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POR UMA EDUCAÇÃO

ANTIRRACISTA
GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO EDUCACIONAL
SUPERINTENDÊNCIA DE DIVERSIDADES
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO E QUILOMBOLA

Mauro Mendes
Governador

Otaviano Pivetta
Vice-governador

Alan Resende Porto


Secretário de Estado de Educação

Amauri Monge Fernandes


Secretário Adjunto Executivo

Mozara Zasso Spencer Guerreiro


Secretária Adjunta de Gestão Educacional

Andreia dos Reis Juiz


Superintendente de Diversidades

Déborah Luiza Moreira Santana Santos


Coordenadora de Educação do Campo e Quilombola
MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso. POR
UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA. Cuiabá: SEDUC/MT, 2023.

Ainoã Rodrigues Chaves


Alvaro Júnio Bertipaglia da Silva
Amanda Bruno Nogueira Borges Ribeiro
Ângela Regina Lana Pinto
Cleuza Aparecida de Santana Gonçalves
Déborah Luiza Moreira Santana Santos
Fernando Rogério Domingos de Siqueira
Gizelle Prado Silva Fonseca
Janayna Greyce da Silva
Luzinéia Guimarães Alencar
Monika Michelly Aparecida Nunes

Alvaro Júnio Bertipaglia da Silva

Ângela Regina Lana Pinto


Déborah Luiza Moreira Santana Santos
Janayna Greyce da Silva

Ângela Regina Lana Pinto

Cristina Soares

Suely Dulce de Castilho


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 6
NOSSAS DIRETRIZES 7
UM BREVE PANORAMA SOBRE A RAIZ DA
DESIGUALDADE ÉTNICO-RACIAL 9
VAMOS COMPREENDER UM POUCO DA POLÍTICA QUE
INSTITUIU O ESTUDO DAS QUESTÕES ÉTNICO- RACIAIS
NA ESCOLA? 12
AFINAL, O QUE CHAMAMOS DE DIVERSIDADE ÉTNICO-
RACIAL? 15
CONVIDAMOS A GESTÃO ESCOLAR E OS EDUCADORES
A IMPLEMENTAREM CURRÍCULO
ANTIRRACISTA 15
VAMOS CONHECER COMO RACISMO ORGANIZA AS
RELAÇÕES SOCIAIS NO PAÍS? 16
VAMOS PENSAR SOBRE OS ESTIGMAS POR TRÁS DE
CERTOS VOCABULÁRIOS? 16
INICIATIVAS QUE PODEM AUXILIAR NO DEBATE DA
TEMÁTICA ÉTNICO-RACIAL 17
VAMOS FALAR SOBRE PROTAGONISMO DE MULHERES
NEGRAS E INDÍGENAS? 18
QUE TAL CONHECER ALGUNS PESQUISADORES E
INTELECTUAIS NEGROS E INDÍGENAS? 18
REFERÊNCIAS 19
APRESENTAÇÃO

Em comemoração aos 20 anos da


publicação da Lei 10.639/2003, a
Secretaria de Estado de Educação de
Mato Grosso (SEDUC-MT) estabeleceu
a meta de garantir o ensino de História
e Cultura Afro-brasileira, Africana e
Indígena em 100% das escolas do
Estado e assumiu o compromisso de
concretizar de fato a educação para as
relações étnico-raciais.
Como parte das Políticas Públicas Educacionais do Estado de Mato
Grosso, a Seduc-MT, por meio de investimentos em formação para
professores e materiais didáticos específicos sobre a temática da cultura
afro-brasileira e indígena, está fortalecendo as práticas pedagógicas no
âmbito das unidades escolares, potencializando o que preconiza a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) para a construção de um
estado de equidade racial.
Com este horizonte, o presente caderno está dentro do rol das ações
que a Seduc-MT tem desenvolvido para alcançar uma educação
democrática, que tem como um dos objetivos auxiliar a implementação
da cultura de um ensino antirracista. Ação que se soma a diversas outras
que a Secretaria Adjunta de Gestão Educacional (SAGE), por meio da
Superintendência de Diversidade (SUDI) e Superintendência de
Educação Básica (SUEB), tem realizado para concretização dos artigos
26A e 79B da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
A proposta deste material é inspirar os educadores e provocar
reflexões sobre a urgência de um trabalho pedagógico voltado para a
concreção da educação antirracista, com isso queremos dar visibilidade
às narrativas que foram ocultadas no processo histórico de colonização
do nosso país, cujas raízes estão ligadas ao conceito de
[1]
colonialidade. Deste modo, convidamos os educadores para
mergulharem na temática e juntos construirmos uma sociedade
livre do racismo, em que a diversidade seja respeitada e acolhida
em todas as suas dimensões.

NOSSAS DIRETRIZES

Dado que é imprescindível a implementação de uma Política


Antirracista nas escolas para desvelar as distorções históricas e as
injustiças praticadas contra a população afrodescendentes e
indígena, propomos ampliar o olhar sobre as possibilidades
pedagógicas de colocarmos em prática as Leis 10.639/2003 e
11.645/2008 e fomentar o debate sobre as histórias de luta e
protagonismo destes povos, por meio da revalorização de seus
saberes e fazeres, e do fortalecimento de ações para combater o
racismo estrutural. Sendo assim, a Política Antirracista que a
SEDUC-MT está construindo prevê a realização de atividades de
sensibilização e formação dos profissionais de Educação das
Escolas Estaduais de Mato Grosso: gestores, professores e
estudantes (junto ao Grêmio Estudantil).
O objetivo da política é estimular ações pedagógicas de
reconhecimento e valorização das histórias e culturas dos afro-
brasileiros, dos africanos e dos povos indígenas, combater o
racismo, o preconceito e promover o debate sobre desigualdade
étnico-racial na escola. Além disso, sabemos que estabelecer as
bases de um ensino antirracista em nossas unidades escolares é um
dos princípios determinantes para impedir a exclusão e evasão
escolar.

[1] A colonialidade iniciou-se com o processo de colonização do continente americano e foi se aprofundando
com o passar do tempo, criando profundaraízes que se configuram como um projetode subjugação e
hierarquização do outro que não se encaixam dentro do padrão hegemônico (MIGNOLO, 2017).
As ações pedagógicas, portanto, precisam ter como foco os
temas relativos às contribuições históricas, literárias, econômicas,
culturais, ambientais e estéticas das populações afrodescendentes
e indígenas para sociedade brasileira. Atividades que elevem a
autoestima, a autoconfiança e recomponham a autoimagem
positivada da população negrae indígena, para combater a
desigualdade étnico racial nas unidades escolares são
fundamentais para que os nossos estudantes possam ter
referências positivas, sentirem-se parte da escola e inseridos em
um contexto menos desigual.
Que tal iniciarmos a nossa conversa assistindo a um vídeo que
invoca a urgência de se trabalhar uma educação antirracista. As
informações retratadas nas manchetes que compõem o mosaico de
imagens a seguir, oferecem uma pequena dimensão sobre a
necessidade de implementar ações voltadas à construção de um
estado de equidade racial.

Para assistir ao vídeo “O racismo é


perigoso na educação das crianças”, leia
o Código QR posto na imagem do
mosaico ou acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?
v=KZGNu4NcWLs.
Mosaico de imagens 01 – Informações sobre os impactos das
desigualdade étnico-racial na vida escolar das populações negras.

Fonte: Canal Preto, vídeo: O racismo é perigoso na educação das crianças. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=KZGNu4NcWLs. Acesso em: 10 de jun. 2023
Como sinalizado no mosaico de imagens 01, o racismo tem
deixado marcas indeléveis na população negra. Neste processo, a
escola como instituição social, é basilar para mudança de valores e
deve ser um dos focos para desconstruir preconceitos e
reconstruir um mundo pautado em justiça social. E como
educadores precisamos assumir a responsabilidade de contribuir
para concretização de uma escola antirracista.
Nessa perspectiva, é preciso desenvolver práticas pedagógicas
pautadas em competências e habilidades ligadas não somente aos
objetos de conhecimento dos componentes de Língua Portuguesa,
Geografia, História, Ensino Religioso e Arte, conforme postulado
na BNCC, mas expandir para todos os componentes, para criarmos
na escola um ambiente acolhedor e de convívio respeitoso,
indispensável para a educação das relações étnico-raciais.
Neste material, oferecemos algumas sugestões que podem
inspirar e instigar os nossos professores a preparar e executar
atividades pedagógicas que envolvam os estudantes e os
conduzam para reflexões sobre as relações étnico-raciais. Para
começar os diálogos sobre desigualdade racial na educação
brasileira, os educadores e a gestão escolar podem conhecer um
pouco sobre as informações que compõem o Observatório da
Educação (Desigualdade racial na educação brasileira: um Guia
completo para entender e combater essa realidade).

Para ter acesso ao conteúdo, leia o Código QR ao


lado ou acesse o seguinte endereço eletrônico:
https://observatoriodeeducacao.institutounibanc
o.org.br/em- debate/desigualdade-racial-na-
educacao.
UM BREVE PANORAMA SOBRE A RAIZ DA DESIGUALDADE
ÉTNICO- RACIAL

Para início de conversa, precisamos desfazer o paradigma de


que no Brasil vivemos uma democracia racial, para entender
melhor e aprofundar no tema, antes de trabalhar esse assunto
com os estudantes, você pode assistir a série “Coleção
Antirracista”, que trabalha a temática da democracia racial.

Para assistir a um dos vídeos da coleção, leia o


Código QR ou acesse endereço:
https://www.youtube.com/watch?
v=tvBIG_XG2Lw&t=40s.

Conforme podemos conferir no vídeo, o projeto colonizador


esteve/está vinculado à expansão capitalista europeia, que
estabeleceu hierarquização de valor entre os povos (MIGNOLO,
2017), sobretudo entre os colonizadores (europeus, brancos –
que se intitularam como mais sábios, mais belos, mais cultos e
humanos) e os colonizados (indígena e negros – julgados como
sem saberes, sem história, sem religião, sem beleza, sem cultura),
com base em “raça/cor”. Tal violência se estendeu à construção
da desvalorização, na desumanização e na inferiorização dos
povos não-brancos, como princípios e estratégias para justificar
as violências e exclusões a eles impostos.

Para saber um pouco mais sobre o tema, leia o


Código QR ao lado, ou acesse o link:
https://negrasescrituras.com/o-que-e-
colonialidade/.
No Brasil, passado o tempo da escravização jurídico-legal e da
colonização formal, o racismo e as exclusões advindas desses
pensamentos e ações colonialistas e escravocratas
eurocêntricos/brancos continuam vigorosos. Novas formas de
preconceitos e racismos são recriadas cotidianamente, e estão
presentes em todas as estruturas da sociedade brasileira, com
forte reflexo nas instituições e nos indivíduos, como afirmou o
pesquisador, Silvio Almeida (2019), em sua obra: Racismo
Estrutural. Isso faz com que o racismo, a injúria racial e os
preconceitos perdurem, causando consequências devastadoras.
Apesar disso, a sociedade tem passado por grandes
transformações nos âmbitos, social, econômico, ambiental,
político, e tecnológico, as quais têm conectado o mundo em
decorrência da globalização, tornando possível a expansão da
consciência das pessoas em relação ao seu lugar no mundo, e de
sua inter-relação com os outros seres humanos, e suas
diferenças/diversidades.
Nesse viés, é importante destacar a importante atuação das
comunidades de resistência negra que existem desde o Brasil
Colonial. Mato Grosso possui, atualmente, 71 comunidades
[2]
quilombolas reconhecidas pela Fundação Palmares (2023), que
lutam bravamente pelo reconhecimento de seus direitos
ancestrais. A SEDUC-MT, por sua vez, tem garantido o direito à
Educação Quilombola e fomentado a diversidade e as
especificidades das comunidades, por meio do currículo e de
projetos educacionais.

[2] Comunidades Quilombolas Certificadas: https://www.gov.br/palmares/pt-br/midias/arquivos-menu-


departamentos/dpa/comunidades-certificadas/tabela-crq-completa-certificadas-14-03-2023.pdf. Acesso
em:10 de jun. 2023
A luta por educação escolar, pela manutenção de suas
culturas, expressas nas religiosidades, festejos, danças e seus
inúmeros saberes e fazeres são pautas caras para essas
comunidades, como afirmam as diversas pesquisas publicadas pelo
[3]
Grupo de Pesquisas em Educação Quilombola (GEPEQ), da
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
No que toca às populações do campo, Mato Grosso possui
grande diversidade de povos não brancos, existe no território um
rico mosaico de comunidades tradicionais e/ou culturais:
ribeirinhas, pantaneiras, pescadoras, assentados, pequenos
produtores rurais, entre outros grupos sociais (SILVA, 2011).
Comunidades, majoritariamente, formadas por pessoas negras, as
quais lutam pelos seus direitos existenciais, incluindo o acesso à
educação escolar, como atestam as pesquisas sobre desigualdades
educacionais, realizadas pelos grupos de pesquisa GEPEQ,
[4] [5]
NEPRE, GPEA, ambos da UFMT. De igual modo, nas regiões
urbanas, sobretudo, nos bairros afastados do centro da cidade,
vive predominantemente a população negra, que sofre os efeitos
racistas, colonialistas e excludentes (RAPOSO, 2019).
E não se trata de pequenos grupos. As populações negras,
em Mato Grosso, somam 60% do total de habitantes (IBGE, 2010).
O Censo de 2010 atesta que tal percentual supera a média
nacional, que é de 51%. Esse dado, somado ao panorama de
desigualdade étnico-racial, reafirma a necessidade da luta
antirracista nas escolas.

[3] Grupo de Pesquisas em Educação Quilombola (GEPEQ-UFMT): https://gepequfmt.blogspot.com/. Acesso


em: 11 de jun. 2023.
[4] Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE/UFMT):
https://www.instagram.com/nepreufmt_/. Acesso em: 11 de jun. 2023
[5] Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA-UFMT)
https://gpeaufmt.blogspot.com/p/banco-de-tese.html. Acesso em: 11 de jun. 2023
Sob um olhar diligente, responsável, proativo e inquieto por
contribuir e mediar a transformação desse cenário é que a SEDUC-
MT, por meio da Superintendência de Diversidades e da

índio
Superintendência de Educação Básica apresentam a proposta de
trabalhar a educação antirracista nas escolas da Rede Estadual,
com ações educativas que combatam o ódio, o preconceito, a
injúria racial, tendo como objetivo principal promover educação
para as relações étnico-raciais. Para fecharmos este tópico,
convidamos os educadores para assistir ao vídeo “Desigualdade
Racial no Brasil - 2 minutos para entender!”, que apresenta dados
sobre o cenário do racismo na sociedade.

Trata-se de uma produção que pode ser


dialogada e debatida em sala. Para ter acesso,
leia o Código QR ao lado ou acesse o seguinte
endereço eletrônico: Para saber um pouco mais
sobre o tema, leia o Código QR ao lado, ou
acesse o link: https://negrasescrituras.com/o-
que-e-colonialidade/.

VAMOS COMPREENDER UM POUCO DA POLÍTICA QUE


INSTITUIU O ESTUDO DAS QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA
ESCOLA?

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, alterada


pelo acréscimo dos artigos 26A e 79B, instituiu o estudo da
história e cultura afro-brasileira, africana e indígena no currículo
da educação básica e a inclusão do Dia Nacional da Consciência
Negra no Calendário Escolar.
Para conhecer na íntegra as alterações, leia o
Código QR ao lado, ou acesse a página do Planalto
no seguinte endereço eletrônico:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L
10.639.htm#art79a

Tais alterações, são fruto de lutas históricas, de modo que,


após mais de 500 anos de violento processo de marginalização e
[6]
epistemicídio, em 2003, avanços legislativos foram materializados
a partir da promulgação da Lei 10.639 que inseriu as temática afro-
brasileira e africana na agenda escolar. Cinco anos mais tarde, em
2008, a Lei 11.645 avançou na luta pela implementação de uma
educação para as relações étnico-raciais, inserindo a temática
indígena.

Para conhecer a alteração da lei na íntegra,


leia o Código QR ao lado, ou acesse a página do
Planalto no seguinte endereço eletrônico:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm.

As modificações na LDB demarcam a urgência do campo


educacional, reconhecer a importante contribuição das populações
afro-brasileira e indígenas na construção da sociedade brasileira.

[6] Epistemicídio é um termo criado pelo sociólogo e estudioso das epistemologias do Sul Global, Boaventura
de Sousa Santos, para explicar o processo de invisibilização e ocultação das contribuições culturais e sociais
não assimiladas pelo 'saber' ocidental. Disponível em: https://www.ufrgs.br/jornal/epistemicidio-e-o-
apagamento- estrutural-do-conhecimento-africano/. Acesso em: 14 jul. 2023.
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Efetiva o direito à Educação como conhecemos hoje
e, em seu Art. 242 § 1º, pontua: "O ensino da História
do Brasil levará em conta as contribuições das
diferentes culturas e etnias para a formação do povo
brasileiro."
LEI 10.639/2003
Inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática "História e
Cultura Afro-Brasileira".

PARECER 03/2004
Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana.

LEI 11.645/2008
Inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a
obrigatoriedade da temática "História e Cultura
dos povos indígenas"

2009
Plano Nacional de Implementação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e
Cultura Afro-brasileira e Africana.
LEI FEDERAL 12.288/2010
[7]
Institui o Estatuto da Igualdade Racial

CNE/CEB 13/2012
Aprovação das Diretrizes Nacionais
Curriculares para a Educação Escolar
Indígena.

CNE/CEB 16/2012
Aprovação das Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar
Quilombola.

LEI 12.711/2012
Aprovação da lei de ações afirmativas/cotas
no Ensino Superior.

[7] Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera a FONTE: TODOS PELA


Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, Lei nº 9.029, EDUCAÇÃO. Sumário Executivo:
de 13 de abril de 1995, Lei nº 7.347, de 24 de julho Equidade Étnico-racial na
de 1985, e Lei nº 10.778, de 24 de novembro de Educação: Recomendações de
2003. Políticas de Equidade Étnico-
racial para os governos federal e
estaduais. Brasília - DF, Junho de
2023.
AFINAL, O QUE CHAMAMOS DE DIVERSIDADE ÉTNICO-
RACIAL?
Cientes de que o conceito de diversidade é amplo, podendo
ser visto por várias óticas, aqui partimos da premissa que ele
enseja o direito de ser diferente e pressupõe o respeito e o
reconhecimento à diferença (FERREIRA, 2015). Contudo, em
função do foco deste material, utilizaremos o termo diversidade
para referir à dimensão étnico-racial, que neste caso “refere-se às
dimensões, aos significados e às questões que envolvem a história,
a cultura, a política, a educação e a vida social dos negros (pretos e
pardos)” e indígenas do Brasil (GOMES, 2023, p.105). Agora,
convidamos você a começar, junto com os estudantes, a refletir
sobre diversidade étnico-racial.
Sugerimos iniciar a atividade, assistindo ao
vídeo “Diversidade Étnico- racial”. Para ter acesso
ao material, leia o Código QR , ou acesse o
seguinte link: https://www.youtube.com/watch?
v=_S7BGkp2cSw.

CONVIDAMOS A GESTÃO ESCOLAR E OS EDUCADORES A


IMPLEMENTAREM O CURRÍCULO ANTIRRACISTA
Para direcionar as políticas antirracistas é necessário, dentre
outras ações, a implementação de um currículo específico para
tais práticas. Sendo assim, o Currículo Escolar deve contemplar e
valorizar as etnias, a trajetória ancestral, a história e a cultura
afro–brasileira, indígena e de demais povos tradicionais para que
os estudantes possam compreender a diversidade cultural e
valorizar a contribuição desses povos para a formação da
sociedade.
É importante que essa inclusão não seja apenas formal, mas
que, efetivamente promova a valorização dessas culturas e
combata os estereótipos e preconceitos de forma não pontual. A
implementação das Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008 exige a
adesão, responsabilidade, participação e o comprometimento de
todos os envolvidos no processo educativo, esclarecendo que a
participação dos educadores deve contemplar todas as áreas de
conhecimento, para que seja possível construir uma sociedade
mais justa, equitativa, que respeite a diversidade, valorize a sua
própria história, as lutas e conquistas e busque despertar,
conhecer, apropriar – se do sentido de pertencimento da história e
da cultura afro-brasileira e indígena.
O combate a todas as formas de racismo e de violência racial,
tanto as veladas, quanto aquelas que, por sua recorrência, acabam
sendo naturalizadas, deve ser prioridade na escola, pois tais
violências impactam diretamente os resultados de aprendizagem.
Neste sentido, sugerimos que exista na unidade escolar ambientes
e canais de denúncia, de fala, de escuta e de acolhimento, para que
os estudantes se sintam seguros e tenham a garantia de serem
respeitados para relatar casos de racismo, injúria racial e outras
formas de preconceito.
A Educação para as relações étnico-raciais ocorrerá, quando
fizer parte do projeto educacional e quando toda a Unidade
Escolar educar para desconstruir o racismo corrosivo que assola a
sociedade brasileira.
VAMOS CONHECER COMO RACISMO ORGANIZA AS
RELAÇÕES SOCIAIS NO PAÍS?
Sabemos que as palavras são repletas de sentidos, de
intenções que podem se revelar positivas, aquelas que enaltecem,
elogiam, aumentam a autoestima, reconhecem o valor do outro,
destacam as competências e habilidades do indivíduo e outras que
são negativas, rebaixam, humilham, magoam, desrespeitam,
diminuem a autoestima e contribuem para a exclusão das pessoas.
Portanto, conhecer os conceitos e sentidos das palavras que
usamos pode ser fundamental para estabelecermos e
assegurarmos uma relação de respeito, cordialidade, humanidade
e empatia com as pessoas.

Leia o Código QR e Assistia ao vídeo “Dez


expressões racistas que você fala sem perceber”.
Você também pode acessar o conteúdo, por meio
do endereço: https://www.youtube.com/watch?
v=E_BjYPOE3ag.

PALAVRAS E EXPRESSÕES QUE REFORÇAM O RACISMO NO


COTIDIANO
Criado-mudo: remete à função de negros escravizados que
serviam aos “senhores” de maneira silenciosa. Pode ser
substituído por mesa de cabeceira.
Denegrir: literalmente, significa “tornar negro”, a palavra
substitutiva pode ser difamar, desonrar, caluniar, desabonar,
enxovalhar, infamar, injuriar, macular, rebaixar.
Humor negro: com o mesmo tipo de associação, indica um gênero
de humor ligado a temas polêmicos, baseado em ironias e
sarcasmos. A expressão pode ser substituída por humor ácido.

INICIATIVAS QUE PODEM AUXILIAR NO DEBATE DA


TEMÁTICA ÉTNICO-RACIAL

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM ETNOMATEMÁTICA?

PROJETO AFROETNOMATEMÁTICA: para


conhecer o projeto leia o Código QR ao lado ou
acesse o seguinte endereço eletrônico:
https://www.appai.org.br/afroetnomatematica/

GEOMETRIA PRESENTE NA ARTE DOS POVOS


INDÍGENAS: para conhecer um pouco sobre este
assunto leia o Código QR ou acesse o endereço
eletrônico:
https://novaescola.org.br/conteudo/21645/geom
etria-arte- povos-indigenas-matematica?.

TRANÇAS AFRO E ETNOMATEMÁTICA: assista à


live sobre matemática das tranças lendo o
Código QR ou acessando o endereço:
https://www.youtube.com/watch?
v=R2GHeaUOsek&t=18s
VAMOS FALAR SOBRE PROTAGONISMO DE MULHERES
NEGRAS E INDÍGENAS?

INDÍGENAS INSPIRADORAS
Conheça a história de cinco mulheres inspiradoras lendo o Código QR ou
acessando o endereço: https://memoria.ebc.com.br/cidadania/2016/04/dia-
do-indio-cinco- historias-de-mulheres-inspiradoras

MULHERES NEGRAS: HISTÓRIAS, LUTAS, CONQUISTAS


Para conhecer algumas histórias de mulheres negras, leia o Código QR ao lado
ou acesse o seguinte endereço eletrônico: https://www.palmares.gov.br/?
p=1901.

QUE TAL CONHECER ALGUNS PESQUISADORES E


INTELECTUAIS NEGROS E INDÍGENAS?
12 INTELECTUAIS NEGRAS QUE MARCARAM A HISTÓRIA DO BRASIL E DO
MUNDO
Para conhecer algumas intelectuais negras, leia o Código QR , ou acesse o
endereço eletrônico: https://catarinas.info/12-intelectuais-negras-que-
marcaram-a-historia-do-brasil-e-do-mundo/.

PESQUISADORES INDÍGENAS
Para conhecer alguns pesquisadores indígenas, leia o Código QR, ou acesse o
endereço eletrônico: https://sagresonline.com.br/pesquisadores-indigenas-
apontam-necessidade-de-romper-padroes-de-producao-academica/.

ESCRITOR DANIEL MUNDURUKU


Para conhecer um pouco do pensamento do filósofo e escritor Daniel
Munduruku, leia o Código QR, ou acesse o endereço eletrônico:
https://www.youtube.com/@dmunduruku.

CIENTISTA E INVENTORES NEGROS


Para conhecer cientistas e inventores negros, leia o Código QR , ou acesse o
endereço eletrônico: https://www.geledes.org.br/cientista-e-inventores-
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.

ALMEIDA. S. J. Territórios quilombolas em livros didáticos de Geografia do PNLD/2015 / UFMT, Cuiabá - 2019.

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BERNARDINO-COSTA, Joaze; GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado,


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CARVALHO, Francisca Edilza Barbosa de Andrade; CASTILHO, Suely Dulce de. A DECOLONIALIDADE EM
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CARRIL, L. F. B. Os desafios da educação quilombola no Brasil: o território como contexto e texto. Universidade
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CASTILHO, S. D. Quilombo contemporâneo: educação, família e culturas / Suely Dulce de Castilho. – Cuiabá: Ed -
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