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EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DA 4ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Assunto: Embargos de declaração.


Contradição. Nível de ruído acima do
máximo previsto pela legislação. Não
reconhecido. Tempo de contribuição
especial.

MEMORIAL PELO EMBARGANTE

PROCESSO N.
EMBARGANTE:
EMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Excelentíssima Senhora Juíza,

I – DOS FATOS E DO DIREITO

Trata-se de ação judicial em que o Embargante requer a concessão de aposentadoria


por tempo de contribuição pela regra de pontos com conversão de tempo especial em comum desde o
requerimento administrativo do benefício previdenciário (DER: 28/08/2017).

Em suma, os períodos nos quais se pleiteia a conversão são os seguintes:

1. 26/01/1978 a 02/07/1985 (empresa Revestimentos Cerâmicos);

2. 01/09/1995 a 05/03/1997 e 19/11/2003 a 31/05/2004 (empresa CEL Ltda.)

3. 01/12/2005 a 28/02/2016 (empresa Rodrigues da Silva/Eletro Ltda.)

Em 06/07/2023 foi proferida a r. sentença, que reconheceu os períodos 12/01/1978 a


02/07/1985 e 01/12/2005 a 28/02/2016 como especiais.

Todavia, os períodos referentes à empresa CEL (01/09/1995 a 05/03/1997 e


19/11/2003 a 31/05/2004) não foram reconhecidos, sob justificativa de que seriam inferiores aos
90dB exigidos pelo entendimento firmado do STJ.

Data vênia, a sentença foi contraditória no que se refere aos dois períodos pleiteados e
não reconhecidos, consoante será demonstrado a seguir.
Neste ponto, é imperioso destacar que o Embargante não pleiteia o enquadramento de
TODO período dos PPP’s da empresa CEL, mas, tão somente, do período de 10/09/1995 a
05/03/1997 e de 19/11/2003 a 31/05/2004.

Quanto ao primeiro período, na sua fundamentação, a MM. Juíza afirma que a


atividade deve ser considerada especial quando houver exposição a ruídos acima de 80dB até
05/03/1997, dia anterior à entrada em vigor do Decreto 2.171/97, quando o requisito passou a ser
90dB. Veja-se trecho da sentença:

Como é cediço, “o Superior Tribunal de Justiça firmou posição,


quanto à incidência dos níveis de ruído, que não há como atribuir
retroatividade à norma regulamentadora sem expressa previsão
legal, sob pena de ofensa ao disposto no art. 6º da LICC, devendo,
portanto, ser considerada especial a atividade exercida com
exposição a ruídos superiores a 80 dB até a edição do Decreto n.
2.171/97, sendo considerado prejudicial após essa data o nível de
ruído superior a 90 dB e, a partir da entrada em vigor do Decreto nº
4.882, em 18.11.2003, o limite de tolerância de ruído ao agente
físico foi reduzido a 85 dB. (...)

O primeiro PPP da empresa CEL constata que, de 01/09/1995 a 28/01/1999, o


Embargante esteve exposto a ruído contínuo de 87,5 dB de forma habitual e permanente.

Outrossim, deve ser considerado especial o período de 10/09/1995 a 05/03/1997,


anterior à publicação do Decreto 2.171/97 (06/03/1997), vez que os 87,5 dB são superiores aos 80dB
exigidos à época.

No que se refere ao segundo período, o segundo PPP da empresa CEL constata que, de
01/10/1999 a 31/05/2004 o Autor também esteve exposto a ruído contínuo de 87,5 dB de forma
habitual e permanente. Na sentença, o Juízo afirma que: “a partir da entrada em vigor do Decreto nº
4.882, em 18.11.2003, o limite de tolerância de ruído ao agente físico foi reduzido a 85 dB”.

Dessa forma, deve ser considerado especial somente o período de 19/11/2003 a


31/05/2004, posterior à entrada em vigor do Decreto n. 4.882 (18/11/2003), cujo ruído foi 87,5 dB
(ID 320084435), logo, superior aos 85dB exigidos à época.

Assim, patente a contradição da referida sentença, pois, na fundamentação, a


Exma. Magistrada afirma que os períodos anteriores a 06/03/1997 exigem nível de ruído
superior a 80 dB e os períodos posteriores a 18/11/2003 exigem ruído acima de 85 dB, mas, no
dispositivo, não enquadrou como especiais os períodos de 10/09/1995 a 05/03/1997 e 19/11/2003

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a 31/05/2004, cujo ruído é de 87,5 dB, superior ao limite máximo estabelecido pelas legislações
vigentes à época.

Para melhor visualização, segue tabela demonstrativa:

A r. sentença foi claramente contraditória, sendo o dispositivo inequivocamente


controverso à fundamentação. Com fulcro nos Decretos n. 2.171/97 e n. 4.882/03, os períodos de
10/09/1995 a 05/03/1997 e de 19/11/2003 a 31/05/2004 devem ser enquadrados como atividade
especial, vez que, até 1997, o limite era de 80dB e, a partir de 2003, de 85dB.

Nestes termos.
Brasília, 27 de novembro de 2023.

Advogado Advogado
OAB/DF n OAB/DF n.

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