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Cenário LCA 02 maio 2007

n MERCADOS n EXPECTATIVA DE
CURTÍSSIMO PRAZO
Sondagens industriais po- CÂMBIO Deve seguir
dem dar munição à parcela ligeiramente acima
de R$ 2,00
conservadora do Copom
A possibilidade de redução mais rápida da Selic
não parece ter contido o apetite dos investidores
JUROS Devem se acomodar
nos mercados futuros
estrangeiros por derivativos de câmbio. Assim, o
BC terá de manter ritmo muito expressivo de
compra de divisas e de colocação de swaps cam-
biais reversos para manter o dólar acima de R$ BOLSA Pode sofrer alguma

2,00. Essa pressão de valorização só deverá di- realização de lucros,


minuir no 2o semestre, ante um estreitamento se mercados externos
um pouco mais rápido do diferencial de juros. reagirem negativa-
Todavia, segue relevante a probabilidade de que mente ao relatório do
o BC mantenha o ritmo de corte da Selic de 25 mercado de trabalho
pontos, uma vez que as sondagens industriais da norte-americano
CNI e da FGV mostraram aumento na utilização
de capacidade instalada e podem dar munição
para a ala mais conservadora do Copom.
n INTERNACIONAL
EUA: crescimento fraco do PIB “mascara” detalhes positivos

n POLÍTICA
Controle do Governo sobre CPI deverá ser relativo

n DESTAQUES DA SEMANA: INFLAÇÃO E PRODUÇÃO INDUSTRIAL

n PROJEÇÕES
Sondagens industriais podem
dar munição para parcela
mais conservadora do Copom

MERCADOS
A cotação do dólar a- Atuação. A cotação do dólar acumulou pequena alta, de 0,5%,
cumulou pequena alta, na 2a quinzena de abril. A interrupção na trajetória de valorização
de 0,5%, na 2a quinze- da moeda doméstica em relação ao dólar foi determinada exclu-
na de abril sivamente pela atuação mais incisiva do Banco Central.

Um primeiro indício da maior presença do Banco Central no mer-


cado cambial é a intensificação do volume de aquisição de divi-
sas: estimativas não-oficiais apontam que a autoridade monetá-
A interrupção na traje- ria comprou US$ 11,8 bilhões em abril, ante médias mensais de
tória de valorização da US$ 7,3 bilhões no 1o trimestre e de US$ 2,9 bilhões em 2006;
moeda doméstica em ademais, essas operações de compra do BC deixaram de obede-
relação ao dólar foi cer a horários e volumes pré-determinados. O segundo flanco de
determinada exclusi- atuação da autoridade monetária foi nos mercados futuros de
vamente pela atuação dólar, através de uma oferta mais abundante e mais freqüente de
mais incisiva do BC, ... swaps cambiais reversos. Os leilões desses papéis também deixa-
ram de ser anunciados com antecedência.

G1. Volume diário negociado por estrangeiros em câmbio futuro,


cupom cambial e opções de compra e venda de câmbio
MM30Dias, US$ bilhões. Fonte: BM&F. Elaboração: LCA.
... que intensificou a 50
compra de divisas no 45
mercado à vista e a
40
colocação de swaps
cambiais reversos 35

30

25

20
mai'06

jul'06

mar'07
jun'06

fev'07
nov'06

abr'07
out'06

jan'07
set'06
ago'06

dez'06
Outro fator que poderia contribuir para conter a apreciação cam-
Outro fator que poderia
bial seria a redução da previsibilidade do ritmo de corte da Selic
contribuir para conter a
daqui por diante – provocada principalmente pela decisão não-
apreciação cambial
unânime do Copom. Mas, no curto prazo, a possibilidade de uma

MERCADOS
seria a redução da pre-
redução mais rápida do juro básico não parece ter contido o ape-
visibilidade do ritmo de
tite dos investidores estrangeiros por derivativos de câmbio. Ao
corte da Selic daqui por
contrário, parece tê-los estimulado a aumentar suas operações
diante – provocada
(Gráfico 1), para aproveitar enquanto o diferencial de juros do-
pela decisão não-
méstico-externo permanece muito elevado.
unânime do Copom
Câmbio. A pressão de valorização sobre a cotação cambial do-
méstica deverá seguir muito intensa nos próximos meses, e exi-
girá que o Banco Central mantenha ritmo muito expressivo de
compra de divisas e de colocação de swaps cambiais reversos
para manter o dólar acima de R$ 2,00.
Mas, no curto prazo, a
possibilidade de uma G2. Balanço de Pagamento, rubricas selecionadas
35 Acumulado em 12 meses, US$ bilhões. Fonte: BCB
redução mais rápida do
juro básico não parece
25
ter contido o apetite
dos investidores es- 15
trangeiros por derivati-
vos de câmbio 5

-5

Transações correntes
-15
Investimento Externo Direto
Ao contrário, pode tê- Capitais de curto prazo
-25
los estimulado a au- jan'02 jan'03 jan'04 jan'05 jan'06 jan'07
mentar suas operações,
para aproveitar en- A evolução recente do Balanço de Pagamentos tem revelado uma
quanto o diferencial de forte intensificação no fluxo de capitais estrangeiros de curto pra-
juros doméstico- zo (Gráfico 2) – movimento diretamente associado à manutenção
externo permanece de um diferencial de juros elevado, num contexto em que o ambi-

muito elevado ente internacional permanece muito favorável e a percepção de


risco da economia brasileira tem diminuído significativamente.
Ademais, a redução do risco-Brasil também parece contribuir para
acelerar a entrada de investimento externo direto (Gráfico 2) e
O BC terá de manter
ajuda a explicar a expressiva redução recente das projeções do
ritmo muito expressivo mercado para a evolução do juro básico (Gráfico 3).
de compra de divisas e
G3. Evolução da média das

MERCADOS
de colocação de swaps
cambiais reversos para projeções do mercado para a Selic
12,0 Fim de período, em % ao ano. Fonte: BCB.
manter o dólar acima
11,8
de R$ 2,00 Para 2007
11,6
11,4
11,2
11,0
A evolução recente do 10,8
10,6
Balanço de Pagamentos Para 2008
10,4
tem revelado uma forte 10,2
intensificação no fluxo 10,0

13'fev
02'jan

16'jan

30'jan
01'dez

15'dez

01'mar

15'mar

29'mar

13'abr

27'abr
de capitais estrangei-
ros de curto prazo ...

Assim, a despeito de o superávit em transações correntes ter se


acomodado nos últimos dois anos (Gráfico 2) – e tender a sofrer
alguma redução daqui por diante –, o fluxo de divisas para o Bra-
... movimento direta- sil se intensificou significativamente, impondo forte pressão de
mente associado à ma- valorização sobre o câmbio. Nossa expectativa é de que essa
nutenção de um dife- pressão diminuirá, sobretudo no 2o semestre, em virtude de um
rencial de juros eleva- estreitamento um pouco mais rápido do diferencial de juros, num
do, num contexto em contexto de enxugamento (modesto) da liquidez global (na esteira
que o ambiente inter- do aumento dos juros em diversas importantes economias).
nacional permanece Vale lembrar que continuamos a avaliar que o Banco Central re-
muito favorável e a duzirá a Selic em 50 pontos-base nas reuniões do Copom de ju-
percepção de risco da nho e julho, ao passo que: (i) os juros de referência de diversas
economia brasileira importantes economias (Zona do Euro, Reino Unido, China, Méxi-
tem diminuído signifi- co) deverão continuar em elevação; e (ii) o FED deverá manter
cativamente inalterada a sua taxa básica de juros por um período mais prolon-
gado do que os mercados projetam (ver Internacional). Ainda
assim, é possível que o Banco Central tenha que adquirir neste
ano um volume bem maior de divisas do que atualmente estima-
Nossa expectativa é de
mos (cerca de US$ 55 bilhões) para que o dólar encerre 2007 nos
que a pressão de valo-
R$ 2,15 ora contemplados em nosso cenário básico.
rização só diminuirá no
Selic. Vale (mais uma vez) ressaltar que continuamos a atribuir
2o semestre, ...
probabilidade relevante, embora não preponderante, a um cenário

MERCADOS
em que o Banco Central preserva uma postura mais cautelosa na
condução da política monetária, mantendo o ritmo de corte da
Selic em 25 pontos-base por reunião do Copom. O principal fator
... em virtude de um
a preocupar a parcela mais conservadora do colegiado parece ser
estreitamento um pou-
a possibilidade de que surjam gargalos de oferta no médio prazo.
co mais rápido do dife-
rencial de juros Nesse sentido, as sondagens industriais da CNI e da FGV, divul-
gadas nos últimos dias, poderão fornecer munição para essa ala
que defende uma flexibilização monetária bastante cautelosa.
Com efeito, as duas sondagens apontaram elevação no nível de

Vale lembrar que proje-


utilização de capacidade instalada (NUCI)

tamos uma aceleração O levantamento feito pela FGV junto a cerca de 1000 empresas
no ritmo de corte da apontou que o NUCI, em termos dessazonalizados, passou de
Selic, num contexto em 83,2% em janeiro para 85,3% em abril – superando, assim, o
que diversas importan- pico de 84% observado em outubro de 2004. Não obstante, é
tes economias (Europa, importante ressaltar que a pesquisa da FGV solicita aos entrevis-
Reino Unido China, Mé- tados que indiquem os seus respectivos NUCIs por grandes faixas
xico) estão subindo (70% a 79%, 80 a 89% etc.). Na construção do indicador final,
juros são considerados os pontos médios dessas faixas. Assim, em ri-
gor, a informação da sondagem referente a abril apenas sugere
que na média a ociosidade diminuiu e que pode haver mais em-
presas dentro do intervalo de 80% a 89% de NUCI do que em
Todavia, continuamos a outras faixas, mas não chega a dar uma idéia precisa do nível de
atribuir probabilidade ociosidade.

relevante a um cenário Já a sondagem da CNI contou com uma amostra de cerca de 1500
em que o BC mantém o empresas. Trata-se de uma pesquisa trimestral paralela àquela
ritmo de corte da Selic realizada mensalmente pela entidade (Indicadores Industriais), e
em 25 pontos por reu- cuja fonte básica de informações são os dados coletados pelas
nião do Copom federações regionais junto a aproximadamente 3000 empresas
em 12 estados. Em ambos os levantamentos (mensal e trimes-
tral), a entidade pergunta à empresa a sua estimativa pontual
para o seu o NUCI. Na sondagem trimestral mais recente, refe-
As sondagens industri-
rente ao 1o trimestre, o NUCI ficou em 73%, um ponto percentual
ais da CNI e da FGV,
acima do nível apontado no mesmo período de 2006. A entidade
que mostraram aumen- não disponibiliza dados com ajuste sazonal, mas aponta que esse
to recente na utilização acréscimo no NUCI decorreu basicamente das pequenas e médias

MERCADOS
de capacidade instala- empresas, que são aquelas com maior ociosidade em suas plan-
da, poderão dar muni- tas: as pequenas registraram NUCI de 67% (ante 66% em 2005),
ção para a ala mais as médias, 73% (ante 71%) e as grandes, 78% (mesmo percen-
conservadora do Co- tual do ano passado). Vale lembrar que, ao adotar o pessoal ocu-
pom pado como critério de ponderação na agregação dos dados, a CNI
tende a chegar a valores mais baixos para o NUCI da indústria
como um todo (pois sabidamente vários importantes setores capi-
tal-intensivos tendem a manter, normalmente, baixos níveis de
ociosidade).

Lidos em conjunto, os levantamentos da FGV e da CNI sugerem


que a ociosidade industrial diminuiu nos primeiros meses do ano,
mas deixam bastante margem para dúvidas quanto ao nível em
que ela, em média, se encontra.

FIQUE DE OLHO: na repercussão, sobre o mercado futuro de ju-


ros, da divulgação, na 6a-feira (dia 04), do resultado de março da
produção física da indústria brasileira (apurado pelo IBGE). Olho
também na divulgação, prevista para os próximos dias, da leitura
relativa a março do indicador mensal de NUCI apurado pela CNI,
justamente aquele que vem sendo citado com maior freqüência nos
documentos do Banco Central.
VOLTAR
EUA: crescimento
fraco do PIB “mascara”
detalhes positivos

INTERNACIONAL
A safra da indicadores econômicos norte-americanos divulgada
Os indicadores recen-
nos últimos dias reafirmou o pressuposto principal do nosso cená-
tes reafirmam avalia-
rio macroeconômico básico: os EUA deverão atravessar 2007
ção de que os EUA de-
crescendo em ritmo bem mais moderado do que o observado em
verão atravessar 2007 anos anteriores, mas sem sofrer uma guinada recessiva.
crescendo em ritmo
PIB. A divulgação de um crescimento (trimestral anualizado) de
bem mais moderado,
apenas 1,3% do PIB dos EUA no 1o trimestre ficou bem abaixo
mas sem sofrer uma
das estimativas dos mercados, de crescimento de cerca de 2%.
guinada recessiva
Mas esse resultado mais fraco do que se previa "mascara" alguns
detalhes positivos do relatório divulgado pelo Bureau of Economic
Analisys (BEA) na 6a-feira (dia 27), sobretudo no que diz respeito
à evolução do investimento privado (aspecto que abordaremos de
O resultado mais fraco
modo mais detido adiante).
do que o esperado para
o PIB no 1º trimestre Embora tenha desacelerado em relação ao ritmo expressivo de

mascara detalhes posi- crescimento observado no último trimestre do ano passado, o

tivos do relatório consumo das famílias continuou a representar o principal vetor de


sustentação do crescimento norte-americano – amparado, princi-
palmente, na melhora do emprego e da renda ao longo dos últi-
mos anos (ver Cenário LCA de 09 de abril).

A maior surpresa posi- T1. EUA, PIB: variação de componentes selecionados


Variação trimestral anualizada, em termos reais, em %.
tiva veio no comporta-
mento do investimento I/07

privado (residencial e Projeção


I/06 II/06 III/06 IV/06 LCA Observado
não-residencial), ...

PIB 5,6 2,6 2,0 2,5 2,0 1,3


Consumo 4,8 2,6 2,8 4,2 3,8 3,8
Investimento Residencial -0,3 -11,1 -18,6 -19,8 -20,8 -17,0
Investimento Não-Residencial 13,7 4,4 10,0 -3,1 -1,9 2,0

Fonte: BEA. Projeções: LCA.


Mas o crescimento do consumo das famílias não foi o principal
... ao passo que a con-
detalhe favorável do relatório do PIB, uma vez que a sua taxa de
tribuição do setor ex-
expansão veio em linha com a nossa projeção (Tabela 1). A maior
terno, a variação de
surpresa positiva veio no comportamento do investimento privado

INTERNACIONAL
estoques e o consumo
(residencial e não-residencial), ao passo que a contribuição do
do governo representa-
setor externo, a variação de estoques e o consumo do governo
ram os principais as-
representaram os principais aspectos desfavoráveis – tendo sido
pectos desfavoráveis
os componentes responsáveis pelo resultado agregado mais fraco
do que prevíamos.

Investimento. Ao contrário do que esperávamos, o ritmo de


Ao contrário do que
contração do investimento residencial diminuiu um pouco no 1o
esperávamos, o ritmo
trimestre do ano, relativamente à queda observada no último tri-
de contração do inves-
mestre de 2006. Isso é mais um ingrediente a reiterar nossa ava-
timento residencial
liação de que o ponto mais intenso da correção do mercado imobi-
diminuiu um pouco no
liário norte-americano já foi ultrapassado – e que os seus impac-
1o trimestre do ano,
tos adversos sobre a construção civil deverão ser gradativamente
relativamente à queda
diluídos (Gráfico 1).
observada no último
trimestre de 2006 G1. EUA, evolução do investimento residencial
25 Variação trimestral anualizada, em %.
19,9
20 Fonte: BEA. Projeções: LCA.
15 11,1
Isso reforça nossa ava- 10 7,1

liação de que o ponto 5 0,0


2,0

mais intenso da corre- 0


-1,0 -0,3
-5
ção do mercado imobi-
-10 -8,0
liário norte-americano -15
-11,1
-15,0
já foi ultrapassado -20 -18,6 -19,8
-17,0

-25
III/05

III/06

III/07
II/05

II/06

II/07
I/05

I/06

I/07

I/08
IV/05

IV/06

IV/07

Mais importante, o in-


vestimento não- Mais importante, o investimento não-residencial também teve
residencial também desempenho melhor do que prevíamos. Indicadores antecedentes,
teve desempenho me- embora tenham sugerido alguma melhora a partir de março, indi-
lhor do que prevíamos cavam que esse componente do PIB teria sofrido contração adi-
cional no 1o trimestre, ainda que em intensidade mais branda do
que a verificada no 4o trimestre de 2006. Assim, o crescimento
Assim, o crescimento
(ainda que modesto) observado no 1o trimestre é mais um ingre-
(ainda que modesto)
diente a sinalizar que a recaída do final do ano passado foi um
observado no 1o tri- fenômeno transitório, provavelmente associado a um acúmulo
mestre é mais um in- indesejado de estoques na indústria ao longo de 2006 (ver Cená-

INTERNACIONAL
grediente a sinalizar rio LCA de 26 de fevereiro).
que a recaída do final
G2. EUA, evolução do investimento não-residencial
do ano passado foi um
Variação trimestral anualizada, em %.
fenômeno transitório,... 16 Fonte: BEA. Projeções: LCA.
14 13,7
12 10,0
10
... provavelmente asso- 8 6,0 6,3
7,2
5,9 5,9
5,2
ciado a um acúmulo 6 5,1
4,4
3,8
4
indesejado de estoques 2,0
2
na indústria ao longo 0
de 2006 -2
-4 -3,1
III/05

III/06

III/07
II/05

II/06

II/07
I/05

I/06

I/07

I/08
IV/05

IV/06

IV/07
Continuamos a esperar
que o investimento Assim, continuamos a esperar que o investimento não-residencial
não-residencial se re- se recupere ao longo dos próximos trimestres (Gráfico 2). Isso,

cupere ao longo dos num contexto em que as empresas continuam a exibir balanços

próximos trimestres
financeiros bastante saudáveis, deverá dar sustentação ao atual
ciclo de expansão da economia norte-americana – compensando a
desaceleração um pouco mais pronunciada que projetamos para o
consumo das famílias (Gráfico 3), num contexto em que o empre-
Isso, num contexto em
go e a renda deverão começar a acusar com maior intensidade (e
que as empresas conti-
de maneira defasada) os impactos adversos da correção do mer-
nuam a exibir balanços
cado imobiliário e da contração (ainda que momentânea) do in-
financeiros bastante
vestimento não-residencial registradas no ano passado.
saudáveis, dará susten-
tação ao atual ciclo de O aumento consistente das encomendas de bens de capital em
expansão da economia março e, sobretudo, a expressiva melhora de expectativas apon-
norte-americana, ... tada pela sondagem industrial ISM de abril tendem a reforçar a
avaliação de que o investimento privado norte-americano está em
recuperação. Com efeito, o ISM apontou de março para abril uma
... compensando a de- melhora generalizada, com destaque para a alta observada nos
componentes de emprego e encomendas.
saceleração um pouco
EUA, evolução do consumo das famílias
mais pronunciada que
Variação trimestral anualizada, em %.
projetamos para o con- 6 Fonte: BEA. Projeções: LCA.
sumo das famílias
5 4,8

INTERNACIONAL
4,2 4,2
3,9 3,8
4
2,8 3,0 3,0
2,7
O aumento consistente 3 2,6 2,5
2,3

das encomendas de 2
bens de capital em 0,8
1
março e, sobretudo, a
0
expressiva melhora de

III/05

III/06

III/07
II/05

II/06

II/07
I/05

I/06

I/07

I/08
IV/05

IV/06

IV/07
expectativas ...

Inflação e FED. Um aspecto negativo do ISM divulgado na 3a-

... tendem a reforçar a


feira (dia 1o) foi a alta adicional do componente de preços pagos
aos fornecedores (Gráfico 4). Isso sugere que as pressões de cus-
avaliação de que o in-
tos podem estar aumentando na base da cadeia produtiva, prova-
vestimento privado
velmente em decorrência de um renovado encarecimento de ma-
norte-americano está
térias-primas (sobretudo metálicas e energéticas). Isso, em con-
em recuperação
junto com o aumento do custo da mão-de-obra e com a desvalo-
rização do dólar (que encare as importações), tende a manter a
inflação norte-americana renitente, correndo em nível um pouco
Um aspecto negativo
superior ao que o FED considera confortável.
do ISM foi a alta adi-
cional do componente G4. EUA, sondagem industrial:
de preços pagos aos preços pagos aos fornecedores
Em pontos (acima de 50 = aceleração). Fonte: ISM.
fornecedores, ... 85
80
75
... o que sugere que as
70
65
pressões de custos po-
60
dem estar aumentando 55
na base da cadeia pro- 50
dutiva 45
40
Jul
Mai
Mar

Nov

Mar
Jun
Abr

Abr
J'06

J'07
Dez
Out
Fev

Fev
Ago
Set

Isso, em conjunto com


o aumento do custo da
Nesse contexto – e a despeito de os indicadores de inflação de
mão-de-obra e com a
março terem surpreendido favoravelmente e as expectativas de
desvalorização do dólar
inflação continuarem relativamente bem ancoradas – o FED deve-
tende a manter a infla-
rá, na sua reunião de política monetária da próxima semana, evi-

INTERNACIONAL
ção renitente, correndo
tar sinalizações que levem os mercados a avaliar que o juro pri-
em nível um pouco su-
mário norte-americano poderá ser reduzido no curto prazo.
perior ao que o FED
considera confortável FIQUE DE OLHO: no relatório de abril sobre o mercado de traba-
lho norte-americano, que será divulgado na 6a-feira (dia 04). Nossa
expectativa é de que tenham sido criados cerca de 75 mil novos
Assim, o FED deverá, postos de trabalho no mês passado – uma significativa desacelera-
em sua reunião na pró- ção em relação à média do 1o trimestre (152 mil ao mês), o que
xima semana, evitar poderá provocar maior volatilidade nos mercados financeiros norte-
sinalizações que levem americanos.
os mercados a avaliar VOLTAR
que o juro primário
poderá ser reduzido no
curto prazo
Controle do governo sobre
CPI deverá ser relativo
Balanço. Na semana passada a base governista na Câmara co-

Na semana passada a
memorou a aprovação, após mais de três meses do seu envio ao

POLÍTICA
Congresso, da nona (e última) MP do PAC, em meio aos embates
base governista na
com a oposição em torno da instalação da CPI do Apagão Aéreo.
Câmara comemorou a
Contudo, o Planalto não parece ter razões para comemorar. A jul-
aprovação da nona (e
gar pela meta de investimento (relativamente ambiciosa) prevista
última) MP do PAC
para este ano quando do lançamento do PAC (pouco mais de 22%
de todos os recursos previstos para o período 2007-2010), o go-
verno parecia apostar numa tramitação mais rápida das medidas
Mas a julgar pela meta
do programa.
de investimento (rela-
tivamente ambiciosa) Apenas duas MPs já passaram pelo Senado e seguiram para san-
prevista para este ano ção presidencial (MPs 346 e 350); as sete restantes ainda precisa-
quando do lançamento rão ser votadas pelo Senado, sendo que cinco delas entraram na
do PAC , ... pauta de votações desta semana (e já trancam a pauta da Casa).
Os projetos de lei que compõem o PAC, por sua vez, permanecem
no âmbito das comissões especiais da Câmara, à exceção do que

... o governo parecia


altera a Lei de Licitações (enviado em regime de urgência), que
deverá ser votado ainda nesta semana pelo plenário.
apostar numa tramita-
ção mais rápida das Nesta 5ª-feira (03) o governo fará o primeiro balanço da execução
medidas do programa do PAC. A expectativa predominante é de que os números que a
ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, apresentará sobre o de-
sempenho do programa serão bastante modestos. Mas, ao que
A expectativa predomi- tudo indica, os problemas de execução não decorreriam exclusi-
nante é de que os nú- vamente da demora na aprovação das medidas enviadas ao Con-
meros que a ministra gresso.
Dilma Roussef apresen- Há entraves de gestão importantes, como ficou evidente na deci-
tará nesta 5ª-feira so- são de reformulação do Ibama – órgão responsável pela conces-
bre o desempenho do são de licenças ambientais –, que veio a público na semana pas-
programa serão bas- sada, após as dificuldades para a liberação das licenças para a
tante modestos construção das hidrelétricas do Rio Madeira (Santo Antônio e Ji-
rau), consideradas cruciais para afastar o risco de crise de escas-
sez de energia a partir de 2011. Este não é, porém, o único caso.
Mas, ao que tudo indi-
Permanece em aberto, por exemplo, a decisão das concessões à
ca, os problemas de
iniciativa privada de sete trechos de rodovias (que inclui a Fernão
execução não decorre- Dias e a Régis Bittencourt), suspensa no início de janeiro com a
riam exclusivamente da justificativa de que seriam revistos os parâmetros para a definição
demora na aprovação das tarifas.
das medidas enviadas

POLÍTICA
O núcleo político do governo dá sinais de preocupação com as difi-
ao Congresso
culdades para deslanchar o PAC e é provável que novas medidas,
à semelhança da reestruturação do Ibama, sejam adotadas com o
fim de remover obstáculos. No entanto, a montagem do segundo
Há entraves de gestão
escalão e das diretorias de estatais e de bancos públicos, que de-
importantes, como fi-
verá se estender ainda por algum tempo, parece ser mais um fa-
cou evidente na deci-
tor a reforçar as dificuldades de execução do governo.
são de reformulação do
Ibama, após as dificul- CPI da Câmara. Nesta 5ª-feira deverá ser instalada a CPI do A-

dades para a liberação


pagão Aéreo na Câmara – a do Senado ficou, segundo acordo de
lideranças na semana passada, para meados de maio –, em meio
das licenças para a
a fortes divergências no interior da oposição sobre a estratégia a
construção das hidrelé-
ser seguida. A divergência mais evidente refere-se ao próprio foco
tricas do Rio Madeira
das investigações: a bancada do DEM (ex-PFL) quer começar os
depoimentos pela Infraero, mas não contaria com o apoio da ban-
cada tucana na Câmara, de acordo com as manifestações do seu
O núcleo político do
líder, deputado Antônio Carlos Pannunzio (SP). Mas parece tam-
governo dá sinais de
bém haver maior disposição do PSDB para fortalecer a CPI da Câ-
preocupação com essas
mara vis-à-vis a do Senado, contrariando a inclinação dos senado-
dificuldades e é prová-
res do DEM de privilegiar a da Casa, em razão do maior equilíbrio
vel que novas medidas
entre as forças da oposição e do governo. Nos próximos dias é
sejam adotadas com o
provável que haja alguma acomodação entre as posições dos dois
fim de remover obstá-
partidos.
culos
O Planalto deverá contar com a ampla maioria dos membros da
CPI na Câmara: dezesseis, contra oito da oposição. Aparentemen-
te os dois maiores partidos aliados ao governo teriam decidido
Mas a montagem do 2º
indicar tanto o presidente (PMDB) como o relator da CPI (PT), a-
escalão parece ser mais
fastando a hipótese antes cogitada de contemplar o PSDB. Há
um fator a reforçar as
também sinais de que a oposição poderá desistir de recorrer ao
dificuldades de execu-
STF para obter um dos cargos de comando na CPI, conforme havia
ção do governo
anunciado, frente à previsão do regimento de que cabe ao partido
Em tese, a ampla maio-
com a maior bancada indicar o presidente e o relator. Isso garan-
ria dos membros e a
tiria ao Planalto, em tese, o controle sobre o funcionamento da
indicação dos postos de comissão. De qualquer forma, é evidente que a instalação da CPI
comando da CPI na representa um fator de preocupação (e de risco) para o governo,
Câmara devem garantir sobretudo considerando o cenário legislativo bastante benigo que
ao Planalto o controle vinha prevalecendo desde o início do ano.

POLÍTICA
sobre o funcionamento
FIQUE DE OLHO: no balanço da execução do PAC previsto para 5ª-
da comissão
feira (dia 3). No mesmo dia será instalada a CPI do Apagão Aéreo na
Câmara. Vale acompanhar os passos iniciais da comissão, observando
em particular as estratégias dos dois principais partidos de oposição.
De qualquer forma, é
evidente que a instala- VOLTAR
ção da CPI representa
um fator de risco para
o governo, sobretudo
considerando o cenário
legislativo bastante
benigo que vinha pre-
valecendo desde o iní-
cio do ano
Inflação
Na 6ª-feira (04) a Fipe divulgará o IPC de abril. Projetamos alta de
0,32%, acima da taxa de 0,25% observada na 3ª quadrissemana do
mês. E essa aceleração deverá advir sobretudo dos preços dos com-
bustíveis, em especial da gasolina e do álcool, refletindo o fim da en-

DESTAQUES DA SEMANA
tressafra de cana-de-açúcar. Outro item que provavelmente contribu-
irá para o movimento será o reajuste no preço dos medicamentos,
anunciado para entrar em vigor no início de abril.

Produção industrial
Também na 6ª-feira (04), o IBGE divulgará os resultados da PIM-PF
de março. Nossa previsão é de que a produção tenha sido 3,6% su-
perior à de março de 2006, o que corresponderia a uma alta de 1%
ante fevereiro, na série com ajuste sazonal. Praticamente todos os
indicadores coincidentes da atividade manufatureira apresentaram
forte elevação entre fevereiro e março. O consumo de energia elétri-
ca, apurado pelo ONS, avançou 3%. Segundo informações da Funcex,
as exportações de bens manufaturados cresceram 7,9%, e as impor-
tações de matérias-primas (exclusive combustíveis), 7,7%. O fluxo
pedagiado de veículos pesados, de acordo com a ABCR, teve alta de
2,1%; e a expedição de papelão ondulado, segundo a ABPO, cresceu
2,8%. A produção nas indústrias automotiva e de motociclos também
apresentou resultado positivo (aumentos de 5% e 1,6%, respectiva-
mente). Já a extração de óleo e gás teve ligeiro crescimento (de
0,2%, segundo dados da Petrobrás).
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Projeções mensais - Brasil
IPCA IGP-M R$/US$ Selic (% a.a.) Balança Comercial
(% a.m.) (% a.m.) (média mensal) final de período(a) US$ milhões
dez/06 0.48 0.32 2.15 13.25 5,010
jan/07 0.44 0.50 2.14 13.00 2,493
fev/07 0.44 0.27 2.10 13.00 2,882
mar/07 0.37 0.34 2.09 12.75 3,323
abr/07 0.23 0.04 2.03 12.50 4,203
mai/07 0.25 0.05 2.03 12.50 3,553
jun/07 0.20 0.25 2.04 12.00 3,617
jul/07 0.25 0.38 2.08 11.50 4,075
ago/07 0.20 0.30 2.10 11.50 3,642
set/07 0.20 0.35 2.11 11.25 2,759
out/07 0.32 0.55 2.13 11.00 3,383
nov/07 0.36 0.50 2.14 11.00 2,376
dez/07 0.43 0.40 2.15 10.75 3,695
(a) Meta Selic definida nas reuniões do Copom.

PROJEÇÕES 2 MAIO 2007


Projeções anuais - Brasil
2007
Indicador Unidade 2006 2008
observado projeção
PIB (preços de mercado) % 4 trimestres 3.7 - - 4.0 4.3
Produção industrial % 12 meses 2.8 2.8 fev/07 3.6 (a) 4.6 (a)

Conta corrente US$ bi (12 meses) 13.3 13.4 mar/07 7.0 1.4
Saldo comercial US$ bi (12 meses) 46.1 47.0 abr/07 40.0 36.5
Exportações US$ bi (12 meses) 137.5 145.0 abr/07 152.6 167.2
Importações US$ bi (12 meses) 91.4 98.0 abr/07 112.6 130.8
Investimento direto US$ bi (12 meses) 18.8 21.4 mar/07 27.0 30.0
Reservas internacionais US$ bi - final de período 85.8 121.8 abr/07 150.0 180.1

IPCA % 12 meses 3.1 3.0 mar/07 3.8 3.7


IGP-M % 12 meses 3.8 4.3 mar/07 4.0 3.9
R$/US$ final de período 2.14 2.03 abr/07 2.15 2.25
R$/US$ média do período 2.18 2.03 abr/07 2.09 2.20
Juros nominais (Selic) % a.a. - final de período 13.3 12.50 abr/07 10.75 9.75
Juros nominais (Selic) média do período 15.1 - - 11.9 10.2
Risco-Brasil (Embi+) pontos-base - fim de período 192 156 abr/07 150 144

Resultado primário % PIB (12 meses) 3.9 4.1 mar/07 3.3 3.4
Resultado nominal % PIB (12 meses) -3.0 -2.5 mar/07 -1.8 -1.6
Dívida líquida % PIB valorizado 44.9 45.0 mar/07 43.8 42.6
(a)
Sujeito a alteraçôes em decorrência do novo PIB. Fontes: Bacen, IBGE, MDIC, FGV. Projeções próprias.

Projeções anuais - Economia internacional


2007
Indicador Unidade 2006 2008
observado projeção
(a)
PIB Grandes Economias 5,5 - - 4,9 5,1
EUA 3,3 1,3 1º tri 2,1 2,8
Japão % 4 trimestres 2,2 - - 2,0 2,3
EuroZona 2,8 - - 2,3 2,4
China 10,6 11,1 1º tri 10,3 9,6

Inflação EUA 2,6 2,8 mar/07 3,0 2,3


Japão %12 meses 0,3 -0,1 mar/07 0,5 0,5
EuroZona 1,9 1,9 mar/07 2,1 2,0

Juros Fed 5,25 5,25 abr/07 5,25 5,00


T-Note (10 anos) 4,71 4,63 abr/07 4,65 4,60
% a.a. (fim de período)
BCE 3,50 3,75 abr/07 4,00 4,00
Libor (6 meses, US$) 5,35 5,32 mar/07 5,4 5,2
(a) Agregação dos PIBs de EUA, EuroZona, Japão e China, com pesos PPP (FMI); corresponde a 63% do PIB mundial.
Fontes: Bureau of Economic Analysis (EUA), Statistics Bureau of Japan, BCE e The Economist. Projeções próprias.

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