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O tempus delicti – art. 3.º CP: temos de determinar qual o momento importante para
ver qual a lei a aplicar ser violar o princípio da não retroatividade desfavorável;
Para tal temos de fazer uma distinção entre crime instantâneo e crime duradouro;
Art. 2/2.º CP
Art. 2/4.º CP
Problema da delimitação da sucessão de leis no tempo;
Justificação deste regime tendo em conta o princípio da necessidade da
pena e o princípio da culpa.
1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO;
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O Prof. MATOS VIANA o ano passado referiu que a Prof. FERNANDA PALMA gosta muito desta matéria, para
além de que costuma sair, tanto que sai no nosso teste.
A lei penal desfavorável não pode aplicar-se a factos praticados antes da sua
entrada em vigor (isto também se compreende com o princípio da culpa) .
Certo: mas os factos previstos e descritos na lei criminal são validades complexas:
o preceito primário decompõe-se em vários elementos de entre os quais se destaca a
conduta e o resultado.
Por outro lado sabe-se que a conduta e o resultado podem ocorrer por vezes em
momentos muito distantes entre si, sendo é possível neste tempo intermédio entre a
conduta e o resultado, que entre uma lei que criminalize o facto, ou que agrave a
responsabilidade penal do agente do facto praticado.
§ RAZÕES ESSENCIAIS:
É o caso dos:
Crimes duradouros;
Crimes Continuados;
Crimes por omissão; 2
O raciocínio é este:
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Aqui o momento determinante para este efeito é o momento em que o agente se coloca no estado de
inimputabilidade e não no momento posterior em que ele já pratica o facto punível – depois explico isto
melhor, porque é difícil perceber isto.
Conclusão: se a Lei Nova (LN) mais grave entra em vigor antes do momento da
dose mortal – aplicar-se-á esta lei ao agente, se entrar posteriormente, não poderá ser
aplicada, sendo assim aplicável a Lei Antiga (LA).
Não haveria problema se a Lei Nova fosse favorável quer porque despenalizava,
quer porque diminuía a responsabilidade penal: neste caso o art. 2/2.º e 2/4.º CP referem
que há lugar à aplicação da LN porque é mais favorável.
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Segundo o Prof. Taipa de Carvalho.
1. LA 2. LN
Sequestro qualificado: art. A LN agrava a moldura penal que agora é de 4 a 10 anos o crime
158/2/a) do CP – o agente é de sequestro qualificado.
punido com pena de 2 a 10 anos
se a privação de liberdade durar Aqui não preenche o pressuposto de ser + de dois dias, se
+ de dois dias. aplicarmos a lei nova há retroatividade da lei desfavorável.
Se a lei posterior (LN) suprimir uma norma incriminadora, será injusto que
agentes de factos idênticos recebam tratamento radicalmente diferente (punição e não
punição) conforme tais factos sejam perpetuados antes ou depois da revogação da norma,
e também não será necessário na perspetiva da prevenção geral um tratamento
diferenciado.
A lógica que subjaz o art. 2/2.º CP impõe assim que a revogação da norma
incriminadora tenha como consequência a extinção da pnea ou do procedimento criminal
sem quaisquer limitações.
O art. 29/4.º CRP: parece sugerir que a aplicação retroativa da lei penal +
favorável se poderia reter perante trânsito em julgado – na medida em que se refere a “leis
de conteúdo mais favorável ao arguido”, uma restrição pelo trânsito em julgado não se
adequa no fundamento do princípio da retroatividade mais favorável.
O art. 282/3.º CRP: também não se refere expressamente ao “caso julgado” o que
demonstra que o conceito de arguido utilizado, tanto no art. 282/3 da CRP como no art.
29/4.º CRP não impõe uma restrição do princípio do caso julgado.
Vamos simplificar:
LA | Crime LN | Contraordenação
Para o Prof. TAIPA DE CARVALHO neste caso não há uma verdadeira sucessão de
leis no tempo, porque o crime e a contraordenação têm regimes, sanções, e objeto de juízo
completamente diferentes, e as consequências são muito diversas porque neste caso se
seguirmos a posição do Prof. FIGUEIREDO DIAS diríamos que estávamos perante uma
atenuação da pena, portanto aplicávamos o art. 2/4.º CP, porque o FD não têm como o
TC o pressuposto da sucessão das leis no tempo, ora a solução que o Taipa de Carvalho
encontra é aplicar o 2/2.º do CP, há uma descriminalização. 4
Imaginemos que Abel faz Berta abortar com o seu consentimento – art. 140/2.º CP.
Abel não é médico.
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(depois também explico melhor isto, não se assustem).
Resolução:
L1 L2 Resultado
Resolução: Aplicação do art. 2/2.º CP: neste caso a lei penal posterior suprimiu uma
norma incriminadora, será injusto para os agentes de factos idênticos recebam tratamento
radicalmente diferente (punição e não punição) conforme os factos perpetuados antes da
revogação da norma, e também não será necessário na preceptiva da prevenção geral um
tratamento diferenciado.
Portanto o art. 2/2.º CP impõe assim que a revogação da norma incriminadora tenha
como consequência a extinção da pena ou do procedimento criminal sem quaisquer
limitações.
c) Abel está a cumprir pena de prisão a que foi condenado em virtude do seu
crime – quando entra em vigor a mesma norma despenalizadora.
R: Aplicação do art. 2/2/2ª do CP: houve condenação, foi transitada em julgado, cessam
a execução e os seus efeitos penais – então Abel pdoerá sair em liberdade: a lógica do art.
2/2.º do CP impõe assim a revogação da norma incriminadora tenha como consequência
a extinção da pena.
Deste modo o atual art. 2/4.º CP partindo do princípio geral da aplicabilidade da lei mais
favorável – prevê a cessação da condenação e de todos os seus efeitos, logo que “parte da
pena que se encontrar cumprida atinja o limite máximo da pena prevista na lei posterior”
– Essa adaptação da posição do condenado far-se-á nos termos do art. 371.º-A CCP
(Código do Processo Penal) :
Artigo371.º-A
Abertura da audiência para aplicação retroactiva de lei penal mais favorável
Se, após o trânsito em julgado da condenação mas antes de ter cessado a execução da pena, entrar em
vigor lei penal mais favorável, o condenado pode requerer a reabertura da audiência para que lhe seja
aplicado o novo regime.
R: Aplicação do art. 2/4.º CP: Abel cumprirá mais 1 ano e meio de prisão.