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O CRAS é uma unidade de proteção social básica do SUAS, que tem por objetivo

prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios,


por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania.
Segundo a PNAS (2004 apud KOELZER; BACKES; ZANELLA, 2014), a proteção
básica visa garantir: segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia),
segurança de acolhida e segurança de convívio ou convivência familiar, potencializando
a família como unidade de referência, bem como a promoção e inserção no mercado de
trabalho.

Esta unidade pública do SUAS é referência para o desenvolvimento de todos os serviços


socioassistenciais de proteção básica do Sistema Único de Assistência Social – SUAS,
no seu território de abrangência. Estes serviços, de caráter preventivo, protetivo e
proativo, podem ser ofertados diretamente no CRAS, desde que disponha de espaço
físico e equipe compatível. O CRAS, como proposta de unidade de atenção social
básica, é composto por psicólogos, assistentes sociais, coordenador, auxiliar
administrativo e educadores sociais, entre outros. Em 2003, iniciou-se a implantação
dessas unidades públicas em 301 municípios brasileiros, dos quais a cidade pesquisada,
no Estado de Minas Gerais, é uma das pioneiras (ANDRADE; ROMAGNOLIS, 2010).

Quando desenvolvidos no território do CRAS, por outra unidade pública ou entidade de


assistência social privada sem fins lucrativos, devem ser obrigatoriamente a ele
referenciados. A oferta dos serviços no CRAS deve ser planejada e depende de um bom
conhecimento do território e das famílias que nele vivem, suas necessidades,
potencialidades, bem como do mapeamento da ocorrência das situações de risco e de
vulnerabilidade social e das ofertas já existentes (BRASIL, 2009).

Enquanto unidade de acesso aos direitos socioassistenciais, o CRAS efetiva a referência


e a contrarreferência do usuário na rede socioassistencial do SUAS: a função de
referência se materializa quando a equipe processa, no âmbito do SUAS, as demandas
oriundas das situações de vulnerabilidade e risco social detectadas no território, de
forma a garantir ao usuário o acesso à renda, serviços, programas e projetos, conforme a
complexidade da demanda. Dessa maneira, o acesso pode se dar pela inserção do
usuário em serviço ofertado no CRAS ou na rede socioassistencial a ele referenciada, ou
por meio do encaminhamento do usuário ao CREAS (municipal, do DF ou regional) ou
para o responsável pela proteção social especial do município (onde não houver
CREAS). Por outro lado, a contrarreferência é exercida sempre que a equipe do CRAS
recebe encaminhamento do nível de maior complexidade (proteção social especial) e
garante a proteção básica, inserindo o usuário em serviço, benefício, programa e/ou
projeto de proteção básica (BRASIL, 2009).

O CRAS é, assim, uma unidade da rede socioassistencial de proteção social básica que
se diferencia das demais, pois além da oferta de serviços e ações, possui as funções
exclusivas de oferta pública do trabalho social com famílias do PAIF e de gestão
territorial da rede socioassistencial de proteção social básica. Esta última função
demanda do CRAS um adequado conhecimento do território, a organização e
articulação das unidades da rede socioassistencial a ele referenciadas e o gerenciamento
do acolhimento, inserção, do encaminhamento e acompanhamento dos usuários no
SUAS (BRASIL, 2009).

O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma importante estrutura no


Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do Brasil e tem suas raízes na
promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a Lei nº 8.742/1993. A
LOAS é o marco legal que estabeleceu as bases para a organização e prestação de
serviços na área de assistência social no país. A assistência social é um direito do
cidadão e dever do Estado, que tem como objetivo prover os mínimos sociais, realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para
garantir o atendimento às necessidades básicas. A LOAS foi promulgada em 7 de
dezembro de 1993 e estabeleceu normas e critérios para organização da assistência
social, que é um direito, e este exige definição de leis, normas e critérios objetivos
(FRANCO, MAGALHÃES, 2009).

O surgimento dos CRAS se deu como parte da implementação da LOAS, que


estabeleceu a necessidade de criar uma rede de serviços de assistência social em todo o
território nacional. Os CRAS foram concebidos como unidades de referência na oferta
de serviços socioassistenciais à população em situação de vulnerabilidade e risco social.
Esses centros têm como objetivo principal fortalecer os vínculos familiares e
comunitários, prevenir situações de risco e vulnerabilidade, além de promover a
inclusão social. Eles se tornaram uma peça fundamental na estratégia de
descentralização e universalização dos serviços de assistência social no Brasil,
aproximando o atendimento das necessidades das famílias e indivíduos em diferentes
comunidades (BRASIL, 2019).
ANDRADE, Laura Freire de; ROMAGNOLIS, Roberta Carvalho. O Psicólogo no
CRAS: uma cartografia dos territórios subjetivos. Psicologia: Ciência e Profissão, v.
30, n. 3, p. 604–619, set. 2010.
BRASIL. Lei nº 8.742, De 7 De Dezembro De 1993. Dispõe sobre a organização da
Assistência Social e dá outras providências. Lei Orgânica da Assistência Social.
Brasilia, 7 dez. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8742compilado.htm. Acesso em: 24 out. 2023.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à
Fome. Centro de Referência de Assistência Social – Cras. Brasília: 2019. Disponível
em: <https://www.gov.br/mds/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/unidades-de-
atendimento/centro-de-referencia-de-assistencia-social-cras> Acesso em: 24 out. 2023.
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS). Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social –
CRAS. Brasília: MDS, 2009.
Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/
Cadernos/orientacoes_Cras.pdf> Acesso em: 21 out. 2023.
FRANCO, Itamar. MAGALHÃES JÚNIOR, Jutahy. LOAS Anotada. Brasília: Ascom,
2009. Disponível em:
<https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/
LoasAnotada.pdf>
KOELZER, Larissa Papaleo; BACKES, Mariana Schubert; ZANELLA, Andréa Vieira.
Psicologia e CRAS: reflexões a partir de uma experiência de estágio. Gerais, Rev.
Interinst. Psicol., Juiz de Fora, v. 7, n. 1, p. 132-139, jun. 2014. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
82202014000100012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 out. 2023.

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