peles macias durante a atividade
física.

Huang Zitao, que participava de tudo aquilo com afinco, só notou a presença do loiro,
bem mais baixo do que ele, quando o mesmo já estava na frente de seu box, observando seu
corpo nu enquanto se banhava e trocava jatos de água com dois colegas, postados em suas
laterais.

Baekhyun estava com os braços cruzados na frente do peito e uma expressão neutra
que não dava a Zitao nenhuma pista do que o demônio poderia estar pensando.

“Amigo seu, Tao?” Um dos colegas de classe do moreno indagou, encarando o jovem
de olhos delineados que havia entrado lá, sem uniforme, como se não fosse aluno daquela
instituição de ensino, apesar de sua aparência ser condizente com a idade do restante.

“É, pode­se dizer que sim...” O chinês respondeu, enrolando uma toalha na cintura e
indo de encontro ao loiro, que apenas dignou­se a lhe dar as costas e rumar em direção a
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saída, sabendo que seria seguido.

O príncipe regente da Inveja apenas deu­se o trabalho de ir para um canto escondido,


zelando para que o moreno não fosse obrigado a ouvir reclamações por ter saído apenas de
toalha do vestiário masculino.

“O que faz aqui?” O chinês indagou, prendendo melhor a peça de pano, branca, que
havia em volta de seu quadril.

“Antes de mais nada: abaixa essa bola pra falar comigo.” Impôs o loiro, com um olhar
cortante. “Você não apareceu ontem. Eu ainda posso cortar nosso contrato e você volta para a
sua vidinha de merda... Lembra como era, não lembra?” Um sorriso cínico formou­se nos
lábios finos, antes de ele encostar uma mão logo acima do símbolo que havia no ombro do
moreno. “Deixa eu refrescar sua memória.”

A marca desapareceu sob o toque do demônio, fazendo com que automaticamente o


adolescente fosse ao chão, com um gemido de dor. Seu corpo todo contorceu­se. Seus braços
retraíram­se, as mãos tomaram uma posição curva, como se não pudessem mais ser movidas.
O rosto bonito do moreno assumiu os traços faciais de alguém que possuísse alguma espécie
de retardo: lábios entreabertos e olhar vidrado.

E esse havia sido todo o motivo para Zitao pedir desesperadamente pela ajuda de
Baekhyun.

Aos quatorze anos, o chinês passou a sofrer dos primeiros estágios de Degeneração
Espinocerebelar², doença que lhe tiraria todos os movimentos do corpo, além de qualquer
capacidade de comunicação em pouquíssimos anos. O mais cruel da situação toda era que o
raciocínio de Huang Zitao jamais seria afetado. Ele veria toda sua vida indo pelo ralo e
manteria completamente sua consciência, até que a morte o levasse. Sofreria sozinho, em
silêncio, sabendo que não existia cura para sua desgraça... Nem tratamento viável.

Agora, quase quatro anos após o pacto, esse seria seu estado atual. Quase um vegetal.

Após alguns momentos de divertimento por parte do mais baixo, finalmente


convenceu­se a devolver a saúde do mais novo, que levantou­se com o pânico instalado na
face e lágrimas forrando ambos os olhos que continham olheiras naturais.

“Vai ignorar meus chamados novamente, Taozi?” A Inveja perguntou, com um sorriso
tenro nos lábios e uma voz macia, como se jamais tivesse causado algum mal ao moreno.

“Não... Não vou.” Respondeu o chinês, numa voz fraca e chorosa. Por mais que
conseguisse ser um assassino cruel quando precisava, ainda tinha um trauma intenso de sua
condição real de saúde.

“Então... Conseguiu encontrar o menino que te falei?” Tao assentiu com a cabeça,
limpando as lágrimas que acabaram caindo isoladamente. A grande verdade, e Baekhyun
sabia disso, era que o humano ainda assemelhava­se muito a uma criança. Sendo que seu
maior desejo quando vez o pacto consigo era voltar a ter uma vida normal.

Os pais já o haviam abandonado no hospital, quando estava na China, então a única


coisa que o loiro conseguiu fazer por ele foi lhe dar uma nova casa, um novo recomeço no
qual ninguém soubesse de sua vida anterior. Colocou­o num dos melhores colégios da Coréia
do Sul e o deixou ter uma vida dupla: estudante comum durante o período diurno e empregado
de um príncipe do inferno ao cair da noite.

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Apesar de tudo isso, Huang Zitao era muito bom no que fazia. Ágil, discreto,
conquistador quando necessário... Encarava com naturalidade quase todas as situações nas
quais colocado, mesmo as sexuais.

Seu único defeito era apegar­se demais. Tanto aos amigos de colégio, quanto com
algumas vítimas. Vivia reclamando de ter de matar certas pessoas, mas no final, o medo de ter
de voltar a ser um vegetal o faziam aceitar qualquer coisa que Baekhyun propusesse.

“Consegui. Fiquei seguindo­o por quase dois dias. Sei onde mora e qual era sua última
vítima. Também vi quem era o demônio, mas isso você já sabia.” O mais alto dos dois
passava rapidamente as informações que possuía, com medo que o outro resolvesse ser cruel
novamente. “Apareci para ele ontem à noite, como você me disse pra fazer. Mostrei minha
marca e ele ficou estático quando viu, logo depois saiu correndo e eu não sei mais o que
aconteceu. Deve ter ido pra casa. O caminho era o mesmo.”

“Sabe, Taozi... Tem uma coisa que eu não entendo sobre a escolha de meu irmão...
Por que aquele menino? Pequeno, acanhado, cheio de traumas... Pode até ter um rosto bonito,
mas é apenas isso.” O loiro parecia estar falando consigo mesmo e não com o menino que
estava plantado em sua frente, coberto com uma toalha.

Não que o próprio Baekhyun fosse alto, no entanto, certas coisas não se escolhem.

“Não acho que ele seja só isso...” O moreno murmurou, mas acabou recebendo a
atenção da Inveja com isso, que o mandou prosseguir. “Ele é meio maníaco. Não sei explicar,
nem posso afirmar que o que estou dizendo seja verdade imutável, mas aquele garoto não é
normal. Eu acho que seu ‘irmão’ teve um bom motivo para escolhê­lo. Não subestime a
capacidade do baixinho em fazer um estrago, se preciso.”

“Fique de olho nele pelos próximos dias. Sabe onde ele mora, então depois das suas
aulas, fique no encalço do puppy de Kai. Quero descobrir do que ele é capaz.” O Huang
concordou com um aceno. “Eu vou indo, coloque uma roupa antes que fique doente.” O
cinismo da última palavra quase escorreu dos lábios finos do mais velho, que ficou na ponta
dos pés para dar um selo na boca do chinês antes de desaparecer no ar, como se jamais
houvesse estado lá.

Os tremores do corpo mais alto só pararam vinte minutos depois de seu “contratante”
já ter desaparecido.

Não conseguia superar a sensação de seu estado de saúde real.

Era doloroso demais.

••

“Você está fedendo perfume barato.” Chanyeol murmurou quando o mais baixo
passou os braços por seu pescoço, beijando­lhe uma das maças do rosto.

“Mas que inferno!” O loiro indignou­se, largando bruscamente o parceiro e jogando o


próprio corpo na cama de dossel que havia no grande quarto, bufando. “Primeiro aquele ex­
hunter com cara de pão fala que eu cheiro a enxofre e agora você reclamando do perfume.
Será que eu posso terminar a noite sem ser chamado de fedido por mais alguém?”

O gigante só pode rir da frustração alheia, divertindo­se pela primeira vez ao dia, já
que desde que essa competição ridícula entre Baekhyun e Kai havia começado, o pequeno de
olhos delineados quase não ficava no inferno por tempo o suficiente para que o outro pudesse

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matar a saudade do corpo magro sob seus dedos.

E isso já se prolongava a mais de três anos terrestres, o que queria dizer um tempo
maior ainda no inferno.

Um dia na terra equivalem mais ou menos, a um mês no inferno.

Chanyeol levantou­se da poltrona em que estava confortavelmente alojado,


caminhando sem pressa até o colchão que abrigava o corpo do amante. Baekhyun permanecia
com a expressão fechada de indignação, no entanto, o mais alto dos dois só conseguia achar
aquilo tudo muito adorável.

Engatinhando por cima do corpo do outro, o mais novo dos dois passou as mãos pela
lateral do corpo pequeno, deslizando a ponta dos dedos para dentro de sua camiseta, puxando­
a para cima com calma enquanto mantinha um contato visual fixo com Baekhyun.

“Vai tocar em mim mesmo com o cheiro de perfume barato?” Indagou o loiro menor,
de maneira arrastada, mesmo que aquele olhar fixo estivesse causando arrepios em seu corpo.

“Um humano jamais causaria metade do prazer que eu posso te oferecer. Confio no
meu taco o suficiente para não me importar com quem te toca ou deixa de tocar... Você
sempre volta pra mim.” E dizendo isso, Chanyeol deixou o tronco do mais velho desnudo,
passando a ponta dos dedos pelos mamilos, que ficaram túrgidos ao contato.

“Se quer saber... O Hunter era muito bom no que fazia.” O loiro provocou, causando
uma pequena chama na ponta dos dedos para depois fazê­la encostar no pano que cobria o
tórax de Chanyeol. A roupa passou a ser consumida pelas chamas tremulantes, no entanto, não
pareciam causar nenhuma injúria ao demônio que as vestia.

Quando a peça já escorria pelos ombros do mais alto, ele apenas as jogou no chão,
deixando que terminassem de ser abraçadas pelas chamas.

“Se fosse tão bom assim, você não teria me procurado.” E como ponto final para a
conversa, tomou os lábios do menor nos seus, que lhe ofereceu a própria língua antes mesmo
de o contato ter sido selado. Os dois músculos úmidos passeavam pelas bocas alheias,
sentindo o gosto um do outro, a textura...

Foi quando Chanyeol decidiu que não iria esperar por todas as preliminares que a
noite prometia. Ele estava necessitado. Não via o menor há mais de um ano ­ em tempo
infernal ­ e estava ficando louco, tentando buscar em outros o que só encontrava em
Baekhyun.

Porque afinal, por mais que algumas coisas ficassem subentendidas entre ambos –
como o fato de nutrirem um sentimento ímpar um pelo outro – o quesito monogamia era
quase inexistente no inferno. Haviam raras exceções, mas o mais velho tinha um espírito livre
demais para conformar­se em pertencer apenas a uma pessoa.

O que não impedia Chanyeol de sentir ciúmes e ir atrás de substitutos para o loiro
apenas tentando fazer com que Baekhyun sentisse o mesmo.

Levantou­se de cima do quadril estreito do menor puxando com violência as calças do


mesmo junto com a peça íntima, fazendo com que ambas se enrolassem e fossem
arremessadas no chão do quarto de qualquer jeito.

“Que apressadinho.” Baekhyun riu, apoiando­se no colchão com os braços, já que na


brutalidade com a qual foi desnudo, seu corpo havia virado de costas.
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Quando finalmente conseguiu equilíbrio em cima da cama, estava praticamente de


quatro, com os olhos do mais novo lhe fitando as costas marcadas... Bem marcadas.

Quando ainda era humano, o menor havia feito um pacto com o demônio que
costumava representar a Inveja. Ele pedia pelo amor de um homem que já era comprometido.
E o teve, da maneira mais doentia que uma relação pudesse ser considerada. Não havia como
criar amor verdadeiro.

No entanto, todo pacto possuí uma marca e Baekhyun sofreu a infelicidade de um


padre da época – mais de seiscentos anos, humanos, atrás – conseguir identificar a sua, que
costumava ficar em suas costas.

Para expurgar seus pecados, a igreja da época mandou esfolarem suas costas à sangue
frio, numa tentativa de apagar o pacto. Quando descobriram que não importava a quantidade
de pele ou carne que tirassem do menino, a tinta negra ainda estaria ali, resolveram
“desenhar” um crucifixo nas costas do mesmo, que ia desde sua nuca até o inicio de seu
cóccix , como um sinal para que o Senhor o guiasse pela redenção, após a morte.

O resultado é que quando Baekhyun tornou­se um demônio, após seu assassinato que
ocorreu dentro da própria instituição religiosa, nunca mais conseguiu livrar­se da cicatriz, que
o acompanhou para o inferno como uma piada sádica de Deus.

“Não, pode ficar assim mesmo.” Chanyeol falou, segurando o quadril do mais velho
quando o mesmo tentou voltar a deitar­se de costas, mantendo­o no lugar contra a vontade.

“Nem pense em fazer isso, estou falando sério.” Ameaçou o loirinho olhando por cima
do próprio ombro enquanto o maior abaixava as próprias calças, deixando apenas o membro
rígido para fora, masturbando­o levemente.

“Se eu fizer... O que acontece?” Sussurrou o gigante, passando as mãos sobre a pele
deformada entre as omoplatas do pecado regente da Inveja, que arrepiou­se
inconscientemente. Apenas Chanyeol tinha livre acesso àquelas cicatrizes e mesmo assim, às
vezes sentia­se impotente quando ele ficava tocando­as daquela forma.

“Eu juro que arranco sua cabeça com as mãos.” Chanyeol riu baixo da ameaça. O
único motivo que realmente faria o mais novo parar seria se o pequeno dissesse algo como
‘nunca mais volto a te procurar’ ou ‘vou ficar o dobro de tempo sem aparecer pra você’, no
entanto... Colocar a cabeça em jogo por isso parecia bem justo.

“Sabe o que é?” Sussurrou de forma languida, separando as nádegas de Baekhyun


com uma das mãos e encostando a própria glande na entrada do outro pecado. “Eu estou meio
ansioso pra tirar esse cheiro de vadia mal paga de você.”

E no final da frase fez exatamente o que o outro o ameaçava para não fazer: invadi­lo
sem preparação.

Foi uma penetração rápida e funda, fazendo todo o membro do mais novo encaixar­se
no anel de músculos do loirinho, que gritou em alto e bom tom, sentindo uma dor absurda.
Não havia lubrificação, a secura da ação o esfolou por dentro, fazendo com que enterrasse o
rosto nos lençóis e tentasse esconder as lágrimas que caíram sem que ele tivesse chance de
segurá­las.

Até mesmo Chanyeol que era o dono de toda aquela graça sentiu o próprio pênis
latejar levemente. Realmente estava muito a seco, mas não importava de verdade. Só de sentir

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o aperto do outro em volta de seu falo daquela forma, já valia a pena ter desafiado a Inveja.

Não houve tempo para que o menor recuperasse da invasão bruta, pois a o detentor do
pecado da Ira já começava um processo repetitivo de estocadas cada vez mais rasas no corpo
que tanto o fissurava.

“Eu juro... Ah... Juro que vou te crucificar quando... Ah... Isso acabar!” Agora o tom
ameaçador de Baekhyun não parecia surtir tanto efeito, com aquela adição de gemidos
doloridos que lhe escapavam sem querer.

“Goza antes, discutimos depois.” Finalizou, agarrando o quadril do amante,


obrigando­o a rebolar de encontro a si, querendo alargá­lo com o movimento. Baekhyun
rasgou o travesseiro ao qual se agarrava, com a ação, espalhando penas por todos os lados
conforme fechava os olhos com força.

Chanyeol obrigou o corpo menor a ficar quase ereto, colando seu peito com as costas
do mesmo e laçando seu membro ainda semi­túrgido devido a dose maciça de dor que o outro
o obrigou a sentir.

A Ira começou a masturbar o mais velho, sentindo cada mínimo relevo do falo do
outro ao mesmo tempo que chegava com a boca até o lóbulo de sua orelha, chupando­o
languidamente. O próprio prazer era tão grande que o maior não conseguia conter os gemidos
baixos que escapavam por seus lábios.

Exatamente nesse momento, quando o loirinho finalmente estava começando a sentir


prazer, de fato, a porta do quarto se abriu.

De trás dela, surgiu a figura imponente de um moreno, que passeou pelo quarto como
se não estivesse perturbando um momento íntimo, buscando uma poltrona com uma boa visão
para sentar­se despojadamente.

“O que está fazendo aqui, Lust?” Era comum para Chanyeol chamar Jongin pelo nome
de seu pecado, porque, de fato, ele tinha de admitir que o moreno expelia a luxúria pelos
próprios poros, coisa que apenas fez com que o casal continuasse com a ação sexual.

“Quero conversar com Baekhyun, e não me importo que seja... Agora.” Com um sinal
de mãos, Kai mostrou que não incomodava­se em nada com o sexo alheio. Na verdade, estar
como vouyer da relação dos dois apenas deixava­o ainda mais confortável.

Chanyeol deixou que o corpo do amante se apoiasse nos próprios braços novamente,
virando­o de frente para o moreno que havia invadido a intimidade dos dois. Afundou os
dedos nas nádegas brancas, puxando­o com mais força para a estocada seguinte.

“O que ah... Quer, Jongin?” Indagou o menor dos três, com uma respiração rasa,
esforçando­se para manter a posição enquanto era invadido, finalmente sentindo aquele ponto
dentro de si que trazia o prazer que tanto desejava para o meio da transa.

“Saber se minha intuição está certa e o humano de pacto que está passeando pela
Terra é seu.” Inquiriu o mais novo dos três, esticando­se para se servir uma dose de whisky
que estava ao seu lado, num móvel.

Nesse ponto, o gigante saiu de dentro do loiro, virando­o de barriga para cima,
colocando­o de costas nos lençóis, encaixando­se entre as pernas flexionadas, obrigando
Baekhyun a encarar Kai, ao contrário, com a cabeça pendendo para o lado de fora da cama.

“Chan... Vai mais forte!” Gemeu o pedido, levando a mão ao próprio falo,
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masturbando­se em busca de mais prazer enquanto pensava na resposta que daria a Jongin. “É
meu sim, por quê?”

Decidiu­se pela verdade, afinal ele mesmo havia pedido para que Zitao aparecesse
para o humano do moreno. Baekhyun adorava uma provocação.

“Por nada, só quero que saiba se seu humano continuar encontrando com o meu, vou
deixar ordens claras para que Kyungsoo o mate.” Jongin levantou­se de onde estava sentado,
largando o corpo de whisky no chão.

Parou ao lado dos amantes, segurando o pulso de Baekhyun, impedindo­o de


continuar a se masturbar, para substituir a mão do loiro pela sua, iniciando movimentos lentos
de vaivém.

Com a presença de Kai tão próxima dos dois, o nível de excitação de ambos subiu de
maneira anormal. A presença da própria Luxúria durante o sexo podia beirar a insanidade.

“É só uma... Ah! Competição saudável, Jongin, pra ver quem consegue trazer o
humano pro inferno antes.” Baekhyun falou, apoiando os cotovelos no colchão, içando­se para
cima o suficiente para que sua boca fosse até o meio das pernas do moreno, passando seus
lábios pela ereção que se formava por baixo do pano da calça de Kai.

O detentor da luxúria colocou os dedos nos fios loiros, pressionando o rosto do menor
com um pouco mais de intensidade contra sua ereção escondida. Com os próprios dedos, finos
e longos, mantinha a masturbação no outro, aumentando a velocidade gradativamente.

“Sabe por que você jamais venceria, Baekhyun?” Jongin indagou arrastado, sua voz
fazendo com que a ereção dos dois amantes pulsasse ainda mais fortemente contra as peles
quentes que os tocava. “Porque você é afobado demais. Não sabe escolher, não sabe controlar,
não sabe mandar e muito menos... Esperar por resultados.”

E quando sua última palavra saiu, Jongin sentiu seus dedos serem preenchidos pelo
gozo do mais velho, que gritou em resposta ao orgasmo que dominava seu corpo.

Kai sorriu, lambendo os próprios dedos quando os espasmos do loiro terminaram. Em


seguida puxou o cabelo de Baekhyun para um beijo intenso, ao mesmo tempo em que enfiava
sua mão, ainda melada, na boca de Chanyeol, que o chupou com prazer, segurando o pulso de
Jongin, impedindo que o moreno tentasse se afastar antes de todos os seus dígitos estarem
devidamente livres do líquido branco.

Finalmente, afastou­se dos dois, vendo um fio de saliva o conectar à Baekhyun por
mais algum tempo.

“Como eu disse, se você não consegue nem esperar pra gozar... Que dirá para tentar
me atacar. A pressa é a sua desgraça, sempre foi.” Assim, Jongin começou a guiar­se
novamente para a porta do quarto, com um sorriso cínico nos lábios. “De qualquer forma, vai
ser divertido ver sua frustração quando eu provar que estou certo.”

Kim Jongin sentiu os olhares colados em suas costas conforme tocava a maçaneta para
abandoná­los novamente no ato.

“Ah... E você está, por algum motivo, fedendo à água benta. Deveria parar de se
encontrar com caçadores.”

E a porta se fechou.

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Notas finais
Reviews? :3

4. Madness

Notas do Autor
Segunda postagem do dia, rapidinho pra vocês.

Boa leitura.

Capa por: Nana


Betado por: Ana

Luhan permanecia sentado no recuo da janela do quarto pequeno, pertencente à


Sehun. A criança dormia sobre os lençóis num sono perturbado, sobre o qual o anjo não
poderia fazer nada.

Nem sempre ficava visível aos olhos do mais novo, zelando­o sem ser notado, já que
possuía plena consciência sobre estar passando dos limites com a relação que montava junto
ao pequeno.

No entanto, o pensamento de largá­lo a própria sorte paralisava o anjo com traços


chineses. Não podia fazer isso. Sehun era uma ameaça não apenas a si mesmo, mas a qualquer
um que esbarrasse em seu caminho quando o jovem estivesse propenso a causar a destruição
que prometia.

O ser celestial estava relativamente tranquilo sabendo que o pai de seu protegido havia
saído para alguma bebedeira com alguns colegas de trabalho, o que significava que a criança
poderia descansar sem ser acordada no meio da noite por mãos sujas que iriam abusá­lo
novamente.

Luhan quase perdeu­se em pensamentos que iam longe demais quando, num lapso,
levantou­se de onde estava, abrindo suas enormes asas em frente a cama – ocupada pelo
híbrido – como um muro instransponível.

Sua ação levou menos do que um milésimo de segundo para ser concluída, entretanto,
gastou bem mais tempo do que isso para perceber que quem havia invadido o quarto não era
um inimigo.

“Boa noite, Raphael.” A figura imponente do outro anjo alojou­se no quarto. Luhan
sentiu um arrepio correr sua coluna, quando um de seus irmãos descia para conversar consigo,
era porque algo ia muito mal.

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Raphael¹ era o nome verdadeiro de Luhan. E até poderia tê­lo mantido quando veio
atrás do pequeno impuro que dormia atrás de si, no entanto, quis manter­se o mais próximo
que conseguia do mesmo, refazendo sua aparência – que não possuía olhos puxados,
originalmente – e inventando para si uma nomenclatura oriental.

Queria ser palpável para sua criança de todas as maneiras possíveis.

Em nome, em corpo, em aparência, em espírito.

Queria ser um conforto no meio do caos.

“Boa noite, Gabriel²... O que faz aqui?” Indagou, vendo o anjo guardião da água, que
aproximou­se tocando­lhe o rosto com certa delicadeza.

“Adotou para si a aparência de um asiático? Tudo isso pelo menino impuro?” Gabriel
indagou, fechando as asas com uma coloração levemente azulada, representando seu
elemento.

Luhan tentou falar algo, mas afirmação de seu irmão de patente era real. Iria mesmo
tentar mentir? Deixou que o silêncio respondesse por ele.

Afinal, sendo um dos quatro anjos elementares e convivendo com os outros três
irmãos por mais tempo do que a Terra existia, sabia ser inútil inventar qualquer balela.

Gabriel soltou o rosto do anjo menor, deixando os próprios dedos livres para
passearem pelas asas de Luhan, que sentiu uma aflição enorme lhe atingir. Ter outrem
tocando as asas de um ser celestial era uma das piores sensações pelas quais um anjo poderia
passar.

“Notou que enegreceram? O que anda fazendo para que isso aconteça, Raphael?”
Luhan afastou­se com a declaração, trazendo as penas que costumavam ser quase translúcidas,
de tão brancas, para perto dos olhos, vendo pequenas manchas acinzentadas apoderarem­se
delas.

A mente do menino etnicamente chinês começou a viajar, rápido, tentando descobrir


como aquilo poderia ter acontecido, permanecendo em silêncio perante o irmão que apenas o
encarava.

“Sangue... Eu curei Sehun alguns dias atrás... Vomitei o que recolhi, mas pelo jeito,
não rápido o suficiente para evitar que algo fosse absorvido.” Qualquer ato pecaminoso
poderia enegrecer as asas de um anjo, como uma marca gritante, dizendo que aquele soldado
do Senhor deveria ser punido.

Deus não sabia ser discreto.

“Mais um motivo para que você se mantenha na Terra então...” O negrume passaria
com o tempo. “Mandaram­me aqui para colocá­lo a parte de seu novo propósito no mundo
dos homens...”

Gabriel soltou a frase no ar esperou que Raphael lhe mandasse prosseguir.

“Como já sabíamos, o demônio que ocupava o lugar do Orgulho no círculo dos Sete
Príncipes do Inferno foi morto há cinco anos mundanos atrás, no entanto... Aquelas pragas do
submundo não o substituíram como disseram que fariam.” Nesse ponto, o guardião da água já
dirigia­se para a porta do quarto. “O cargo continua vago e como se apenas isso não bastasse
para que tudo estivesse desequilibrado... Dois outros Pecados estão competindo entre si para
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colocar um humano, por intermédio de pacto, no lugar do Orgulho.”

Luhan arregalou os olhos... Se seu pensamento estivesse seguindo para o caminho


certo, aquilo queria dizer que...

“Sim, você entendeu, um pecado com o poder de controlar as ações de outro. Isso
pode significar mil coisas, inclusive um motim entre os membros infernais. Tudo isso estaria
muito longe da nossa realidade se não afetasse aos humanos diretamente.” Gabriel prosseguiu,
girando a maçaneta entre os dedos. “Não podemos mandar muitos de nós para baixo ou isso
também traria um desequilíbrio, então, você ficou encarregado de acabar com isso. Desfaça
esses pactos. Use Hunters se necessário. Tem permissão do Pai para matar e exorcizar quantos
demônios quiser. Boa sorte Raphael e desligue­se desse impuro antes que ele te leve para o
abismo.”

No final da frase, o anjo guardião do ar foi deixado sozinho com Sehun novamente,
que dormia a sono solto.

••

O relógio já havia passado há tempos da meia noite, envolvendo o bairro de classe alta
na madrugada que esfriava rapidamente, junto com a entrada do final de outono.

Kyungsoo permanecia esparramado em cima da cama de casal de seu quarto solitário.


Em despeito do frio, a porta de vidro que o ligava com a varanda permanecia aberta e era
constantemente vigiada pelos olhos grandes do menino que mal havia completado dezoito
anos.

Não que ele realmente tivesse necessidade de estar fazendo aquilo quando a cobertura
duplex lhe oferecia inúmeros polos de entretenimento, no entanto, Do Kyungsoo não era uma
pessoa normal. Jamais havia sido e essa era a verdade.

Talvez... Até completar cinco anos fosse algo parecido com normal, mas depois de ter
inocentemente acreditado num homem que lhe ofereceu um doce, sua vida havia mudado
drasticamente.

O homem era um traficante de pessoas. Sabendo que meninos virgens valiam mais
dinheiro, as pegava desde cedo e sumia com as mesmas do país, criando­as em pequenas celas
lotadas até que completassem doze anos e fossem a leilão. O dono do maior lance passaria a
ser dono de uma criança, doce e virgem para que fosse feita dela o que bem entendesse.

Mas Kyungsoo, quando completou os tão temidos doze anos, estava tão subnutrido e
maculado pela vida dentro daquela cela que seus lances foram muito baixos. Acabou nas mãos
de um homem cruel e ninfomaníaco, que o comprou apenas para usufruir de sua virgindade e
depois largá­lo no porão da enorme mansão que chamava de lar.

Às vezes, em pequenas festas doentes que aquele homem organizava, Kyungsoo era
puxado das entranhas da casa para servir a inúmeros convidados que divertiam­se com a falta
de resistência do menino, fraco demais até mesmo para chorar.

Quando Jongin o resgatou, ele não sabia ler, escrever, precisou de uma ajuda
considerável do poder do demônio para recuperar o próprio corpo e apagar alguns traumas de
sua memória, que o permitissem ter a mente sã o suficiente para manter contato com suas
futuras vítimas, já que antes o pequeno D.O havia desenvolvido uma síndrome do pânico,
incurável por meios humanos.

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O desejo e a libido voltaram apenas depois de inúmeras tentativas do príncipe regente


da luxúria em tocá­lo, sempre parando quando o pequeno se desesperava. Mesmo com toda a
influencia sexual que a Luxúria em pessoa pudesse causar num ambiente, o menino judiado
era quase imune a isso, desesperando­se a qualquer contato malicioso.

Mas como tudo que Jongin queria na vida, usando a abusando de sua própria
capacidade de manter­se paciente e calmo, conseguiu reaver esses desejos no humano que
havia escolhido para si.

Entretanto a verdade é que por mais que Kai tivesse feito o possível e o impossível
para consertar alguns pontos do humano, Kyungsoo jamais havia se tornado alguém que
pudesse ser chamado de comum.

“Deveria ler um livro enquanto me espera, pequeno.” Disse o moreno, aparecendo


subitamente em meio a uma corrente de vento. Kyungsoo levantou­se de um pulo na cama,
enroscando­se nos braços do mais alto que envolveu­o como faria com um filhote de gato
assustado.

Era sempre assim, o branco sempre parecia desesperado por Kai, como se não
conseguisse nem pensar na idéia de ver­se sem ele. Como se Jongin fosse tão importante
quando respirar.

“Não saberia que livro ler.” Respondeu, ficando na ponta dos pés para roçar seus
lábios com os do demônio, num beijo leve, tão conhecido por Jongin.

“Porque não? É só procurar um tema que te agrade na biblioteca lá em baixo.” Porque


sim, Jongin havia tido o cuidado de montar uma biblioteca para que o humano tivesse alguma
coisa para fazer, no entanto, ela quase nunca era usada por Kyungsoo.

“Que eu gosto...? Não sei o que seria.” Kai franziu o cenho enquanto separava­se do
contato e começava a tirar o próprio casaco, pendurando­o num mancebo que havia dentro do
closet anexo ao quarto.

“Como assim, Kyungsoo? Do que você gosta? Suspense, ação, romance?” E a


pergunta pareceu meio ridícula vindo dos lábios da Luxúria, que só naquele momento havia
percebido que não tinha noção alguma dos gostos pessoais do menino. O que era quase
impossível, contando pelo fato que morava com ele há quatro anos.

“Gosto de você. Gosto de fazer o que você quer Jongin, nunca pensei sobre o assunto.
Não sei se gosto de romance ou de suspense.” Respondeu, sincero demais para que o demônio
sentisse­se bem com isso.

“Isso é besteira. Que tipo de filmes você assiste quando eu não estou?” O demônio
indagou, com um tom levemente aborrecido. Sentia como se o branco estivesse fazendo­o de
idiota.

“Nenhum. Eu fico te esperando chegar.” Disse, com uma naturalidade perturbadora.

“Kyungsoo...” O moreno havia finalmente parado para colocar as memórias daqueles


quatro anos para rodar. Era verdade, o humano nunca estava lendo, assistindo televisão ou
pedindo por algo. Os olhos de D.O nunca haviam brilhado por ver alguma coisa na vitrine de
um shopping, nenhum sorriso mais longo jamais fora dado a Jongin quando ele aparecia com
um presente.

Era como se a única coisa no mundo que agradasse Do Kyungsoo fosse estar,

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pertencer ou satisfazer Kim Jongin.

E isso definitivamente era... Estranho.

••

A lareira crepitava silenciosamente dentro do luxuoso quarto, impecavelmente


decorado com inúmeros detalhes compostos por delicados fios de ouro. Chegava a ser irônico
que uma instituição que pregava o amor ao próximo, a humildade e toda a baboseira
tipicamente religiosa pudesse ceder tanto dinheiro para os aposentos de seu líder.

E as pessoas passando fome na África? Com metade daqueles pertences, algumas


centenas de seres humanos subnutridos poderiam ser bem alimentados.

Não que realmente alguém pensasse seriamente em vender os objetos de valor dos
aposentos Papais, no entanto, não deixava de ser algo a se pensar.

O homem de idade avançada adentrou o próprio quarto, vestido com roupas de


dormir, segurando um rosário entre os dedos, parecendo sussurrar uma oração antes de
finalmente poder deitar­se. Era inegável o fato de que o atual Papa já havia passado da idade
de exercer todas as funções de seu cargo há algum tempo.

As costas doloridas do senhor de estatura baixa pareciam implorar pelo conforto de


seu colchão, no entanto, tudo que receberam foi o impacto dolorido da parede contra elas, no
momento em que o senhor assustou­se, percebendo não estar sozinho naquele quarto.

“Quem é você?” Sussurrou o Papa, num italiano arrastado, comprovando que essa não
era sua língua mãe.

Ao ouvir a pergunta, o homem que permanecia de costas para o senhor, encarando a


lareira consumir­se em fogo permaneceu em silêncio, dando como resposta apenas um abrir
de asas. Num momento o loiro era um ser humano normal e no segundo seguinte penas
acinzentadas tomavam uma envergadura relativamente maior do que a própria altura do anjo.

“Meu nome é Raphael.” Declarou, num tom claro, também em italiano, entretanto sem
sotaque algum.

“Raphael...? O mandante das virtudes?” E de repente o senhor mandante da igreja


católica já estava de joelhos ao chão. Nunca havia tido contato real com nenhum membro
celeste, apesar de acreditar nos mesmos fielmente.

Luhan virou­se nos próprios calcanhares, tocando o rosto do idoso para que o mesmo
se levantasse, deixando claro que não queria nenhuma daquelas baboseiras humanas de
devoção. O anjo não queria nada disso. Só havia ido até ali por uma informação.

Fez o sinal da cruz na testa do Papa, respeitando as crenças nas quais o senhor
acreditava.

“Preciso de uma informação e acredito que o senhor seja a pessoa ideal para oferecê­
la.” Disse o ser celestial que não havia trocado de aparência para ir de encontro ao Papa,
permanecendo com seus traços chineses infantis. Era trabalhoso demais.

“Qualquer coisa, meu Senhor.” Luhan teve de conter os ímpetos de rodar os olhos
com a maneira que estava sendo tratado. Ao contrário da instituição religiosa, nos céus eram
ensinados a sempre permanecerem humildes perante os humanos. Patentes só existiam entre
os próprios anjos.
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“Preciso que me diga quem é e qual a localização do Guardião responsável pela Ásia.”
Afinal, se teria de fazer esse trabalho sozinho, definitivamente viria a calhar ter um Hunter
habilidoso bem debaixo do braço. Tinha Sehun para proteger, não poderia dar­se
completamente à missão que seus superiores haviam passado.

Ouvindo a pergunta e ainda alarmado com a presença de alguém tão imponente em


seus aposentos, o Papa cambaleou confuso, em direção a um dos armários, abrindo­o com as
mãos trêmulas e retirando de lá um aparelho celular, voltando as pressas para onde Raphael o
aguardava, pacientemente.

“Aqui estão os contatos e informações de todos os Hunters a serviço do Vaticano. A


pessoa que você procura está cadastrada como Kris, mas não hesite em convocar qualquer
outro. Deixarei ordens para que o atendam em caráter de urgência.” Claro que sendo quem
era, Luhan poderia ter ido atrás dessa informação de mil outras maneiras, algumas mais
ilegais – em caráter celestial ­ do que outras, como revirar pensamentos humanos e alterar o
tempo, no entanto, aquela pareceu ao chinês a maneira mais correta de obter o que queria.

“Muito obrigado, Papa. Tenha uma boa noite.” Ditou, inclinando­se para beijar as
mãos do idoso como um sinal de carinho e respeito, desaparecendo diante dos olhos cansados
logo em seguida, como se jamais tivesse estado lá.

••

Wu Yifan considerava­se uma pessoa muito centrada.

Não era impulsivo, nem facilmente impressionável, além de ter uma péssima mania de
só acreditar nas coisas que podia ver. E Kris nunca tinha visto um anjo, portanto, jamais
acreditou nos mesmos, por mais que o Vaticano tivesse tentado insistentemente fazê­lo
engolir aquela baboseira toda.

No entanto, ter um chinês com cara de criança e um par gigantesco de asas


acinzentadas o fez repensar sobre sua vida.

Há uma semana que Yifan simplesmente não conseguia tirar da cabeça aquele tufão
de penas quase fazendo­o cair para trás. Se o tal de Luhan queria convencê­lo sobre sua
ascendência celestial, definitivamente havia conseguido.

E ele chegava com informações do caso que, coincidentemente, já havia iniciado. O


anjo possuía a localização de um dos humanos que haviam feito pacto com um dos pecados.
Seu nome era Do Kyungsoo, um garoto de estatura baixa e comportamento solitário sobre o
qual não havia descoberto quase nada nos registros governamentais, além do fato de sua
família ter passado anos procurando­o depois de um sequestro quando o menor possuía cinco
anos.

De restante, a história do moreninho era um grande enigma até mesmo para os


melhores hackers do Vaticano. O que, definitivamente, não era normal. Que tipo de pessoa
simplesmente desaparece do mundo e depois volta, acompanhado de um demônio?

Sabendo que, seja lá o que fosse, havia algo de errado com o tal de Kyungsoo, Kris se
viu obrigado a segui­lo. Precisava de mais informações, chegar cruamente em cima do
moreno poderia simplesmente acabar com todo o trabalho do anjo que havia procurado­o.
Além de possivelmente acarretar a Yifan um dos Pecados Capitais particularmente nervoso
consigo.

E isso explicava o motivo de o caçador estar perseguindo – da maneira mais discreta

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que conseguia – o rapaz de olhos grandes, que passeava pelo centro comercial de Gangnam,
com uma lista em mãos e sacolas presas aos braços.

O pequeno parecia – aos olhos de Yifan – completamente alheio à perseguição que já


ocorria há mais de duas horas, o que não era bem verdade.

Kyungsoo sabia que estava sendo seguido há algum tempo. Havia ficado
absurdamente mais atento depois de aquele chinês moreno ter aparecido em sua frente com a
marca do pacto para lhe afetar.

Toda vez que parava em frente à uma vitrine, podia ver pelo reflexo um homem alto,
vestido num sobretudo escuro encarando­o de longe. E até deixaria isso passar se com o
passar dos minutos o mesmo não estivesse mais em sua companhia, entretanto, não aconteceu.

Estava sendo vigiado, não sabia o motivo, mas sabia que tinha de se livrar do idiota
que considerava­se inteligente demais para ficar perseguindo­o.

Foi justamente quando estava passando em frente a um edifício comercial que


Kyungsoo decidiu olhar para o desconhecido que o perseguia por cima dos ombros,
esboçando um sorriso como quem diz “vem me pegar”. Antes mesmo que Kris pudesse
esboçar alguma reação, todas as sacolas do moreninho haviam ido ao chão num baque surdo,
ao mesmo tempo que o menino desaparecia pelas portas de vidro do edifício de mais de 20
andares.

Mesmo possuindo pernas mais compridas e uma boa noção de como vencer alguém na
corrida, tentar alcançar a criança afilhada do inferno era difícil no meio de montes de pessoas
que circulavam por lojas, consultórios e todos os benditos departamentos que poderia haver
dentro daquele arranha­céu.

Quando finalmente avistou Kyungsoo novamente, o mesmo estava dentro de um


elevador que fechava­se rapidamente, acompanhado de uma criança de menos de dez anos,
que parecia confusa por estar sendo segurada pelo moreno.

Sabendo muito bem que não conseguiria alcançar a porta antes de ela se fechar –
possivelmente em cima de seus dedos – Yifan correu em direção às escadas, quase nunca
utilizadas num prédio como aquele.

Mesmo com seu físico bem treinado e um fôlego surpreendente, encarar aqueles
lances de escada, parando de dois em dois para saber até aonde o moreninho pretendia chegar,
foi complicado manter o ritmo até o 27° ­ e último – andar.

Claro que Kyungsoo havia conseguido uma vantagem perante ele, então, quando Kris
colocou os pés ao destino final, com o fôlego quase perdido e gotas grossas de suor
escorrendo­lhe pelo rosto e pescoço, tudo que conseguiu ver foi o pequeno desaparecendo no
fim do corredor, por um lateral que os levaria a uma escada curta, que desembocaria no – se
Yifan estivesse certo – terraço.

“FILHO DA PUTA!” Gritou o Hunter, indignado antes de correr em direção a pesada


porta de metal, que o deixou passar sem problemas.

Assim que viu­se do lado de fora das paredes de concreto, foi recepcionado por um
vento forte devido à altitude e... Um Kyungsoo agarrando o braço de uma criança que pendia
completamente para o lado de fora da queda livre em direção ao asfalto lá embaixo. A
menina, de marias­chiquinhas e um rosto contorcido num choro emudecido parecia apavorada
com a idéia de o moreno a soltar. Os pés da criança moviam­se freneticamente, dezenas de

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metros acima do chão.

O pânico que atingiu Yifan parecia paralisá­lo de dentro para fora, então, viu­se
estagnado no meio do caminho, apenas visualizando um sorriso bonito desenhado nos lábios
fartos de Do Kyungsoo.

“Bem, temos pouco tempo pra conversar porque meu braço está ficando cansado de
segurar essa menina.” D.O pronunciou­se, num tom leve, como se falasse sobre o tempo. Não
parecia nem minimamente arrependido de usar uma criança de refém. “Por que estava me
seguindo?”

“Coloca ela pra dentro e nós conversamos...” Tentou Yifan, buscando uma solução
mágica em seu cérebro congestionado.

“Se continuar fugindo das minhas perguntas, eu vou soltar.” Retrucou o moreno, tão
calmo quanto poderia, com uma sobra de sorriso passeando por seus lábios.

“Eu sei que você fez um pacto com um dos Príncipes. Sou um Hunter, enviado pelo
Vaticano. Agora, solta ela.” Disse com pressa, percebendo que a mão do branco havia
escorregado um pouco do pulso delicado da menina.

“Vamos ser claros, então: você vai sumir da minha frente assim que eu soltar essa
menina e nunca mais vai se intrometer comigo ou com qualquer assunto relacionado a mim,
entendeu?” Mesmo com o leve tom de ameaça, Kyungsoo parecia confortável com toda a
situação.

“Tudo bem, tudo bem, eu me afasto, só deixa ela fora disso, por favor.” Kris não era o
tipo de pessoa que pedia desculpas, ou que falava por favor, no entanto se aquela menina
morresse por um descuido dele... Não era algo que ele conseguiria esquecer tão cedo.

“Se estiver pensando em não cumprir o que está prometendo agora... Lembre­se que
existe milhares de crianças soltas por Seul. E eu não vou me importar em acabar com elas
rápido, só arremessando­as de um prédio. Adoro requintes de crueldade.” Apesar de saber
muito bem que estava com a situação sob controle, D.O compreendia que num combate
direto, ele provavelmente apanharia do loiro vários centímetros mais alto do que si.

Então, usava de outras artimanhas.

Como sua obsessão por Jongin. Afinal, estava fazendo tudo aquilo para manter um
Hunter longe de Kai.

“Eu entendi. Pode, pelo amor de Deus colocar essa menina pro lado de dentro?” O
coração do chinês só faltava quebrar sua caixa torácica de tão forte que bombeava sangue por
seu corpo.

“Claro que...” Começou o moreno, fazendo menção de colocá­la para dentro, mas
soltando­a no meio do movimento. “Ops, escapou.”

E o grito da criança preencheu o ambiente conforme Kyungsoo voltava a se dirigir às


pressas para a porta de metal deixando um Wu Yifan que sentia suas pernas falharem
conforme ia em direção a beirada, pronto para encontrar um corpo contorcido estatelado numa
das calçadas de Gangnam.

Assim que debruçou­se pra mureta que o separava da queda livre, no entanto, o que
encontrou foi um homem moreno, com o corpo pendendo entre a varanda do andar de baixo e
a queda livre, agarrando­se à pequena, que chorava em alto e bom tom enquanto era
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novamente guinchada para dentro do edifício.

Uma salva de palmas foi ouvida assim que a pequena encostou os dois pés no chão de
piso escuro, mas que foi ignorada pelo salvador da pequena quando o mesmo voltou a botar a
cabeça para fora, em busca dos olhos escuros do Hunter que ainda olhava para baixo,
incrédulo.

E essa foi a primeira vez que Wu Yifan pousou os lhos sobre Huang Zitao, que lhe
sorria como um adolescente deveria sorrir: leve, divertido e...

Mais bonito do que o deveria ser.

Notas finais
¹ ­ Raphael é o nome verdadeiro do anjo guardião do elemento do ar (ou seja, o nome
verdadeiro do Luhan), mas pra que vocês entendam melhor vou explicar como as coisas
funcionam.

No céu e no inferno existem patentes, que mantem o equilíbrio entre esses dois polos. Então,
tudo que existe no inferno, existe no céu.

Os Sete Principes dos Pecados são representados no céu pelos Setes Anjos das Virtudes.
Assim: Se existe a luxuria, o correspondente dele é a castidade, cada um, representado por
uma figura celestial ou infernal.

O Luhan é o Anjo guardião do elemento do ar, mandantes das virtudes e detentor da cura. Ou
seja, ele é mais forte que todos os Pecados. Está um nível acima. Junto com ele, ainda
existem o Michael (anjo do fogo), Gabriel (anjo da água) e Uriel (anjo da terra). O
correspondente infernal dele são os quatro cavaleiros do apocalipse: A Morte, A Guerra, A
Praga e A Fome.

Acima deles, existe só o circulo pessoal de Lúcifer (Lilith, a esposa de Lúcifer e Mamón, seu
filho) e, no céu, os dois anjos gêmeos representado o Inorgânico e o Orgânico da Terra.

Sei que ficou um pouco confuso, mas se precisarem de maiores explicações eu faço uma
montagem.

Bem... Tirando as notas de cima ~

Reviews? :3

5. Sweet You

Notas do Autor
Vamos lá...

Eu tive que ir pro hospital ontem, por isso que as postagens estão atrasadas, mas estou
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tentando dar um jeito nisso, ok?

Muito obrigada para as pessoas que estão reenviando comentários e por todo mundo que fez
o caminho de volta para "casa BS" e aqui vai mais um ~

Boa leitura.

AVISO: CENAS FORTES DE ESTUPRO COM UM DOS PERSONAGENS PRINCIPAIS.


NÃO GOSTA, NÃO LEIA. (Sério, não leia, me peça um resumo, qualquer coisa, mas não
venha me encher o saco depois. Não vou ouvir.)

Capa por: Nana


Betado por: Ana

“Taikutsu na mainichi ga kyuu ni kagayakidashita

Anata ga arawareta ano hi kara

Kodoku demo tsurakute mo heiki da to omoeta”

[ Utada Hiraku ­ Prisoner of Love ]

Na metade de sua descida desenfreada, em busca da saída daquele edifício comercial,


tudo que Kyungsoo conseguia fazer era rezar para não ser pego. Era pequeno e delicado, sabia
das próprias limitações e tinha plena consciência de que se o loiro mandado pelo Vaticano o
alcançasse, num corpo a corpo, estaria perdido.

Seu peito doía conforme suas pernas o levavam em direção às escadas de incêndio do
prédio, buscando o conforto da solidão nelas, conforme deixava suas pernas trabalharem,
lance por lance, em direção ao térreo.

Mal observava as coisas ao redor, não queria saber se os corrimãos eram vermelhos ou
amarelos, só queria ir embora. Só queria chegar em casa. Só queria...

Sentiu seu corpo bater fortemente contra alguma coisa e fechou os olhos, com a
certeza de que o Hunter o havia alcançado. Só voltou a abri­los quando braços aquecidos
rodearam seus ombros, num abraço protetor.

Não estava mais nas escadarias do edifício comercial.

Estava no centro da própria sala de estar, encarando a lareira acesa e crepitante


iluminando o ambiente, escuro, devido às cortinas blackout fechadas.

O cheiro de Jongin enchia seus sentidos. Aquele odor excêntrico de uma


mistura muito delicada de café, menta e um toque silvestre junto com um quê de algo picante.
Poderia descrever o moreno pelo olfato.

Agarrou­se à cintura do maior como um gato acuado, sentindo o demônio depositar


um beijo no topo de seus cabelos e segurá­lo com mais firmeza contra o tórax firme.

Foi como uma deixa. Uma deixa para que o desespero de Kyungsoo se externasse, em
lágrimas grossas e doloridas. Não pelos motivos normais; não pelas razões que o cristianismo

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consideraria certas. O humano não sentia nem um pingo de remorso por ter jogado a criança
do 27º andar, com quase cem por cento de chance de levá­la a morte dessa forma. Ele mataria
milhares iguais a ela e jamais condoer­se­ia com algo assim.

Kyungsoo estava apavorado com a ideia de ter demorado demais para perceber que
estava sendo seguido. Assustado com a perspectiva de ter trazido um Hunter para caçar
Jongin. Arrependido à morte de que alguma atitude sua pudesse machucar o demônio que
agora o abraçava como se fosse o centro de seu mundo.

Não era.

Sabia que não.

Mas isso não impedia o humano de iludir­se. Podia – em seu próprio conto de fadas –
acreditar que era sim tudo o que o outro versava sobre si. Indispensável, inigualável, amado...
Afinal, era uma mentira tão bem contada naqueles braços tenros, naquela respiração
compassada e naquele bater de coração que sincronizava­se com o seu.

Poderia viver mentindo pelo o resto de sua existência, sem jamais arrepender­se.

“Shh... Está tudo bem, pequeno.” Sussurrou, contra os cabelos castanhos de


Kyungsoo, que teve plena vontade de fundir­se ao moreno. Mas não havia como. Por mais
que amarrassem­se juntos, com força, durante toda a eternidade, jamais seriam um só.

Conseqüentemente, Kyungsoo jamais iria sentir­se completo. Porque Jongin era como
uma parte de si arrancada, sem a qual não conseguia permanecer íntegro.

“Não... Eu podia ter machucado você! Ele poderia ter te alcançado... Ele ainda pode te
alcançar, Jongin!” Sua fala era quase histérica, assim como medo que corria em suas veias,
incessante.

“Deixe que venha.” Disse, tomando Kyungsoo nos braços como se o mesmo quase
não tivesse peso. Firmou as mãos abaixo das coxas do menor, deixando­o pender em seu colo
da mesma maneira que faria com uma criança. E talvez fosse isso. Talvez o pequenino de
olhos grandes fosse sua criança. Complexada, assustada, além de extremamente obsessiva,
mas ainda assim alguém que ele protegeria como pudesse. “Ele é só um humano, Kyungsoo...
E todos os humanos são frágeis, mesmo quando sentem­se indestrutíveis.”

“Mas tudo isso só começou porque um caçador matou um dos pecados! Pode
acontecer de novo.” Apesar do tom exaltado, D.O parecia subitamente cansado, jogado nos
braços de um Kai que passeava pelo apartamento, como se quisesse que o pequeno dormisse.

“E eu, mais do que todos os outros príncipes, sei dos motivos para aquele caçador
fazer isso. E posso te afirmar que não existirá nenhum outro igual a ele, que já desistiu de
viver perseguindo os membros do submundo.” Jongin estava convicto. Sabia que o caçador
poderia fazer mal a Kyungsoo – e faria de tudo para cuidar do menor ­, mas a si, um dos
príncipes do sétimo inferno... Dificilmente.

“Promete então... Que nada vai acontecer com você.” D.O pediu, com sua voz
quebradiça e seus medos à flor da pele.

“Prometo. Nada vai acontecer com nenhum de nós dois, mas... Está na hora de
apressarmos sua transformação, Soo.” O ser de olhos grandes apenas assentiu. Matar mais
pessoas? Tudo bem, ele faria sem problema algum, por Jongin. “Mas antes disso, vamos ver
se você prefere sorvete de morango ou de chocolate, cansei dessa coisa de você só gostar do

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que eu gosto.”

E em grande verdade, aquela era a primeira vez, desde que Jongin havia deixado de
ser humano – mais de seiscentos anos humanos atrás – que ele se importava com alguém.
Com alguém que não fosse ele mesmo.

Mesmo que a importância fosse um sabor de sorvete.

• •

Encontraram­se no térreo, como se tivessem combinado um lugar.

Como se devessem estar ali, mesmo que tudo gritasse que aquilo não fazia o mínimo
sentido. E não fazia.

Kris sabia que havia algo de errado com aquele moreno de olhos felinos. Quantas
pessoas normais conseguem agarrar uma criança em queda livre, que foi arremessada de um
prédio? E como ele sabia que aquilo iria acontecer?

Tao estava parado na calçada, com as costas escoradas na parede e um cigarro entre os
lábios. Ele havia adquirido a mania de fumar quando teve de começar a trabalhar ativamente
para Baekhyun. Matar pessoas era algo completamente estressante para si.

Zitao era como o total oposto de Kyungsoo.

“Como sabia que ele iria soltá­la?” Yifan perguntou assim que aproximou­se do mais
baixo. Seu tom era firme e ele não parecia querer soltar sorrisos para o salvador da vida de
uma pequena garota.

“Porque eu estava seguindo vocês dois.” A resposta foi firme, junto com uma onda de
fumaça que saiu de seus pulmões e foi poluir o ambiente ao redor.

“Quem é você?” Estavam a menos de dois metros, medindo um ao outro com os


olhos. Talvez para saber o quanto um representava risco ao outro... Talvez apenas para
apreciar um pouco mais a beleza alheia.

“Vamos fazer assim: eu te digo se você passar o restante da tarde comigo. Sem
julgamentos, sem preconceitos. No final do dia eu te digo exatamente o que eu sou.” Zitao
falou, tranquilamente enquanto se livrava da bituca de cigarro que havia sobrado em sua mão.

“E por que eu faria isso?” Kris arqueou uma sobrancelha, realmente se perguntando
qual seria o argumento do menino.

“Porque eu quero que você entenda meus motivos e que me conheça, antes de me
odiar.” E de todas as frases que poderiam ter pego Yifan de surpresa, nenhuma delas o
impressionaria tanto quanto aquela.

Claro que isso também deixava claro quem o moreno era, de alguma forma. Se não
com certeza, pelo menos dava­se a entender muito bem do que tudo se tratava. Caso o menino
fosse um demônio, o maior já teria notado, então... De qualquer forma, não seria de todo o
mal tentar descobrir um pouco mais sobre a situação toda.

Ou pelo menos era assim que Yifan tentava se iludir no momento em que concordou
com aquela sandice.

••
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“If I could change, I would

Take back the pain, I would

Retrace every wrong move that I made, I would

If I could stand up and take the blame, I would

If I could take all the shame to the grave, I would”

[ Easier to Run – Linkin Park ]

Gritou de dor.

Sentia seus braços serem imobilizados com uma facilidade impressionante enquanto
seus olhos embaçavam­se devido às lágrimas. Não queria nada daquilo, não de novo.

Ainda sequer havia se recuperado bem da última vez, seu corpo todo latejava e o
tornava ainda mais incapaz de resistir às mãos que pareciam multiplicar­se em sua pele clara e
toda maculada.

Odiava quando o pai chegava bêbado, detestava quando ele trazia amigos com ele,
sentia­se um lixo quando era compartilhado entre esses amigos. Sentia­se impotente, cansado,
usado... Porque sua vida não podia ser um pouco menos fodida?

Poderia ser uma criança normal, que tinha a mãe por perto para cuidar de seus
machucados quando caísse jogando futebol e ralasse o joelho. Queria ser um adolescente
normal, que saía com os amigos e flertava desajeitado com outras pessoas. Se o mundo fosse
um pouco justo com ele, pelo menos seria um humano normal, que apesar de uma vida tão
cheia de desgraças, pelo menos encontraria descanso após a morte.

Oh Sehun, às vezes, só queria não ter nascido.

Suas roupas já haviam desaparecido de seu corpo. A camiseta, inclusive, foi rasgada,
tamanha a violência com a qual queriam desnudá­lo. Debatia­se e gritava, mas foi calado
rapidamente, por um pano bem enfiado em sua boca e amarrado por outro. Percebeu depois,
que se tratava de sua própria cueca, presa pela gravata de um dos quatro homens.

Ouviu um deles dizendo que era muito barulhento, outro reclamando sobre ser muito
magro e outros dois discutindo sobre se deveriam ou não amarrá­lo para que parasse de se
debater. Todos estavam bêbados e cheiravam terrivelmente mal.

As lágrimas vieram em jorros incessantes assim que o primeiro resolveu cortar a


frente dos colegas e se afundou no corpo magro. Sehun berrou contra a mordaça, arregalando
os olhos e contorcendo­se todo. O cansaço psicológico atingindo­o assim que percebeu que
não iria conseguir sair dali, que não iria conseguir se livrar de nenhum deles.

Foi então que deixou sua mente desligar. Deixou­se virar a boneca de pano que eles
queriam, tornando­se algo que sequer possuía brilho no olhar, como se tivesse realmente saído
do próprio corpo para buscar uma felicidade que jamais teria naquela casa infernal.

E estava bem, trancado em si mesmo, até um deles ter a ideia absurda dois membros o
penetrarem ao mesmo tempo.

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A dor foi tão absurda que Sehun teve de voltar ao estado normal de consciência.

E a partir dali foi como uma cena em câmera lenta.

“Take everything from the inside


And throw it all away
'Cause I swear, for the last time
I won't trust myself with you”

[ From the Inside – Linkin Park ]

Foi como se bisturis invisíveis cortassem a atmosfera ao redor dele. O ar ficou


momentaneamente turbulento, como uma rajada de vento, vinda de uma tempestade.

Primeiro foi o choque, os olhos arregalados e todas as bocas do recinto abertas,


tentando entender o que diabos estava acontecendo. Em seguida, exatamente como num filme,
o sangue começou a encher o ambiente.

Escorreu por feridas profundas, tocando o chão e deslizando até as paredes.

Manchou os móveis, as roupas e as almas dos animais que pensaram que não havia
nada de errado em abusar sexualmente de um menino que ainda não havia entrado no ensino
médio.

O carmim pingou, em gotas grossas e viscosas, da boca de um deles até o rosto pálido
de Sehun, que encarava a cena toda com um medo latente.

Ele sabia, no fundo de si mesmo, que era o culpado por aquilo. Que ele havia feito
todo o sangue jorrar, sem controle da besta que existia dentro de si.

Os dois que os estupravam haviam saído de seu corpo e caído, inertes, no chão de piso
frio, juntamente com os outros dois, que ainda não haviam começado a fazer nada e... Seu pai,
que até aquele momento tinha ficado apenas observando a cena, sentado num sofá puído que
enfeitava a sala.

Costumava ser branco, mas agora era um misto de tons de vermelho, que escorriam do
corpo inerte do genitor, que parecia uma boneca de pano depois de passar por um triturador.

O cheiro metálico enchia todo o ambiente, causando uma ânsia quase incessante no
menino mirrado, que só conseguiu mover­se o suficiente para errar o corpo de um deles e
vomitar todo seu jantar no chão; seu estômago incapaz de segurar o conteúdo, quase
engasgado­se ao tentar tirar a mordaça antes de despejar seu bolo alimentar.

Chorava novamente, sem saber o que fazer ou a quem pedir ajuda.

Assim que os espasmos de seu estômago cessaram, cambaleou em direção ao pai,


tocando os ombros do mesmo e chacoalhando­os levemente, como se quisesse fazê­lo
acordar.

“Pai...” Murmurou. Sentia que ele jamais iria voltar abrir os olhos, mas se isso fosse
verdade, como ficaria dali para frente? Seria preso, ou mandado para um orfanato... Todas as
suas chances de construir um futuro pareciam vazar por seus dedos, junto com todo aquele
líquido vermelho.”Pai!”

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Estava soluçando, lágrimas transparentes rasgando sua face, o desespero querendo


sufocá­lo.

Agora estava quase em cima do corpo do pai, chacoalhando­o com ambas as mãos,
numa tentativa frustrada de fazer com que a alma do pai voltasse ao corpo num passe de
mágica.

Falava mais alto, quase um grito, sabendo que não demoraria muito para que alguém
da vizinhança ouvisse e viesse ver o que estava acontecendo. Mas o que fazer com todo
aquele medo? Como guardá­lo para si?

Estava a meio passo de começar a estapear o rosto do homem para tentá­lo fazer
acordar quando teve as mãos seguradas por alguém, que impondo certa força, tirou­o de cima
do corpo sem vida esparramado no sofá, abraçando­o em seguida.

“Eu não queria! Eu não quis fazer isso, Luhan! Eu não quis!” Gritou, segurando o anjo
loiro como se sua sanidade dependesse disso.

“Eu sei que não quis... Eu sei, Sehunnie...” Sussurrou, afagando os cabelos negros do
adolescente, que tremia entre seus braços.

“O que eu faço? O que eu faço?!” O menino estava tão perdido que chegava a doer no
anjo.

“Nada... Você vai ficar bem... Eu vou dar um jeito nisso, ninguém vai saber... Você
vai pra escola amanhã, como se nada tivesse acontecido e eu vou dar um jeito de cuidar de
você. Você vai ter uma vida normal, Sehun. Pela primeira vez.” Enquanto fiava aquele monte
de promessas, Luhan tornou­se levemente alheio ao que o rodeava.

A primeira coisa que ignorou foi o fato de que as penas de suas asas – que rodeavam o
corpo pequeno como um manto de proteção – tornavam­se ligeiramente mais escuras a cada
palavra que sua boca deixava vazar.

A segunda, foi um homem encarando toda a cena, confortavelmente sentado no galho


de uma árvore próxima, com um sorriso adornando os lábios.

Chanyeol, o observador, assistia aquilo tudo com uma malícia sem igual esboçada na
face.

Notas finais
Não me matem pelo que aconteceu, eu realmente precisava disso para desencadear num
monte de outras coisas.

De qualquer forma, não vou me alongar aqui porque ainda hoje vem mais um capítulo.

xoxo :*

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6. Belong to You

Notas do Autor
Bem, esse capítulo é o penúltimo que eu tenho pra postar antes de postar o novo, então,
leitores antigos, fiquem espertos ~

Ele é mais uma história... Contar como Chanyeol e Baekhyun se conheceram, espero que
gostem.

Boa leitura!

Capa por: Nana


Betado por: Ana

“I wanted you to know that I love the way you laugh


I wanna hold you high and steal your pain away
I keep your photograph
And I know it serves me well
I wanna hold you high and steal your pain”

[ Broken – Amy Lee feat. Seether ]

O final da tarde aproximava­se com rapidez, trazendo aquela brisa fria que atacava
constantemente o rosto dos dois homens que andavam, lado a lado pela calçada que cercava
uma praça praticamente abandonada.

Ambos estavam com as mãos nos bolsos; um deles com um cigarro pendendo entre os
lábios.

A pele clara de Kris ficava rapidamente avermelhada com ar gélido. Eles sabiam que
o tempo limite para aquela proposta estava chegando ao fim. E a verdade era que Yifan sentia­
se cada vez menos impelido a querer ouvir a verdade sobre quem era o moreno ao seu lado.

Estava sentindo­se estranhamente bem em saber apenas que o nome do adolescente


era Huang Zitao e que ele provinha da mesma terra natal que si. Além de outras informações
básicas, como ele ter dezoito anos e estudar num colégio muito bem conceituado, de Seul.

Adentraram a praça e Zitao sentou­se em um dos bancos de madeira, despojadamente,


tirando o pedaço de câncer dos lábios apenas para expelir a fumaça que havia se acumulado
em seus pulmões. Estava com uma expressão indecifrável até mesmo para alguém tão bem
treinado quanto o Wu.

O silêncio parecia estranho.

Estavam andando juntos há mais de cinco horas e o silêncio ainda não havia se
abatido entre eles. Conversaram sobre coisas normais, enquanto faziam coisas mais banais
ainda, como tomar sorvete, vendido na sorveteria que havia nas redondezas.

E por mais que a situação toda fosse ridícula, Kris sentiu­se bem, pela primeira vez
em muito tempo.

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Qual fora a última vez, afinal, que havia passado um dia com alguém lhe falando
sobre banalidades enquanto tomavam sorvete? O quão normal um Hunter poderia ser, sabendo
da realidade que o cercava?

“Não achei que colegiais podiam fumar...” Yifan soltou a frase no ar, esperando
alguma coisa. O que esperava? Queria a verdade ou estava bem naquela mentira toda?
Naquele teatro em três atos.

“Eu não deveria, você tem razão.” Foi tudo que Tao respondeu, lhe sorrindo
discretamente.

“O que você faz da vida, Zitao?” Indagou dessa vez, realmente curioso. Não parecia
possível que alguém com um possível pacto com o demônio pudesse, de fato, ter uma vida
colegial normal, ter amigos, sorrir daquela maneira...

Era ridículo, na verdade.

“Sou capitão do time de basquete. Péssimo em matemática, mas adoro literatura. Faço
aulas de algumas artes­marciais, mas não me especializei em nenhuma delas. Não gosto de
cachorros, mas sempre gostei de gatos... Eu sou estudante, Yifan, não tem algo que eu
realmente faça da vida além disso.” O chinês moreno pontuou, tragando o cigarro
profundamente.

“Nada?” Frisou, recebendo um olhar felino do mais novo.

“Quer ouvir da minha boca?” Os olhos sob os quais haviam olheiras visíveis,
pareciam atravessar Kris, tamanha a intensidade com que o fitava.

“Não sei.” Foi a resposta final, quando rendeu­se ao seu lado dúbio e sentou­se lado a
lado com o chinês de pele acobreada. “Não entendo porque alguém com a sua perspectiva de
vida faria o que fez.”

“Talvez porque eu não tivesse perspectiva alguma.” A resposta veio impensada,


rápida.

“O que quer dizer com isso?” Sabia reconhecer uma mentira e pela maneira como o
mais novo havia respondido­o, Yifan sabia que estava prestes a ouvir algo que realmente
valesse a pena, sobre a vida do outro.

“Ninguém implora do fundo do coração pela aparição de qualquer coisa que possa
ajudá­lo, sem estar no fundo do poço, caçador.” Disse o menor, cruzando as pernas enquanto
via o dia virar noite perante seus olhos. A luz do crepúsculo brilhando em tons de laranja, no
céu manchado de azul.

“E o que é estar no fundo do poço, pra você?” Inquiriu, pensando que para algumas
pessoas o fundo do poço era relativo.

“Estar em estágios iniciais de Degeneração Espinocerebelar. Já ouviu falar?” Kris


ficou levemente boquiaberto... Sim, já havia ouvido falar. Em seu treinamento na igreja, vivia
acompanhando padres responsáveis por dar a benção final aos que estavam perto de morrer.

Uma vez viu o caso de uma menina.

Era pequeno e a verdade é que teve medo de se aproximar da moça... Ela parecia tão
deformada. Nunca conseguiu tirar o olhar da jovem de sua memória. Ela o encarou por um
milésimo de segundo, mas foi o suficiente para que nunca mais conseguisse apagar a cena.
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Parecia tão desesperada, tão triste... Parecia que tudo que ela queria na para si era que sua vida
acabasse o mais rápido possível.

“Você teve isso?” Yifan também sabia que era uma doença sem cura e sem tratamento
possível. Só conseguia imaginar como alguém sentia­se com isso.

“Tenho, na verdade. Deve estar escondida em algum canto do meu corpo e só é


impedida de agir por causa dessa marca...” Dizendo isso, mostrou o símbolo que fora
pesadamente tatuado em sua pele, logo abaixo da clavícula. Pronto, agora o caçador tinha cem
por cento de certeza de que aquela era sua presa. “Meus pais me abandonaram no hospital
quando o caso começou a se agravar e eles se tocaram que não havia volta.”

Kris suspirou, pesadamente.

“Você sabe que meu trabalho é te convencer a quebrar esse pacto, certo?”
Subitamente, parecia exaustivo ser ele mesmo.

“Sei... E você sabe que isso não vai acontecer, certo? Eu não quero voltar a ser um
vegetal.” O tom era calmo demais para uma conversa que estava decidindo o destino de
ambos. “Fiquei sabendo se você matar o demônio que realizou o pacto comigo, eu morro
também... Bem, é uma idéia, se quiser realmente acabar com isso. Me mate, mas não me faça
voltar ao que eu era.”

“Por algum motivo, Zitao... Não quero te matar.” Não que Kris costumasse matar
humanos, mas se a vida deles estivesse realmente atrapalhando muito uma missão, ele fazia a
escolha mais justa: a vida de um em detrimento da vida de vários.

E o chinês mais novo sorriu, como da primeira vez que se viram... Naquele prédio
comercial.

Yifan engoliu em seco com a sensação que se apossou de seu estômago.

Sensação essa que conseguiu distraí­lo consideravelmente, já que nunca a havia


sentido. Baixou a guarda. Foi um milésimo de segundo, mas o suficiente para que a distância
entre ele e Zitao diminuísse consideravelmente com um movimento do mais novo, que postou
o rosto a menos de dez centímetros da face de Yifan.

Todo mundo conhecia a regra básica, que se aprende em filmes: você faz 75% do
caminho e deixa que o parceiro faça os outros 25%, se corresponder o interesse.

E a verdade absoluta era que Kris estava, sim, interessado. Sendo que chegou a
diminuir ainda mais a distância entre os dois antes de se tocar o que estava acontecendo ali.

Zitao era um homem!

Não era essa fosse a informação mais difícil de se conseguir, mas era, definitivamente
a que mais pesava.

Era errado. De todas as formas possíveis.

Estava prestes a tomar a atitude de se afastar, quando o Huang selou os lábios nos
dele. Só isso mesmo, um selo, principalmente porque ficou claro para o adolescente, que o
outro estava em um impasse moral. Tao só não queria sair dessa sem nenhuma recompensa.

“O que...!” Não foi como se tivesse tido tempo de ficar indignado, já que o menor
levantou­se logo em seguida.
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“Obrigado...” Disse enquanto começava a andar para longe dali.

“Pelo quê, Zitao?” Exaltou­se um pouco, levantando­se também, mas sem seguí­lo.

“Por não querer me matar... Por ter me ouvido. Várias respostas plausíveis.” E
fazendo um sinal de mãos, com um sorriso nos lábios, desapareceu na primeira esquina.

••

“Aonde esteve na noite passada, Chanyeol?” O, referido, gigante estava deitado na


própria cama, confortavelmente encarando o próprio teto, pensando na vida... Ou na falta dela.
Quando foi subitamente arrancado de seus pensamentos, com a frase alheia.

“Na Terra, passeando.” Respondeu, calmamente, virando­se para encarar Baekheyun,


que o olhava com uma expressão nada amigável.

“Passeando, Chanyeol? Desde quando você passeia na Terra?” O corpo pequeno


cruzou os braços em frente ao peito, parando ao lado da cama do amante.

“Com ciúmes, Baekkie?” Indagou, sentando­se e puxando o menor para o meio de


suas pernas. Mesmo com um sentado e o outro de pé, a Ira ainda conseguia encarar a Inveja
nos olhos.

Enfiou os dedos por dentro da camisa que vestia o menor, deixando que seus dígitos
tocassem a pele quente, lhe trazendo milhares de memórias.

Conhecia Baekhyun desde que ambos era humanos... Centenas de anos humanos
atrás... Milhares de anos infernais atrás.

Reconhecia o outro tão bem quanto seu próprio reflexo, num espelho. Cada pequena
imperfeição, cada mínima marca em sua pele... Chanyeol conhecia tudo.

Afinal, pudera ser diferente?

Tornou­se um demônio apenas pelo pequeno...

Costumavam viver em algum lugar ao norte da Ásia, na época das grandes


navegações. Park Chanyeol vinha de uma família rica e próspera, e seu futuro era brilhante.
Seria dono de todas as terras de seu pai e daria continuidade ao sonho de fazer tudo o que
possuíam crescer ainda mais, casando­se com a filha de um outro grande dono de terras.

Sua família era servida por empregados sem conta, ao ponto de sequer lembrar­se, por
nome, de todos eles. Sabia que eram separados por designações: uns cozinhavam, outros
limpavam, outros lavavam, mas nada que fosse além disso.

Claro que, dentre todos eles, havia de lembrar­se pelo menos de um nome, correto?
Sim. Byun Baekhyun era o responsável por manter seus aposentos na mais perfeita ordem.
Não que o termo existisse, na época, mas ele seria equivalente a um camareiro.

Era o filho mais novo de uma das famílias serventes mais antigas que os Park
possuíam. Era um menino tímido e retraído, que nunca olhava nos olhos de ninguém, vivendo
a encarar os próprios pés.

E como aquele menino o intrigava!

Adorava observá­lo enquanto limpava seu quarto e sua sala privativa. Sempre de
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longe, mas mesmo assim, atento.

Não conseguia mais lembrar­se com exatidão quando foi a primeira vez que o seduziu,
nem porque o fez, mas lembrava­se claramente da expressão apavorada do menino, quando o
encostou contra uma de suas paredes, delicado, porém firme, exigindo aqueles lábios que lhe
pertenciam.

Pertenciam? Claro, era seu empregado, afinal. Podia fazer dele o que quisesse.

Se bem que não esperava que o pequeno soltasse o pano de pó que tinha em mãos,
naquele momento, para rodear os braços por seu pescoço e corresponder ao beijo
timidamente, como se quisesse seu patrão há tanto tempo quanto ele o queria.

Nunca foi estipulado que ambos manteriam uma relação a partir de então, no entanto,
aconteceu. Encontravam­se na calada da noite ou quando sabiam que não seriam
interrompidos. Os beijos tornaram­se carícias, que eventualmente tornaram­se noites inteiras
de amor, com gemidos abafados e segredos guardados a sete chaves.

Chanyeol descobriu, com o tempo, que só havia uma maneira do olhar do menor parar
de encarar o chão: quando o menor estava próximo do ápice e buscava, com os olhos,
permissão para se desfazer entre os corpos. Era o único momento... E ao mesmo tempo, tão
intenso quanto poderia ser.

Ter o olhar de Baekhyun cravado ao seu, era um dos maiores prazeres de seus dias.

Mas claro que, eventualmente, a vida os alcançou. A filha do outro dono de terras
finalmente tornou­se “moça” e eles já possuíam a benção do Senhor para casarem­se.

E assim se fez.

Park Chanyeol desposou a menina e mudaram­se para outra cidade, na qual os


negócios prosperavam e havia uma grande chance de trazer mais e mais lucros para as
famílias do recém­casados.

A depressão que abateu­se sobre o Byun fez­lo pensar várias vezes, até mesmo, em
cometer suicídio. Seu coração estava irremediavelmente devastado e não conseguia encontrar
um novo norte para sua curta existência, de dezenove anos.

Foi quando o menino de olhos baixos decidiu parar de rezar aos céus pela volta de seu
amor e passou a direcionar seus pedidos para o outro extremo do celestial: o inferno.

E esse sim, o atendeu.

Tocado por tamanha inveja num coração tão pequeno, a princesa regente desse
sentimento – Inveja regente, da época – veio para atender os pedidos egoístas do menino. Ele
queria o amor de sua vida ali. Não nos braços daquela mulher.

E vendeu sua alma, com prazer, à moça de corpo escultural, pele negra e olhos
absurdamente verdes. Tão linda que faria qualquer homem botar a vida em ruínas apenas para
ter o prazer da presença de seu sorriso.

Annabeth era o nome da moça que atendeu seus clamores.

No entanto, a única prova de que ela sequer existiu para o Baek fora uma pequena
tatuagem em suas costas.

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Dois dias depois, Chanyeol irrompeu pela porta de sua antiga casa, dizendo que estava
desfazendo­se de seus direitos como herdeiro, da esposa e de toda a vida que havia cultivado
até aquele ponto, para poder viver seu amor ao lado do filho mais novo dos Byun.

A guerra que formou­se dentro da família após esse discurso inconseqüente é


dedutível.

No final, estavam tão pobres quando poderiam ser, fugidos de suas antigas vidas e
famílias, porém juntos.

Numa relação distorcida e cheia de altos e baixos... O que era de se esperar.

O suposto paraíso durou por quase dois anos.

Estavam ambos no auge de seus vinte e um anos quando um padre da pequena


paróquia que havia na cidadezinha onde viviam viu a tatuagem nas costas de Baekhyun,
enquanto o mesmo banhava­se num lago próximo.

Condenado pela igreja católica, com sentença de morte, Chanyeol nada pode fazer, se
não ver seu amado arder em chamas na praça central... Ainda lembrava­se de cada detalhe da
última vez que viu seu rosto com vida. Estava tão acabado, devido às torturas constantes que
sofreu – dentre elas, aquela que marcou suas costas com o crucifixo para sempre.

O Park foi tomado por uma Ira que não lhe pertencia; sua consciência cedendo a
insanidade a cada dia. Por fim, rendeu­se ao lado pouco são, cometendo a maior atrocidade da
qual a pequena cidadezinha jamais havia ouvido falar, até aquele momento..

Matou, com requintes de crueldade, cada um dos membros da instituição religiosa que
conseguiu encontrar. O sangue dos “homens de Deus” deixavam cada milímetro de suas
roupas e pele cobertos de tons de carmim. Estava ensandecido; louco como poucos homens na
história já chegaram a estar.

E foi nesse lapso de fúria que aquele homem apareceu.

Um chinês da traços rudes, que lhe fez uma proposta.

“Posso levá­lo de encontro ao seu amor. Mas para adentrar no reino ao qual ele
pertence, preciso que aceite doar­me um pequeno valor... Simbólico.” Foram as palavras
exatas que o regente da Ira usou para persuadi­lo.

E ele aceitou.

Afinal, estaria feliz onde quer que seu pequeno amor estivesse.

Anos depois, quando Annabeth – a negra de olhos verdes – e Liang – o chinês de


traços fortes – morreram numa batalha, particularmente acirrada, entre os membros do
submundo e os guardiões celestiais, o trágico casal foi escalado para preencher as vagas
remanescentes, tornando­se então, o que eram hoje.

Respectivamente, a Inveja e a Ira.

“Ciúmes? Nos seus sonhos, idiota.” O que Chanyeol jamais saberia explicar era como
o menino de olhos baixos havia tornado­se esse pequeno monstro.

Não que se importasse de verdade, afinal, amava todas as vertentes da personalidade


do pequeno.
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“Carinhoso como sempre...” Disse o mais alto, com um sorriso nos lábios enquanto
dedilhava a cicatriz nas costas de Baekhyun, com a ponta dos dedos. “Fui apenas conferir um
negócio de alto risco que fiz na Terra.”

“Negócio de alto risco?” Perguntou o pequeno, desconfiado do que ouvia. “Do que
está falando, Chanyeol?”

“De uma... Criança que deixei passeando por aí. Bem, de qualquer forma se der certo,
eu posso emprestá­lo para você.” Afinal, Oh Sehun era apenas um tiro às cegas.

Poderia dar certo, poderia dar errado...

Mas não importava.

Não é como se uma criança não pudesse ser facilmente substituída.

Notas finais
Eu realmente amo a história do casal mais antigo da fanfic. E vocês, gostaram?

Estou sendo extremamente sucinta aqui, espero que vocês me perdoem.

Reviews? :3

xoxo :*

7. Almost

Notas do Autor
ÚLTIMO CAPÍTULO DA REPOSTAGEM.

O próximo que eu postar será NOVO e ele vai sair daqui a pouco ok? Então, esperem por ele

Sem mais, porque eu preciso terminar o capítulo novo.

Boa leitura!

Capa por: Nana


Betado por: Ana

Oh Sehun simplesmente não entendia como certas coisas aconteciam ao seu redor.

Num momento estava desesperado com a idéia de ser acusado pela morte de cinco
pessoas e nunca ter a chance de ser uma pessoa minimamente feliz, e no outro... Estava
entrando na própria sala e vendo todo o ambiente impecavelmente limpo, como se nenhuma
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morte jamais houvesse ocorrido.

Como um passe de mágica.

Não havia nem sinal dos corpos, ou do sangue... Ou mesmo da sujeira e do cheiro de
álcool que sempre impregnava a casa do pequeno Oh. Tudo estava arrumado. O chão lustro e
os móveis brilhantes como se tivessem sido comprados recentemente.

E se tudo isso não fosse o suficiente para impressionar a criança – que ainda sentia
dores pelo corpo devido aos abusos constantes – um cheiro maravilhoso de comida vinha da
cozinha pequena de sua casa modesta.

Isso nunca tinha acontecido, em seus quase quinze anos de vida.

Sehun sempre fora uma criança muito independente – devido às circunstâncias – e


cozinhava, limpava e passava desde muito pequeno. Toda e qualquer organização ou
alimentação decente que existiam naquela casa provinham dele e de mais ninguém. Chegar da
escola e ver esse tipo de cena parecia um sonho. Um sonho bom, pra variar.

Jogou a mochila pesada e puída, que carregava nas costas, em cima da poltrona que
costumava pertencer ao pai e correu até a porta que ligava a sala à cozinha.

Lá dentro, com o cheiro delicioso intensificado, um conjunto de panelas que Sehun


nunca havia visto na vida, estavam dispostos em cima da pia, organizadamente, com nuvens
delicadas de vapor rodopiando acima das tampas de vidro.

Na mesinha discreta, os talheres estavam postos, quase elegantemente, esperando


apenas por um convidado, por mais que Luhan estivesse sentado displicentemente, no chão,
apoiado na parede que integrava a cozinha a pequena lavanderia.

Um sorriso bonito se abriu nos lábios do anjo quando viu sua criança encarando a
cena toda como se Papai Noel tivesse passado mais cedo em sua casa, naquele ano.

O adolescente se apressou até o anjo, ajoelhando­se entre suas pernas e o abraçando


com força.

Luhan se pegou pensando como os humanos eram seres notavelmente fortes. Sehun
tinha uma vida que não era invejável para ninguém e, no entanto, mesmo depois de todas as
atrocidades daquela semana, o rapaz parecia plenamente feliz com aquele pequeno ato
proporcionado pelo anjo do ar, que retribuiu o abraço calorosamente, apertando a cintura
pequena e beijando o topo dos cabelos.

“Teve um bom dia de aula?” Indagou o anjo, passeando os dedos pelos cabelos lisos
do menino, vendo os olhos levemente forrado de lágrimas, que ele fazia o possível para não
deixar caírem.

“O mesmo de sempre... Mas estou feliz por chegar em casa, pela primeira vez na
minha vida.” O mesmo de sempre, para Sehun, era algo que particularmente não o agradava,
mas com o que ele conseguia lidar. Não era a melhor resposta para a pergunta de Luhan, mas
o anjo já encontrava­se satisfeito por conseguir um sorriso de sua criança.

“Vá comer, então, antes que esfrie.” O loiro sugeriu, vendo os olhos brilhantes, do
adolescente, o encararem quase apreensivos. “Eu não vou a lugar algum, fique tranqüilo.” E
sorriu quando o Oh levantou­se, indo com ansiedade para as panelas enfileiradas, enchendo o
prato que havia em cima da mesa, em pouco tempo.

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“Você que cozinhou?” O pequeno perguntou, começando a comer com uma expressão
de felicidade que parecia impossível a alguém com uma vida tão sofrida, até aquele momento.

“Sim... Não que eu entenda muito de culinária, porque eu não como, mas ser um anjo
tem suas vantagens... Algumas habilidades humanas são facilmente aprendidas.” Respondeu
com um sorriso, enquanto permanecia sentado no chão, as asas invisíveis aos olhos do
impuro.

“Não come?” Os olhos que apesar de juvenis possuíam um brilho de sabedoria,


arregalaram­se levemente.

“Não... Nem durmo, ou tenho necessidades fisiológicas. Nada disso faz parte de um
anjo. Vocês são muito mais completos do que nós, em inúmeros sentidos.” Esclareceu,
mantendo os olhos em Sehun, que continuava comendo, apesar de prestar atenção na
conversa. “Nossas sensações são cortadas pela metade. Não podemos gostar demais de
alguma coisa, porque nossa adoração principal tem de ser o Pai.”

Sehun ficou em silêncio, como se estivesse pensando em algo, com muito afinco. Os
talheres parados na metade do caminho entre seu prato e sua boca.

“Isso é... Cruel.” Ele disse, por fim. “Que tipo de pessoa controla o amor das pessoas
dessa forma? Uma vez ouvi dizer que devemos deixar as coisas que amamos livres e que se
elas nos amarem igualmente, simplesmente vão permanecer ao nosso lado, sem nada que os
obrigue a isso. Não conheço Deus, nem nada disso, mas ele deve ser um menino muito
mimado e carente.”

E Luhan se calou.

Como se um imenso pane tivesse se alojado em seu cérebro.

Era o anjo do ar, o mandante das Virtudes, tinha milhares de anos de vida e... Um
garoto de pouco menos que quinze anos conseguiu pensar muito mais longe do que ele
mesmo.

Como nunca havia conseguido pensar dessa forma? O Pai sempre foi perfeito aos
olhos do pequeno ser celestial. Uma imagem de pura caridade e benevolência, que de tudo
sabia e que buscava o bem de todos as pequenas criaturas que ele havia criado.

No entanto, se Luhan levasse as palavras de Sehun em consideração...

Deus era realmente alguém muito mimado e frio, que escolhia as pessoas para o
sofrimento ou felicidade eternas a partir de sua obediência. Se eram fiéis aos propósitos do
Senhor, podiam ir para o paraíso e viver uma vida de rédeas curtas e sensações pela metade.
Se fossem rebeldes e idealistas, seriam mandados para o inferno...

Um lugar que, teoricamente, pregava o sofrimento eterno e que, no entanto, era tão
adorado por legiões de demônios, que não trocariam a própria vida por nenhuma promessa
celestial.

Num repente, o anjo do ar sentiu­se sufocado.

Como se, não menos do que de repente, quisesse quebrar as correntes que o prendiam
a esse sistema fascista doentio e fazer todas as pequenas coisas que sentia vontade – como
estar ao lado do impuro ­, mas ao mesmo tempo, algo dentro de sua cabeça gritasse,
mandando­o parar.

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O loiro colocou uma das mãos na cabeça, sentindo­a latejar de maneira estranha,
obrigando­o a fechar os olhos fortemente e respirar fundo.

Só os abriu quando o Sehun estava segurando suas mãos, novamente ajoelhado entre
suas pernas, com preocupação latente nos olhos e um amor mal oculto, quase vazando de seus
orbes juvenis.

“Luhan?” Chamou, assustado com as ações do anjo, que parecia sentir dor. “Luhan?!”

“Está tudo bem... Perdão por assustá­lo.” Tomando as palmas das mãos do impuro
entre as suas, Luhan beijou a ponta de cada um dos dedos delicados, carinhosamente.

“Luhan... Você vai... Ficar comigo?” O híbrido mordeu os lábios, apreensivo. “Ou eu
vou começar a viver sozinho depois de me acostumar a te ter por perto?”

“Eu...” O anjo abriu a boca algumas vezes, pensando em como fazer com que ele
entendesse. “Eu quero estar com você e vou fazer o possível para te ver freqüentemente, meu
anjo, mas tenho responsabilidades lá em cima e...

“Responsabilidades com o menino mimado?” Quis saber, cortando­o, fazendo com


que o chinês se sentisse novamente desconfortável com sua posição submissa em relação a
Deus.

“Exatamente...” Suspirou, tocando a face do menor, que quase ronronou com o toque.

“Se tivesse de escolher entre eu e Ele... Quem escolheria?”

E Luhan se viu subitamente sufocado pela resposta.

••

“Não gosto do cheiro desse lubrificante.” Foi assim, de repente.

O quarto de hotel estava preenchido apenas com as respirações ofegantes dos dois,
enquanto os corpos encontravam melhores maneiras de posicionarem­se, buscando o prazer
transcendental que sabiam poder usufruir, mutuamente, na companhia um do outro, quando,
assim, de maneira tão inusitada quanto poderia ser, Kyungsoo soltou aquela frase.

Jongin estava atrás de suas ancas empinadas, deslizando seus dedos pela entrada
apertada do mais novo, com a ajuda do líquido presente num pequeno tubo vermelho, quando
o menor resolveu dizer aquilo.

“É de morango, Kyungsoo.” Respondeu o moreno, sem tirar os dedos do menor,


movendo­os com mais afinco ao ver as reações do humano, que, mesmo com o aparente
cheiro incômodo, parecia ter sido feito para contorcer­se aos toques do demônio.

“Eu sei, também sei que já usamos... Ah... Um milhão de vezes, mas... Mais forte
Jongin!... O cheiro me enjoa, não gosto.” E com essas palavras, Kai parou de mover os dígitos
dentro do corpo pequeno e alvo, abrindo um sorriso desacreditado.

“Você, desgostando de alguma coisa, pequeno?” Sua voz permanecia com o mesmo
tom de sempre, no entanto, uma espécie de euforia parecia crescer no peito do demônio, como
se ele estivesse muito orgulhoso de ter feito alguma coisa. Um grande mérito particular.

“Também odeio quando você resolve parar quando eu estou gostando.” Reclamou,
movendo os quadris em direção aos dedos do maior, que simplesmente abandonou seu corpo,
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inutilizando a insistência do humano. “Jongin!”

“Finalmente tenho alguma coisa para usar quando quiser te irritar. Cheiro de
morango.” Murmurou, cínico, apesar de não fazer questão alguma de irritar o menor mais do
que ele já parecia constantemente irritado. A Luxuria postou­se atrás do corpo menor,
puxando­o para fora da cama com um tranco firme. “Segura na minha nuca.”

Comandou, vendo Kyungsoo colocar os braços para trás, agarrando­se no moreno


como podia, sentindo o membro pulsante buscar espaço entre suas nádegas, mesmo com a
falta de equilíbrio de um Kyungsoo que era invadido de pé.

O garoto de olhos grandes gritou quando aquele pau roliço – e tão conhecido – o
invadiu num movimento firme e único. Não gritou só pelo incômodo da invasão, mas pelo
fato de sua próstata ter sido acertada de primeira.

A única vantagem de manter relações com o príncipe da Luxúria era o fato de, mais
vezes, menos vezes, ser obrigado a aturar crises de ejaculação precoce.

Em seguida, segurando a cintura de Kyungsso com uma das mãos, Kai fez­lo tirar os
pés do chão, para que Jongin pudesse carregá­lo pelas coxas. As costas do pequeno coladas ao
peito do demônio enquanto o mesmo mantinha­o aberto e com as pernas flexionas, em direção
ao próprio peito.

Uma visão perfeita do falo túrgido do pecado entrando e saindo da entrada diminuta
do humano era refletida por um dos vários espelhos do lugar. A visão foi um excelente
estímulo para Jongin, que adorava ver o próprio trabalho, sempre que possível. Adorava
espelhos, câmeras e qualquer coisa que pudesse transformar sexo em algo visto por vários
ângulos.

Na verdade, honestamente falando, quase todos os tipos de sexo agradavam ao


moreno. Desde os mais normais, aos mais absurdos. Era um adorador da própria arte e um ser
quase desprovido de preconceitos nessa área... Exceto àqueles que faziam sexo sem paixão.

Transar por transar ou transar sem prazer... Qualquer um que fazia isso possuía o
profundo desgosto do moreno.

Que raio de existência sem prazer deveria ser levada a sério, afinal?

O moreno movia os quadris de maneira lenta firme, para que cada centímetro de si
pudesse ser sentido e absorvido pelo humano que parecia perder completamente o controle
das próprias atitudes, agarrando os fios escuros do ser que o dominava ao ponto de alguns
deles serem arrancados do couro cabeludo do maior.

“Jongin...! Vai mais rápido, por favor...!” O tom já era suplicante. O corpo diminuto
parecia ter dificuldades em manter aquele prazer todo para si, principalmente com a visão
absurdamente erótica de estar sendo comido em frente a um espelho, naquela posição tão...
Vulnerável.

“Me diz, além de ter meu pau te fodendo gostoso... Do que mais você gosta, Kyung?
Se eu gostar da resposta, posso pensar em te colocar de quatro e ir tão rápido dentro de você,
que vai perder a força nas pernas.” Pela primeira vez em centenas de anos de existência,
Jongin estava interessado em alguém. Nos gostos de alguém.

E isso jamais teria acontecido se Do Kyungsoo não fosse tão... Singular.

“Baunilha. Gosto de baunilha em quase tudo. E de suco de laranja, mas tem que...
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Porra!... Ser natural. Gosto de cores escuras para roupas e tons de pele... Ah!... E estou
gostando de uma série médica que passa na televisão, chama Grey’s Anatomy. Agora, por
favor, por favor, me come com força Jongin, eu estou precisando tanto de você...” Uma das
mãos pequenas estava na nuca do moreno, arranhando­o com tanta força que a nuca do
mesmo sangrava ligeiramente.

Jongin caminhou, mantendo as estocadas ritmadas, até sua canela tocar a beira da
cama, jogando Kyungsoo na mesma, vendo­o apressar­se para colocar­se na posição mais
confortável possível para agüentar o que viria pela frente.

“Sabe que isso é só uma rapidinha, certo?” O humano assentiu firmemente com a
cabeça, sendo brutalmente invadido novamente. “Estar precisando de mim, então, é uma
maneira discreta de dizer que está precisando gozar?”

“Sim!” Gritou em resposta, vendo a própria ereção balançar descontroladamente a


cada estocada do maior.

“Que bom... Porque vai ter que fazer isso sem se tocar, Kyungsoo.” Pontuou,
agarrando os ombros do rapaz para dar mais velocidade aos movimentos. Os gemidos do
humano preencheram o quarto, altos e irregulares. Suas pernas haviam perdido toda e
qualquer firmeza e só eram mantidas pela força do demônio em deixá­lo naquela posição.

A próstata de D.O era constantemente maltratada por uma glande inchada e


avermelhada, que escorria pré­gozo em sua cavidade, deixando­a ainda mais úmida. O corpo
todo do branco sofria fortes contrações, como se implorasse para que o menino se tocasse,
apenas de leve, apenas para que pudesse alcançar o ápice, mas o pequeno sabia que teria de
fazer isso sozinho.

Concentrou­se na sensação dos choques de prazer que percorriam seu corpo a cada
investida, como se guiasse mentalmente os espasmos que sentia, tentando fazê­los suprir a
falta de masturbação.

Jongin deu um tapa estalado na nádega de Kyungsoo, deixando a marca de cada um de


seus dedos na pele alva.

“Goza, vai... Como uma vadia, gemendo bem alto.” Ordenou o moreno, sabendo o
quanto palavras baixas deixavam o Do excitado.

E como uma resposta, o menino se agarrou nos lençóis, fazendo das próprias costas
um arco e gritando um palavrão em alto e bom tom enquanto via o próprio membro expelir
aquele líquido viscoso para fora, em jatos irregulares, que sujaram as roupas de cama.

O cansaço chegou logo em seguida... Aquele torpor maravilhoso do pós­sexo, que


D.O realmente gostaria de ter aproveitado mais e que, no entanto, foi impedido por um puxão
de Jongin, que o tirou novamente da cama.

“Ajoelha.” E não precisou pedir duas vezes para que o branco estivesse na altura no
membro de veias aparentes, mesmo tomado pela exaustão. Kyungsoo nunca negava nada a
Jongin. “Língua pra fora.”

Novamente, o humano o fez sem reclamar, dando a Kai a visão do músculo róseo
adornado pelo símbolo que os ligava, em preto, por quase toda sua área.

Uma masturbação necessitada foi iniciada e em menos tempo do que o previsto,


Jongin estava despejando todo seu prazer no rosto e do branco, que parecia se esforçar para

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manter­se sustentado pelos próprios membros, ao mesmo tempo que tentava capturar todo o
líquido amargo com a língua.

Queria sentir o gosto do demônio.

Quando os jatos cessaram, por fim, Kyungsoo tomou a glande entre os lábios,
limpando toda a ereção – que amoleceria logo menos – com vontade e empenho.

Assim que se deu por satisfeito, A Luxúria jogou­se na cama, sentado, vendo o
humano arrastar­se para os lençóis, deixando o torpor levá­lo.

“Implantou todas as bombas?” Jongin quis saber, deslizando a ponta dos dedos pelas
costas do pequeno. “Então... Assim que você descansar... Vamos Jogar.”

Notas finais
Gente, muito obrigada a todas as pessoas que tiveram paciência de acompanhar a repostagem
até aqui, principalmente a CaahMinki, que comentou novamente EM TODOS OS
CAPÍTULOS, tu é uma linda ♥

A partir do próximo, mais história pra vocês, espero que continuem apoiando BS.

Amo todos vocês ♥

xoxo :*

8. Btooom!

Notas do Autor
SIM, É CAPÍTULO NOVO, MINHA GENTE!

Finalmente, depois de toda a repostagem, aqui está um capítulo 100% inédito, pra vocês me
perdoarem por tudo que aconteceu.

Bem, não vou me prolongar aqui, mas LEIAM AS NOTAS FINAIS, TEM EXPLICAÇÕES
SOBRE O CAPÍTULO.

Boa leitura!

Capa por: Nana

“Eu não sei o que você espera que eu faça, Raphael!” Controlou­se ao máximo para
não gritar, mas estava realmente difícil conter os próprios nervos.

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“Fale baixo, Yifan!” E ao final da frase, apontou o andar de cima da casa em que
estavam. Podia controlar a mente de Sehun e fazê­lo surdo perante toda a discussão que
ocorria no andar de baixo, mas odiava manipulá­lo, em todos os aspectos. No entanto, Kris
não estava cooperando para que o pequeno continuasse dormindo. “Qual o seu problema,
afinal?”

“Conhece os humanos que fizeram os pactos? Já conversou com eles?” Perguntou,


afobado, porém, agora, conseguindo diminuir uns três tons, em relação à frase anterior.

“Não. O que está querendo insinuar?” Quis saber, por fim, cruzando os braços em
frente ao peito.

“Eles não vão abrir mão do pacto. Não por vontade própria. Falei com um deles há
uns dias e ele me disse para acabar com a vida dele, porque jamais desistiria do pacto. E quer
saber? Se eu fosse um humano, com metade da fragilidade normal, eu também preferia ser
morto do que estar nos estágios finais de Degeneração Espinocerebelar.” Yifan gesticulava,
como se colocasse ênfase nas próprias palavras.

Luhan colocou as mãos no rosto, bufando, frustrado com a situação toda. “Claro que
aqueles demônios malditos não iriam escolher ninguém por acaso.” E bagunçou os próprios
cabelos, tentando descontar todo aquele sentimento de desconforto.

“E então, sugere alguma coisa? Porque eu estou aceitando conselhos.” Pontuou o


chinês mais alto, serio. “Se me falar para matá­lo, eu matarei, mas se me perguntar se eu
quero fazer isso, a resposta é não.”

“Eu sou um anjo, jamais te mandaria matar algum humano. Não faz nem sentido.”
Pontuou, por fim. “Bem, de qualquer forma... Eu te mandei atrás dos humanos e fui atrás dos
demônios; os dois estão em guerra. Um querendo acabar com o outro, afinal, a não ser que
mais um dos Príncipes morra, apenas um deles conseguirá fazer isso dar certo.”

“O que está querendo dizer?” Kris arqueou uma sobrancelha.

“Estou dizendo que, e eu sei o quanto isso vai soar cruel, mas não precisamos fazer
nada. Não de verdade, por enquanto. Pelo menos um dos humanos será morto nesse processo.
Se tivermos sorte, os dois. E não teremos que sujar nossas mãos com a situação.” Os olhos do
humano se arregalaram e ele pegou o anjo pelo colarinho da camisa que usava.

“Está maluco?! Vamos deixar os humanos serem mortos?! Seu trabalho não é
defender a raça humana?!” E dessa vez, gritou.

“Sim, é.” Respondeu, friamente, encostando na mão de Yifan e torcendo­a com a


facilidade de quem dobra uma folha de papel, particularmente fina. “E é isso que eu estou
fazendo. Duas vidas em detrimento de sete bilhões? Soa justo, pra mim.” Quando o maior
finalmente soltou­se de suas vestes, continuou. “Nós, anjos, vivemos para protegê­los de
vocês mesmos. Damos nossas vidas por vocês. Criamos milagres, somos escalados como
anjos­da­guarda aos montes. Vivemos por vocês e mesmo assim, vão atrás da maneira mais
fácil de serem ‘felizes’. São egoístas, mesquinhos, e não tem nada que eu possa fazer sobre
isso.”

“Está dizendo que –“

“Sim. Não estou mandando matá­los, mas estou mandando deixar que ambos sejam
mortos. A verdade sobre o inferno é que lá, o conceito de perdão não existe. Quando um dos
dois humanos for morto nessa confusão toda, o Príncipe que estiver tutelando­o vai se vingar,

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matando o outro. O ciclo acaba, eles param de frescura, e escalam alguém, decentemente. Até
lá, seu trabalho é evitar que mais demônios do que o necessário fiquem dispersos por aí.” Sua
voz era fria como a neve que caía, no inverno. “Eu não concordo com matança indiscriminada
de humanos, mas não posso mandá­lo matar um dos demônios, ou teríamos mais um
desequilíbrio. Deixe o circo pegar fogo. Eu só vou voltar a interferir se um deles realmente
chegar perto de concluir o objetivo.”

“Está me mandando cruzar os braços e esperar?” Yifan parecia ter perdido o norte da
vida.

“Sabe, Yifan, a verdade sobre os anjos é que somos soldados. Nascemos e fomos
criados para ser estrategistas, precisos e mortíferos. Eu estou apenas fazendo a simples
constatação de que não há mais nada a ser feito. Sacrifícios são necessários. Foram
necessários em Sodoma, foram necessários nos d’Arca do dilúvio. Serão necessários agora...
Então, sim, eu estou mandando você cruzar os braços e esperar. Faça suas funções rotineiras e
afasta­se da situação, por hora.”

“A verdade, então, é que não existe diferença alguma entre vocês e os demônios. São
só times de cores diferentes. Os idéias são os mesmos.” Cuspiu as palavras e o anjo levantou a
mão para atingir o humano, segurando­se apenas no segundo final, lembrando­se do
juramento que fizera quando a raça humana fora criada. Nunca os machucaria. Era servo
deles, de certa forma.

Uma ira anormal crescia dentro do ser celestial, mas ele apenas limitou­se a fechar os
dedos, lentamente, abaixando o punho cerrado.

“Luhan? O que está acontecendo?” Uma voz sonolenta indagava, do topo da escada.

“Sehun!” Assustou­se o anjo, virando­se para encarar o híbrido, que coçava os olhos,
vestido num pijama surrado e bem maior do que ele. “O que está fazendo acordado?”

“Eu ouvi gritos. Quem é esse homem?” Indagou, descendo as escadas e parando ao
lado do mandante das virtudes, que o abraçou e beijou o topo de seus cabelos,
carinhosamente.

“Esse é Yifan, um amigo meu, que já está de saída. Certo, Kris?” Indagou, num tom
que colocava ponto final à conversa, de vez.

O caçador ouviu, assentiu e virou­se para ir embora, sem dizer absolutamente nada,
fechando a porta às próprias costas.

“Seu amigo não parecia muito amigável.” O impuro comentou, levemente


desconfiado.

“Meus amigos tendem a não ser amigáveis, meu anjo.” Passou os braços pelos ombros
do pequeno, trazendo­o para cima novamente, deixando­o se prender em suas roupas, como
um gato manhoso.

“Deveria fazer novos amigos.” Disse, deixando­se levar para a própria cama, apoiando
a cabeça no travesseiro e sendo coberto pelo anjo loiro, que lhe sorria, tenro.

“Deveria... E você deveria dormir, está tarde.” Passou os dedos pelos cabelos finos e
lisos da criança, que parecia bem mais leve e relaxada do que jamais esteve na vida, desde que
o pai morrera.

“Quero um beijo de boa noite.” Murmurou, com um sorriso arteiro.


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Luhan se abaixou para realizar o pedido do rapaz, mirando uma da maças de seu rosto,
no entanto, Sehun parecia ter outros planos, tomando o rosto do anjo entre suas mãos e
direcionando seus lábios róseos para os dele, fazendo com que as bocas se tocassem, num selo
firme e intenso. Luhan arregalou os olhos, tomando os pulsos do adolescente entre os seus e
afastando­o, sem brusquidão.

“Meu amor, o que você está fazendo?” Perguntou, por fim, mesmo que soubesse a
resposta.

A criança ficou subitamente corada na área das bochechas. “Você sabe o que eu estou
fazendo.”

O anjo suspirou pesadamente, beijando os dedos de Sehun.

“Tudo bem... Mas não vai passar disso.”

E suas asas ganharam mais alguns pontos de negritude.

••

O cassino estava lotado.

Mulheres passeavam em seus saltos agulha, equilibrando seus corpos perfeitos nas
grifes mais caras da Coréia, competindo entre si pela atenção dos olhares que as rodeavam.
Vestidos de gala e ternos com a assinatura dos melhores alfaiates do país competiam por
espaço entre as nuvens de fumaça dos charutos, a música relativamente alta e as maquinas de
jogos de azar.

Os crupiês distribuíam cartas para todos os jogadores que estavam dispostos a gastar
grandes quantidades de dinheiro numa jogada de risco, que poderia reverter­se em grande
lucro, ou simplesmente permanecer como era: uma grande perda.

Vozes enchiam os locais, lances eram dados, fichas passavam de mãos em mãos...

Se Jongin pudesse comparar um cassino a alguma coisa, compararia ao quinto nível


do inferno... O último nível que possuía almas sofredoras. A maior parte delas muito perto de
comprar sua transformação para demônios, a raça não sofredora. Desculpas eram dadas,
lances eram feitos, trocas de favores corriam soltas e tudo se assimilava muito com aquele
inferno terreno, de interesses, ganância e egoísmo.

Em menos de uma hora sentado numa das mesas de aposta de Black Jack, Jongin já
havia perdido a conta de quantas mulheres absurdamente bonitas haviam tentado a sorte com
o moreno, que jogava, descompromissadamente contando cartas e ganhando sempre que lhe
convinha.

Do outro lado do corredor, acarpetado em carmim, Kyungsoo segurava­se na máquina


de caça­níqueis toda vez que algum rosto bonito aproximava­se de Jongin, que sempre
presenteava os acompanhantes com um sorriso aberto e uma simpatia que não deveria
pertencer a nenhum deles. Jongin era dele e apenas dele. Queria gritar isso ao mundo, mas
soava mentira até mesmo em sua imaginação.

Depois de quase duas torturantes horas, finalmente, viu o olhar do moreno cruzar o
seu e assentir ligeiramente em direção à entrada principal, onde um homem entrava,
acompanhado de três seguranças.

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O Presidente da Bolsa de Valores de Seul.

A última – se tudo desse certo – vítima de Do Kyungsoo antes de sua transformação


estar completa.

Quando fez o pacto com Jongin, Kyungsoo possuía um problema grande, que deveria
ser contornado: sua alma era tão pura quanto uma alma poderia ser. Algo assim jamais
poderia entrar no inferno. E era por esse motivo que, há quatro anos, o humano trabalhava
como uma viúva negra.

Ia atrás de pessoas, em geral ricas, que tinham pendências negativas com Deus e se
aproximava. Conquistava­as, dormia com elas, sujava­se nos corpos de cada uma e, enquanto
dormiam, da maneira mais indecente que alguém poderia cometer um assassinato, as matava...
Pelas costas.

Justamente quando os mesmos confiavam no rapazote de olhos grandes. Quando


abaixavam a guarda. Quando o consideravam alguém.

Aos poucos, a alma de Kyungsoo manchava­se o suficiente para que conseguisse


assumir o posto de Príncipe que seu contrato pedia.

Era a maior obra de arte de Kai.

No momento em que o humano fez sinal de que havia entendido o recado, Jongin
ganhou mais uma partida e levantou­se da mesa, dizendo que as fichas que havia ganho
podiam ficar de presente para a loira escultural que havia ao seu lado.

Beijou as costas da mão da moça ao dizer isso, com seu ar sensual e seu sorriso
lateral. De longe era possível ver o quanto a mulher o desejava... E continuou desejando em
todo o caminho que ele percorreu até a saída do cassino.

Ao passar pelos seguranças do Presinte da Bolsa, Jongin olhou fixamente para os


olhos dos mesmos, realizando uma pequena peripécia com a mente dos três.

Kyungsoo levantou­se em seguida, andando a passos calmos até o homem, magro, na


faixa dos cinqüenta, que parecia levemente incomodado com o fato de seus seguranças terem
entrado numa espécie de transe.

Sorriu ao passar pelo primeiro dos protetores, vendo o senhor finalmente encará­lo,
como se quisesse entender o que um jovem fazia invadindo seu espaço de segurança.

Mantendo a expressão de não entendedor, chocado por estar sendo abordado por um
menino e assustado por seus seguranças não estarem reagindo a invasão, o Presidente não
conseguiu expressar grande reação ao ser beijado por Kyungsoo.

“Seus dez anos acabaram, senhor. Espero que os tenha aproveitado com sabedoria.”
Sussurrou, ao se afastar, vendo sua vítima arregalar os olhos.

O homem sabia do que se tratava, só não lembrava­se que a data estava tão próxima.
Há dez anos atrás, quando fez o pacto com um demônio de encruzilhada, pediu por dinheiro e
poder. E os ganhou. Agora, casado, com três filhas e uma neta... Arrependia­se de tê­lo feito.

Sabia que jamais veria sua menina mais nova se formar e isso doía na alma do
homem.

Mas também sabia que aquele rapazote não era o demônio com o qual havia firmado o
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pacto. Será que algo havia acontecido com o anterior?

O Presidente viu uma garçonete passando ao seu lado, aproveitando o momento


para pegar um whisky puro da bandeja da moça, apreciando, pelas janelas, a noite estrelada
que havia lá fora. De fato, era uma linda noite para morrer, pensou, enquanto virava a bebida,
que lhe desceu queimando.

Em meio ao ritual de sua vítima, Kyungsoo seguiu seu caminho, encontrando Jongin,
há alguns passos da saída, com um cigarro nos lábios e um sorriso no rosto. Viu o pequeno
caminhando, e seguiu­o, lado a lado, segurando a cintura fina ao passo que o humano retirava
um aparelho pequeno de dentro do bolso do blazer.

Assim que considerou­se longe o suficiente da construção imponente, apertou o botão


do detonador que havia em sua palma, transformando a noite de Seul num grande show de
fogos.

Um som ensurdecedor invadiu os ouvidos dos dois amantes, pouco antes de uma
nuvem de poeira e partículas de concreto os alcançarem. Jongin colocou uma das mãos na
frente da boca e nariz de Kyungsoo, mantendo o oxigênio em sua palma inofensivo aos
pulmões delicados do mundano.

Um milésimo de segundo depois, os dois estavam em cima de um arranha­céu,


visualizando o restante da construção ceder, como um castelo de cartas, levando com ela a
vida de centenas de pessoas que usavam o local como fuga e esquecimento de suas vida
estressantes.

Centenas de pessoas inocentes que foram enegrecer a alma do humano que, no


momento, não conseguia perceber que seus olhos enegreciam, lentamente.

“Tomou sua primeira alma sozinho.” Disse a Luxúria, abraçando o corpo diminuto
pelas costas. Do meio da destruição em massa, uma pequena esfera de luz embrenhava­se pela
nuvem de fumaça, subindo todos os metros que o separavam de seu dono por direito, parando,
comportadamente, em frente ao rosto de Kyungsoo. “Pegue­a, como eu faço.” Instruiu, vendo
o mundano abrir os lábios e deixar que aquela essência humana se fundisse ao seu corpo.

Jongin virou seu protegido de frente para si, vendo seus olhos completamente negros,
encarando­o.

“Já tem os olhos de um demônio. Tem pouco mais de um mês como humano a partir
de agora. Vai poder ir para casa comigo... Sua verdadeira casa.”

O Do colocou­se na ponta dos pés e tomou os lábios do demônio num beijo intenso.
Num valsar de línguas, misturadas ao gosto de calamidade.

“Eu o amo, Jongin.” Murmurou, contra os lábios fartos.

“Eu sei, meu pequeno.”

O que Jongin sabia, além disso, era que lá embaixo, junto com os destroços do que
costumava ser o cassino mais bem quisto da Coreía, também havia o corpo de um rapaz.

Um rapaz que gastou os últimos dias perseguindo seu protegido com afinco.

Entre a carcaça daquela antiga construção havia um corpo.

Que costumava atender pelo nome de Huang Zitao.


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Notas finais
E então, aonde está o demônio de encruzilhada (demônios que fazem pactos com duração de
dez anos. Normalmente são demônios fracos, comandados por algum pecado) que deveria ter
pego a alma do Presidente da Bolsa de Valores?

Kyungsoo, pra começar a transformação real de humano pra demônio (Príncipes tem corpo
físico, eles levam seus corpos humanos com eles pro inferno. São materiais. Por isso que
Baekhyun ainda tem a cicatriz em cruz.) tem de tomar a alma de um humano de pacto, mas
ele não tem como FAZER um pacto, porque é um HUMANO TAMBÉM. Então, Jongin
matou o demônio de encruzilhada que fez o pacto com esse humano e fez o Kyungsoo dar
um "Beijo de Judas" nele. O que concedeu o direito de alma ter consumida por ele e inciar a
transformação.

Entenderam? Sim, não, talvez?

E agora, mereço pedradas? Alguém lembrava que o Tao estava seguindo o Kyungsoo? ~

Reviews?

Bombas?

Ameaças de morte?

xoxo :*

9. The beginning of the end

Notas do Autor
Gente, eu sei que demorei mil anos para continuar, mas eu juro que foi culpa da faculdade.
Ela estava achando que a lei de 88 não valia mais e que trabalho escravo estava na moda.
Quem me acompanha pelo twitter sabe como eu estava uma pilha de nervos.

Mas aqui está mais um pedacinho decisivo de BS, que começa a entrar no inicio do fim.
Muita coisa vai acontecer, toda a merda vai bater no ventilador e espero que ninguém me
mate antes de eu finalizar a história.

Para todos os lindos que me deram muito carinho, apoio, e me ajudaram em todas as fases até
aqui (porque essa fanfic já passou por muito perrengue), meu MUITO OBRIGADA. Vocês
são muito especias pra mim.

Boa leitura :*

Betado pela bekka ou ~Tinkerbaek aqui no SS. Brigada, meu amor ♥


Capa por: Nana. Neném ♥

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A noite já havia caído há horas, levando com ela a atividade da maioria dos seres
humanos. Não havia mais ninguém nas ruas, principalmente num bairro como aquele, que
sempre seria conhecido por ser um dos mais violentos da cidade. Não que pobreza atraísse
violência, mas os comércios ilegais desenvolvidos pelas redondezas, definitivamente, atraíam.
Não era o lugar em que nenhuma mãe desejaria criar seus filhos, no entanto, as residências
eram extremamente desvalorizadas, com parcelas que cabiam nos bolsos dos proletariados
menos abastados.

Não seria num lugar assim que um devoto de qualquer religião cristã iria imaginar
encontrar um anjo. Se tivessem de imaginá­los em algum lugar terreno, provavelmente seria
em espaços mais belos, cheios de flores aromáticas, ou em hospitais, velando pela saúde de
crianças doentes. No geral, realizando qualquer atividade filantrópica, com suas longas asas
cristalinas e olhos de bondade infinita.

Bem, não era o caso.

Se bem que para os mais desinformados, não seria crime afirmar que Luhan estava,
sim, zelando por uma criança. Obviamente que se não levasse em consideração o fato de que a
criança era um meio demônio e que ele estava, irremediavelmente, apaixonado pelo menino.
Apaixonado num sentido romântico, que sequer deveria fazer sentido para seres celestiais.
Eles deveriam amar apenas ao Pai.

Novamente, não era o caso.

O impuro dormia em seus braços, encolhido como um gato, já há algumas horas.


Haviam começado a assistir um filme qualquer no sofá da sala, mas aos poucos o Oh foi se
achegando, achegando, até estar completamente adormecido entre suas pernas, apoiando seu
rosto no peito do Mandante das Virtudes, que havia desistido de prestar atenção na tela e se
contentava em encarar o rosto adormecido. A pele branca demais, os lábios róseos e finos, que
permaneciam entreabertos, num ressoar suave, a linha do maxilar, o pescoço esguio. Sehun
não era perfeito. Possuía um sorriso tortinho e caninos afiados demais, no entanto, até mesmo
esses pequenos defeitos conseguiam deixá­lo mais belo, mais único, mais... Impecável.

Para Luhan, o pobre anjo que se deixava envolver pelo amor humano, ele era o ser
mais belo em que já havia colocado os olhos.

E o mais puro.

Independentemente do que dissessem as más línguas, que o julgariam por não ter
alma, por ser um desgarrado do céu e do inferno, o Xiao jamais conheceria alguém tão puro
quanto ele. Alguém que manteve sua pureza mesmo quando sua vida esforçou­se muito para
retirar dele todas as virtudes.

Luhan daria a vida por ele. Daria vida de uma legião de anjos para que aquele tímido
sorriso torto pudesse resplandecer mais um dia.

Contudo, apensar por saber que faria isso, já deveria ser julgado pelas mais rígidas
leis angelicais.

Já estava pensando em pegá­lo no colo e levá­lo para a cama quando aquele amargor
na boca do estômago o avisou que havia alguma coisa errada. Tornou­se alerta em um
milésimo de segundo, erguendo os olhos, passeando­os pelas janelas que havia na sala. Não
precisou de muito esforço para encontrar os olhos negros de uma pessoa que o encarava, do
outro lado da rua.

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Não era bem uma pessoa.

Apenas a casca de uma.

Tocou na cabeça do pequeno em seu colo, fazendo com que seu sono não pudesse ser
interrompido, antes de se levantar, com ele nos braços. Precisava colocá­lo no quarto e ver o
que estava acontecendo. Correu pelas escadas, carregando­o como uma noiva; o pequeno
pomo de adão mais proeminente por estar com a cabeça tombada para trás. Luhan teve uma
súbita vontade de beijá­lo, de marcar aquele pescoço inteiro, reprimindo aquele tipo de
pensamentos no segundo seguinte.

Colocou­o na cama, com um carinho religioso, tocando discretamente seus lábios,


exatamente como sabia que o Oh iria querer se estivesse acordado, usando aquele contato para
livrá­lo de qualquer pesadelo, querendo apenas que o sono tranquilo o atingisse. Afastou­se
em seguida, fechando a porta do quarto. Mordeu o próprio dedo até que o sangue lhe
escorresse, desenhando apressadamente um símbolo na porta, ilegível em qualquer língua
humana, marcando o quarto com proteção celestial. Um escudo que impediria a entrada de
qualquer tipo de demônio.

Desceu novamente as escadas, uma linha de sangue vertendo de seu dedo, criando
forma em pleno ar, até forjar­se em uma espada de duas mãos, a lâmina transparente
possuindo um brilho azulado. O guarda mão de um vermelho tão intenso quanto o sangue que
lhe deu forma e no castão, uma esfera de um ar tempestuoso, que representava não apenas seu
elemento, mas seu estado de humor.

Olhou novamente pela janela e onde antes havia aquela única pessoa, agora havia se
agrupado pelo menos vinte. De todas as idades, sexos, tamanhos, vestidos das mais diferentes
maneiras e que, ainda assim, possuíam uma constante: o negrume dos olhos. O coração de
Luhan disparou no peito. Ele tinha de tirá­los dali. Atraí­los. Não podiam encostar em Sehun.

Em um segundo estava no centro da sala e no seguinte, bem de frente para as pessoas


(agora ele via) que não estavam apenas na rua, mas empoleirados nos muros, encimando os
galhos mais baixos de algumas árvores, em cima de capôs de carros... Todos eles possuídos
por um demônio diferente, usando­os como cascas. O Xiao tinha de tomar uma decisão
rápida, naqueles milésimos de segundo que antecederam o primeiro ataque: ou os matava,
juntamente com os demônios que havia dentro deles, ou tentava realizar um ritual de expurgo.

Não dava tempo para segunda opção.

Rodou no próprio eixo, a espada em punhos, quando o primeiro chegou. A lâmina


transparente atravessou o exato ponto do pomo do adão do homem, cuja cabeça pendeu para
trás, presa apenas por um ou dois tendões, vazando sangue pelas roupas e chão, antes de cair.
O corpo caiu sem vida e o demônio dentro dele causou uma explosão, com cheiro de enxofre,
antes de finalmente desaparecer. Desaparecer de verdade. Não voltaria para o inferno.
Simplesmente viraria pó.

Rodou a espada em punho mais uma vez, espalhando o resto do sangue que havia
ficado preso nela. “Podem vir.”

••

“Vamos, dorminhoco, está na hora de acordar.” Falou, parado na porta do quarto, com
os braços cruzados e um sorriso discreto no canto dos lábios.

Sehun abriu os olhos, despertando automaticamente por perceber que havia uma voz

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que não era do chinês dentro de sua casa. Sentou­se na cama tão rápido que os cobertores
caíram no chão. Não conhecia aquele homem, nunca o havia visto na vida. E se tinha uma
coisa que o Oh aprendeu depois de tanto tempo nas mãos do pai, era que não se podia confiar
em homens, principalmente se nunca os tivesse conhecido.

“Quem é você?” Por algum motivo que o adolescente desconhecia, aquele homem não
entrava em seu quarto. Continuava parado no batente, olhando­o com toda a serenidade do
mundo.

“Meu nome é Park Chanyeol, sou o demônio responsável pelo título da Ira. Luhan já
falou sobre nós? Os sete pecados?” Indagou, despreocupadamente.

O híbrido conhecia, sim. Já ouviu falar algumas vezes, mesmo que o Mandante das
Virtudes nunca falasse nada sobre as coisas que aconteciam em sua “profissão”,
principalmente quando eram ruins. Mas era básico entender que se gostava de Luhan, não
deveria gostar do demônio.

“O que está fazendo aqui?” Porque um demônio daquela patente não batia na sua
porta só pra se apresentar.

“Bem, eu posso começar com uma longa história de como conheci sua mãe, sei lá
quantos anos atrás e no quanto ela era completamente apaixonada por mim, mas acho melhor
pular essa parte sórdida. O fato é que aquele homem gordo e nojento que abusou de você não
era seu pai. Eu sou.” Falou, assim, como se comentasse que o céu era azul. “E agora que você
está órfão, eu vim assumir meu papel paterno.”

“Eu não preciso de você!” Gritou, com os olhos cheios de lágrimas. Primeiro o pai
que parecia um monstro, agora esse pai que realmente era um demônio. Não queria nenhum
deles. Estava bem com Luhan. Não precisava de mais ninguém.

“De fato, você não precisava, garoto. Tinha Luhan e tudo estava certo. Ele seria um
bom tutor, um bom pai, um bom... Amante.” E o sorriso de Chanyeol queria dizer mil coisas,
que fizeram o ar de Sehun faltar nos pulmões infantis. “O problema é que ele foi atacado
ontem por uma pessoa que... Como vou dizer...” Ele pareceu indeciso, realizando movimentos
de mão, para demonstrar sua falta de palavras. “É meu inimigo também. O fato é, pequeno,
Luhan morreu e eu sei quem o matou. Sinto muito por ser portador de más notícias."

As lágrimas que já estavam brilhando nos olhos rasgadinhos começaram a verter


furiosamente. O peito do Oh doía como se ele tivesse levado uma facada, como se tivessem
arrancado seu coração à seco, sem anestesia. “MENTIROSO!” Derramou, num grito de dor
incontida, abraçando­se na cama, o tronco pendendo, junto com o rosto em direção aos
lençóis. O sofrimento tão palpável que a negação era óbvia. Ele sabia que era verdade. Se
fosse mentira, Luhan estaria ali, lhe acordando. Ele e não esse suposto pai.

“Você sabe que eu não estou mentindo. De qualquer forma, você pode fazer uma
coisa, sabia?” Ele não se compadecia com as lágrimas. Para o Park, eram tão desinteressantes
quanto um documentário sobre a vida e morte de Jesus Cristo.

Sehun não respondeu absolutamente nada, ainda contorcido na cama, os olhos


vermelhos, as lágrimas intermináveis, os soluços o consumindo inteiro. Mas conseguiu um
olhar. Conseguiu atenção. O que o amor não causava nas pessoas? Melhor: o que a perda de
um amor não causava nas pessoas?

“Você pode vingar a morte dele.” Dessa vez seu tom não era leviano, ele falava sério,
firme. Tirou uma polaroid do casaco que estava usando, deixando que ela caísse no tapete
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puído do quarto, revelando a foto de um rapaz de pele alva e cabelos escuros. “Você
provavelmente é uma das poucas pessoas que realmente podem encostar nele, com essa
surpresinha destrutiva que veio de presente por ser meu filho.” Sehun era consideravelmente
mais forte do que Chanyeol e do que grande parte dos demônios e anjos. A diferença era que
ele jamais conseguiria controlar a própria força. Era uma bomba destrutiva, com o cronómetro
quebrado. “Se estiver interessado, o nome dele é Do Kyungsoo. Sabe por quem chamar se
resolver aceitar.” Fez um gesto de pouco caso, virando­se em direção ao corredor.

Quase teve tempo de descer o primeiro degrau quando ouviu o barulho do chão
rangendo. Abriu um sorriso quase sádico, antes de se virar, o sorriso apagado. “Eu aceito. Só
precisa me dizer onde ele está.” A infantilidade havia desaparecido. Só havia ódio.
Exatamente como a Ira queria.

••

O mundo girava.

Rodopiava em frente seus olhos que sofriam com a luz, depois de tanto tempo
fechados. Seu corpo todo estava preso naquela sensação devastadora de ter sido atropelado
por um trem, como se cada um de seus ossos tivessem sido triturados. Gemeu de dor, tentando
sentar­se, porém sendo impedido pelo incômodo abdominal que sentiu.

Desistiu, deixando o corpo cair para trás novamente, na maciez de algo que lembrava
um travesseiro. Travesseiro? A última coisa que se lembrava era do cassino explodindo, bem
quando ele havia acabado de passar pelas portas da saída principal, atrás de Kyungsoo.

A visão finalmente ganhou foco, deixando­o enxergar um quarto que lembrava


aquelas antigas enfermarias, construídas dentro de igrejas, exceto pelo fato de que havia
aparelhos bem modernos monitorando seus sinais vitais, além de três bombas de infusão
despejando medicamentos em seu corpo, pela entrada venosa que havia em seu braço direito.

“Finalmente acordou.” A voz era conhecida. O rosto sério mais conhecido ainda.

“Yifan?” Indagou, tentando entender a ligação dos dois últimos fatos transcorridos em
sua vida. “Você me ajudou?”

“Sim, você está na Paróquia de São Miguel Arcanjo. Especificamente dentro da


enfermaria suporte dos Caçadores, enviados pelo Vaticano.” Explicou, ajudando­o a
acomodar­se contra a cama.

“Você não deveria estar no outro time, Kris?” Zitao abriu um sorriso dolorido,
encarando o maior, que o retribuiu, sentando­se ao seu lado na cama.

“Não é um jogo para eu ter de escolher times. Mas você deveria repensar sobre suas
crenças... Não sei como saiu vivo de lá.”

“Tenho um bom anjo da guarda.” O olhar do Huang, em cima de Yifan, queria dizer
muita coisa.

Notas finais
Bem, circo pegando fogo, pessoas mortas/feridas/desaparecidas. Sehun pro lado dos
demônios, Kris trocando de time, Chanyeol admitindo que ele é pai do Sehun (e é mesmo,
gente, não é piada), Kyungsoo na reta e tudo virando uma zona.

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E então, depois de toda essa zona, mereço reviews?

Beijinhos :**

10. Chaos

Notas do Autor
Gente, eu demorei de novo, é imperdoável, mas admito que fiquei meio triste por ter tido
poucos comentários no capítulo passado. Não é do meu feitio ficar abalada com isso, mas me
deu a sensação de que não estou fazendo a história ficar boa, sei lá. Bem, deixando minhas
neuras de lado, as coisas vão pegar fogo nesse capítulo, então ~~.
Betado por: Thay
Capa por: Nana

Boa leitura.

“O mundo continua chocado com o atentado ocorrido em Seul, capital da Coréia do


Sul, hoje, às 14:35, no horário local. Autoridades não sabem precisar o que causou a
explosão, nem afirmar quem foram responsáveis por ele, porém o Departamento de
Segurança afirma ter fortes suspeitas sobre o governo Norte Coreano ter causado a explosão,
como um prelúdio da guerra que se anuncia entre as duas nações há anos.

A explosão, ocorrida próxima a margem do rio Han, foi responsável por uma área de
destruição de mais de 200 km². O número de vítimas fatais ainda não foi totalizado, no
entanto, nas dez primeiras horas após o acontecimento, já haviam sido contabilizadas mais
de 250 mil mortes. Além disso, há, até o momento, aproximadamente 100 mil feridos, sendo
atendidos por todos os hospitais remanescentes de Seul e região. Os prejuízos ainda não
puderam ser calculados, mas o governo acredita que irão causar a maior crise financeira dos
últimos 70 anos, na tentativa de reerguer o equivalente a um terço de todo o território da
capital.

A população local afirma que já esperavam algum atentado após a explosão de um


dos cassinos situados dentro da cidade, duas semanas antes. Nesse, a ONU e alguns países
como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, China e Brasil, estão enviando voluntários e
algumas tropas de seus devidos exércitos para auxiliarem na retirada dos destroços, retirada
dos corpos e auxílio nas buscas dos sobreviventes. A tragédia causou comoção em todo o
mundo, que nesse momento organizou um fundo internacional de apoio para as famílias
afetadas, que aceita, além de doações em dinheiro, roupas, alimentos não perecíveis e
cobertores, já que o inverno local aproxima­se e as temperaturas chegam a números abaixo
de zero (...)” E assim os jornais mundiais continuavam relatando o acontecido
insistentemente.

••

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O dia anterior havia sido um inferno na terra. Não havia outra maneira de definir isso
e, apesar de todas as suposições dos humanos ao redor do mundo, havia apenas um pequeno
grupo de seres que realmente sabiam o que havia acontecido para que um terço do território
de Seul fosse banido da face do globo terrestre. E podia­se dizer que o responsável tinha
nome. Nome e sobrenome.

Oh Sehun.

Não demorou quase nada para que Park Chanyeol, naquele mesmo dia que o
convenceu a ajudá­lo, descobrisse a localização de Do Kyungsoo, que estava no centro
comercial de Gangnam, comprando algumas coisas que precisaria para fazer o jantar até a
hora de Jongin aparecer, já que o moreno mais alto sempre desaparecia durante o dia e só lhe
dava a graça da presença no final da noite. Não estava esperando nenhum atentado contra sua
pessoa após ter (ao que parecia) se livrado de Huang Zitao, que passara os últimos dias lhe
perseguindo como uma sombra, até o dia da explosão do Cassino.

No entanto, assim que a Ira, fielmente acompanhada por seu filho híbrido, apontou
para o pequeno de olhos anormalmente grandes, ele desencadeou uma cadeia de eventos que
terminaram da maneira relatada pelos jornais mundiais. Uma onda de energia maciça
começou a se formar em volta do corpo adolescente, balançando suas roupas e cabelos,
violentamente, mesmo que não houvesse uma única brisa daquele dia. Em seguida as janelas
de todas as construções próximas começaram a estilhaçar, cacos de vidro sobrevoando toda a
rua, espalhando­se para dentro de lojas, criando tapetes de estilhaços que pareciam cristais,
junto com qualquer outro objeto que fosse feito de vidro, como vidros de automóveis, copos,
cristaleiras e qualquer outra coisa que não conseguisse suportar a vibração do poder destrutivo
de Sehun, que emanava de sua áurea, condensada de dor, medo, mágoa e raiva.

O Príncipe da Ira sabia o que aconteceria dali para frente: um massacre. Massacre que
poderia levá­lo junto se ele permanecesse ali, então, apressou­se para desaparecer do local,
ganhando grande distância, não apenas para não ser afetado, mas porque tinha de manter
afastado um certo anjo, que naquele momento permanecia dentro de uma construção
abandonada, no outro subúrbio da cidade, machucado como não lembrava­se de estar desde as
grandes guerras celestiais, milhares de anos atrás.

Tivera de lidar com tantos humanos portadores de demônios em seu interior, nas horas
anteriores, que sentia­se exausto. Parecia que a cada um que matava, dois chegavam para
substituí­lo. Era como lutar com uma maldita hidra, que aumentava o número de cabeças cada
vez que você cortava uma. Quando finalmente conseguiu se livrar de todos eles, o dia já havia
amanhecido e ele apenas conseguiu sentar­se no canto mais escondido que conseguia, com a
espada ensangüentada apoiada ao lado de seu corpo e a própria roupa toda manchada de
sangue. De demônios e do próprio, que não era vermelho, mas sim uma substância parecida
com prata líquida, que onde pingava fazia crescer uma pequena muda do que um dia seria
alguma bela árvore ou o jazido de um punhado de flores cheias de cores e aromas delicados.
Mesmo no asfalto, ele penetrava, criando nascentes de água potável, que iriam abastecer
algum lençol freático, por baixo da terra.

Quando finalmente conseguiu parar de ofegar de dor, chamou o único humano que
poderia responder suas perguntas sobre o que diabos havia sido aquilo. Kim Minseok era
conhecido por “atirar para os dois lados”, no entanto, não se importava com isso, desde que
conseguisse as informações que queria, pelo preço que podia pagar. Ele disse que chegaria
assim que possível e tudo que o anjo fez foi esperar sentado, aguardando que a energia
espiritual conseguisse curar suas feridas, quando se recuperasse.

Não esperava, no entanto, que um demônio resolvesse se intrometer em seu descanso.


Não mais aqueles demônios fracos que precisavam de corpos humanos para se manter no
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Assiah e sim um príncipe. Dava pra sentir a força emanando dele e sabia que estava fodido
para enfrentá­lo do jeito que estava. Levantou­se antes mesmo de ele conseguir se aproximar,
conseguindo com relativa facilidade desviar do primeiro golpe, que veio em forma de uma
esfera de luz vermelha, que reduziu a pó a parede atrás de si. “O que pensa que está fazendo?”
Indagou Luhan, assim que a poeira baixou.

“Digamos que eu tenha contado uma mentirinha... Dizendo pra um certo garotinho
que o amor da vida dele morreu... Bem, acho que eu tenho que transformar em verdade pra
não perder minha credibilidade.” Respondeu, com um sorriso satisfeito nos lábios, ao ver
como o Mandante das Virtudes estava debilitado. Não duraria muito tempo. O Park iria
aniquilá­lo e seria recebido com aplausos no Inferno, por ter matado um posto tão alto entre os
anjos... Por aplausos da população geral e pelos braços calorosos do Byun, que sempre sabia
lhe agradar quando fazia algo por ele. Já sentia o gosto da vitória.

Agora a Ira também tinha uma espada, menor do que a de Raphael, entre as mãos. A
lâmina negra brilhando perigosamente. Outra esfera de luz foi arremessada contra o anjo, que
desviou, mas foi subitamente encurralado pela Ira, que havia feito aquilo apenas para
conseguir distraí­lo. Tentou barrá­lo com a própria lâmina, no entanto, não foi o suficiente e
ela se atravessou um de seus ombros, causando uma dor cortante, ao mesmo tempo em que a
cabeça do pequeno anjo trabalhava furiosamente, pensando no que poderia ter acontecido com
Sehun depois da mentira do demônio. Seu Sehun, seu pequeno pedaço de paraíso na Terra...

Afastou­se, o sangue pingando em quantidade, prateado, alcançando o chão e


formando pequenas mudas verdes entre as rachaduras da construção. “Achei que era mais
forte, Raphael.” Debochou, com um sorriso nos lábios, o demônio. Luhan ganhou distância
dele, tentando ignorar a dor para segurar com firmeza a própria espada. Sentia­se exausto ao
ponto de não conseguir se convencer a atacar. Todo seu corpo gritando em desaprovação. No
entanto, Chanyeol pensou mais rápido, soltando mais uma esfera, dessa vez num tom negro,
que, incapaz de desviar, o Mandante das Virtudes simplesmente refletiu coma espada, fazendo
aquela energia negra ricochetear em sua lâmina, explodindo atrás de si.

Exatamente ao mesmo tempo em que Kim Minseok aparecia pela porta.

A energia o atingiu com fúria, causando algo totalmente inesperado. A esfera negra
foi consumida por ele, sem afetá­lo, desaparecendo por um milésimo de segundo, fazendo os
olhos de pequeno brilharem furiosamente, antes se automaticamente revertida contra
Chanyeol, o invocador do ataque. Sete lâminas de luz formaram­se ao redor do corpo do
demônio, que arregalou os olhos, em choque, antes de atravessarem cada um de seus
membros, seu coração, pescoço e cabeça, vazando sangue negro por todos os lados, que
chocou­se contra o chão como chorume, servindo de bálsamo para o corpo, que foi ao chão
em seguida, num silêncio sepulcral.

O choque de Luhan espalhou­se por sua face automaticamente, que ficou olhando de
um para outro, lábios entreabertos, sem saber o que diabos havia acabado de acontecer. “O
quê...?”

“A partir de agora, todos os que chegarem a você com a vingança no coração, o ódio
nos pensamentos e armas nas mãos, sofrerão as dores sete vezes, até estarem reduzidos ao pó
do qual vieram.” Ditou, com paciência, e Raphael reconheceu as palavras no mesmo
momento.

“A Marca de Caim.” Disse, sem fôlego com a descoberta. “Porque um humano teria
essa marca? É um sinal divino de punição.”

“Sim... Porque não ataca apenas aos meus inimigos. Qualquer pessoa que faça algo
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contra mim terá o efeito revertido sete vezes. Um acidente pode matar alguém importante pra
mim. A Marca de Caim não diferencia intenções.” Admitiu, com uma dor velada nos olhos
felinos. “Um anjo que se identificou como Alexiel foi a responsável por me dar essa marca
quando matei o demônio que cumpria o papel de Príncipe do Orgulho... Disse que evitaria a
vingança dos demônios e me faria sofrer por todos os anos de minha vida dali para frente,
para que eu soubesse o mal que causei ao mundo quebrando o equilíbrio. A maior parte das
pessoas vivaria pó com isso, mas ele é um demônio maior... Ainda não morreu.”

Luhan viu o demônio largado no chão, percebendo que o peito subia e descia, tão
minimamente que poderia ser alguma ilusão. Pensou na batalha que estava acontecendo para
que o lugar do Orgulho fosse suprido e em como os dois demônios conseguiriam o que
queriam caso mais um morresse naquele momento... Soltou um palavrão, baixo, irritado
consigo mesmo enquanto andava até o gigante desfalecido. Ajoelhou ao seu lado, os joelhos
ficando manchados naquele piche escuro que os seres do submundo chamavam de sangue,
tocando­lhe com quase nojo, fazendo um brilho surgir do contato. Rápido, apenas o suficiente
para mantê­lo vivo até alguém da laia dele buscá­lo. Não sabia do estado geral dele, nem se
seria o suficiente para salvá­lo, a longo prazo, mas ele não precisava de longo prazo... Logo
tudo teria terminado, sentia isso. Era só uma provisão temporária. “Vamos embora, preciso de
algumas informações e de um lugar para conseguir recuperar um pouco das minhas forças. Se
me arranjar os dois, pode me pedir o que quiser e darei um jeito de conseguir, filho de Caim.
Aliás...” Disse, levantando­se do chão com dificuldade, os músculos gritando, implorando por
descanso. “Porque se esforçar tanto para matar o Orgulho?”

“Uma das coisas que vou pedir para te ajudar é que não toque nesse assunto, em
momento algum. Prefiro deixar o passado devidamente enterrado.” Ditou, por fim,
abandonado a construção, com o anjo logo atrás de si.

••

Se Luhan pensou, no entanto, que teria realmente algum descanso que fosse, estava
enganado. Mal havia chego à casa de Xiumin quando uma explosão de escalas absurdas
consumiu o lado oposto do que se encontrava naquele momento, levando aquele cogumelo
tóxico que acompanhava o impacto de bombas atômicas, concentrando­se no próprio eixo
antes de se espalhar numa nuvem destrutiva, que cobriria a cidade por mais de uma hora,
antes de realmente baixar. Foi automático. O coração do Guardião do Ar disparou no peito,
lembrando­se do envolvimento de seu pequeno naquela situação toda, um desespero lhe
trancou a garganta automaticamente. “Não... Não!”

Gritou, abandonando o prostituto atrás de si, antes de desaparecer no ar.

Do outro lado, no centro da algazarra, ao lado do rio Han, incontáveis corpos se


acumulavam nas ruas e alamedas comerciais, que agora não passavam de uma lembrança boa,
já que tudo estava ao chão, como um tabuleiro de xadrez devastado por um gato arteiro que
havia subido à mesa de jogo. Não havia edifício em pé. Nem poste, nem carros inteiros, nem
nada que não fosse pó e destroços, deixando a ar pesado, a respiração difícil e o lugar
intransitável.

Dentre os corpos havia um garoto de dentes afiados demais, no limite da consciência,


que apesar de não ter nem um único ferimento visível, sentia a vida esvaindo­se por seus
pulmões a cada respiração que era obrigado a exercer.

Localizar Sehun foi como identificar uma agulha num palheiro, principalmente em seu
estado lastimável, entretanto, o emprenho que aplicava na busca rendeu frutos, depois de
quase trinta minutos andando a esmo pelo local mais próximo do centro da explosão. Pessoas
agonizavam, almas pedintes que poderia ajudar, mas o egoísmo ocupava todas as células do
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corpo do ser celestial, que só queria saber da vida, existência e dor de seu anjo. O encontrou
quando os olhos do pequeno já haviam se fechado, rendidos à inconsciência. O pegou nos
braços já com lágrimas escapando­lhe em cascatas, misturando­se ao sangue das três raças
envolvidas naquela guerra, que lhe impregnavam as roupas. Os soluços escapavam com cada
vez mais dor ao perceber que não havia o que pudesse fazer.

Sentia sua energia vital se esvaindo, sabendo que ele a havia usado inteira para
explodir daquela forma, entendendo que não tinha poder sobre o coma que havia se abatido
sobre ele. Não havia como salvar um ser que não tinha salvação, por não pertencer a nenhum
polo do equilíbrio. Seus poderes não alcançavam um corpo híbrido. Era ridículo que pudesse
salvar a vida de um demônio, mas não de seu pequeno... Não do maior pecado já criado pela
existência de anjos e demônios. Podia curar suas feridas, mas não impedir que morresse.

Usou o restante de si para tirá­lo de lá, apoiando o corpo tão frio quanto jamais fora na
própria cama. E rezou.

Rezou, rezou e rezou, mesmo que não possuísse mais o direito de rezar, tentando
transferir toda a energia que conseguia ao pequeno impuro.

Que de nada adiantou além de postergar sua inevitável morte, largando­o num coma
tão profundo quanto a dor do anjo que havia caído por ele.

Notas finais
Beeeem, o que será que aconteceu com o Kyungsoo? E o Sehun lascou­se dessa vez... Acho
que tenho que parar de quase matar personagens ;^; Anyway, olhem o Minseok aí gente.
Reviews?

Kisses :*

11. Prelude

Notas do Autor
Gente, finalmente estou conseguindo arrumar minha vida e voltar a escrever os capítulos das
fanfics. Sim, isso tem tudo a ver com as férias estarem chegando :D
Então, sim, pretendo atualizar com mais frequência, se tudo der certo.
Capítulo curto, mas estou com pressa. Logo vem mais.
Capa do capítulo chegou atrasada dessa vez.
Não revisei, então me avisem dos erros, se possível.

Boa leitura!

Park Chanyeol fora encontrado cerca de vinte minutos depois de a fúria da marca de
Caim ter se abatido sobre ele, por um Baekhyun que sentiu uma dor terrível no peito enquanto
estava buscando por seu filho de pacto, que havia simplesmente desaparecido do mapa desde
que aquele maldito cassino havia ido abaixo. Sabia que Zitao não havia morrido porque se
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tivesse acontecido, o Byun conseguiria sentir; contudo também parecia impossível rastreá­lo.
Haviam pequenos resquícios de energia que pareciam seguir para um lugar específico, mas já
fazia três semanas que o maldito cassino havia sido explodido, então, apesar de convergirem
diretamente para um templo religioso, o demônio da Inveja não conseguia acreditar que ele
estivesse ali. Que espécie de religioso levaria um menino que carregava a marca de um pacto
com o diabo para dentro da própria igreja?

Foi então que aquela dor o afligiu, bem no momento em que novamente ele parava em
frente à Paróquia de São Miguel Arcanjo. Quase caiu de joelhos pela maneira que doeu, quase
perdeu o ar que sequer precisava para respirar e junto com a dor veio a certeza de onde ela
vinha: Chanyeol. A presença dele havia perdido a força, como se estivesse a um fio de deixar
de existir. A despeito de todo o desprezo que vivia jogando em cima do Park desde que ambos
acabaram lado a lado no inferno, o amava. Não um amor humano, que tinha um traço de
inocência e pureza, que colocava o outro acima de si, mas um amor impregnado, algo que
estava ali há tanto tempo que já parecia uma parte de si, algo sem o qual simplesmente não
conseguia viver porque seres humanos não viviam sem oxigênio e ele não vivia sem Park
Chanyeol. A comparação era simples e seria considerada até mesmo psicótica por qualquer
um em juízo perfeito, mas demônios não tinham juízo perfeito; nenhum deles.

Depois de uma eternidade com aquela frieza absoluta, de quem ficava nervoso,
irritado, ou insanamente feliz, mas nunca decepcionado ou machucado, Baekhyun pegou­se
chorando antes mesmo de encontrar o parceiro. O sangue escorria em lágrimas grossas, cor de
carmim, como se ele chorasse o sangue de todos os humanos que já havia destruído.
Demônios não podiam chorar, porque isso os enfraquecia, mas foi tão inevitável quanto
aquela dor que o arrebatou: de repente as lágrimas estavam ali. Encontrá­lo foi trabalhoso no
meio da interferêcia que formou­se do outro lado da cidade, quando aquele maldito impuro
explodiu e levou com ele metade da Seul. Não a metade que continha aquela maldita paróquia
onde não conseguia entrar, por ser solo sagrado, infelizmente.

Chanyeol estava estendido numa poça do próprio sangue que já começava a coagular,
tão inerte quanto um cadáver. As lágrimas vermelhas juntaram­se ao tapete de piche negro da
Ira, sentindo a vida dele ser mantida por um fio que parecia muito perto de se romper. Levá­lo
para o inferno faria com que ganhasse tempo. Buscaria a ajuda de alguém, qualquer um.

E buscou.

Ficou devendo a própria alma para pelo menos cinco demônios maiores, inutilmente,
porque nenhum deles parecia capaz de ir contra aquela força divina, que consumia as células
do corpo do Park pouco a pouco. Foi quando num gesto quase desesperado, o pequeno Byun
foi bater à porta dos portões da Morte. Não a morte figurada que pregam por aí, mas ao
Cavaleiro da Morte, um dos quatro Cavaleiros do Apocalipse. A única classe, além de
Lúcifer, que era superior a um Príncipe dos pecados.

A Morte, A Guerra, A Peste e A Fome eram as representações inversas de Raphael


(Ar), Michael (Fogo), Gabriel (Água) e Uriel (Terra).

A Morte mantinha, ao contrário do que poderiam pensar dele, uma imagem muito
humana, de um homem alto, perto dos quarenta anos, com cabelos e olhos negros como o
ébano, que tinha uma face talhada em indiferença, mas que por umas e outras, estava devendo
um favor para Baekhyun por livrá­lo de ir à Terra durante a última Grande Guerra humana,
quando a Inveja assumiu o papel de mensageiro da morte e se fez responsável por sugar todas
as vidas que A Morte havia pedido. Queria deixar aquele favor para quando seu motim contra
os outros Príncipes já estivesse às vésperas de se completar, mas Chanyeol se mostrou mais
importante.

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Não conseguiu a verdadeira salvação da Ira, mas conseguiu que ele não morresse. A
Morte tinha de aceitar que alguém morresse, inclusive um demônio para que sua vida
realmente se esvaísse, mas garantiu ao Byun que não aceitaria a de seu parceiro, contudo...
“Não posso trazê­lo de volta à saúde e atividade que possuía, isso está acima do que um
demônio pode fazer. Se quiser cura, acho que já sabe a quem vai ter que pedir e eu acredito
que não tenha muito o que oferecer para alguém daquela laia.” Falou o Cavaleiro, naquele tom
de voz gutural, frio como a neve.

Sim, Baekhyun sabia a quem tinha de pedir. E também sabia que nada tinha a
oferecer, afinal, o que Raphael poderia querer de si além da morte? Estava num maldito beco
sem saída, vendo num total desalento, junto ao corpo cada dia mais frio de Park Chanyeol
deitado sobre os lençóis que costumavam acolhê­los num calor de corpos que parecia nunca
mais ser capaz de se repetir.

••

A noite começava a cair do lado de fora da Paróquia de São Miguel Arcanjo,


transformando o ambiente de um dos quartos de hóspedes num crepúsculo particular, com
tons alaranjados sobrepondo­se uns aos outros de maneira agradável . Na cama, uma faixa
ensolarada ainda lambia as pernas do casal que permanecia enroscado, com braços e pernas
sem começo ou final definidos. Os lençóis brancos e limpos estavam enrolados entre eles,
cobrindo apenas o necessário para que a cena não se tornasse tão vergonhosa caso alguém
resolvesse entrar sem bater, afinal, nenhuma porta tinha tranca, como parte das regras da
paróquia, que raramente recebia alguém que não tivesse voto de castidade.

Bem, nenhum dos dois havia feito voto algum.

Se perguntassem, nenhum dos dois saberia dizer como aquilo havia começado. Talvez
fosse naquele primeiro selo trocado, ao que pareciam mil anos atrás, ou talvez tivesse
começado ainda antes, naquele primeiro olhar que trocaram, em andares diferentes de um
arranha céu. A verdade é que não importava, porque mesmo que Yifan não acreditasse em
destino, Zitao acreditava e isso era o suficiente, porque apesar de ele ter feito um pacto com
um demônio, ao qual devia sua alma, ainda assim ele não era um ser humano ruim. Era um
menino desesperado que sequer havia saído do ensino médio e que se viu sendo abandonado
pelos pais depois de ter recebido o diagnóstico de uma doença que o torturaria lentamente, até
a morte.

E quem lhe deu uma chance acabou sendo um ser ruim.

Aceitar a proposta fora mero desespero, contudo, um desespero desenfreado que ainda
comandava várias de suas ações. O adolescente mantinha ferrenhamente a opinião de que
preferia a morte do que voltar a sua condição original, contudo... Ali Baekhyun não podia
alcança­lo. Ali, naquela paróquia que pregava contra sua decisão, ele fora cuidado depois de
quase morrer durante o desabamento do cassino. Ali ele estava feliz como não se sentia há
muito tempo.

Num balanço geral, os três meses que passara naquele local santo foram
consideravelmente melhores do que os outros dezessete anos de vida que possuía. Mesmo
quando ainda sentia muita dor por causa de todos os ferimentos, havia sempre uma pessoa ao
lado de sua cama quando acordava. Uma freira ou um padre às vezes, contudo o mais
constante era Yifan; o caçador loiro de pose indiferente, que cobria um coração bom e pouco
tocado. Alguém que passara a maior parte de sua vida vista como uma máquina e não como
um ser humano. Alguém que vivia pelo dever e se lembrava muito pouco do que era sentir.
Alguém que Zitao associou a um anjo da guarda no momento que acordou do coma pós­
trauma.
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Do outro lado daquela janela Seul ainda era reerguida aos trancos e barrancos. A
economia do país quase quebrou no meio, a ONU mandava tropas e mais tropas de auxílio
todos os dois, ininterruptamente e os primeiros vinte dias após o acidente foram recheados de
corpos e mais corpos de pessoas que eram tiradas dos escombros. A maior parte dos peritos no
assunto diziam que as duas opções mais prováveis era um vazamento de gás das tubulações
subterrâneas ou um atentado terrorista, mas não havia maneira de provar nenhuma das duas,
então a situação permanecia um mistério para quase todo mundo.

Quase.

Porque os dois homens que entrelaçavam­se na cama sabiam muito bem o que havia
acontecido.

“O que acha que aconteceu com o menino impuro?” Zitao perguntou, lembrando­se da
vez em que Yifan lhe falou do menino protegido pelo Anjo Raphael.

“Não sei. A maior parte dos registros do Vaticano sobre impuros diz que quando
acontece de eles explodirem dessa forma, morrem em seguida.” Falou, dedilhando a linha da
coluna de Zitao, que ronronou com o toque, afundando o rosto no peito do mais velho, que
sorriu de leve. “Mas são casos raríssimos. O último que eu lembro de ter lido tinha mais de
150 anos. A maior parte dos impuros passa a vida toda sem despertar nenhuma vez.”

“E você? Não vai mais se envolver com nada disso?” O garoto de olhos felinos puxou
o rosto do mais velho em direção ao seu, mordiscando seu lábio inferior com lentidão, o corpo
todo eriçando­se com o toque da mão grande do mais alto na base de sua cintura, trazendo­o
para cima de si.

“Não. Acho que conhecer aquele anjo me fez duvidar do meu trabalho. Ele me
mandou deixar você morrer.” Yifan pousou ambas as mãos no quadril nu do adolescente, que
passeava os dedos pelo rosto do caçador. Kris tinha conceitos muito firmemente pregados pela
igreja católica dentro de si, mas Zitao conseguiu dobrá­lo com meia dúzia de sorrisos.
Começar a beijá­lo pelos corredores foi tão natural quanto respirar.

“Ele é um soldado, só fez o que mandaram que fizesse.” Apesar de ter feito um pacto
com a Inveja, Zitao ainda tinha traços muito fortes de bondade, como o de, por exemplo,
acreditar na bondade de um anjo. Ou no coração de Yifan.

“Eu também sou um soldado, nem por isso perdi o senso de misericórdia. Sem contar
que você disse que não pretende mais voltar a fazer nada por aquele demônio, então essa
batalha não é mais minha. Só estou esperando você tirar esse gesso do braço pra sairmos dessa
cidade.” O gesso no braço direito era a última das fraturas de Zitao, que estava há alguns dias
de estar completamente curada. Depois disso, ambos decidiram que sair de Seul para fugir da
zona de batalha era a melhor coisa a fazer. Parecia que os protagonistas daquela guerra
estavam fracos demais ou mortos, então não havia mais motivo para esperar que reiniciassem
as batalhas.

“Tudo bem então, general.” O Huang lhe beijou mais uma vez. “Vamos sair daqui
assim que eu tirar o gesso.”

••

Do Kyungsoo estava parado no centro da grande sala de estar do apartamento que


dividia com Jongin. Mantinha uma mão esticada e os olhos completamente negros focados.
Os móveis tremiam violentamente, os enfeites de mesa caindo e espatifando­se contra o chão.

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A parede de vidro trincou subitamente, segundos antes de tudo despencar como um


castelo de cartas, criando um som tão absurdamente alto que logo menos os vizinhos iriam
querer saber o que estava causando quilo tudo. A janela mais próxima acabou despejando os
cacos de vidro perto o suficiente para que um deles cortasse a bochecha do menino, que
titubeou por um segundo.

Tempo o suficiente para que sentisse o aperto familiar de uma mão em cima da dele,
que estava esticada até aquele momento. Um corpo juntou­se ao seu, por trás e segurou sua
cintura, mantendo­o perto. O calor era tão conhecido que eriçou a pele do pequeno
automaticamente.

“Por que está tentando destruir nosso apartamento? Eu poderia redecorar, se te


desagrada tanto.” A voz de Jongin soou enquanto os dedos finos e longos laçavam os de
Kyungsoo, delicadamente, virando sua palma para cima.

“Eu não consigo controlar meu poder. Estava tentando fazer isso.” Respondeu,
apoiando a cabeça contra o ombro do mais alto.

“Calma, você acabou de se tornar um demônio. Eu levei anos pra controlar os meus.”
Tranquilizou­o, tocando as veias de seus braços, que apareciam, azuladas por baixo de sua
pele. “Seus olhos ainda ficam negros quando você tenta fazer alguma coisa. Isso te
enfraquece.” Constatou, depositando um beijo em sua têmpora.

“Como eu faço pra isso passar?”

“É porque você ainda tem uma parte humana. Pra te transformar de vez eu teria que te
matar... Matar sua essência humana. Quebrar seu pescoço, ou qualquer coisa que levaria a
vida de um humano embora.” E enquanto falava isso, os pequenos pedaços de vidro que
forravam a casa toda começavam novamente a se mover, dessa vez como se estivessem
retrocedendo em um filme; juntando­se, pedaço por pedaço, reconstruindo os objetos que
antes formavam.

“E porque não faz isso logo?” Quando perguntou aquilo, Jongin o virou nos braços,
deixando­o de frente para si, as respirações se mesclando.

“Porque eu gosto de você humano. Gosto de sentir o sangue correndo nas suas veias,
gostoso de ver suas lágrimas cristalinas... Tudo isso desaparece quando eu te matar.” Roçou o
nariz ao dele e o pequeno agarrou suas roupas, fechando os olhos, enquanto a casa continuava
voltava aos poucos a ser o que era. “Sem contar que não seria vantagem nenhuma te
transformar agora. Vamos nos fingir de mortos um pouco.”

Afinal aquela explosão só havia acontecido porque um impuro chamado Oh Sehun


acreditava que alguém importante para ele havia sido morto por Kyungsoo. Jongin conseguiu
tirá­lo de lá no último segundo e evitar que fosse morto. Agora tudo estava no mais total
silêncio, mas Baekhyun estava vivo e Jongin queria ser muito cauteloso antes de colocar o
pequeno Do no trono de um dos pecados.

“Vai deixar de gostar de mim quando eu me tornar um demônio?” Kyungsoo


perguntou, sentindo a testa do mais velho tocar a sua, delicadamente.

“Não...” Respondeu, fácil. “Acho que eu não consigo mais deixar de gostar de você,
pequeno.”

Notas finais
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Esse capítulo acontece uns dois meses e meio depois do último capítulo, ok? Várias coisas
mudaram entre os personagens, mas era necessário. Vou falar mais disso no capítulo que
vem.
E só lembrando que o Jongin já estava começando a gostar do Kyungsoo há um tempo. E o
Yifan teve uma crush pelo Tao na primeira vez que o viu :3

E um obrigado mais do que especial às meninas do Fanfics Anônimas por terem feito essa
capa maravilhosa pra mim! Estou atualmente apaixonado por ela.

Reviews?

Beijinhos :*

12. Goodbye

Notas do Autor
Olá gente linda!
Bem... Também queria fazer um desabafo. Broken Souls está na reta final, faltam mais uns
dois capítulos pra terminar só e eu tenho mais de 350 favoritos. E no capítulo passado tive 4
comentários apenas.
Olha, justamente por terem sido só quatro comentários, eu nem sei se fiz alguma coisa
errada. A qualidade caiu? A história ficou ruim? Desinteressante? Eu não sei... Ninguém me
falou nada. De mais de 350 pessoas, só quatro terem me dado um pouquinho da opinião deles
me fez desanimar bastante. Pensei em nem finalizar, mas estou aqui e estou tentando. Vocês
poderiam, por favor, gastar cinco minutinhos pra me dizer no que estou errando?
Obrigada e desculpem pelo desabafo.
Boa leitura.
Capa por: Nana ♥
Betagem por: Sabrina A.

A campainha tocou.

Não fazia o menor sentido aquela maldita campainha tocar, porque tecnicamente
dizendo, todos os antigos moradores daquele lugar estavam mortos ou em vias de morte. Fato
que parecia rasgar o coração de Luhan toda vez que ele se lembrava disso. Toda maldita vez
que ele tinha de ver o rosto cada vez mais pálido de um garoto que mal havia completado
quinze anos.

E que havia ficado daquela forma por sua causa.

Anjos raramente choravam. Esse era um sentimento e um ato extremamente humano,


mas talvez Raphael estivesse se tornando humano, porque deixava que algumas lágrimas
escorressem por seu rosto todas as noites. O mero pensamento de nunca mais ver o sorriso de
Oh Sehun parecia tão absurdamente cruel, que ele se pegava engasgando nas próprias
lágrimas.

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E maldito seja seu posto como anjo da cura, do ar e mandante de todas as Virtudes se
ele não podia fazer absolutamente nada pelo ser que mais quis proteger, em toda sua vida.
Que amou mais do que amava a Deus. E que o criador nunca percebesse isso, ou seria banido
para sempre, tão rápido, que provavelmente não conseguiria estar ao lado do adolescente
quando ele se fosse para sempre. Porque a morte de Sehun não era mais uma questão de se,
mas de quando aconteceria.

Talvez tenha sido por toda aquela verdade estar sufocando­o o tempo todo, ou por não
estar conseguindo livrar­se das próprias dores, mas quando aquela maldita campainha tocou,
Luhan levantou­se do chão, ao lado da cama de Sehun e foi andando como um ser humano
normal até a entrada principal, com a guarda completamente baixa. A casa estava toda repleta
de símbolos celestiais, além de algumas gotas do próprio sangue, que o chinês havia
distribuído por aí. Completamente imune a qualquer demônio, ou pessoa que quisesse causar
algum mal.

Deveria ser uma daquelas escoteiras juvenis à porta, vendendo alguma coisa para
arrecadar dinheiro. Mesmo que fosse um costume muito americano, a Coréia do Sul andava
cada dia mais ocidentalizada. Realmente não o impressionaria em nada.

Contudo, o que viu ao afastar aquela folha de madeira que impedia a entrada da casa
velha, de subúrbio, foi o demônio da Inveja.

Baekhyun estava parado, com o ombro encostado contra o batente da porta e um par
de olheiras tão grandes abaixo dos olhos, que Luhan descartou a ameaça de sua presença em
menos de dois segundos. Ele estava acabado. Mais esgotado do que Luhan já havia visto um
demônio como ele, em toda sua existência. E veja bem, o Anjo do Ar já havia participado de
todas as grandes guerras celestiais. Ele estava pior do que os moribundos do inferno, segundos
antes de receberem os golpes de misericórdia.

Raphael respirou fundo, esticando a mão para a testa do outro, desenhando com a
ponta dos dedos, um símbolo em sua pele, que brilhou por um segundo e apagou­se em
seguida. “Pode entrar.”

Baekhyun conhecia o símbolo. Era o que anjos faziam nos parentes infernais quando
precisavam travar alguma reunião em território santo: deixava que os de coração maculado
conseguissem resistir aos símbolos celestiais de proteção. Era algo como um sinal de boas
vindas. Sinal de bandeira branca.

“Por que me deixou entrar aqui?” Quis saber, desconfiado, porque nos últimos dias,
desde o despertar de Sehun, ele havia transformado aquela casa de subúrbio no terreno mais
santificado daquele país inteiro. Não que os humanos soubessem disso, entretanto, ajoelhar e
rezar na frente daquela casa seria muito mais satisfatório do que fazer isso nas grandes
catedrais de Seul. A presença de um anjo ali ajudava muito para isso, mas os símbolos que ele
havia colocado, não eram vistos por olhos humanos há centenas de anos. Algumas catedrais
europeias os tinham, mas eram relíquias.

“Porque você está um trapo. Demônios não aparecem dessa forma na frente de anjos a
não ser que estejam desesperados. E eu sei muito bem o que aconteceu com seu amante, então
deduzo que saiba o que você veio me pedir. Estou disposto a ouvir.” Luhan estava vestindo
uma calça jeans um pouco justa e uma camiseta branca. Descalço e com os cabelos loiros
apontando para todos os lados, ele não parecia menos humano do que o adolescente que
Baekhyun viu sentado na calçada, cinco minutos antes.

“Ele não está se curando. Nada. Eu já tentei de tudo, mas nada funciona. Só está vivo
porque A Morte não aceitou que ele atravessasse os portões do limbo.” Luhan não era muito
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de compadecer com a dor alheia, contudo, daquela vez ela parecia tão palpável, que foi
impossível ignorar. Principalmente quando estava passando por uma situação imensamente
parecida.

“É fogo celestial, nada que exista no inferno vai curá­lo.” Afirmou simplesmente
enquanto sentava­se no sofá, abraçando as próprias pernas. “Eu sou a única pessoa que
realmente pode fazer alguma coisa por ele. Mas talvez não seja a coisa que você quer.”
Suspirou, vendo Baekhyun se sentar também, na poltrona a sua frente.

“Eu faço qualquer coisa. Por favor, não deixe ele morrer. Por favor.” A Inveja
implorando não era uma cena que se via todos os dias e mesmo no estado de espírito em que
Luhan se encontrava, foi bom observar aquilo.

“Vou te falar o que posso fazer por ele, mas antes disso... Tem alguma informação no
inferno, que eu não tenha, que pode salvar Sehun?” Baekhyun também sabia do que havia
acontecido com o protegido dele. E sabia que essa era sua carta na manga. Porque realmente
havia uma coisa que Luhan poderia fazer para salvar seu precioso impuro.

“Você é um anjo, Raphael, achei que soubesse da maneira para salvá­lo.” Comentou,
com um sorriso cansado. “Todos os anjos tem A Graça. O que os torna anjos. E a Graça pode
purificar absolutamente qualquer ser. Expurgar qualquer mal. Se você ceder sua própria Graça
para esse humano, o lado demoníaco dele irá desaparecer. Ele morrerá de qualquer forma, mas
renascerá como humano. Claro, isso implica num sacrifício seu também, afinal, a história não
conta o que acontece com os seres celestiais que desistem da santidade.” Pontuou,
calmamente. “No entanto... Irá salvá­lo.” Baekhyun passou os dedos pelo próprio rosto. “Sua
vez. O que pode fazer por Chanyeol?”

“Quase a mesma coisa que a Graça fará por Sehun.” Admitiu, sem demonstrar
nenhuma reação sobre o que teria de fazer para salvar o Oh. “Livrá­lo do contrato demoníaco.
Julgá­lo em vida pelos pecados e lhe ceder a misericórdia divina. Curar sua alma, porque seu
corpo já não é capaz de ser curado. Ele volta reencarnará como humano e você pode se
aproximar dele novamente. Também posso implementar suas memórias na alma e ele se
lembrará de tudo quando te encontrar, mas isso é uma decisão sua. Mas...”

“Mas?”

“Tenho duas condições para fazer isso por você. Estarei quebrando uma série de
regras celestiais, então meu preço é um pouco mais alto.” Falou, em tom de quem não
mudaria de ideia. “Vai se livrar do contrato que tem com aquele humano, Huang Zitao e
prometer que não fará nada parecido com isso enquanto existir. Vamos selar um pacto pra
isso. Não poderá quebra­lo mesmo com a minha morte.” Enquanto falava, olhava fixamente
nos olhos do demônio. “A segunda condição é que você não pode revelar sua verdadeira
natureza a Chanyeol até que ele complete quinze anos humanos. A decisão de ir para o inferno
contigo tem de ser lúcida e antes dessa idade, humanos são mais influenciáveis que o normal.
É só isso.”

“Se eu fizer o que está me pedindo, irá salvá­lo? Sem truques?” Baekhyun estava
cansado até mesmo para discutir.

“Somos anjos, não usamos truques. Desfaça o pacto, me encontre e eu faço o que
pediu. Vou continuar aqui.”

“Tudo bem... Amanhã pela manhã estarei aqui. Até lá... Eu não quero que você
implante as memórias de Chanyeol na alma dele. Chega. Ele não precisa lembrar da nossa
história. Basta que eu lembre. E se um dia nascemos para sermos almas gêmeas... Bem, dizem
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que as coisas que amamos tem de ser livres, certo? Se nos pertencerem, voltam para nós.” Foi
a primeira vez que Luhan simpatizou com A Inveja. Acabou abrindo um sorriso pequeno.

“Exatamente.”

Baekhyun foi até a saída e fechou a porta às costas, decidido.

••

Aconteceu sem aviso.

Haviam acabado de arrumar as poucas coisas que possuíam, o gesso de Zitao tinha
acabado de abandonar seu braço e ele ainda estava sofrendo um pouco com a sensibilidade
que a falta dele causava. Mas estavam felizes.

Estavam abandonando aquela merda toda, dispostos a tentar ficar juntos. A escola de
Zitao havia explodido junto com Sehun, contudo Kris poderia ensinar o resto da matéria para
o amante e depois arranjariam um diploma de conclusão, caso ele quisesse entrar na
faculdade. Não existiam pais para quem o Huang precisasse dar explicações e em pouco
tempo o mais novo completaria a maioridade. Era uma liberdade que nenhum dos dois havia
experimentado ainda, já que Yifan decidiu dar um tempo de sua vida de hunter. Precisava
repensar se era mesmo isso que queria, então havia enviado um aviso para o Vaticano,
dizendo que iria tirar aquelas férias que negava desde o começo de sua carreira. Desapareceria
do mapa por um tempo e que anjos e demônios se explodissem nesse período.

E então Zitao caiu.

Foi de repente. Uma hora ele estava rindo da incapacidade de Yifan em arrumar as
próprias cuecas e depois estava no chão, os braços contraindo­se contra o corpo, e um som
que parecia um engasgo saindo de sua boca. De alguma forma, Kris entendeu que aquilo era
um grito. De socorro, de medo.

Quando o mais velho foi apará­lo, com o coração batendo na garganta, a primeira
coisa que percebeu era que o símbolo do pacto não estava mais em sua pele. E como se para
confirmar isso, o mesmo símbolo apareceu na janela, gravado em fogo. Yifan tirou forças de
dentro de si para carregar o namorado do chão até a cama, beijando seus lábios e implorando
para que ele ficasse calmo, que tudo ficaria bem, antes de ir até a janela.

Lá embaixo, Baekhyun os aguardava sentado num banco, ao entardecer, como se


esperasse a namorada, com a expressão tranquila, apesar de as olheiras permanecerem
enormes, até mesmo aos olhos de Yifan.

“Tao... Ele provavelmente fez isso só pra atrair nossa atenção. Vou ver o que
aconteceu e já volto. Por favor, pare de chorar. Vai ficar tudo bem. Vai sim.” Segurou ambas
as mãos dele, mas elas não retribuíam o aperto, tortas para dentro, como um homem com
artrose. E por Deus, Kris sentia que iria enfartar. Zitao estava sofrendo. Dava para ver nos
olhos marejados de lágrimas.

Quando se afastou do mais novo, com mais um selo em seus lábios, jamais imaginou
que aquele seria o último que trocariam.

••

“Que porra você pensa que está fazendo, Inveja?” Indagou, com a mão presa ao cabo
de uma das armas que usava para caçar demônios. A raiva era tão pungente que o Wu pensou
que se fosse possível matar alguém com apenas um olhar, Baekhyun estaria estatelado no
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chão, naquele exato momento.

“Quebrando o contrato, caçador. E se você fosse minimamente inteligente, abaixaria


essa arma, antes que eu decida fazer alguma coisa pior.” Rebateu, calmamente, usando o
indicador para abaixar o cano da semiautomática que o chinês tinha apontado em direção ao
seu rosto.

A respiração do loiro era ruidosa enquanto ele fazia o que o outro havia sugerido,
travando a mandíbula fortemente, com vontade de arrebentar todos os dentes daquele
demônio. “Essa guerra não é mais nossa. Não pode simplesmente quebrar o contrato com ele
só porque perdeu a corrida pelo trono.”

“Na verdade... Nada garante que Kyungsoo ainda esteja vivo, então eu tecnicamente
não perdi, mas isso não vem ao caso. Fui obrigado a quebrar o pacto por causa de um anjo,
não há nada que eu possa fazer. Tentei chamar Zitao para avisar, mas ele não tira o nariz fora
desse maldito lugar há meses. Diga pro garoto meus motivos, que eu sinto muito, blábláblá e
que ele só tem mais uns meses de vida. Uns dois, pelas minhas contas. A vida é uma vadia.” E
de novo a arma estava apontada para o meio de sua testa, fazendo um sorriso nascer nos lábios
de Baekhyun.

“Nem pense e­“

“Oh...” Ele passou a língua pelos lábios. “Você se importa.” O sorriso se alargou.
“Não só se importa como esta morrendo de medo de perde­lo!” Baekhyun bateu palmas.
“Céus! Vocês são um casal!” Ele riu, estridente, como um maníaco na frente de uma arma. Se
descobrisse que eles estavam juntos antes de quebrar o contrato, provavelmente sentiria muita
inveja daquele relacionamento, mas agora, com tudo quebrado daquela forma, a mágoa de
Yifan tinha um gosto delicioso!

“Eu juro que vou estourar sua cabeça nos próximos cinco segundos se você não
desfizer isso, seu filho da puta!” E Yifan o pegou pela gola da camisa, obrigando­o a se
levantar. Contudo, nada apagava o sorriso de Baekhyun.

“Acha mesmo que esse brinquedinho iria me matar? Veja bem com quem está
falando, caçador.” Riu, enquanto com um meneio de cabeça, a pistola de Yifan voava para
longe dos dois. “Ok, humano, seu amor me comoveu. Vou te fazer uma proposta.”

“Eu jamais faria acordos com você.” O chinês cuspiu.

“Faria sim e sabe por quê?” Baekhyun livrou­se dos aperto dele, voltando a se sentar.
“Porque você o ama e eu realmente não posso devolver o nosso pacto para Zitao. Meu
pescoço também está em jogo. Mas nada me impede de fazer um contrato com você. Cinco
segundos, caçador. Pegar ou largar. Seu amorzinho vai morrer logo.”

A cabeça de Yifan trabalhou numa velocidade absurda. Mesmo que ele matasse
Baekhyun, o que era bem improvável, já que se tratava de um príncipe, ainda assim Zitao
estaria da mesma forma... Não havia o que fazer.

“O que quer de mim?”

“Amor...” Baekhyun disse, o sorriso estampado até mesmo nas palavras. “Não bem o
seu, mas o dele.” Disse, meio afetado. “Se fizer esse pacto comigo, eu devolvo a saúde do seu
amado, porém, a condição é que ele esqueça absolutamente tudo sobre você, pra sempre. Não
só esqueça como você também fique permanentemente proibido de se aproximar dele. Toda
vez que se aproximar dele, pelo motivo que for, o símbolo que te liga a mim irá se

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enfraquecer... Se fizer isso vezes o suficiente, ele volta a ficar doente e morre. Simples assim.”
Mais um riso ligeiramente histérico.

Baekhyun alimentava­se daquele tipo de sentimento negativo e ficar perto de Yifan


estava se provando a melhor refeição dos últimos meses. Fazer aquele pacto com ele o
manteria forte por anos.

Os lábios de Yifan tremeram, as mãos se fecharam em punhos.

Ele estava arrasado.

Quebrando­se em mil pedaços bem na frente do outro.

“Posso me despedir?” Indagou, a voz arranhada.

“Não. Estou sem tempo. Vai ter que ser agora. Em compensação, eu darei uma família
para ele. Farei dois humanos acreditarem que o adotaram quando criança. Implantarei
lembranças falsas nos três. Ele nunca vai desconfiar. É uma boa proposta, no final das
contas.” Ele encarou o mais alto. “Aceita?”

“Aceito.”

Notas finais
Bem... TaoRis realmente ficou bem encrencado agora. Luhan descobriu uma maneira de
salvar o Sehun, mas será que ele mesmo vai conseguir se salvar?
Comentários?
Beijos :*

13. Sacrifice

Notas do Autor
Olá pessoas!
Dessa vez eu nem demorei, viram? Mas a culpa é dos reviews que aumentaram e me
deixaram feliz.
Eu acabei desenvolvendo mais a fanfic do que estava planejado, então ainda tem mais dois
capítulos pela frente, ok? Esse ficou um pouco maior do que a média, então espero que vocês
gostem, porque eu expliquei a história de dois personagens, que estavam faltando.
Capa por Nana ♥
Betado por: Sabrina A. Desculpa pelo trabalho ♥

“I’ll be the guard dog of all your fever dreams”

O apartamento estava em total silêncio quando Kim Jongin entrou em casa.

De todos os pecados atuais, Jongin era o mais velho. Sobreviveu à última grande

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guerra angelical e desde então não houve nenhum Príncipe que realmente conseguisse bater de
frente consigo. O moreno era frio e paciente, o tipo de pessoa que conseguia sentar e aguardar
enquanto um desastre desmoronava seu castelo, apenas para poder ter a vantagem, mais tarde
e por isso ainda não havia sido morto por algum anjo.

Na verdade, Jongin também não era seu nome... Era a denominação que havia adotado
para si nos últimos séculos, claro, mas seu nome de batismo era outro, principalmente pelo
fato de ter nascido há pouco mais de dois mil anos, filho mais novo de um pastor, que
acreditava na santidade pagã, mesmo porque não havia muitos credores de monoteísmo. Se
não lhe falhava a memória, seu nome era Niklaus. Sua mãe o chamava de Klaus.

As pessoas eram bem obtusas na época, daquelas que acreditavam em sacrifícios para
não irritarem os deuses... Num desses rituais, sua irmã do meio havia sido morta para que a
sede dos deuses por sangue de uma virgem poder ser saciado. Foi nessa época que Jongin
descobriu­se um revolto contra os céus. Se essas entidades divinas pediam por sangue, morte
e dor, ele definitivamente preferia os seres infernais, que eram justos sobre seus desejos.
Queriam sangue, morte, destruição e dor, mas deixavam claros seus anseios desde o começo.

Sodoma ainda era uma cidade boa para se viver quando o moreno era vivo. As coisas
começaram a mudar justamente por sua causa. Com dezesseis anos ele era o desespero de
todos os pais da cidadela, que seduzia suas filhas virgens com sorrisos maliciosos, lírios e
toques discretos nas peles imaculadas. Só não foi morto, na época, porque nenhum deles
conseguia provar que havia sido ele a desvirgina­las.

Claro que com vinte e dois anos e pelo menos quatro crianças que eram “sua cara”
(isso sem contar as que não eram tão parecidas assim consigo), as coisas ficaram mais difíceis
de negar, contudo, também não tornava mais fácil provar. Os pais não conseguiram
convencer o filho mais novo a se casar nem à base da tortura e não seria mentira dizer que
Jongin era o tipo de pessoa que sorria, com os dentes manchados de sangue, toda vez que
alguém o espancava pelas práticas sexuais duvidosas.

“Deveriam me considerar um deus benevolente. Desvirgino suas filhas para que elas
não sejam as próximas escolhidas para morrer pelos deuses cruéis.” Era a frase que ele
costumava dizer, aos ventos; a mágoa pela morte da irmã ainda engasgada em sua garganta,
desde os doze anos.

Claro que com esse mote se espalhando aos quatro ventos, sempre que a época da
escolha pelo próximo se aproximava, mães desesperadas vinham a ele durante as noites,
implorando para que ele as seduzisse e elas se tornassem inaptas para serem eleitas. E veja
bem, nem todas tinham idades aceitáveis. Algumas sequer possuíam pelos pubianos, crianças
crescidas. Ainda assim, era um trabalho que ele realizava com prazer, é claro.

Niklaus era o pesadelo de todos os pais, o salvador de todas as mães, os suspiros de


todas as jovens e o ódio de todas as que ele havia engravidado.

Tudo isso mudou quando havia acabado de completar vinte e três anos e, pela
primeira vez desde que se conhecia por gente, ele foi seduzido.

E não por uma mulher, mas por um rapaz.

Alguém que nunca havia cruzado as terras de Sodoma, com uma pele branca como a
neve recém­caída, lábios róseos e maçãs do rosto altas. O cabelo, na altura dos ombros, era de
um tom acobreado, que queimava contra o sol e voava com leveza sempre que uma brisa
batia. Não parecia ter mais de dezessete anos, mas Jongin havia criado um gosto peculiar por
pessoas novas.
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Principalmente pessoas novas, belas e nuas.

E aquele menino se encaixa em tudo isso, dentro do riacho escondido pelas árvores do
bosque que cercava a cidade. Contudo, ele era um menino e Jongin nunca havia se
relacionado com um.

Descobriu que era mais fácil do que pensava quando o garoto de cabelos acobreados
saiu da água, andando até ele com um sorriso que trazia mil segredos e o tocava, com o corpo
todo molhado, até lhe exigir os lábios. Assim, fácil, sem nem pedir permissão.

E se o moreno deveria resistir, ele realmente se esqueceu disso quando sentiu a língua
do estranho na sua; se deixando guiar por um caminho sem volta até que ambos estivessem
conectados da maneira mais física possível, soltando ofegos que eram abafados pelas copas
das árvores.

Quando terminaram, o estranho sorriu para Klaus, que viu seus olhos brilharem num
tom de vermelho. “Niklaus... Eu venho lhe observando há tanto tempo, sabes? Desde o dia do
sacrifício de tua irmã, para ser exato.” Jongin cerrou as sobrancelhas. Aquele menino não
passava dos dezessete. Na época em que sua irmã fora morta, ele nem teria idade para saber o
que estava fazendo. “Oh, não te assustes. Eu não sou o que teus olhos veem, mas posso ser a
resposta para teus clamores. Meu nome é Belial, já fui o mais belo dos anjos e agora... Bem,
permaneço belo, mas meu brilho é negro.”

“O que queres de mim?” Indagou, sentado enquanto puxava as próprias roupas para si.

“Niklaus, eu estou aqui para oferecer­te a chance de queimar Sodoma até os alicerces.
De obrigar o Deus de seus habitantes a destruí­la e levar todos os fiéis estúpidos às cinzas. De
vingar tua irmã.” O brilho avermelhado voltou a tomar as íris do menino. “Sou um dos
príncipes de nosso reino. Represento a Luxúria, que tu conhece bem, porém subirei de cargo,
ao lado do meu Senhor e preciso de um substituto que valha a pena. Quero que seja tu. Desça
ao Inferno e seja realeza, meu querido. Dê­me sua alma e eu lhe darei poder eterno.”

E para Jongin, que nunca sequer acreditou em almas, aceitar aquela proposta foi
natural.

Sodoma veio abaixo, exatamente como Belial havia previsto algumas décadas depois
e tudo porque Jongin esforçou­se o suficiente para que isso ocorresse. Implantou a luxúria no
coração das pessoas. As fez desesperadas por corpos que não poderiam ter; mostrou como
dois do mesmo sexo poderiam se relacionar e fez da cidade seu projeto pessoal até que Deus
desistisse dos seus e queimasse tudo com fogo e enxofre.

“I’ll try to picture me without you but I can’t”

E agora estava ali, milênios depois de sua morte como humano, sentindo o próprio
coração amolecer pela primeira vez em toda sua eternidade, por causa do pequeno que tinha
nos lençóis, dormindo num sono inquieto, provavelmente preocupado por ainda não ter
voltado para casa.

Ele dormia com uma camisa de Jongin, que ficava grande em seu corpo, mostrando as
pernas clarinhas e expostas. A camisa estava mal abotoada deixava um de seus ombros
descobertos. Ele era tão bonito... O Kim tocou a ponta dos pés do garoto, que se remexeu com
mais intensidade, deitado na cama que eles dividiam quando o moreno estava ali.

Subiu a mão, pelas panturrilhas, as coxas, alcançando a barra da camisa, vendo os


olhos grandes do menino começar a se abrir enquanto ele desabotoava a peça de roupa. A pele

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dele era quente e dava para sentir seu coração batendo contra a ponta de seus dedos.

“Jongin?” A voz sonolenta perguntou, movendo os braços para que o mais velho
conseguisse retirar sua roupa, sem dificuldades. Agora estava nu sob os olhos dele.

“Shhh...” O mais alto sibilou, colocando um dedo sobre os lábios fartos, em sinal de
silêncio. A falange foi beijada delicadamente e Jongin subiu na cama, uma perna entre as de
Kyungsoo; os cotovelos apoiados aos lados do rosto do menino enquanto ele se abaixava, até
que o próprio rosto estivesse encostado no peito alvo do humano.

Ouviu o coração batendo contra sua orelha. O tum­tum estava ligeiramente acelerado,
mas era quase um calmante aos ouvidos do Kim. Também ouvia a respiração dele. A
respiração estava mais calma, compassada e incessante. Ele estava sofrendo uma leve
taquicardia por conta da saudade e não do medo. Kyungsoo confiava tudo a si. Que fizesse
dele o que quisesse. Aquela confiança cega fazia Jongin querer gritar, ao mesmo tempo em
que o fazia querer abraçar o Do firmemente e nunca mais deixar que nada nem ninguém o
tocassem.

Queria ter metade da confiança que o pequeno possuía em si, naquele momento.
Estava inseguro como não se sentia há séculos, literalmente.

“I’m still comparing your past to my future”

Jongin subiu o próprio rosto contra a curva graciosa do pescoço de Kyungsoo,


depositando uma mordida forte e dolorida ali, ouvindo o menino choramingar baixinho.
Quando levantou o rosto, tinha conseguido o que foi buscar: um par de lágrimas cristalinas
escorrendo de seus olhos. Passou a língua por uma delas, sentindo o gosto salgado que
possuía, apreciando­o calmamente.

“Beije­me.” Pediu, quando seu rosto se alinhou ao do menor, vendo­o apoiar­se


melhor na cama para subir um pouco a própria face e tomar a boca do outro, que se abriu,
deixando que as línguas se encontrassem na metade do caminho, num choque aveludado, com
o gosto discreto de lágrimas. Kyungsoo movia o próprio músculo úmido contra o de Jongin
que o abrigava e acolhia, num contato intenso, mas sem pressa.

Fechou o contato com uma sugada firme no lábio inferior de Kyungsoo que o encarou
com olhos confusos. Por que Jongin estava agindo daquela forma?

“Eu tentei atrasar o máximo possível, meu pequeno.” Disse, com certo pesar, tocando
o rosto do amante com ambas as mãos, acariciando as maçãs de seu rosto. E a compreensão se
abateu sobre Kyungsoo dois segundos antes de Jongin firmar as mãos em seu rosto e dar um
tranco firme nelas, de uma vez só.

O som do osso se partindo preencheu o quarto silencioso, levando com ele a vida
humana do menino Do.

Que quando abriu os olhos de novo, estava sendo firmemente segurado pelos braços
de Jongin, que o mantinha de pé, em frente ao que parecia uma varanda... Grande, bem
grande, adornada com estátuas de anjos enegrecidas. Kyungsoo forçou a vista, sentindo um
frio leve e cortante enquanto firmava­se nos próprios pés e andava até o batente adornado,
vendo lá embaixo, uma multidão de pessoas.

Não só pessoas.

Algumas realmente tinham forma humanoide, com rostos que lembravam os que

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sempre viu, mas outros não tinham forma comparável em Terra, outros pareciam uma mistura
de pessoas, com animais, outros pareciam tão humanos quanto ele... Todos juntos... Uma
multidão, parados, em silêncio, olhando­o de baixo com um respeito contido.

“Quem são eles?” Kyungsoo indagou, para Jongin, que estava ao seu lado novamente,
ignorando a multidão, enquanto o observava.

“Esses são os servos do ciclo do Orgulho, menino. Seus servos. Bem vindo ao inferno,
Kyungsoo.” Foi quando o Do deu uma volta no próprio eixo, vendo que se encontrava numa
construção gigantesca, vitoriana, que lembrava os palácios europeus, com suas paredes
ligeiramente desgastadas e seu topo tocando o ar ligeiramente nebuloso, num céu escuro, de
uma terra onde era sempre noite.

O sétimo nível infernal.

••

Minseok chegou à casa de subúrbio por volta das nove da manhã.

Tudo permanecia exatamente como era. Os mesmos móveis, com o mesmo cheiro de
limpeza que Sehun fazia questão de manter, além dos mesmos sons da vizinhança que nunca
dormia. Parecia que seres humanos ainda moravam ali, mas na verdade era apenas o esforço
de Luhan em manter tudo exatamente com o Oh iria querer encontrar, se ainda respondesse
por si.

Pensou em bater na porta, mas assim que se aproximou dela, a madeira se abriu
sozinha, deixando que o prostituto atravessasse para dentro do local, ouvindo a fechadura às
suas costas assim que botou os pés para dentro.

A única diferença notável que havia entre agora e a época de Sehun era que todos os
móveis da sala estavam encostados na parede, deixando o centro livre para o que quer que
fosse acontecer ali naquela tarde.

Lado a lado, como se estivessem dormindo, Park Chanyeol e Oh Sehun estavam


depositados no tapete, com os braços e pernas esticados. Seus peitos subiam e desciam
devagar, numa respiração lenta e superficial, sinal claro de que estavam bem perto de deixar
esse mundo, querendo ou não.

Byun Baekhyun estava sentado ao lado do amante, enquanto Luhan permanecia de pé,
respirado fundo, como se estivesse extremamente nervoso com o que fosse fazer.

“Alguém pode me explicar exatamente o motivo de eu ter sido chamado para aqui?”
Pediu realmente confuso com aquilo tudo.

“Acho que não preciso de apresentações com vocês dois.” Luhan falou, apontando a
Inveja e em seguida, Minseok. “Mas o fato é que eu vou quebrar as leis angelicais e dar o
perdão para a alma da Ira, fazendo com que ele renasça como ser humano.” As sobrancelhas
de Minseok se arquearam. “Os céus vão descobrir isso bem rápido, mas eu ainda vou ter que
retirar minha Graça e entrega­la para Sehun. Se eles chegarem aqui antes disso, pode ser que
eu não consiga salvá­lo... Por isso está aqui. A Marca de Cain vale para o meu povo também.
Preciso que, quando eu retirar minha Graça, você se encarregue de coloca­la em Sehun.”

“E o que exatamente eu ganho com isso?”

“Eu te falo o que aconteceu com Orgulho.” Os olhos de Kim Minseok arregalaram­se
por um segundo, para em seguida tomarem um brilho ameaçador.
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“O que sabe sobre isso? Onde descobriu o que aconteceu?”

“Eu vou dar uma volta lá fora pra vocês terem privacidade.” Baekhyun declarou,
erguendo as mãos em sinal de desistência enquanto saía pela porta principal.

“Tive que buscar bastante, mas com todo o tempo livre que eu ando tendo, não foi
muito difícil.” Admitiu... Com o estado de Sehun, ele não tinha condições de fazer nada.
Conseguir informações se tornou um hobbie, já que também não podia subir aos céus ou
veriam suas asas naquele tom negro e ele seria julgado por isso. “Todos acham que você
matou o Orgulho e isso é até verdade, mas a alma dele nunca foi destruída.”

Minseok travou a própria mandíbula e serrou as mãos, incomodado. “O que eu não


entendo... É o motivo.” Admitiu Luhan. “Realmente sei o que aconteceu com ele, mas
gostaria que você me esclarecesse isso antes.”

Xiumin respirou fundo, os olhos varrendo todo o cômodo, antes de se sentar numa
poltrona puída, largando o peso nela, com um suspiro longo.

“Zhang Yixing era um Nephilim... Filho de um pai humano e uma mãe anjo. São bem
raros, até onde eu sei. Se Impuros já são quase uma raça em extinção, mesmo com toda a
libertinagem dos demônios, eu nem sei como Yixing havia nascido. A mãe dele caiu assim
que engravidou dele e morreu em pouco tempo, pela falta das asas, que lhe arrancaram antes
de ela ser condenada. Passou os poucos anos na Terra sentindo uma dor que eu só posso
imaginar, com a infecção se espalhando e correndo o corpo dela aos poucos. E o pai dele
assumiu o trabalho de tomar conta do Nephilim... Que era meu vizinho.” Lembrar daquilo
machucava o prostituto. “Crescemos juntos, de todas as formas que você pode imaginar. Ele
era um menino de sorriso bonito e personalidade avoada, que amava o pai como nada no
mundo. Herdou da mãe algumas habilidades que nenhum humano poderia possuir, como
velocidade, força, resistência, cura... Coisas que ele tentava esconder de todos, para não ser
considerado uma aberração, menos de mim.” Falou, mexendo na barra da própria blusa de
frio. “Nós começamos a namorar no mesmo ano que o pai dele adoeceu. Ele sabia que o pai
não duraria muito pela quantidade de cigarros que fumava, mas isso não tornava as coisas
mais fáceis. O problema é que no leito de morte dele, Yixing ouviu a história do que havia
acontecido de verdade com a mãe dele e o motivo de ela sempre parecer sentir dor, quando
ainda era viva...”.

Num repente, Luhan pareceu entender o que havia acontecido com aquela história
toda, mas calou­se, queria saber da boca dele.

“Ele enlouqueceu. De dor, de mágoa. Odiou os céus, odiou a justiça dos anjos por
condenarem o amor dos seus... Não sei nem como descrever a situação toda, mas ele foi
mudando, rápido demais para eu conseguir acompanhar, mesmo tentando e um dia, encontrei
o corpo dele, morto, em frente os símbolos de um ritual de invocação. Havia uma marca em
seu pescoço. Uma marca de pacto... E eu não consegui sossegar enquanto não descobri o que
tinha acontecido com ele. Foi difícil no começo, conseguir as informações, sabe? Mas
conforme você vai caindo de cabeça nas coisas, elas vão exibindo mais e mais o que você
quer saber. Encontrei um dos hunters do vaticano dois meses depois da morte dele...
Junmyeon. Falei o que tinha acontecido e ele prometeu me ajudar, mesmo que estivesse
aposentado depois de ficar paraplégico no último combate. Eu não era um Hunter... Não era
nada. Era um menino de dezessete anos, assustado e triste por ter perdido o namorado, mas
em dois anos, com esforço e estudos vinte e quatro horas por dia, eu era um dos melhores do
ramo.”

Minseok nunca pareceu alguém que gostava muito de falar e provavelmente aquela
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era a segunda vez na vida que contava sua história. Cada palavra doía.

“Junmyeon me dava missões e eu completava em seu nome. Em todas elas, eu


buscava informações de Yixing. Até que um dia, por acaso, o demônio que eu torturei fazia
parte do círculo do Orgulho e não foi difícil tirar da boca dele que seu antigo líder havia
renunciado ao trono e colocado um sucessor no lugar... Yixing. Meu namorado havia morrido,
sim, mas só sua forma humana. Ele estava bem vivo, no inferno. E quem quase enlouqueceu
com a notícia fui eu. Mas Junmyeon colocou minha cabeça no lugar e disse que havia um
meio de salvá­lo, principalmente se ele era um Nephilim.” Pausa. “A mãe dele não gostaria
que ele fosse um demônio, eu não podia o deixar fazer isso consigo mesmo.” Dessa vez sua
voz pareceu um soluço. “O Vaticano tem uma espada... Dizem que é a espada de Miguel, o
anjo do fogo e da guerra. Meu mentor conseguiu pegá­la emprestada do arsenal. Se um anjo
caído fosse ferido por ela, o fogo de Miguel purificava o negrume do coração do anjo e ele
podia voltar para os céus. Foi muito usada nas guerras celestiais... E foi isso que eu fiz. Eu sou
sim, um ótimo hunter, mas nunca matei o Orgulho. Eu o invoquei e o feri com a espada.
Atravessei o coração de Yixing com a lâmina e ele queimou. Pegou fogo na minha frente.
Depois disso um monte de anjos me tiraram de perto dele. Confiscaram a espada, me
marcaram e eu nunca mais vi meu namorado... E eu larguei a vida de hunter. Larguei a vida
de hunter, larguei a vontade de viver, larguei minhas relações familiares, com medo de
machuca­las por causa da Marca de Cain e fui pra uma casa noturna, pro trabalho mais sujo,
impessoal e sem sentimentos que conseguia pensar. Eu vi meu namorado morrer duas vezes.
Não queria me apaixonar nunca mais. Mesmo porque a Marca nunca deixaria. É essa a
história, Raphael. Onde ele está?”

“Yixing... Virou um anjo, Minseok.” Luhan pontuou, palavra por palavra. “Quando
você o queimou com a Espada de Miguel, todo o mal que havia nele, toda a impureza... Foi
queimado junto, deixando só a parte que ele havia herdado da mãe. A parte anjo. O aceitaram
nos céus. Ele agora é um anjo da guarda... Está escalado para se tornar anjo da guarda de um
menino que irá nascer esse ano, aqui em Seul.” Luhan viu os lábios do humano tremendo
fortemente enquanto seus olhos brilhavam em lágrimas não derramadas. “Eu não sei se ele se
lembra de você ou não, mas... Sei que ele está bem. Você conseguiu Minseok... Você o
salvou.”

E o prostituto caiu num choro extremamente dolorido, afundando o rosto nas palmas
de ambas as mãos, enquanto soluçava espasmodicamente.

Raphael sentou­se ao lado dele, acariciando suas costas com delicadeza, vendo em
cada soluço, como o amor por Yixing era verdadeiro... Como, apesar das lágrimas, ele estava
feliz por tê­lo salvo.

Talvez isso significasse se sacrificar por alguém: sentir dor em prol da felicidade
alheia.

Se esse era o caso, Luhan nunca se arrependeria de sacrificar­se por Sehun.

Notas finais
Os trechos em itálico são de Immortals do Fall Out Boys. O tema de Operação Big Hero, da
Disney :DD Sou uma criança, né?
Bem, a história do Jongin e do Minseok, para quem tinha me pedido por elas. Agora vocês
sabem onde ele se enfia em tudo que aconteceu, né? Fez sentido?
Uma mocinha me disse que a fanfic parecia mais interessante no começo e eu estou tentando
fazer esses últimos capítulos valerem a pena. Espero que você goste do final, moça! E outras
pessoas disseram que a demora pra atualizar que fizeram elas brocharem, então estou
tentando não demorar mais que uma semana pra postar, pode ser?
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Comentários para me deixarem feliz?


Beijinhos :*

14. Rebirth

Notas do Autor
Olá gente!
Bem vindos ao penúltimo capítulo de Broken Souls.
Sei que demorei um pouquinho, mas eu fiquei travada com esse capítulo. Tentei fazer de
tudo para que ele saísse bom, mas ainda estou em dúvida se consegui o resultado que queria.
Boa leitura!

Baekhyun só voltou para dentro da casa dos Oh depois que a dor emanada daquele ex­
caçador parou de alimentá­lo. Não era nem intencional, mas demônios alimentavam­se de
sentimentos negativos que provinham de seres humanos. Exatamente por causa disso havia
feito aquele pacto com Wu Yifan. Não exigiu sua alma para que mantivesse a saúde de Huang
Zitao. Exigiu sua dor.

Fez com que o único demônio que pudesse sorver daquele sofrimento fosse ele.
Porque ele sofreria, sofreria muito, até o final de seus dias, afinal, não existia nada que doesse
mais do que lembranças felizes numa realidade onde elas não podem se repetir. O amor
machucava mais do que qualquer adaga afiada. Principalmente um amor que não podia mais
gerar frutos.

E até mesmo Zitao, que não lembrava­se de nada e que agora morava com uma
família de classe média, também sofreria. Sempre seria como se faltasse um pedaço de si,
como se seus sentimentos tivessem sido castrados. Afinal, tirar o amor de alguém deixava
marcas. Deixava um vácuo onde deveria existir algo bom.

Não seria como se o chinês moreno nunca mais pudesse amar ninguém, mas seria
como se ele vivesse, constantemente, com a impressão de que havia esquecido alguma coisa.
Alguma coisa muito importante.

E Baekhyun sentia orgulho do que havia feito.

Afinal, se ele mesmo não podia ser completamente feliz, por qual motivo deixaria que
os outros fossem? Queria mais era que o mundo todo ardesse em sofrimento, principalmente
os casais felizes.

“Vou começar agora, Inveja. Não acho que vai ser difícil para você encontra­lo
quando renascer. A presença da alma dele vai ser a mesma.” Falou o Mandante das Virtudes,
com Minseok ao seu lado, aparentemente recomposto do choro compulsivo de mais cedo.

Baekhyun pensou que era realmente bom que ele estivesse muito recomposto, porque
logo aquela casa estaria cheia de anjos e só ele pra fazer com que a parte de Oh Sehun desse
certo. Não era pouca responsabilidade.
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“Tudo bem.” Falou, ajoelhando­se ao lado de Park Chanyeol. Os dedos do menor


passearam pelos cabelos da Ira, vendo como ele quase parecia... Humano, daquela forma.
Lembrou­se da vida deles quando ainda eram vivos e de como ele sempre pareceu mais feliz
naquela época.

Talvez fosse por isso que não pediu para que aquele anjo gravasse as memórias na
alma do Park. Não queria que ele se lembrasse. Não queria que ele revivesse a dor, nem que
aquele seu sorriso quase inocente fosse manchado pela ira novamente. Gostava tanto dele
quando ambos eram humanos... O amava tanto... Que quando ele tornou­se um demônio, com
aquela aura fria e aquela paixão obsessiva, acabou odiando­o.

Acabou odiando a si mesmo por ter feito um pacto com o inferno, que acabou por
tragar os dois para aquela vida. Que os destruiu e consumiu aos poucos.

Baekhyun suspirou, inclinando­se para dar um beijo nos lábios da Ira. “Pode
começar.”

“Quando eu terminar, acho melhor você ir embora. Esse lugar vai ficar meio cheio.”
Luhan falou e a Inveja concordou, sabendo muito bem que aquele não era o lugar onde ele
queria estar.

Perdoar um demônio de seus pecados não ter tão difícil, principalmente quando ele
estava inconsciente. Luhan mordeu o próprio dedo até que dele saísse uma linha de sangue e,
exatamente como havia criado sua espada na luta contra a Ira, criou uma adaga, pequena, de
lâmina vermelha.

Segurou­a com o punho fechado e começou pela testa de Chanyeol. Desenhou uma
cruz cortando a pele do demônio, que automaticamente passou a vazar aquele sangue negro,
parecido com piche, por todo seu rosto. Desceu para cada um dos pulsos, fazendo o mesmo
desenho, fundo na carne, deixando que o sangue vazasse. Depois foram os pés que passaram
pelo mesmo processo e o chão da sala de Oh Sehun já estava empapada naquele chorume, de
cheiro forte.

Por fim, segurou a adaga com as duas mãos e a enterrou no coração da Inveja,
recriando os cinco estigmas de Cristo, mais sua coroa de espinhos. Aquele ritual já havia sido
realizado de mil maneiras, antes de Cristo, mas após sua morte, os anjos maiores faziam o
perdão dessa forma.

Luhan começou a sussurrar palavras numa língua que nem mesmo Baekhyun conhecia
e a adaga brilhou no peito de Chanyeol, antes de começar a derreter. Derretia como sangue em
forma líquida, entrando no corpo do demônio, que abriu os olhos, com um grito preso na
boca. Os olhos negros de Chanyeol vazaram em carmim como se ele estivesse sendo derretido
por dentro.

Baekhyun fechou as próprias pálpebras, quase como se sentisse a dor do outro.


Parecia muito sofrido, não importava como olhasse aquilo. E não conseguia lidar com a dor da
única pessoa que amou na vida.

Por fim, quando a última gota de ícor negro saiu dos estigmas, os olhos de Chanyeol
voltaram a se fechar e, por um segundo, Minseok (que acompanhava tudo de perto), pensou
tê­los visto como olhos humanos... Com íris castanhas e bonitas.

Não durou muito, porque no momento seguinte, todo o corpo de Chanyeol passou a
pegar fogo. Muito rápido, como se tivessem jogado gasolina em sua pele. As chamas eram
altas, mas não foi difícil para Baekhyun notar que não eram quentes. Chegou até mesmo a
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tocá­las, mas nada lhe aconteceu.

Quando o fogo se apagou, não havia nada além de cinzas e uma pequena esfera de luz,
que ficou alguns segundos parada no lugar, para em seguida sair em disparada para fora da
casa, quase como se estivesse com pressa.

“Do pó nasceste e ao pó retornaste.” Luhan comentou, vendo a esfera fugir. “A alma


dele foi procurar um corpo para habitar. Seja lá quem for sua próxima mãe, está engravidando
nesse exato segundo. Em nove meses, ele voltará. Só precisa busca­lo, Inveja.” O queixo de
Baekhyun tremeu com aquelas palavras, como se ele estivesse se esforçando para não chorar.
Durou pouco, afinal, o Byun detestava demonstrar fraqueza. “Precisa ir agora. Temos pouco
tempo.”

“Obrigado, Anjo. Vou lembrar do que fez por mim.” Falou, mas no segundo seguinte
havia desaparecido, como se nunca tivesse estado ali.

O que aconteceu depois daquilo foi uma total cacofonia.

Luhan abriu um buraco no próprio peito ao enfiar a mão lá dentro, como se tentasse
alcançar seu coração. O sangue prateado começou a pingar de lá e ele gritava de dor ao puxar
algo para fora de si mesmo.

A estrutura da casa começou a tremer e parte dela chegou até mesmo a desabar
enquanto figuras aladas começaram a aparecer dentro e ao redor da residência dos Oh. As
penas brancas flutuavam para todos os lados e espadas eram sacadas de todas as direções.

Minseok levantou­se e postou­se na frente do primeiro ataque dos anjos, vendo o ser
celestial ser queimado até os alicerces por causa da Marca de Caim que protegia o ex­caçador.
Atrás de si, as asas de Luhan apareceram, sendo abertas num gesto inconsciente, negras como
uma noite sem luar. Manchadas de pecados até os ossos. Era um traidor.

E todos os treze anjos que haviam descido do céu para aquela pequena casa de
subúrbio, estavam ali para captura­lo. O Mandante das Virtudes seria julgado e condenado à
pena de perder as próprias asas. Morria definhando de dor.

Não foi difícil para Minseok perceber que estava em desvantagem. Não conseguiria
entrar na frente de todos os ataques. Ou Luhan terminava logo aquilo ou ele e Sehun
morreriam. Por motivos diferentes.

Virou­se para o anjo e viu que ele estava branco. Quase transparente, como um
humano que tivesse perdido quase todo o sangue que possuía nas veias. “SE PARAR AGORA
OS DOIS VÃO SER MORTOS!” Gritou para Raphael, abraçando seu corpo apenas para que
a Marca de Caim impedisse mais um ataque, que foi revertido contra o anjo que o lançou.

Num esforço final, Luhan puxou novamente o que estava arrancando de dentro de si.
Veio com uma enxurrada de sangue prateado, pedaços de ossos e carne, mas saiu.
Imediatamente, o corpo inerte do Anjo do Ar caiu no chão, sem vida.

Os ataques cessaram exatamente quando Minseok conseguiu pegar o que estava na


mão do outro: uma pedra. Perfeitamente oval e quente. Estava impecavelmente limpa apesar
da maneira como havia sido arrancada. Dentro da joia, o vento parecia rugir. Era linda. O
prostituto nunca vira nada nem parecido.

Levantou­se, olhando ao redor.

A casa estava destruída. O andar de cima parecia te desabado. Todos os móveis


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estavam revirados, quebrados, como se tivessem enfrentado um furacão. A única coisa intacta
era Oh Sehun, que fora protegido todo aquele tempo pelo poder de Luhan.

Dos treze anjos iniciais, apenas dez deles estavam em pé. Os outros três haviam sido
abatidos pela Marca. Tinham idades e características diferentes. Todos vestiam branco em
suas roupas de combate. Eram lindos. Nenhum humano se comprava, nem se compararia.
Perfeitos em sua imponência.

E todos olhavam para Kim Minseok.

“Humano, peço que nos entregue a Graça que tem em mãos. Não lhe faremos mal e
prometemos ir embora em seguida.” Um deles, uma mulher de cabelos vermelhos como o
fogo, falou. A espada firme em uma das mãos.

“Eu tenho a Marca de Caim. Não me farão mal nem querendo.” Comentou, com um
sorriso discreto nos lábios. “Sugiro que vão embora. A pessoa que vieram buscar já morreu.”
Comentou, ajoelhando­se ao lado de Sehun.

Um dos seres celestiais gritou e bradou a espada contra Minseok, apenas para ser
envolto em fogo divino logo em seguida. “Idiota.” Murmurou o prostituto, enquanto colocava
a pedra na boca do Impuro, bem no fundo da garganta, fazendo com que ele a engolisse.

Uma luz radiante brilhou assim que a pedra atravessou a garganta do híbrido. O brilho
fora tão intenso que, pelos próximos quinze segundos, nenhum dos presentes conseguiu
enxergar absolutamente nada. Suas pupilas momentaneamente sem função. Contudo,
conforme a claridade foi diminuindo, algumas coisas foram tomando forma...

Oh Sehun havia desaparecido, completamente. Provavelmente sua alma já havia


corrido janela à fora, em busca de um corpo, mas não havia como ter certeza. No local onde
ele estava antes, agora havia uma roseira, que atravessara o concreto do chão para florescer no
centro da sala de estar daquela casa destruída. Um sinal de que a Graça havia sido consumida.

Mas nada disso comparava­se ao que tinha acontecido onde antes existia o corpo de
Luhan.

Entre os destroços e todas as poças de sangue, agora havia...

Um bebê.

Nu e tão pequeno que com certeza seria comparado a um recém­nascido.

Ele chorava baixinho, provavelmente por estar extremamente incomodado com os


pedaços de entulho nos quais estava deitado.

“O quê...?” Tentou externar algo inteligente, mas nada saía de sua boca. O que diabos
era aquilo?

“É isso que acontece com anjos que abrem mão da própria Graça. Se a graça é
consumida por outro ser vivo... Se ela serve para purificar alguém, o anjo automaticamente
está perdoado do pecado de retirá­la do próprio corpo e... Se torna uma criança humana.
Como se ganhasse uma segunda chance para alcançar os céus, caso viva dentro das leis de
Deus, com um ser humano.” Um dos anjos, que apenas agora Minseok havia reconhecido
como Michael, empunhando a espada de fogo, exatamente como nas descrições do Vaticano,
falou. “Agora ele é humano. Não temos mais jurisdição sobre ele.”

“E... Os pais dele? O que eu faço?” Indagou, olhando da criança para os anjos, quase
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implorando para que alguém parasse de brincadeiras e levasse aquele bebê embora.

“Anjos não tem pais. Ele é órfão. Faça o que sua consciência mandar, caçador. Ainda
temos que alterar a memória de todos que viram o que aconteceu com essa casa.” Declarou
Michael, que virou­se para sair, com os outros anjos em seu encalço, mostrando claramente
que ele era o líder. O anjo do Fogo e da Guerra.

O silêncio quase consumiu toda a casa quando eles se foram...

Deixando apenas Xiumin e o choro do recém nascido, juntos.

“Você não me falou nada sobre bebês, anjo do caralho!” Gritou, mesmo que já
estivesse se abaixando para pegar aquela criança nos braços. Não podia deixa­la ali! Seria
completamente desumano!

Mas quem ia acreditar que havia encontrado um recém­nascido na rua?

Bufou, indignado.

Estava tão fodido

Notas finais
Bem, o próximo capítulo vai mostrar o que aconteceu com todo mundo que participou desse
rolo todo, então provavelmente vai acabar ficando um pouco grande.
Estou com um pouquinho de pressa, mas queria agradecer a todo mundo que leu, comentou e
me incentivou até aqui. Muito obrigada, vocês são incríveis.
Comentários?
Beijinhos :*

15. End

Notas do Autor
Olá, olá!
Demorei mil anos, mas vejam bem, eu terminei. Gastei o dia inteiro escrevendo e ainda vou
gastar várias horas terminando de betar (porque estou novamente sem beta, então até estar
devidamente corrigido, os erros serão meus).
Bem... Eu tenho mil coisas para falar no final, mas não vai ser aqui. Vão ser nas notas finais.
Até lá...
Boa leitura!

PS: O sobrenome dos personagens está propositalmente alterado, porque eles são de famílias
diferentes agora.

17 anos depois

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O sinal que demarcava o final do período escolar havia acabado de soar, levando com
ele uma manada de alunos, que entulhavam­se em frente ao portão, reunindo­se em grupos
antes de caminharem para seus devidos destinos, entre risos e conversas.

Era bem verdade que a Coréia do Sul havia demorado alguns anos para se reerguer
após a catástrofe ocorrida dezessete anos antes, mas agora aquele provável atentado terrorista
(que nunca havia sido decentemente solucionado) era apenas uma lembrança distante,
principalmente para os alunos daquele colégio, que sequer haviam nascido, na época. A
paisagem havia sido refeita, todos os edifícios e casas destruídos haviam sido reconstruídos e
basicamente toda Gangnam havia sido vitoriosa em esconder o desastre embaixo de suas
estruturas.

Claro que havia uma sombra de medo ainda pairando sobre a cabeça dos mais velhos,
entretanto, era algo sequer passava pela cabeça do casal que havia ficado até mais tarde numa
das quadras cobertas, de vôlei, que existia dentro dos limites do colégio.

“Desculpa a demora, o professor liberou a turma tarde.” A voz masculina encheu a


quadra que antes só ouvia o quicar da bola de vôlei contra o chão.

“Não tem problema, eu estava matando um pouco da saudades de jogar.” Kim Luhan
respondeu, virando­se para o garoto, mais alto, que havia acabado de entrar. Sehun estava
largado a mochila no chão ao mesmo tempo que desatava o nó da gravata, causando um riso
baixo em Luhan, que sabia o quanto o namorado detestava ficar todo engomadinho daquela
forma.

“Espero mesmo que você não tenha se esforçado demais. Sabe que não pode jogar,
Lu. Não por enquanto.” Luhan suspirou baixinho, olhando para as roupas de educação física
que vestia. Não havia pegado pesado, mas isso não queria dizer que estava feliz em ter sido
afastada do time. Era a melhor jogadora. Na verdade, ousava dizer que conseguia ser melhor
do que todos os membros do time masculino, mesmo sendo menor do que eles.

Mas... Imprevistos acontecem.

“Eu sei, já pode parar com a pressão psicológica.” Rebateu, fazendo bico. Sehun
abaixou­se para roubar um selo da menina, que melhorou um pouco a expressão de desagrado.

“E seu pai? Melhorou os ânimos?” Sehun quis saber, abaixando­se para pegar a bola e
começar a arrumar os equipamentos que a namorada havia retirado do lugar.

“Ele está melhor. Está aceitando, acho. Quer dizer, ele me ama, não iria ficar puto pra
sempre, certo?” Luhan respondeu, observando Choi Sehun fazer o trabalho pesado de colocar
tudo em ordem. Sehun era o tipo de menino que virava pescoços. Naquele
colégio provavelmente era o ulzzang pelo qual as meninas mais ficavam cheias de dedos,
mesmo que ele nunca tivesse olhado para nenhuma delas.

Quer dizer, nem havia como outras garotas terem chance quando ele e Luhan
namoravam desde os doze anos.

Haviam se conhecido ainda na pré­escola, quando foram matriculados na mesma sala


de aula. Luhan era a única criança que não tinha mãe e os outros coleguinhas de sala, em sua
crueldade inocente, acabavam fazendo com que ela chorasse quase todos os dias, dizendo que
a menina provavelmente deveria ser uma pessoa muito ruim para que sua mãe quisesse
abandoná­la. Apesar do rostinho de boneca de porcelana e da personalidade carinhosa, que
distribuía sorrisos fáceis, a garota sempre ficava sozinha.

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Isso até Sehun começar a ficar ao seu lado.

Foi simplesmente natural. Ele passou a sentar ao seu lado durante os intervalos e fazer
dupla com ela quando haviam atividades em grupo. A acompanhava até a saída e sorria para
Kim Minseok, pai da menina, quando ele vinha buscar a filha no portão.

Não houve um pedido formal de amizade. Simplesmente aconteceu. Como se, de


alguma forma, eles fossem destinados a ficar juntos. Como se houvesse uma força maior, que
os impelissem a estar lado a lado.

O mais estranho daquilo tudo foi que, no dia em que Minseok conheceu Sehun, ele lhe
chamou pelo nome antes mesmo que a criança se apresentasse. Quando o Choi indagou o
motivo de ele saber seu nome, o pai de Luhan apenas respondeu com um “Fiquei esperando
você aparecer por um bom tempo, moleque. Cuide bem da minha filha.”

Foi a frase mais estranha que o garotinho de seis anos já havia ouvido na vida,
contudo, ele fez o que o mais velho mandou.

Cuidou de sua filha por todos os anos que se seguiram.

E não pareceu ser surpresa alguma quando ela, aos doze, disse que havia sido pedida
em namoro pelo melhor amigo, porque seu pai apenas fez um sinal de pouco caso,
murmurando que “achava que ele iria demorar mais pra fazer isso; moleque apressado”,
enquanto voltava a ler o livro que possuía em mãos.

Agora Luhan era uma moça de dezessete anos, com longos cabelos loiros, que caíam
em cachos largos contra sua cintura esguia. Era alta, beirando o 170 cm, com um par de seios
que chamava quase tanta atenção quanto seu rosto extremamente delicado. Fosse quem fosse
sua mãe, que ela nunca teve a chance de conhecer, Miseok afirmava que ela havia lhe dado
toda a aparência. O que era bem verdade, já que sempre foi absurdamente diferente do pai.
Não que ele fosse feio, longe disso, entretanto, os traços eram diametricamente opostos.

“Eu sabia que ele iria aceitar... Eventualmente. Mesmo porque não é algo que dê pra
consertar. E eu não iria consertar se pudesse.” Quando tudo estava arrumado, Sehun voltou
para a garota, que ficou na ponta dos pés para lhe dar um beijo um pouco mais longo.

“Você acha que é menino ou menina?” Luhan acabou perguntando, com um sorriso
bonito nos lábios róseos, sentindo as mãos do Choi deslizarem por suas costas, até estarem em
sua barriga, que havia deixado de ser perfeitamente lisa para que agora tivesse uma pequena
curvatura, ainda facilmente escondida embaixo das roupas. Os dedos longos de Sehun
entraram pelas roupas da namorada, até que ele pudesse sentir o inchaço pele­contra­pele.

“Eu queria que fosse uma menina. Ficaria feliz se ela se parecesse mais com você...”
Havia acontecido um deslize, quatro meses atrás. Eles não souberam muito bem como, porque
Luhan tomou o anticoncepcional todos os dias, no horário certo, mas de alguma forma, algo
havia dado errado e ela não sangrou na data certa... Nem em nenhum momento depois disso.

Contar para os pais de Sehun foi fácil, já que por algum motivo estranho, sua mãe
estava louca por um neto que viesse do casal, entretanto, contar para Minseok foi... Algo que
demorou dois meses até mesmo para que Luhan conseguisse criar a coragem necessária para
tal. Kim Minseok era um pai coruja e superprotetor, que sempre manteve a filha embaixo das
asas e que quase se desdobrava por ser um dos únicos representantes do Vaticano na Coréia
do Sul e seu pai ao mesmo tempo.

E apesar de todos acharem que ele fazia algo realmente incrível por causa do próprio

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trabalho, ele estava mais para homem de escritório, que vivia com mil papéis, novos e velhos,
entre os dedos, pesquisando mil coisas sobre as quais a filha nunca teve muito interesse.

E ele havia surtado com a notícia. Gritou com a menina, perguntou o que ela tinha na
cabeça pra ter engravidado aos dezessete anos, quis saber sobre seu futuro, sobre suas
escolhas, sobre o que ela pretendia dali pra frente e se ela tinha noção de como se criava um
bebê. Claro que a resposta para todas essas perguntas fora um sonoro “não sei, pai!”, mas ela
não pretendia abortar e aos poucos, Minseok estava dando sinais de que sua raiva passaria.

“Eu não quero saber o sexo até nascer, então... Vamos torcer, Sehunnie!” Luhan
entrelaçou os dedos aos do namorado, buscando a própria mochila para que os dois pudessem
ir para a casa da menina. Ela havia sido afastada do vôlei depois de ter descoberto a gestação.
Era um esporte muito violento para quem estava grávida... Grávida e com picos esporádicos
de pressão alta. Só que a adolescente não estava lidando muito bem com o afastamento,
mesmo com todas as tentativas de Sehun de amenizar a situação.

A casa de Luhan ficava bem perto, sendo que os dois costumavam fazer aquele
caminho todos os dias, lado a lado, antes de Sehun ir embora, para a estação de metrô mais
próxima, em direção a própria casa.

O rapaz se despediu dela na porta de casa, lhe dando um beijo demorado nos lábios
antes de se afastar. Haviam decidido que não tomariam nenhuma decisão drástica por
enquanto. Os pais de Sehun estavam se organizando para que Luhan fosse para lá quando a
criança nascesse, para que pudessem morar no mesmo lugar, entretanto, ainda não queriam
que os dois fossem ter a própria casa. A criança seria nova demais, na mão de mais duas
outras crianças. Havia uma probabilidade imensa de isso dar errado.

A garota entrou na casa que chamava de lar há anos, deixando a mochila em cima de
uma cadeira enquanto aproximava­se do pai, sentado numa poltrona, abraçando­o por trás
para depositar um beijo em seu rosto. “Cheguei, pai.”

Luhan ia se afastar, mas o genitor segurou seu braço, fazendo­a dar a volta na poltrona
para ficar de frente para si. Kim Minseok havia envelhecido. Não era mais o menino que
trabalhava como prostituto numa boate que cheirava à cigarros e sexo, muito menos o rapaz
que caçou demônios até descobrir o que haviam feito com o Yixing. Agora ele era em senhor,
de quarenta anos, cabelos pretos e pequenas marcas de expressão aparecendo no canto dos
olhos. Havia se tornado alguém solitário, que nunca mais fora atrás de nenhum romance, mas
que acabou acatando a paternidade para si de maneira surpreendentemente natural. Cuidou da
criança que o anjo havia se tornado. A amava mais do que tudo no mundo.

E esse amor fez a Marca de Caim sumir aos poucos.

Ela ainda estava lá e talvez algo ainda pudesse fazer com que ela se ativasse, mas
estava adormecida há muito tempo. Ela nunca havia machucado Luhan, que havia recebido
esse nome porque Minseok simplesmente não conseguia pensar em outro. Era engraçado que
ela tivesse nascido menina, entretanto, o rosto delicado do antigo anjo lhe caiu bem
naquele corpo feminino.

“Eu... Comecei a montar o quarto do bebê no escritório. Ainda estou procurando um


lugar para tudo que estava lá, mas vou dar um jeito. A nossa casa é maior do que a de Sehun.
Ele tem dois irmãos e aquilo vai virar uma zona. Desculpe ter demorado pra aceitar... Eu só
queria que isso viesse com o tempo, mas... Bem, não é como se você fosse acabar se casando
com outra pessoa se tivesse esperado mais alguns anos.” O homem falou, segurando uma das
mãos da menina, que foi abrindo um sorriso bonito para o pai, até estar jogada em cima de seu
colo, abraçando­o com toda a força que possuía.
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“Obrigada, obrigada, obrigada!” Murmurava, repetidamente, beijando o rosto do


genitor, quase eufórica. “Eu não queria sair de casa. Minha sogra iria dar muito palpite e eu
provavelmente teria um treco. Quero que essa criança seja criada por nós dois, não pelos pais
dele.” Admitiu, torcendo o rosto apenas de pensar na situação. “E eu tenho certeza de que
você vai ser avô na medida certa.”

Minseok sorriu para a filha, concordando enquanto deixava que ela se afastasse. Dois
passos, porque no terceiro ela se virou e lhe encarou. “Pai... Por que você sempre fala do
Sehun como se soubesse que ele vai estar sempre comigo?”

“Porque você é o anjo da vida dele. Sehun seria incapaz de viver sem você.” Jogou a
verdade no ar, enquanto olhava pela janela. “Da mesma forma que sua mãe foi o meu.”

Mesmo que Yixing nunca mais tivesse aparecido para si.

••

“Zitao, nós estamos atrasados!” Gritou uma voz firme, do homem que havia se
apressado até a porta, carregando um menino, de seus quatro ou cinco anos, nos braços. O
menino dormia tranquilamente nos braços do pai, como se eventos sociais estivessem muito
longe de ser algo pelo que uma criança de sua idade fosse realmente se interessar.

“Claro, é extremamente fácil falar isso quando você pega nosso filho no colo, coloca a
carteira no bolso e vai pra porta, Sr. Zhoumi.” Zitao ralhou, aparecendo com a mochila do
menino nas costas, a carteira, o documento do carro, as chaves, e todo o resto que o marido
havia esquecido, nas mãos. “Ele está indo pra uma festa de aniversário, as chances de essas
roupas voltarem limpas são nulas. E lá tem uma piscina. Você pretendia deixar que ele
entrasse vestido na água?”

Zhoumi riu do marido, que lhe dava um peteleco no nariz enquanto saíam para o
jardim. O carro estava estacionado na rua.

Zitao foi andando até ele com a cabeça na lista de coisas que deveria ter levado, para
ter certeza se não havia esquecido nada. Apressou os passos quando estavam quase chegando,
querendo abrir a porta com antecedência para que conseguissem colocar o menino no
cadeirão, entretanto, acabou esbarrando em um homem, que sequer viu chegando.

“Desculpe!” Murmurou, mas quando levantou ligeiramente o rosto para encará­lo,


sentiu uma espécie de vertigem, que o obrigou a apoiar­se no carro com ambas as mãos,
lutando para não derrubar nada no chão.

O homem em quem havia esbarrado rapidamente afastou­se alguns passos, afirmando


que estava tudo bem, antes de seguir o próprio caminho, virando a curva da primeira esquina
que encontrou.

“Ei... Taozi. Tudo bem?” Zhoumi equilibrou o filho em um braço para erguer o
marido com a outra mão. Isso já havia acontecido algumas vezes antes... Ele esbarrava em
alguém e quase desmaiava. Já haviam procurado mil neurologistas, mas todos afirmavam que
não havia absolutamente nada de errado consigo e que ele deveria ficar despreocupado.

Zitao foi melhorando aos poucos, apoiando­se contra o capô do carro. O filho dos dois
havia acordado e os encarava com olhinhos curiosos.

Ele e Zhoumi estavam juntos há quase dez anos. Não eram casados oficialmente
porque o casamento homossexual ainda não era permitido, mas haviam conseguido adotar o

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filho único quando iniciaram um processo na China. Yifan era o nome do menino. Zitao havia
escolhido.

Para falar a verdade, desde que havia pego a si mesmo com desejos paternos, esse era
o nome que ele queria dar ao serzinho que iria amar e proteger para o restante de seus dias.
Nunca teve um motivo, porque, para falar a verdade, ele nunca havia conhecido uma pessoa
chamada Yifan pessoalmente, mas não importava. Foi tão conciso em sua vontade, que
Zhoumi cedeu e deixou que o chamasse daquela forma.

Quando Zitao finalmente entrou no carro com o conjugue, acabou pensando no rosto
do homem em quem havia trombado. Parecia que o conhecia de alguma forma. Quer dizer, a
expressão dele era familiar, sabe­se lá como.

Tentou tirar o pensamento da cabeça, mas não conseguiu. Era sempre assim. Sempre
que sentia esses mal­estares ficava dessa forma. Algo se quebrava dentro dele. Na verdade,
algo sempre esteve quebrado. Lá dentro, bem fundo em si, sempre sentiu como se algum
detalhe estivesse constantemente faltando. Nunca soube o que era. Tinha pais maravilhosos,
formou­se na faculdade de arquitetura com honrarias e teve mil pequenas paixões até
encontrar o alguém com quem resolveu criar uma vida à dois, mas mesmo assim... Sempre
havia uma sensação sufocante de que estava esquecendo de alguma coisa.

Esquecendo algo tão, mas tão importante que poderia mudar sua vida toda caso se
lembrasse. Esquecendo de algo que o transformava em si mesmo. E esse sentimento de falta
extrema já o havia feito precisar de antidepressivos duas vezes durante sua vida.

O sentimento amenizou depois que conseguiram adotar Yifan, mas ainda era algo que
o matava lentamente. Talvez Zitao não fosse normal. Talvez ele tivesse nascido com defeito.

Mas agora não era hora de pensar sobre isso. Tinha o aniversário da sobrinha para
comparecer.

Enquanto isso, na esquina de sua casa, Wu Yifan via o carro partir.

Ele já não era mais o mesmo.

Havia se quebrado em mil pedaços há muito tempo atrás. Quebrado sem chances de
conserto.

Voltara para o trabalho de Hunter, e aos quarenta e dois anos, isso já queria dizer
alguma coisa. Possuía uma cicatriz na têmpora esquerda e ao invés da perna direita, agora
possuía uma prótese, que permanecia escondida embaixo da calça social. Ainda era belo, mas
o tempo cobrou muito caro de si e sua expressão estava tão cansada quanto poderia ser. O
inferno passou anos em desalinho, dando trabalho demais para que pessoas de menos
conseguissem lidar.

Ele era uma dessas pessoas.

Por mais que vivesse viajando para conseguir alcançar todos os casos que lhe
mandavam, às vezes, quando podia, voltava para Seul, buscar por Zitao. Apenas para ver se
ele estava bem.

Já sabia há anos que ele havia se casado com um homem um pouco mais velho que
Yifan. Isso o destruía, mas ao mesmo tempo o deixava com a certeza de que ele ficaria bem...
Claro que suas certezas foram pelo ralo quando, ao adotarem uma criança, o Huang a chamou
de Yifan.

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Yifan.

De todos os nomes do mundo, justo esse?

A única coisa que conseguiu sentir, quando soube daquilo, era que Zitao buscava por
si, na ignorância obtusa de sua existência. E talvez doesse mais nele, em buscar algo que nem
mesmo sabia o que era, do que Kris, que ao menos sabia o que causava sua dor.

Fosse como fosse, os mal­estares que o mais novo sentia quando passava ao seu lado
eram prova mais do que o suficiente de que não havia subitamente ganhado a chance de ser
feliz ao lado dele. Ainda possuíam um muro intransponível entre os dois.

E mesmo que esse muro não existisse, Yifan seria cruel o suficiente para destruir tudo
que ele havia construído? O marido financeiramente estável, o filho do casal...? Não. Kris não
valia tudo isso, nem queria valer.

Porque era bem verdade que para amar alguém da maneira que amava Zitao, era
necessário colocar a felicidade dessa pessoa acima da própria.

E ele havia colocado.

Diariamente.

••

A noite já havia caído há algum tempo, trazendo aquele friozinho da brisa noturna,
que adentrava as janelas do quarto de Chanyeol. O rapaz mantinha as costas escoradas na
parede ao lado de sua cama, com o manete do vídeo game entre os dedos, tentando distrair­se
com o jogo que havia na tela.

Na verdade, seus pais haviam acabado de sair de casa, falando que iriam aproveitar
um pouco enquanto ainda eram vivos e ele... Estava esperando que seu convidado aparecesse.

“Se você for por aquele lado, consegue desviar dos dois snipers e se usar uma granada
depois que passar por eles, consegue chegar onde está querendo porque a parede vai
desmoronar.” Uma voz veio de perto da janela, onde Byun Baekhyun permanecia sentado no
recuo da mesma, como se estivesse ali o tempo todo.

Chanyeol largou o manete automaticamente, pulando para fora da cama num repente e
indo para entre as pernas do mais velho, que o abraçou contra o corpo, sorrindo contra seu
pescoço.

Baekhyun já era menor que Chanyeol e sempre teve uma pele ligeiramente mais
gélida do que a do que a do mais novo, o que fazia um arrepio discreto correr a espinha do
humano toda vez que o abraçava. Ainda assim, seu toque era tão deliciosamente viciante, que
o adolescente nunca mais queria sair de perto do Byun. “Achei que você não vinha.”
Murmurou contra a pele do menor, que riu baixinho.

“Mas eu falei que vinha. Já afirmei mil vezes que demônios não mentem.” Porque
Baekhyun era um demônio e Chanyeol sabia disso. Era um demônio que passava todas as
noites ao lado de seu berço, quando ainda era bebê, vigiando seu sono. O demônio que o viu
crescer e que o ensinou a andar e a falar, durante as madrugadas, depois que seus pais iam
dormir.

Na verdade, sua mãe sempre achou estranho que o filho, mesmo quando ainda recém­
nascido, não acordasse nenhuma vez durante as madrugadas. Ele permanecia quietinho e só
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voltava a dar sinal de vida quando já era dia. Isso se devia ao fato de Baekhyun ficar com ele
durante todo esse tempo, cuidando do menino, roubando leite do banco de doadores e lhe
dando com mamadeira...

A primeira palavra que Chanyeol havia falado fora “Bae”, numa tentativa de falar o
nome do demônio.

E isso basicamente definia toda sua vida.

Chanyeol quase não tinha amigos. Preferia ficar em casa do que sair e esperava todas
as noites pela presença do demônio. Baekhyun, que ensinava as matérias com as quais o
adolescente tinha dificuldades e que ficava ao seu lado quando algo incomodava o garoto,
sempre surgia no calar da madrugada.

A Inveja também era portadora do primeiro beijo do garoto. E da primeira transa. Da


primeira aula de como colocar um preservativo, ou de como fazer um boquete.

Baekhyun era seu começo meio e fim.

Como se tivessem nascido para ser.

A Inveja saiu da janela, pulando para dentro do quarto, onde finalmente deitou­se na
cama, quase esparramado, enquanto via Chanyeol subir por cima dele. O peso era o mesmo, a
forma como ele se movia em cima de si era a mesma... Tudo parecia tão exatamente como era
antes. Antes de os dois irem para o inferno, centenas de séculos atrás.

Pousou ambas as mãos no rosto do adolescente, trazendo sua boca para a sua,
deixando que suas línguas se tocassem como numa dança. Separou as pernas para que o
humano se encaixasse melhor entre elas e depositasse o peso sobre si.

Chanyeol tinha cheiro de humanidade.

“Eu já tenho dezessete anos, Baek...” Chanyeol murmurou, enquanto sentia a boca do
demônio passeando por seu pescoço. Baekyun parou os pequenos beijos para morder a curva
de seu ombro, como um aviso.

“E eu já tenho uns quinhentos. Está querendo comprar o quê?” Quis saber, passando
as pernas cobertas pela calça jeans pelo quadril do outro, roçando­se ligeiramente contra ele.

“Você disse que depois dos dezesseis podia me levar com você...” Respondeu, mesmo
que seus hormônios adolescentes já estivessem alterados, respondendo aos estímulos que
estava recebendo.

“Mas não vou.” Baekhyun cortou o que fazia, segurando novamente o rosto do garoto,
querendo sua boca na dele, contudo, foi parado por Chanyeol, que não deixou os lábios se
tocarem.

“Como assim?” Baekhyun suspirou, soltando o quadril do maior, para que seus
membros descansassem contra a cama.

“Chanyeol... Não vai rolar. Eu não vou te trazer pro inferno. Pode tirar o cavalinho da
chuva.” O adolescente apoiou­se nos próprios braços e trouxe o corpo para trás, sentando­se
na cama enquanto tentava desesperadamente entender o que diabos aquilo queria dizer.

“Por que não? Eu fiz alguma coisa de errado...? Eu...­“

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“Não.” Baekhyun lhe cortou, colocando um dedo sobre seus lábios para fazê­lo se
calar enquanto sentava­se na cama também, encarando o adolescente com um carinho
ligeiramente incontido. “Lembra quando eu te disse que você é reencarnação de uma pessoa
muito, muito importante pra mim?”

“Sim, você me disse isso quando eu tinha onze anos...” Respondeu, encarando os
olhos escuros do demônio.

“Então... Naquela época, eu queria que você fosse o antigo você.” Tentou ser o mais
honesto possível. “Eu queria que você fosse o Chanyeol que se apaixonou por mim quando eu
era um empregado, centenas de anos atrás. Mas você não é.” Pontuou.

“Eu posso ser!”

“Não, não pode!” Rebateu, agradecendo por sempre deixar o quarto à prova de som
quando entrava ali, porque do contrário os vizinhos já saberiam da discussão. “Não pode e eu
não quero que seja. Eu não quero. Porque você é impossivelmente melhor assim.” Não era do
feitio de Baekhyun ser carinhoso... Quer dizer, era; quando ele ainda costumava ser humano,
há muito tempo atrás. Quando ele era feliz ao lado de Chanyeol.

Mas esse Chanyeol era humano. E merecia carinho.

“Então por que não me quer com você?” O adolescente estava honestamente confuso.

“Porque o inferno nos destruiu. Nos degradou. Quando você era um demônio, junto
comigo, nós não dávamos certo. Era uma relação horrível, cheia de ódio, necessidades doentes
e traições. Porque demônios são assim e não conseguem agir de outra forma. E não é isso que
eu quero pra você.” Murmurou, passeando os dedos pela palma da mão de Chanyeol. “Eu te
amo assim. Eu te amo humano. Não quero que mude e você não pode ir para o inferno sendo
humano.”

“Então... O que vai acontecer?” Agora o rapaz estava à beira das lágrimas. Iria perder
a única pessoa que tinha? Pra sempre? Ele iria embora e nunca mais voltaria?

“Eu... Vou tentar o perdão divino.” Respondeu, baixo. “Vou tentar me tornar humano
também.”

“Tem como? Você pode...?”

“Um anjo, há muito tempo atrás, te deu esse perdão. Infelizmente esse anjo morreu,
mas eu acredito que, se eu me esforçar, consiga esse perdão de outras formas... Entretanto eu
vou ser expulso do inferno bem rápido quando começar a tentar e provavelmente não
conseguir vir te ver por um tempo.” Baekhyun foi aproximando­se de Chanyeol de novo, até
estar encaixado entre suas pernas, como costumava ficar aninhado quando ambos eram
humanos.

“Não tem problema, se você voltar humano, nós vamos poder ficar juntos.” Chanyeol
abraçou o menor, sentindo uma felicidade crescente inundar seu peito.

“Eu não vou lembrar de você, Chanyeol. Eu vou virar um bebê e você já vai ter uns
dezoito anos. Vai ter que me procurar até achar. Eu posso renascer como uma garota... A
única coisa que posso te afirmar é que provavelmente vou ter uma aparência quase igual a
atual quando crescer e meus pais vão me batizar com um nome parecido ou igual a Baekhyun,
porque eu vou mexer uns pauzinhos para que isso aconteça...”

“Isso quer dizer, então, que eu vou ter que cuidar de você da mesma forma que você
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cuidou de mim?” Indagou, sentindo a respiração do mais velho contra sua pele.

“Sim... Quer dizer que você vai cuidar de mim.”

Da mesma forma que sempre cuidou.

••

Do Kyungsoo já era perfeitamente acostumado a ter um exército.

Não só um exército, mas empregados, lacaios e todo tipo de ser que daria a vida por si
sem nem pensar a respeito. O humano que havia sido um dia, inseguro e indefeso havia
desaparecido em algum beco do sétimo nível infernal, para deixar que o seu lado demoníaco
ascendesse.

Para que ele fosse merecedor da companhia de Kim Jongin.

Que ele chamava de Klaus depois de ter descoberto que esse era seu nome de batismo.

“Você não vai parar de me chamar por esse nome, não é?” O moreno indagou,
enquanto puxava Kyungsoo para seu colo, enfiando os dedos dentro de sua camiseta, para
tocar a pele branquinha que havia embaixo daquele pedaço de pano.

“Não. Eu acho bonito e combina com você. Sem contar que só eu te chamo assim
atualmente, então é ainda melhor.” Respondeu, de forma quase indiferente. Havia começado a
diferenciar as coisas que gostava das que não gostava quando ainda era humano, ao que
parecia ser uma eternidade atrás. Agora ele era quase normal nesse quesito. Gostava muito de
algumas coisas e nem tanto de outras.

E amava Jongin.

O amor deles já era algo bem distorcido dezessete anos atrás, então o inferno não
interferiu muito na intensidade com que se amavam, ou na forma com que o faziam. Era um
relacionamento extremamente sexual, com poucos momentos realmente românticos e com
uma dependência quase crônica um do outro. Dependência que começou com Kyungsoo, mas
que Jongin acabou aderindo também.

Depois de o ex­humano ascender como o Orgulho, ele e a Luxúria não tiveram muitos
problemas para mostrar supremacia em relação aos outros pecados. O motim que haviam
planejado não demorou muito para dar certo. Sendo Jongin o pecado mais antigo e Kyungsoo
o mais cegamente violento, disposto a fazer tudo que ele queria, o inferno se tornou um lugar
onde poucas pessoas gostariam de estar enquanto aquela briga por poder acontecia.

Demônios mais baixos morreram a torto e a direito, entretanto, Lúcifer só saiu do


próprio trono para interferir quando a Preguiça foi assassinada. Naquele momento eles tinham
dois postos vagos entre os pecados e uma sociedade completamente desequilibrada, que era
refletida no mundo humano: com todos os pontos angelicais devidamente preenchidos, os
humanos estavam muito mais amáveis e menos propensos a pecar, afinal, a ausência do Anjo
do Ar foi imediatamente suprida. Os caras lá de cima sempre foram muito mais organizados.

Lúcifer acabou com todos os problemas subindo Jongin e Kyungsoo de cargo.


Transformou Jongin em seu braço direito e Kyungsoo em seu braço esquerdo, ao mesmo
tempo que escalou um substituto para cada um dos postos vazios entre os pecados. A presença
do rei do inferno, com sua beleza infinita era quase ofuscante para a maior parte dos seres
infernais, mas foi o suficiente para acabar com todos os problemas que estavam tendo.

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Afinal, o mais belo anjo do céu, a Estrela da Manhã, sempre fora muito bom para
começar tumultos e para finalizá­los.

“Fiquei sabendo que Byun Baekhyun foi julgado por alta traição hoje durante a tarde e
expulso do inferno.” Jongin murmurou, enquanto desafivelava o cinto de Kyungsoo com
pressa, puxando­o dos passantes. Podia ter deixado de ser o demônio da Luxúria, mas ainda
era cheio dela. Por falar nisso, não achava Jongdae um bom substituto, mas não iria reclamar.

“Ele quer ir com o humano de estimação dele. Fez certo.” O pequeno deu de ombros,
ofegando quando sua intimidade passou a ser manipulada pelos dedos hábeis do amante.

“Você era meu humano de estimação... Quer dizer que era isso que eu deveria ter feito
por você?” O moreno indagou, parando com o que fazia para encarar o Do, com seus olhos
enormes e seus lábios em formato de coração.

“Não. Eu era diferente. Meu lugar não era numa vida humana ao seu lado... Era aqui,
onde o para sempre realmente podia acontecer. Uma vida é muito pouco perto da necessidade
que eu tenho de você.” Respondeu, selando os lábios do mais alto delicadamente.

“Você vai cansar de mim, eventualmente.” Pontuou, retirando a franja de frente dos
olhos grandes.

“Vou e você vai ter que me convencer a te amar de novo. E de novo... E de novo...” E
a cada palavra ele lhe dava um beijo, montando de frente em seu colo até que as frases
virassem murmúrios e fossem transformados em gemidos.

Porque “para sempre” era curto demais para que eles tivessem de se preocupar com o
amanhã.

Notas finais
Gente, levei muito mais de um ano para que essa fanfic fosse concluída. Ela teve mil
problemas e os primeiros haters que eu já tive nessa minha vida de escritora vieram com ela e
foi um choque muito grande, mas agora eu posso dizer que valeu a pena. Porque algumas
pessoas me acompanharam do começo ao fim e me deram muito força por essa história e eu
só posso agradecer diariamente por isso.
Uma leitora minha havia sacado o que eu realmente quis passar com ela e agora eu vou dizer
que ela está totalmente certa. Broken Souls não tem nada a ver com anjos e demônios, em
sua essência. Ela tem a ver com formas de amor.
O amor dependente, que tira da merda e que te reergue, mesmo que não da melhor maneira
possível (KaiSoo), o amor que ultrapassa tempo, que ultrapassa obstáculos e que ainda assim,
no final, faz a escolha certa (BaekYeol), o amor que te transforma, que te deforma e que te
reconstrói (XiuLay), o amor que cede, que sofre e que sempre coloca a felicidade do outro
acima de si mesmo (TaoHun) e o amor que vai lado a lado, por igual, que ama, que vive e
que sofre, mas que faz isso sem que nunca haja separação (HunHan).
São os amores da alegria e da tristeza, da saúde e da doença e que nem a morte separa.
Porque amor não se guarda numa caixa, nem é feito de palavras. Não é reprimível e não é
passível de desaparecimento. É romântico e é fraterno (XiuHan). É presente.
Jongin passou a eternidade sem dizer que amava Kyungsoo nem uma vez, mas demonstrou
todos os dias. Pra provar que todo mundo fala de amor, mas que nem todo mundo vive e
sente de verdade.
Bem, basicamente, eu espero ter transmitido com essa história a vontade de não desistir.
O que mais me inspirou a escrever essa história foi uma cena da minha série preferida, Grey's
Anatomy, quando um paciente havia acabado de morrer. O professor dos residentes de
cirurgia perguntou para um deles qual era o motivo pelo qual bons médicos insistiam em
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tentar fazer o coração de um paciente bater mesmo quando as chances de reverter a morte
eram mínimas. O residente falou que era para eles aprenderem como fazer.
O professor ficou puto com ele e respondeu: "Pra que você possa dizer para a família que fez
tudo que pôde."
Os personagens de Broken Souls fizeram absolutamente tudo que puderam.
E eu fiz tudo que pude para tentar transmitir isso.
Espero que tenha dado certo.

Um beijo e obrigada por tudo que vocês fizeram por mim <3

Todas as histórias são de responsabilidade de seus respectivos autores. Não nos


responsabilizamos pelo material postado.
História arquivada em https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction­exo­
broken­souls­1673018

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