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Nome: Gabriel Gontijo dos Santos Tia: 42007739

Direitos Fundamentais

"A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL À LIBERDADE DE PENSAMENTO E SEUS


LIMITES".
Para podermos falar sobre assunto tanto quanto complexo, precisamos
entender que entre os diferentes direitos expressos na Constituição, a
liberdade de expressão e pensamento constitui direito fundamental, sendo que
sua garantia é essencial para a dignidade do indivíduo e, ao mesmo tempo,
para a estrutura democrática do Estado Brasileiro. Inicialmente, ao tratarmos
do âmbito da dignidade humana, é indubitável prever a necessidade de ser
assegurada a liberdade de expressão: não existe uma sociedade estável e nem
uma vida digna sem que a pessoa possa expressar seus pensamentos,
desejos, convicções e vontades. Viver de modo digno já nos traz a ideia de
liberdade de escolhas existenciais que são concomitantemente vividas e
expressadas, estes incluem pensamentos e opiniões. Dito de outro modo, viver
de acordo com certos valores e convicções significa, de modo claro e direto,
expressá-los. No que diz respeito à democracia, a liberdade de expressão é
direito fundamental diretamente atrelado à garantia que os cidadãos têm de
manifestar as suas várias vertentes políticas e ideológicas. Entendemos,
portanto, que apenas proteger a liberdade de expressão não é suficiente para
assegurar a participação da sociedade em um debate político, ideológico e
social, pois os direitos fundamentais efetivam-se de modo interdependente:
para que um direito fundamental seja sólido e bem posicionado, depende-se da
eficácia dos demais. Porém, não restam dúvidas de que a liberdade de
expressão e de pensamento é imprescindível e aqueles que desejarem
manifestar-se na esfera pública e social tenham meios de fazê-lo e não serem
reprimidos por isso.

A liberdade de expressão pode ser entendida como um conjunto de direitos


relacionados às liberdades de comunicação. O ser humano pode se expressar
de diversas formas, logo o direito de expressar-se livremente reúne diferentes
tipos de expressões e liberdades “liberdades fundamentais que devem ser
asseguradas conjuntamente para se garantir a liberdade de expressão no seu
sentido total” (MAGALHÃES, 2008, p. 74).

Esses conjuntos de direitos visam à proteção daqueles transmitem informações


e também aqueles que recebem, críticas e opiniões. Logo, no ordenamento
jurídico contemporâneo, a liberdade de expressão e pensamento consiste, em
larga escala, um conjunto de direitos relacionados às liberdades de
comunicação, pensamento e opinião, que compreende: a liberdade de
expressão em sentido estrito (ou seja, de manifestação do pensamento ou de
opinião), a liberdade de criação e de imprensa, bem como o direito de
informação. No entendimento de Jose Afonso da Silva (2000, p. 247): Ano 50
Número 200 out./dez. 2013 63 “A liberdade de comunicação consiste num
conjunto de direitos, formas, processos e veículos, que possibilitam a
coordenação desembaraçada da criação, expressão e difusão do pensamento
e da informação. É o que se extrai dos incisos IV, V, IX, XII, e XIV do art. 5o
combinados com os arts. 220 a 224 da Constituição. Compreende ela as
formas de criação, expressão e manifestação do pensamento e de informação,
e a organização dos meios de comunicação, está sujeita a regime jurídico
especial.”

Assim, podemos dizer que correlacionados com à liberdade de expressão,


encontramos também alguns outros direitos, como o direito de informar e de
ser informado, o direito de resposta, o direito de réplica política, a liberdade de
reunião, a liberdade religiosa etc. Logo, o que chamamos de liberdade de
expressão deve ser a o mais abrangente possível, desde que proteja a
operacionalidade do direito. Sendo assim, a partir da teoria dos direitos
fundamentais de Robert Alexy (2001), o direito de liberdade de expressão –
assim como os demais direitos fundamentais – deve ser entendido como
princípio constitucional, norteador da hermenêutica jurídica. Segundo Alexy
(2001, p. 112), os direitos fundamentais têm o caráter de princípios e, nessa
condição, eventualmente colidem uns com os outros, sendo necessária uma
solução ponderada em favor de um deles. Assim os direitos fundamentais –
como princípios – podem ser entendidos como valores morais compartilhados
por uma comunidade em dado momento e lugar, que migram do plano ético
para o jurídico quando se materializam em princípios abrangidos pela
Constituição (BARROSO, 2008, p. 352).

Analisando a sua base estrutural, os direitos fundamentais, entre os quais


podemos constatar o direito de liberdade de expressão, temos estes inseridos
em um sistema normativo complexo, formado por diversas regras e princípios,
em que a interpretação sistemática é de suma importância para a compreensão
da amplitude de uma garantia. Nas palavras de Ronald Dworkin (2007, p. 36):

“[...] quando os juristas raciocinam ou debatem a respeito de direitos e


obrigações jurídicos, particularmente naqueles casos difíceis nos quais nossos
problemas com esses conceitos parecem mais agudos, eles recorrem a
padrões que não funcionam como regras, mas operam diferentemente, como
princípios, políticas e outros tipos de padrões.”

Referências

ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madri: Centro de Estudios Políticos y
Constitucionales, 2001.

BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de uma


dogmática constitucional transformadora. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução de Nelson Boeira. 2. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2007.

MAGALHÃES, José Luiz Quadros de. Direito constitucional: curso de direitos fundamentais. 3.
ed. São Paulo: Método, 2008.

SILVA, José Afonso. Aplicabilidade da norma constitucional. 4ª.ed. São Paulo: Malheiros, 2000.

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