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Ano I, Nº 03, Juiz de Fora, dezembro/2010 - março/2011

ANGÚSTIA EM PERSONA, DE INGMAR BERGMAN:


APONTAMENTOS KIERKEGAARDIANOS

Alexandro F. Souza
Mestre em Ciência da Religião/UFJF
Doutorando em Ciência da Religião/UFJF
alephsouza@gmail.com

“Anjo ou animal, jamais o homem poderia


sentir a angústia. Contudo, considerando que
é uma síntese, pode senti-la e tanto mais
intimamente a sente, mais aumenta a sua
humana grandeza”.
Soren Kierkegaard. O conceito de angústia, p.
157.

“A ansiedade que sentimos, todos os sonhos


não realizados, a crueldade inexplicável, o
medo da morte, a visão dolorosa da nossa
condição terrestre desgastou nossa esperança
de uma salvação divina. Os gritos de nossa
dúvida contra a escuridão e o silêncio são uma
prova terrível da nossa solidão e medo”.
Persona, Ingmar Bergman

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Filme de 1966, com roteiro e direção do sueco Ingmar Bergmann [1918-


2007], Persona, que no Brasil recebeu o título de Quando duas mulheres pecam,
narra o relacionamento entre uma atriz, que recusa o contato com o mundo apesar
de sua aparente saúde física e psíquica, e sua enfermeira. Depois de uma malograda
apresentação de Electra, a atriz Elisabeth Vogler decide se internar no que parece
ser uma clínica psiquiátrica. No entanto, como aparenta ser uma pessoa saudável
que, deliberadamente se recusa a falar, a sua médica recomenda uma temporada de
descanso e encarrega uma de suas enfermeiras, Alma, de cuidar da atriz. A atriz e
sua enfermeira seguem para o destino escolhido e, durante a recuperação de
Vogler, as duas acabam se aproximando, numa estranha cumplicidade onde uma
parece confundir-se com a outra. Como toda obra de arte, o filme se abre a diversas
possibilidades de interpretação. A mais imediata, sugerida talvez pelo título da
obra1, encontra amparo na teoria psicológica de Carl Gustav Jung [1875-1961] e na
sua teoria da persona que, segundo o autor suiço, “[...] representa um
compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que 'alguém parece
ser': nome, título, ocupação, isto ou aquilo [...]”2.

O conceito de persona da psicologia junguiana se coaduna bem com aquilo


que, queremos crer, é representado no filme, e o próprio Bergman admitia essa
possibilidade de interpretação3. Como diz a médica à atriz Elisabeth Vogler, a
questão do filme se resume àquilo que se é em sociedade e o que se é realmente,
ou, em termos junguianos, “[a] persona é um complicado sistema de relação entre a
consciência individual e a sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um
lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado, a ocultar a

1
Persona era o nome da máscara usada pelos atores no teatro grego. A palavra deriva-se do verbo
“personare” (soar através de).
2
JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente, p. 32.
3
Perguntado em uma entrevista se lhe aprazia essa interpretação junguiana da sua obra, Bergman afirma:
“Acho isto muito bem dito e é uma fórmula que se aplica bem, também, ao meu filme. Para mim, estes
seres que primeiro trocavam suas máscaras e depois subitamente dividem a mesma máscara, era
fascinante”. BERGMAN, Ingmar. In: O cinema segundo Bergman. BJÖRGMAN, Stig et alii, p. 164.

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verdadeira natureza do indivíduo”4. Segundo o pensamento junguiano, tal


concessão à coletividade significa um auto-sacrifício, uma rejeição do si-mesmo
(self) em favor de uma figura ideal advinda do exterior 5. O si-mesmo é mascarado
em favor de expectativas alheias e se perde em sua individualidade.

Ao falarmos em extravio da individualidade surge-nos, entretanto, um


outro caminho também interessante de abordagem da obra de Ingmar Bergman em
questão. Abandonando a trilha aberta pelo pensamento junguiano, podemos tentar
uma uma interpretação de Persona a partir da filosofia de Soren Kierkegaard [1813-
1855], mais notadamente a partir do seu conceito de angústia, explanado na obra
de mesmo nome6.

A angústia segundo Kierkegaard


Em O conceito de angústia, Kierkegaard define a angústia como a pura
possibilidade da liberdade do indivíduo. O indivíduo é a relação entre alma e corpo.
Relação essa orientada para a interioridade e que pode ser denominada de espírito.
Entretanto, no mesmo momento em que se coloca como espírito, o indivíduo
também se coloca como angústia, uma vez que descobre que toda a sua existência
é um puro possível, absoluta liberdade que repousa sobre o Nada. Segundo
Kierkegaard:

A angústia pode ser comparada à vertigem. Quando o olhar imerge


num abismo, existe uma vertigem que nos chega tanto do olhar
como do abismo, visto que nos seria impossível deixar de o
encarar. Esta é a angústia, vertigem da liberdade, que surge
quando, ao desejar o espírito estabelecer a síntese, a liberdade
imerge o olhar no abismo das suas possibilidades e agarra-se à
finitude para não soçobrar.7

4
JUNG. Op. cit. p. 68.
5
Ibidem, p. 69.
6
KIERKEGAARD, Soren. O conceito de angústia.
7
KIERKEGAARD. Op. cit., p. 66.

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Sem um sentido, a não ser o dado por si mesmo em sua total liberdade;
sem um destino, a não ser o atribuído por si mesmo, o indivíduo descobre-se
absolutamente livre para a sua própria realização; descobre que o seu “eu” não é
dado, o que é dada é a pura possibilidade de realização desse “eu”. Sem ter onde
apoiar-se, o indivíduo sente a angústia de estar entregue à sua própria
responsabilidade. Como diz Gilles em sua História do existencialismo e da
fenomenologia, “[s]ó na medida em que for capaz de sofrer a prova desse
abandono será [o indivíduo] existencialmente livre”8.

Para Kierkegaard a angústia é ambígua, pois, ao mesmo tempo que abre as


possibilidades para o indivíduo, mostra também que não há nenhuma garantia de
realização de alguma dessas possibilidades. O indivíduo é convidado ao risco e,
naturalmente sente o medo de abandonar o já conhecido, o familiar. Procurando
escapar da pura possibilidade, pode o indivíduo mergulhar na imediaticidade,
procurando assim mascarar a sua angústia. Em O conceito de angústia, Kierkegaard
procura também apreender as formas de manifestação desse fenômeno. Para o
autor dinamarquês, a angústia pode ser objetiva ou subjetiva. No primeiro caso é a
angústia do espírito que sonha em ser livre, é o reflexo interior da liberdade como
puro possível. Nas palavras de Kierkegaard:

Em tal estado existe calma e descanso; porém existe, ao mesmo


tempo, outra coisa que, entretanto, não é perturbação nem luta,
porque não existe nada contra que lutar. O que existe então? Nada.
Que efeito produz, porém, este nada? Este nada dá nascimento à
angústia. [...]. Sonhador, o espírito projeta a sua própria realidade,
que é um átimo, e a inocência vê sempre e sempre, diante de si,
este nada.9

Já a angústia subjetiva é justamente a angústia da vertigem, o descobrir-se


lançado em meio à pura possibilidade. Segundo Giles, “[a] condição dessa

8
GILES, Thomas Ransom. História do existencialismo e da fenomenologia, p. 44.
9
KIERKEGAARD. Op. cit., p. 45.

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potencialidade indeterminada é a angústia. O indivíduo sente a precariedade da sua


situação, mas é a própria liberdade que o impede de escapar da angústia” 10. Essa
angústia pode ser encontrada sob a forma da angústia do Mal ou da angústia do
Bem, está última designada também como o demoníaco. A angústia subjetiva
mostra-se no momento em que o espírito mergulha no abismo da liberdade e
descobre-se como pura possibilidade. Nas palavras de Kierkegaard, em tal momento
“[...] tudo se modificou, e quando a liberdade se levanta, acha-se culpada” 11. A
angústia do Mal, uma das formas da angústia subjetiva caracteriza-se como a
negação desse momento em que o Indivíduo descobre-se como pura possibilidade.
A outra forma da angústia subjetiva, a angústia do Bem, ou o demoníaco,
caracteriza-se como uma escolha da liberdade pelo fechamento em si mesma, uma
escolha pela não-liberdade. Segundo Kierkegaard, “[n]a inocência, a liberdade não
era estabelecida como tal e o seu possível equivalia no indivíduo à angústia. A
relação inverte-se no demoníaco. A liberdade coloca-se, aqui, como não-liberdade, e
está, efetivamente, perdida, e o seu possível equivale outra vez à angústia” 12.

A angústia, essa constante e amarga companheira é, segundo Kierkegaard,


insuperável. O indivíduo está sempre diante da realização ou não de suas
possibilidades. Como bem lembra Giles, para Kierkegaard, “[a] angústia é a
expressão de uma perfeição da natureza humana, pois é só através dela que o
homem poderá elevar-se à existência autêntica”13.

10
GILES. Op. cit., p. 44.
11
KIERKEGAARD.Op. cit., p. 66.
12
Ibidem, p. 26.
13
GILES. Op. cit., p. 44.

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A angústia em Persona

- A angústia na a-espiritualidade: Alma

O indivíduo é uma síntese entre alma e corpo, síntese essa suportada pelo
espírito. Tal espírito tende a tornar-se mais forte com o aprofundar da relação, com
o voltar-se para o interior de si mesmo e isso se traduz na busca de uma existência
autêntica à despeito do risco de sua não realização. Aqui a angústia toma parte
como esse convite à realização de si mesmo, descortinando para o indivíduo as suas
possibilidades. O oposto de tal atitude é a a-espiritualidade, onde o indivíduo ainda
não realizou o salto qualitativo e sua liberdade é apenas um mero devaneio. Para
Kierkegaard, “[a]inda que na a-espiritualidade a angústia, do mesmo modo que o
espírito, seja abolida, permanece aí como expectativa” 14. Ao tocar nesse ponto do
pensamento kierkegaardiano, nossa intenção é procurar observá-lo no
comportamento de uma das personagens da obra de Bergman.

Alma, a jovem enfermeira sente que o seu caminho já está traçado: ela se
casará com Karl-Henrik, terá filhos e continuará com o seu trabalho de enfermeira,
uma vocação “herdada” de família. Como ela própria afirma, “[...] tudo isto está
predestinado [...]”. Em tal personagem a liberdade não se efetiva e seu espírito vive
a sonhar com outras possibilidades de realização. Tais divagações aumentam com o
contato com Elisabeth Vogler; para Alma, a atriz “[...] pode fazer o que quiser [...]”,
enquanto ela não tem o que pensar. Assim, no contato com Elisabeth Vogler, Alma
sente que seu espírito é pequeno demais para dar conta do problema da atriz que,
como veremos mais adiante, é justamente o oposto da a-espiritualidade de Alma.
Em suas conversas com a atriz, a enfermeira deixa transparecer sua ingenuidade e
uma certa falta de sentido para a sua existência, que se resume a incorporar a si
atitudes alheias. Dessa forma Alma toma parte numa orgia à beira-mar e assume,
também, atitudes de Elisabeth. Pode-se, nesse sentido, falar em uma persona, no
14
KIERKEGAARD. Op. cit., p. 101.

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mesmo sentido junguiano de uma máscara utilizada em detrimento de sua própria


autenticidade. Essa afirmação se coaduna com o pensamento de Kierkegaard, pois,
como diz o autor em O conceito de angústia, o indivíduo na a-espiritualidade pode
assumir atitudes alheias, manifestando uma certa interioridade que, na verdade,
não possui:

O homem a-espiritual pode afirmar completamente as mesmas


coisas que o espírito mais bem dotado, apenas com a diferença de
que não as afirma em razão do espírito. A orientação a-espiritual
transforma o homem numa máquina falante, que pode aprender
de cor seja uma ladainha filosófica, seja qualquer profissão de fé ou
discurso demagógico.15

Em sua a-espiritualidade, Alma presente que algo não está bem, que a sua
existência pode se tornar algo maior do que é no momento. Assim, ao mesmo
tempo em que afirma ser preguiçosa demais para mudar, afirma também que isso a
faz sentir-se culpada, que isso a angustia. Ao ler a carta de Elisabeth Vogler, Alma se
reconhece na existência um tanto ingênua descrita pelo olhar mordaz da atriz, o
que a leva a iniciar um processo de desagregação de seu “estilo” existencial,
processo esse que poderia levá-la à afirmação de si como indivíduo autêntico, mas
que parece redundar no mais absoluto fracasso quando, no confronto com
Elisabeth, ela não consegue mais articular-se de maneira coerente.

A angústia do Bem: Elizabeth Vogler

No outro extremo temos a atriz Elisabeth Vogler. Bonita, bem sucedida nos
palcos e na vida pessoal, nada parece lhe faltar, como bem lembra a enfermeira
Alma no início do filme. Entretanto, apesar disso, ela se recusa a manter contato
com o mundo, decidindo fechar-se em si mesma. “Eu viveria assim para sempre”,

15
Ibidem, p. 99.

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diz ela, “em silêncio, vivendo uma vida reclusa, com poucas necessidades, sentindo
minha alma finalmente se acalmar”.

Pode-se afirmar que antes do episódio do palco, Elisabeth e Alma eram bem
parecidas. Como Alma, Elisabeth levava uma existência sem um sentido, sem a
busca de sua própria autenticidade. Sua profissão é uma metáfora de sua própria
vida, máscaras que vêm e vão ao sabor do instante, sem nenhum engajamento
profundo. Mas, algo no palco lhe revela a insensatez de sua vida e, angustiada, a
atriz sente a precariedade de sua existência. Esse algo que abre o reino da pura
possibilidade para Elisabeth é o instante, um “piscar de olhos” que desvela os
fundamentos da existência humana. Esse instante experimentado por Elisabeth,
segundo Giles:

[É] o ponto de ligação entre o eterno e o temporal. É a forma do


tempo que toca a eternidade. No instante o indivíduo faz uma
opção entre o estádio estético e o ético, opção que é a plenitude
do presente e o prognóstico do futuro, objeto de um futuro que
volta como passado. Trata-se de pensar o instante, permanecendo
ao mesmo tempo no interior do devir, pois o paradoxo da
existência consiste em penetrar na existência consciente de estar
bem além dela.16

O instante, esse momento em que o temporal e o eterno se tocam é


também um momento de vertigem do espírito, momento em que o indivíduo é
convocado a uma existência autêntica que pode ou não ser aceita. Elisabeth Vogler
opta por viver na imediaticidade, num estranho jogo de cena onde a sua liberdade
deseja fechar-se como não-liberdade. De maneira livre, a atriz recusa o salto para
uma existência autêntica, representado na película pelo seu mutismo e pela recusa
das responsabilidades de esposa e mãe.

Em nossa tentativa de analisar a obra de Bergman a partir do pensamento

16
GILES. Op. cit., p. 50.

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kierkegaardiano, poderíamos dizer que Elisabeth Vogler apresenta a angústia do


Bem, ou seja, como espírito ela nega as suas possibilidades. Essa manifestação da
angústia é denominada por Kierkegaard de o demoníaco e pode manifestar-se
como o hermetismo, tal como apresentado por Elisabeth Vogler:

O demoníaco constitui a não-liberdade que se deseja fechar sobre


si mesma. Ato impossível, visto que a não-liberdade será sempre
conservar uma relação que permanece ainda quando pareça
inteiramente desaparecida, e a angústia mostra-se a partir do
momento em que haja contato.17

A liberdade, que é sempre comunicação e comércio com o mundo torna-se


mutismo e negação da comunicação; negação essa que é, mais uma vez, angústia. E
essa é justamente a atitude de Elisabeth Vogler, o fechamento em si mesma,
negação do contato com o mundo e negação de sua própria liberdade. Porém, em
seu exílio de si mesma, Elisabeth é constantemente “invadida” pela realidade, seja
através de uma música no rádio, seja através das imagens da TV, onde um monge
põe fogo em seu próprio corpo18.

Conclusão:
Podemos, então, traçar um retrato esquemático da angústia em Persona.
Num extremo encontramos Alma e seu estado de a-espiritualiade e, no outro,
Elisabeth e sua recusa da liberdade. Em comum, as duas personagens possuem a
angústia, comum a todos os seres humanos, mas que na especificidade de Persona,
é uma angústia que leva uma a invejar a própria condição da outra e vice-e-versa.
Alma, em sua angústia, tateia um sentido para sua existência, encontrando em

17
KIERKEGAARD. Op. cit., p. 127.
18
O corpo que Elisabeth vê incinerar-se é do monge budista Thich Quang Duc, nascido em 1897, que se
sacrificou até a morte numa rua movimentada de Saigon, em 11 de junho de 1963.
Enquanto seu corpo ardia sob as chamas, o monge manteve-se completamente imóvel.
Não gritou, nem sequer fez um pequeno ruído. Seu ato foi uma forma de protesto contra a perseguição da
elite católica vietnamita ao budismo.

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Elisabeth uma espécie de modelo a ser invejado. Por sua vez, Elisabeth recusa a sua
liberdade e inveja a “existência inocente” de Alma. Dessa forma, uma deseja
“trocar” de persona com a outra ou, como na atitude vampiresca de Elisabeth, uma
deseja “sugar” o ser da outra, fugindo assim às suas próprias condições. Assim
vemos as duas “soarem” através de suas próprias inautenticidades, uma buscando
refugiar-se na máscara alheia em detrimento de suas próprias individualidades.

Em ambos os caso o que temos é o fracasso: em sua tentativa de imitação


de Elisabeth, Alma acaba colocando a sua própria existência em risco, representada
pela desagregação da linguagem e incapacidade de expressar seus pensamentos de
maneira racional. Elisabeth, por sua vez, retomará suas atividades no palco, do
teatro e da existência, continuando a representar um papel e negando a sua própria
liberdade, O resultado de tais atitudes em ambas termina num círculo vicioso, mais
uma vez angústia, essa amarga e fiel companheira que está sempre a lembrar o
indivíduo de sua vocação para a autenticidade.

Referências Bibliográficas:
BERGMAN, Ingmar. Persona. Quando duas mulheres pecam. Versátil
Seleções, 2006 [1966], 84”, DVD.
BJORGMAN, Stik et alii. O cinema segundo Bergman. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1978.
GILES, Thomas Ransom. História do existencialismo e da
fenomenologia. São Paulo: EPU, 1975.
JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1978.
KIERKEGAARD, Soren. O conceito de angústia. São Paulo: Hemus,
1968.

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