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A garantia da liberdade de expressão na Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988


A Constituição Federal garante a todo cidadão a liberdade de pensar.
Isso está representado no inciso IV, ARTIGO 5º, seção 4 da Constituição. No
entanto, essa liberdade pode ser vista ao longo da Constituição, mesmo que de
forma indireta. O inciso IX do ARTIGO 5º é um ótimo exemplo. Nesses dois
itens combinados proporcionam ao cidadão a capacidade de disseminar
pensamentos e ideias por meio de suas ações, bem como de suas ideologias.
Contudo, a nossa Carta Magna contém uma cláusula que limita a forma
como as pessoas se expressam. Evita que as pessoas violem outros princípios
importantes, como privacidade, honra e autoimagem. Além disso, assegura
indenização por danos materiais e morais é garantida pelo inciso X do artigo 5.
Deve-se notar que o Artigo 5 em sua totalidade se refere a um dos
elementos mais importantes da Constituição, pois estabelece os direitos
fundamentais de todos os seres humanos, como o direito à vida, à liberdade e
à igualdade. A expressão do pensamento é, portanto, um dos principais meios
de realização da plena liberdade dos cidadãos.
Nesse sentido, o inciso IX do artigo 5º estipula ““é livre a manifestação
do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Diante disso, parece que todos
têm a liberdade de expressar suas opiniões sem qualquer interferência do
Estado ou de terceiros. No entanto, essa premissa não nos permite
desrespeitar, ofender ou violar as leis de nosso país como fazem os casos
abstratos de crimes perigosos. Desta forma, pode-se dizer que a livre
expressão de ideias só pode ser garantida por indivíduos que, ao expressarem
suas opiniões, respeitem outras normas legais.
Fica claro que o significado do termo "manifestação do pensamento"
trazido pela Constituição Federal constitui a exteriorização oral, corporal e
simbólica do sujeito. Ou seja, se a pessoa apenas guarda a opinião em sua
consciência e não a comunica a outra pessoa, ela não será culpada. Além
disso, a Constituição Federal impõe a obrigatoriedade de identificação dos
falantes, ou seja, proíbe qualquer forma de anonimato. Em outras palavras,
pode-se dizer que o objetivo da divulgação de identidades é fazer com que os
locutores assumam a responsabilidade pela infração.
A doutrina jurídica estabelece uma diferença conceitual nos termos
"liberdade de pensamento" e "liberdade de expressão do pensamento". A
primeira definição constitui o que se entende por liberdade de expressão do
pensamento, mas apenas na medida em que a opinião permanece apenas na
consciência do indivíduo. A manifestação do pensamento se completa a partir
do momento em que o sujeito exterioriza seu próprio pensamento para os
outros. A isso, acrescentam alguns teóricos, uma expressão de definição de
significado similar para "liberdade de pensamento" seria o termo "liberdade de
consciência".
Sobre esse ponto, André Ramos Tavares dispõe que “na Constituição
de 1988, o termo liberdade de expressão não se reduz ao externar sensações
e sentimentos. Ele abarca tanto a liberdade de pensamento, que se restringe
aos juízos intelectivos, como também o externar sensações” (TAVARES, 2020,
p. 611)
Assim, com base nesses entendimentos unificados, é possível
compreender todo o conceito e possibilidade de aplicação dessa garantia
constitucional. Assim, torna-se importante mencionar a importância da
liberdade de expressão do pensamento na presente análise. A esse respeito,
cabe destacar primeiramente que a Constituição Federal foi elaborada no
processo de redemocratização do país, logo após o período da ditadura, em
que há muitas restrições à expressão de ideias e direitos fundamentais.
Com a restauração da democracia, a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 restabeleceu direitos fundamentais antes restritos.
Após décadas de restrições, a principal garantia era a proteção à livre
expressão do pensamento. Omissão ou negação desse direito é inconcebível
Constitucionalidade no atual processo de institucionalização da Carta Magna
no Brasil. Diante disso, pode-se concluir que o ato de raciocinar e a posterior
exteriorização desse raciocínio são características importantes para o alcance
do progresso social, econômico e até cultural.
Além disso, a proteção positivada da expressão do pensamento no
texto da Constituição não só garante o direito dos indivíduos de expressar
publicamente suas opiniões, mas também permite a proteção do pensamento
privado, ou seja, o direito ao silêncio ou o direito de não ser silencioso.
Expressar pensamentos. Ressalta, ainda, que a livre expressão de ideias
concretiza a lógica da democracia, pois a plena soberania popular só pode ser
alcançada quando os cidadãos participam de forma independente na
manifestação de suas posições e opiniões
Por fim, como mencionado anteriormente, a Constituição Federal
garante a liberdade de expressão do pensamento de diferentes formas ao
longo de sua estrutura. A esse respeito, podemos nos referir a outras
disposições do artigo V da Carta Magna, por exemplo, onde o artigo 5 prevê o
direito de resposta ao lesado; o inciso IX assegura que "as atividades
intelectuais, artísticas, científicas e comunicativas serão livre de liberdade de
expressão que possa ser restringida”; o inciso XIV garante o livre acesso à
informação, “proteção do sigilo das fontes necessário ao exercício profissional”
e o inciso XVI permite a liberdade de reunião, que deve ser pacífica e permite
sua realização no lugar.
Comentando sobre o alcance da aplicação da liberdade de expressão,
André Ramos Tavares (p. 611/612) explica que
Em síntese, depreende-se que
a liberdade de expressão é direito
genérico que finda por abarcar um sem-
número de formas e direitos conexos e
que não pode ser restringido a um
singelo externar sensações ou
intuições, com a ausência da elementar
atividade intelectual, na medida em que
a compreende. Dentre os direitos
conexos presentes no gênero liberdade
de expressão podem ser mencionados,
aqui, os seguintes: liberdade de
manifestação de pensamento; de
comunicação; de informação; de acesso
à informação; de opinião; de imprensa,
de mídia, de divulgação e de
radiodifusão.

No entanto, existem outros dispositivos da Constituição Federal que


asseguram a liberdade de expressão, como, por exemplo, podemos citar o
artigo 215, que dispõe sobre o livre exercício dos direitos culturais, bem como o
“acesso às fontes da cultura nacional” e o artigo 220, que prescreve a livre
expressão do pensamento para fins de criação, expressão e informação por
meio jornalístico.
Parece, portanto, que a liberdade de expressão é uma garantia
constitucional inquestionável, bem como um direito fundamental do indivíduo.
Reitera-se que ela não é absoluta, ou seja, exige que certos limites sejam
respeitados, sob pena de não se falar em garantia constitucional da liberdade
de expressão. Qualquer limitação ao princípio da liberdade de expressão
assenta em duas premissas básicas, que são a observância de outras normas
legais e a proibição do anonimato. Nesse contexto, pode-se considerar que a
garantia da liberdade de expressão pode, em alguns casos, ser limitada ou
retirada para proteger outros direitos constitucionais.

TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 18. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2020. v. 1. 1240p.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 abr. 2021.

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