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• Hoje eu vou apresentar uma visão unificada da pesquisa desenvolvida ao longo do curso de

mestrado esclarecendo qual é a sua proposta de contribuição para a metaética.


a metaética é…
áreas da metaética (psicologia moral, epistemologia moral, semântica moral e ontologia moral)
procedimento: apresentar os capítulos a partir das relações entre as áreas da metaética que aparecem
nos capítulos.
Título: Internalismo de julgamento e cognitivismo na epistemologia moral
Centrado na investigação da epistemologia moral, o trabalho se ocupa da defesa do cognitivismo moral
enquanto uma visão epistemológica que aceita a existência de diferentes tipos de conhecimento moral.
Essa investigação e complementada de duas maneiras distintas: ela inicia com o estudo da psicologia
moral, a fim de avaliar as possíveis implicações epistemológicas do internalismo de julgamento; e é
concluída com o estudo da ontologia moral, a fim de esclarecer os compromissos ontológicos da
posição epistemológica defendida no trabalho.

Psicologia moral – “Internalismo e externalismo moral: uma introdução”

Internalismo moral = há uma conexão interna e necessária entre moralidade, razões e motivação
Externalismo moral = há uma conexão externa e contingente entre moralidade, razões e motivação
• desde Sócrates, Platão e Aristóteles
• Stephen Darwall: internalismo de razões x de motivos
internalismo de existência (perceptual e metafísico) x de julgamento

Internalismo de julgamento (moralidade/motivação) = há uma conexão necessária entre os julgamentos


morais e a motivação
• Na discussão entre o internalismo e o externalismo de julgamento, a principal objeção de
filósofos externalistas como, por exemplo, David Brink, repousa na possibilidade de indivíduos
amoralistas, isto é, indivíduos que não se sentem motivados pelos seus julgamentos morais.

Ainda no cenário da metaética contemporânea, e importante notar o esforço de vários filósofos que
apresentaram qualificações ao internalismo moral e procuraram conceder que alguns julgamentos
morais não motivam. Nesse sentido, as diferentes formas de internalismo condicional especificam as
condições precisas que possibilitam que a motivação decorra dos julgamentos morais (por exemplo, a
racionalidade e a normalidade)

• Jon Tresan: internalismo constitutivo x não-constitutivo


internalismo de julgamento = há uma conexão necessária entre os julgamentos morais e a motivação
Que tipo de necessidade é essa?
FIGURA 1
• necessidade (de dicto)/modalidade da afirmação: o conceito de julgamento moral está
relacionado a estar acompanhado de motivação (aplicação do conceito)
• necessidade (de re) da relação entre os itens da afirmação: os julgamentos são necessariamente
acompanhados de motivação (constituição dos estados mentais que são julgamentos morais)
(propriedade)

posição não considerada:


Internalismo de julgamento não-constitutivo = internalismo de dicto e externalismo de re

Resultado:
O debate a respeito das possíveis implicações epistemológicas do internalismo precisa ser avaliado por
conta da possibilidade trazida pelo internalismo de julgamento não-constitutivo, verificando se essa
forma de internalismo de julgamento favorece (ou, ao menos, é mais compatível com) a aceitação do
cognitivismo ou do não-cognitivismo na epistemologia moral.

Psicologia moral e epistemologia moral – “Cognitivismo e não-cognitivismo: uma avaliação a


partir da psicologia moral”
Apresenta as posições da epistemologia moral a partir do debate entre o internalismo e o externalismo
na psicologia moral.

Cognitivismo moral = os julgamentos morais são e/ou expressam crenças, e, por isso as afirmações
morais podem ser avaliadas quanto à verdade ou falsidade;
Não-cognitivismo moral = os julgamentos morais são e/ou expressam estados mentais não-cognitivos
(reações emocionais, sentimentos, atitudes), de modo que as afirmações morais não podem ser
avaliadas quanto à verdade ou falsidade.
FIGURA 2
Alexander Miller: cognitivismo e não-cognitivismo:
1. cognitivismo forte do realismo naturalista;
2. cognitivismo forte do realismo não-naturalista;
3. cognitivismo forte do antirrealismo;
4. cognitivismo fraco;
5. não-cognitivismo.

(essa classificação reconhece a distinção entre cognitivismo forte e fraco)


FIGURA 1
falácia internalista: não-cognitivismo; cognitivismo (não-naturalismo, cognitivismo antirrealista)
(Mackie)
erro dos externalistas

Resultado:
Considerando o internalismo de julgamento não-constitutivo como a posição mais plausível na
psicologia moral, é obtido o resultado de que tal posição seria melhor acomodada por uma
epistemologia moral cognitivista.
Que tipo de cognitivismo? Continuidade ou descontinuidade? Fraco ou forte?

Epistemologia moral – “Os tipos de conhecimento e a metaética”


Apresenta a discussão sobre os tipos de conhecimento na epistemologia e tem como objetivo investigar
as possíveis repercussões dessa discussão na divisão metaética entre teorias cognitivistas e não-
cognitivistas sobre o conhecimento moral, identificando quais subgrupos dessas teorias são capazes de
oferecer uma compreensão adequada da epistemologia moral.

Bertrand Russell: conhecimento por descrição e conhecimento por familiaridade


• conhecimento proposicional (saber-que) x conhecimento por familiaridade e conhecimento
prático (saber-como) Gibert Ryle
conhecimento proposicional = conhecimento (crença verdadeira justificada)
irredutibilidade?
Metaética: epistemologia moral:
pressuposto comum: ou o conhecimento moral é proposicional e pode ser explicado dessa maneira, ou
não é possível explicá-lo e não existe conhecimento moral.
• cognitivistas realistas: em geral, procuram explicar todo o conhecimento moral como
conhecimento proposicional (tipicamente, eles dizem que as afirmações morais têm a função de
representar como as coisas são na realidade).
• antirrealistas (cognitivistas e não-cognitivistas): assumem algum ceticismo em relação ao
conhecimento moral como conhecimento proposicional
◦ cognitivismo antirrealista: todas as afirmações morais são falsas (e não existe
conhecimento moral) porque os fatos necessários para torná-los verdadeiros não existem
◦ não-cognitivismo: as afirmações morais não expressam crenças que têm a função de
representar a realidade e, por isso, nem sequer poderiam ser avaliadas quanto à verdade ou
falsidade
Resultados:
Uma vez que existem tipos de conhecimento (como o saber-como) que são irredutíveis ao
conhecimento proposicional, é plausível pensar na existência de diferentes tipos de conhecimento
moral (proposicional, por familiaridade, conhecimento prático). A introdução dessa possibilidade de
cognitivismo indica uma aparente vitória do realismo:
• as teorias antirrealistas (tanto as cognitivistas quanto as não-cognitivistas) apresentam uma
epistemologia moral inadequada por não serem compatíveis com a possibilidade de que ao
menos uma parte do conhecimento moral é proposicional.
• aparentemente, essa forma mais ampla de cognitivismo é um cognitivismo realista
Que tipo de cognitivismo? Cognitivismo forte (naturalismo, não-naturalismo) ou alguma forma de
cognitivismo fraco?
• essa forma mais ampla de cognitivismo sinaliza uma descontinuidade entre a ética e a ciência,
No entanto, para explicar o porquê de o naturalismo (que defende a continuidade) ter uma posição
epistemológica inadequada (por conta do cognitivismo forte) é necessário olhar para os compromissos
ontológicos assumidos por essa posição.
O que dá suporte para a defesa de que existem verdades morais (que tipo de fatos e propriedades
morais?).

Epistemologia moral e ontologia moral – “Compromissos ontológicos da discussão sobre o


conhecimento moral: a possibilidade do cognitivismo não-realista”

Estudo preliminar a respeito das posições do realismo e do antirrealismo na ontologia moral com o
propósito de oferecer um retrato mais detalhado do tipo de cognitivismo moral defendido no trabalho,
esclarecendo os compromissos ontológicos dessa posição.
• Em outras palavras, essa forma mais ampla de cognitivismo está automaticamente
comprometida ao realismo na ontologia moral?

realismo moral = existem fatos e propriedades morais


antirrealismo moral = não existem fatos e propriedades morais
realismo moral (naturalismo reducionista de Peter Railton)
antirrealismo moral (expressivismo quase-realista de Allan Gibbard)

FIGURA 2
1. cognitivismo realista;
2. cognitivismo antirrealista;
3. não-cognitivismo antirrealista.
cognitivismo não-realista DP → teoria metaética tríplice
FIGURA 3
A possibilidade de o cognitivismo não-realista configurar uma alternativa metaética melhor que as
formas tradicionais de cognitivismo realista, sobretudo em relação ao cognitivismo internalista de
julgamento defendido pelo trabalho.
• Noções ontológicas como “propriedade”, “verdade” e “realidade”
• (ressignifica “cognitivismo”, sentido “descritivo” do termo “verdade”)
• visão naturalista mais ampla
• não-naturalismo não-metafísico
• expressivismo quase-realista pode aceitar o cognitivismo não-realista e passar a admitir a
existência de verdades morais não-naturais

Com respeito ao cognitivismo internalista de julgamento… o cognitivismo não-realista é melhor que o


cognitivismo realista.
• Parfit mostra que a analogia defendida pelos naturalistas entre afirmações morais e não-morais
(a defesa da continuidade entre ética e ciência) é equivocada: é necessário assumir um
cognitivismo mais fraco que aquele do realismo e defender o naturalismo metodologicamente,
sem assumir o naturalismo metafísico.
• As descrições que o Parfit fala são proposicionais, mas o saber-como moral poderia ser incluído
no conhecimento de verdades não-naturais (a medida que são não-empíricas e supõem uma
descontinuidade entre ética e ciência)
• Quanto à psicologia moral, o internalismo de julgamento não-constitutivo é melhor acomodado
pelo cognitivismo em geral (até mesmo pelas teorias que defendem o naturalismo moral).

Resultado:
• Ainda é necessário avaliar, em um estudo mais aprofundado, se a teoria metaética tríplice
possui a ontologia moral que melhor explica o status ontológico das propriedades morais.
• Apesar disso, quanto à epistemologia moral, o tema central do trabalho, é seguro dizer que a
forma mais ampla de cognitivismo defendida não deve ser vista como automaticamente
comprometida ao realismo moral, pois sugere a possibilidade de o cognitivismo não-realista de
Derek Parfit configurar a ontologia moral mais promissora quanto à defesa do cognitivismo
internalista de julgamento.

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