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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DA UNIVERSIDADE DE

COIMBRA LICENCIATURA EM ENGENHARIA BIOMÉDICA

NOME DOS ALUNOS: -DUARTE FERREIRA (2020235393)


-ANA FERREIRA (2020226565)

FÍSICA QUÂNTICA
EXPERIÊNCIA DE FRANCK-HERTZ

COIMBRA
14/11/2022
EXPERIÊNCIA DE FRANCK-HERTZ

Índice

Objetivos--------------------------------------------------------------------------------------------3

Introdução------------------------------------------------------------------------------------------3

Método experimental----------------------------------------------------------------------------4

Equipamento---------------------------------------------------------------------------------------5

Resultados e análise de dados----------------------------------------------------------------5

Discussão dos Resultados---------------------------------------------------------------------8

Bibliografia-----------------------------------------------------------------------------------------9

Departamento de Física da FCTUC 2


EXPERIÊNCIA DE FRANCK-HERTZ

Objetivos

• Realizar uma experiência semelhante à de Franck e Hertz, usando uma ampola


de néon.

• Determinar a perda de energia dos eletrões devido a colisões inelásticas com


átomos de gás.

• Observar o fenómeno de emissão de luz e estudar a sua correlação com a


perda de energia dos eletrões

• Interpretar a experiência e determinar a energia de transição atómica envolvida.

Introdução

O modelo atómico de Bohr diz que a energia atómica se encontra quantizada e


que os eletrões se movem em orbita circular, as quais são chamadas de estados
estacionários.
Franck e Hertz realizaram uma experiência fundamental que confirmou de forma
independente que os eletrões num átomo ocupam níveis de energia discretos,
tal como proposto por Bohr.
A experiência de Franck- Hertz foi desenhada com o objetivo de medir a energia
absorvida pelo átomo no processo de excitação, i.e., na transição entre o nível
de energia mais baixo do átomo (estado fundamental) e um nível de energia
excitado. A forma escolhida para fornecer energia ao átomo foi a de acelerar
eletrões num campo elétrico e permitir que esses eletrões colidissem com
átomos de um gás monoatómico, transferindo-se a sua energia para esses
átomos.
A experiência de FH permite medir a perda de energia cinética dos eletrões nos
choques inelásticos (a energia do eletrão é igual ou maior do que a separação
entre níveis atómicos a sua energia pode ser transferida para o átomo e induzir
uma transição atómica) com átomos do gás e relacioná-la com o processo de
desexcitação atómica subsequente. Franck e Hertz verificaram que só há
choques inelásticos com átomos de mercúrio para determinados valores da
energia do eletrão. Concluíram que a energia perdida pelos eletrões no choque
é de 4,9 eV, sendo acompanhada por emissão de luz U.V. de 2536,6 Å. A
energia desses fotões U.V. é dada por:

ℎ𝑐 12,4 × 103 𝑒𝑉. Å


𝐸𝑓𝑜𝑡ã𝑜 = = = 4,87𝑒𝑉
𝜆 2536.6Å

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ou seja, é igual a energia perdida pelos eletrões nas colisões inelásticas. Se a


energia dos eletrões for inferior a 4,9 eV as colisões destes com os átomos de
mercúrio são apenas elásticas, i.e. sem transferência da energia para o átomo
e, consequentemente, sem posterior emissão de fotões. Em conclusão, a
energia dos níveis eletrónicos do mercúrio está quantificada e a diferença de
energia entre o estado fundamental e o 1º estado excitado dos átomos de
mercúrio ´ e de 4,9 eV.
A experiência em causa usa uma ampola contendo átomos de néon, em vez de
mercúrio, mas é concetualmente semelhante à de FH.

Método experimental

Figura 1. Tubo de FH contendo néon à temperatura ambiente e a uma pressão


de 10 hPa. O tubo tem quatro elétrodos: um cátodo aquecido K que emite
eletrões, a grelha de controle G1 nas proximidades do cátodo, uma grelha de
aceleração G2 mais distante e o coletor A. Os eletrões emitidos formam uma
nuvem carregada junto ao cátodo K e são atraídos para a grelha G1 pelo
potencial U1. Em seguida, são acelerados entre as ˜ grelhas G1 e G2 por U2.
Os eletrões que têm energia suficiente para vencer a barreira criada pelo
potencial retardador U3, atingem o elétrodo A e originam a corrente I, que é
medida. Sendo o objetivo obter uma curva de FH da mesma forma da figura 2
A tensão de aquecimento 𝑈𝐻 está predefinida, mas as tensões U1, U2 e U3 são
ajustáveis

Figura 2. Curva de FH pretendida

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Figura 3. Sistema experimental para experiência de FH de néon. Esquerda:


tubo de FH; centro: unidade de controle que permite ajustar as tensões U1, U2
e U3; direita: representação esquemática da aquisição de dados, constituída por
uma interface e um computador, que permitem representar uma curva de FH.

Equipamento

• Ampola de Franck-Hertz de Ne

• Unidade de alimentação e controle (ambas da Leybold Didactic)

• Sistema de aquisição

Resultados e análise de dados

Gráfico 1-Curva de Franck-Hertz otimizada para a visualização dos picos 1 e


2.

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Gráfico 2-Curva de Franck-Hertz otimizada para a visualização dos picos 3 e


4.

• É preciso ter em atenção que a tensão representada no eixo do x é U2/10.

Gráfico Pico U1 (V) δU1 (V) U2(V) δU2 /10(V) U3(V) δU3 (V)
1 16,74 0,10
1 1,16 7,01
2 35,85 0,15
0,01 0,01
3 38,23 0,12
2 0,59 9,54
4 57,23 0,11
Tabela 1-Posição dos picos nas curvas de Franck-Hertz

Nota: Os valores de U2 correspondentes a cada pico estão representados nos


gráficos acima

Para calcular os valores de ΔU recorreu-se à seguinte expressão:

𝜟𝑼 = 𝑼𝟐 (𝒑𝒊𝒄𝒐 𝒏 + 𝟏) − 𝑼𝟐 (𝒑𝒊𝒄𝒐 𝒏)

O cálculo das incertezas 𝜹(𝜟U) foi desenvolvido recorrendo à propagação de


erros:

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Obtendo-se os seguintes valores:

ΔU(V) δ(ΔU) (V)

19,11 0,101

19,00 0,101
Tabela 2-Valor de ΔU e a respetiva incerteza

Mancha U1 (V) δU1 (V) U2(V) δU2 (V) U3(V) δU3 (V) ΔU(V) δ(ΔU) (V)
1 31,4
11,8
2 43,2
1,16 0,01 0,1 7,06 0,01 0,1
3 43,2
26,2
4 69,4
Tabela 3-Posição das manchas luminosas nas Curvas de Franck-Hertz

As incertezas 𝜹𝑼𝟏 e 𝜹𝑼𝟑 correspondem à menor divisão da escala do aparelho


digital utilizado (0.01V).

Já no que toca à incerteza 𝜹𝑼2, para a determinação da posição dos picos, foi
realizada uma estimativa da maior diferença entre o valor de U2 e os valores
antes e depois do mesmo.

Para o caso das manchas luminosas, o valor de 𝜹U2 foi calculado com recurso
à propagação de erros e tendo em conta que no programa o valor de 𝑈2
correspondia a 1/10 do valor lido no aparelho, chegando-se ao valor de 0.10 V.

Os valores de ΔU e 𝜹(𝜟U), para a questão das manchas luminosas, foram


calculados da mesma forma que anteriormente.

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Discussão dos Resultados

Nesta experiência utilizamos um gás monoatómico, pois só assim é que se pode


garantir que a energia do choque entre o eletrão e o átomo é utilizada para a
excitação do átomo e não para a quebrar ligações da molécula.

Caso se utilizasse um gás diatómico o objetivo de medir a energia absorvida no


processo de excitação do átomo não era atingido.

De forma a otimizar a visualização dos gráficos, fomos ajustando os valores de


U1 e U2. O aumento de U1 provoca uma maior emissão de corrente e o aumento
de U3 melhora a definição dos máximos e mínimos, porque provoca uma queda
da corrente mais acentuada após atingir o seu máximo.

Para a obtenção do gráfico 1, com o objetivo de obter os picos 1 e 2, foi


estabelecido um valor de U1=1,16V para evitar que a corrente crescesse
demasiado rápido, podendo atingir o limite máximo do amplificador. O valor de
U3 foi reduzido a 7,01V, de forma que a corrente não sofra uma queda
acentuada, ficando cortada na parte de baixo do gráfico.

No que toca ao gráfico 2, agora com a finalidade de obter os picos 3 e 4 reduziu-


se o valor de U1 para 0,59 V e aumentou-se o valor de U3 para 9,54V, o que
contribuiu para uma maior definição dos máximos e mínimos observados no
gráfico.

Nos dois gráficos entre os valores dos máximos existem mínimos, onde ocorre a
maior emissão de fotões durante a desexcitação dos átomos. Estes mínimos
correspondem ao momento em que é possível observar uma mancha luminosa
junto à grelha G2.

Através do espaçamento entre os picos (∆U), obtemos a perda de energia do


eletrão nas colisões inelásticas com os átomos de néon. Esta energia vai
corresponder à energia de transição do néon.

Comparando ∆Umax=19,11V com o valor de ionização tabelado do Neon (21.5


V), percebemos que não houve ionização pois o primeiro valor é menor que o
segundo valor. Isto acontece porque devido á pressão muito elevada no tubo que
é causada pelo facto de os eletrões começarem a perder energia para o átomo
através de colisões inelásticas, atingindo primeiramente o valor mínimo
necessário para a excitação desses átomos.

Tendo em conta a figura 4 verifica-se que os níveis de energia 3p estão situados


no intervalo de energia [18.30;18.90] eV, e os níveis de energia 3s no intervalo
[16.57;16.79] eV. Comparando com os valores obtidos experimentalmente,
começando pelos valores da tabela 2 ((19,11 ± 0.101) V para o gráfico 1 e (19,00
± 0.101) V para o gráfico 2), não é possível associar nenhum dos picos a
nenhuma das transições eletrónicas. Agora analisando os valores da tabela 3
((11,8 ± 0.1) V para as manchas 1 e 2 e (26,2 ± 0.1) V para as manchas 2 e 3),
ou seja nenhum valor pode ser associada a transições energéticas.

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Figura 4-Níveis de energia atómicos do néon para as configurações de energia


mais baixas.

A taxa de sucesso da experiência é influenciada por erros, entre os quais se


pode destacar os erros associados ao reflexo e tempo de reação adotados na
observação junto ao tubo de FH

Bibliografia

1. Kenneth S. Krane, Modern Physics, 2nd edition, Wiley, 1995

2. Leybold Physics Leaflets P6.2.4.4, Franck-Hertz experiment with neon

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